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Mais emblemática que a queda de Muricy Ramalho é a opção do São Paulo por Ricardo Gomes. O ex-zagueiro da seleção brasileira estreou como treinador em 1996, no Paris Saint-German, clube pelo qual se aposentou no mesmo ano. De lá pra cá, passou por dez equipes de Brasil e França. Títulos? O mais relevante é a Copa do Nordeste pelo Vitória em 1999.
Talvez a mais expressiva experiência do técnico às vistas do torcedor brasileiro seja sua passagem pela seleção pré-olímpica do Brasil entre 2002 e 2004. A geração que o comandante tinha em mãos era das melhores que apareceu no país nas últimas décadas: Robinho, Nilmar, Diego, Dagoberto, Elano, os zagueiros Alex e Edu Dracena. Mas... não fomos às Olimpíadas.
O time que jogou e perdeu a última partida do pré-olímpico contra o Paraguai era formado por Gomes; Elano, Edu Dracena, Alex e Wendell; Paulo Almeida (Dagoberto), Dudu Cearense, Diego (Nilmar) e Daniel Carvalho; Robinho e Marcel (Adaílton). Notem pelos parênteses que Ricardo Gomes abusou do direito de mexer no time, inclusive com uma substituição bizarra. Precisando empatar o jogo, tirou o atacante Marcel para por o zagueiro Adaílton, adotando o esquema de três zagueiros. Haja inventividade...
Voltando à questão inicial, por que Ricardo Gomes? Pelo atual momento do comandante não é, já que ele deixou o Monaco, que não quis renovar seu contrato, em décimo primeiro lugar. O
amigo sãopaulino Menon atribui isso à “tendência que o São Paulo tem de se mostrar como um time diferenciado, de nível maior do que os companheiros. Então, vamos buscar alguém chique, alguém que eleve nosso nome lá fora, alguém que...qualquer destas besteiras.”
Se for isso, ainda assim está errada a diretoria tricolor. Primeiro, porque troca um técnico de primeira linha (que precisava mesmo sair) por um que não tem currículo à altura. E o tal “verniz europeu” também não funciona, já que o campeonato francês é de segunda categoria e o Monaco é uma equipe mediana dentro dessa mesma competição. Não traz visibilidade nenhuma pro clube lá fora.
Ou seja, o mais plausível é que seja uma aposta no fator “novidade”. Mas Gomes chega num caldeirão onde jogadores se achavam no direito de contestar o técnico de forma pública e muitas vezes pouco educada. Mas a diretoria também já se perdeu e as intrigas por trás da queda de Muricy ficam evidentes inclusive na contratação rápida do seu substituto, claramente já tramada antes da decisão ser anunciada. A tal ligação de Cuca a um diretor se oferecendo para substituir o ex-treinador (o que acho pouco provável ter acontecido) também evidencia o nível de diz-que-me-disse nas hostes sãopaulinas.
Resta saber se o São Paulo, com a troca de comando, não vai chegar com gosto à vala comum da de qualquer time do país. Talvez já estivesse perto da tal vala, mas Muricy e seus títulos omitissem isso, como os titulos esconderam de muitos os verdadeiros desempenhos de Dualibs, Mustafás e Teixeiras. Acho, sinceramente, que Gomes não chegará a comer panetone no Morumbi. Mas apostaria que nem o desfile de sete de setembro ele veja lá.