Destaques

quarta-feira, setembro 03, 2008

Um estrogonofe manguaça contra a padronização dos gostos

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Em pleno fim de semana, me vi convocado a produzir um stronoff caseiro. E de camarão. Tudo por esses motivos que podem ser resumidos como "porque bateu a vontade". Mal sabia eu que aquele corriqueiro almoço de sabadão transformar-se-ia em uma verdadeira batalha pela desconstrução dos insumos industriais e por sua reconfecção caseira. Praticamente uma batalha gastronômico-política contra a padronização alimentar.

Por isso, peço licença a Marcos Xinef, para narrar minha empreitada.

Foto: Edgardo Balduccio/Flickr


É que fui à geladeira e não encontrei catchup (nem ketchup), a arma mais baixa para a confecção do referido prato, já que contém todos os temperos que poderiam funcionar.

Puxei de memória, então, os ingredientes do referido preparado: molho de tomate, açúcar (ou algum xarope de milho), vinagre e molho inglês. Vai também alho e cebola em pó e outros condimentos.

Foto: Jonathan Chard/Flickr
Tomate, eu tinha. Molho inglês não. Então a lista agora era a dos itens necessários para produzir o condimento britânico. Tudo de memória: molho de soja (shoyo), vinagre, sal, pimenta do reino, noz moscada, cravo, sal e mais um monte de temperos.

Joguei cebola e alho picados na frigideira. Depois de dourados, uns tomates. Devidamente murchos, foi a vez de incluir mais ou menos meio copo de molho de soja e um pouco menos de vinagre balsâmico. Deixei apurar e juntei tudo quanto foi tempero. Sal, pimenta do reino branca, jamaicana, noz moscada, páprica e não lembro mais o quê.

Quando tudo já estava mais seco, lembrei que o camarão estava congelado num caldo de tempero caseiro que eu mesmo tinha juntado na semana anterior. Resolvi incluir o gelo que envolvia os crustáceos semi-cozidos e deixar secar mais. Apelei para uma mostarda escura e uma caixa de creme de leite. Depois vieram os camarões.

Essa apelação era uma forma de esconder o que estava na cara. A insegurança era grande. Era muita invencionice junta, muita aventura gastronômica. Alguma coisa ia acabar errada. Como eu poderia, sem sequer recorrer ao Google ou à receita de molhos industriais vendidos prontos para reconstituir um prato tão comum e de nome tão afrescalhado? Definitivamente eu precisava de ajuda.

Lancei 300 ml de cachaça na frigideira. Depois de incorporado, direto ao prato.

Ficou bom.

Nunca mais coloco ketchup no estrogonofe. Nem compro molho inglês.

terça-feira, setembro 02, 2008

No butiquim da Política - Mugabe, um 'democrata' à disposição

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CLÓVIS MESSIAS*

Nada passa despercebido dos filósofos de butiquim, mesmo sendo este local a Assembléia Legislativa, onde - infelizmente - é proibida a loira gelada e o goró. Havia solto na Casa um radinho ligado e a notícia internacional corria dando o resultado das eleições fraudulentas no Zimbábue. Vitória do candidato único, Robert Mugabe (foto). O concorrente oposicionista desistiu do pleito, com a justificativa de que assim terminariam as perseguições e torturas aos seus correligionários.

Segundo o comentarista da rádio, o presidente Mugabe, um "democrata de plantão", comemorava a vitória eleitoral. Ele está no poder há apenas 28 anos. Um distraído freqüentador do butiquim, digo, da Assembléia, concluiu: "-Isto é que é gostar de democracia, está 'sofrendo' no poder há quase três décadas, à disposição da população!". Pois é, que mentalidade! Deve ter sido um dos que ajudaram os tucanos a "sofrer" desse jeito aqui em São Paulo, ficando "à disposição" do Estado há dez anos...

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

segunda-feira, setembro 01, 2008

98 anos de Corinthians

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O Corinthians completou hoje, dia 1º de setembro, 98 anos de história. São, segundo o parceiro Retrospecto Corintiano, 5.043 jogos, com 2.683 vitórios, 1.229 empates e 1.161 derrotas, resultados determinados por 9.814 gols pró e 5.961 gols contra. Mas, masi que isso, é a incalculá, imponderável união da paixão de milhões de torcedores em todo o país e fora dele. Entre eles, eu, meu pai, meus tios, meu falecido avô. Aos trabalhadores que se reuniram no número 34 da Avenida dos Imigrantes, atual Rua José Paulino, no Bom Retiro, para fundar o maior time de futebol da Terra, meus cumprimentos.

Estatuto

No final de semana, a Assembléia Geral dos sócios do Corinthians aprovou o novo estatuto do clube. Trata-se de inegável avanço em relação ao deixado pelos 14 anos de Dualib. Prevê eleição de presidentes por meio dos votos dos associados, proíbe a reeleição, diminui pela metade o número de conselheiros vitalícios (agora serão 100 vitalícios e 200 eleitos em pleito trienal) e obrigatoriedade de separar a contabilidade do departamento de futebol do clube social. Boa notícia.

Xerife

Personagem ilustre da história do Corinthians, o zagueiro Moisés não chegou a ver os 98 anos do clube. Ele faleceu na última terça, dia 26, aos 60 anos, vítima de um câncer pulmonar. Moisés estava no mítico time que encerrou o jejum de títulos do Corinthians, em 77. É autor da frase: "Zagueiro que é zagueiro não ganha Belfort Duarte", sob re o prêmio para o jogador que ficasse 10 anos sem receber qualquer punição da Justiça Desportiva. A pelada lá no céu vai ficou mais séria.

Som na caixa, manguaça! - Volume 23

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TERCEIRO WHISKY
(Frejat/ Guto Goffi/ Cachimbo)

Blues Etílicos

Parei no terceiro whisky
Não lamento a minha desgraça
Porque agora estou partindo
Pra minha quinta cachaça

Eu sou um bom perderdor
Meu lema na vida é o amor

Se alguém pensa que me engana
Antes já se enganou
Meu caráter, bom caráter
É obra do Criador
É obra do Criador

Gosto de toda essa gente
Só porque sou diferente
Não sou bom nem ruim
Não tenho princípio ou fim

Nasço toda manhã
Quando eu saio do meu botequim

(Do CD "Águas barrentas-Ao Vivo", Eldorado, 2001)

Diego Souza resolveu ontem, mas o Grêmio continua longe

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Kléber tomar cartão amarelo e Vanderlei Luxemburgo reclamar da arbitragem não são novidades. O Palmeiras com três volantes e aproveitando apenas os contrataques tampouco.

Ganhar como visitante, já foi a terceira. O pênalti para o Atlético-PR foi mandraque. Mas Diego Souza fazer a diferença é que foi novidade. Incensaram o cara antes e depois da partida. No durante, ele resolveu. Esperamos ver esse filme de novo em partidas futuras.

Viva!



Grêmio

Depois da vitória sobre o Vasco no Olímpico por 2 a 1, Celso Roth disse que o momento é perigoso para o Grêmio, que vai ter que vencer como visitante no Rio de Janeiro o Fluminense (15º) para manter os cinco pontos de diferença que possui hoje sobre o segundo colocado. Cinco. Enquanto isso, o Verdão vai ter que superar o Sport (9º), em casa.

Peraí: cinco pontos é licença para perder fora de casa e até para empatar como mandante no jogo seguinte. A responsabilidade é toda verde e branco na perseguição.

Mas comecei a analisar os próximos rivais de cada time. Só na 34ª rodada é que tem o confronto direto, daqui 11 rodadas. Sabe-se lá se ambos continuarão na disputa – meu palpite é de que sim. Antes disso, as chances de tropeço são grandes para todo lado.

Nas próximas rodadas, o maior problema, por questões de classificação na tabela, é do Palmeiras no Mineirão, contra o Cruzeiro (3º), dia 13 de setembro. Depois, por questões de tradição, do Grêmio com o Inter (11º), no clássico regional, no fim do mês.

Como tropeços vão acontecer dos dois lados (e por parte dos outros times na briga pelo G4 e pelo título), o Grêmio não perde a primeira posição muito cedo, a não ser que inesperadamente entregue dois jogos. Pouco provável.

E é melhor o time de Luxemburgo se manter esperto no Brasileiro, porque o Cruzeiro está mais perto do que o Grêmio. Evidentemente o time com nome de constalação também precisa se cuidar com a Estrela Solitária, a um pontinho, mesmo depois de dois empates consecutivos que interromperam a sequência de cinco vitórias alvinegras.

Folclórico, Aloísio descola uma graninha no Qatar

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Visivelmente desinteressado do São Paulo neste ano, Aloísio (foto) deu um alô ao treinador Paulo Autuori (que pediu sua compra para o tricolor paulista no final de 2005) e conseguiu descolar um contrato de 11 meses com o Al-Rayyan, time do Qatar, por U$ 1 milhão (cerca de R$ 1,6 milhão). É justo: o cara está com 33 anos, quer fazer um belo pé de meia antes de pendurar as chuteiras e, afinal de contas, já tinha perdido vaga no time há muito tempo. Ser jogado para escanteio por Borges, Dagoberto, Adriano, Éder Luís e, por último, André Lima, não é mesmo uma situação muito favorável. Sua última partida marcante pelo São Paulo ocorreu há quase um ano, quando marcou o gol que despachou o Boca Juniors da Copa Sul-Americana. Pouco antes, aliás, pude ver uma estupenda atuação do alagoano, com dois golaços, nos 6 x 0 contra o Paraná, no Morumbi. Mas, após o tetracampeonato brasileiro, Aloísio se acomodou. E perdeu espaço.

No ano passado, cheguei a reclamar da improdutividade do atacante no São Paulo. Tudo bem que o tricolor terá um débito eterno com Aloísio, pela assistência magistral que deu para o volante Mineiro marcar o gol do título mundial contra o Liverpool, em dezembro de 2005. Mas não é possível que um time de centroavantes matadores como Serginho Chulapa (243 gols), Gino Orlando (239), França (182), Luís Fabiano (119) e Careca (115) tenha no ataque alguém que faça míseros 23 gols em 124 jogos, média de 0,18 por partida. Para se ter uma idéia, Kléber Pereira (acima) já fez 50 gols em 74 jogos pelo Santos, média de 0,67. É uma diferença abissal. Borges e Hugo, contratados em 2007, já fizeram 30 e 20 gols, respectivamente, pelo São Paulo. Claro, se formos falar em termos de títulos, Aloísio saiu-se muito bem nos quase três anos que defendeu o São Paulo: venceu um mundial e dois brasileiros. Mas o time perdeu vários jogos decisivos no período, alguns deles por inexplicáveis "apagões" - e falta de gols - do camisa 14.

Bom, mas que Aloísio seja feliz no Qatar. O que ficará para os são-paulinos, além do passe para Mineiro e dos muitos gols que deu puxando a marcação, fazendo o pivô ou sofrendo faltas para as cobranças de Rogério Ceni, é sua figura folclórica. O estilo trombador e a sinceridade do centroavante alagoano eram hilários. Em entrevista ao Leandro Canônico, do site Pelé.Net, por exemplo, Aloísio revelou uma história absurda de quando foi contratado pelo Rubin Kazan, da Rússia, em 2004: "Quando cheguei, os dirigentes me buscaram no aeroporto. Entrei na caminhonete e eles disseram que eu ficaria num hotel e depois procuraria apartamento. No local, vi um monte de gente de branco. Achei estranho, mas dormi lá e acordei no meio da noite escutando um monte de gritos. No dia seguinte, eu perguntei para a pessoa que estava responsável por mim o que tinha acontecido, porque parecia que alguém batia numa mulher. Daí que ele me explicou que, por falta de vaga nos hotéis, haviam me colocado num hospício. Aí eu disse que ia embora se não me tirassem de lá". Imaginem a situação do cabra...

Ps.: Me recuso a comentar qualquer coisa sobre o clássico de ontem, no Morumbi. Seria como teorizar sobre o vácuo, o vazio, o nada (igualzinho ao jogo do primeiro turno). Continuarei torcendo para que o Santos escape do rebaixamento. E para que o São Paulo consiga beliscar, ao menos, uma vaguinha na Libertadores. Mas até isso parece cada vez mais improvável.

F-Mais Umas - O carcará de US$ 1 milhão

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CHICO SILVA*

Não é todo dia que se vê um piloto de corridas, esporte proibitivo para tipos como eu, admitir que usará o prêmio de uma competição para saldar as prestações da sonhada casa própria. E nunca se viu um piloto vindo das latitudes nordestinas obter um resultado tão significativo, e lucrativo, quanto o do "paraíba" Valdeno Brito (acima) na "Corrida do Milhão" da Stock Car, prova disputada ontem no autódromo de Jacarepaguá, Rio de Janeiro. É óbvio que o resultado do Valdeno nada tem a ver com a recente melhora dos índices sociais do Nordeste. O Bolsa Família não foi o combustível que levou o "carcará" de Campina Grande a faturar o prêmio de US$ 1 milhão pela vitória na maior prova do automobilismo nacional.

Mas não deixa de ser curioso ver um filho da empobrecida terra de Ariano Suassuna e Jackson do Pandeiro deixar na poeira adversários famosos e queridinhos da mídia como o "primeiro-filho" Cacá Bueno (à direita) e Luciano Burti, um dos comentaristas de F-1 da TV Globo - a principal parceira da organização da Stock. Quem sabe a vitória de Valdeno chame a atenção de patrocinadores e promotores de provas automobilísticas para a região? O Nordeste sempre produziu pilotos, mas em escala muito inferior a São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul e Paraná. Porém, os poucos nordestinos do automobilismo acabaram padecendo por falta de apoio e recurso.

Isso me intriga: com tanto filho de usineiro e político corrupto por lá, como ainda não vimos um Senna ou um Piquet emergindo da caatinga? Deixo aqui meus parabéns ao carcará e faço um brinde com uma boa dose de Serra Limpa (à esquerda), uma das melhores cachaças da terra. Com o dinheiro que ganhou, o Valdeno bem que poderia comprar até a fábrica da cachaça!

Maureen? Cielo? De novo, não!
Estava tirando um inocente cochilo quando de repente surgiram Maureen Maggi, Cesar Cielo, Fofão e Leandro Guilheiro. Num primeiro momento, achei que era um sonho. Mas fiquei na dúvida, pois, assim que acordei, lá estavam eles de novo, na TV bem à minha frente. Nos últimos dias, foi praticamente impossível fugir dos nossos heróis olímpicos. Num único final de semana, os vi no Altas Horas, na Stock Car, no Esporte Espetacular e em um outro programa que me foge o nome.

Confesso que essa super-exposição de ocasião me incomoda um pouco. De que adianta aparecer zilhões de horas em uma semana e passar os o quatro anos seguintes mendigando patrocínio e implorando um minutinho de atenção que seja? O Brasil precisa de um projeto esportivo. E já passou da hora de isso acontecer.

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

EXCLUSIVO: "Carrasca" da seleção feminina de futebol em Pequim, Carli Lloyd fala ao Futepoca

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Aos seis minutos da prorrogação, ela adiou novamente o sonho brasileiro de conquistar o ouro no futebol feminino. Uma finalização inapelável, que ainda chegou a tocar o gramado antes de entrar no gol de Bárbara. Carli Lloyd, 26 anos, a autora da façanha, conta que a derrota para o Brasil no Mundial foi um fator a mais de motivação para a equipe que superou o time de Marta, Cristiane e companhia.

A entrevista a seguir, concedida por e-mail, ao que parece é a única até agora na mídia internética de cá. Nela, Lloyd desconversa a respeito do suposto episódio em que jogadoras do Brasil teriam filmado as atletas estadunidenses chorando por causa da derrota no Mundial, no saguão do hotel em que ambas as equipes estavam hospedadas. Mas, de forma indireta, não deixa de cutucar a seleção brasileira, com jogadoras badaladas como Marta e Cristiane. “Essa vitória nos Jogos Olímpicos de 2008 vai ficar na História e mostrará ao mundo que não é preciso ter estrelas para se vencer eventos mundiais. Você precisa somente de um time, um time que trabalha duro e onde uma acredita na outra.” Por aqui, parece que muita gente ainda não entendeu essa receita básica. Abaixo, as respostas (sintéticas) da “carrasca” da seleção em Pequim.

Futepoca - Que impacto a conquista da medalha de ouro da seleção feminina teve em seu país?
Carli Lloyd - Sempre que alguém ganha uma medalha de ouro, isso é um grande acontecimento para o nosso país. Foi um sentimento inacreditável.

Futepoca - Você lembra de detalhes do seu gol contra o Brasil?
Lloyd - O gol aconteceu tão rapidamente que eu só lembro de receber a bola e passar por trás da minha perna pra nossa atacante. Ela tocou de volta para mim, ajeitei com o pé direito e chutei com o esquerdo. Revi meu gol e observei que o meu pé de apoio estava muito bem colocado perto da bola e isso garantiu uma boa finalização, que, ainda bem, entrou no gol.

Futepoca - Qual a orientação da treinadora da seleção [Pia Sundhage, no cargo desde novembro de 2007] antes da partida final em Pequim?
Lloyd - Pia é maravilhosa. Não se estressa e sempre diz para acreditarmos em nós mesmas. Ela agiu da mesma forma que age antes de qualquer jogo. Não foi diferente antes da partida contra o Brasil.

Futepoca - Havia um clima de revanche contra o Brasil? A imprensa daqui disse que a seleção brasileira havia desrespeitado jogadoras do seu time após a partida no Mundial. Isso é verdade?
Lloyd - Toda vez que você perde para um time você quer vencê-lo da próxima vez. O Brasil é uma grande equipe, nos bateu de uma forma terrível na Copa do Mundo e nós respondemos com uma vitória nas Olimpíadas. Essas coisas acontecem no esporte.


Futepoca - Quando você começou a jogar futebol? Como conheceu o esporte?
Lloyd - Comecei a jogar futebol aos cinco anos. Meus pais me iniciaram e me ensinaram quando eu era mais nova.

Futepoca - Você acredita que a medalha de ouro pode ajudar o futebol a se tornar mais popular nos EUA?
Lloyd - Sim, acredito que essa vitória nos Jogos Olímpicos de 2008 vai ficar na História e mostrará ao mundo que não é preciso ter estrelas para vencer eventos mundiais. Você precisa somente de um time, um time que trabalha duro, onde uma acredita na outra. Nós tivemos sete jogadoras diferentes marcando gols nessas Olimpíadas. Foi um grande avanço para o futebol nos Estados Unidos.

Futepoca - Aqui, a estrutura do futebol masculino é muito melhor do que a do feminino. Isso acontece nos EUA?
Lloyd - Sim, é claro que o futebol masculino é mais popular que o feminino e acredito que a razão para isso é que há mais homens dominando todas as modalidades nos Estados Unidos. Mas acho e espero que, com a volta da nossa Liga profissional, isso vai mudar e vai aumentar a popularidade do futebol feminino.

PS: A última resposta enseja uma observação de quem diz que nos EUA o futebol feminino tem estrutura e aqui não. Houve uma liga profissional da modalidade (WUSA) entre 2001e 2003, que resultou em um estrondoso prejuízo, o que causou sua extinção. Desde então, não existe futebol feminino profissional no país, ou seja, a modalidade é disputada apenas em escolas e universidades e a seleção de futebol é permanente. Em 2009,o campeonato renascerá no mês de abril, como Women's Professional Soccer (WPS).

sexta-feira, agosto 29, 2008

Integrar para beber, beber para integrar

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Camaradas futepoquenses (leitores, autores e colaboradores),

um espírito ronda a sociedade brasileira, é o espírito manguaça.

Um acaso me colocou, em Brasília, na mesma mesa de um boteco com um figuraça, o Emerson Luis, autor do blogue Nas Retinas e um dos idealizadores do programa Bebe Brasil, irmão do Manguaça Cidadão no Planalto Central. Conforme as garrafas se esvaziavam (há mais de 120 dias não chove por lá...), foi ficando cada vez mais clara a identidade entre os programas e a necessidade de somar forças. Então, camaradas, vamos fazer a nossa parte: beber e pensar!

As conversas apenas se iniciam, mas já dão novo fôlego às duas propostas, que retomam suas articulações e buscam agora a construção de uma agenda comum de promoção do direito à canjibrina em todo o país. E um futuro promissor se abre à cachaça nossa de cada dia. Tudo pelo interesse público, que é o que prevalece em qualquer mesa de autênticos manguaças.

Manguaças de todo o Brasil, uni-vos!

E aguardem pela continuidade do debate nos fóruns adequados, por enquanto em São Paulo e Brasília, mas esperamos que a nossa luta ganhe espaço em todo o país!

Semana agitada no Corinthians

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Essa está sendo uma semana agitada para o Corinthians. Contratações, goleada e novo fim do projeto de construção de um estádio próprio marcaram o noticiário. Vão notinhas com palpites:

Corinthians 5 x 0 Gama
O Timão não tomou conhecimento do time do Distrito Federal e sapecou uma sonora goleada. Poderia ter sido mais, levando em conta as chances perdidas. Morais entrou jogando e deu passe para o gol de Herrera. O experiente novato Bebeto, centroavante de 30 anos que jogou com Mano no glorioso XV de Novembro de Campo Bom, entrou durante a partida e fez o seu, em bela cabeçada. A saber o que vai dar. Alberto Helena Jr. chamou a atenção para a linha de meio-campo que parece estar se formando no Timão: Fabinho, Elias, Douglas e Morais. Se for por aí, o time se força a jogar mais a frente, adiantando a marcação e pressionando. Eu gosto.

Contratações
Além de Morais e Bebeto, chegou o volante Almeida, de 24 anos, para período de testes durante a Série B. O atleta veio do glorioso Iraty, que tantas alegrias deu ao Santos, durante o reinado de Wanderley Luxemburgo na Vila Belmiro (MT foi elevado a imperador nesse período). Almeida afirmou que não é só o penteado afro que o assemelha aos selecionáveis brasileiros Anderson e Zé Roberto, mas também o estilo de jogo. Reservo minha desconfiança para o rapaz.

Fetiche?
A contratação de Almeida demonstra uma predileção de Mano Menezes por volantes. O rapaz é o oitavo jogador do elenco para a posição, segundo a divisão do site oficial do clube, que coloca Eduardo Ramos e Elias entre os meias. Ou seja, na prática, são dez opções diferentes de volantes.

Olímpica
Mas a grande contratação do Timão foi para a equipe feminina: a atacante Cristiane, craque da Seleção Brasileira. O reforço chega para a disputa do Campeonato Paulista, no qual o Timão está em segundo lugar do Grupo 2, com 35 pontos, atrás do Santos, que tem 38. Quatro equipes classificam-se para a segunda fase, que é quando Cristiane deverá estrear. Um dado é que o Corinthians já conta com a artilheira do campeonato até agora, Nilda, que tem 20 gols, seis a frente das segundas colocadas. Segundo o site da FPF, alguns jogos têm transmissão pela Rede Vida, como é o caso da próxima partida do Timão, contra o São José, no dia 30, às 10h30. O jogo será no CT de Itaquera.

Estádio...
Por fim, e como meus pessimistas botões já imaginavam, mais um projeto de construção do estádio próprio corintiano fez água nessa semana. Andrés Sanches cancelou o contrato com o consórcio Egesa/Seebla, que havia feito proposta para a obra (veja nota oficial do clube). O estádio deveria ter capacidade para 52 mil torcedores e 200 camarotes, no bairro da Vila Maria, na marginal Tietê, a 2 km do Parque São Jorge. Enquanto isso, Walter Feldman, secretário de Esportes da prefeitura de São Paulo, afirmou a intenção do governo em “vender” o Pacaembu para o Corinthians. A idéia é fazer uma concessão onerosa, com o Timão assumindo o compromisso de reformar o estádio. O custo da operação ficaria em R$ 200 milhões. Enfim, nada de novo.

Raul Seixas enfiou o AI-5 na Jovem Guarda

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Outro dia eu tava assistindo o programa "Letras brasileiras", comandado pelos músicos Roberto Menescal e Oswaldo Montenegro no Canal Brasil, e o tema era Jovem Guarda. Convidaram o Jerry Adriani (foto à direita) e, ao som de três violões, relembraram sucessos do iê-iê-iê brasileiro dos anos 1960. Lá pelas tantas, o papo entre eles enveredou pela mítica alienação das letras da Jovem Guarda, que nada falavam de política. Foi aí que Adriani contou um causo fantástico envolvendo ele e o Raul Seixas. Mas vamos começar do começo: na metade daquela década, a polêmica cantora Nara Leão, que já havia desagradado o pessoal da Bossa Nova ao abraçar o samba de morro, resolveu chatear mais ainda ao engatar um namoro com o galã suburbano Jerry Adriani.

Para completar a salada, ela fez uma viagem à Bahia e descobriu a anônima Maria Bethânia (e não hesitou em indicá-la como sua substituta no show "Opinião", dando o pontapé inicial na carreira da menina). Mas, ainda em Salvador, outro desconhecido interessante chamou a atenção de Nara: Raul Santos Seixas, 20 anos. Na volta ao Rio, ela falou tão bem do rapaz para o namorado Jerry que este, numa excursão à Bahia, contratou Raulzito e sua banda Os Panteras (foto acima) para ser seu conjunto de palco. Mais tarde, Raul começou a compor e oferecer músicas para Jerry, como "Tarde demais" e "Tudo que é bom dura pouco". Mas o grande sucesso dos dois seria "Doce, doce amor", parceria de Raul Seixas com Mauro Motta. É uma das musiquinhas melosas mais emblemáticas da Jovem Guarda, com o refrão "Doce, doce amor/ Onde tens andado?/ Diga, por favor/ Doce, doce amor".

Seria um exemplo perfeito do nível de alienação do iê-iê-iê do qual Menescal e Montenegro falavam, mas Adriani decidiu contestar. Segundo ele, Raul, já interessado em política, ficou prostrado com o AI-5 (Ato Instititucional nº 5), decretado em 13 de dezembro de 1968 (à direita), que extinguiu garantias dos brasileiros. Naquela semana, ele estava tentando botar letra numa melodia que havia feito - e que viria a ser "Doce, doce amor". E, sem entender muito bem o pretexto que os militares haviam usado para endurecer o jogo político, Raul lamentou a perda da nossa liberdade logo nos primeiros versos da canção: "Está fazendo uma semana/ Que sem mais nem menos eu perdi você/ Mas não sei determinar ao certo/ Qual foi a razão, meu bem vem me dizer". Pois é, o "doce amor" perdido era, na verdade, a democracia.

Ps.: O livro "Eu não sou cachorro, não", de Paulo César Araújo, fala exatamente dos protestos políticos escondidos nas músicas "bregas" da década de 1970 - supostamente, para os críticos, o nicho principal do som alienado (e alienante) nacional. Um exemplo é a canção "O divórcio", de Luiz Ayrão, lançada em 1977: "Treze anos eu te aturo e não agüento mais / Não há Cristo que suporte e eu não suporto mais". Não por acaso, naquele ano o golpe militar de 1964 completava exatamente treze anos...

A Arena Palestra Itália é boa para o torcedor?

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Quando comecei a escrever, na quarta-feira a noite, me deparei com esta notícia: Corinthians anuncia fim de acordo com consórcio de estádio, aquele que prometia em fevereiro que haveria um projeto pronto em dois meses. O quarto estádio de fumaça. Se a diretoria do Corinthians é boa de factóide, não significa que a do Palmeiras esteja imune a isso. O que eu quero saber é:

Afinal, a Arena Palestra Itália é boa para o torcedor?

Todos os parceiros palmeirenses do Futepoca que se manifestaram a respeito estão a favor.

Fotos: Divulgação Palmeiras

Simulação gráfica da bendita Arena


Nas perguntas frequentes da página do clube na internet, a Arena é explicada com laranjas.

As principais vantagens na visão da diretoria são:
a) Investimentos na deficitária área social do clube (vestiários, quadras e escritórios) além de ampliar o Palestra Itália.
b) Redução dos custos de manutenção, especialmente os que o estádio despende, entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões anuais.
c) Gerar uma fonte de receita com o aluguel para shows e eventos. O clube deve gastar R$ 1 milhão anual com aluguel e receber 5% da receita nos primeiros cinco anos com aumento gradativo até os 30 anos. Não é informado o percentual do clube no fim do período.

O cronograma prevê que o estádio seja interditado a partir do início do Brasileirão 2009 e dure 16 meses, quer dizer, só no meio do campeonato nacional de 2010 é que o time vai voltar a mandar jogos na Turiassu. De junho para cá, o trâmite interno do clube foi adiado em relação à previsão inicial, mas o início das obras permanece o mesmo.

Investimento
As cifras são elevadas: R$ 300 milhões para serem recuperados em 30 anos. Recuperados pela WTorre, bem entendido. A reforma da Arena da Baixada, apontada como estádio mais moderno do país, saiu a R$ 30 milhões, sendo que não constam melhorias sociais (que aos torcedores pouco importam) e uma parte continua incompleta – as obras de olho na Copa de 2014 devem começar no início do próximo ano, na área de um terreno vizinho recém-adiquirido.

A WTorre foi uma das quatro parceiras com quem o alvinegro paulistano divulgou que construiria seu estádio. Segundo a construtora, de sua parte, o projeto que deu água pelo enrosco entre Kia e Dualib.

Mas é bom?
Perder dinheiro a WTorre não vai. Exemplo disso é que os bancos Santander e Votorantim se tornaram sócios da construtora há dois meses. É uma turma que não costuma jogar grana no ventilador.

Se a assembléia dos sócios do Palmeiras não aprovar o acordo, a empresa vai construir estádio para outro clube. E vai jogar pesado para ser uma das sedes da Copa (o Morumbi que faça seu contra-lobby).

Buscar parceiros profissionais pode ser uma forma de lidar com o amadorismo das diretorias. Mas é o histórico de amadorismos que deixa o torcedor com um mínimo de pé atrás. Mesmo na Inglaterra, um dos locais onde o futebol é mais rentável (para os donos dos clubes), muitos torcedores reclamam.

Mas há alternativas para reformar um estádio? Se há, os clubes ainda não encontraram. E para mexer na parte social, a que sempre dá prejuízo em todos os clubes do Brasil segundo dirigentes entrevistados pelo Futepoca? Putz, menos ainda.

Então, com as informações disponíveis e com o quilate dos opositores, a minha resposta é:

Parece bom.

Se eu fosse sócio, votaria a favor. Mas quereria ver todos os dados do contrato antes de ele ser assinado para não ser surpreendido.

E se a oposição de Mustafá Contoursi barrar a iniciativa, é capaz de levar um projeto prontinho para o rival sem estádio. Vai fazer por merecer uma estátua nos domínios de Parque São Jorge. Será que ele já pensou nisso?

Esporte é saúde!

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Exame de próstata - sem próstata.
Depois dizem que futebol é que é esporte perigoso...

quinta-feira, agosto 28, 2008

Satã incentiva masturbação com meninas do vôlei

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Minha avó tem razão: esse mundo está perdido! Depois de comprar a alma da Xuxa, Satanás voltou a atormentar almas indefesas. Segundo o site da Igreja Batista de Landover, dos Estados Unidos, o Cramunhão resolveu manipular a modalidade feminina do vôlei de praia, nas Olimpíadas de Pequim, para que os jovens se masturbassem. E eles ilustram o texto com uma foto de brasileiras!

Trata-se, na verdade, de uma paródia feita acerca dos fundamentalistas religiosos e a igreja não existe de verdade. Conta o "pastor" Fred Smith que uma mãe chegou para ele e disse que seu filho Timothy tinha convidado vários amigos para fazerem suas preces e reverenciar as escrituras sagradas. Porém, segue o "religioso", "quando a Sra.Huxton colocou seu ouvido na porta, não ouviu os sons das leituras sagradas acompanhado por suaves sussurros ao nosso Pai Celestial, mas sim uma TV sintonizada num jogo de voleibol olímpico, que vomitava o idioma chinês. Quando ela ouviu mais de perto, notou sons golpeantes de carne-contra-carne junto com grunhidos e gemidos dos pequenos meninos cristãos!" (a tradução é aproximada, meu inglês é ruim pra diabo!).

"Desde esse dia, se qualquer membro da nossa congregação for flagrado assistindo o voleibol olímpico (...) será solicitado a embalar seus pertences e encontrar outro lugar para morar, onde seu imundo, pecador, revoltante e depravado estilo de vida de masturbação é aceito!", ameaçou Smith. "Satanás está em nosso meio, meus amigos! O diabo está usando voleibol nas Olimpíadas para atrair, com suas poucas roupas, os homens jovens. (...) Lúcifer está a transformar inocentes tardes de reunião para oração em frenéticos Clubes de Garotos Batistas Masturbadores!", vociferou.

Atualizado às 17h41

Álcool, doping e Olimpíadas

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Lendo o Almanaque Olímpico Sportv, que o Futepoca está dando ao leitor na Promoção Mico Olímpico, tem-se algumas informações curiosas da relação entre álcool e esporte.

A primeira delas ser refere aos Jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles. Aliás, quem acha que usar as Olimpíadas para enaltecer a grandeza de um país é algo inventado por chineses, não conhece a história dessa edição norte-americana. Depois do fracasso da organização em Saint Louis, em 1904, os EUA não só usaram a competição para dizer ao mundo que podiam realizar um evento desse porte (pela primeira vez condensado em 16 dias) como também ansiavam por passar uma imagem de recuperação, após o crash da bolsa em 1929. E dá-lhe uso político!

Mas, voltando à manguaça, a Lei Seca estadunidense, que propiciou o surgimento de mafiosos, livros, filmes e seriados por todo o mundo (além de cenas como essa ao lado, de puro desperdício), vigorava àquela altura. No entanto, o esporte deu uma boa desculpa para que alguns pudessem burlá-la. As delegações francesa e italiana conseguiram autorização para consumir vinho durante os jogos, alegando que a bebida fazia parte da dieta alimentar de seus atletas. Talvez não seja mera coincidência que, em meio aos sentimentos ébrios e alegres proporcionados por Baco, a Itália tenha terminado em segundo e a França em terceiro no quadro de medalhas, atrás apenas dos donos da casa. Na edição anterior, em Amsterdã, italianos e franceses foram quintos e sétimos colocados respectivamente.

Álcool é doping?

Mas o que leitor deve estar se perguntado, já que agora, motivado pelas Olimpíadas, vai passar a praticar esportes, é se álcool é considerado doping. Conta o Almanaque que nos jogos do México, em 1968, foi feito pela primeira vez o controle anti-doping. O primeiro resultado positivo foi do sueco Hans-Gunnar Liljenwall, do pentatlo moderno. O motivo: excesso de álcool.

O fato é que a boa e velha cachaça não é vetada em todas as modalidades. De acordo com a Agência Mundial Anti-Doping, somente duas modalidades olímpicas, o pentatlo moderno - na prova de tiro desportivo -, e o arco e flecha, consideram o álcool como substância proibida.

Aliás, não totalmente proibida. O álcool é permitido até o limite de 0,1 grama por litro de sangue. Isso equivale à metade da quantidade máxima permitida pela nova Lei Seca brasileira, 0,2. A propósito, os mesmos 0,1 grama são o limite estabelecido para as categorias do automobilismo nas competições da FIA, como a Fórmula-1. Já a Lei seca tupiniquim serve como quantidade máxima permitida às modalidades reguladas pela Federação Internacional de Aeronáutica, como paraglide, balonismo e similares.

Me esquerda que eu gosto! - Dois pra lá, dois pra cá...

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DIEGO SARTORATO*

Sempre foi difícil saber o que pensam exatamente nossos representantes políticos sobre a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), mecanismo de segurança criado pelo então presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (à esquerda) em 2000/2001 para, na prática, criar um meio legal para impedir o calote à dívida externa e interna com os banqueiros, mesmo que isso nos custasse menos investimento em saúde, educação e programas sociais. À época da criação da lei, o PT (onde ainda estavam futuros dissidentes do PSol), PSB, PSTU e PCdoB votaram contra e tentaram, mais de uma vez, derrubar a medida por meio das Adin (Ações Diretas de Inconstitucionalidade). Depois que assumiram o governo, porém, PT e PCdoB mudaram completamente o discurso, chegando até a gabar-se do cumprimento à risca da LRF em suas administrações estaduais e municipais - bem verdade que depois de terem fechado a conta do Brasil com o FMI.

O bloquinho PSTU-PSol manteve-se contra, mas nem por isso pode ser considerado mais coerente. Basta ver que nesta segunda-feira, 25 de agosto, o presidente Lula decidiu liberar a autorização para empréstimos de pelo menos mais R$ 9,5 bilhões para financiamento de projetos dos governos estaduais, independentemente de suas dívidas públicas. A direita deu início às críticas na base do "Estado inchado não funciona" e os esquerdistas foram atrás, na sanha de atingir a imagem de Lula. "Essa liberação para os empréstimos não adianta nada. As liberações de verba do governo Lula para os estados e municípios são um processo muito pouco transparente, em que a gente fica sabendo do montante final mas não acompanha o investimento", afirmou Fernando Gamelho, secretário de organização do PSol de São Paulo, em entrevista exclusiva ao Futepoca.

Assim, na disputa para saber quem é dono de qual bandeira e por quê, não é de espantar que os partidos tenham cada vez menos credibilidade no papel de organizar o debate com a população. Como já dizia o ex-candidato a governador pelo PSol, Plínio de Arruda Sampaio (à direita), "no começo, eu era considerado da direita dentro do PT. Aí, o partido foi indo mais pra lá, mais pra lá, mais pra lá, e acabaram me taxando de esquerda radical. Mas eu nunca saí do lugar". Do jeito que vai, daqui a pouco ele perde o lugar no partido da Heloísa Helena também...

*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

Manguaça compra pedaço de bolo de 27 anos

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Fazendo um link com os comentários do post abaixo, sobre cervejas envelhecidas, a BBC noticia que um manguaça comprou, por mil libras (cerca de R$ 2,98 mil), uma fatia de um bolo (foto) preparado para o casamento de lady Diana Spencer com o príncipe Charles, na Inglaterra, em 1981. Chris Albury, da Casa de Leilões Dominic Winter, teve a delicadeza de observar que "o comprador provavelmente não adquiriu o bolo para comer". Ainda bem!

quarta-feira, agosto 27, 2008

Tipos de cerveja 14 - As Kölsch

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A designação Kölsch está protegida por lei e é exclusiva de pouco mais de 20 cervejeiras da cidade alemã de Colônia (Köln). Servidas num copo esguio chamado de Stange (foto), esse tipo de cerveja tem como curiosidade o fato de não ser bom para passarem por um armazenamento muito longo. "O sabor delicado e frutado tende a oxidar com facilidade, pelo que se recomenda um consumo rápido após a compra", observa Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. As regras que definem esse estilo são muito precisas e existem várias marcas que se auto-designam kölschbiers quando na realidade não são. Bastante efervescentes e frescas, as Kölsch são feitas a partir do melhor lúpulo alemão (dos gêneros Hallertau, Tettnang, Spalt ou Hersbrucker) e de água da melhor qualidade. Para quem tiver a sorte de encontrar, vale experimentar a Paffgen Kölsch, a Pyramid Curve Ball Kölsch ou a Muhlen Kölsch.

Os heróis sem medalha

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Após a conquista da primeira medalha de ouro do Brasil no Pan do Rio, o lutador de Tae Kwon Do Diogo Silva virou celebridade instantânea. Foi complicado, mas consegui entrevistá-lo para a revista Fórum ainda em meio à competição que rolava na cidade, aproveitando a brecha de uma reunião com possíveis patrocinadores. Na conversa de pouco mais de uma hora, Diogo contou algo que nunca esqueci. Depois do quarto lugar em sua categoria nos Jogos de Atenas, um resultado de histórico, ninguém reconheceu a importância de seu desempenho. Ao voltar ao Brasil, no aeroporto, não havia uma só pessoa para esperá-lo. Pegou um ônibus e seguiu para casa.

Essa falta de reconhecimento é comum para o atleta que não alcança o pódio. Às vezes, consegue ter um desempenho fantástico, mas não atrai holofotes de pessoas que só sabem contabilizar medalhas, e não atitudes. Por isso, seguem abaixo alguns exemplos de esportistas que estiveram em Pequim e merecem não somente reconhecimento, mas também apoio, principalmente da iniciativa privada, pra lá de ausente nas modalidades olímpicas. A eles, os parabéns e a gratidão por representar um país que lhes dá as costas.

Rosângela Conceição – aos 35 anos, ela foi a primeira atleta brasileira da prova de luta a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos. Antes, já havia feito história no Pan de 2007, ao garantir a primeira medalha do país, de bronze, na modalidade.

Inicialmente praticante de judô por influência do irmã, Rosângela foi reserva de Edinanci Silva em 1996. A luta olímpica apareceu para ela em 2003, por meio de uma sugestão do treinador cubano Alejo Morales. A troca foi vantajosa e em maio ela conseguiu a vaga para Pequim no Pré-Olímpico, superando lutadoras de países com muito mais tradição no esporte. Passou pela romena Elena Diana Mudrag, pela egípcia Doaa Ahmed Maher e bateu a francesa Audrey Prieto Bokhashvili.

Em Pequim, na sua primeira luta superou simplesmente a terceira colocada no último Mundial na categoria até 72 quilos, a cazaque Olga Zhanibekova. Na luta seguinte veio a pentacampeã mundial Kyoko Hamaguchi. A japonesa venceu Rosângela, e terminou em terceiro lugar na disputa. Caso chegasse à final, a brasileira poderia tentar o bronze na repescagem. Mesmo assim, ficar entre as oito melhores do planeta é um desempenho admirável. A Caixa Econômica Federal é a patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Lutas Associadas. “Zanza”, como é chamada pelos amigos, recebe apoio do governo federal por meio do Bolsa Atleta.

Paulo Carvalho – em Atenas, o boxe brasileiro teve apenas uma vitória. Agora, em Pequim, foram cinco vitórias de pugilistas nacionais, com dois lutadores chegando às quartas-de-final e ficando a apenas uma vitória do bronze. Os autores da façanha foram Washington Silva, de 30 anos e que não disputará mais Olimpíada, e Paulo Carvalho, que aos 22 anos ainda sonha com uma nova chance em Londres.

Carvalho conta que começou a lutar por admirar o Acelino Popó Freitas. Participante da categoria Mosca-Ligeiro, esses soteropolitano de 1,61 m e 48 quilos penou para chegar às Olimpíadas. No primeiro Pré-Olímpico em Trinidad & Tobago foi derrotado pelo argentino Junior Zarate, mas teve sua revanche na edição da Guatemala, sua última oportunidade, quando derrotou o mesmo rival por 18 a 7. Depois, superou John Nelson Azama, de El Salvador, e o colombiano Oscar Negrete Padilla, garantindo a vaga olímpica.

Em Pequim, derrotou Redouane Bouchtouk, do Marrocos, por 13 a 7, e Manyo Plange, de Gana, por 21 a 12. Nas quartas, topou com o cubano Yampier Hernández, e foi derrotado por 21 a 6. O confronto era entre um país que tinha ganho uma única medalha olímpica, o bronze de Servílio de Oliveira em 1968, contra outro que ganhou 32 ouros, mais do que o total obtido pelo Brasil (20) em todas as modalidades na história. Como tantos outros pugilistas do país, a falta de apoio em uma das modalidades mais marginalizadas do país possa empurrá-lo para o profissionalismo.

Ana Ma
rcela Cunha – esta foi a primeira vez que a maratona aquática foi disputada nas Olimpíadas. Na versão feminina, são dez quilômetros onde 24 atletas competem pelo ouro. Dentre elas, duas brasileiras: Poliana Okimoto, sétima colocada, e a impressionante Ana Marcela Cunha, com apenas 16 anos de idade e quinta na prova.

Baiana residente em Santos, a menina apareceu no cenário da nova modalidade após uma vitória na etapa de Setúbal (Portugal) da Copa do Mundo, disputada neste ano. Mas antes já havia se destacado no Brasil, quando se tornou a vencedora mais nova da Travessia dos Fortes (RJ), feito realizado aos 14 anos.

Ana é nadadora da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e tem o patrocínio dos Correios, que concede uma ajuda mensal e custeia despesas com viagens internacionais.

Nivalter Santos - migrante sergipano, saiu de Aracaju, sua terra natal, aos 14 anos. Depois de morar em Santos, mudou-se para a vizinha São Vicente e foi morar junto com a mãe na favela México 70, que já foi a maior do Brasil. Ali, conheceu um projeto social, o Navega São Paulo, e começou a treinar canoagem. Tinha 17 anos.

No entanto, a mensalidade de R$ 20 era muito para quem tinha que ajudar a pagar R$ 300 pelo aluguel de um barraco. Abandonou depois do primeiro mês e só voltou por insistência do treinador Pedro Sena, técnico da seleção brasileira e coordenador pelo programa, que bancou suas remadas.

Bastaram três anos para chegar a seleção do país. Na carreira, já tem oito ouros e duas pratas no Campeonato Brasileiro, um ouro, duas pratas e um bronze no Sul-Americano de canoagem e um nono lugar do Mundial. Esta, uma conquista inédita na história do esporte no Brasil, já que nunca um canoísta da categoria canoa havia chegado a uma final A do torneio.

Ganhou também a medalha de bronze no C-1 500 m da canoagem no Pan, mas parou nas semifinais da mesma categoria e também no C1-1000 em Pequim. Mesmo assim, com somente 20 anos de idade, é uma das maiores promessas da modalidade. O atleta ainda está à procura de patrocínio e a Confederação Brasileira de Canoagem tem o apoio do Ministério dos Esportes.

terça-feira, agosto 26, 2008

Assino embaixo

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Escreveu Alberto Helena jr. sobre a derrota do Brasil para a Argentina nas Olimpíadas e o estilo defensivo adotado por Dunga em toda sua passagem na seleção (o grifo é meu):

"É um jeito de ver o futebol: ou pra trás, ou pra frente, em todos os sentidos. Não foi à toa que Dunga condenou a goleada por 5 a 0 sobre o vento: “Prefiro uma vitória por 1 a 0, pra não chamar a atenção sobre nós”.

Tomou de 3 a 0, na esquina seguinte, fora o baile, com todos os seus esmeros em deixar a cozinha reluzente. A cozinha tem de estar limpa, por uma questão de higiene básica, mas a festa é na sala, meu!"