Destaques

quinta-feira, novembro 13, 2008

É ela

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Na contramão do histórico nacional de baixa participação política das mulheres, e como o José Dirceu já havia especulado para o Futepoca, a ministra Dilma Rousseff (foto) deve ser mesmo a candidata do PT para as eleições presidenciais de 2010. Durante sua viagem oficial à Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a possível candidatura: "Depois de mim, quero que o Brasil seja governado por uma mulher. E a pessoa certa é Dilma Rousseff", afirmou, segundo o La Repubblica. "Proporei ao PT de indicá-la como candidata. Mas vencer (a eleição) não será fácil. Na política, os cenários mudam rapidamente e ainda faltam dois anos", ponderou Lula. A atual ministra da Casa Civil ganhou moral depois de ter espinafrado, em frente às câmeras de TV, o senador José Agripino (DEM-RN), em maio deste ano. Mas e aí, será que ela vai aceitar a "indicação" do Lula? E se aceitar, ganha?

Um bar histórico, um filme e um lugar para morar

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Vivo na cidade de São Paulo há apenas quatro anos e, por ser um jeca tatu e não saber dirigir, ainda não sei muito bem determinados itinerários ou localização precisa de bairros e regiões. Também desconheço muitos locais que o paulistano aprende a conviver desde o berço. Prova desse meu desconhecimento da metrópole e de seus costumes históricos ocorreu quando, pouco depois que cheguei, a nossa querida eminência parda Carminha perguntou: "-Marcão, você ia no Bar Riviera?". Não, nunca tinha ouvido falar. "-Mas como você não conheceu o Riviera?", insistiu Carminha, incrédula. De fato, eu poderia ter conhecido: o folclórico bar (acima, à esquerda), aberto em 1949 na esquina das avenidas Consolação e Paulista, fechou as portas em fevereiro de 2006 - dois anos depois de eu aportar na terra da garoa. Mas perdi a chance de conhecê-lo "vivo".

Pesquisando na internet, fiquei sabendo que, entre as décadas de 1960 e 1970, o Riviera viveu seu período de grande efervescência revolucionária, festiva e etílica. Uma miríade de artistas, jornalistas, guerrilheiros, estudantes, boêmios, hippies e desocupados passava pelas suas mesas toda madrugada. Não era difícil esbarrar em Chico Buarque, Toquinho, Vinicius de Moraes, Chico e Paulo Caruso ou José Dirceu. O Riviera existia no térreo do Condomínio Anchieta (foto à direita) e, ao seu lado, havia outro bar agitado, o Ponto 4. Os clientes iam e vinham de um para outro e, às vezes, a polícia baixava e prendia todo mundo que estava na calçada, para ver se pegava alguém da luta armada. Dizem que o próprio delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, comandou pessoalmente algumas dessas ações.

O Bar Riviera era o destino natural, também, do pessoal que saía do Cine Belas Artes (à esquerda), do outro lado da avenida Consolação - hoje reformado e rebatizado como HSBC Belas Artes. Aliás, a inauguração do cinema, em 1952, foi motivada, em grande parte, pelo movimento do boteco que já funcionava ali em frente há três anos. Bom, mas volto às minhas desventuras na Paulicéia desvairada: o mundo gira e eis que, recentemente, me mudo para um apartamento no ... Condomínio Anchieta! Sim, o prédio que abrigou o mítico Bar Riviera, cuja placa ainda está lá, pregada numa de suas gigantescas colunas de sustentação. Construído em 1941, o edifício guarda as cicatrizes de tantos moradores, freqüentadores e figurinhas do badalado - e extinto - boteco. A maioria das pessoas que passa na rua, assim como eu, há alguns anos (quando a Carminha me falou do Riviera), não faz a menor idéia.

E logo de cara já fico sabendo de uma novidade: o prédio e seu antigo bar inspiraram um filme, batizado provisoriamente de "Condomínio Jaqueline", que teve locações no velho Anchieta em junho deste ano e deve estrear nos cinemas no primeiro semestre de 2009. Além disso, o trabalho deverá se desdobrar em uma série de TV e em uma história em quadrinhos (acima, à direita), do ilustrador Papito. O filme, do diretor Roberto Moreira, conta a história de Tina, uma jovem vinda do interior (como eu) que tenta ser atriz em São Paulo e vai parar no tal Condomínio Jaqueline (ou Anchieta, que é, agora, onde também moro). Na trama, ela conhece outros jovens que batalham o futuro na metrópole e, juntos, freqüentam o bar Egotrip - arremedo do que foi o Riviera. O site do filme traz uma imagem da parte de trás do prédio, visto por quem sobe a Consolação. E aquela imagem dos quadrinhos, acima, é a mesma que vejo da sala do apartamento. Então é isso: interessante morar num local com tanta história. Pena que o bar se foi...

quarta-feira, novembro 12, 2008

Manguaças no Cinema: Vinnie Jones e a “Máquina Cruel”

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Algumas pessoas, mas não creio que muitas, devem ter visto o filme Golpe Baixo (The Longest Yard), estrelado por Burt Reynolds. Filmado em 1974, é a história de Paul Crewe, um ex-craque de futebol americano que vai preso (se bem me lembro, por dirigir bêbado e arrumar confusão) e é forçado pelo diretor da prisão a montar um time com os detentos para uma espécie de jogo-treino contra o time semi-profissional dos guardas da prisão. Os detentos começam a levar a coisa a sério e o jogo fica bastante tenso. O filme, que vi numa tarde dessas muito tempo atrás, é bem legal. Ainda me lembro dos torcedores gritando o nome do time dos presos (“Mean Machine”, cuja tradução literal seria “Máquina Cruel”, mas me lembro que a dublagem passou para “Máquina Quente”).

Algumas das pessoas que não viram o filme talvez tenham reconhecido a história. O motivo são duas refilmagens que foram feitas recentemente (uma em 2001 e outra em 2005). A mais conhecida e também a mais fiel à história original é a de 2005, com o mesmo nome, estrelada pelo comediante Adam Sandler e com Cris Rock no elenco. Sandler substitui Burt Reynolds como Paul Crewe e a coisa segue da mesma forma, mas creio (se não me falha a memória sobre o primeiro), com uma piadas mais toscas, bem ao gosto do comediante (nada contra, ficou engraçado). A cena final, inclusive, é igualzinha.

A outra é mais interessante para os manguaças deste fórum, por sua proximidade temática. Trata-se de Penalidade Máxima (Mean Machine, 2001), filme inglês que adapta a história para o significado que os ingleses dão para a palavra football. O personagem principal é o ex-craque inglês de futebol com os pés Danny Meehan, que enfrenta a mesma sina de sua contraparte estadunidense e sofre na mão do diretor da prisão. Meehan é interpretado pelo ator inglês Vinnie Jones, um grandalhão que você viu nos dois filmes do ex de Madonna Guy Ritchie, a saber Snatch – Porcos e Diamantes e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (ambos entre os filmes mais legais que já vi). Nos States, fez 60 Segundos, roubando carros com Nicholas Cage e Angelina Jolie, e o Fanático no terceiro filme dos X-Men.

Comecei a pesquisar para esse post intrigado em como um filme como The Longest Yard teria ganho uma refilmagem e uma adaptação, mas alguns dados sobre a carreira de Vinnie Jones me mudaram a pauta. Descobri que o mal-encarado ator foi jogador de futebol profissional na Inglaterra, tendo defendido Wimbledon, Leeds United, Sheffield United, Chelsea, e Queens Park Rangers. Era um “soccer hard-man”, na definição do site IMDB (que tem tudo sobre todos os filmes do mundo – veja aqui a filmografia de Pelé).

No Blog de Bola, descobri que o cara era meia e Galês, chegando a defender a portentosa seleção de seu país. Jogou 177 partidas pela Liga e marcou 12 gols pelo modesto Wimbledon entre 1992-1998, que é o ano em que aparece pela primeira vez num filme (o já citado Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes). Era em campo tão temido quanto seus personagens nos filmes.

Seu nome, no entanto, ficou eternizado para o esporte bretão não por sua qualidade ou pela contribuição que deu à seleção de sua pátria, mas por um método de marcação pouco convencional que utilizou contra o craque inglês Paul Gascoigne, conforme vemos na imagem:

Olhando por sua carreira até então produtiva em filmes de ação, parece que Vinnie Jones fez bem em deixar o futebol. Não só para si mesmo, diga-se.

Pé redondo na cozinha - Eletric Shoes e a calabresa no pão italiano com cachaça de pinhão

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MARCOS XINEF*

Os meninos da banda Eletric Shoes and the Rock'n'Roll Forces começaram a vir aqui no Bar Casa do Gourmet, em São Bernardo (SP), por um acaso do destino (alcoólico, claro). Mas, desde o primeiro dia, meu sócio Bruno e eu percebemos que eles poderiam render boas histórias e que têm tudo a ver com o Futepoca, pois, além de beberem como gente grande, são todos loucos por futebol - sem falar que os "sapatos elétricos" (Eletric Shoes) poderiam vestir muito bem os pés redondos e inchados de pinga que batizam essa modesta coluna.

Bom, mas comecemos pelo vocalista, Thiago, um cabeludo e sãopaulino doente que não pode ouvir alguém falar mal daquele tal jogador que dizem ser bambi (ele fica louco, hehe). O batera Fernando, outro sãopaulino fanático, diz que deve a vida ao Zetti (foto à direita). O baixista e guitarrista Melete, figura muito conhecida na cidade e grande amigo da galera, torce somente pela nossa seleção. Mas se diz um grande jogador de futebol de botão.

Se fosse para resumir, diria que o som da Eletric Shoes é rock'n'roll da melhor qualidade, com humor acima da média, amizade garantida e número de risadas, incontáveis. A quantidade de cervejas por noite varia de 35 a 40, as doses de cachaça, de seis a dez, e o número de vodkas, de três a cinco. E o petisco preferido dos caras, o que me inspira a escrever esse post, é a calabresa seca apimentada, com cebola, no pão italiano e regada com cachaça de pinhão. Vamos à receita:

PETISCO ELETRIC SHOES COM CACHAÇA DE PINHÃO

Modo de preparo
Pegue 1 pão italiano (filão), corte a tampa no sentido horizontal, tire o miolo e reserve. Corte em fatias finas a calabresa extra-forte seca, refogue no azeite extra-virgem, com rodelas de pimentão, cebola e tomate. Jogue um pouco de molho shoyo, deixe reduzir e acrescente a cachaça de pinhão. Recheie o pão italiano e sirva.


Bom, mas tem gente se perguntando: " - Afinal, que diabo será essa tal cachaça de pinhão?". Vamulá: a receita, até agora, era segredo aqui do nosso Bar Casa do Gourmet, mas a galera do Futepoca merece essa iguaria por nós desenvolvida. Então, oooooolhoo no lanceee:

CACHAÇA DE PINHÃO DO BAR CASA DO GOURMET

Ingredientes
Pinga de boa procedência (de preferência uma mineirinha das boas, nada dessas tranqueiras que se compra por aí, tipo "gasolina de avião"), mais uma boa quantidade de pinhão cru.

Preparo
Em uma garrafa de 750 ml, acrescente primeiro os pinhões com casca (mais ou menos até a metade da garrafa), complete com a pinga. Agora vem a parte difícil da coisa: deixe-a curtir por no mínimo cinco meses em local escuro e úmido, com a rolha para baixo (garrafa de ponta cabeça), até obter uma coloração mogno e um sabor amadeirado, levemente frutado, sabor pinhão cozido.


Uma observação: essa pinga é usada como tempero do prato descrito nesse post, como diferencial, mas é para ser servida em qualquer ocasião especial. Se você não tiver paciencia de esperar e preparar, poderá encontrar todos os itens acima descritos e já em condição de serem (muito bem) degustados no Bar Casa do Gourmet - Rua Quirino de Lima, 198, Centro de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Ponto de referência: venha pela Rua João Pessoa e vire à direita no Paint Ball War (do nosso querido amigo Mumu). Estamos no meio do quarteirão.

Abraços, até a próxima! E força no The BOBs!



*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

Brasil é 110º em participação da mulher na política

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A BBC Brasil informa que um relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) aponta o Brasil como o 110º do mundo em participação política das mulheres em relação aos homens (no Congresso e no Executivo) - em uma lista de 130 países. Prova disso, como bem observou o blogue parceiro Donas de Si, é que as mulheres não representaram nem 30% das candidaturas nas últimas eleições (cota estipulada por lei), segundo levantamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um exemplo foi a região do ABC Paulista, berço político do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, onde, em sete cidades, não houve uma única candidata a prefeita, ao contrário de eleições anteriores.

No geral, segundo o FEM, o Brasil está apenas em 73º lugar no ranking que mede a igualdade entre os sexos. O relatório compara as oportunidades que mulheres e homens têm nas áreas de educação, saúde, economia e política. Na América Latina e Caribe, o Brasil é o país com o 17º melhor desempenho. A Argentina (24º no mundo) e Cuba (25º) são os países que mais promovem a igualdade entre os sexos na região. Já em comparação com os países emergentes do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), ficamos atrás da Rússia (42º no ranking) e da China (57º), mas superamos a Índia (113º). O relatório do FEM afirma que a Noruega é o país que melhor promove a igualdade entre os sexos, seguido por Finlândia, Suécia (que liderou o levantamento de 2007), Islândia e Nova Zelândia.

terça-feira, novembro 11, 2008

Governo francês quer clubes como empresas no futebol

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Seria a Lei Zidane? Ou a Lei Platini? Isso é um detalhe secundário e até improvável, mas o fato é que o governo francês apresentou um plano de 163 páginas que para transformar os clubes de futebol profissional em empresas. A legislação está prevista para sair em março de 2009, se tudo correr como pretende Nicolas Sarkozy. A notícia está no Valor Econômico (para assinantes).

No mês passado, Sarkozy anunciou que mandaria parar qualquer partida da seleção francesa em que o hino nacional fosse vaiado – no que foi duramente criticado por Michel Platini.

O cerne do projeto é implantar mecanismos de controle de gestão nos clubes, incentivar a construção de estádios privados e levar os times a funcionar como empresas. Clubes com dívidas serão impedidos de contratar novos jogadores, haverá limite de gastos e teto salarial para atletas contratados futuramente. A preocupação é com o crescimento do ordenado da turma da bola, que dobrou na França e cresceu 250% na Inglaterra.

Na parte de sanções aos clubes, a prática é bem diferentes das adotadas no Brasil, onde a Timemania foi a forma de se permitir arrecadar os recursos para pagar dívidas das agremiações com o INSS.

Tevê-dependência
O futebol francês é um dos que mais depende das cotas de TV na Europa, algo que lembra (com valores completamente diferentes) o que acontece no Brasil – com a diferença que, por aqui, a negociação de jogadores tem peso grande. Por isso, há medidas para melhorar os estádios e atrair mais torcedores. Eles ainda querem briga com a Comissão Européia, ao tentar restringir a cinco o número de estrangeiros de cada lado do campo.


O jornal faz uma comparação entre as receitas dos times da Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França. Os mais ricos são os ingleses, mas quatro clubes (Manchester United, Arsenal, Chelsea e Liverpool) detêm um terço dos 3,7 bilhõesde euros em dívidas, montante superior aos 2,3 bi de receita. Os italianos conseguem depender mais da cota da TV do que qualquer outro. Os alemães são os equilibrados que, proporcionalmente, mais faturam de promoção comercial (venda de patrocínio, de camisas e brindes, bem como do nome do estádio etc.). Na Espanha, 11 times caminham para a bancarrota.

Pelo jeito, não são só os brasileiros que sofrem com a crise. Mas que tipo de empresas seriam essas? O Blog do Santinha publicou ontem uma retrospectiva de dez anos da Lei Pelé e as divisões de base. O debate continua aberto.

O filho eterno e o futebol

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Em meio aos preparativos para minha viagem, enfiei na cabeça que não poderia abandonar as leituras em língua portuguesa sem me dedicar a O filho eterno, obra de Cristovão Tezza, altamente elogiado pela crítica e favoritíssimo aos prêmios que disputa. Até agora, levou o Jabuti e o Portugal Telecom.

É um baita livro. Não tenho a pretensão de apontá-lo como o melhor romance brasileiro do século até agora, como tenho lido por aí, mas surpreende pela crueza com que o personagem se expõe e pela ausência de julgamentos moralóides que parecem inerentes à situação descrita. O protagonista é um escritor fracassado - a inspiração é autobiográfica - e sustentado pela esposa que se vê às voltas com um filho com Síndrome de Down, Felipe. Mais que isso não vou escrever, deixo links para outros textos aqui e aqui.

O que me faz comentar o livro aqui é a relação do menino, já na idade adulta, com o futebol. Uma criança com Síndrome de Down não tem noção de temporalidade, e é com o futebol que Felipe aprende que o mundo não é previsível e que o tempo passa. Citando Idelber Avelar:

A imprevisibilidade do futebol vai dando a Felipe uma idéia de “futuro” e através do conceito de campeonato ele entende o de calendário. O encadeamento de jogos funciona como metáfora inteligível do devir, da passagem do tempo, mesmo que continue uma tremenda confusão sobre o que é Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores ou Campeonato Paranaense.

O livro é muito mais que isso e vale muito a leitura. Pra quem é apaixonado por futebol, essa é só uma razão a mais para o livro emocionar.

No butiquim da Política - Falta avisar Aécio e Lula

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CLÓVIS MESSIAS*

"Articulador pragmático", "determinado". Expressões como essas são usadas a respeito do trabalho que o chefe da Casa Civil do governo estadual de São Paulo está desenvolvendo com vistas às eleições futuras. Estou falando de Aloysio Nunes Ferreira (foto). No buteco, todos olham e comentam a tranqüilidade com que ele se movimenta. Recentemente, esteve na Assembléia Legislativa negociando com as entidades da Polícia Civil. Convocou para uma reunião o secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, o presidente da Casa, deputado Vaz de Lima, e o líder do governo, deputado Barros Munhoz. Os tucanos conversaram por horas a fio. Aloysio está nadando de braçadas, em águas límpidas. Nada o perturba.

Nas últimas eleições, apoiou vários candidatos, de múltiplos partidos. Foi às ruas para apoiar o deputado Valdomiro Lopes, do PSB, à Prefeitura de São José do Rio Preto. Lá, foi para a praça principal, de bermudas, panfletar. Venceu. Em Santo André, ofereceu suporte ao também vitorioso Dr. Aidan, do PTB. Efetivamente, como dizem, não está brincando. Fala-se, ainda, que a composição de sua chapa já está completa: Aloysio para governador, pelo PSDB, Guilherme Afif Domingos para vice, do DEM, e Orestes Quércia, do PMDB, para senador ou com poder de indicar outro nome.

O deputado Adriano Diogo, do PT, entrou na conversa perguntando: "- E a reeleição do senador Romeu Tuma, do PTB?". Resposta sucinta: "- Depois de não ter conseguido eleger seu filho deputado ou vereador, não é mais cogitado". Outros partidos integram a frente, com o governo atendendo seus pleitos. Alberto Goldman, atual vice-governador, assumiria o governo do Estado e, depois, se José Serra for eleito presidente da República, seria nomeado ministro dos Transportes. Aí, um desavisado lembrou: "- Muito bem. Mas falta avisar o governador Aécio Neves, que já garantiu que não comporá chapa , e também o presidente Lula". Boa observação.

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

segunda-feira, novembro 10, 2008

A história de um refugiado político

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Hoje, dia 10 de novembro, o BlogCatalog incentivou uma "blogagem" coletiva a respeito do tema "Refugiados". Pra quem não sabe a definição, o Refugees United Brasil define, conforme convenção de 1951, que um refugiado é "toda pessoa que por causa de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao mesmo".
Bloggers Unite
Dentro desse entendimento, lembrei de uma matéria de outubro de 2003, que fiz para a revista Fórum  junto com o Nicolau desse mesmo Futepoca. Entre muitas histórias que ouvimos durante a reportagem, feita em um abrigo para migrantes na Baixada do Glicério, região central de São Paulo, conhecemos "Roberto", um refugiado político do confuso cenário colombiano. Reproduzimos abaixo a história dele, similar a de muitos outros refugiados em diversas partes do mundo que às vezes perdem sua identidade e nem sabem mais se tem algum lugar que possam chamar de "casa".

O companheiro

A população da Colômbia vive uma situação dramática. Vítima do narcotráfico, das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc), de governos de eficiência e honestidade questionáveis e da ingerência norte-americana, o país está em estado de guerra há mais de uma década. Essa situação, além de muitos mortos, produz refugiados para o resto da América do Sul. Perseguidos políticos que não sabem sequer a quem obedecer.

Essa dúvida não existe para Roberto (nome fictício), ex-funcionário do governo colombiano que havia sido deslocado para uma das chamadas zonas de distensão no sul, lugares em que as Farc têm controle administrativo tolerado pelo governo federal. Começou a ser perseguido por agentes do Estado quando descobriram sua militância política na esquerda. “Sofri ameaças de morte e voltei para junto da minha família em Córdoba”, relembra. Mas rapidamente foi encontrado e as ameaças passaram a ser feitas contra sua mulher e seus filhos. Decidiu ir embora.

Sua primeira parada não foi o Brasil. Fez contatos políticos com o Partido Comunista do Uruguai e conseguiu ficar lá. Não por muito tempo. Um mês depois e a visita do subsecretário de Estado norte-americano para a América Latina, Otto Reich, fez com que os camaradas de Roberto pedissem para ele ir, com medo de uma eventual investigação e represália por parte dos norte-americanos. “A esquerda latino-americana tem a solidariedade limitada pela necessidade”, filosofa. “Senti-me abandonado. Como me sinto ainda hoje.”

Restava o Brasil. Roberto tinha alguns conhecidos no país. Eles, porém, não puderam alojá-lo. Aqui, procura emprego, não para voltar à Colômbia, mas para ir a Cuba. Lá, segundo ele, talvez seja um dos únicos países em que seu ideal de justiça sobreviva. A volta para casa parece um sonho distante, sua luta política é a principal missão agora. “Abri mão de tudo. Vendi apartamento, carro e abandonei um padrão de vida confortável para enfrentar os inimigos da Colômbia.” Há um mês no Brasil, desde o período no Uruguai não entra em contato com a família.

Seus três filhos tiveram que deixar a escola, sua esposa não está mais empregada. A certa altura, mesmo reafirmando sua convicção, deixa transparecer dúvidas se realmente valeu a pena. Mas logo a indignação ressurge. “A história tem que ser reescrita. Não entendo como os brasileiros só podem pensar em cachaça e futebol. Precisamos pensar em um futuro melhor, com o ser humano em primeiro lugar”. Cansado, Roberto pede para parar a entrevista. “Hoje, meu país é meu inimigo”, conclui. Entre seus novos conhecidos, gente como ele, sem destino nem futuro certo, só é chamado pelo apelido de “companheiro”.

"Erros" decisivos

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Pelos jogos que acompanhei ou vi os lances nesta rodada, parece que os juízes estão sendo mais decisivos que muito atacante e goleiro por aí.


No caso do meu time, o Atlético-MG, o bandeira, não sei se se Carlos Berkenbrock /SC ou Alcides Zawski Pazetto /SC,  marcou um impedimento absurdo no que seria o primeiro gol do Galo. Marques estava marcado por um zagueiro e tocou a bola para o Castillo uns 2 metros atrás da linha da bola. O mais incrível é que Marques estava do lado do bandeira, na cara dele. O Galo acabou ganhando de 1 a 0, mas mesmo assim o erro foi absurdo.

No jogo Botafogo e Flamengo, em que acompanhei os principais lances, ficou claro o pênalti em cima do Jorge Henrique logo a 1 minuto da partida, o juiz não deu. O problema é que Marcelo de Lima Henrique já havia sido questionado anteriormente por um pênalti marcado a favor do Flamengo na final da Taça Guanabara deste ano. Mas absurdo mesmo foi a inversão do mando de campo, que era do Botafogo, tirando a partida do Engenhão com a desculpa de falta de segurança. Estranho para um estádio moderno e que recebeu jogo até da seleção brasileira.

Terceiro erro crucial, o pênalti para o Vasco contra o Santos. Revi o lance agora pela intenet e concordo com o camarada Glauco: nem falta foi, se aconteceu foi fora da área. Veja o lance aqui e a reclamação de Kléber Pereira, que provavelmente será punido pelo que falou.

O povo do Náutico também reclama de um pênalti não marcado contra o Coritiba, mas não vi e não vou opinar.

Sei que erros acontecem, mas andam acontecendo muitos ao mesmo tempo. Pior, favorecendo times do RJ que disputam vaga na Libertadores (Flamengo) ou o rebaixamento (Vasco). 

Pode ser só coincidência, claro que pode...

Corinthians campeão da Série B

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Ouvindo os fogos após a vitória do Timão contra o Criciúma por 2 a 0, no sábado, e a confirmação do título antecipado da Série B do Brasileirão 2008 (veja mais sobre o jogo aqui no Retrospecto Corintiano), meu pai, Manoel, vaticinou: "Essa festinha é só o começo, vai ter muita festa até 2010. Esse time vai ganhar tudo até o centenário. Eu conheço o Corinthians".

Eu confio no meu velho, mas acho que a coisa não vai ser tão fácil assim. É preciso ver o que a diretoria vai fazer com o elenco até o ano que vem. O time ainda tem muitas dívidas e está, segundo Andrés Sanches e cia., com dificuldades de caixa. Vai ser difícil que nenhum dos destaques seja vendido. A bola da vez é Dentinho, que estaria sendo oferecido ao futebol europeu. Tem que ver se os europeus estão com essa bola toda, depois da crise financeira. Agora, é esperar o ano que vem pra ver com que bola o Corinthians chega ao Paulistão.

E líder do ranking da CBF

Até o final do Brasileiro da Série A, o Corinthians está no topo do Ranking de Clubes da CBF. Hoje, o Timão é o segundo, com 1.938 pontos, atrás do Grêmio, que tem 1.978. Mas isso não contabiliza o assegurado título da Série B, que vale 40 pontos, e o vice da Copa do Brasil, que conta outros 20. Assim, o Timão já garantiu que fechará o ano com 1.998 pontos.

A situação surreal não chegará nem a ser registrada, uma vez que a CBF só vai contabilizar os pontos no final do ano (a última revisão foi feita em 3/12/2007). O Timão será novamente ultrapassado pelo Grêmio, que deverá ganhar de 35 a 40 pontos pelo Brasileiro.

Um dado interessante é o critério utilizado pela Confederação. O ranking só considera as três séries do Brasileiro e a Copa do Brasil. Estaduais e continentais não têm influência. As três séries do Brasileiro são consideradas quase como um campeonato só: o campeão da Série A leva 60 pontos, o vice fica com 39 e assim por diante, tirando um ponto para cada posição. Já o título da Copa do Brasil vale 30 pontos, 10 a menos que o título da Série B, e o vice da Copa recebe os mesmo 20 pontos do campeão da Série C. Isso que é desvalorizar o próprio produto.

Quer ver?

Carla Dualib, neta do ex-ditador e sua beneficiária em diversos negócios no marketing do clube, recebeu convite para posar para a Playboy. Vi a notícia no Vertebrais FC. Pela foto não é possível avaliar todos os atributos da moça, de 38 anos. Será que ela está com essa bola toda?

Tipos de cerveja 21 - Southern English Brown Ale

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As Southern English ou "London Style" são mais escuras e doces que as variantes do Norte da Inglaterra. Trata-se de um estilo quase em extinção e que muitas vezes é confundido ou englobado por outros tipos de cerveja. Segundo Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo, o sabor é bastante complexo, característica da forte presença de malte e de frutos, apesar do volume alcoólico ser relativamente baixo: entre 2,8 e 4,2% ABV. Já o Daniel Yabu, do blog Doctor Beer, acrescenta que as Southern English Brown Ale têm baixo amargor de lúpulo e final moderadamente doce, deixando no paladar um gosto suave e maltado. As marcas recomendadas para quem quiser experimentar - e conseguir encontrar - são: Mann's Original Brown Ale, Dark Star Over the Moon e Wychwood Hobgoblin (foto).

Critérios subjetivos, situação subjetiva

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Essa foi enviada pelo companheiro de armas Diego Sartorato. Uma bizarra situação que aumenta a urgência de união dos biriteiros socialmente responsáveis. Manguaça Cidadão já!

domingo, novembro 09, 2008

De bandeja, o título é entregue

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Perder sem os dois principais jogadores de frente (Diego Sousa e Kléber) poderia até tornar a coisa menos grave. Mas foi em casa. E o Palmeiras não teve o menor traço de criatividade nem força ofensiva para marcar. Se no jogo de ida, o empate foi bom, se o Grêmio não conseguiu se impor, hoje no Palestra Itália o time de camisa verde limão-siciliano parecia acreditar que a vitória viria por algum motivo místico. Provavelmente de um pênalti ou de um cruzamento de Leandro para Alex Mineiro.

Esqueceram da marcação que não deixava os volantes da casa trocarem passes até a lateral. Quando Léo Lima virou armador que achava que poderia vencer em jogadas de arrancada, a defesa gremista comemorou. Quando Lenny virou a opção ofensiva, ficou claro o quanto o jogador consegue ser inútil. Sobrou desespero.

Para se ter uma idéia, bastava olhar para o cronômetro na primeira descida de Marcos para a grande área adversária, tentando o empate: aos 29 da segunda etapa. É que as bolas paradas foram o momento de maior perigo mesmo. Aos 48, com a bola em movimento, Marcos era centroavante.

Roque Junior não entrou em campo e uma pane na defesa foi suficiente para sair o gol gremista. Um cruzamento despretensioso de Tcheco foi ignorado por todos, até por Marcos, e a bola foi dormir no fundo da rede palestrina.

Note-se que o Grêmio criou mais condições de gol do que o Palmeiras.

Com o resultado, o escrete de Vanderlei Luxemburgo entrega a opção de ganhar o título de bandeja para os adversários. O Grêmio é segundo, a dois pontos do líder. O palmeiras caiu para quarto e tem, domingo que vem, o Flamengo no Maracanã pela frente. Dependendo do resultado de logo mais, pode virar quinto. Mais do que nunca depende que os rivais lhe devolvam o favor, o que a cada uma das quatro rodadas que faltam é menos provável.

A arrancada do São Paulo com quatro vitórias seguidas – com empurrão da arbitragem nas duas primeiras partidas da série – mostra que o Campeonato Brasileiro não tinha encontrado seu campeão por pura irregularidade dos candidatos. Pela falta de um time que vencesse partidas em sequência. Taí a derrota alviverde em casa para confirmar. Vale, porém, a nota: o time de Muricy Ramalho está há 13 partidas sem perder. A última derrota foi para o Grêmio, no Olímpico. A vitória mais recente, contra a Portuguesa, no Canindé, com gol da vitória aos 42 do segundo tempo.

Claro que o Tricolor Gaúcho pode reverter a vantagem de dois pontos que o separa da ponta na tabela. Mas a equipe de Celso Roth também padece do mal da oscilação.

Por que a vontade de empatar é maior que a de ganhar?

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Claro que, para o torcedor santista, restará a reclamação do pênalti pra lá de duvidoso que deu a vitória ao Vasco ontem. Mas, sinceramente, vendo a postura do time e se o próprio treinador alvinegro, ainda no gramado ao fim do jogo, se eximiu de comentar e reclamar da penalidade, não dá nenhuma vontade de falar contra o árbitro.

Todo mundo sabe o que é enfrentar o Vasco em perigo em São Januário e todos os fatores do campo e extra-campo que podem fazer a diferença em um momento assim. Afinal, o Santos foi campeão brasileiro em 2004 graças a vitória do clube carioca, na penúltima rodada, contra o líder Atlético (PR), o que garantiu sua permanência na primeira divisão. E o time da Vila, ao invés de tratar a partida como decisiva, só se deu conta disso depois de sofrer o gol. Já era tarde.

Durante todo o primeiro tempo e até metade do segundo o Santos jogou trocando passes, aceitando a pressão. As seguidas “contusões” de Fábio Costa durante esse período me deram nos nervos, um artifício típico de time pequeno. O Alvinegro, com mais time que o Vasco e podendo explorar o nervosismo alheio, se apequenou. Parecia mais importante e prioritário fazer o tempo passar do que aproveitar os buracos da defesa cruzmaltina. E as chances, como em uma oportunidade onde o Santos tinha quatro jogadores contra dois defensores vascaínos com Molina errando grotescamente o passe final, eram desperdiçadas.

E o Vasco, tão nervoso que Leandro Amaral chegou a chutar a bandeirinha em uma cobrança de escanteio, ao menos mostrava vontade. E com a vantagem no placar reconheceu sua inferioridade em relação ao Santos e se fechou, garantindo a vitória. Venceu quem teve ambição. O Peixe, como na partida contra o Palmeiras, não quis sequer tentar vencer. Talvez, quando precisar fazê-lo, tenha até perdido o hábito. De novo, após três partidas sem vitória, estamos preocupados.

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Virou moda jogadores quererem fazer média com ex-clubes, mesmo que nunca tenha havido uma identidade de verdade entre um e outro. O que eles não percebem é o quanto isso pode prejudicá-los e passar uma péssima impressão para os torcedores de seu clube atual.

Exemplo disso foram as juras de “amor e respeito” de Rodrigo Souto em relação ao Vasco, clube que o formou mas que não o valorizou, são de doer aos ouvidos do torcedor santista. Ainda mais com a pífia atuação do meia, que errou passes em profusão e deu contra-ataques perigosos a seu ex-time.

Claro que Souto é profissional e não dá pra falar em corpo mole, mas as suas declarações dão margem para o torcedor pensar bobagens. Se fosse um pouco mais inteligente com as palavras, passaria por essa situação de forma bem mais tranqüila...

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Pará entra no lugar de Wendel. Entra no lugar de Lima. Entra no lugar de Molina. Se é tão bom e versátil assim, por que não é titular? Ou na verdade ele não é nada disso e só entra porque o treinador é pouco criativo?

sexta-feira, novembro 07, 2008

"Estrelas alternativas", ou "A arte da auto-depreciação"

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Li no UOL Esporte que o São Caetano, para comemorar seus 20 anos, anunciou mudanças em seu distintivo e mascote. Sai o simpático Azulão e entra um pássaro metido a briguento. Até aí tudo bem. A principal alteração está no distintivo: agora, acima do já tradicional escudo do clube do ABC, estarão três estrelas prateadas. Uma, a maior, simbolizará o título paulista de 2004, enquanto as menores servirão para a conquista do Paulista da A2 de 2000 e para os títulos da A3 de 1991 e 1998 (uma para as duas taças).

Só eu ou a vocês também causa uma baita estranheza ver um time que passou muito, muito perto de vencer a Libertadores e o Brasileirão ficar colocando estrelinha de divisão inferior na camisa? Me parece um belo tiro no pé, um desmerecimento das próprias possibilidades do clube. Um time que se orgulha de ganhar uma terceira divisão estadual não parece estar tão digno de bater de frente com outros que jamais colocaram os pés nessa competição.

Eu reconheço que os títulos devem ter suas histórias. Lembro de ter acompanhado a trajetória caetanense de 2000, quando o matador do clube era ninguém menos que Túlio Maravilha (ele mesmo). Mas o que acredito é que o São Caetano, se fosse para homenagear aquelas conquistas, deveria tê-lo feito quando ainda era um time pequeno (não que hoje seja "grande", mas é no mínimo médio).

O curioso é ver que o expediente não é único. Há dois outros exemplos de times brasileiros que têm façanhas maiores nos seus currículos mas 'poluem' seus uniformes com estrelas de títulos inferiores.

Um deles é o Atlético-PR. Em 2001, o Furacão foi campeão brasileiro, sendo o segundo clube do seu estado a levantar a taça nacional. Os atleticanos sonhavam com a conquista, entre outras coisas, para poder rivalizar com a estrelinha dourada que os coxa-brancas ostentavam desde 1985.

Levantada a taça, o que a diretoria atleticana decide? Que, além de uma estrelinha dourada, o Atlético traria outra em seu uniforme: uma prateada, simbolizando o título da Série B de 1995. Ou seja: quando o time dá o maior passo de sua história, se insere definitivamente nacional, prepara-se para vôos internacionais, opta por materializar um tempo em que disputava com alguma frequência a Segundona.

E o outro exemplo também é do sul do país. Trata-se do Criciúma. Quem vê o uniforme do clube hoje nota três estrelinhas sobre o distintivo, as três desenhadas da mesma maneira, sem que haja hierarquia sobre elas. Três títulos iguais? Não, de maneira alguma. Uma estrela é para a Copa do Brasil de 1991, outra para o Brasileiro da Série B de 2002 e a terceira para a Série C de 2006.

Pela camisa, sugere-se que o clube dá o mesmo peso de um título nacional, que poucos clubes detêm (vale lembrar que gigantes como Santos, São Paulo, Atlético-MG e Botafogo jamais conquistaram a Copa do Brasil) a uma taça de Série B e, pior, a outra de terceira divisão (!).

Repito que o mais gritante das três histórias é o fato das estrelinhas "menores" terem aparecido nos uniformes após a conquista dos títulos mais importantes. Um clube pequeno, que ostenta uma estrelinha de um título inferior em sua camisa, e que depois ganha um título mais importante, mas opta por homenagear seu passado mantendo a estrelinha inicial, é algo compreensível; agora, um que desmerece seu uniforme adicionando estrelas após ter alcançado vôos maiores, é algo que não consigo entender.

"Se vai pintar a casa, tem de contratar pintor"

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A surreal participação de Vanderlei Luxemburgo como comentarista de um jogo na última quarta-feira da própria equipe que treina, o Palmeiras, pela Copa Sul-Americana, mereceu um comentário irônico do técnico do São Paulo, Muricy Ramalho (foto): "Ele foi mal pra caramba, ele é técnico de futebol. Quando você vai pintar uma casa, tem de contratar pintor e não se meter". Questionado sobre o que faria se também fosse convidado a comentar jogo pela Rede Globo, Muricy declinou: "Não tenho essa facilidade que vocês têm de comentar um jogo e também não gostaria de fazer, até é difícil de eu ir a programa de TV. Para comentar, eu não iria". No final, ainda reprovou a atitude de Luxemburgo de não acompanhar a equipe até a Argentina, mesmo estando suspenso e dando lugar ao seu auxiliar Nei Pandolfo. "Seria difícil de eu deixar de ir, mas cada um é cada um".

Som na caixa, manguaça! - Volume 27

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TEMA DO AMOR POR GABRIELA
(Tom Jobim)

Todos os dias esta saudade, felicidade cadê você
Já não consigo viver sem ela
Eu vim à cidade pra ver Gabriela
Tenho pensado muito na vida
Volta bandida, mata essa dor
Volta pra casa, fica comigo
Eu te perdôo com raiva e amor

Chega mais perto, moço bonito
Chega mais perto meu raio de sol
A minha casa é um escuro deserto
Mas com você ela é cheia de sol

Molha tua boca na minha boca
A tua boca é meu doce, é meu sal
Mas quem sou eu nessa vida tão louca
Mais um palhaço no teu carnaval

Casa de sombra, vida de monge
Quanta cachaça na minha dor
Volta pra casa, fica comigo
Vem que eu te espero tremendo de amor

Do LP "Tom Jobim e Convidados", Philips/PolyGram, 1985.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Pai manguaça batiza dois filhos com mesmo nome

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A faxineira do local onde trabalho me conta uma história surreal. Seu irmão mais velho se chama Marcos Antônio e, quando veio outro irmão, o nome escolhido foi Marcelo Luís. Só que, no caminho para o cartório, o pai parou no boteco pra comemorar o nascimento e esqueceu o combinado. De pileque, forçou a memória e não teve dúvida: mandou o escrivão registrar como Marcos Antônio (!). Logo, existem dois Marcos Antônio que, na cédula de identidade, só diferem na data de nascimento e no número de registro (!). Por serem analfabetos, os pais se deram conta do fato somente quando precisaram apresentar em algum local a certidão do Marcos Antônio mais novo. Foi aí que a mãe da criança descobriu que o manguaça do marido não o tinha registrado como Marcelo - como ele é chamado por todos que o conhecem. O pai da criança não se lembrava do que tinha feito no cartório...

No butiquim da Política - Líderes de classe ou futuros políticos?

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CLÓVIS MESSIAS*

Pareciam candidatos à deputado as lideranças da polícia civil de São Paulo que fizeram uso da tribuna na audiência pública realizada no Palácio 9 de Julho. O objetivo era o de discutir o aumento salarial e a reestruturação das carreiras das categorias. Interessante o comportamento dos líderes dos delegados de polícia, dos investigadores e dos escrivães, ao fazerem uso da palavra.

Nos seus discursos, usavam chavões de políticos em ascensão para um novo patamar, como participantes das futuras eleições, como perfeitos candidatos ao cargo de deputado federal ou estadual. Neste instante, assessores dos parlamentares começaram a perceber que, ali, estavam futuros concorrentes e não líderes de classe somente.

A LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias, não privilegia verba para tratar dos aumentos salariais solicitados pelas entidades. Caso algum deputado venha a fazer emenda ao projeto do governador que tramita na Assembléia Legislativa, será vetado, pois, inevitavelmente, acarretará aumento de despesa - o que é proibido por lei. Será que os atuais deputados irão correr o risco de acolherem sugestões de concorrentes futuros? Aqui fica a pergunta.

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.