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E a final será alvinegra. O Corinthians e Santos ignoraram as melhores campanhas e vantagens trazidas por Palmeiras e São Paulo nas semi-finais do Paulistão e despacharam os rivais com vitórias categóricas, em casa e fora dela.
O Timão foi a Morumbi com os mesmos três atacantes do jogo anterior. No entanto, Dentinho e Jorge Henrique atuaram mais próximos do meio campo, ajudando muito na marcação – especialmente Jorge Henrique, que tinha por missão acompanhar o lateral Júnior César. Isso reflete a opção tática de Mano Menezes: se o time escalado era o mesmo, a postura era um pouco diferente, e o contra-ataque foi a principal arma. O São Paulo, por sua vez, precisando do resultado, colocou Dagoberto no time e foi para cima, com ele, Hernanes e Jorge Wagner trabalhando as jogadas para a conclusão de Washington e Borges.
Com isso, a bola passou muito tempo perto da área corintiana. Mesmo assim, pode-se dizer que o São Paulo perdeu apenas duas chances claras de gol no primeiro, uma com Washington (que chutou fraco) e outra com Jorge Wagner (que errou o gol). Outras chegadas foram travadas pela zaga. Isso não que dizer que a etapa tenha sido fácil para os alvinegros – que tiveram sua melhor chance em boa bola enfiada por André Santos para Ronaldo, que chutou para defesa de Bosco. Foi um jogo tenso, pegado e extremamente perigoso para os corações corintianos.
Na volta do intervalo, o São Paulo deu mostras de que estava disposto a resolver o jogo: perto de um minuto e Borges cabeceou no travessão de Felipe. Antes dos três, Jean mandou chute perigoso de fora da área. A pressão se manteve até os 10 minutos, quando Douglas puxou um belo contra-ataque, tocou para Ronaldo na esquerda que inverteu lindamente o jogo para Jorge Henrique. O baixinho chutou na trave e ela voltou nos pés do camisa 10, que só empurrou para o gol. No agregado das duas partidas, 3 a 1 Corinthians e a Fiel extravasou a tensão da primeira etapa.
Dois minutos depois, o alívio se transformou em festa: novo contra-ataque, lançamento perfeito de Christian para Ronaldo que ganhou na corrida (!) de Rodrigo e tocou com classe para liquidar a fatura. Mano Menezes disse que brincou com o atacante depois do gol: "Que velocidade, hein, Gordo!"
Precisando de três gols para virar o jogo, o Tricolor se perdeu. Não conseguiu mais pressionar e o Timão começou a tocar a bola com tranqüilidade, cozinhando o proverbial galo. A facilidade gerou ainda mais duas ou três chances claras de gol para o Alvinegro, uma delas desperdiçada claramente por Douglas, mas foi o bastante para a Fiel gritar Olé em pleno Morumbi.
Os jogadores
Christian e Elias fizeram novamente boas apresentações, dessa vez mais presos na marcação. Chicão segue quase impecável e corrigiu alguns lances de William, que é lento. Felipe defendeu bem quando exigido e não comprometeu. Jorge Henrique também cumpriu função tática importante e fez o que dele se espera no primeiro gol – um atacante veloz e definidor, não um cai-cai pouco funcional.
Os destaques ficam para os autores dos dois gols. Ronaldo se mexeu bastante, abriu opções e teve duas chances claras de gol. Uma, botou pra dentro. Douglas fez uma grande partida, talvez a melhor do ano, e não só por conta do gol. Distribuiu o jogo e errou menos passes, arriscando algumas enfiadas boas.
Mano Menezes mandou a campo o melhor time que tinha e conseguiu um bom resultado. Teve sucesso em anular as principais jogadas do São Paulo, mas se arriscou a levar gols ao atrair tanto o adversário. A diferença, pelo menos na minha impressão sobre o jogo, é que em nenhum momento, mesmo quando pressionado, senti que o Corinthians não tinha como agredir o adversário. Pareceu um time mais coeso, com mais noção do que cada um devia fazer em campo. Isso não muda o fato de que, se Borges tivesse acertado aquela cabeçada no início do segundo tempo, talvez eu estivesse aqui pedindo a cabeça da besta. Como dois contra-ataques funcionaram, elogio o bestial treinador.
Final alvinegra
Segundo consta, o Corinthians NUNCA ganhou uma final relevante do Santos – a exceção é a final da gloriosa Copa Bandeirantes, que se bem me lembro foi um sonoro 6 a 3, de óbvia irrelevância histórica. Não são tantos confrontos assim: nove, segundo o Lance, incluindo aí quatro Paulistas (1955, 1962, 1968 e 1984), dois Rio-São Paulo (1963 e 1966), um Brasileiro (2002), um tal de Torneio Nacional (1996) e a tal da exceção já citada.
Se na história a supremacia peixeira é pra lá de ampla, no campo, o jogo é equilibrado. O Corinthians é um time mais montado, com jogadores que se conhecem a mais tempo, o mesmo técnico e filosofia de jogo. O Santos se construiu durante o torneio, a partir da chegada de Vagner Mancini, e vem crescendo muito.
O fato dos atletas se ajoelharem no gramado no final do jogo de sábado me deixou até preocupado com a motivação do pessoal, que poderia desequilibrar. Aí, no domingo, boa parte dos corintianos ficaram em campo também, comemorando com a torcida. Fiquei mais tranqüilo quanto ao fator anímico da peleja. Na bola, espero um jogo lá e cá, bem jogado, e nenhum resultado é impossível. Mas só pra registrar o óbvio, eu acredito no Corinthians.