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Já faz mais de ano que completei a leitura de História dos nossos gestos, de Câmara Cascudo, editado pela Editora Global. E faz todo esse tempo que este post está na gaveta.
A obra é divertidíssima para ser lida de ponta a ponta, como tive o prazer de fazer. Mas pode também ser apreciada sob um método mais aleatório ou enciclopédico, já que enumera verbetes (ou gestos) e vai trazendo uma versão – mais ou menos documentada – sobre sua origem, seu passado e, vez ou outra, seu futuro. É bem verdade que o ordenamento dos itens há algum mistério caótico. Mesmo assim é divertido.
Foto: /Wikipedia
Não é que Luan decida, o pé dele é que anda quente. Um jogo depois de perder para o Ceará e na estreia do ex-santista campeão da Libertadores da América Maikon Leite, o Palmeiras venceu por 2 a 0 o Atlético-GO no Canindé.
Tudo bem, a chulapa do Maikon Leite também é aquecida. Primeiro, porque ele marcou um e jogou bem em sua primeira partida como titular. E, de que outra forma explicar a corrida em diagonal desempenhada por Márcio Araújo? O aplicado porém limitado volante carregava a camisa 100 – número de partidas em que atuou com o manto alviverde – demonstrou habilidade incomum e deu um passe para o estreante que carregava a 7.
O segundo foi de Marcos Assunção, de pênalti sofrido por Gabriel Silva. O lateral-esquerdo protagonizou menos lances ofensivos do que seu colega da direita, Cicinho. O 2, com o estreante, promoveu momentos interessantes para o torcedor. É que um ala e um atacante aberto fazem bem para o ataque.
Luan pouco fez, mas participou da movimentação do ataque. Wellington Paulista quase marcou, com bola na trave e tudo. Se os rumores sobre a ida ao Cruzeiro ou a Internacional de Porto Alegre se confirmarem, é capaz de o jogador, contratado para ser o homem-gol, abandone
O resultado foi bom diante do time de PC Gusmão. Muito diferente de 2010, quando o Palmeiras perdeu as duas partidas no Campeonato Brasileiro e o jogo de volta na Copa do Brasil (no qual foi desclassificado nos pênaltis).
Foi a vitória de número 500º da história do Palmeiras em competições nacionais reconhecidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – somando Taça Brasil (de 1959 a 1967), Torneio Roberto Gomes Pedrosa (de 1967 a 1970) e Brasileirão pós-1971.
Há 60 anos, começava a Copa Rio 1951. Eram dois grupos, um do Rio de Janeiro, outro de São Paulo. Em 30 de junho daquele ano, o Palmeiras começou sua trajetória rumo a seu título mundial interclubes. Por dever de alviverde, quando cada partida tornar-se sexagenária, um post recontará essa história.
Quem viveu o período conta que a imprensa esportiva dava mesmo estatuto de mundial à competição. Diz uma fonte notadamente palestrina que o presidente da Fifa à época, Jules Rimet, articulou a criação do torneio.
Tudo ocorreu um ano depois do Maracanazzo, da tragédia que se abateu quando Gigga fez o segundo gol do 2 a 1 que sagrou o Uruguai bicampeão mundial de seleções.
Foto: Reprodução/Milton Neves
A mídia comercial em peso ressaltou o "legado" que o ex-ministro Paulo Renato deixou para a Educação no Brasil, como já destacou nesse post o Idelber Avelar. Em geral, são considerações puramente laudatórias ou vagas mesmo, mas alguns articulistas (e políticos no Twitter também) aproveitaram para fazer um contraste com a gestão de Fernando Haddad, fazendo desta algo bem inferior àquela.
Quem quiser de fato saber um pouco mais sobre a gestão de Paulo Renato, recomendo o post do Idelber. Ali, ele lembra que, durante sua estada no ministério, o tucano não pôde apresentar "uma única universidade ou escola técnica federal criada, nem um único aumento salarial para professores, congelamento do valor e redução do número de bolsas de pesquisa, uma onda de massivas aposentadorias precoces (causadas por medidas que retiravam direitos adquiridos dos docentes), a proliferação do “professor substituto” com salário de R$ 400,00 e um sucateamento que impôs às universidades federais penúria que lhes impedia até mesmo de pagar contas de luz".
Mas lembrei também de outro dado curioso, ainda mais em tempos nos quais se discutem as "consultorias" e a relação entre o interesse público e o privado. Em uma matéria que fiz para a revista Fórum, quando ainda se falava de reforma universitária no governo Lula, em 2005, o foco era analisar como o ensino privado havia crescido tanto no governo FHC. E o trecho abaixo mostrava como a mistura de interesses de homens públicos já era algo complicado (embora menos visado) em governos anteriores:
Na prática, mesmo havendo um vácuo na legislação que garantia ampla liberdade de movimento às instituições privadas, o MEC trabalhou para facilitar o caminho dos mecenas da educação. No decorrer do processo, mesmo tucanos de carteirinha acabaram afastando-se da área.O filósofo José Arthur Gianotti, por exemplo, se retirou do Conselho Nacional de Educação (CNE) quando as faculdades Anhembi-Morumbi adquiriram o status de universidade, em 1997. “A câmara [de Educação Superior, uma das que compõe o Conselho] se transformou numa reunião de lobbies, num fórum de partilha de interesses privados”, denunciou à época o filósofo. Quem substituiu Gianotti foi a antropóloga Eunice Durham, que saiu do CNE em 2001 por discordar da política de expansão do ensino superior praticada por Paulo Renato. “Tem havido um crescimento desmesurado do sistema privado de ensino superior, que ameaça a credibilidade do sistema porque desequilibra a proporção público e privado”, declarou à Folha de S. Paulo ao sair.
Durante a gestão Paulo Renato, outros fatos curiosos mostravam que a relação entre o interesse público e o privado era bem mais estreita do que se podia imaginar. Eda Machado, esposa de seu chefe de gabinete, Edson Machado, conseguiu, no ano de 1998, autorização do MEC para abrir o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) com seis cursos de uma só vez. Dois anos depois, a faculdade já havia dobrado o número de cursos e contava com três mil alunos. Alguns membros do CNE também prestavam serviços de consultoria para faculdades particulares.
Mas, para aumentar o espaço das privadas no ensino superior era preciso subsidiar a ampliação do seu espaço físico. Por isso, em 1997, o Ministério da Educação, em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estruturou o Programa de Recuperação e Ampliação dos Meios Físicos das Instituições de Ensino Superior que, só no ano 2000, ofereceu R$ 750 milhões a juros camaradas, principalmente para entidades privadas, já que as públicas tinham dificuldades para ter acesso aos recursos devido às restrições impostas pelo governo para evitar endividamento de órgãos públicos.
Entre as instituições agraciadas com dinheiro público estava o Grupo Positivo, do Paraná, um dos maiores grupos privados de ensino do Brasil. Hoje, a consultoria criada pelo ex-ministro Paulo Renato tem como um de seus clientes justamente o conglomerado paranaense. “Somos nós que entendemos desse negócio”, gabou-se o ex-ministro ao anunciar a abertura de sua consultoria, em sociedade com o seu filho.
(A matéria completa está aqui)
O pau que hoje bate (com razão, a meu ver) em Chico (ou Antonio), não bateu em Francisco. Àquela altura, já era mais do que hora de se debater a regulação das ditas consultorias de pessoas que ocuparam cargos públicos e depois migraram com seu "conhecimento" para a iniciativa privada. Vamos esperar o próximo episódio nebuloso?
A morte (derrota) parecia anunciada e seria até compreensível. Jogar sem cinco titulares, em um clássico e dentro da "casa" do maior rival, que vem bem no Brasileirão e jogaria completo, era prenúncio de desastre. E o São Paulo não conseguiu evitar o massacre, perdendo inapelavelmente por 5 a 0 para o Corinthians, no Pacaembu, em jogo marcado pela expulsão de Carlinhos Paraíba no primeiro tempo e um frango de Rogério Ceni no último gol alvinegro. Com três de Liédson, um de Danilo e um de Jorge Henrique, os corintianos quebraram a sequência de cinco vitórias dos sãopaulinos na competição e igualaram a maior goleada histórica do clássico, imposta há 15 anos, no Campeonato Paulista, em partida disputada em Ribeirão Preto. Naquele outro 5 a 0, o "animal" Edmundo fez dois e Souza, Róbson e Henrique completaram o placar. Durma-se com um barulho desses...
Diante de um 5 a 0, não há muito o que comentar sobre o São Paulo. Nem dá pra culpar o técnico ou os jogadores, que atuaram sem Lucas, que está com a seleção brasileira, Juan e Rodrigo Souto, suspensos, e, no último momento, sem Rhodolfo, machucado, e Casemiro, doente. Nem o garoto Henrique Miranda, também contundido, Paulo César Carpegiani pôde utilizar, e a solução foi improvisar Luiz Eduardo na lateral esquerda. A zaga, fraca, teve Xandão e Bruno Uvini. O estreante Rodrigo Caio entrou "na fogueira" para ajudar Wellington e Carlinhos Paraíba no meio. E o ataque, com Dagoberto e Marlos, teve a volta de Fernandinho, desentrosado e sem ritmo de jogo. Mas até que o time se portou bem no início, acendendo alguma esperança de que poderia segurar um empatezinho.
Porém, a expulsão de Carlinhos Paraíba, com dois cartões amarelos ainda na primeira etapa, precipitou a equipe no abismo. Paciência. O time do São Paulo não é esse que foi goleado e ainda é possível se recuperar - apesar de que, nas próximas rodadas, continuará bem desfalcado. É do futebol. Paciência.
Não tem mais o que dizer, só assistir e aplaudir o show corintiano no segundo tempo (abaixo). De consolo, para nós, só o fato de que a sonora goleada sobre o rival dá moral para Tite seguir no cargo (rsrs). Mas é melhor nem fazer campanha, senão o Conselho dos Bons Pensadores sobre Corintianismo reclamará de novo.
Mais um 'factóide esquerdinha'
Além dos corintianos, quem está se refestelando nesse domingo é a imprensa paulistana, zelosa de sua agenda para as eleições municipais de 2012. Deu hoje na coluna "Painel", da Folha de S.Paulo (bleargh!), com inevitável tom de comemoração:
Me dê motivo - Ainda que a ressurreição do escândalo dos aloprados não venha a ter consequência formal para Aloizio Mercadante, quem conhece bem o petista acredita que, se ele já nutria alguma dúvida, agora pensará muitas vezes mais antes de abandonar o Ministério da Ciência e Tecnologia para se lançar candidato à Prefeitura de São Paulo.
Te cuida, Marta Suplicy! E, antes que o Conselho dos Bons Pensadores sobre Esquerdismo também me enquadre, fico por aqui. Não quero saber de policiamento.
Acho muito.
Depois dos 5 a 0, nessa friagem da chuvinha paulistana, o melhor mesmo é beber um vinhozinho e se preparar para mais uma segunda-feira braba. Fui!
Marcos Assunção não acertou. Luan não jogou, suspenso. Kléber não ganhou o jogo. Wellington Paulista não mostrou ainda a que veio. E a defesa mandou avisar que não é tão sólida como parecia. Resultado: Ceará venceu o Palmeiras por 2 a 0 em Fortaleza.
O alviverde teve mais posse de bola, mais chances de vencer, mais volume de jogo. Mas poucas boas oportunidades. Os donos da casa resolveram. Com um gol a oito minutos, com Washington, e outro de Thiago Humberto aos 46 ainda da etapa inicial, sobrou ao Verdão correr atrás. Sem sucesso.
Cicinho teve de sair ainda no primeiro tempo para Patrik entrar e melhorar o poder ofensivo. Depois, Lincoln deixou o gramado para Adriano Michael Jackson deixar o Palmeiras com três atacantes de ofício, mas sem capacidade para decidir. Vinícius mostrou-se mais disposto do que Wellington Paulista, mas não foi suficiente.
Ficou fácil para o Corinthians, (infelizmente) o protagonista da rodada, comemorar.
Diante do banho de realidade da rodada, que se esfrie a cabeça para o jogo de quinta-feira, contra Coritiba.
"- Já vamos começar a pensar no planejamento do ano que vem e o projeto do centenário é ser campeão da Libertadores."
Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, em 2 de julho de 2009, quando o clube alcançou o tricampeonato da Copa do Brasil
"- Se eu continuasse presidente, o Corinthians não iria disputar a Libertadores no ano que vem. Do jeito que estão essas cotas não dá para ficar, não. O Corinthians paga para jogar."
Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, em 24 de junho de 2011, dois dias depois de o Santos ter conquistado o tricampeonato da Libertadores.
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Gostem ou não, ele é fora de série |
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Danilo, quatro gols na Libertadores: o menino cresceu |
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O craque e o líder |
O Futepoca participou da segunda fase de divulgação dos documentos vazados pelo Wikileaks no Cablegate (que reúne telegramas trocados por estruturas diplomáticas). Soltamos um monte de posts a respeito.
A primeira fase havia sido em parceria com a Folha de S.Paulo e O Globo.
Agora, um grupo de jornalistas convocados pela Natália Viana, da agência de jornalismo investigativo A Pública, termina o serviço. Durante uma semana, a turma passou pela sede da associação, para acessar telegramas e armar matérias legais, que devem pipocar em breve.
Por ora, o que há é um vídeo explicando a brincadeira. Tá lá no site d'A Pública. Não consegui o código para embuti-lo por aqui. Até o Julian Assange comenta a empreitada.
Este ébrio e barbudo que escreve aparece um par de vezes – no meio de outros barbudos solertes repórteres e outras tantas intrépidas jornalistas.
No final de 2008, Lula disse que a crise mundial seria "marolinha" no Brasil e "tsunami" no exterior. Foi massacrado pela "grande" imprensa (grande só nos interesses). Enquanto isso, lá fora, até o prestigiado jornal francês Le Monde reconheceu a previsão de Lula. Afinal, vejam três notícias recentes, uma de hoje, aqui do Brasil, e outras dos Estados Unidos e Europa:
Taxa de desemprego é a menor do mês de maio em nove anos
O Globo - 22/06/2011 às 12h14m
RIO - A taxa de desemprego atingiu 6,4% da população economicamente ativa no mês passado, a menor para o mês de maio desde 2002, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (...) Em comparação a maio de 2010, quando a taxa marcou 7,5%, houve queda de 1,1 ponto percentual. A Pesquisa Mensal de Emprego é realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. (...) O rendimento médio real habitual dos trabalhadores cresceu e atingiu R$ 1.566,70, o valor mais alto para o mês de maio desde 2002. Isso representou uma alta de 1,1% na comparação mensal e de 4,0% frente a maio do ano passado.
Os "indignados" tomam as ruas de Madri contra a crise e o desemprego
UOL - 19/06/2011 - 14h40
MADRID, Espanha, 19 Jun 2011 (AFP) -Dezenas de milhares de manifestantes foram, neste domingo, às ruas de Madri e de outras cidades espanholas para protestar contra o desemprego e as medidas de austeridade propostas pelo governo espanhol e o de outros países europeus. O desemprego entre a população jovem espanhola chega a 43%, afetando 21,29% da população economicamente ativa e mais de um milhão de famílias. A dívida pública espanhola ultrapassou no primeiro trimestre o limite fixado pelo Pacto de Estabilidade da União Europeia (UE), ao atingir 63,6% do PIB, informou o Banco da Espanha na sexta-feira.
Desemprego e pobreza se alastram nos EUA
9/6/2011 8:25, Por Redação, com agências internacionais - de Nova York
As consequências da crise capitalista seguem contundentes nos Estados Unidos. De acordo com os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho, cerca de 14 milhões de norte-americanos encontravam-se desempregados no final da semana passada, cifra que eleva para 9,1% o total de trabalhadores naquela situação no país. A pressionar o segundo maior índice de desemprego registado no ano de 2011 está a fraca criação de postos de trabalho por parte do setor privado, apenas cerca de 54 mil durante o mês de maio, dizem as estatísticas oficiais.
O Barcelona elegeu, em seu site oficial, os maiores clubes do Brasil. Para o clube espanhol, que encanta o mundo na atualidade, Internacional, São Paulo, Santos, Palmeiras, Grêmio e Flamengo são a tropa de elite do país pentacampeão mundial. De acordo com a página, os seis clubes "tendem a sempre dominar os campeonatos disputados no Brasil e também mostraram bom desempenho no Mundial de Clubes". Notem aí a inclusão do Palmeiras, derrotado pelo Manchester United na decisão do Mundial de 1999.
Um santista aqui do trabalho comentou que, em represália, Andrés Sanchez já determinou que o Corinthians não manda mais jogos no Camp Nou.
As Bitter surgiram como uma reação das cervejeiras à proliferação de produtos sem personalidade e meramente comerciais. Na sua maioria, possuem uma cor entre o dourado e o âmbar, pouco gás e um forte sabor azedo. Curiosamente, esta última característica não lhe é transmitida pelo lúpulo, que não é muito intenso nesse tipo de cervejas. "O aroma é algo frutado, bem como o sabor, sendo que o volume de álcool costuma ser baixo (entre 3% e 5%) e pouco perceptível. São excelentes para acompanhar bifes e marisco", aconselha Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. Para experimentar: Oakham Raucous Reindeer, Dark Star Golden Gate ou Coniston Bluebird Bitter (foto).
Os fantasmas exumados por José Serra (à direita) na execrável campanha presidencial de 2010 continuam assombrando nossa sociedade. Depois que o tucano criminalizou bolivianos e pautou a mídia por meses e meses com a questão do aborto e obscurantismo regilioso, internautas ficaram à vontade para esculhambar nordestinos logo após a eleição de Dilma Rousseff (PT), a juventude nazista lançou a famigerada defesa da "cultura paulista" e os Bolsonaros da vida ganharam novo fôlego na sua cruzada contra homossexuais e negros. Realmente, Serra consolidou uma "agenda" para o Brasil: retroceder à Idade Média, com uma tocha na mão e uma fogueira acesa contra as bruxas!
E essa agenda continua pontuando manifestações extremistas. O bispo de Guarulhos, Luiz Gonzaga Bergonzini (à direita), que na época da campanha assinou uma carta recomendando "a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff", por conta do anacrônico debate sobre o aborto, volta agora aos holofotes. Sua hidrofobia, agora, tem como alvo a norma técnica do Ministério da Saúde que determina que a vítima de estupro não precisa apresentar um Boletim de Ocorrência (BO) para fazer o aborto, com base no Código Penal. Vamos diretamente às suas novas declarações:
“A mulher fala ao médico que foi violentada. Às vezes nem está grávida. Sem exame prévio, sem constatação de estupro, o aborto é liberado.”
“Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi vítima… É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é difícil.”
“Já vi muitos casos que não posso citar aqui. Tenho 52 anos de padre… Há os casos em que não é bem violência… [A mulher diz] 'Não queria, não queria, mas aconteceu…'.”
“Então sabe o que eu fazia?”. O bispo pega a tampa de uma caneta e mostra como conversava com mulheres. “Eu falava: bota aqui”, pedindo, em seguida, para a pessoa encaixar o cilindro da caneta no orifício da tampa. O bispo começa a mexer a mão, evitando o encaixe. “Entendeu, né? Tem casos assim, do 'ah, não queria, não queria, mas acabei deixando'. O BO é para não facilitar o aborto.”
Sem comentários.
No início do ano, fiz um post sobre a morte do Cido Guarda Chuva, figura folclórica de minha cidade, como símbolo de um mundo que existia há umas três décadas e que já está desaparecendo sem deixar vestígios. Pois, neste final de semana, duas outras figuras folclóricas e relacionadas à minha infância, dessa vez com fama televisiva e projeção nacional, também partiram desta pra melhor: o cantor Ravel (à esquerda), que fazia dupla com seu irmão e também falecido Dom, conhecidos por pérolas ufanísticas como "Eu te amo, meu Brasil" (veja vídeo abaixo), e a rechonchuda Wilza Carla (à direita), ex-jurada do Programa Sílvio Santos e estrela de pornochanchadas que faziam nossa alegria nas noites de "Sala Especial", na TV Record (veja trecho de um desses filmes abaixo). Dois símbolos de um Brasil que já não existe. A eles, meus sentimentos. E vamos beber o(s) morto(s)!
Relacionando o post que a Thalita fez sobre o tratamento humilhante dado às trabalhadoras domésticas no Brasil e outro post em que questionei os interesses mal dissimulados de nossa imprensa, recupero aqui uma inacreditável materinha da Folha de S.Paulo (aaarrgghhh...), publicada na última sexta-feira: "Empregadas domésticas já têm direitos demais, dizem patrões". Pois é. Parece que ainda vivemos nos tempos em que empregados eram tratados como animais (foto ao lado). Não sei o que é mais absurdo e agressivo: se a coragem da classe patronal de assumir essa postura escravocrata publicamente, em pleno século XXI, ou do jornal, ao abrir espaço, dar voz e amplificar a "reclamação". Mais um exemplo de quem são os "senhores" da subserviente "grande" imprensa.
"As empregadas têm mais direitos que as outras categorias: já comem, bebem e dormem nas casas dos patrões", disse à Folha Margareth Galvão Carbinato, presidente do Sindicato dos Empregadores Domésticos do Estado de São Paulo (Sedesp). Além do fato de que receber alimentação é um direito do trabalhador, faltou observar que, na imensa maioria das vezes, as empregadas que aceitam residir ou dormir na residência dos patrões fazem isso A PEDIDO DELES, para que tenham sempre alguém em casa, à disposição, e não precisem gastar com transporte delas. E é mais prático, pois eliminam a hipótese de a trabalhadora faltar ao serviço. Geralmente, por morarem ali, as empregadas acabam trabalhando muito mais, pois estão à mão todo momento. E não ganham NADA a mais por isso. Fora que, comendo a mesma comida preparada para a família, os patrões se isentam de dar vale alimentação, para ela escolher como, onde e quando comer, nem cesta básica. Ou seja: não é direito, É ABUSO!
E a tal "senhora de engenho" Margareth Cabinato ainda reclama que a aprovação na Organização Internacional do Trabalho (OIT) da convenção que amplia os direitos dos empregados domésticos vai causar desemprego porque tende a aumentar os salários! Para ela, também há problema em conceder horas extras para a categoria: "Você nunca sabe se a doméstica está trabalhando. Não existe controle do trabalho delas porque o patrão não fica fiscalizando. Não há como comprovar que elas trabalharam por um determinado período de tempo". Sim, há como comprovar: é só ver o tanto de serviço feito. Qualquer pessoa que não tem empregada doméstica sabe o quanto esse trabalho é volumoso e desgastante. Não por outro motivo, os patrões recorrem a elas, ora bolas! Quando morei na Irlanda, NINGUÉM tinha empregados em casa. Porque lá existem direitos trabalhistas e, se você quiser empregado, paga MUITO caro. Aqui, os patrões ainda pensam que podem resolver na base do chicote. Que são "superiores" e que têm o direito de se servir dos "inferiores". Basta!
Vejam só como o colega Diego Sartorato apareceu hoje no trabalho, antecipando em três dias a "secação" contra o time do Santos na final da Copa Libertadores - decisão que o Corinthians, ao contrário do próprio clube santista, do Palmeiras, do São Paulo e até do São Caetano, nunca conseguiu disputar. "Ué, a gente tem que escolher alguém pra torcer na decisão. Eu apenas escolhi", justifica-se Sartorato. O bizarro é que, por baixo da camisa do Peñarol, ele está usando uma camiseta com o escudo corintiano e inscrições árabes (equivalentes a "eu nunca vou te abandonar"), que comprou na loja de um palestino maluco, lá no centrão de São Paulo. E, pra irritar ainda mais o santista Luiz e todos os outros não corintianos aqui do trabalho, Sartorato localizou e botou pra tocar o primeiro hino de seu clube, em ritmo de tango. Estamos quase acionando a DRT, por insalubridade e maus tratos no ambiente de trabalho...
O melhor ataque do Campeonato Brasileiro é um time comandado por Luiz Felipe Scolari. Difícil de acreditar. Tudo bem que precisamente a metade deles foi marcada num jogo só, o deste domingo, 19. Foi com dois de Luan, dois de Kléber e um contra que se deu a sova de 5 a 0 impressa pelo Palmeiras sobre o Avaí no Canindé, pela quinta rodada com campeonato brasileiro.
Segunda posição, com um ponto a menos do que o Corinthians (que tem um jogo a menos) e do que o Figueirense; quatro a menos do que o São Paulo. Bem melhor do que este torcedor imaginaria, mas ainda nada definitivo para um campeonato que percorreu 13% de suas partidas.
Quando o Palmeiras tomou a sova do Coritiba, pela Copa do Brasil, Marcos, o Goleiro, descartou qualquer chance de o time se classificar porque não havia obtido vantagem de seis gols em ninguém havia muito tempo.
Não foi neste domingo que o Palmeiras chegou a tão larga margem, mas foi quase. Considerando-se o time profissional, a última vez que o número cinco desenhou-se do placar a favor do Verdão foi em março, na Copa do Brasil, contra o Comercial-PI, no Pacaembu. E os piauienses ainda fizeram um de honra.
O feito não é apenas coletivo, mas contou com brilho individual, já que o contestado e pouco amado Luan foi o melhor em campo. Além de fazer Aleks buscar o esférico no fundo das redes por duas vezes, ainda deu passe para outro. Jogou muito. Não é papo de torcedor dizer que nem parecia o camisa 21 que normalmente entra em campo. Pelo menos não da linha do meio de campo pra frente -- pra trás, na marcação, ele continuava alerta.
Consta que a torcida não havia se convencido sobre as qualidades que só Felipão via nele. Até hoje, quando gritou o nome do atacante-volante. E tudo isso na primeira partida em que Kléber atuou ao lado de Wellington Paulista, no que seria a formação ofensiva preferida de cartolas e mesmo do palmeirense-padrão. Impressionante.
Só não foi mais impressionante do que a comoção da massa para que Marcos batesse o pênalti sofrido por Lincoln aos 45 minutos da etapa final. O camisa 30 acabou batendo, evitando contornos humilhantes para uma simples -- embora rada -- goleada alviverde. Ele não quis sacanear o goleiro catarinense ("ia parecer que eu tava pisando", disse o arqueiro).
Como não é todo dia que "sobra" um pênalti para o Palmeiras -- porque não é todo dia que o Verdão faz mais gols do que o mínimo necessário -- provavelmente o atleta de 38 anos, santificado há uns 12, não vai ter muitas oportunidades de fazer gols antes de encerrar a carreira. Mas a gente torce.
O Palmeiras jogou bem e conseguiu mais margem até do que vantagem futebolística. É que o Avaí teve pelo menos três boas chances de marcar no primeiro tempo -- Marcos defendeu. O alviverde paulistano viu atuações raras de Luan e de Cicinho, além da volta de Lincoln. Tá bom.