Destaques

domingo, outubro 06, 2013

Recitação Abrideira

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Por Elvis Campêllo, Maurício Ayer e Vinicius Reis.

Com contribuições de Deusdete Nunes, Evelyn Inocêncio, Fernanda Kurebayashi, Gilson Rosa, José Marcio Fernandez Cunha e Leandro Nagata.

Sob a batuta do maestro Jairo Martins da Silva.


Senhoras, senhores, bem-vindos sejam
A esta casa aberta e generosa
Que nos recebe a todos pra uma prosa,
Saberes e sabores aqui vicejam.
Agora vou pedir vossa licença
Para falar da nossa água benta
O bálsamo sagrado em nossa crença
E o que não se souber a gente inventa.
Peço atenção ao relato que se abriu:
Cachaça é a alma do Brasil.

Zarpou de sua costa o lusitano
No Atlântico traçou uma diagonal
E lá do outro lado do oceano
Sagrou-se grande líder mundial
E nos porões das suas caravelas
Trazia os alambiques de barro
Mudas de cana verde e amarela
Assim começa a história que vos narro
Da aguardente que aqui surgiu
Cachaça é o destilado do Brasil.

Quem primeiro fez a aguardente?
Foi aqui no litoral, em São Vicente?
Ou foi na Ilha de Itamaracá
De onde começou a se espalhar?
Ou na Bahia, em Porto Seguro,
Com um destilador de barro escuro?
Inspirado na bagaceira ibérica,
Foi o primeiro espírito da América,
Que a nação brasílica serviu,
Cachaça deu origem ao Brasil.

Pois disse o mestre Câmara Cascudo
“Mói o engenho, destila o alambique”
Açúcar é do mé irmão em tudo
E só Gilberto Freyre que me explique.
Em casa de coser méis fazia o negro
A água mineral dos coronéis
Guardava em tonéis e pelo emprego
Não recebia nem tostões nem réis.
Sal do suor e o sangue do gentio,
Cachaça conta a história do Brasil.

Plantar as mudas na estação chuvosa
Ver se desenvolver cana frondosa
Pra colher quando bate a estiagem
E antes de levar para a moagem
Tirar a palha e lavar a areia,
Garapa corre para a dorna cheia
Onde irá trabalhar a levedura
Então vai pro alambique e a prata pura
Desliza docemente pro barril.
Cachaça vem da terra do Brasil.

Ipê, louro-canela, araribá,
Bálsamo, umburana, castanheira,
Carvalho, amendoim, jequitibá,
Grápia, sassafrás e cerejeira,
É tanta madeira e tanto aroma,
Que não dá pra entender essa redoma
Que o mundo fez em torno do carvalho,
Qual fosse única carta no baralho,
Perdendo a distinção a mais sutil.
Cachaça é múltipla como o Brasil.

Cheguei para beber no bar da praça
O garçom logo anotou “um uísque?”
Falei “esse pedido você risque
Que o que eu quero é uma boa cachaça”.
Talvez um coquetel, rabo de galo?
Que tal uma caipirinha bem gelada
Acompanhando uma feijoada?
E com caju, então, eu nem te falo!
Com torresminho ou carne de pernil,
Cachaça põe a mesa do Brasil.

Mas gente, a responsabilidade
É nossa com guris de pouca idade
Ao beberrão lembrar que tem Lei Seca
Não pega em direção quem está zureta
Seja no campo ou seja na cidade
Pois morrerá de morte violenta
E assim jogar no lixo a mocidade
Também com a vida alheia ele atenta.
Cumprimos nossa obrigação civil,
Cachaça tem que cuidar do Brasil.

Desde pequeno eu via o meu véi’
Meu avô com o copinho a apreciar
Sempre antes e depois de trabalhar.
Na idade certa, eu também provei,
Aprendi: não se bebe em martelada
Seja quente ou fria, pura ou casada,
Cachaça feita com o coração,
A cauda não dá rasteira não
Nem a cabeça ataca o corpanzil,
Cachaça é um ensinamento do Brasil.

Minha amiga está gripada, coitadinha?
Não perca tempo, tome uma caipirinha,
Ponha num copo mel, limão e alho,
Misture tudo com o santo remédio
– Sem vodca ou saquê, isso é sacrilégio! –
Amanhã, eu lhe afirmo e não falho,
Você levantará animadinha
Exibindo um sorriso de rainha
E um brilho no olhar primaveril.
Cachaça é a saúde do Brasil.

Mas pra quem passa dessa pra melhor
O inferno não há de ser nenhuma desgraça
Pois dizem que no céu não tem cachaça
Que graça vai ter lá, nosso Senhor?
Ou será que o avesso é que acontece
Os anjos de verdade à Terra descem
E na sala das dornas vêm buscar
Sua parte da marvada pra provar?
Eu trago junto ao peito o meu cantil,
Cachaça é a religião do Brasil.

E o samba quando soa o que é que pede?
Despacho de macumba ou de umbanda?
Depois da capoeira o que se bebe?
No futebol ou quando passa a banda?
Se nasce o filho com quê bebemora?
Se morre, bebe o morto e com quê chora?
Se fica no estrangeiro muito tempo
Procura a sinuosa e toma um alento,
Que volta o remelexo pro quadril,
Cachaça está no sangue do Brasil.

E vamos pôr bagaço na caldeira
Que a branca corajosa brasileira
Vai conquistar o povo da Alemanha,
Japão, Estados Unidos e Espanha.
Nossas colunas a todo vapor
Levaremos ao mundo o teu calor
Para todos os lugares, bares, lares,
Colombo, abre a porta dos teus mares
Para mostrar nossa força mercantil,
Cachaça é a riqueza do Brasil.

Nosso povo há de deixar o preconceito
E junto com a branquinha tomar jeito.
O néctar destilado pelo cobre
O que já foi o cobertor de pobre,
Realiza o lindo milagre da cana
No copo do povão e do bacana
Recebe a mesma deferência nobre,
Quem aprecia acerta, não se engana
Me diga quem viu fado mais gentil,
Cachaça é o orgulho do Brasil.

Pois bem, meus senhores, minhas senhoras
Vamos deixá-los degustar da boa
Enquanto vem o almoço em boa hora
E a sua melodia à língua entoa.
Nosso país foi feito de três líquidos
Suor, sangue e cachaça, tenho dito,
Nas raças somos sim um povo híbrido,
Que escolheu o futuro mais bonito.
Nas matas verdes, sob o céu de anil,
Cachaça é a pátria do Brasil.

Os Cachaceiros da Távola Redonda. 


Esta “Recitação Abrideira” foi composta especialmente para o evento de encerramento da primeira turma do curso de Formação de Sommelier: Cachaças, promovido pelo Senac em seu campus Campos do Jordão. Tive o prazer de ser o enviado especial do Futepoca nessa complexa e árdua missão.

Adesão de Marina a Campos é pior para Aécio do que para Dilma

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Marina Silva e Eduardo Campos: opção programática? (José Cruz/ABr)
Ex-senadora, que abraçou a tese da "perseguição política" para justificar entrada pragmática no PSB, dificulta a realização de um 2º turno ao não sair como candidata à presidência

Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.” Era essa a opinião da então pré-candidata à presidência da República Marina Silva em entrevista concedida ao Estadão, em 23 de março deste ano. Em visita a Pernambuco, em maio, ela respondeu, ao ser indagada se haveria identificação programática com o PSB: "Vocês já perguntaram a ele (Campos) se ele tem identificação programática com a Rede?".

Marina respondeu ontem (6) a seu próprio questionamento de poucos meses atrás, após ver durante a semana o registro de seu partido, a Rede Sustentabilidade, ser negado pelo TSE. Ela anunciou sua adesão ao PSB e à candidatura Campos ao Planalto em 2014, ainda sem dizer se seria vice ou candidata a algum outro cargo pelo partido.

Em seu discurso, por mais de uma vez fez referência às forças que impediram que seu partido fosse oficializado como tal, ainda que não nominasse quem seriam tais opositores, deixando à mídia tradicional tal papel. Mesmo quando houve uma pergunta direta de Kennedy Alencar sobre a frase atribuída a ela de que queria combater o “chavismo” representado pelo PT no poder, ela se esquivou.

Atribuir a culpa de uma estratégia equivocada às “forças ocultas” não é algo exatamente novo na política brasileira. Basta lembrar de Jânio Quadros. Culpar o juiz é uma tática velha também no futebol, quando jogadores, técnicos ou dirigentes querem desviar a atenção dos próprios erros e achar um inimigo externo. Mas a intenção de Marina ao ocupar boa parte do seu discurso com queixas sobre perseguição política é também justificar a entrada no PSB, um partido que tem vícios e virtudes semelhantes a quase todos os que compõem o quadro partidário brasileiro.

O problema é que toda a trajetória da ex-senadora até aqui, desde que saiu do PV, é fazer a crítica de cunho moral aos partidos. Suas atitudes conduzem a uma interpretação de que o cenário institucional brasileiro pode ser avaliado pela divisão simplista entre “bons” e “maus”, colocando em um plano secundário, por exemplo, uma reforma política discutida com a sociedade civil, que poderia sanar parte das falhas gritantes do sistema político-eleitoral. A formação da Rede era a reafirmação desse tipo de pensamento, de que seria possível jogar o jogo dentro das regras que estão aí, contanto que se juntassem os “bons”.

Frustrada sua expectativa, Marina teve que jogar o jogo sem se juntar necessariamente aos que achava serem os “bons”. E justificou isso com o discurso da perseguição, como se fosse quase uma legítima defesa. Citou em sua fala o poeta Thiago de Mello, mas poderia ter feito referência a Raul Seixas: 'A arapuca está armada/E não adianta de fora protestar/Quando se quer entrar em buraco de rato/De rato você tem que transar”. Afinal, uma adesão "programática" não se decide em uma madrugada, a não ser que o "programa" seja algo frágil.

Com a união, levará parte de seus apoiadores para Campos, ainda desconhecido de parte do eleitorado. Contudo, verá alguns deles migrarem para Dilma, perdendo também a confiança de outros que optarão pelo branco/nulo, já que acreditaram que ela seria “diferente”, não entrando na peleja a qualquer custo. O fato de abrir mão da candidatura à presidência para exercer um papel teoricamente menor não é apenas uma questão de abdicação ideológica, como tenta sugerir, mas cálculo político pragmático, já que as outras opções acarretariam vários riscos com arranhões ainda maiores à imagem (caso de filiação ao PPS, linha auxiliar tucana, por exemplo) ou absoluta falta de estrutura para uma empreitada do tamanho de uma candidatura presidencial, se a escolha fosse pelo PEN ou PHS. A Marina de 2013 sabe que não pode sustentar uma campanha apenas “sonhática” pela internet, já que os 20% de votos válidos alcançados em 2010 a fizeram sentir de perto a possibilidade de chegar ao poder.

No cenário de 2014, obviamente o principal beneficiário é Eduardo Campos, que ganha visibilidade com um fato político grandioso e tem chances de avançar em um segmento, o dos jovens que estão nas redes e não necessariamente na Rede, simpatizantes de Marina. No entanto, o maior perdedor é Aécio Neves. Para ele, seria melhor que a ex-senadora saísse como candidata a presidente, reproduzindo um cenário semelhante ao de 2002, no qual quatro candidaturas fortes levaram a eleição para o segundo turno, algo que se repetiu, com diferenças, em 2006. Em 2010, ainda que fossem apenas três os candidatos competitivos, o segundo turno foi possível porque não havia possibilidade de reeleição para o então presidente Lula, o que criava dificuldades para sua candidata, Dilma Rousseff.

O cenário atual pode remeter à eleição de 1998, quando FHC venceu ainda no primeiro turno, enquanto Lula, mesmo com 31,6% dos votos, não conseguiu levar a eleição à segunda volta porque havia somente mais um postulante competitivo, Ciro Gomes, com 10% ao final. A diferença é que, agora, com dois candidatos que nunca disputaram a presidência antes, as dificuldades são maiores para a oposição, com um grande risco de parte do eleitorado, cansado da polaridade entre PT e PSDB, optar pela terceira via de Eduardo Campos. Como Dilma tem mais popularidade e votos do que os rivais na atual situação, o quadro se torna sombrio para Aécio, que teria uma tarefa dupla: forçar um segundo turno e bater um candidato que, até certo ponto, tem um perfil parecido com o seu, agora fortalecido pela adesão da ex-senadora.

Se Marina agiu com o fígado, como pensam alguns, ao embarcar na canoa de Campos para tentar atingir Dilma, pode ter ferido de morte as pretensões de Aécio.

Publicado originalmente na revista Fórum.

sexta-feira, outubro 04, 2013

Som na caixa, manguaça! - Volume 72

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


O LOBISOMEM
(Léo Canhoto)

Léo Canhoto e Robertinho

Eu vinha vindo com a minha namorada
Na avenida, conversando sossegado
A lua cheia brilhava no infinito
Ninguém na rua, só nos dois bem abraçados
À meia noite eu voltei da casa dela
Mas de repente parecia que era o fim
Um bicho feio no meu ombro pôs a mão
Olhou bem na minha cara e depois falou-me assim:

- Uuuuuuuuu aaaaaaahhhh! Eu sou o lobisomem e vou levar você para o outro mundo!

Com muito custo me livrei daquele monstro
E fui pra casa do Chicão, meu grande amigo
Entrei na sala tremendo, muito assustado
Contei pra ele o que aconteceu comigo
No outro dia fui levar minha garota
E o Chicão ficou no canto, escondido
Na minha volta o lobisomem apareceu
Nas minhas costa ele bateu, o negócio foi divertido

Mas o Chicão, meu grande amigo, apareceu
Trazendo junto uma garrafa de cachaça
Bebeu um trago e avançou no lobisomem
Os dois caíram, foi tão grande a arruaça
O bicho feio dava pulo de enfezado
E o meu amigo lhe tocava o pé no peito
Os dois rolavam que a poeira suspendia
E o barulho que faziam era mesmo desse jeito:

- Uuuuuuuuu aaaaaaaaaaaii! Eu sou o lobisomem e vou fazer você virar uma fumaça!
- E eu sou o Chicão, famoso bebedor de cachaça! E nunca mais você vai assustar ninguém! Toma!!! Toma!!!
- Uuuuuu aaaaaiiii!

O lobisomem se arrancou naquele instante
Entrou no pasto, escondeu-se no piquete
Mas o Chicão correu atrás e o agarrou
E sem demora foi lhe descendo o porrete
Toda mentira desse mundo é descoberta
Preste atenção e veja o que aconteceu
O lobisomem apanhou que até desistiu
A sua máscara caiu e a verdade apareceu

Eu cheguei perto para ver o acontecido
Até fiquei com pena desse camarada
O lobisomem que viva me assustando
Era o pai da minha linda namorada
No outro dia me casei com a menina
Eu gosto dela, por isso lhe dei meu nome
E o meu sogro hoje mora em minha casa
Cuida bem dos meus filhinhos, deixou de ser lobisomem...

(Do LP "Rock Bravo chegou para matar", RCA Camden, 1970)


Mulher de 111 anos atribui longevidade à bebida e cigarro

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Vovó Manguaça: 111 anos enchendo a lata e 105 fumando um maço de cigarros por dia!
Mais um exemplo de "boa saúde": assim como o inglês Buster Martin e a brasileira Olívia Franco da Silva já relataram em outros posts do Futepoca (aqui e aqui), a britânica Dorothy Peel também afirma que o segredo de sua longevidade é a bebida e o cigarro (leia aqui). Ela conta que bebia regularmente durante o dia, mandando cerca de 200 ml de licor pra goela logo pela manhã, um gim e tônica no almoço e mais ginger ale com uísque à noite. Atualmente, a velhinha manguaça diz que só bebe xerez "de vez em sempre”, mas no Natal ou Ano Novo enche a fuça com champagne rosé, seu drink preferido. Além disso, Dorothy diz que fumava um maço por dia, mas, depois de uma bronquite e diversas recomendações médicas, teve que abandonar o vício. Isso ocorreu há apenas seis anos... Portanto, para quem começa a envelhecer e tem medo de morrer, sugiro o conselho dos compositores Gracia do Salgueiro e Gaguinho na música "Pagode na casa do gago":

"Toma mais um limão
Qui qui qui qui qui qui
Que você fica bão!
Toma mais um limão
Qui qui qui qui qui qui
Que você fica bão!"


quinta-feira, outubro 03, 2013

Com um a menos, Santos supera São Paulo por 3 a 0 e sonha com G-4

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Citando o Conselheiro Acácio, toda partida tem momentos que podem ser cruciais, mudando seu rumo e fazendo o torcedor pensar “se não fosse aquele lance”... No clássico entre Santos e São Paulo, na Vila Belmiro, depois do tento marcado por Edu Dracena* na primeira etapa aos 22, Alison foi expulso aos 42. Até então, o Peixe finalizava mais que o rival e chegava a exercer um relativo domínio, mas os visitantes se animaram e foram atrás do empate na etapa inicial. Em chute de Rodrigo Caio, Aranha rebateu e Douglas quase marcou o que seria o empate aos 47, mas perdeu.

Imagem
Thiago Ribeiro fez contra seu ex-time (Foto SantosFC)
Esse poderia ser um lance crucial, já que a igualdade daria mais confiança ao São Paulo. Mas não foi ali, ao menos para o Alvinegro, que se deu o lance decisivo. Com um a menos, a aposta de qualquer torcedor era que Claudinei Oliveira reforçaria sua fama defensivista, colocando outro volante no lugar de um dos dois atacantes, repondo a ausência de Alison. Afinal, o time tinha entrado com três volantes e um lateral no meio contra o Atlético-MG, só alterando a forma de jogar quando já perdia a partida. Mas, dessa vez, o treinador não recuou mais do que deveria.

Formou sim duas linhas de quatro para se resguardar, mas não abriu mão do contra-ataque como em outras ocasiões no Brasileiro. Manteve Thiago Ribeiro, atacante que penou de forma solitária contra o Galo, mas que soube ser ágil e preciso quando recebeu bola de Cicinho, aos 15, para marcar o segundo do Santos no clássico.

Mesmo com um a menos, a partir desse momento o jogo de nervos favoreceu o time santista. O Tricolor, sem confiança e nem técnica, não conseguiu furar o bloqueio peixeiro e ainda tomou o terceiro gol em nova jogada de Cicinho pela direita, com finalização de Léo, aos 45. Outro ponto que chama a atenção é o fato do veterano ex-lateral e hoje meia ter entrado bem mais uma vez, assim como na peleja contra o Internacional. Deveria ser mais aproveitado na equipe.


Claudinei reagiu, e bem, à pressão, em uma semana na qual, de forma pouca sutil, foi chamado de técnico sem “t” maiúsculo. Após a vitória, pode conseguir mais tranquilidade para dar um padrão à equipe que não oscile entre ter três volantes e um atacante em um jogo, terminando com três atacantes e um volante. Ou conseguir piorar o ritmo de uma partida ao colocar quatro atacantes em campo quando está atrás no placar, como aconteceu contra o Botafogo. Variações durante uma partida são normais, mas quando são bipolares mostram que se errou em algum momento, ou no início, ou no meio. O sonho da Libertadores ainda está de pé, mas o Santos vai precisar do seu treinador confiando mais em si mesmo, já que a confiança dos jogadores parece que já tem.
*Com 17 gols, Edu Dracena está a três de igualar Alex como maior zagueiro-artilheiro do Santos.

A 'prepotência' nunca foi tão humilhada

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Não vou, aqui, me ater aos detalhes da nova derrota do São Paulo, dessa vez para o Santos, por 3 x 0 - o Glauco já fez isso com propriedade hoje (clique aqui e leia). Aliás, em poucas palavras, ele resumiu bem o que foi (ou melhor, o que NÃO foi) o time de Muricy Ramalho: "O Tricolor, sem confiança e nem técnica." E eu ainda acrescentaria: sem vontade, sem raça, sem responsabilidade. Sem vergonha na cara.

O que o São Paulo fez (ou melhor, NÃO fez) na Vila Belmiro, em 90 minutos, e quase 1 hora jogando com um a mais, é outro dos intermináveis vexames que o torcedor sãopaulino está tendo que amargar nessa tenebrosa temporada. Resultado da gestão não menos tenebrosa do presidente Juvenal Juvêncio (como já escrevi aqui neste blog). Se confirmar o rebaixamento, devo admitir, sofrendo, que será merecido.

"Não sejamos ingênuos, sãopaulinos. A derrota de ontem não será o último vexame de 2013", escrevi, em 9 de maio, no post que fiz logo após a sova inapelável de 4 x 1 que o Atlético-MG aplicou ao nos eliminar da Libertadores. "Muricy vem aí. Duvido que mude alguma coisa", palpitei, em post escrito no dia 4 de julho. "O problema do São Paulo não é treinador, o time é que é FRACO", reforcei, em outro post.

E, depois de testemunhar pela televisão, pasmo, a postura (ou melhor, a FALTA DE postura) dos comandados de Muricy contra o Santos, começo a crer que, pior do que um time fraco é um time morto. Em 12 de agosto, em outro vexame, derrota por 3 x 2 para o Kashima Antlers, eu já tinha resumido: "(O São Paulo é um) catado de jogadores que, invariavelmente, já entra em campo derrotado".

"Hoje, qualquer adversário, mas qualquer mesmo, já entra em campo sabendo que vai derrotar o São Paulo", acrescentei, naquele post. Não estou, aqui, desmerecendo o Santos. Até porque, no primeiro turno, o alvinegro praiano venceu por 2 x 0 no Morumbi sem fazer esforço. Por isso, nova derrota, dessa vez na Vila Belmiro, era até previsível. Mas perder SEM ESBOÇAR REAÇÃO é muito feio.

Perder jogando com um a mais, sem levar praticamente nenhum perigo de gol ao adversário (fora o chute tosco do idem Douglas), é vergonhoso. Perder tomando o primeiro gol no terceiro escanteio seguido, cobrados todos da mesma forma, é humilhante. Perder assistindo o adversário trocar passes no ataque sem ser perturbado, até vazar a meta por duas vezes, é constrangedor. Perder com três ex-jogadores de seleção brasileira, Ganso, Jadson e Luís Fabiano, ANDANDO EM CAMPO, é, sim, vexaminoso. A "caneta" de Cícero em Douglas foi tão merecida quanto a cosquinha que Ronaldinho Gaúcho fez na orelha de Wellington, na goleada da Libertadores. Acho que ambos tomaram essas atitudes pra ver se os sãopaulinos estavam vivos, se reagiam. Como se viu nos dois casos, sem sucesso...

Há alguns anos, numa outra goleada do Santos sobre o São Paulo, o camarada Edu publicou aqui no Futepoca: "4 a 0 na prepotência". O título referia-se à sua bronca contra sãopaulinos que, após a Era Telê, passaram a tratar os adversários com arrogância, a ponto de, na campanha do Brasileirão de 2002, desdenhar o alvinegro praiano ao proclamar o São Paulo como "Real Madrid do Morumbi".

Pois é, aquele "Real Madrid" perdeu de Robinho, Diego e Cia. Mas perdeu jogando bola, lutando, indo pra cima. Perdeu jogando bem, mas o Santos era indiscutivelmente melhor. Hoje, o Santos também é superior, mesmo sem brilhar. Como em 2002, ganhou na capital e no litoral. Aliás, venceu o São Paulo três vezes este ano. Um São Paulo que desiste, que se omite, que se esconde, que abaixa a cabeça. Que só assiste o adversário fazer gols.

Mesmo que o time volte a mostrar VONTADE DE REAGIR, como na vitória contra a Ponte Preta e mesmo na derrota contra o Grêmio, o futuro imediato é desesperador: neste sábado, o Vitória, que goleou o Atlético-PR em Curitiba e ontem venceu o bom Goiás, poderá concretizar um "cala boca" do técnico Ney Franco no clube que o enxotou. Depois, Cruzeiro! Em Minas! Depois, Corinthians...

Se perder os três jogos, como tudo leva a crer que vai, "adeus, tia Chica". Confesso que, com dor no coração, já contemplo a Série B como inevitável. Mas uma coisa é certa: caia ou não caia, em 2014 o São Paulo precisa se livrar de, no mínimo, 90% do elenco. E os que sobrarem devem ser apenas opções. Para o banco.

quarta-feira, outubro 02, 2013

Matar índio pode. Pichar monumento, aí já é vandalismo!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Matéria publicada pela revista "Aventuras na História" em setembro de 2005 (leia clicando aqui) classificou as bandeiras paulistas - grupos que penetraram os sertões brasileiros a partir do século 16 - como "o maior genocídio de nossa história". Segundo Reinaldo José Lopes, autor do texto, essas jornadas eram "feitas por motivos deploráveis, como escravidão e genocídio" e, ao contrário da visão romântica de "heróis" e "desbravadores" que ampliaram as fronteiras nacionais, "os bandeirantes do mundo real, que saíram de São Paulo para varrer o interior do Brasil nos séculos 17 e 18, eram selvagens". Por "selvagens" leia-se: assassinos.

De acordo com a matéria,  no fim do século 16, São Paulo tinha sido esvaziada de “mão-de-obra”e presenciava a consolidação da casta de caçadores de índios. E os métodos desses "fora-da-lei" (pois ultrapassavam os limites do território português definidos pelo Tratado de Tordesilhas e desrespeitavam a proibição de escravizar índios) eram cruéis: "Para evitar fugas, os invasores carregavam grande quantidade de correntes. Quem ousava resistir tinha a aldeia incendiada, mas os jesuítas relatam que velhos, crianças e doentes podiam sofrer destino ainda pior: na viagem de volta, os homens de Raposo Tavares jogavam-nos para os cães, para não atrapalharem a caminhada", diz o texto da revista "Aventuras na História".

"A fama de assassinos dos bandeirantes correu a colônia. E, quando os senhores da região Nordeste, com rebanhos de gado em expansão, entraram em conflito com os índios tapuias, veio a idéia: por que não chamar os colonos de São Paulo para resolver o problema?", relata outro trecho. “Foi nesse momento que os sertanistas tornaram-se ‘paulistas’, termo que não aparece na primeira metade do século 17", diz o historiador John Manuel Monteiro, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Pois bem: essa fama (ou melhor, má fama) inebriou os paulistas pelos séculos seguintes, a ponto de cultuarem com verdadeira obsessão, na cidade de São Paulo, as bandeiras e os bandeirantes mais famosos - ou violentos.

O já citado Raposo Tavares dá nome a uma rodovia, assim como Fernão Dias e Anhanguera (apelido de Bartolomeu Bueno da Silva). "Bandeirantes", aliás, é nome de mais uma rodovia e também de um dos maiores grupos de comunicação do estado. Borba Gato mereceu uma estátua hedionda na região sul da capital paulista, considerada esteticamente um dos maiores monumentos ao mau gosto. Um dos bairros nobres, Pinheiros, tem uma profusão de ruas com nomes de bandeirantes: Simão Álvares, Mateus Grou, Fradique Coutinho, Mourato Coelho e Pedroso de Moraes (sobre este último, descreve a Wikipedia: "conhecido como 'terror dos índios' "). Em plena Avenida Paulista, Anhanguera ganhou uma imponente estátua na porta do Parque Trianon, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Outro ponto turístico, o Parque do Ibirapuera, tem em suas imediações um gigantesco monumento de pedra intitulado "Monumento às Bandeiras" (que o sarcasmo popular batizou de "Empurra-empurra"). E hoje, 2 de outubro, ele amanheceu com a pichação "BANDEIRANTES ASSASSINOS" - segundo notícia do jornal O Estado de S.Paulo, como protesto à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que muda regras para a demarcação de terras indígenas. Como sempre, o fato foi classificado como "vandalismo". Mas, para muito além disso, a pichação carrega um forte simbolismo - ou "tapa na cara" - para uma cidade que glorifica tantos assassinos. Já passou da hora de rever as homenagens às bandeiras e seus chacais.

Pichação expôs a hipocrisia de homenagear criminosos (Foto: Felipe Rau/Estadão)

Coincidências, meras coincidências...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

DADO CONCRETO Nº 1: Estudo divulgado ontem pela Fundação Perseu Abramo, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o Brasil segue reduzindo a desigualdade na repartição do rendimento do trabalho. Em 2012, houve queda de 0,4% no índice Gini, em relação a 2011. Com isso, pela primeira vez, o país apresentou índice abaixo de 0,5, o menor de toda a série registrada pelo IBGE, desde 1960.

DADO CONCRETO Nº 2: O mesmo estudo apontou, por outro lado, que três dos estados mais ricos país - São Paulo, Minas Gerais e Paraná - estão na contramão e, em 2012, elevaram a desigualdade de renda. Em porcentagem, nesses estados, a variação no índice da desigualdade na distribuição da renda mensal de todos os trabalhos das pessoas com rendimento na ocupação com 15 anos e mais, entre 2011 e 2012, foi de: + 2,82% no Paraná, + 0,08 em São Paulo e + 0,08 em Minas Gerais.

COINCIDÊNCIA Nº 1: A variação da desigualdade no país refere-se ao período de 2011 a 2012. Desde janeiro de 2011, os governadores desses três estados da região Sudeste são: Beto Richa (Paraná), Geraldo Alckmin (São Paulo) e Antonio Anastasia (Minas Gerais). Todos os três governantes são do PSDB. Em São Paulo, Alckmin cumpre o quinto mandato seguido de seu partido à frente do governo estadual. Em Minas Gerais, Anastasia sucedeu dois mandatos seguidos de Aécio Neves.

COINCIDÊNCIA Nº 2: No final de 2012, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou uma medida de grande impacto econômico para a população, a redução no preço da energia elétrica em até 18% para o consumo residencial e até 32% para indústrias, agricultura, comércio e serviços, os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina impediram que as empresas de produção de energia de seus estados - Cesp, Cemig, Copel e Celesc - aderissem ao plano do governo federal e baixassem as tarifas. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), é ex-DEM - partido que historicamente sempre esteve ligado ao PSDB.


terça-feira, outubro 01, 2013

Mais do jornalismo "fófis": precisa "dar"?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Trecho de notícia do caderno Poder, da Folha de S.Paulo, nesta terça-feira:


Som na caixa, manguaça! - Volume 71

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

VOU BEBER ATÉ MORRER

(Evaldo Freire/ Tina)

Evaldo Freire

Traga-me um copo de outra cerveja
Bote aqui na mesa deste bar
Porque não posso ver você mulher com outro
Por ti, querida, eu só vivo a lamentar

Como é que eu posso viver sem ter um amor
Vivo bebendo sem ninguém me socorrer
Só porque bebo as moças me recusam
Só por capricho vou beber até morrer

Mas não tem nada
Por eu viver na solidão
Você merece castigo, mulher
E Deus lhe dará o perdão


Mas não tem nada
Por eu viver na solidão
Você merece castigo, mulher
E Deus lhe dará o perdão

(bis)
 

Bebo por ti, morena dos olhos pretos
Porque falei pra contigo namorar
Tu me mandaste que eu fosse pra o inferno
Levasse um tubo de cachaça pra tomar
 

Mas não tem nada
Por eu viver na solidão
Você merece castigo, mulher
E Deus lhe dará o perdão
(bis)


(Do LP "A dor de uma paixão", EMI Odeon, 1980)


segunda-feira, setembro 30, 2013

Azeitoninhas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem no churrasco eu tomei cerveja, cachaça, uísque, estava tudo ótimo, mas no final comi quatro azeitoninhas portuguesas que caíram bem mal... Malditas...

E ele, o que será que ele comeu que anda fazendo tanto mal? 

Vamos conversar? 'Ginástica' da mídia para urubuzar economia

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Na sexta-feira, 27 de setembro, a principal notícia foi a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012, que apontou, principalmente, que a taxa de desemprego atingiu o menor patamar da história, 6,1% (enquanto o resto do mundo ainda registra índices alarmantes); que houve avanço de 5,8% no rendimento médio dos trabalhadores; e que houve também uma nova queda no índice que mede a desigualdade entre os brasileiros, desta vez para abaixo de 0,5 (clique aqui para ler a notícia da Rede Brasil Atual). Mas, pra NÃO variar, os portais da chamada "grande" imprensa fizeram as mais variadas formas de ginástica para esconder as boas novas e dizer que tudo vai mal na economia brasileira. Abaixo, reprodução da "urubologia" apocalíptica nas páginas principais dos sites do Estadão, Folha, Globo e IG na tarde do mesmo dia 27:

Jornal dos Mesquita destaca 'bife pelo boi': o recorte que 'interessa'

Jornal dos Frias faz o mesmo e bate no 'fim' da desigualdade e aumento na renda dos mais ricos

Família Marinho nem deu manchete e insistiu que os ricos é que são os mais beneficiados

Portal IG também não deu manchete e preferiu destacar o 'aumento' do analfabetismo
Pois é, tá mais do que na cara. Mas, como diria Rita Lee: "Quando a gente fala mal/ A turma toda cai de pau/ Dizendo que esse papo é besteira..."

Sim, sãopaulinos: já é hora de fazer contas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois de três vitórias seguidas, o São Paulo completou a terceira partida sem vencer - duas derrotas pelo Brasileirão e um empate em casa pela Sul-Americana. Assim, os torcedores mais afoitos, que já comemoravam o fim da ameaça da Série B (e muitos chegaram até a acreditar que o time ia brigar por vaga na Libertadores!), puseram as barbas de molho e voltaram a ter pesadelos com o rebaixamento. Cansei de dizer e terei que repetir: o problema do São Paulo não é treinador, o time é que é FRACO. Isso mesmo. Tirando Rogério Ceni, em fim de carreira, Ganso e Jadson, que não rendem tudo o que podem render, e Luís Fabiano, em péssima fase, o resto do elenco é do nível da Série B. Exagero? Alguém acha que algum dos outros 19 clubes da Série A gostaria de contar com Rafael Tolói, Edson Silva ou Antonio Carlos? Paulo Miranda, Douglas, Caramelo ou Lucas Farias? Wellington, Denílson, Fabrício ou Maicon? Lucas Evangelista, João Schmidt? Osvaldo? Aloísio? Silvinho? Negueba? Ademilson? Talvez o Náutico se interessasse por algum deles...


 

Para mim, Muricy perdeu os dois últimos jogos do Brasileirão (que poderiam ter rendido pelo menos um pontinho cada um) porque insistiu nos horríveis Rafael Tolói e Douglas. Com esses dois, a derrota é certa. Mas o melhor - ou pior - dessa história é ver o que o execrado Ney Franco está fazendo com o time do Vitória. Gostaria de saber a opinião do Rogério Ceni sobre isso. Porém, deixando de lado as lamúrias, o sãopaulino tem mais é que pegar a calculadora, analisar os adversários das últimas 14 rodadas e fazer contas. Porque a situação é mais crítica do que parece. Tempos atrás, eu cravei que, entre as seis vitórias que o time ainda precisa para afugentar de vez a Série B, estava a do confronto de ontem, contra o Grêmio. Errei. E isso porque foi, de longe, a melhor partida sob o comando de Muricy Ramalho. O que dá mais medo é essa constatação: mesmo quando rende 100% (ou 120%!) de tudo o que pode render, o São Paulo perde. Porque cria muito, mas não finaliza com precisão. E, a partir de agora, assim como Goiás e Grêmio, ninguém vai perdoar essa falha.

Portanto, vamos ao CALVÁRIO das últimas rodadas - e meus palpites:

02/10 - Santos, na Vila Belmiro (os santistas estão mal, mas o São Paulo não está melhor - previsão otimista de empate)

05/10 - Vitória, no Morumbi (o time de Ney Franco goleou o Atlético-PR lá em Curitiba e virá babando - derrota)

09/10 - Cruzeiro, no Mineirão (esse jogo é uma covardia; Cruzeiro fez 3 x 0 no primeiro turno e vai atropelar - derrota)

13/10 - Corinthians, no Morumbi (sim, os alvinegros estão em crise, mas vitória sobre o rival pode reabilitá-los - incógnita)

16/10 - Náutico, no Morumbi (se o São Paulo não vencer esse jogo, pode começar o planejamento para a Série B - vitória)

20/10 - Bahia, na Fonte Nova (jogo muito difícil, que poderá selar a salvação ou a perdição, mas eu serei otimista - vitória)

26/10 - Internacional, fora/ a definir (o time de Dunga é indiscutivelmente mais forte, mas serei otimista de novo - empate)

02/11 - Portuguesa, no Morumbi (até dez dias atrás, eu cravaria São Paulo na cabeça; agora, serei mais comedido - empate)

09/11 - Atlético-PR, fora/ a definir (gostaria muito que rendesse pelo menos um ponto, mas não vejo possibilidade - derrota)

12/11 - Flamengo, no Morumbi (o time carioca é tão instável quanto o paulista, por isso vou apostar ficha no meu time - vitória)

16/11 - Fluminense, fora/ a definir (com mais um esforço supremo de otimismo, acho que o São Paulo não perde - empate)

23/11 - Botafogo, no Morumbi (nesse jogo eu vejo o time de Muricy com possibilidade de selar a fuga da Série B - vitória)

30/11 - Criciúma, no Heriberto Hulse ("jogo da morte" no Z-4; Deus queira que o adversário já tenha caído! - empate)

07/12 - Coritiba, no Morumbi (se o São Paulo não tiver feito 45 pontos até aqui, será dramático; mas eu confio! - vitória)

Como se vê, desconsiderando o jogo contra o Corinthians, que, para mim, pode dar qualquer coisa, estou REZANDO para que o São Paulo consiga, nos últimos 14 jogos, 5 vitórias (Náutico, Bahia, Flamengo, Botafogo e Coritiba) e 5 empates (Santos, Internacional, Portuguesa, Fluminense e Criciúma) - o que daria 20 pontos, chegando a 47. DEUS QUEIRA! Mas tenho consciência de que, desses palpites, corro o sério risco de me enganar principalmente nos jogos contra Santos, Bahia, Internacional, Portuguesa, Fluminense, Botafogo e Coritiba. Por isso, rezo também para que Náutico e Ponte Preta estanquem suas reações e que Vasco e Criciúma mantenham o ritmo descendente. Porque agora, torcida sãopaulina, só nos resta muita, mas MUITA fé, mesmo... Vamo, São Paulo!

sábado, setembro 28, 2013

O fim de Breaking Bad. E por que ele não é apenas mais um enlatado americano

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Bryan Cranston como Walter White no piloto de Breaking Bad (AMC)
“Tecnicamente, a Química é o estudo da matéria, mas prefiro vê-la como o estudo da mudança. Os elétrons mudam seus níveis de energia. Moléculas mudam suas ligações. Elementos se combinam e se transformam em compostos. Mas isso é tudo na vida, certo? É a constante, é o ciclo. É solução, dissolução, infinitamente. É o crescimento, então, a decadência, depois, a transformação. É fascinante, realmente."

A fala acima é de Walter White, protagonista de Breaking Bad vivido pelo ator Bryan Cranston, no episódio piloto da trama. Na cena, ele diz a seus pouco interessados alunos o que entende pela disciplina que ensina, a Química. Mas também é a senha de como vai se estruturar o seriado que se tornou, de acordo com o Guiness Book, o mais aclamado pela crítica em todos os tempos, tendo seu capítulo final exibido no domingo (29) pela AMC, nos Estados Unidos. São inúmeros os elementos que fazem da série algo que vai muito além da produção ordinária de enlatados, desde a utilização de antigas receitas cinematográficas até sua interação com novas tecnologias, em sua produção e divulgação.

A premissa da história é aparentemente simples: White, ao ser diagnosticado com um câncer terminal, passa a produzir metanfetamina para deixar uma situação financeira confortável para sua esposa, grávida, e seu filho, que tem paralisia cerebral. E a partir daí se desenrola uma história na qual os principais personagens se transformam diante das circunstâncias, em especial o antes pacato professor de Química.

Em maio deste ano, Bernardo Bertolucci, diretor de filmes como O último tango em Paris e O último imperador, se confessou entristecido com a atual produção hollywoodiana, mas fez uma ressalva. “Minha geração teve um caso com a cultura norte-americana, sem dúvida. Um poste de rua e um hidrante de incêndio me fizeram cantar na chuva. Mas os filmes norte-americanos dos quais gosto atualmente não vêm dos estúdios de Hollywood, e sim das séries de TV, como Mad men, Breaking Bad, The Americans”.

Hoje, um seriado como Breaking Bad justifica plenamente o que muitos entendem ser a Era de Ouro da TV dos EUA. Afinal, ali pode-se contemplar uma ousadia estética e narrativa ausente nas películas de Hollywood, partindo do tema que seria impróprio para a televisão – a produção e a venda de uma droga sintética de efeitos poderosos – até a composição dos personagens. Não há o dualismo entre bem e mal exposto de forma evidente e simplista, mas uma zona cinzenta que faz com que todas as figuras principais da trama, em algum ou muitos momentos, ultrapassem o limite ético em prol de algo que consideram um valor superior, ainda que nem sempre a justificativa seja, de fato, real.

Não é possível assistir os capítulos da trajetória de Walter White de forma independente, como se faz, por exemplo, ao assistir House ou uma sitcom como Friends ou Seinfeld. Como lembra esse ótimo post, a série deve ao bem sucedido Família Soprano, produzido em 1999, uma estrutura formal que amarra cada episódio no seguinte, contando ainda com flashbacks e flahsfowards fundamentais na narração. E essa intimidade criada com a interação entre o espectador e cada protagonista é responsável pelos sentimentos distintos despertados a cada cena, sempre com um elemento em comum: a permanente tensão que pode ser expressada tanto em uma sequência de ação como em um diálogo ou mesmo em um silêncio estendido de um personagem. Nesse aspecto, por exemplo, seria cruel a comparação de qualquer episódio com um filme como Argo, vencedor do Oscar de 2013.

Com uma narrativa e personagens bem construídos, é possível realizar variações e experimentações, com um episódio lembrando Tarantino e outro remetendo a Coppola, por exemplo. Também por conta disso, mas não só, o seriado é capaz de atingir públicos de preferências distintas, desde aqueles que querem ficar nas primeiras camadas, focando mais a ação, passando por quem se envolve com o aprofundamento das transformações dos personagens e seus significados. Isso sem contar os fanáticos que descobrem (e às vezes inventam) referências em objetos de cena e outras pistas colocadas ao longo da narrativa, como enquadramentos que se repetem de forma proposital em situações diversas e cacos nas falas dos protagonistas.

O criador da série, Vince Gilligan, também chama a atenção para outro ponto relacionado ao sucesso de Breaking Bad: a internet e as redes sociais. A estreia dos episódios da segunda metade da última temporada atingiu o pico de 12 mil tuítes por minuto. "Nós ganhamos muita audiência no boca a boca. As pessoas assistiam, gostavam e contavam para seus amigos. Não fossem esses serviços, ou mesmo a pirataria, sendo honesto, ninguém teria paciência de esperar reprises na TV", avalia Gilligan.

Protagonistas da saga Breaking Bad: Mike (Jonathan Banks), Saul Goodman (Bob Odenkirk), Jesse Pinkman (Aaron Paul), Walter White (Bryan Cranston), Marie Schrader (Betsy Brandt), Hank Schrader (Dean Norris), Skyler White (Anna Gunn) e Walter White Jr. (RJ Mitte). Foto por Frank Ockenfels/AMC


Por trás de Walter White  

O texto tem spoilers a partir daqui.

No piloto da série, Walter White é apresentado como alguém tendo uma vida medíocre e a empolgação que tem pelo seu ofício, demonstrada na fala citada no início desse texto, contrasta com o desinteresse de seus alunos, evidenciada pela afronta de um deles que o encontra em seu segundo emprego, um lava-rápido. Ali, ele também é humilhado pelo seu patrão, que o desloca de sua função de caixa para limpar carros. Em seu aniversário de 50 anos, é ofuscado pelo seu cunhado Hank Schrader (Dean Norris), um agente do departamento de narcóticos que se gaba de uma apreensão de metanfetamina, conseguindo espaço em uma reportagem de TV.

(Foto Ursula Coyote/AMC)
Ali, o espectador já criou a empatia com o protagonista e a descoberta de seu câncer terminal lhe dá uma espécie de licença para poder encarar o mundo de outra forma, passando a enfrentar situações das quais fugia anteriormente e ingressando na produção de metanfetamina. Mas a fórmula fácil de cumplicidade com o personagem vai se esvaindo à medida que White ascende dentro do narcotráfico, desenvolvendo um alter ego, Heisenberg, como fica conhecido o produtor da metanfetamina mais pura do Novo México. A prática de atos abomináveis se torna uma constante, mesmo em relação a seu parceiro, Jesse Pinkman, vivido por Aaron Paul. Novamente, reina a dubiedade. Apesar de ser capaz de arriscar a própria vida pelo pupilo com o qual desenvolve uma relação paternal, White o manipula e comete atrocidades para manter sua confiança e prendê-lo ao negócio da metanfetamina.

Mesmo com isso, o protagonista continua contando com a simpatia de boa parte dos espectadores. A razão mais óbvia é o fato de entenderem que ele é crucial para a trama, mas isso não é suficiente. O personagem de Bryan Cranston pode despertar empatia por outros motivos. No limite, ele busca seu pleno potencial naquilo que faz de melhor. Só consegue isso porque ultrapassa barreiras ético-morais, encontrando Nietszche e seu conceito de super-homem. Heisenberg cria as próprias regras e valores, não obedecendo sequer os padrões morais concebidos pelo narcotráfico. Ou o personagem pode representar simplesmente a libertação diante das fontes de sofrimento definidas por Freud em O Mal Estar na Civilização: o poder superior da natureza perante o homem, a fragilidade de nossos corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos entre os seres humanos em todas as suas esferas, na família e na sociedade. Com o câncer que lhe impõe uma condição evidente de inferioridade em relação à natureza e ao próprio corpo, resta romper as barreiras no que diz respeito ao ordenamento social. Mas nem tanto.

A razão pela qual o protagonista tenta justificar sua entrada em um mundo fora da lei é a família. Embora em dados momentos o seriado faça referência a Scarface, é em outra obra cinematográfica, cujo protagonista também é Al Pacino, que se pode encontrar uma fonte importante na qual bebe Breaking Bad. Na trilogia O Poderoso Chefão, Michael Corleone nasce com todas as facilidades que uma família envolvida e empoderada na máfia pode oferecer, mas se nega a ocupar um papel na estrutura criminosa. Até que as circunstâncias lhe dão uma chance de assumir o papel que lhe parece destinado e ele abraça seu destino tendo como estímulo e justificativa a proteção de sua família. Walter não nasce em um ninho de narcotraficantes, mas tem uma pessoa próxima, seu cunhado, que o mostra, com a visão policial, princípios básicos da atividade. Com seu alto grau de conhecimento em química, ele passa a galgar degraus na estrutura criminosa.

Assim como o personagem de Pacino, que muda seu gestual e até o modo de olhar durante a saga, o protagonista do seriado muda de postura e mesmo de aparência física à medida que vai sendo absorvido pela sua atividade. Também à semelhança do chefe do clã Corleone, White vai ter na esposa, Skyler (Anna Gunn), o superego que o impede de perder o controle sobre seus instintos de destruição. Até o momento em que ela se incorpora, não passiva ou docilmente, à ordem instituída pelo marido/parceiro. Por esse papel, a propósito, a atriz foi perseguida nas redes sociais, tendo que providenciar segurança pessoal após ser ameaçada. Mas se a justificativa da família cai diante e para o próprio Michael quando este manda matar seu irmão Freddo, a trama também reserva algo similar ao duplo White/Heinsenberg.  

A falência do modelo repressivo

Um outro aspecto importante que o seriado traz, embora não seja este o seu foco, é a questão da falência do modelo repressivo de guerra às drogas e da hipocrisia que cerca o tema. Certamente não é a toa que o policial Hank Schrader, principal responsável pela investigação da rede de produção e venda de drogas ilegais no local, aparece em quase todas as cenas em família com bebida alcoólica na mão. Aliás, ele fabrica a sua própria cerveja em casa. Diferentemente do cunhado, faz uma droga lícita. Um detalhe irônico é que, se o orgulho e a vaidade de White fazem com que ele se perca no decorrer da história, é o exibicionismo de Hank que abre a porta de entrada para o cunhado no narcotráfico.

O vídeo abaixo, produzido pelo Beyond Bars (um projeto de Brave New Foundation), em parceria com a Drug Policy Alliance, tenta mostrar esse aspecto do seriado. Breaking Bad mostra como se constrói um sistema que não evita que filhos da classe média tenham acesso a drogas ilícitas (em um episódio Jesse protege seu irmão pré-adolescente de ser flagrado com um cigarro de maconha pelos pais) como também condena os filhos de famílias pobres a um cotidiano de violência.



Publicado originalmente na revista Fórum

quarta-feira, setembro 25, 2013

Santos precisa de ajuda do árbitro para empatar com lanterna

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Um time compacto na defesa e que pressionou o rival no campo adversário, forçando erros de passe e contando também com alguns não forçados. Na partida entre Santos e Náutico, esta noite, o time descrito acima no primeiro tempo era o lanterna do Brasileirão. O que se viu foi um Alvinegro desligado, errando demais e não conseguindo achar espaço na defesa pernambucana.

Não que o Santos não tenha criado nada. Foram duas oportunidades reais de gol, ambas desperdiçadas por Giva, garoto que, depois de um bom início como profissional, sumiu e passou a jogar mal quase sempre quando entra. Entrou como titular substituindo o suspenso Thiago Ribeiro porque Gabriel, seu rival na posição, também tem oscilado.

Cícero se salvou em meio à escuridão (Foto Santos FC)
O companheiro de frente de Giva, Willian José, se esforçou para ser vaiado pelos torcedores na Vila. Em duas oportunidades recuou a bola para a defesa, dando a redonda de graça para o Náutico. Uma junção de falta de técnica com ausência de aproximação dos companheiros de time. O Santos, na etapa inicial, não trocou passes com a competência que tem feito, e os jogadores estiveram distantes uns dos outros.

Nos primeiros 45 minutos, só Cícero se salvou na articulação de lances, até a saída do meia argentino Montillo, contundido, substituído por Leandrinho aos 33. Não que o Dez alvinegro estivesse fazendo uma grande partida, mas se movimentava muito e conseguia atrair a marcação adversária. Sua ausência fez com que Cícero passasse a ser presa fácil, e o Santos não criou nada até o intervalo.

Renê Junior, que ocupava o lugar de Arouca, suspenso, ficou no vestiário. Léo Cittadini entrou e Cícero recuou para trabalhar a transição da sufocada retaguarda peixeira. Parecia até que ia dar certo. Em dois minutos o Santos chegou perigosamente duas vezes, mas logo o Náutico respondeu, com um dos gols mais perdidos da competição, mostra da atual fase da equipe, aos 5. Maikon Leite cruzou e Rogério chutou pra fora de dentro da área, com o gol livre. Dois minutos mais tarde, Giva finalizou mais uma vez dentro da área. De canela. Pro espaço.

E o jogo continuou com seu nível rasteiro, por vezes indo ao subsolo. Mas sempre com a vantagem para um Náutico mais aceso, interessado em tentar atacar com qualidade e velocidade, jogando nos (inúmeros) erros santistas. Aos 26, Claudinei finalmente faz a substituição que deveria ter feito bem antes, sacando Giva e promovendo Gabriel.

Mesmo assim, foi o Naútico que abriu o marcador. Aos 37, com um ex-santista e palestrino emprestado Maikon Leite, que os pernambucanos tentaram devolver ao Palmeiras, recebendo uma elegante recusa como resposta. Mas o treinador Marcelo Martelotte, recém-chegado ao Timbu, resolveu resgatar o atleta, com quem trabalhou no Santos. E o lance, mais uma ironia, foi iniciado por outro ex-atleta do Alvinegro, Maranhão.

Não demorou muito, no entanto, para que outro protagonista da partida desse as caras. O árbitro Francisco Carlos do Nascimento, que já havia prejudicado as duas equipes com faltas e cartões assinalados sem um critério que se pudesse descobrir, inventou uma infração próxima à área pernambucana. Cícero, até então sumido em seu novo posicionamento – já que sua função, a de fazer a transição, não existia com o afobamento e os passes longos dados pela defesa santista – realizou uma bela cobrança e empatou o jogo.


Jogando muito mal e oscilando entre o desinteresse e a ansiedade, o Santos desperdiçou a chance de se aproximar do G-4, ficando na sexta posição, agora com o mesmo número de jogos de seus rivais. Dado o nivelamento do Brasileirão, pode disputar uma vaga na Libertadores mas, infelizmente, o jogo sugere ao torcedor que a tônica do time será a irregularidade.

segunda-feira, setembro 23, 2013

SPFR: São Paulo Freguês do Rodrigo

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

5/06: Rodrigo decreta o 1 x 0
No mundo como no futebol, algumas coisas mudam, outras permanecem. Um exemplo é a campanha do São Paulo no Campeonato Brasileiro deste ano: logo no início do 1º turno, vitórias contra Ponte Preta e Vasco da Gama e um surpreendente empate, fora de casa, contra o Atlético-MG. Ao contrário do que acontece agora, o técnico daquela época, Ney Franco, não foi nem um pouco festejado pelo ótimo início na competição. E aí veio o Goiás e sapecou 1 x 0 no Tricolor, em pleno Morumbi, com um gol do zagueiro - ex-São Paulo - Rodrigo. Foi o começo de uma longa série de derrotas do time e a primeira vez que a torcida gritou o nome de Muricy no estádio. Ney Franco caiu, o clube passou vexame na Recopa Sul-Americana e numa excursão à Europa e Ásia, afundou na zona de rebaixamento do Brasileirão e derrubou também o técnico Paulo Autuori. Neste cenário caótico, Muricy Ramalho retornou.

22/09: gol de falta de Rodrigo
Início de 2º turno: novas vitórias contra Ponte Preta e Vasco da Gama e, também de forma surpreendente, sobre o Atlético-MG. Dessa vez, ao contrário de Ney Franco, Muricy foi festejado como "milagreiro", "salvador da pátria" e muitos torcedores, insuflados pela mídia esportiva (ah, a mídia esportiva!) já consideravam o São Paulo livre da degola e até com chances de brigar por algo mais, como a Libertadores (!!!). Daí, chega novamente o Goiás, e novamente com Rodrigo, pra colocar os pés dos sãopaulinos no chão: outro 1 x 0, dessa vez no Serra Dourada. Ou seja, a campanha do São Paulo no começo do 2º turno é quase idêntica à do começo do 1º. Mas, se os técnicos não são iguais (no tratamento, afinal Ney Franco saiu como "vilão" e Muricy, faça o que fizer, é "herói"), o time do São Paulo continua o mesmo: fraco. Por mais que - heroicamente! - consiga vitórias aqui e ali. Sim, o time é fraco. E o Goiás provou, duas vezes, que é melhor.

Por estar na estrada (e sem rádio) justamente no horário da partida, não assisti a primeira derrota de Muricy. Mas li, hoje, que Rogério Ceni fez mais dois ou três milagres, como faz em todo jogo, antes de ser punido com o baita azar de empurrar a falta cobrada por Rodrigo para as redes, com as costas (o ex-goleiro Carlos, da Copa de 1986, deve ter dado um meio sorriso fatalista...). Pelo o que dizem, também, apesar do jogo ter sido quase modorrento, o ataque goiano produziu mais e foi recompensado no final. Parece que Welliton desperdiçou boa chance ao perder o ângulo na melhor chance dos paulistas e que, pra variar, Luís Fabiano, Osvaldo e Aloísio não fizeram absolutamente NADA. Mas o comentário é de que a dupla Ganso e Jadson nunca jogou tão bem. Isso é bom. Derrota para o Goiás fora de casa, para mim, já estava computada. Assim como será normal se perder, no campo do adversário, para Cruzeiro, Internacional, Santos ou Atlético-PR.


O São Paulo tem que colocar os pés no chão e conquistar os 18 ou 20 pontos salvadores. E a torcida tem que entender que o time briga pra não cair - e apenas isso. E que, se conseguir, será uma façanha e tanto, considerando a debilidade da equipe. Ganhar do Grêmio em casa é fundamental. Porque, como disse, será difícil evitar derrotas em vários dos confrontos fora de São Paulo, contra os times que seguem fortes no alto da tabela. Chegou a hora de Muricy dar uma "espinafrada" nos (improdutivos) atacantes. E voltar ao 3-5-2, para criar mais chances na frente. Maicon vai voltar e isso dá mais segurança às investidas de Ganso e Jadson. Nem tudo está salvo, mas nem tudo está perdido. É ter calma, reconhecer a própria fragilidade, jogar sério e garantir os pontos dentro de casa. Vamo, São Paulo!

domingo, setembro 22, 2013

Com sufoco desnecessário, Santos bate Criciúma e passa a ser o melhor paulista do Brasileirão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Nos dias que antecederam a partida contra o Criciúma, aventou-se a possibilidade de Claudinei Oliveira, sem poder contar com Alison e Cícero, suspensos, armaria o time com três atacantes. Não foi o que aconteceu, com Renê Júnior e Leandrinho entrando na equipe, e Willian José pondo Gabriel no banco. Em entrevista à rádio Bandeirantes, antes da peleja começar, o treinador justificou dizendo que um dos motivos da entrada de Willian, que marcou o gol de empate contra o Grêmio no meio de semana, também era “manter a altura da equipe”, principalmente nas bolas paradas. Vê-se que o discurso defensivista está presente até quando entra um atacante...

Mas muito mais interessado em não tomar gol era o treinador catarinense Sílvio Criciúma. Tanto que adotou uma formação com três zagueiros e, entre contusões, suspensões e opções táticas, a equipe entrou com cinco alterações em relação à última partida. O Peixe pressionou desde o início, com Montillo mais inspirado e também muito em função de subidas constantes de Cicinho pela direita, tirando a sobra da zaga rival.

Willian José, efetivo quando finaliza (Foto Santos FC)
Não demorou para o Alvinegro abrir o placar, aos 19 minutos, em uma jogada de escanteio muito semelhante à do primeiro tento alvinegro contra o Internacional, só que do lado oposto. Montillo cobrou pelo lado canhoto, Gustavo Henrique deu uma casquinha e Thiago Ribeiro fez, posicionado no segundo pau. Antes, Montillo já havia acertado o travessão catarinense em cobrança de falta.

O segundo tento veio em lance do volante Renê Júnior, que, quando entra, tem tido boas atuações. Ele cruzou do lado esquerdo e Montillo conseguiu dominar, rolando para William José, aos 41, acertar de primeira uma bela finalização.

Para a segunda etapa, o Criciúma desfez o sistema com três zagueiros, com a saída de Matheus Ferraz e a entrada do volante Henik. Os vistantes adiantaram a marcação e passaram a marcar melhor no meio de campo, equilibrando a partida. Chegou a ameaçar duas vezes o gol peixeiro, exigindo uma grande defesa de Aranha em bola que tocou no chão e subiu e em uma saída de bola providencial do goleiro nos pés de Wellington Paulista.

Mas Claudinei “prendeu” Arouca, que ainda não está em condições físicas ideais, mais à frente dos zagueiros e compactou a equipe. Voltando a trocar passes e aproximar mais, os santistas retomaram o domínio e criaram chances, evitando o assédio do adversário. Mas, em lance isolado, uma cobrança de falta aos 34 minutos, o Criciúma marcou. Ironicamente, com uma casquinha do zagueiro Leonardo, marcado por … Willian José, aquele que entrou também com o objetivo de melhorar a marcação nas bolas áreas. 


Àquela altura, o Santos já não tinha Leandrinho, que fez boa partida, mas saiu para dar lugar a Renato Abreu, diminuindo a mobilidade do meio de campo. Observar o meia nas pelejas é um desafio à lógica do mero torcedor. Além da cobrança de faltas e/ou escanteios, ganha um doce ou uma cerveja quem descobrir a função que o meia exerce quando entra. Aos 37, o técnico alvinegro ainda sacou Montillo e Willian José, colocando Pedro Castro e Giva. Este último poderia ter facilitado a vida do já agoniado santista se tivesse aproveitado um lançamento de Thiago Ribeiro em que o jovem fez quase tudo errado: matou mal, contou com a sorte e pegou a bola de novo, quase perdeu, e finalizou pra fora, na cara do goleiro Helton Leite.

Ao fim, a marca do pragmatismo da vitória em um lance no qual o Santos ganhou dois minutos com cobranças curtas de escanteio e lateral no campo rival. Como definiu Montillo, o time tomou um “sufoco que a gente não pode tomar”, dado que o rival esteve dominado em parte dos 90 minutos e, mesmo atordoado, o Peixe não levou o Criciúma à lona. Parte pela ansiedade, parte por, talvez, uma preocupação excessiva em defender mesmo quando tem a possibilidade de matar a peleja. Mutia retórica defensivista às vezes causa esse mal, o hábito faz o monge, mas também o treinador e o jeito de jogar do time.

Agora, como melhor paulista do Brasileirão – o que não chega a ser aqueeela vantagem, dada a campanha dos coirmãos bandeirantes, o time tem pela frente o Náutico, em partida atrasada da 11ª rodada, na Vila. Tem a oportunidade de encostar no G-4, caso vença, chegando à 5ª colocação. Se não for vitorioso, já se sabe que o destino será o pelotão intermediário. O torcedor espera que o Santos lute até o fim, das partidas e também da competição.