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quarta-feira, junho 11, 2008

Só a Suécia se classificava na segunda rodada em 1958

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Como nem Brasil nem Inglaterra fizeram gols, o vídeo mostra um dos heróis da segunda rodada, o imortal Lev Yashin

No estádio Ullevi, em Gotemburgo, 55 mil pessoas esperavam para ver Brasil e Inglaterra na segunda rodada do grupo IV da Copa do Mundo de 1958. Era um 11 de junho e a nossa seleção havia tido uma bela estréia contra a Áustria, um inconteste 3 a 0. Já os ingleses tinham empatado com a União Soviética em 2 a 2.

Os ingleses foram para a Suécia com uma tragédia na bagagem. Em fevereiro daquele ano, um acidente aéreo vitimou parte da base da seleção, ocasionando a morte de quase toda a equipe do Manchester United, bicampeão inglês das temporadas de 1955-56 e 1956-57 e com média de idade de 24 anos. Ainda assim, o English Team era uma equipe de respeito, primando pelo vigor físico e dona um forte sistema defensivo. O Brasil tentava confirmar a boa impressão da partida de abertura e Feola fazia sua primeira alteração no time. Saía o flamenguista Dida para a entrada do vascaíno Vavá.

Durante os 90 minutos, pelo menos em quatro ocasiões a seleção brasileira chegara com perigo ao gol de McDonald, com uma bola de Vavá na trave, dois arremates de Mazzola, sendo uma cabeçada por cima do goleiro e do travessão, e um tiro de fora da área de Dino Sani. O detalhe interessante é que o centroavante cruzmaltino jogou fora de posição, preenchendo a meia-esquerda e, mesmo assim, saindo-se melhor que Dida.

Sobre essa partida, Zagallo conta uma passagem curiosa. "O lateral que me marcava, falava comigo e apontava para o placar. E eu não entendendo nada. Depois que eu fiquei sabendo: o 0 a 0 classifica os dois. Então ele pedia para não correr muito." O inglês, como mostraria a partida desempate entre União Soviética e Inglaterra mais à frente, estava errado na sua ponderação. Ou tentava enganar o velho Lobo.

Ainda que tenha sido melhor durante todos os 90 minutos, o Brasil sofreu com alguns contra-ataques, o que deu um clima de apreensão à partida. Uma peleja com duas equipes guerreiras, mas leais. Ao fim, o 0 a 0 foi melhor para o escrete da Rainha, que passou a maior parte do tempo se defendendo. Porém, a produção ofensiva não agradou o treinador Vicente Feola, que começava a arquitetar o time que seria talvez a melhor seleção nacional da História.

Só a Suécia classificada
Pelo grupo do Brasil, a União Soviética superou a Áustria por 2 a 0, um gol em cada tempo. O lendário arqueiro Yashin defendeu uma penalidade quando o jogo estava um a zero e assegurou a vitória vermelha. O grupo I teve uma emocionante partida onde a Tchecoslováquia, que mostrou um ataque insinuante, marcou 2 a 0 na Alemanha ainda na primeira etapa. Mas os campeões do mundo reagiram e empataram, garantindo um 2 a 2 ao fim. Ainda pelo mesmo grupo, a Argentina venceu a Irlanda do Norte por 3 a 1.

No grupo II, a Suécia derrotou a Hungria por 2 a 1 e os nórdicos foram os únicos a conseguir duas vitórias seguidas, assegurando a classificação para as oitavas. Já os galeses eram surpreendidos pelo México em um empate por 1 a 1, com o zagueiro Romo anulando a principal arma do País de Gales, o centroavante John Charles.

A França não repetiu a espetacular goleada da estréia e sucumbiu diante da Iugoslávia, no grupo III, por 3 a 2. Em um jogo disputado, no qual a garra guarani prevaleceu sobre a melhor técnica do rival, o Paraguai derrotou a Escócia pelo mesmo placar da outra partida do grupo.

"Termina o prélio com o placar acusando 0 a 0"

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Dando seqüência às postagens das locuções de jogos da Copa de 1958, com material da Rádio Panamericana de São Paulo, lançado na época em disco de vinil, trazemos hoje trechos da partida entre Brasil e Inglaterra, disputada em 11 de junho daquele ano. O empate, único da campanha brasileira na Suécia, deixou em nossa torcida uma impressão de dever não totalmente cumprido. Afinal, os ingleses são os inventores do futebol e não vencer o arrogante English Team foi uma espécie de caroço na garganta do "complexo de vira-latas" tupiniquim.

Tanto que, em maio de 1959, a Inglaterra veio ao Maracanã para uma espécie de "amistoso-desagravo", como se o título mundial do ano anterior precisasse da chancela de uma vitória sobre eles - o que de fato ocorreu, 2 a 0, com uma atuação estupenda de Julinho Botelho, que entrou em campo sob vaia monumental, por estar substituindo Garrincha, e, depois de dar o passe para o primeiro gol e marcar o segundo, foi aplaudido de pé pelas milhares de pessoas que lotavam o estádio.

No zero a zero de junho de 1958 o Brasil também dominou o jogo, mas perdeu várias chances claras de gol, principalmente com o centroavante Mazola (titular até então). Num programa de 1974 que a TV Cultura reprisou outro dia, o próprio técnico Vicente Feola revelava que Mazola perdeu lugar no time nessa partida. Consta que sua contratação pelo Milan foi selada durante a Copa, deixando o então palmeirense, de 19 anos, meio "desligado".

Autor de dois gols contra a Áustria, na estréia, Mazola ainda teria outra chance contra o País de Gales, nas quartas-de-final, pois Vavá havia se contundido contra a União Soviética. O incrível é que, nesse jogo, ele marcou um golaço de meia-bicicleta (ou "puxeta"), da altura da meia-lua, mas o juiz anulou inexplicavelmente. Acabava a Copa para Mazola, que, além do Milan, jogou pelo Napoli, Juventus e os suiços Chiasso e Mendrisio Star. Já naturazilado e rebatizado como Altafini, disputaria a Copa de 1962 pela Itália.

Sobre o confronto com a Inglaterra na Copa da Suécia, vale destacar também que o goleiro McDonald (na foto acima, tirando bola da cabeça de Vavá) teve brilhante atuação contra os brasileiros, bem como Gilmar dos Santos Neves em nossa retaguarda. Ouça abaixo trechos do empate sem gols no jogo disputado há exatos 50 anos na Suécia. Curioso é que, das cinco Copas que ganhamos, cruzamos com a Inglaterra em quatro delas: 1958 (0x0), 1962 (3x1), 1970 (1x0) e 2002 (2x1). Freguesia é isso aí...


Se não abrir, clique aqui.

Abaixo, a ficha técnica.

BRASIL 0 X 0 INGLATERRA

Data: 11/junho/1958
Local: Nya Ullevi, em Gotemburgo;
Árbitro: Albert Dusch (ALE);

BRASIL: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazola, Vavá e Zagallo. Técnico: Vicente Feola;

INGLATERRA: McDonald; Howe e Banks; Clamp, Wright e Slater; Douglas, Robson, Kevan, Haynes e A'Court. Técnico: Walter Winterbottom.



Trabalhando para o jornal TodoDia, de Americana (SP), entrevistei Mazola em1997, em Piracicaba (sua terra natal), num jogo festivo na Goodyear

terça-feira, junho 10, 2008

Tipos de cerveja 11 - As Imperial/ Double IPA

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A Imperial India Pale Ale (IPA) e a Double IPA são tipos recentes de cerveja. Acredita-se que tiveram origem no Festival de Cerveja de Oregon, nos Estados Unidos, em 1996, quando foi apresentada a Rogue IPA. O estilo demorou algum tempo a se impor, mas, na virada para o novo milênio, tornou-se extremamente popular na Europa, com dezenas de novos exemplares, muito apreciados pelos conhecedores de cerveja. A Double é ligeiramente mais escura e encorpada que a IPA original, devido ao uso de malte em maiores quantidades. "Isso se explicando pela necessidade de equilibrar a cerveja que possui, em geral, quantidades quase absurdas de lúpulo. Tal dá-lhe um carácter amargo e refrescante, fatores que ajudam a encobrir o volume de álcool que pode variar entre os 7,5% e os 10%", observa Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. Há exemplares conhecidos por Extra IPA ou Extreme IPA. Para experimentar: Three Floyds Dreadnaught Imperial IPA (foto), Norrebro Bryghus North Bridge Extreme e Stone Ruination IPA.

Lula comemora guerra do Paraguai, depois recebe Nicanor Duarte

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A secretaria de comunicação da Presidência da República distribuiu uma prévia da agenda do presidente Lula com uma seqüência de atividades que representa, no mínimo, uma gafe nas relações com o Paraguai. Uma atividade comemora o aniversário de uma batalha na guerra contra o país no século XIX, e outra celebra a visita do atual mandatário da nação vizinha.

Às 16h desta quarta-feira, 11, está prevista uma comemoração pelos 143 anos da Batalha de Riachuelo, no Grupamento de Fuzileiros Navais. O conflito naval foi travado às margens do rio de mesmo nome, durante a Guerra do Paraguai, em 11 de junho de 1865.

Reprodução

Reprodução de Batalha naval de Riachuelo, de Victor Meireles,
do acervo do Museu de História Nacional do Rio de Janeiro


Quatro horas depois, às 20h, Lula recebe o presidente paraguaio, Nicanor Duarte Frutos. O mandato de Duarte tem apenas mais dois meses, já que Fernando Lugo foi eleito em maio e deve assumir em 15 de agosto. Mas ele ainda está no cargo.

A prova está na agenda distribuída pela página da Presidência na internet. Clique aqui.

Foto: Ricardo Stuckert/Pr
1910RS004.jpg
Presidente Lula cumprimenta o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, durante
atividades da 17ª Cúpula Ibero-Americana, em novembro de 2007
: "Passa lá, em Brasília,
qualquer dia desses."


Bem feio
Os paraguaios chamam o conflito: Guerra Contra la Triple Alianza ou Guerra Grande. Atualmente historiadores apontam a influência britânica no conflito, praticamente o último em que o Brasil se envolveu nacionalmente – pelo menos como ator principal. Uma visão paraguaia sobre o conflito está aqui. O governo Duarte nem ficou sabendo. Ainda.

Há dez anos, direto do túnel do tempo

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No dia 10 de junho de 1998, uma quarta-feira, a bendita Copa do Mundo da França fez com que toda a redação do jornal O Povo, de Fortaleza (CE), fosse dispensada para assistir a estréia do Brasil contra a Escócia. Uma repórter amiga minha, Alessandra Araújo, fazia aniversário na ocasião. Fomos para um buteco no Benfica, bairro estudantil e boêmio da capital cearense, muito mais para comemorar o aniversário do que para ver o jogo.
Sorte nossa, pois o lugar era milimétrico e o máximo que conseguimos nos aproximar da entrada do bar foi a uns 20 metros, em pé, na rua. Toda hora alguém gritava e, para nós, a impressão era a de que estava uns 4 a 4 ou coisa do gênero. Ninguém se entendia ou sabia dizer, com certeza, o que estava acontecendo no jogo. Daí, como nenhum de nós fazia questão de torcer para a seleção brasileira, andamos uma quadra e meia e encostamos perto de um ambulante que vendia cerveja mais barata - e mais rápida. Depois de muito tempo, já escurecendo, alguém se lembrou da partida. Passou um bêbado e eu perguntei o placar. "-O Brasil perdeu. Gol contra do Cafu!", sentenciou o manguaça. Daí passou outro torcedor e disse que a seleção tinha vencido por 1 a 0. Precisamos voltar ao bar para descobrir que o (estranho) gol tinha sido mesmo a favor. Informação de cachaceiro, só bêbado para acreditar...

segunda-feira, junho 09, 2008

O grande jogo da Euro

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Acabou há pouco uma grande partida de futebol. A Holanda massacrou a Itália na primeira rodada da Eurocopa, o torneio de futebol mais importante do ano, por 3 a 0. E não foi porque os campeões mundiais jogaram mal. Na verdade, o jogo merecia ter acabado uns 4 ou 5 a 2, tantas foram as chances perdidas. Até agora é o grande jogo da competição.

Merecem nota ainda Portugal e Alemanha, por vencerem bem seus jogos de estréia. Mas até aí, nada de novo.

Corinthians e os combustíveis das revoluções

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Jesus Carlos, o fotógrafo, envia uma foto para deleite dos corintianos. Pelo menos aos revolucionários.



Diz ele:

Anselmo e moçada do Futepoca,
aí vai uma colaboração para este grande blogue.
- Estamos de volta! Nesta semana, daremos o grande grito de guerra da Nação Corinthiana em pleno coração da cidade de Recife. Porém, desculpe-me as outras torcidas e olhem bem para a foto acima. Vejam que ser Corinthians, é mais do que uma bola em campo. Adelante Corinthians!!!
Saludos indígenas,
Jesus
Será que os corintianos do Futepoca já estão de ressaca na comemoração antecipada do título? Será que o motivo da ressaca é o terceiro combustível

"Mercadoria verde-amarela no barbante austríaco"

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Complementando o texto abaixo, do Glauco, inicio aqui a série de postagens das transmissões de rádio dos jogos do Brasil na Copa da Suécia, em 1958. As raridades vêm do LP "Brasil!!! Na Copa do Mundo", da antiga Odeon, presenteado ao Futepoca por Alessandro Mendes dos Reis, dono da livraria/ sebo Leitura & Arte, que fica na rua Fradique Coutinho, 398, em Pinheiros, São Paulo (ao lado do Bar do Vavá), telefone (11) 3081-4365.

Nas transmissões da Rádio Panamericana, da capital paulista, a narração é de Estevam Sangirardi, que costura as locuções de Geraldo José de Almeida e Waldir Amaral. Na estréia, como descreveu o Glauco, o Brasil bateu a Áustria por 3 a 0. O time tinha Dino Sani, Dida, Mazola (foto) e Joel, que perderiam suas vagas para Zito, Pelé, Vavá e Garrincha. Consta que Pelé só não começou a Copa como titular por estar machucado e Garrincha, fora de forma. E más atuações de Dino e Mazola contra a Inglaterra, no jogo seguinte, fariam Feola dar chance a Zito e Vavá, que seguiriam até a final. Na estréia, porém, Mazola fez dois gols.

Ouça aqui trechos da locução de Brasil x Áustria, com pérolas como "mercadoria verde-amarela no barbante austríaco", para descrever um dos gols. Nossos agradecimentos a Luciano Tasso, que emprestou sua vitrola, e Michel Lopes, que fez os cortes e tratou o som nos arquivos de MP3.

Ficha técnica

BRASIL 3 x 0 ÁUSTRIA

Data: 08/junho/1958;
Local: Rimnersvallen, em Uddevalla, Suécia;
Árbitro: Maurice Guigue (FRA);
Assistentes: Jan Bronkhorst (HOL) e Albert Dusch (ALE);
Público: 25.000;

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazola, Dida e Zagallo. Técnico: Vicente Feola;

Áustria: Szanwald; Halla, Swoboda e Hanappi; Happel e Koller; Horak, Senekowitsch, Buzek, Alfred Körner e Schleger. Técnico: Karl Argauer;

Gols: Mazola (38), Nilton Santos (49) e Mazola (89).

domingo, junho 08, 2008

Há 50 anos, começava a se erguer um gigante

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Há 50 anos, em um dia 8 de junho, acontecia a primeira rodada da Copa do Mundo de 1958. Àquela época, diferentemente do que acontece hoje, todas as 16 equipes que participavam do torneio estrearam no mesmo dia. Antes, 53 países se inscreveram para chegar à Suécia, mas seis desistiram.

Já estavam classificadas a Suécia, sede da competição, e Alemanha, campeã em 1954. Além delas, nove seleções saíram da Europa, três da América do Sul, uma da América do Norte e Central e mais uma do grupo da Ásia e África.

Curiosa foi a classificação deste último grupo. Turquia, Indonésia, Sudão e Egito se recusaram a jogar em Tel-Aviv, contra Israel. Como não se permitia que uma seleção chegasse à Copa do Mundo sem ao menos ter vencido uma partida, houve um sorteio entre os nove segundos colocados da Europa. País de Gales teve sorte e superou os israelenses por 2 a 0 duas vezes, indo à Suécia.

Assim, estavam formados quatro grupos de quatro seleções cada. O I, com a campeão mundial Alemanha Ocidental, Argentina, a extinta Tchecoslováquia e Irlanda do Norte. Já o II era composto por França, Paraguai, a então unida Iugoslávia e Escócia. A dona da casa estava no no III, junto com México, Hungria e País de Gales. O Brasil estava no IV, sede em Gotemburgo, e tinha Áustria, União Soviética e Inglaterra.

A estréia do Brasil

O Brasil estreou contra a Áustria, em Udevalla (vídeo acima). O time titular naquela ocasião era Gilmar (, De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Dino e Didi; Joel, Mazzola, Dida e Zagallo. A seleção de Vicente Feola jogava no 4-2-4, embora variasse para o 4-3-3 com o recuo do ponta-esquerda Zagallo para fechar o meio.

A Áustria, que havia derrotado Holanda e Luxemburgo nas eliminatórias, ostentava o terceiro lugar conquistado na Copa de 1954. Os primeiros vinte minutos da partida foram de equilíbrio, mas a seleção verde-e-amarela começou a tomar conta da situação na segunda metade do primeiro tempo. Assim, Mazzola chegou ao primeiro tento aos 38 minutos. No segundo tempo, o domínio brasileiro prosseguiu, e Nilton Santos, aos 6, praticamente assegurou a vitória. Com 2 a 0, Didi, Joel e Zagallo passaram a atuar na intermediária, buscando os contra-ataques com Dida e Mazzola. E foi de novo este que marcou aos 44, dando números finais à partida.

Segundo a revista Gazeta Esportiva Ilustrada, base deste e de outros posts futuros sobre a Copa de 1958, o time teve boas atuações de todos, sobrando críticas somente a Dino Sani e Dida. Gilmar, de acordo com a publicação, foi "a figura de proa do conjunto. Fez algumas intervenções notáveis que arrancaram aplausos da assistência". Já Didi foi tido como o "melhor dos atacantes e mola de nossa vitória."

As outras partidas

Pelo grupo do Brasil, Inglaterra e União Soviética empataram por 2 a 2. Pelo grupo I, embora campeã do mundo, a Alemanha enfrentava a desconfiança geral, enquanto seu primeiro adversário, a Argentina, chegava como um dos favoritos ao título. Domínio portenho, mas sem envolver os germânicos: 3 a 1 para os europeus. Ainda pelo grupo I, a Irlanda do Norte derrotou a Tchecoslováquia por 1 a 0.

No grupo III, os donos da casa venceram com facilidade o México, à época um país risível em termos futebolísticos. Na outra peleja do grupo, a Hungria não demonstrava nada da "máquina de jogar futebol" de 1954, em função da aposentadoria de alguns atletas e de outros que haviam abandonado o país por conta da invasão soviética em 1956, caso de Ferenc Puskas. Resultado, um fraco 1 a 1 contra País de Gales.

Pelo grupo III, Iugoslávia e Escócia não passaram de 1 a 1, enquanto a França superou o Paraguai por 7 a 3, com o início da escalada de Just Fontaine, autor de três tentos.

Santos: mais do mesmo

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Estréia de Cuca, um péssimo primeiro tempo do time santista, talvez um dos piores do semestre (feito digno de nota). Já na segunda etapa, Wesley é expulso de forma injusta, em sua primeira falta no jogo. Curiosamente, o time começou a atuar melhor, e finalmente ameaçou o gol do Vitória.

Em relação à equipe de Leão, o novo treinador peixeiro colocou Fabão no banco e promoveu Domingos. Com a ausência de Marcinho Guerreiro, suspenso pelo terceiro amarelo em quatro partidas, o esforçado e menos técnico (por incrível que pareça) Adriano ganhou vaga na equipe titular. Lima também deu lugar a Tabata, com Wesley indo para o ataque.

Embora a intenção de Cuca fosse que os dois meias Molina e Tabata jogassem pelas pontas e também se aproximassem dos atacantes, ambos tiveram atuação sofrível. O nipo-brasileiro foi sacado aos 31 minutos de partida, substituído por Lima, enquanto o ainda mais inoperante colombiano resistiu até os 11 do segundo tempo, saindo para a entrada de Quiñonez.

E não é que o equatoriano deu outro ritmo ao jogo? Combinou várias jogadas com Lima pela esquerda e chegou perigosamente ao ataque. O fato de Quiñonez modificar o panorama da partida mostra não somente a fragilidade do Vitória como também o quão mal está Molina.

Cuca fez, aos 41, outra substituição usual de Leão e também utilizada por Márcio Fernandes: a entrada de Thiago Luis. De novo, o garoto não fez muita coisa. Claro que o técnico deve dar uma feição diferente à equipe nas próximas semanas, mas o Alvinegro continuará sofrendo com um elenco fraco em opções e com dois dos seus melhores atletas, Kléber e Rodrigo Souto, jogando mal há tempos, talvez por conta de transações não-realizadas com o exterior. O treinador terá que utilizar todo seu dom de agregador e psicólogo para fazer o Peixe engrenar.

Nelsinho Batista vence Luxemburgo mais uma vez. E por 2 a 0

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A troça ficou fácil.

Dos 30 jogos entre os treinadores, Nelsinho Batista ganhou 10, contra oito vitórias de Luxemburgo. Houve 13 empates. E olha que em fases de mata-mata, há empate, com três classificações para cada lado.

O Sport é um time de marcação forte. Pelo menos contra o Palmeiras. Assim a galhofa fica muito facilitada. Os 2 a 0 do mistão do Sport de Recife sobre o Palmeiras na Ilha do Retiro neste domingo teve até cantoria dos rubro-negros: "um, dois, três, o Luxa é freguês".

Que desagradável.

Pelo menos não podem dizer que o Verdão o seja, já que os paulistas têm, no histórico do confronto, duas vezes mais vitórias. Tanto no geral, quanto nos campeonatos brasileiros.

No jogo
O time da casa jogou melhor. Sem Kléber, Martinez (suspensos) e Henrique na seleção do Dunga, o time não foi bem. Valdívia e Diego Souza estiveram apagados (e o Diego pôs um chutaço na trave). Denílson e Alex Mineiro não funcionaram. É por isso que o Kléber, por mais sem-noção que seja, continua titular.

O time da camisa verde-limão-siciliano precisa jogar mais bola.

E aguentar os alvinegros paulistanos.

Mais desagradável ainda.

P.S.: As três classificações de escretes dirigidas por Nelsinho diante de times comandados por Luxemburgo não eram finais. Já os três feitos computados ao treinador dos ternos importados e gravatas amarelas em fases "mata-mata" foram finais de campeonato. Ou seja, Luxemburgo só passa do rival se as partidas valerem o título. Se for antes, Nelsinho é que se dá bem. A lista das partidas desatualizada (faltam os dois últimos e trágicos jogos deste ano) estão aqui.

sábado, junho 07, 2008

Aproveitando o momento

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Uma série de motivos me fez deixar de escrever sobre o São Paulo aqui no Futepoca nos últimos dias. A derrota para o Fluminense foi o mais importante, a série de empates no Brasileiro não ajudou, a invejinha ao assistir o Corinthians e o algoz Fluminense avançando nas competições acabou de vez com a motivação.

Além disso, palpitar sobre o time no começo de um campeonato longo, de pontos corridos, é pedir para errar a avaliação. Ano passado Marcão e eu detonamos o time no início do Brasileiro e deu no que deu. Bom, melhor errar assim do que apostar no tradicional cavalo paraguaio, também conhecido como Botafogo.

Por isso, eu não ia escrever nada específico sobre a vitória do São Paulo sobre o Atlético-MG. Ela não significa nada sobre o desempenho do time no campeonato todo.

Maaaaaas....



André Dias mudou tudo! Nosso ilustre torcedor atleticano, integrante deste blog, jurou que iria ao Morumbi neste sábado só para conferir de perto o desempenho do zagueiro grosso como volante. Na sexta a imprensa noticiou que André Dias iria ao gramado deslocado, por conta da escassez de volantes no time (aliás, está praticamente confirmado: Richarlysson fora é reforço).

Até eu esperava um fracasso, claro. Mas não é que o André fez um golaço??? Não sei se jogou bem, já que o jogo não passou nem na TV a cabo. E não importa, nesse momento o que vale é a piada. André Dias é craque!!!

E tenho que aproveitar, que ultimamente não tenho tido oportunidade de fazer muitas.

Uma Venezuela em ascensão

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Claro que perder para a Venezuela no futebol, em se tratando de uma seleção pentacampeã como o Brasil, não deixa de ser vexatório. Mas o fato é que a equipe do país de Hugo Chávez vem mostrando uma evolução grande desde o final das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Antes um mero saco de pancadas, agora os atletas locais começam a mostrar que a lanterna sul-americana é coisa do passado.

O esporte mais popular do planeta perde para o beisebol e o basquete no país, competindo com o ciclismo e o boxe na preferência dos venezuelanos, o que talvez explique o desempenho pífio da seleção ao longo da história. Até as eliminatórias para a Copa do Japão/Coréia do Sul, a equipe tinha vencido somente duas partidas na competição: contra a Bolívia em 1981 (1 a 0) e contra o Equador em 1993 (2 a 1). Em 1998, primeira edição disputada em pontos corridos, o time ficou em último, com três pontos, resultado repetido em todas as edições anteriores.

No entanto, nas cinco últimas rodadas da fase eliminatória para 2002, os venezuelanos ganharam quatro partidas, perdendo para o Brasil de Felipão na última rodada (não se esqueçam que muitos torcedores temeram a Venezuela antes do embate). Naquele torneio, a Venezuela protagonizou uma das maiores zebras das eliminatórias sul-americanas, vencendo o Uruguai por 2 a 0 em San Cristóbal. Depois, derrotou o Chile pelo mesmo placar, em Santiago; venceu o Peru em casa, por 3 a 0 e superou o Paraguai por 3 a 1. Em cada um desses jogos, a Venezuela conseguiu um resultado histórico.

Terminou pela primeira vez uma eliminatória fora da lanterna (que ficou com o Chile), obtendo 16 pontos e cinco vitórias (venceu também a Bolívia por 4 a 2). Já nas eliminatórias de 2006, conquistou cinco vitórias e três empates, com destaque para a partida contra a Colômbia, vencendo na casa do adversário, e um fantástico 3 a 0 contra o Uruguai em Montevidéu.

Depois de conseguir pela primeira vez passar para a segunda fase da Copa América, em 2007, nas atuais eliminatórias os venezuelanos já venceram o Equador, fora de casa, por 1 a 0, e superaram a Bolívia em um empolgante 5 a 3. Estão em quinto lugar, o que lhes daria o direito de disputar uma vaga para a Copa do Mundo contra uma equipe da Concacaf. Será que é dessa vez que a Venezuela irá para o Mundial?

*****

Não é só no futebol que a Venezuela tem surpreendido. No vôlei, pela primeira vez irão às Olimpíadas. Em dose dupla! O masculino, após a histórica vitória contra o Brasil de Bernardinho no Pan de 2003, venceu a Argentina na casa do rival para assegurar sua vaga. Já as meninas selaram sua classificação contra o Peru, uma das seleções mais tradicionais do continente.

*****

Não é possível mensurar ao certo se a evolução no futebol tem relação com os investimentos do governo de Hugo Chávez. Mas o fato é que tem sido feito um esforço para massificar a prática esportiva nas escolas e treinadores estrangeiros chegam para preparar atletas, como é o caso do brasileiro Ricardo Navajas, do vôlei. Para se ter uma idéia, em 2006, os investimentos na área foram de US$ 510 milhões, além de terem sido gastos US$ 700 milhões para financiar as obras da Copa América de 2007.

Dunga faz história

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Só para não passar batido, Dunga entrou para história por ter dirigido a seleção brasileira na primeira derrota para a Venezuela, por 2 a 0, ontem nos Estados Unidos.

O melhor comentário foi o da minha companheira de partidas de futebol, Simone, que disse que parecia uma "pelada lá no Atuba" (bairro na divisa entre das cidades de Curitiba e Colombo, no Paraná).

Depois de ganhar sem brilho do Canadá, perder para gloriosa Venezuela nesses amistosos caça-níqueis nos Estados Unidos (resisti ao trocadilho do caça-Nike), resta agora torcer para não ter vexame contra Paraguai e Argentina na eliminatórias.

Se bem que assalta a dúvida se não vale torcer contra para o Dunga cair.

Mas como já aprendi que do ruim só vem o pior, vou torcer para a gente ganhar logo os jogos e garantir a vaga na Copa da África do Sul.

Depois começa o movimento Fora, Dunga!

Ensaio fotográfico causa polêmica no Coritiba

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Um ensaio com a modelo Suzana Pittelli no estádio Couto Pereira vem causando polêmica no Coritiba. A sessão de fotos foi feita no dia 7 de maio, mas só após a publicação na revista Área Brasil, onde a moça veste e despe o uniforme do time da capital paranaense, que o presidente do clube alega ter tomado conhecimento da realização do trabalho.

O mandatário alviverde Jair Cirino dos Santos assegura que não soube do ensaio e que não teria permitido a sessão caso tomasse conhecimento. Ele diz que estádio do clube só pode ser usado para atividades esportivas.

No entanto, o editorial da publicação agradece ao Departamento de Comunicação e Marketing do Coritiba. Já a gaúcha Suzana Pitelli, gremista, é taxativa quando fala sobre uma possível punição a algum funcionário do Coxa. “Se fosse demitir alguém, tinha que demitir a diretoria todinha. Toda, toda. Tinha muita gente lá, mais de 20. Quem não gosta de futebol e mulher? Fala sério.”

Eduardo Jaime, diretor de marketing do Coritiba, se defende, dizendo que é difícil ficar sabendo de tudo que acontece no clube. “Os diretores são eleitos e todos eles têm uma vida profissional ativa. Muito ativa, aliás.” Ele fez questão de ressaltar que o problema estaria resolvido e novas “falhas de comunicação” não vão ocorrer mais.

O Coxa garante ter identificado o responsável pela liberação do estádio, mas não revelou o nome do dito cujo. Piada corrente na capital paranaense relaciona a proibição de cervejas nos estádios do Brasileirão e o ensaio da modelo no Couto Pereira: “já proibiram a loira gelada, agora querem proibir a loira pelada.”

sexta-feira, junho 06, 2008

Maldade: Mauaense goleou seleção paraolímpica

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Quando li essa notícia quase não acreditei: em abril de 2006, o Grêmio Mauaense (que hoje disputa a quarta divisão do Campeonato Paulista) recebeu para um jogo-treino a seleção paraolímpica! Para cúmulo da maldade, ainda goleou os portadores de deficiência por 7 a 1! Não contente, João Ricardo, técnico da equipe de Mauá na ocasião, cometeu a seguinte gafe: "O importante não foi o placar, mas a movimentação dos atletas" (sendo que, entre os adversários, tinha gente que não se movimentava direito). Gaúcho, o treinador da seleção paraolímpica naquele tempo, foi sincero: "Começamos bem a partida, mas os jogadores ficaram perdidos". E isso porque, ao dar o pontapé inicial da partida, o prefeito de Mauá, Leonel Damo (PV), ainda tentou salvar a situação: "Tudo vai dar certo!", exclamou, querendo dizer, na verdade: "Seja o que Deus quiser!". Inacreditável...

Cigarro de palha chupinhou gibi do Tex

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Convidado para uma festa junina, decidi comprar um maço de cigarro de palha. Encontrei um tal de Palheiros de Piracanjuba, goiano, forte pra diabo. Mas até que vai bem com cerveja. O bizarro é que, fuçando sobre esse treco na infernet, descobri que o dono da fábrica foi processado por usar, na embalagem, um desenho do personagem de história em quadrinhos Tex Willer, sem permissão (veja a embalagem à esquerda e a capa do gibi chupinhado à direita). A italiana SBE (Sergio Bonelli Editore), que detém os direitos do personagem criado em 1948 por G.L. Bonelli e Aurelio Galeppini, ficou sabendo da mutreta e acionou a justiça brasileira por intermédio do escritório Schneider, Baleche & Prado, de Curitiba. Resultado: a Palheiros de Piracanjuba mandou publicar uma nota num jornal dizendo o seguinte: "Antônio Elias Daher - Palheiros de Piracanjuba, comunica que utilizou no frontispício de sua embalagem a imagem do personagem TEX WILLER sem consentimento dos editores Sergio Bonelli Editore e Mythos Editora, e alterou a embalagem, sem essa imagem, cumprindo acordo extra judicial entre as partes". Que beleza!

LDU confirma bom momento equatoriano

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Ao despachar o América, a Liga Deportiva Universitária de Quito - que aqui costumamos abreviar como LDU, mas no Equador é grafada como LDUQ - avançou à sua primeira final de Libertadores. E levou o país de volta à decisão do principal torneio interclubes sul-americano depois de 10 anos.

Em 1998, o Barcelona de Guayaquil fez a final da Libertadores com o Vasco. Aliás, há uma série de coincidências entre a final de 1998 e a de agora. É um equatoriano contra um brasileiro; mais precisamente, um equatoriano contra um carioca; e é uma decisão composta por dois times que nunca venceram o torneio.

Ainda nesse sentido, cabe uma comparação interessante. Na Europa, o último campeão inédito foi o Borussia Dortmund, em... 1997! Esse ano o Chelsea quase repetiu o feito, mas ficou no quase. De lá pra cá, a América do Sul viu campeões inéditos em 1998, 1999, 2004, 2006 e verá de novo em 2008. E com três decisões entre "calouros" - além dos já citados Vasco x Barcelona e Fluminense x LDU, houve também o Palmeiras x Deportivo Cáli de 1999.

Mas retomando: a chegada à decisão premia um bom momento que a LDU vive nos últimos anos. Não sei como o time se portou nos campeonatos locais, mas me termos de Libertadores é fato que a LDU se tornou a principal referência equatoriana. Como santista, sei bem; o Santos teve a LDU como adversária em 2004 e 2005. Em 2004, inclusive, imprimiu um sufoco danado ao Santos nas oitavas de final. O Peixe perdeu lá por 4x2, venceu aqui por 2x0 e só avançou nos pênaltis (bons tempos em que não havia a "regra dos gols fora"). O São Paulo também sentiu a força equatoriana: na fase de grupos de 2004, levou 3x0 lá em Quito.

Vale lembrar que entre as seleções o Equador vem se consolidando como a quarta força do continente. Nunca havia disputado uma Copa do Mundo; se classificou em 2002, repetiu a dose em 2006 e é favorito a ter uma das vagas sul-americanas para 2010. Quem sabe um título de Libertadores não é o que o Equador precisa para ser mais respeitado no mundo do futebol?

quinta-feira, junho 05, 2008

O Fluminense sempre fez história

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Pouco antes do início da partida semifinal entre Fluminense e Boca Juniors, o locutor da Sportv, Luis Carlos Junior, perguntou ao ex-atleta e comentarista Junior se aquela era a maior partida da história do Fluminense. Fugindo totalmente do que seria o lugar comum, o rubro-negro respondeu que não sabia, pois o Tricolor era um clube centenário e para afirmar isso era preciso conhecer a fundo a história do Flu.

Nada mais correto. Alguns torcedores acham que não existia futebol antes da Libertadores, que começou a ser disputada em 1960, ou antes do Campeonato Brasileiro, iniciado em 1971. Mas havia. E muitos times faziam história já naquela época, com grandes exibições e dando craques fabulosos para o esporte mais popular do mundo. O Fluminense era uma dessas equipes.

Confesso que, depois das atuações apenas regulares nas oitavas-de-final e do primeiro jogo contra o São Paulo, achei que o Tricolor carioca não tinha a tal “cara de Libertadores” que tanto se fala das equipes que vencem o torneio sul-americano. Mas depois mostrou que possuía não só a feição vencedora, como também tinha aquilo que mais fascina no futebol: talento. Talento para continuar escrevendo sua bela história.

A vitória contra o São Paulo, com um gol no final, já havia sido um feito dramático. O empate com o Boca na Argentina, um belo resultado. Mas pairava a dúvida. Será que o Flu conseguiria repetir a façanha de superar o time argentino na Libertadores, algo só realizado pelo Santos de Pelé em 1963?

O primeiro tempo correu com o Tricolor segurando o jogo, tocando a bola e esperando o Boca. Os argentinos atacavam, mas não com tanto ímpeto, embora tivessem a iniciativa das ações. Riquelme aparecia pouco, e as jogadas portenhas aconteciam pelo lado direito, aproveitando a deficiência de marcação de Ygor e os avanços do ala Gabriel, que ataca bem mas marca mal. Uma chance do Flu, duas do Boca. E 0 a 0 no final da primeira etapa.

As emoções estavam reservadas para o segundo tempo. O Boca marca aos 12, em uma jogada típica. Datolo ginga no lado esquerdo do ataque. Enquanto ele baila, Palermo vai e volta duas vezes e se livra do marcador. E quem marcava o artilheiro era Thiago Neves, mostrando o quão ruim é quando o time recua pra só se defender. A volta de atacantes ou meias para a intermediária desarruma toda a marcação, a não ser que a retranca seja a tônica da equipe, o que não é o caso do Fluminense. A bola vem açucarada e o atacante faz aquilo que sabe fazer.

A partir daí, pensei “mas que time encardido.” Um ensaio de catimba, espaços se abrem para o contra-ataque, o toque consciente dos argentinos... Parecia tudo perdido. Mas Renato Gaúcho colocou Dodô no lugar de Ygor. E ele sofreu uma falta próxima à área. Washington cobrou magistralmente aos 17 minutos. Não deu tempo para o Boca dominar de forma completa a partida.

O visitante encurrala, ataca, mas aos 25 o argentino e torcedor do River Dario Conca domina pela esquerda. Olha pra área e cruza. A bola desvia em Ybarra e pega o goleiro Migliore no contrapé. Um tento salvador. Entre os 27 e os 35, só dá Boca. Uma pressão incrível, um ritmo eletrizante, com grandes intervenções do pouco confiável e rebatedor Fernando Henrique, tão vaiado em outras ocasiões pela torcida tricolor. Com justiça, diga-se. Mas era também a noite dele.

Então, pela primeira vez, vi um lance nada usual nas partidas da equipe de coração do ex-craque Maradona. Ao invés de sair jogando, o goleiro deu um chutão pra frente. O Boca, sempre inabalável, parecia tenso. Nervoso. Com medo. O Fluminense estocava, criava chances no contra-ataque, era dono da situação, mesmo acuado. E foi em uma saída errada de Palácio que Dodô, aos 47, acabou com a pose portenha. Festa no Maracanã. Eu, que não torcia nem para um, nem para outro, comemorei o gol carioca. Desta vez, o Maracanazo foi deles.

Nas arquibancadas, um Chico Buarque rindo como criança festejava com a filha Sílvia. Junto deles, os torcedores, quase 85 mil, cantavam e se emocionavam. Lá de cima, Castilho, Telê Santana, Preguinho, Didi e tantos outros que fizeram do Tricolor o que ele é, sorriram junto com Nelson Rodrigues, que caçoava dos "idiotas da objetividade". E quem sempre fez história, continuou fazendo.

Mais Fluminense:

E o Tricolor tá na final.
Cala-te, Boca!!!

Corinthians dá grande passo para o título

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O Corinthians recebeu o Sport e sapecou um 3 a 1 bem dado, que poderia ter sido mais. Os gols foram de Dentinho (que deu passe para o gol de Herrera), Herrera (que deu passe para o gol de Acosta) e Acosta. Enilton diminuiu para o rubro-negro, aos 45 minutos.

O Timão entrou pressionando e arrasou o Sport no primeiro tempo. Aos 20 e poucos minutos já estava 2 a 0 e Dentinho e Carlos Alberto haviam perdido outras três boas chances. Virar 4 a 0 não teria sido absurdo.

No segundo tempo, o Timão recuou para tentar matar o jogo no contra-ataque e deu espaço aos pernambucanos, que abafaram. Não gosto desse tipo de postura, mas adore o gol na roubada de bola de Herrera, o nome do jogo. O alvinegro teve mais uns dois contra-ataques perigosos, mas não ampliou.

No abafa, o Sport obrigou Felipe a pelo menos uma excelente defesa, em cabeçada no cantinho. No finalzinho, Carlinhos Bala fez um salseiro na defesa corintiana e a bola caiu no pé de Enilton, que diminuiu no cantinho.

O gol no final fez o passo corintiano parecer menor do que foi. O Mauro Beting chama a atenção para o fato de que nenhum time jamais tinha feito três gols num jogo de ida de final de Copa do Brasil.

O Timão tem agora a vantagem de poder perder por 1 a 0 ou empatar com qualquer placar. 2 a 0 dão título ao Sport, 3 a 1 leva para os pênaltis, e demais vitórias pernambucanas por diferença de 2 gols dão o título ao Corinthians. A vantagem é boa, sim senhor, ainda que pudesse ter sido maior.

A imprensa está fazendo um auê com o gol do Sport, chamado de “gol duplo” pela Folha. Claro que o gol fora ajuda, mas, de minha parte, nem que tivesse sido 3 a 0 eu comemoraria antecipadamente. O Sport é time grande e tem matado os jogos em casa. Considerando os outros placares do Sport na Copa do Brasil dentro da Ilha do Retiro (4 a 1 na porcada, 3 a 1 no Inter, 2 a 0 no Vasco), percebe-se que o time pernambucano tem bala pra virar. Mas acredito que, se jogar com a seriedade que jogou ontem, especialmente no primeiro tempo, o Corinthians leva o título.

Para diminuir o ímpeto dos secadores de todo o país, uma ilustríssima ajuda sobrenatural: praga lançada pelo Zé do Caixão contra os anti-corintianos, gravada em entrevista exclusiva com o cineasta José Mojica Marins feita pela equipe do Futepoca. Cuidado, infiéis!