Destaques

Mostrando postagens com marcador PSDB. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PSDB. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, setembro 08, 2014

Fófis

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


quinta-feira, setembro 04, 2014

Escolinha do Professor Geraldo

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


terça-feira, agosto 19, 2014

Eterno Deus Mu dança: mudar está na agenda da campanha

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A canção de Gilberto Gil sobre o Eterno Deus Mu Dança bem poderia ter embalado parte dos protestos de junho de 2013. Pra quem não conhece a canção, o ex-PV e ex-ministro fez, em meados dos 1990, a despeito do trocadilho, uma composição clamando por transformações sociais e culturais.



Mudança.

Ouviram do slogan do finado Eduardo Campos e de Marina Silva: "Coragem para mudar".
O nome da coligação do oposicionista Aécio Neves é "Muda Brasil".

No site de campanha da presidenta Dilma Rousseff, está lá: "mais mudança, mais futuro". O site de apoio ainda se chama "Muda Mais".

Lemas de campanha são formatados a partir de pestana queimada por marqueteiros com base em muita pesquisa qualitativa e outra dose de intuição. Se fosse só a oposição pautando a mudança, nada de inusitado. Quando a situação encampa a palavra-chave, mesmo que dentro de um direcionamento diferente, #significa.

Quem quer tanta mudança?

Em junho de 2013, mais ou menos 1% da população brasileira foi às ruas protestar. Justo e legítimo. Contra tudo o que está aí, jovens saíram às ruas como nunca antes na história da República. Havia menos agenda do que vilões; menos propostas do que críticas. Quando sobram motivos para reclamar, nem se pode cobrar tanto a elaboração completa de soluções.

Nenhum candidato representa, plenamente, os anseios daquilo. Até porque nem os próprios manifestantes eram tão coesos no "contra tudo o que está aí". Mas todo mundo precisa se posicionar.

Para Dilma, há dois filões. Um, petista, que clama por mais medidas de transformação social e por retomada de reformas mais profundas que, num certo ideário, pautaram parte dos governos Lula. Tem a cota de saudade do barbudo, outrora sapo, outrora mais barbudo. Outro filão diz respeito a uma turma que reconhece que o Brasil melhorou em alguns aspectos mas que falta avançar em outros.

Aécio é ícone oposicionista. Precisa querer mudar tudo o que puder sem lhe tirar votos. Bolsa Família, ProUni, Mais Médicos? Nada disso muda. O discurso é que tudo isso precisa ser mais bem gerido, mas tudo permanece. Mudança de fato vai em corte de ministérios e na retomada do tripé macroecômico.

Marina Silva, herdeira da chapa de Eduardo Campos, aposta que pode ser a representante de quem quer mudar em relação à polarização PT-PSDB. Mudar em relação ao que foi Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 2002, Luiz Inácio Lula da Silva de 2003 a 2010 e Dilma Rousseff de 2011 a 2014. Plebiscito só sobre maconha e aborto, embora já tenha defendido a medida para reforma política e união homoafetiva (ainda que haja controvérsias).

O que pode continuar?

Candidato nenhum irá propor o fim de programas bons de voto. Mas a profundidade da tal mudança que está no ar -- transposta nos slogans marqueteiros -- é uma incógnita. É atribuída ao mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, sobrinho de José Bonifácio, a síntese do reformismo: "Façamos a revolução antes que o povo a faça". Fácil recorrer a ela numa hora dessas.

Mas o apagão de campanha da última semana é inédito nas seis mais recentes disputas presidenciais. Uma semana sem atividades significa que no caldeirão político em que se cozinha o eleitorado em fogo brando, os pedaços sólidos dessa sopa tiveram tempo para decantar. Quando for retomada a movimentação dessa panela, haverá um cenário decantado, modificável, mas mais cristalizado sobre os apontamentos futuros.

A morte trágica de Eduardo Campos trouxe mudanças sobre os rumos da corrida eleitoral. Bem mais palpável do que o que possa ser alterado a partir de janeiro de 2015.

quarta-feira, abril 16, 2014

Projeto principal da oposição: contra os trabalhadores

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Armínio e Aécio: pelo mínimo mais mínimo
"O salário mínimo está muito alto." A afirmação do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (nos tempos bicudos de FHC) e escolhido pelo candidato tucano à presidente Aécio Neves como seu futuro ministro da Fazenda, não chega a surpreender. Fora o fato de que fornece uma oportuna lenha para a imprensa queimar e jogar fumaça sobre a notícia de que o governo federal projeta valor de R$ 780 para o mínimo a partir de 2015, um aumento nada desprezível de 7,7% sobre os R$ 724 atuais, a declaração apenas corrobora o único projeto nítido, coeso e concreto da oposição brasileira: desmerecer, desacreditar e destruir toda e qualquer política voltada para os trabalhadores.

Campos e Jorge Bornhausen: a 'nova política'
Mês passado, o outro candidato de oposição, Eduardo Campos (PSB), já havia soltado - despudoradamente - outra pérola que faz côro com o economista preferido de Aécio Neves: "Não tem mais como crescer pela quantidade [de trabalhadores] no mercado de trabalho." Traduzindo: para Campos, parceiro de Marina Silva, o Brasil não pode basear seu crescimento econômico na geração de emprego (e renda). Detalhe: o absurdo mereceu o aplauso de alguns dos mais significativos "escudeiros" de sua campanha, gente do naipe do ultra-reacionário PFL-DEM Jorge Bornhausen, do "cristão novo" Heráclito Fortes e do tucanaço Pimenta da Veiga. Resumo da "nova política" anunciada pelos novos "salvadores da Pátria" Eduardo e Marina...

Aécio e Merval: convergentes
Ano passado, o camarada Glauco chamou a atenção, aqui neste blog, para o discurso do Merval Pereira, um dos baluartes do conservadorismo na mídia nacional, a respeito das manifestações das centrais sindicais durante os protestos de rua de junho (o grifo é nosso): "As reivindicações eram coisas muito específicas da classe trabalhadora." "Ou seja", concluiu o Glauco, "como o trabalhador, pelo silogismo mervaliano, não é 'povo', suas bandeiras não interessam ao resto da sociedade". Exato. Merval é símbolo da imprensa elitista que critica diuturnamente políticas como a progressiva valorização do salário mínimo (acertada por Lula com as centrais, em 2007) e a permanente geração de postos formais de emprego.

José Serra e Maria Helena de Castro
É um discurso que agora tem convergência entre os candidatos de oposição Aécio Neves (via Armínio Fraga) e Eduardo Campos, mas que é recorrente entre políticos e gestões conservadoras. Em 2007, o mesmo camarada Glauco reproduziu, no sarcástico post "Ganhar pouco é bom para o trabalhador", a estapafúrdia declaração da então secretária estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, de que "não há uma relação direta entre salário e qualidade do ensino" - para "justificar" a mixaria paga pelo então governador José Serra aos professores (situação que se agravou decisivamente nas gestões do PSDB, com Mário Covas, Geraldo Alckmin e o próprio Serra). O trabalhador sempre ficou ostensivamente em último plano.

Pois é. Não é a toa que um certo partido apanhe tanto, desde quando surgiu, por se denominar "dos trabalhadores". Essa é, talvez, a bandeira mais ofensiva e perigosa para a classe dominante brasileira. E não foi a toa que a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, tenha afirmado recentemente, durante um evento em Porto Alegre: "Jamais enfrentamos a crise à custa do trabalhador." O "recado" confirma que o discurso, ou melhor, o projeto maior da oposição, é mesmo o de conter, castrar e "enquadrar" a classe trabalhadora. Seja afirmando que "o salário mínimo está muito alto" ou que o crescimento econômico não pode se basear na geração de empregos. Se você é trabalhador, já entendeu o que está em jogo.

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Feito para você, reacionário

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A suposta agenda do banco Itaú: 'revolução' para designar o golpe militar de 64
Depois de ler que a agenda distribuída como brinde pelo banco Itaú traz, na página do dia 31 de março, o registro do "aniversário da revolução de 1964" (clique para ler aqui), vejo agora, também, que a referida publicação registra, no dia 25 de outubro, o "suicídio de Vladimir Herzog" (clique para ler aqui), jornalista que foi torturado e morto pelo regime militar. Não posso cravar que seja verdade, apesar de muita gente estar reproduzindo na internet a página sobre a "celebração" da "revolução" (foto acima). Procurei, mas não encontrei, a reprodução da página sobre o Herzog. Porém, se a tal agenda "sem noção" for mesmo verdadeira, podemos conjecturar que o Itaú, ao lançar o slogan "Feito para você", teria deliberadamente como alvo um público, no mínimo, "reacionário". Aliás, algumas notícias recentes - e outras nem tanto - sobre o banco dão ainda mais o que pensar sobre o assunto...

O Bope e o assédio moral
Senão, vejamos: em junho do ano passado, vazou uma acusação de que o Itaú teria contratado, no Rio de Janeiro, um oficial do temível Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) para uma palestra denominada "motivação". Segundo a denúncia, "o oficial do Bope enfatizou que os fracos não têm vez no mundo competitivo" (clique para ler aqui). Mais uma vez, concedamos ao banco o benefício da dúvida. Mas que há probabilidade de ter acontecido, ninguém duvida. Afinal, naquele mesmo mês de junho de 2013, a Justiça havia condenado o Itaú por "assédio moral organizacional" em São Bernardo do Campo (clique para ler aqui). Na sentença, o juiz disse que "o banco reclamado imputa carga de estresse aos seus empregados por conta, única e exclusiva, de adoção de política organizacional voltada, primordialmente, para o contingenciamento de custos".

Protesto contra o banco Itaú: campeão nacional de lucros e demissões em 2011
Lucro recorde e o 'amigo' Serra
Essa política de pressão extrema sobre os funcionários para conter gastos e superar metas teria levado o Itaú, em 2011, a ser o campeão de lucros e de demissões no país (clique para ler aqui). Só que o desempenho chamativo dos lucros da empresa não dependia só disso. Um exemplo de que as relações promíscuas entre público e privado rendem bons negócios foi que, em 2005, ao assumir a Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB) obrigou 210 mil servidores público ativos e inativos a ter uma conta no Itaú, cancelando as que tinham no Banco do Brasil, Banespa/Santander e Caixa Econômica Federal. A Folha de S.Paulo salientou que foi "um dos negócios mais cobiçados do mercado financeiro", com movimentação anual, na época, de R$ 15 bilhões (clique para ler aqui). Se o valor manteve-se neste patamar, o "favor" movimentou R$ 120 bilhões de 2006 pra cá.

'Principal foco' era o PSDB
Digo favor porque, "curiosamente", como observou a própria Folha, "o Itaú foi um dos maiores doadores da campanha de Serra à prefeitura. O banco deu R$ 1 milhão dos R$ 14,8 milhões que o tucano declarou ao Tribunal Regional Eleitoral ter recebido em 2004". A "camaradagem" entre o banco e político, aliás, já era tradicional. Segundo o site UOL, em 2002, o Itaú "contribuiu com cerca de 5,4 milhões de reais" para campanhas eleitorais, mas o PSDB era o "principal foco": "Do volume das doações, um total de 2,2 milhões de reais foram dirigidos ao então candidato tucano à Presidência José Serra, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou 250 mil reais, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral" (clique para ler aqui). Em 2010, Serra voltaria a tentar a presidência da República e o Itaú-Unibanco seria novamente seu maior doador (clique para ler aqui), com R$ 4 milhões.

Roberto Setúbal, presidente do Itaú-Unibanco, e José Serra: 'camaradagens'
Da Redecard à Rede de Marina
Depois da derrocada política de Serra, que perdeu a presidência em 2010 e a prefeitura de São Paulo em 2012, o Itaú começou a ensaiar outra "aliança". Em fevereiro do ano passado, a herdeira do banco, Maria Alice 'Neca' Setúbal, "assinou o cheque para patrocinar a festa dada (...) no evento de lançamento do novo partido de Marina [Silva]" (clique para ler aqui), a Rede Sustentável - de oposição ao governo de Dilma Rousseff (PT). O tal partido terminaria tendo registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que obrigou Marina a aceitar ser vice na chapa de Eduardo Campos (PSB). Mas isso não impediu a família Setúbal de mudar o nome da empresa de cartões Redecard para Rede (clique para ler aqui). Sim, claro, é tudo "teoria petista da conspiração" etc etc. Assim como o fato de Luciano Huck, de notória ligação com Aécio Neves e Joaquim Barbosa (leia aqui e aqui), ser garoto-propaganda do Itaú...

Enfim, eu poderia até ter poupado tanto blablablá sobre a postura da empresa, na última década, se lembrasse que o partido político criado para dar sustentação à ditadura militar, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), tinha como uma de suas figuras principais o banqueiro Olavo Setúbal (1923-2008), o dono do Itaú, que foi prefeito "biônico" de São Paulo de 1975 a 1979 - nomeado, sem eleições, pelo então governador Paulo Egídio. Nada mais coerente, portanto, que a agenda distribuída aos clientes na gestão do atual presidente do banco, Roberto Setúbal, seu filho (irmão da já citada 'Neca', amiguinha de Marina Silva), celebre o aniversário da "revolução" de 1964 - e na data mentirosa de 31 de março. Não é a primeira grande empresa nacional que agrada os generais. Tempos atrás, a família Frias amenizou o feroz regime militar como "ditabranda". Mas eu ainda conservo o direito de me espantar.

Se o Itaú foi "feito para você", tenho certeza absoluta que esse "você" não sou eu. E registro meus sinceros sentimentos à família do Vlado Herzog, que, depois de tanto sofrimento, é aviltada publicamente mais uma vez.

Até o macaco sentado no ombro do Huck sabe que ele é chapa do Aécio e do Barbosão

sexta-feira, novembro 08, 2013

Ilações perturbadoras

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Livro encaixa 'quebra-cabeça'
Se o livro "O Príncipe da Privataria", de Palmério Dória (Geração Editorial, 2013), não traz fatos inéditos, bombásticos ou provas documentais explícitas como "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr, lançado com estrondoso sucesso pela mesma editora no fim de 2011, pelo menos tem o mérito de fundamentar ilações muito perturbadoras para nós, brasileiros, sobre a personagem Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil. Para além de qualquer picuinha partidária contra ou a favor do PSDB, da corrupção incomparável e inegável das privatizações nos anos 1990, da dilapidação evidente do patrimônio nacional, das tramoias pessoais e políticas de FHC e parceiros, da compra de votos na aprovação da reeleição, do caixa 2 nas campanhas eleitorais e da impunidade geral de todos os envolvidos, há um pano de fundo nisso tudo que costura de forma lógica as causas e consequências e que, para mim, gera muito mais perplexidade.

FHC levou Serra para o Cebrap
Como disse, as afirmações podem não ser inéditas, mas faltava uma obra que encaixasse todas as peças do quebra-cabeça sobre a mesa, para uma visão panorâmica. Palmério Dória mostra, com clareza e embasamento, que a ascensão e execução das práticas neoliberais no cenário político brasileiro, causadoras de prejuízos financeiros, patrimoniais e sociais incalculáveis, foi um longo processo - planejado, construído e financiado desde os anos 1960. No capítulo 2, que resume a trajetória de Fernando Henrique Cardoso da infância até o início na política, o livro nos dá a chave para entender a origem do projeto colocado em prática no governo federal entre 1995 e 2002, como ele chegou ao poder e por quê fez o que fez: "No mesmo ano de sua expulsão da USP, [FHC] funda com outros professores universitários perseguidos o Cebrap, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. (...) A FF, Fundação Ford, entidade com sede em Nova Iorque, [é a] financiadora do Cebrap em seu nascedouro." 

FF isola oposições aos EUA
Isto posto, começam as (incômodas) ilações: "James Petras, sociólogo que lecionou na Universidade de Binghamton, estado de Nova Iorque, bem como outros intelectuais americanos, acusam a Fundação Ford de agir como testa-de-ferro da CIA. Petras documentou doações da FF para organizações criadas pela CIA a fim de intervir na política interna de outros países. Mostra ainda que Richard Bissell, ex-presidente da FF, era ligado a Allen Dulles, diretor da CIA (...). Outra acadêmica, Joan Roelofs, em Foundations and Public Policy: The Mask of Pluralism (Fundações e Política Pública: A Máscara do Pluralismo), de 2003, diz que entidades como a FF ajudam a isolar movimentos de oposição aos interesses americanos. Lembra que o presidente do Conselho da FF de 1958 a 1965, John J. McCloy, descreveu a entidade como 'uma quase-extensão do governo americano'." Essa é a Fundação Ford, que financia a criação do Cebrap de Fernando Henrique Cardoso...

Do Cebrap? Teria sido a CIA
"Uma das funções da FF era visitar o Conselho de Segurança em Washington para ver quais projetos deveria financiar no exterior. Patrocinou ainda programas para desestabilizar a resistência às ditaduras na Indonésia e outros países", prossegue o livro. Em seguida, cita outra obra, "Quem pagou a conta? - A CIA e a guerra fria da cultura", da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders, que prova com documentos que a FF canalizava secretamente dinheiro da agência americana para áreas culturais. Palmério Dória nos convida a seguir um silogismo: "1. CIA dava dinheiro à Fundação Ford; 2. Fundação Ford dava dinheiro ao Cebrap; logo, 3. Cebrap recebeu dinheiro da CIA." E para quê? Dória recupera duas afirmações interessantíssimas feitas pelo cineasta Glauber Rocha nos anos 1970: "No Brasil, o gancho do Pentágono é o Cebrap, que funciona em São Paulo" e "Fernando Henrique Cardoso é um neocapitalista, um kennedyano, um entreguista."

A obra agradou financiadores
Para reforçar o encontro da "fome com a vontade de comer", ou seja, do eterno objetivo de interferência dos EUA nos rumos do governo brasileiro e do desejo de FHC de ascender politicamente (e ganhar muito dinheiro), Palmério Dória ressalta que, no livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", de 1997, "a jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni pontua que os americanos não estavam investindo dinheiro à toa. Fernando Henrique já havia prestado 'serviço de qualidade': com o economista chileno Enzo Faletto, acabava de lançar Dependência e Desenvolvimento na América Latina, defendendo a tese de que países em desenvolvimento ou atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de países ricos - por exemplo os Estados Unidos." Bingo. A obra impulsionou FHC a criar uma entidade (Cebrap) credenciada a receber os gordos investimentos da Fundação Ford, "quase-extensão do governo americano".

O livro de Brigitte H. Leoni
Neste ponto, Dória usa o sarcasmo para nos fazer raciocinar: "Menos de dois meses depois do AI-5, o país vivendo o auge da fúria da ditadura, com centenas de novas cassações, cárceres lotados, tortura comendo solta, Fernando Henrique se prepara para tornar-se 'personagem internacional', a dar aulas e conferências em universidades americanas e europeias, com respaldo da Fundação Ford." Mas havia quem desconfiasse. O sociólogo Gilberto Vasconcellos observou que o Cebrap era visto "equivocadamente como resistência de esquerda". E esse objetivo de ganhar espaço na esquerda - e na política - brasileira acompanhava um projeto de enriquecimento (o grifo é meu): "[No] livro de Brigitte, lemos que FHC, administrador do Cebrap, certa vez disse: 'Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas." (Pausa para meu pasmo).

Hora do 'acerto': FHC no poder
De acordo com Palmério Dória, a primeira parcela entregue pelo tesoureiro da Fundação Ford, Peter Bell, ao administrador do Cebrap, FHC, em fevereiro de 1969, foi de US$ 145 mil. "Nunca se divulgou o total, mas na USP dizia-se que pode ter chegado a US$ 1 milhão". Depois de ler tudo isso, penso que teríamos que usar uma dose cavalar de ingenuidade ou otimismo para considerar que o dinheiro da Fundação Ford (ou da CIA) foi apenas uma doação, e não um investimento. E que a ascensão política de Fernando Henrique Cardoso não teria sido nem um pouco construída por esse investimento. E que o topo dessa mesma carreira política, a tomada do poder como presidente da República do Brasil, não teria que dar uma contrapartida ao decisivo investimento. E que a contrapartida não seria, obviamente, o alinhamento do nosso governo federal de forma "ampla, geral e irrestrita" (e incondicional) aos interesses econômicos e políticos dos Estados Unidos. Delírio? Paranoia? Mistificação? Teoria da conspiração? Só isso? Quantos brasileiros/eleitores sabem dessa história?

A Alca fazia parte do 'projeto'
Na campanha eleitoral de 2002, me lembro nitidamente de José Serra, escolhido pelo PSDB para suceder FHC na presidência (foi seu parceiro de exílio "dourado" no Chile, no Cebrap, no PMDB e na criação do PSDB), prometendo aliar o Brasil de imediato à Área de Livre Comércio das Américas, a finada Alca. Palmério Dória afirma que, "com a Alca (...), felizmente enterrada, estaríamos transformados em quintal verdadeiro dos Estados Unidos, não apenas metafórico. Não teríamos uma política externa independente, nem o equilíbrio comercial que constitui a China, 'nosso maior importador'. Antes nos limitávamos a Estados Unidos e Europa, 'e os dois foram para o buraco'. Agora, além da China, nos voltamos para toda a América Latina, ao passo que (...) Serra ataca Hugo Chávez, Cristina Kirchner, Evo Morales". Sim, escapamos disso. Mas milhões de brasileiros/eleitores defendem o PSDB, o governo de FHC e seu entreguismo (ou seria "Dependência e Desenvolvimento"?). E os Estados Unidos espionam um governo federal finalmente - e felizmente - não alinhado aos seus interesses (sabe-se lá com que interesses!). Enquanto isso, a Fundação Ford e o Cebrap vão muito bem, obrigado.

quarta-feira, outubro 02, 2013

Coincidências, meras coincidências...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

DADO CONCRETO Nº 1: Estudo divulgado ontem pela Fundação Perseu Abramo, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o Brasil segue reduzindo a desigualdade na repartição do rendimento do trabalho. Em 2012, houve queda de 0,4% no índice Gini, em relação a 2011. Com isso, pela primeira vez, o país apresentou índice abaixo de 0,5, o menor de toda a série registrada pelo IBGE, desde 1960.

DADO CONCRETO Nº 2: O mesmo estudo apontou, por outro lado, que três dos estados mais ricos país - São Paulo, Minas Gerais e Paraná - estão na contramão e, em 2012, elevaram a desigualdade de renda. Em porcentagem, nesses estados, a variação no índice da desigualdade na distribuição da renda mensal de todos os trabalhos das pessoas com rendimento na ocupação com 15 anos e mais, entre 2011 e 2012, foi de: + 2,82% no Paraná, + 0,08 em São Paulo e + 0,08 em Minas Gerais.

COINCIDÊNCIA Nº 1: A variação da desigualdade no país refere-se ao período de 2011 a 2012. Desde janeiro de 2011, os governadores desses três estados da região Sudeste são: Beto Richa (Paraná), Geraldo Alckmin (São Paulo) e Antonio Anastasia (Minas Gerais). Todos os três governantes são do PSDB. Em São Paulo, Alckmin cumpre o quinto mandato seguido de seu partido à frente do governo estadual. Em Minas Gerais, Anastasia sucedeu dois mandatos seguidos de Aécio Neves.

COINCIDÊNCIA Nº 2: No final de 2012, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou uma medida de grande impacto econômico para a população, a redução no preço da energia elétrica em até 18% para o consumo residencial e até 32% para indústrias, agricultura, comércio e serviços, os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina impediram que as empresas de produção de energia de seus estados - Cesp, Cemig, Copel e Celesc - aderissem ao plano do governo federal e baixassem as tarifas. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), é ex-DEM - partido que historicamente sempre esteve ligado ao PSDB.


quarta-feira, setembro 11, 2013

Tem sempre o dia em que a casa cai...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Benito quer 2,5 mas Metrô oferece só 1,1
Depois de desviar pelo menos R$ 425 milhões dos cofres público com um esquema de corrupção no metrô de São Paulo, o governo do PSDB quer usar a mesma companhia de transportes para tirar mais R$ 1,4 milhão do músico, cantor e compositor Benito di Paula. Isso mesmo: segundo notícia do site G1, o artista terá sua casa no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, desapropriada para as obras da Linha 17-Ouro. Ele e outros quatro vizinhos do mesmo quarteirão reclamam do valor pago pelos imóveis que, segundo os moradores, está abaixo do preço de mercado. Segundo Benito di Paula, o valor de sua casa estaria em torno de R$ 2,5 milhões.
“Recebi um comunicado dizendo que ia ser desapropriado no valor de 500 e poucos mil. O que eu compro com R$ 500 mil? Não compro nada. Aí eles melhoraram e o valor passou para R$ 1,1 milhão”, contou o artista.
A propriedade onde o artista vive há 28 anos, que está no trajeto previsto do monotrilho, tem 391 m² de área construída e um terreno com área total de 538 m², incluindo um estúdio musical. Irritado, Benito di Paula parece dar na música abaixo um recado ao governo de Geraldo Alckmin, gerente da Companhia do Metrô, de que o seu povo é pacífico, mas é melhor não ameaçar com despejo:

"A turma lá de casa é toda bamba
Não é de briga, mas é de amargar...
"




segunda-feira, agosto 26, 2013

Tire suas conclusões

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


"Inaugurado no começo de 1995, o único hospital de Arrais, um município muito pobre com apenas 12.000 habitantes fincado no Estado do Tocantins, teve de permanecer fechado por quatro anos. O motivo não poderia ser mais bizarro. Faltavam médicos que quisessem aventurar-se por aquele fim de mundo. O que o hospital oferecia não era desprezível: salário inicial de 2.000 reais e ajuda para moradia. Só há onze meses o hospital foi finalmente reaberto. O milagre veio de Cuba. Enfim, Arrais conseguiu importar cinco médicos da ilha de Fidel e, assim, abrir as portas do hospital. Não é um caso isolado. Outros hospitais de cidades que nem no mapa podem ser identificadas, como Augustinópolis, Dianópolis e Miracema, todas no Tocantins, também ficaram anos fechados e só foram reabertos após o desembarque da tropa vestida de branco de Cuba. Hoje, já existem 166 médicos cubanos espalhados por favelas de grandes cidades e nos mais distantes municípios de Estados como Roraima, Pernambuco e Acre. A maior concentração, com 56 médicos, fica no Tocantins."

Texto de Leonel Rocha (imagem acima), revista Veja, 20 de outubro de 1999.
Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Deixar o programa do Partido dos Trabalhadores comandar a política externa dá nisso. O governo brasileiro se vê obrigado a pôr os interesses nacionais em segundo lugar. Foi assim nas relações com o governo boliviano, conivente com o tráfico de drogas para o Brasil, nos aplausos ao autoritarismo venezuelano e nos milhões de reais emprestados pelo BNDES com juros camaradas à ditadura cubana, a maior pane para a reforma do Porto de Mariel. Não há sinal de que a subserviência aos planos aloprados do partido vá diminuir. Nunca os efeitos dessa afinidade entre o PT e a ditadura caribenha foram tão claramente contrários aos interesses dos cidadãos brasileiros quanto na decisão de importar 6.000 médicos cubanos. O anúncio foi feito na semana passada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, durante uma reunião com o chanceler castrista Bruno Rodríguez, em Brasília. Pelo projeto, os 'médicos' atenderão brasileiros em hospitais de regiões pobres ou distantes das grandes cidades. A medida terá no mínimo, dois efeitos negativos. Primeiro, vai pôr em risco a saúde dos pacientes. Segundo, inundará o interiorzão do Brasil com agentes de uma nação estrangeira politicamente arcaica."

Texto de Nathalia Watkins, revista Veja, 13 de maio de 2013.
Governo da presidenta Dilma Rousseff (PT).

domingo, agosto 18, 2013

Bernardinho do vôlei: candidato tucano a governador do Rio?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Deu no Brasil 247. O técnico de vôlei Bernardinho assinou sua ficha de filiação ao PSDB do Rio de Janeiro em julho e pode ser o candidato a governador pelo partido no terceiro maior colégio eleitoral do país. No estado que tem o governador mais impopular do Brasil, e sem nenhum franco favorito entre os quatro principais postulantes ao Palácio da Guanabara – a saber, Lindbergh Farias (PT), Anthony Garotinho (PR), Pezão (PMDB) e César Maia (DEM) –, os tucanos vão tentar emplacar um nome novo na política para ressuscitarem no Rio.

Bernardinho gosta de emoções fortes
De acordo com a matéria, o partido já tinha tentado Luciano Huck, Armínio Fraga e Pedro Malan, sem sucesso. Em abril, Aécio Neves, já havia feito convite a Bernardinho, aparentemente sem sucesso. Mas, de lá pra cá, o cenário político local mudou, o jogo está aberto e o PSDB vai testar o nome do treinador em pesquisas internas.

Para não dizerem que parte dos futepoquenses passou a falar mal de Bernardinho só porque ele se filiou ao PSDB, lembramos este post aqui e outros, nos quais foram discutidas algumas das características do treinador. Em um dos comentários, o companheiro Maurício definiu o esportista como “uma dessas figuras intragáveis e desnecessárias, que justificam sua truculência com as vitórias que obtêm. e muita gente no brasil, que gostaria muito de poder justificar um poder autoritário do qual fizesse parte, seja ele nacional ou simplesmente exercido na área de serviço de suas casas, levanta a bola desses caras e minimiza seus eventuais fracassos. muitas dessas pessoas compram jornais, outras tantas fazem jornais.” Parece até profecia...

Mas, enfim, sabe-se que parte da sociedade brasileira gosta de tal perfil autoritário e/ou com a pecha de “eficiente” em figuras políticas. Dado o cansaço com nomes tradicionais, é de se esperar não só no Rio, mas também em outros lugares, uma enxurrada de apostas em nomes novos e, no caso de Bernardinho, que faz palestras motivacionais para executivos, uma novidade conhecida de outra área e com verniz de campeão. Vai ser, no mínimo curioso.

Cabral mede o tamanho do tombo
Ninguém reina no Rio

A queda de Sérgio Cabral nas pesquisas é motivada por uma série de deméritos dele próprio e de sua equipe, contrastando com o perfil de poderoso cabo eleitoral em 2012 e até postulante a candidato a vice-presidente da República na chapa de Dilma Rousseff em 2014. Uma derrocada rápida, com alguns danos certamente irreversíveis.

Mas é uma característica da política fluminense, nesse período em que a eleição para governador voltou a ser por voto direto, a rotatividade de partidos no Palácio da Guanabara. Em 1982, Leonel Brizola (PDT) surpreendeu ao derrotar Moreira Franco (então no PDS). Quatro anos mais tarde, o próprio Franco, no PMDB, surfou na popularidade do Plano Cruzado de Sarney e derrotou o candidato brizolista Darcy Ribeiro.

Em 1990, já com eleição em dois turnos, Brizola não precisou do segundo para retornar com 61% dos votos, deixando o peemedebista Nelson Carneiro em um distante terceiro lugar. Porém, na eleição seguinte, o governador viu seu candidato, Anthony Garotinho, ser derrotado pelo tucano Marcelo Alencar no segundo turno. Garotinho, ainda no PDT, venceria em 1998, tendo como vice Benedita da Silva (PT) e derrotando César Maia (PFL) no turno final.

Benedita assumiu o governo com a saída do titular, que vai para a disputa da presidência da República e emplaca sua esposa, Rosinha Garotinho (PSB), em 2002, com vitória no primeiro turno. Já em 2006, Sérgio Cabral vence Denise Frossard (PPS) com vantagem de 68% a 32% no segundo turno, se reelegendo em 2010 com 66,08%.

Com tal cacife eleitoral, muitos davam como barbada a eleição do seu vice em 2014, o que seria algo inédito nesse Rio que não permite que o mesmo grupo político fique mais de dois mandatos seguidos à frente do estado e que, só no período aqui analisado, teve no Palácio o PDT, o PMDB, o PSDB, o PSB e o PT (este, por “herança” do titular). Tendo como parâmetro São Paulo, por exemplo, vê-se a diferença. De 1982 a 1990, todos os governadores paulistas foram do PMDB e, de 1994 até hoje, todos foram do PSDB. Se levarmos em conta que o governador eleito em 1994 e 1998, Mario Covas, foi nomeado prefeito de São Paulo por Franco Montoro e José Serra, eleito em 2006, foi secretário do mesmo Montoro (um dos fundadores do PSDB), a sensação de continuidade fica ainda maior...

Brizola e Garotinho: outros tempos
Outro ponto interessante da política fluminense é o fato de, apesar de nunca ter conseguido hegemonia, Leonel Brizola ter alavancado parte das figuras que passaram pelo Palácio do Guanabara e/ou que ainda estão na corrida pelo governo em 2014. Marcelo Alencar, que se elegeu pelo PSDB em 1994, foi presidente do extinto Banerj no primeiro governo pedetista e se elegeu prefeito do Rio em 1988, pelo partido. Garotinho, atualmente no PR, foi outra figura que se ergueu no brizolismo, tendo saído do partido em 2000 e migrado para o PSB. Já César Maia começou sua militância no Partidão (PCB), mas filia-se ao PDT em 1981 e torna-se secretário da Fazenda no primeiro governo Brizola, além de ter ocupado a presidência do Banerj, assim como Alencar. Após eleger-se deputado duas vezes pelo partido, vai para o PMDB em 1991, elegendo-se prefeito da capital um ano depois.

Mesmo com influência tal capaz de alavancar figuras de expressão que estão no cenário político até hoje, Brizola, em suas duas últimas eleições, foi coadjuvante. Na disputa pela prefeitura do Rio, em 2000, ficou em quarto lugar com 9,1% e, na eleição para senador em 2002, terminou em sexto, com 8,23%.

sexta-feira, agosto 02, 2013

Corrupção do PSDB, saia justa e ginástica dos jornais

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Capa que expôs o PSDB nas bancas do país
Como as acusações de corrupção e outras irregularidades contra os governos estaduais do PSDB em São Paulo estão repercutindo até lá na Alemanha, a "grande" imprensa brasileira bem que hesitou, mas não teve como esconder o megaescândalo de seus adorados tucanos. A revista IstoÉ foi a primeira a dar destaque como matéria de capa (leia aqui), resumindo que "em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa [Siemens] revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos" e que isso "lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos".

Em resumo, segundo a publicação, "desde que foram feitas as primeiras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o Ministério Público de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema." Com base nos inquéritos, a revista observou ainda que "só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões."

Sem saída, os jornalões, tradicionalmente preocupados em poupar os peessedebistas (vide silêncio orquestrado e constrangedor no episódio Privataria Tucana), se viram na saia justa de também ter que noticiar o escândalo internacional. Mas, claro, fazendo ginásticas para amenizar ou evitar dar nome aos bois - ou ao partido envolvido. O Estadão deu uma primeira materinha (leia a versão online aqui) citando o PSDB somente na última frase do pé do texto. E, até hoje, a versão impressa do jornal dos Mesquita não deu manchete de capa sobre o assunto. Já a Folha, da família Frias, noticiou pela primeira vez de forma ainda mais generosa (leia aqui), sem citar uma única vez nem o PSDB nem Covas, Serra ou Alckmin. Hoje, dez dias após a publicação gritante da IstoÉ, cuja capa expôs o "tucanato paulista" nas bancas de todo o país, a Folha de S.Paulo se dignou a dar uma manchete sobre o caso.

'Mensalão mineiro': saída para 'do PSDB'
Porém, a notícia bombástica de que a "multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo soube e deu aval à formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado" (acesse a versão online aqui) aparece na capa da Folha sob a manchete "Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens" (o grifo é nosso). Ou seja, o mesmo expediente de quando se veem obrigados a noticiar o Mensalão do PSDB, como já observou o Glauco aqui nesse post: escondem o nome do partido e usam "mensalão mineiro" nos títulos e manchetes - como exemplo, clique aqui para ver materinha sobre mais esse assunto espinhoso ao PSDB publicada pela mesma Folha de S.Paulo. Aliás, a artimanha "mensalão mineiro" já foi utilizada em uma capa da mesma revista IstoÉ que agora decidiu escancarar os termos explícitos "propinoduto do tucanato" e expor as caras de Covas, Serra e Alckmin nas bancas (certa música dos Titãs comentaria: "Alguma coisa aconteceu/ Inevitável, acidente...").

É óbvio que, se o partido fosse outro, a manchete diria que o aval para o cartel teria sido dado pelo "governo do PT", "governo petista", "governo Lula", "governo Dilma" etc. Como eu já disse aqui, é dessa forma que se constroem "bandidos" e "mocinhos" para o público consumidor de informações. Ou, como já dizia Malcom X, "se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas - e amar as pessoas que estão oprimindo." E é curioso como essa frase se aplica perfeitamente à notícia publicada ontem pelo Estadão: "Alckmin rebate críticas de Dilma e cobra investimentos federais em metrô"...

Só no 'Dia de São Nunca' essa manchete diria 'Governo DO PSDB deu aval a cartel...'

PÓS SCRITPTUM - Tava demorando: a mesma Folha de S.Paulo, agora, já cumpre o habitual papel de "assessoria de imprensa" tucana e, impossibilitada de rotular o caso de "trololó petista", denuncia que o megaescândalo envolvendo o PSDB (farto de provas no Brasil e no exterior) não passa, na verdade, de um "trololó Cadista"...

Os jornalões nunca dizem que tem alguém querendo 'prejudicar' quando o rolo é do PT

quarta-feira, junho 12, 2013

Sutilezas semânticas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


segunda-feira, junho 10, 2013

'Onda de retrocesso moralista'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Há três anos, publiquei alguns posts, aqui no Futepoca, sobre o "cerco" que governos e legisladores moralistas estavam fazendo, no Estado de São Paulo, contra nós, os boêmios. Começou com a lei antitabagista de José Serra, que, se por um lado é louvável pela preocupação com a saúde dos fumantes passivos, por outro é nada menos que fascista por ser totalitária e não prever locais desobrigados de cumprir a Lei ou setores reservados nos estabelecimentos como opção aos fumantes (afinal, estamos numa democracia). Depois vieram mais medidas moralistóides e, agora, a investida é contra quem dirige alcoolizado.

Sim, claro, é completamente errado: ninguém pode dirigir bêbado. Mas a sutileza tucana sempre é a de cortar tudo, sem brechas, em vez de prever exceções e/ou dar opções - como, por exemplo, garantir transporte público de qualidade e por preço razoável ou colocar o metrô para funcionar 24 horas. Por isso, sem mais rodeios, reproduzo na íntegra o excelente artigo de Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha, publicado hoje:

B de bêbado

Os tucanos de São Paulo acabam de contribuir para a onda de retrocesso moralista por que passa a legislação no país. O deputado estadual Cauê Macris propôs, e seus colegas aprovaram, a "ficha suja" para motoristas acusados pela polícia de dirigir embriagados.

Se o governador Geraldo Alckmin sancionar o texto - com o qual já disse simpatizar -, estará criada uma punição moral no Estado supostamente mais moderno da nação. O Detran passará a publicar o nome de todo cidadão cuja habilitação for cassada sob a acusação de conduzir com a "capacidade psicomotora alterada".

Para a humilhação pública tornar-se mais eficaz, que tal estampar também a foto do acusado? E divulgar ao final da novela e nos intervalos do "Jornal Nacional"?

Podemos adotar o método das autoridades de Ohio, nos EUA. Consiste em obrigar o apenado a usar no seu veículo uma placa de cor di-ferente, amarela e escarlate, para que todos saibam do seu crime.

Outra opção é o castigo dos puritanos que colonizaram o norte da América no século 17. Todo motorista acusado de dirigir bêbado será obrigado a ostentar, na parte da frente da roupa, uma letra B garrafal. Em azul e amarelo, cores do PSDB.

Que os execrados possam perder o emprego, ou ver explodirem seus custos com seguro, não é problema para nossos novos moralistas. Pelo contrário, esse é o efeito desejado pelo deputado Macris.

Tampouco os incomoda a perda da habilitação ser sanção apenas administrativa, que não passa por juiz. Delegados e burocratas do Detran terão o poder discricionário de expor o indivíduo à humilhação.

Isso importa menos diante da tentação de apelar aos anseios por vingança, e pela depuração de hábitos de vida, latentes em parte do eleitorado. Serve também de cortina de fumaça para o fracasso das autoridades na aplicação das leis vigentes.

sexta-feira, junho 07, 2013

A massa cheirosa paulistana se diverte

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Rosas para as dondocas, porrada no povo
Quinta-feira à noite na maior cidade da América Latina, capital do Estado mais rico do país. Enquanto a polícia do governo alckmista descia a porrada em estudantes e sindicalistas em plena Avenida Paulista, tucanos de todas as plumagens, puxa-sacos, novos ricos deslumbrados, potenciais atropeladores de ciclistas, artistas globais, pseudo-celebridades e espertalhões que seriam enquadrados fácil, fácil em muitos dos artigos do Código Penal se reuniam no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, para um jantar beneficente. Quem tiver estômago, confira a coluna de Mônica Bergamo de hoje, na Folha de S.Paulo - página E2, caderno Ilustrada.

Marido marqueteiro do PSDB é só um acaso
Está lá o (des)governador, sorridente, cobrando R$ 400 por pessoa para o projeto Padarias Artesanais, de sua querida esposa, Lu, que preside um tal de Fundo Social da Solidariedade. Mas a verdadeira padaria estava ali mesmo na festa tucana, produzindo a tal massa cheirosa da Eliane Catanhede - que, por mero acaso, é casada com um marqueteiro do PSDB. E, falando em matrimônio, o casal Geraldo e Lu Alckmin é aquele mesmo que não teve pudor de, investido das funções de governador e primeira-dama, cortar a faixa na inauguração da loja para milionários Daslu. Será porque a filha deles trabalhava na polêmica loja?

Política pública: inaugurar loja de contrabando
Aliás, o escândalo de contrabando na Daslu é, até hoje, "o segredo de Sophia" (Alckmin) - e talvez isso tenha alguma relação com a menção ao Código Penal no primeiro parágrafo... Mas não estraguemos a festa tucana, afinal, Geraldo Alckmin sempre foi um dos defensores mais aguerridos da "ética", da "moralidade" e dos "bons costumes" - vide o episódio em que algumas das "manifestantes" endinheiradas do Movimento Cansei (pausa para um sorriso maroto do Cláudio Lembo), como Ana Maria Braga e Regina Duarte (MEDO!) compareceram, naquela mesma época, ao casamento da  filhinha do governador.

Kherlakian entretendo tucanos no rega-bofe
Puro acaso, mera coincidência. Trololó petista, diria o probo e honesto José Serra. Voltemos, pois, ao que interessa, o rega-bofe tucano de ontem à noite, espécie de "baile da Ilha Fiscal" do Império Alckmin. A colunista Mônica Bergamo destaca a presença de Reinaldo Kherlakian, "cantor" e herdeiro da Galeria Pagé, na região da rua 25 de Março (olha o Código Penal aí outra vez...). Observa, com deleite, que ele cria "araras, minicavalos, cães, minivaca, burro, zebra e até um tigre-de-bengala" em sua casa (por que não tucanos?) e que "estreou ternos de João Camargo e Ricardo Almeida e sapatos Louboutin cravejados de cristais Swarovski, comprados em Nova York". Nada mais PSDB e massa cheirosa do que isso!

Claudia Raia reviveu glamour da Era Collor
Também estava lá Claudia Raia, cabo eleitoral de Fernando Collor em 1989, e Moacyr Franco, outro que mantém estreitas relações com o tucanato. Mas a nota engraçada da festa Alckmista foi que, no Estado mais rico do país, onde quem consegue sobreviver à dengue pode sucumbir à violência e criminalidade, que batem recordes há meses, até as dondocas estão alarmadas com a insegurança. "É uma coisa impossível o que está acontecendo", reclamou Regina Manssur, ex-Mulheres Ricas, programa educativo da TV Bandeirantes. "Alguma coisa tem que ser feita. Na questão da segurança, estou insatisfeita com o meu candidato", acrescentou a advogada, que, assim como Kherlakian, reside no Morumbi - o bairro campeão de assaltos na capital (e onde também está o Palácio dos Bandeirantes da festança de ontem, resumo da suprema vergonha que é a gestão tucana). Detalhe: o tal "candidato" da mulher rica, Alckmin, é o dos massacres de maio de 2006 e de relações cordiais com o PCC.

Sonho da elite paulistana é reviver a 'Redentora'
Diante de tanta violência, a canseira do Movimento Cansei deu as caras: "Estamos cansados de ver tragédias horrendas acontecendo", reclamou a dondoca Helena Mottin, nas (grandes) fuças do (des)governador. O melhor foi o comentário do magnata da Galeria Pagé, Kherlakian: "Ele (Alckmin) não tem culpa. O que ele pode fazer? Tem que modificar todas as leis. Teria que começar lá no Congresso". Muito bom, muito bem. O sonho dessa gente é mesmo fechar o Congresso, botar os milicos no poder e todos esses petralhas na cadeia. Mandar a "gente diferenciada" pra longe de Hiegienópolis. Marchar com  a família e com Deus pela "liberdade". Polícia? Só pra bater em estudantes e sindicalistas e pra matar jovens pobres e negros. Um brinde, Dona Lu! Viva a vossa padaria! Viva a massa cheirosa!

E paro por aqui, porque não aguento ficar tanto tempo tampando o nariz.

segunda-feira, abril 22, 2013

PSDB já estuda impedir o São Paulo de jogar de vermelho

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Inconformados com a notícia de que o São Paulo jogará com camisas vermelhas contra o Penapolense no próximo domingo, os dirigentes do PSDB já estudam entrar com uma representação contra o clube - a exemplo do que fizeram quando a presidente Dilma Rousseff apareceu trajando roupa de cor semelhante em pronunciamento oficial na TV, em janeiro deste ano. O "surto comunista" do time, com a desculpa de que vai homenagear o estádio do Morumbi com "a cor da raça", surpreendeu gregos e troianos (ou melhor, petistas e tucanos). Afinal, o clube sempre demonstrou maior apreço pelo lado azul e amarelo da força: recentemente, convidou peessedebistas de alta plumagem para camarotes vips em shows de rock e teve seu maior ídolo, o goleiro (narigudo como o bicão de um tucano) Rogério Ceni, declarando voto em José Serra, entre outros episódios de menor repercussão. Ceni, aliás, jogou com camisa azul contra o Atlético-MG e não deve  ter gostado nem um pouco desse uniforme "pró-PT" que o time usará nas quartas-de-final do Paulistão. Falando em PT, militantes ironizam a sanha anti-vermelho dos adversários e observam, por exemplo, que o jogo da TV, às 16 horas de domingo, será o da Ponte Preta contra o Corinthians - e o time de Parque São Jorge ostenta no peito o azul e amarelo da Caixa Econômica Federal (e do PSDB). Antes que (mais) alguém comece a pensar (mais) besteira, a diretoria do Palmeiras já adiantou que não tem qualquer relação com o PV.

quarta-feira, abril 17, 2013

O povo não é bobo: tucana é a Rede Globo!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Há exatos três anos, fiz um post aqui comentando a cara de pau da Rede Globo de aproveitar seu aniversário de 45 anos para fazer um vídeo safado remetendo descaradamente à campanha presidencial do tucano José Serra - ao pisar e repisar sete vezes a palavra "mais" em míseros 30 segundos (além de incluir "Brasil, muito mais"), aludindo ao mote "O Brasil pode mais", slogan eleitoral do PSDB naquela ocasião. Teve gente que ironizou, dizendo que a esquerdalha tava procurando chifre em cabeça de cavalo, pois a emissora não tinha culpa de completar 45 anos justo em ano de eleição presidencial, sendo 45 o número do PSDB.

Mas criar um vídeo "institucional" de aniversário da empresa com artistas falando coisas que não têm nada a ver com isso, como "mais educação e saúde", pareceu palanque explícito. Tanto que a Globo vestiu a carapuça e tirou o vídeo do ar, passando o vexame de dizer que ele havia sido feito em 2009 quando, descobriu-se, tinha sido feito mesmo naqueles dias de campanha eleitoral. Coisa feia.

Pois bem, três anos depois, o mesmo golpe volta a ser aplicado: na terra do tucano Aécio Neves, a Globo Minas, cuja emissora regional completa 45 anos em 2013, resolveu ressuscitar a campanha nacional cancelada em 2010 e usar o gigantesco 45 (com a palavra "anos" bem pequena) nos carros de reportagem da emissora. Abaixo, foto de alguns carros da empresa estacionados na Assembleia Legislativa, em Belo Horizonte. Não basta bolinha de papel e tomate. Tem que vestir a camisa (da campanha). Alguém aí consegue imaginar do que a Globo será capaz até as eleições de 2014?

Globo 45 e PSDB: TUDO A VER!



quinta-feira, março 14, 2013

'Vocês vão ter que me engolir!'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Papa Francisco I foi eleito no dia 13 de março. De 2013.

Somando 13/03/2013, temos: 1 + 3 + 0 + 3 + 2 + 0 + 1 + 3 = 13.

E o Papa tem 76 anos. Somando: 7 + 6 = 13.

Além disso, "Papa Francisco" tem 13 letras.

Assim como "Papa argentino" tem 13 letras.

O PT já avisou que não tem nada a ver com isso.

Dilma Rousseff acrescentou que, se o Papa quiser vestir vermelho, o problema é dele.

O PSDB, por via das dúvidas, vai entrar com representação contra o Vaticano.

E o católico Mário Jorge Lobo Zagallo está exultante, sem dúvida...


segunda-feira, março 04, 2013

'Crise de gestão'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Pois é. Assim como no episódio da cratera do metrô, em 2007, o governo estadual de São Paulo também se isentou de responsabilidade pelo deslizamento de terra na Rodovia dos Imigrantes, em 22 de fevereiro, que matou uma mulher e atingiu 23 veículos e uma carreta. Para reforçar, o governador Geraldo Alckmin anunciou que vai investigar a concessionária Ecovias. Mas vejam que curioso: em dezembro, dois meses antes do acidente, o governo tucano renovou a concessão da Ecovias por mais um ano e meio, em troca de algumas obras. O prazo da concessão terminaria em 2023 e vai se prolongar até 2025. A empresa já controla a Rodovia dos Imigrantes desde 1998, nos tempos do governo de Mário Covas, passando pelos também tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.

Em artigo publicado na coluna "Cidade S.A.", do site IG, Rubens de Almeida afirma que a Rodovia dos Imigrantes "enfrenta uma evidente crise de gestão,  acompanhamento e prevenção de acidentes nas encostas da Serra do Mar". Sim, crise de gestão por parte da Ecovias, aquela na qual o governo do Estado confia para administrar a estrada há 15 anos, e confia tanto que prolongou o fim do contrato para daqui a mais 12. Governo do PSDB, aquele partido que gosta de arrotar sua "gestão eficiente". Mas um detalhe que a imprensa se esmera em desprezar - e que, óbvio, ninguém ressaltou após o deslizamento de fevereiro - é que a Rodovia dos Imigrantes, com apenas 58,54 km de extensão (segundo a Ecovias), possui o pedágio mais caro do Estado: R$ 21,20.

Considerando que cerca de 35 mil veículos passam pela rodovia diariamente, isso daria R$ 742 mil por dia, R$ 22,2 milhões por mês ou R$ 267,1 milhões por ano. Sim, existem dias de menor movimento, mas os diversos feriados durante o ano acabam engordando ainda mais essa conta. No Natal e no Carnaval, 400 mil veículos (chutanto baixo) descem da capital rumo ao litoral, o que daria faturamento de R$ 8,4 milhões em um só dia. Ou seja: se um governo concede negócio tão apetitoso a uma determinada empresa, e por tanto tempo, seria justo que fiscalizasse e cobrasse com rigor e frequência seus serviços de gestão, manutenção e prevenção de acidentes. E não DEPOIS que um acidente fatal tenha ocorrido. Pela Teoria do Domínio do Fato, a família da vítima fatal pode incriminar Alckmin.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Agora nem Aécio nem Huck escapam

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


A Resolução 432 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna mais rígidas as medidas contra motoristas embriagados, foi publicada no Diário Oficial da União ontem - e, por isso, já podem ser aplicadas imediatamente nas blitze de todo o País. Entre outras coisas, a Resolução prevê que, se o teor alcoólico do motorista estiver acima de 0,34 miligramas quando assoprar o bafômetro (ou seis decigramas por litro de sangue), além das penas administrativas, responderá a processo criminal, podendo pegar de seis meses a três anos de prisão, mais pagamento de multa e cassação da carteira de habilitação. Segundo matéria da Agência Estado, o novo limite de tolerância corresponde, em média, a seis latinhas de cerveja ou três doses de uísque.

Uma novidade é que, se o motorista negar o bafômetro, o fiscal poderá aplicar a autuação administrativa e preencher o questionário de "Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora", que será anexado à autuação. E o bebum irresponsável também poderá ser encaminhado à delegacia. O questionário apresenta informações como aparência do condutor, sinais de sonolência, olhos vermelhos, odor de álcool, agressividade, senso de orientação, fala alterada, entre outras características. Dessa forma, personalidades como o manguaça Aécio Neves (que foi flagrado dirigindo bêbado em abril de 2011 e recusou o teste do bafômetro) e Luciano Huck (que fez a mesma coisa em dezembro de 2012) não conseguiriam escapar impunes.

Curioso é que Huck, o "bom moço" que a Editora Abril já tentou insinuar como futuro presidente da República, foi cogitado recentemente para se candidatar nas eleições de 2014 pelo PSDB como vice na chapa de... Aécio! Dizem as más línguas que só falta definir o boteco para eles sentarem e selarem a parceria política (e etílica). Mas, dessa vez, para evitar flagrante no trânsito, parece que vão seguir o conselho da esposa do Luciano Huck e deixar a responsabilidade nas mãos de um taxista...




quarta-feira, setembro 19, 2012

Dirceu não sai da cabeça dos tucanos desde 2006

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A nova peça de propaganda do candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra, tenta fazer uma relação direta entre Fernando Haddad e réus do Mensalão, como Delúbio Soares e José Dirceu. O candidato petista aparece ao lado das fotos dos acusados e vem a voz, tétrica, vaticinando: “Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta”.



Tudo bem que o marqueteiro-mór da campanha de Serra, Luiz Gonzales, é o mesmo que fez sua campanha em 2010 e a de Kassab em 2008. Mas falta de criatividade tem (deveria ter) limite. De verdade, o que essa peça tem de diferente de uma das que foram usadas (aparentemente apócrifa) contra Dilma, em 2010? Naquela propaganda, uma foto da atual presidenta ia aos poucos sendo transformada em... José Dirceu! E a narração dizia: “Ela [Dilma] vai trazer de volta todos os petistas cassados ou que renunciaram. Dilma vai trazer de volta inclusive aquele que o procurador-geral da República chamou de chefe da quadrilha [José Dirceu]”.



Bom, não se sabe se Dilma nomeou de ontem pra hoje algum daqueles ao que o vídeo acima faz referência, mas até agora nenhum deles tinha sido nomeado para qualquer cargo. A propaganda de rádio também fazia referência à associação com Zé Dirceu. “Toc toc toc, bate na madeira. Dilma e Zé Dirceu, nem de brincadeira”, dizia a música abaixo. Aliás, além da temática repetida (em 2006 um jingle ditava “Não pro mensalão/pra dólar na cueca e mentiroso eu digo não”), a música também era readaptada de outra, usada na campanha de Kassab em 2008 (aqui).



Parece que anda faltando assunto na campanha tucana. E criatividade para os marqueteiros...