Destaques

quinta-feira, março 24, 2011

Festival de falhas e de gols perdidos

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Eu ia fazer esse post na linha da "diferença que um meia faz" (ou a falta dele), analisando o desempenho do São Paulo sem Lucas, mas, já que o Anselmo aproveitou o mote para falar do bom retorno de Lincoln no Palmeiras, vou comentar a derrota por 3 a 2 para o Paulista, em Jundiaí, por outro ângulo. Até porque penso que Lucas nem fez tanta falta assim, pois o time criou dezenas de boas jogadas de ataque durante todos os 90 minutos, até mais do que nos jogos anteriores. O problema foi exatamente a impressionante capacidade de perder gols. Fernandinho foi o pior nesse quesito. E, para completar o desastre, teve falhas sucessivas da defesa.

Tomar um gol com menos de dois minutos de jogo acontece. Mas quando esse gol é produto de uma lambança generalizada, preocupa - e prenuncia uma derrota certa. Se prestarmos atenção no lance, o lateral Weldinho pega a bola livre, num buraco da defesa, sofre um combate tardio e inútil do (perdido) volante Casemiro, avança frente a um bolo com três zagueiros sãopaulinos batendo cabeça, chuta forte, Rogério Ceni espalma errado, para o meio da área, e Fabiano mergulha desengonçado para fazer o gol tranquilamente, embolado com um Alex Silva que (mais uma vez) ameaçava fazer pênalti. Sim, o goleiro errou. Mas a falha foi geral.

Ok. O São Paulo assimilou bem o golpe e partiu logo para a pressão no ataque. Perdeu vários gols feitos, dois deles com Fernandinho, inacreditáveis. Dava pra ter virado a partida fácil, fácil. Daí, como "quem não faz, leva", o ataque do Paulista puxa uma bola para a esquerda e toda a defesa do São Paulo acompanha, ingenuamente. A bola é rolada para a direita, onde o destaque Weldinho surge livre para fazer 2 a 0. Nem sinal do lateral-esquerdo Juan, que não marca e nem apoia. Não por acaso, seria substituído por Carpegiani, dando lugar a mais um atacante - mas aí a vaca já tinha ido para o brejo...

O São Paulo iniciou a segunda etapa com o mesmo ritmo, pressionando, criando jogadas, chegando na frente - e, pra variar, perdendo gols incríveis. Ilsinho, que entrou no lugar do (péssimo) Casemiro, era o melhor em campo, chamando a responsabilidade pra si, tabelando, driblando e partindo pra cima, no mesmo estilo de Lucas. Foi assim que cavou um pênalti, cobrado por Rogério Ceni. Do jeito que o time estava jogando, dava para acreditar no empate e até na virada. Mas a defesa bateu cabeça de novo e Vanderlei surgiu completamente livre para encaixar uma bola entre as pernas do goleiro sãopaulino. O Paulista ganhou o jogo nesse lance. E, dois minutos depois, Fabiano ainda perderia um gol feito, na cara de Rogério Ceni.

Fernandinho bem que tentou se redimir, com uma jogada de linha de fundo e uma assistência para o gol de Dagoberto, que fechou o placar. Porém, já era tarde. O time cansou de tanto correr e pressionar, e o Paulista administrou o resultado. Para domingo, no clássico contra o Corinthians, desejo só duas coisas: que o time jogue tão bem quanto jogou contra o Paulista, mas que a defesa não cometa 1% das falhas bisonhas de ontem e que o ataque melhore 100% as finalizações. Caso contrário, o tabu do adversário, de mais de quatro anos sem derrota para nós, tende a aumentar mais ainda...

A diferença que um meia faz

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Lincoln voltou, apesar de ter uma grana a receber de luvas do Palmeiras e apesar de a diretoria do clube ter uma disposição de corte de despesas mais determinada do que se Antonio Palocci fosse tesoureiro. Jogou bem e armou o time.

Tudo bem, o adversário era o Linense. Os 3 a 0 da vitória de quarta-feira, 23, poderiam ter sido mais se a falta de pontaria que vem se tornando marca registrada da equipe de Luiz Felipe Scolari. Tudo bem (2), Patrik conseguiu pôr o pé na forma e fazer dois dos gols. Nas partidas anteriores, ele atuou bem, mas conseguia errar mais chutes a gol do que Kléber.

E registre-se que o meia foi a campo em uma formação mais conservadora, com Rivaldo (volante de ofício) na lateral-esquerda. Gabriel Silva, que atuou nas últimas partidas, avança mais e puxa mais contra-ataques – e joga mais – do que o improvisado.



Mas sem Valdívia, contundido, o camisa 99 fez sua primeira partida pela equipe no ano. Ele esteve no departamento médico, mas estava encostado por essas pendências com os cartolas.

A volta não salva a lavoura, porque não se trata de um jogador tão regular a ponto de resolver todos os jogos, mas melhora bastante a qualidade de passes e a criação. Nas partidas anteriores sem o meia chileno, o time dependeu de Marcos Assunção, Tinga e Marcio Araújo para criar. Por mais que sejam volantes com mais ou com menos qualidade de passe, não são meias, que criam, armam, enxergam o jogo.

O meia

A ala santista do Futepoca pode escrever melhor, mas a rodada teve um outro meia fazendo diferença. E que diferença há entre o do time da Baixada e o supracitado do Palmeiras. Paulo Henrique Ganso é muito mais jogador do que Lincoln, e foi destaque na vitória do seu time na partida de quarta.

Tudo bem (3) que foi com contra o Mogi Mirim. Mas mesmo com os nove desfalques, colocou ordem na casa, deu passes aos montes e mandou avisar que vai deixar saudades (se e) quando deixar o Santos.

Que diferença faz um meia. Vai ver é porque estoque desse tipo de jogador anda baixo há alguns anos e essa ausência vem se tornando crônica.

Timão, o Rei, e a liderança

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Depois de alguns anos de Butantã, fui conferir o óbvio quando o assunto é assistir jogo no boteco: o Rei das Batidas, reduto de uspianos, estudantes e professores, e clássico absoluto da região. Eis que o bom bar tinha não uma, mas logo três televisões ligadas, uma delas com o jogo do Timão – nas outras passava o São Paulo.

Em minha jornada solitária, consumi duas cervejas e vi um Corinthians bastante aguerrido no primeiro tempo. Marcação adiantada, pressionando a saída de bola. Faltava um pouco saber o que fazer com ela depois de tomá-la, isso é fato. Mas foram bem umas duas chances mais ou menos – uma boa, com chute de Dentinho, que jogou bem – até o gol de cabeça de Paulinho, em escanteio batido por Morais.

Vantagem adquirida, surpresa das surpresas, o Timão recuou e assim permaneceu até o fim da primeira etapa. Postura triste para quem mostrou que podia mais, ainda que o Oeste não tenha construído nenhuma chance clara de gol – deixando para minha Serra Malte a maior parte das atenções.

No segundo tempo, novo período de animação. Aos cinco minutos, Dentinho tinha chutado outra perto da trave pouco antes de dar o passe para o belo gol de Liedson, o grande, que empatou com Elano na artilharia da competição, com impressionantes 10 gols em nove jogos disputados.


Feito o gol, feito o recuo, conforme a lei de Tite. E lá se vão mais uns bons minutos em que mesmo a Original meio sem graça que me foi servida após o trágico término das Serra Maltes levava vantagem sobre a partida. Tite, então, trocou Morais por Ramires e Jorge Henrique por Bruno César. O dois entraram acesos e, logo na primeira disputa, Bruno rouba a bola e passa para Liedson que não sei se chuta ou passa. O importante é que a bola cai para Dentinho fazer, meio de barriga. Ainda entrou William no lugar de Liedson, e em boa jogada pelo meio quase sai o quarto – mais uma participação decente do rapaz.

Nas TVs ao lado, o São Paulo levava 3 a 2 do Paulista de Jundiaí. Em parte, o resultado teve amplo protagonismo de Rogério Ceni, autor de um dos gols são-paulinos (o de número 99 do arqueiro) e responsável por falhas nos três sofridos. Com isso, o Timão passou à liderança isolada da pouco útil primeira fase do Paulista. Tal condição, no entanto, será colocada a prova no confronto direto exatamente com o Tricolor, no qual, fatalmente, Júlio César será a vítima do centésimo gol de Ceni – o Corinthians adora ajudar os rivais nessas. Mas isso não quer dizer que perderá a partida, que promete equilíbrio.

Adriano

Tem muita gente falando que o Imperador da Manguaça pode vir para o Corinthians vender mais camisas e aumentar a raiva da torcida flamenguista. O contrato seria “de risco”, com um (gordo) salário fixo de R$ 300 mil e valores variáveis que podem elevar os vencimento do cabra para mais de R$ 500 mil, caso o jogador cumpra alguns requisitos, como jogar bola e treinar. Quando esteve no Flamengo, treinando quando queria e se acabando na Cidade maravilhosa, Adriano foi artilheiro do Brasileiro e campeão. Como dirigente, não sei se contrataria. Se vier, comemoro aqui da mesa do bar e imagino uma dupla com o rápido Liedson num 4-4-2.

quarta-feira, março 23, 2011

'Exemplo pra políticos que ficam em cima do muro'

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Programa "Fábrica do Som", TV Cultura, 1983. Cena rara da banda paulistana Ultraje a Rigor com o carioca João Barone, dos Paralamas do Sucesso, na bateria. Ele substituía Leospa, que, segundo o vocalista Roger, havia aberto o pulso após cair de um muro (o baixista Carlinhos grita, no fundo: "Tava bêbado!"). Diante do infortúnio, Roger alerta que "isso sirva de exemplo para alguns políticos que ficam sempre em cima do muro". E foi cinco anos antes da fundação do PSDB!

Eu e mais 12

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Por Paulo Silva Junior

Por esses dias percebi que minha lista de grandes jornadas futebolísticas era um tanto quanto pacata: fugir da escola pra ir na Javari, quase apanhar no Primeiro de Maio, tentar arrombar um portão pra ver um jogo da Copinha de 94, ir a um treino do Guarani, o primeiro Choque-Rei sozinho, chuva de granizo num Come-Fogo, se passar por corintiano. Boas lembranças, com um pouco de verdade e um tanto de lenda, ganham agora a companhia da epopeia do último sábado. Galway, Oeste da Irlanda.

No meu último final de semana aqui na ilha, depois de dezenas de adiamentos e imprevistos, finalmente encaixei um tempo pra ir a um jogo de um dos times locais. Aqui, são dois os principais: o Galway United, da elite, e o Salthill Devon, da segunda divisão - do meu bairro e o meu escolhido pra gastar a voz. Dei uma passada no site pra pegar o caminho que me levaria ao Drom Club House, local da partida diante do Athlone Town, time também do lado de cá do país. Além das rotas, um telefone: ‘ligue e esclareça suas dúvidas sobre como chegar ao Drom’. É, não ia ser fácil achar a pelada.

Do portão da minha casa até a bilheteria, o marcador contou 13 quilômetros. Tá, nada mal, a bicicleta anda barulhenta, mas os pneus são novos, freios idem, vamos embora. Saí exatamente uma hora antes da partida, e em coisa de dez minutos tinha vencido a área urbana, cerca de metade do caminho. A chuva apertou, eram seis e pouco da tarde e começava a escurecer. A partir daí, me perdi muito. Sabia que estava a uns quatro, cinco quilômetros, mas não havia sinal do estádio. Placas, nada. Uma sequência de ruas iguais, gigantescas sequências de subidas e descidas sem nenhum horizonte pela frente, estreitas, de mão única, uma ou outra casa – vazias, sempre – a cada 100 ou 200 metros.

Os carros que passavam, poucos, algo como uns cinco em meia hora, não respondiam aos meus sinais em busca de informação. Até que passou uma dupla de bicicleta (uma bicicleta, um cara pedalando e outro na carona). Gritei um ‘onde é o campooooo?’, e, na descida veloz, só deu tempo de ambos apontarem o braço pra mesma direção. Bingo. Segui a indicação. Uns 40 minutos depois do previsto, cheguei no tal Drom. A entrada tem uma porteira típica de fazenda, impossível entender que é por ali. Segui uns carros e tive sorte, era lá mesmo:

- Veio de bicicleta? Corajoso, hein?

- É, minha primeira vez aqui, não tinha ideia que era difícil chegar...

- Ingresso é dez euros, mas vou fazer por cinco.

- Pô, valeu. A volta vai ser pior, né?

- Não tem luz, cara. Deixa a bicicleta aí e volta de carona, busca amanhã.

- Não! E aí, como busco amanhã? A pé?

- Ééé... Bom, vai lá, cinco minutos de partida, já. Bom jogo!


Ingresso número 13. Eram 13 os pagantes, meu recorde negativo. Eu e mais 12, fiquei pensando nisso enquanto caminhava pelo estacionamento e achava um lugar pra amarrar a magrela. Comecei a lebrar de alguns jogos "desabitados" do Palestra São Bernardo... Não, sempre dava uns 100 torcedores, pelo menos. E aqueles jogos pela faculdade, sábado, às 15 pras 8 da manhã? Umas seis namoradas, uns cinco amigos, uns três pais, um primo, um irmão. Sem dúvida, 13 pagantes era muito, muito pouco. A conta geral só aumentou porque tinha funcionários do clube, garotos da categoria de base, alguns sócios, os gandulas, os seguranças, equipe médica, funcionários da cafeteria, fotógrafos e umas crianças correndo. Tinha umas 50 "testemunhas", vai.

O cenário era uma mistura de várzea brasileira bem organizada – jogo bastante gritado, torcida formada majoritariamente pelos corneteiros-boleiros, aqueles de agasalho do clube e boné, que mais se parecem com jogadores que acabaram preteridos no vestiário -, e uma noite de happy hour no society, com mulheres falando sobre a vida no lugar protegido da chuva, peladeiros profissionais repetindo as mesmas piadas de sempre num gramado perfeito, com aquela iluminação bem forte e uns carros estacionados atrás dos gols.

Nas laterais, placas indicando as posições das torcidas, local e visitante: uns seis pra cada lado (essa é a parte que me lembra os terrões paulistas). Atrás de uma das balizas, os vestiários e uma escada pra lanchonete (café e chá por 1 euro, bolachas à vontade e TV ligada no jogo do Barcelona, o que levou alguns mortais a ignorarem o jogo in loco para ver Messi e cia.); lá de cima, boa visão para o gramado, bancos confortáveis e nada de chuva ou frio (aqui, sim, o futebol dos engravatados, o society de terça-feira).

O jogo foi bom. Muito rápido, muito pegado, muito balão, pouco espaço. Um futebol inglês com menos técnica, pouquíssimos lances bem armados ou tabelas limpas numa coleção de divididas e chegadas atrasadas e estalos de caneleiras e gritos. É jogo duro e um dezinho mais habilidoso sofreu bastante nas mãos (e pés) do quarto zagueiro. No meio do segundo tempo a chuva parou, finalmente, e decidi tomar o rumo de casa. Pedi licença e desculpas aos deuses do futebol, logo eu, tão contrário e tão crítico da turma dos 42 minutos, aquela galera que vai descendo os degraus do Parque Antártica quando ainda tem jogo, só esperando um derradeiro chute loooooooooooonge do gol pra xingar um último camisa 18 e ir embora. Mas fui pra casa antes do melão parar de rolar.

A volta foi tensa. Naqueles dez, quinze minutos na estrada escura e estreita, tive de me deitar junto das vacas e ovelhas por duas vezes. Era impossível de ser visto pelos carros, e então quando eu ouvia um motor roncar e uma luz chegando láááááá no fundo. A única opção era jogar a bicicleta no mato, pular o que parecia um primeiro nível de grama e ficar agachado ali, esperando passar. Choveu um pouco mais, nem mais forte nem mais fraco, só aquela chuva irlandesa de sempre, que mantém a mesma frequência por horas e mais horas e mais horas.

Foi um bom sábado, que terminou em pizza de microondas, cerveja barata e sorriso de canto de boca. O futebol é mesmo fascinante, e tem uma capacidade de nos tirar do estado normal de emoção que ainda me surpreende a cada final de semana.

Ah, o jogo foi 1 a 1. Mas quem ganhou fui eu.


* Paulo Silva Junior é bernardense, palmeirense e jornalista. Colabora, de forma bissexta e imprevisível, com o Futepoca. Gosta tanto de futebol quanto de cachaça. Não fosse o bastante, ainda exilou-se na chuvosa República da Irlanda.

Magoou e fez beicinho

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"Ronaldo tem o privilégio de ser carioca. Se eu fosse carioca, talvez tivesse essa despedida. Estou tranquilo, não me preocupo com isso, outros jogadores que foram muito mais do que eu na Seleção não tiveram despedida.(...) Mas o Ronaldo é carioca, a CBF fica no Rio. (...) É que ele parou agora e já marcaram despedida. Cada um é cada um, eu particularmente não preciso e nem espero essa despedida. (...) Um jogo de despedida pela Seleção não significaria nada."

- Rivaldo, sobre o amistoso de despedida de Ronaldo Nazário que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) marcou para 7 de junho, no Pacaembu, entre a seleção brasileira e a da Romênia. Em abril de 2005, Romário, outro carioca, teve sua despedida pela seleção no mesmo estádio, contra a Guatemala.

terça-feira, março 22, 2011

E se o pessoal da redação também recebesse notas?

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Por Vitor Nuzzi

Arrisco dizer que a maioria dos boleiros não gosta de ver aquelas notas que saem nas páginas de esporte após as rodadas. Eles estão certos. Nota para atuação de jogador é a mesma coisa que avaliação de jurado para escola de samba no carnaval. O fulano dá 9.4 para a escola x, enquanto beltrano manda 8.8 para a mesma escola, no mesmo quesito. Quem pode explicar essa diferença de 0.6?

Para nota de jogadores, então, é pior. Um dá 9 e fala que o sujeito arrebentou e outro garante que o mesmo jogador pouco produziu (como se tivesse índice de produtividade em jogo de futebol) e dá 6. Isso quando a crítica dá a impressão que você viu outro jogo.

Chegou, então, a hora da vingança dos boleiros. Como diria Vandré, o cipó de aroeira de volta no lombo de quem mandou dar. É a vez de os jornalistas serem avaliados. E não adiantar chiar na coletiva!

Revisor: ficou tão preocupado com vírgula que deixou passar uma "paralisação" com z. Sem contar aquela concordância, a maioria "foram"... Foi mal. Nota 3.

Redator 1: como diria o poeta, abusou da regra 3. Tanto acostumou no recorta-e-cola que copiou um trecho inteiro escrito de um outro jogo. Merecia expulsão. Zero.

Redator 2: falou que o centroavante estava sumidão no jogo, mas sem ninguém pra tabelar e com três zagueiros em cima, queria o quê? Olha melhor na próxima. Nota 4.

Repórter 1: não prestou atenção no que rolava na entrevista e fez a mesmíssima pergunta que o colega havia feito dois minutos atrás. Pede pra sair! Nota 2.

Repórter 2: derrubou a pauta, perdeu as anotações, chegou atrasado... Já levou cartão amarelo e não se emenda. Quer ganhar o Troféu Balada? Nota 1.

Repórter 3: não quis passar informação pro colega? Passa a bola, fominha! Nota 4.

Comentarista 1: treino é treino, jogo é jogo. Futebol é caixinha de surpresas. Não tem mais time bobo no futebol. Nem ouvinte, que não aguenta mais ouvir chavão. Hora de reciclar. Nota 5.

Comentarista 2: o time A dominava até os 15 minutos, quando sofreu o gol e se desestruturou. Ou: o time B insistia no jogo aéreo... Ou ainda: o time C precisa justificar o favoritismo em campo. Fala sério, quantas vezes você já ouviu isso? Troca o disco. Nota 5.

Editor: trocou uma palavra-chave na matéria especial e cortou a matéria pelo joelho. Para arrematar, pôs um título nada-a-ver. A galera vaiou na arquibancada. Nota 4.

Arte/foto: trocou as fotos, as legendas... Reclamou da fotografia, que reclamou da arte, que reclamou do técnico. O time se perdeu em campo. Nota 2.


* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 45) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo que viu jogar é Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

Tipos de cerveja 63 - As Roggenbier/ German Rye Beer

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Esta cerveja especial, originária da cidade alemã de Regensburg, na Baviera, é uma variante de luxo das Dunkelweizen mas, em vez de utilizar trigo, usa malte de centeio, o que as torna mais saborosas. "A aparência vai da cor de cobre até ao castanho e a espuma costuma ser volumosa e algo duradoura", observa Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "Quanto ao álcool, não é muito pronunciado, variando entre os 4,5% e os 6%. A característica que mais se salienta neste tipo de cervejas é mesmo o seu sabor a centeio, sendo que por vezes pode parecer que estamos a beber pão liquido!", acrescenta. Marcas recomendadas: Paulaner Roggen, Burgerbrau Wolnzacher Roggenbier (foto) e Schremser Roggenbier.

segunda-feira, março 21, 2011

Liédson e Luís Fabiano entre os 10 maiores artilheiros

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Na edição deste mês, a revista Placar trouxe a sua lista dos maiores artilheiros brasileiros que ainda estão em atividade (outras fontes mostram contagens diferentes). Os números da publicação vão até 20 de fevereiro, por isso, atualizamos até 20 de março:

1 - Túlio Maravilha, 41 anos, Botafogo-DF --- 777 gols
2 - Marcelo Ramos, 37 anos, Madureira-RJ -- 436
3 - Rivaldo, 38 anos, São Paulo-SP ------------- 409
4 - Jardel, 37 anos, sem clube ------------------- 358
5 - Dodô, 36 anos, Americana-SP --------------- 335
6 - Alex, 33 anos, Fenerbahçe-TUR ------------- 331
7 - Kléber Pereira, 35 anos, sem clube --------- 319
8 - Magno Alves, 35 anos, Atlético-MG -------- 280
9 - Liédson, 33 anos, Corinthians-SP ----------- 274
10 - Luís Fabiano, 30 anos, São Paulo-SP ------ 266

Convite tentador

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Na ânsia de contratar imediatamente o técnico Muricy Ramalho, que insiste em ficar mais 20 dias "de férias", o presidente do Santos, Luís Alvaro de Oliveira Ribeiro, resolveu apelar:

"Quando ele quiser, acertamos isso tomando caipirinha e comendo um camarão. Sei que precisa de descanso, mas desejo que a gente acerte, por mim, pelos jogadores, pelo Brasil e por você [Muricy]. Não dou palpite em escalação e o treinador merece nossa confiança, ainda mais você. Por mim, começa hoje", disse o mandatário, nesta segunda-feira, à Rádio Globo.

Será que o treinador vai resistir à tentação? Se Muricy acertar com o Santos daqui para amanhã, vai ficar com fama de cachaceiro...

Empate ruim, mas não tão ruim para o Palmeiras contra o São Caetano

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Sem Valdívia, contundido e no Chile para tratamento, o Palmeiras só empatou em 1 a 1 com o São Caetano, na cidade do ABC. Os gols saíram apenas no primeiro tempo mas o visitante verde criou realmente pouco sem nenhum meia de ofício, apesar de entrar em campo com três atacantes.

Kléber, autor do gol de pênalti logo aos seis minutos, permanece garantido no ataque, Adriano Michael Jackson, em baixa, e Luan – em alta com Luiz Felipe Scolari, em baixa com a torcida – formaram o trio à frente. Foi bom no começo, com movimentação plena, mas durou muito pouco.

Tinga foi colocado no intervalo para reforçar o meio de campo de quatro volantes quando estava claro que o Azulão estava melhor no jogo. Luan também foi sacado e teve de ouvir vaias da torcida. Dificilmente a opção 4-3-3 será repetida por Felipão. Um fazedor de gols para atuar com Kléber faz falta, assim como meias no elenco.

A melhor defesa do campeonato mostrou que tem falhas, especialmente em bolas aéreas, como a que resultou no gol do São Caetano. A nota mais triste da partida foi o arranca-rabo entre Thiago Heleno e Aílton, cujo colega e zagueiro Anderson Marques foi tomar satisfação. Cenas de briga de rua (e cartão vermelho).

Deola, substituindo Marcos, o Goleiro, salvou o time, junto das traves da meta alviverde. Os planos de aposentadoria do camisa 12 porém titular indicam que Deola terá bastante trabalho na temporada.

O time está em terceiro, pega a Linense e convive com as limitações.

Contaram o milagre, não o santo

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Disposto a ver o golzinho do São Paulo que recolocou o time na liderança do Paulistão, marcado por Henrique, contra o Grêmio Prudente, liguei a TV no programa "Mesa Redonda", da Gazeta. Particularmente, detesto essas rodas de "debate", onde se palpita muita asneira e se mostra muito pouco do que interessa: os melhores momentos e os gols da rodada. Mas, logo que sintonizei, disposto a cortar o som e ler alguma coisa, de tocaia no momento em que o gol fosse transmitido, começou a passar uma matéria que me interessou, sobre as recentes repatriações de atletas que estão muito bem e que poderiam continuar fazendo uma boa grana lá fora, caso do santista Elano, do flamenguista Ronaldinho Gaúcho, do corintiano Liédson (foto) e do sãopaulino Luís Fabiano, entre outros.

A edição da reportagem não concluiu nada sobre o motivo dessas repatriações, digamos, "improváveis". Foi uma coisa mais relatorial, citando o êxodo maciço após a Copa de 1982, de Zico, Sócrates e Cerezo (Falcão tinha ido em 1980), e a volta de alguns, ainda no auge, a partir da década de 1990, como Romário (foto). Mostraram o Elano dizendo que poderia ter feito um contrato três vezes melhor na Europa, mas que o mais importante para ele é jogar e blá, blá, blá. Só quando abriram para os comentários de quem estava no estúdio é que disseram o óbvio, que a materinha se eximiu de dizer: a volta dos "filhos pródigos" tem como principal motivo a ótima situação econômica que o Brasil ostenta hoje, enquanto vários países ainda sofrem a a grande recessão detonada pela crise de 2008.

"Quando um atleta vai para o exterior, está pensando em resolver sua independência financeira, mais do que qualquer coisa. E hoje, pela nossa situação econômica, o jogador consegue voltar para ganhar quase o mesmo que ganhava lá", resumiu o zagueiro Paulo André, do Corinthians, que jogou três anos na Europa. "O futebol brasileiro vai ganhar muito mais investimentos com a Copa do Mundo, muito mais vitrine", observou o goleiro Deola, do Palmeiras (foto). Questionado sobre como pagar salários de nível europeu não tendo a mesma receita dos clubes de lá, o presidente do Santos, Luís Álvaro, foi incisivo: "As empresas hoje estão ganhando muito mais dinheiro aqui no Brasil e, por isso, tem mais para investir".

Conclusão: o festejado retorno de nossos craques, no auge de suas carreiras, é "culpa" do Lula, sim! Só não disseram com todas as letras.

Negociações - Falando em Luís Álvaro, o dirigente confirmou que Robinho (foto) poderá voltar no centenário do Peixe, ano que vem. Os salários e outros acertos com o jogador já estariam combinados, só falta a liberação da multa por parte do Milan. Hoje, segunda-feira, o presidente do Santos encerrará a discussão sobre a questão do técnico, se Marcelo Martelote será oficializado no cargo ou se outro será anunciado. Segundo ele, Muricy Ramalho não é o único nome em debate. O medidador do programa, Flávio Prado, por sua vez, afirmou que Lugano estaria negociando seu retorno ao São Paulo. E Vanderlei Nogueira observou que Kaká também quer voltar. Já Chico Lang disse que conversou com o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e que este lhe garantiu que desistiu de vez do ex-imperador Adriano.

sábado, março 19, 2011

Bragantino 2 X 1 Santos - sem técnico e sem técnica, o retrato do caos

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Sem esquema tático e com incríveis vazios de um meio de campo que não marca e apóia mal, o Santos foi derrotado pelo Bragantino por 2 a 1. Derrota mais que merecida, já que o time do interior fez a lição de casa: contra-atacou, aproveitou o espaço que os volantes santistas davam à frente da área, finalizou muito a gol e se defendeu, às vezes de forma violenta, mas nada que surpreenda por se tratar de uma equipe inferior tecnicamente ao adversário.

O que surpreendeu de fato não foi apenas a má partida alvinegra, mas o fato de que os jogadores, perdidos em campo e sem um técnico que orientasse ou pudesse alterar o panorama da partida no banco de reservas, também apelassem para a deslealdade. Elano já merecia ter sido expulso no final da partida contra o Colo Colo e, desta vez, além de Adriano (como é doído vê-lo com a camisa do Santos), Ganso poderia ter ido para o chuveiro mais cedo.

Edu Dracena, mais uma vez falhou, fazendo praticamente um corta-luz para o atacante do Bragantino Léo Jaime marcar o primeiro gol da partida. Aliás, as falhas algo bizonhas do zagueiro peixeiro fazem o torcedor lembrar de momentos marcantes de defensores do naipe de Camilo, Maurício Copertino, Marcelo Fernandez e tantos outros, alguns ex-companheiros de elenco de Marcelo Veiga, hoje treinador do Braga, nos tempos de fila do Peixe. No segundo gol da equipe do interior, Pará estava marcando um jogador mais alto que ele, mas sequer subiu junto com Marcelinho para atrapalhar seu cabeceio. O que fazia ali mesmo?

Martelotte já tinha dado sinais do que poderia fazer pelo clube no último Brasileiro. Ou seja, muito pouco. Insistir nele é uma ato de quase suicídio praticado pela diretoria.


****
Muricy Ramalho saiu do Fluminense reclamando das condições do clube. A ausência de um centro de treinamento decente foi um dos fatores que o técnico mencionou como grave para o rendimento da equipe, já que favorecia o surgimento de contusões. O tempo de permanência de atletas no departamento médico também perturbava Muricy. 

No Santos, nessa partida, estavam contundidos Léo, Alex Sandro, Jonathan, Diogo e Arouca. Charles foi contratado por recomendação de Adílson Batista e sequer jogou. Outros que, de memória, lembro que passaram pelo departamento médico na (curta, por enquanto) temporada de 2011: Alan Patrick, Maikon Leite, Róbson, o goleiro Aranha, e Elano, que até hoje não tem a mobilidade apresentada no ano passado. Houve equívocos na preparação física, nas contratações, no tratamento de atletas ou é toda mera coincidência?

*****
Em 2010, Santos e Bragantino fizeram um jogo bem diferente...

A cachaça na prosa de Voltaire de Souza

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Imagine-se abrindo um jornal e encontrando o seguinte texto:

O FRIO CASTIGA
Faz frio em São Paulo. Osvaldo tinha uma solução. "-A caninha. A cachaça". Ele tomava todas. A mulher reclamava. "-Pára, Osvaldo". "-A pinga. É meu cobertor". Ele caía na cama. Na maior inconsciência. Foi quando Osvaldo teve um pesadelo. Ele estava no pólo Norte. Um urso branco dava urros. Osvaldo viu um disco voador. Saiu do disco o falecido presidente Castelo Branco. "-Pára de beber, Osvaldo". "-Sim, senhor presidente. Sim, marechal". Osvaldo nunca mais bebeu cachaça. Mas faz frio em São Paulo. Osvaldo foi encontrado na rua. Morto. Caído no chão. De frio. Durinho. Foi levado para o IML. Onde faz mais frio ainda.


Esse é apenas um entre centenas de textos que foram publicados diariamente, entre os anos 1980 e 1990, pelos jornais Notícias Populares e Folha de S.Paulo, e assinados por um fictício Voltaire de Souza. O livro "Nada mais que a verdade - A extraordinária história do jornal Notícias Populares", de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima (Summus Editorial, 2ª edição, 2011), conta que, quando o jornalista Leão Serva (foto) assumiu como novo diretor de redação do Notícias Populares, teve a ideia de publicar uma coluna com sexo e sangue em forma de ficção, na linha de Nelson Rodrigues. Foi aí que "um famoso colaborador" da Folha topou a empreitada, desde que assinasse com pseudônimo. Serva criou a alcunha Voltaire de Souza. "Definido como 'um imbecil' por seu próprio criador, Voltaire destilaria uma preciosa mistura entre as sandices do universo rodriguiano (sic) e as sinédoques de Dalton Trevisan, sempre coroada com uma desconcertante moral no fim da história". Como no texto a seguir:

A CULPA DE UM ÉBRIO
Osvaldo bebia bastante. E tinha o mau hábito de dirigir o carro quando estava embriagado. Uma noite, ele estava com seu Monza na 23 de maio. Completamente alcoolizado. Sentiu um baque no carro. Uma coisa voou na avenida. Osvaldo levou o maior susto. "-Atropelei alguém. Puta merda". Acelerou o Monza. E foi-se embora do local. No dia seguinte, Osvaldo acordou de ressaca. Lembrou-se da noite anterior. "-Puxa, atropelei um cara". Osvaldo ficou muito assustado. "-E agora? Matei um homem". A culpa de Osvaldo era grande. "-Sou um assassino. Sou um bêbado. Sou um canalha". Osvaldo abriu uma garrafa de uísque. Na terceira dose, ele estava chorando. "Não mereço viver. Sou um assassino". Pegou uma faca de cozinha e enterrou-a no peito. Morte instantânea. Só que ele não tinha atropelado ninguém. O Monza só tinha batido num saco de lixo. Deviam manter as ruas de São Paulo limpas.


O livro sobre o Notícias Populares conta ainda que, para manter o anonimato do autor, a coluna recebeu a foto de um cúmplice, o repórter Manoel Victal, que usou óculos escuros. Mais tarde, outra foto de Victal seria usada, mostrando o "dublê" diante de um computador. "O sucesso foi tão grande que o escrachado Voltaire de Souza ganharia, no final da década de 1990, um lugar no caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo (...). Ainda que seus textos acabassem saindo de lá algum tempo depois, em virtude de um corte de gastos da empresa, aquela promoção só alimentaria a já inflamada discussão a respeito da verdadeira identidade do literato", conta o livro "Nada mais que a verdade". As suspeitas recaem sobre o colunista Marcelo Coelho (foto), integrante do Conselho Editorial da Folha: "Publicamente (...), o respeitado jornalista prefere não confirmar nem desmentir a informação. Em conversas reservadas, entretanto, Coelho assume com orgulho a paternidade do escriba". Se é ele ou não, pouco importa. Fiquemos com mais um texto sobre cachaça, publicado no livro "Vida bandida - Voltaire de Souza" (Editora Escuta, 1995):

CACHAÇA E CASAMENTO
Estava começando a chover. Um friozinho de abril. Túlio esfregou as mãos. "-Tempo bom para uma cachaça". A mulher suspirou. "-Quando faz calor, você diz que é sede. No frio, é para esquentar". Túlio não ligou. Foi ao bar da esquina. Duas horas depois, estava completamente bêbado. A mulher foi procurá-lo. "-Túlio. Que é isso". O homem já não dizia coisa com coisa. "-Bruff... arrh... muorm...". Elizete começou a chorar. "-Você não era assim, Túlio. Você mudou". "-Wai a merza. À budza gui o bariu". Elizete gritava. Tremia toda. Estava tendo um treco. Alguém teve a idéia. "-Dá um cinzano para ela se acalmar". Elizete tomou o primeiro. E outro logo em seguida. Ficou bêbada como o marido. Deitados na sarjeta, os dois se deram um longo abraço de amor.

sexta-feira, março 18, 2011

Trabalhador festeja salários com cerveja mais cara

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Agora pela manhã peguei um jornal gratuito, na rua, e uma das chamadas de capa já alarmava: "Cerveja, água e refrigerantes vão ficar 10% mais caros". Na materinha interna, Milton Seligman, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), explica que o índice leva em conta a inflação acumulada desde o último aumento, em janeiro de 2009. E elogia o governo federal: "O governo contribuiu para o setor nos últimos anos e agora chegou a hora de fazer a correção".

Ou seja, além de não reajustar os impostos para o setor cervejeiro por dois anos, o governo também contribuiu com o aumento do poder de compra do consumidor. Prova disso é que, no mesmo jornalzinho que li, há uma outra matéria muito mais eloquente, mas que não mereceu chamada de capa: "Salários tiveram maior alta em 14 anos". Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 89% dosw reajustes concedidos em 2010 foram acima da inflação.

Não por acaso, o portal R7noticiava, na metade do ano passado, que "Aumento da renda do trabalhador eleva consumo de cerveja do brasileiro". Na época, o mesmo Sindicerv já prenunciava que 2010 deveria fechar com um aumento de 12% no consumo da bebida em todo o país. Dizia o texto: "No ano passado [2009], o consumo nacional de cerveja cresceu 10,9%, contra 10,4% no ano anterior, apesar da crise econômica internacional. O mercado somou 10,91 bilhões de litros de cerveja fabricados e comercializados em todo o país, gerando um faturamento bruto de R$ 31 bilhões em 2009".

Já o jornal Valor Econômico informava, em dezembro, que "as estimativas do mercado são de que o volume vendido no País ultrapasse os 126 milhões de hectolitros, ou seja, 14 milhões de hectolitros a mais do que em 2009. Além de mais gente comprando cerveja, o brasileiro passou a beber mais. De acordo com o instituto Euromonitor, o consumo per capita de cerveja passou de 54 litros em 2007 para os atuais 64,4 litros. Um crescimento de 19,2% no volume por habitante, o que fez o Brasil passar de 48º colocado no ranking global de 2007 para a 23ª em 2010".

Pois então, o trabalhador manguaça está com dinheiro no bolso e mandando muito bem no consumo da loira gelada. O que leva a crer que nem um aumento de 10% no preço poderá aplacar sua sede. Saúde!

Metáforas de Dilma

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A presidente do Brasil, Dilma Rousseff teve publicada, na quinta-feira, 17, sua primeira entrevista como mandatária do país em um jornal da terra. As respostas ao Valor Econômico marcaram também as duas primeiras metáforas oficiais de Dilma em português depois da posse. Antes, ela havia sido entrevistada pelo Washington Post, mas as metáforas traduzidas do inglês não poderiam ser contabilizadas.

O exercício dessa figura de linguagem tão profícua quando bem usada era uma das marcas registradas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com preferência em alusões ao futebol, ao bar, à cachaça e ao estilo de vida dos bêbados – eventualmente da mulher dos embriagados, que sofrem as mazelas do álcool – Lula tem no recurso uma das melhores armas para se comunicar tão bem com virtualmente qualquer público. O recurso é tão exímiamente empregado que José Serra (PSDB) tentou mudar de estilo para usá-las mais.

Fotos: Ricardo Stuckert/Pr 27/04/2007 e Roberto Stuckert Filho/Pr 17/03/2011


Dilma não é Lula. Estilos diferentes, tudo bem. Só deu saudade. Nas fotos, Lula de guitarra em punho em pose rock'n'roll com os mexicanos do RBD em 2007 e Dilma quiçá ensaiando uma versão banquinho e violão do sucesso da Copa do Mundo da África do Sul, o Waka waka, com Shakira. 

Dilma falou sobre inflação, crescimento econômic salário mínimo, preservação de direitos dos trabalhadores, aeroportos, entre outros temas. Mas foi sobre corte de gastos públicos que teve origem a primeira metáfora presidencial da Era Dilma. Às palavras:
É como cortar as unhas. Vamos ter que fazer sempre a consolidação fiscal. Na verdade, temos que fazer isso todos os anos, pois se você não olhar alguns gastos, eles explodem. Se libera os gastos de custeio, um dia você acorda e ele está imenso. Então, você tem que cortar as unhas, sempre. Nós estamos cortando as unhas do custeio, vamos cortar mais e vamos fazer uma política de gerenciar esse governo. Estamos passando em revista tudo o que pode ser cortado e isso tem que ser feito todos os anos.
Fosse o Lula, provavelmente a metáfora seria com um time de futebol que não pode só atacar, mas tem de defender. Ou com um trabalhador que, de tanto tomar cervejinha depois do expediente, passa a criar barriga e precisa cuidar de moderá-la para não ter problema de saúde. Ou algo assim. Mas valeu a tentativa.

A segunda metáfora oficial vem do momento em que Dilma rechaça a hipótese de prescindir do controle da inflação. Ela deixa claro que não tergiversa com alta de preços, lançando mão do seguinte:
É aquela velha imagem da pequena gravidez. Não tem uma pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem.
Alguém pode até questionar se a estratégia não poderia levar o interlocutor a estender a brincadeira. É que inflação ainda tem meta – com centro e margem de dois pontos para mais ou para menos. Gestação pode até terminar prematuramente, mas fica complicado levar tão pormenorizadamente a figura de linguagem.

Contra-metáfora

Por fim, Dilma mostrou um lado que Lula não tinha, o de destruidora de imagens. E saiu-se melhor assim.

A repórter Claudia Safatle mencionou a pecha de "dovish" que paira sobre Alexandre Tombini, presidente do Banco Central. O termo anglófono remete a frouxidão de um pombo, que se contrapõe ao rigor de um "hawkish", em alusão a um falcão.

À pergunta se Tombini é um pombinho, Dilma respondeu: "E eu sou arara (risos)". Depois ainda falou que o mercado reclama do Banco Central porque não tem diretor oriundo do mercado por lá. Quem sabe ela está ainda achando seu estilo?

quinta-feira, março 17, 2011

Colo Colo 3 X 2 Santos - vitória do lugar comum

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Tudo bem, tudo bem. Quando um time perde, a larga via dos lugares comuns está aberta. É culpar o técnico, falar do cara que você não gosta e que insiste em errar pra que você comprove, no íntimo das suas certezas, a sua tese particular, falando pra si mesmo, “viu, sabia que esse %#$@#@$ ia fazer $%#$@%$. Mas você escreve pra um blogue, tem meia dúzia de leitores e tenta se convencer de que não deve cair nessa cilada. “Vou ver a partida por outros ângulos”, pensa.

Aí você percebe que não dá. Não, não dá. Então esse texto é pra cair na vala comum, por um certo aspecto. Mas não de forma incoerente. Falei aqui que Martelotte não é treinador para o Santos. O que fica mais evidente quando se percebe uma mudança sutil, quase não percebida pelo torcedor, mas que fez a diferença na partida contra o Colo Colo. Adriano tornou-se titular com a contusão de Arouca, colocando Possebon na reserva. Como já disse outras vezes também, ele é esforçado, corre, mas não é atleta de nível. Corre, corre, corre.... pra que mesmo?

Todo mundo já viu numa pelada aquele cidadão que toma um drible e depois marca o rival a oito metros de distância, com medo de tomar outra finta. Foi assim que Adriano se portou no primeiro gol da equipe chilena. No segundo, marcou tão longe quanto. Culpar a defesa pode ser o mais fácil, mas quando o meio de campo deixa estourar o tempo todo a bola em cima da zaga e do goleiro, não tem ninguém que aguente. Não que Danilo tenha sido muito melhor, mas ao menos sabe dar um passe. Possebon falhou no terceiro gol do Colo Colo? Sim, mas era pra ele estar ali? Alguém reparou que na cobrança de falta havia dois atletas rivais livrinhos na área? Tem treino? Quem marca quem?

Sem coordenação, com uma instabilidade evidente, o Santos abriu o marcador e tomou três gols em menos de quinze minutos, terminando a primeira etapa perdendo por 3 a 1. Fez o segundo logo no início do segundo tempo. Esteve perto de tomar o quareto gol mas empurrou o Colo Colo para sua intermediária. Hora de ir pra cima, não é? Pra Martelotte, não. Trocou Zé Eduardo por Maikon Leite, e tirar o queridinho da torcida há pouco tempo merecia até manifestações do presidente do clube. E depois sacou Ganso para colocar Keirrison. Boa troca, hein?

Aliás, Ganso jogou parte do primeiro tempo praticamente como um segundo atacante, recebendo a bola de costas e rendendo muito pouco. Se foi uma opção do técnico pela condição física do meia, era melhor tê-lo colocado em campo depois do intervalo. O meia, quando jogou na armação, inclusive buscando a bola no campo peixeiro como é de seu feitio, criou e foi dele assistência para o tento de Neymar.


O Santos está com dois pontos, o Cerro Porteño, na segunda colocação, tem cinco. A situação é menos desesperadora do que a do Fluminense, mas não é nada boa. Sem um técnico de fato, fica difícil pensar em classificação, mesmo com o investimento feito e os valores que o Santos tem.

Se tudo mais falhar, que venha Muricy para tentarmos o título brasileiro. Mas, na Libertadores, deixar um time à deriva, sem comando, é jogar dinheiro fora. E desperdiçar a alegria que o santista quer sentir com boleiros acima da média dentro do gramado.

quarta-feira, março 16, 2011

Cachaça influenciou o canto 'suave' da Bossa Nova

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Lendo "Mário Reis - O fino do samba", de Luís Antônio Giron (Editora 34, de 2001), mergulhei no universo musical da década de 1920, quando as gravadoras começaram a contratar cantores brancos e orquestras regidas por europeus para "domesticar" e popularizar o samba que negros como Sinhô, Ismael Silva, Cartola e Nilton Bastos produziam nos morros cariocas. Entre esses cantores estavam Francisco Alves, Jonjoca e, principalmente, o biografado por Giron, Mário Reis (foto), que sintetizou um novo jeito de cantar, de forma "falada" e sussurrante (ou crooner), antecipando em 30 anos o estilo Bossa Nova de João Gilberto e criando uma contraposição aos vocais "gritados" e operísticos de cantores como Vicente Celestino. Dessa forma, o sotaque malandro do morro pôde ficar palatável para os ouvidos aristocráticos do público consumidor de discos.

Curioso é que a cachaça deu sua contribuição para a modernização de nossa música popular. O livro conta que foi o violonista e compositor José Barbosa da Silva, o Sinhô, quem orientou Reis na nova maneira de cantar e quem escreveu as canções adaptadas para suas primeiras gravações no estilo vocal (ouça o sucesso "Jura", de 1928, no vídeo abaixo). "Sinhô vivia em grandes dificuldades", contou, em 1971, o jornalista Brício Abreu. "Ria constantemente e isso era uma aflição para mim: ele tinha um único dente, grandalhão, na boca. Os outros, dizia que a cachaça tinha levado", acrescenta. Além de ter ficado banguela, Sinhô ainda teve, como consequência da bebida e da boemia, uma tuberculose que encurtava seu fôlego. Assim, preferia "dizer" a canção, em vez de soltar um vozeirão que não tinha. E Mário Reis, ao ouvi-lo cantar, adaptou para si essa forma "suave" de interpretação.



A entrevista que virou porre
Determinante no início, a cachaça também marcou presença no retiro de Mário Reis. Em 1971, quando lançou o último disco e fez três shows de despedida da vida artística no Golden Room do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o veterano cantor foi entrevistado pelo jovem repórter Silio Boccanera, do Jornal do Brasil (que mais tarde ficaria conhecido pelo público como repórter do programa Fantástico, da TV Globo, com uma barba comprida - o que inspiraria o personagem Túlio Bocanegra, no programa humorístico Chico Anysio Show). Boccanera tinha 23 anos e não sabia absolutamente nada sobre Mário Reis, que vivia recluso e longe da mídia desde os anos 1930. O encontro, como não poderia deixar de ser, aconteceu num bar. "Fomos enchendo a cara juntos: esvaziamos uma garrafa de Vat 69 [uísque], calibrado com Oppenheimer Goldenberg, um destilado alemão", contou o repórter.

Segue o livro: "Repórter e entrevistado estavam no maior porre. Silio, que na época era fã de rock, lembrava de Mário falando algo como: 'Há muito barulho por aí. Muita música de neurose'. À medida que a noite avançava, os dois foram ficando, além do garçom. 'Ele me deixou muito à vontade e, para mim, a qualidade do restaurante do Country [Club, no Rio de Janeiro] era uma novidade'. E Mário não parava de falar. A impressão de Silio foi de a conversa não mais terminava. 'Saí de lá trocando as pernas e ele me acompanhou até meu Fusca. Era um gentleman'.", finalizou Boccanera. A gravação feita em cassete naquele dia é o depoimento mais importante de Mário Reis jamais documentado. O cantor faleceria em 1981, aos 73 anos. No vídeo abaixo, um dos únicos registros filmados de uma interpretação sua, nos anos 1930:



Ps.: Ah, e quase ia esquecendo de incluir o futebol: Mário Reis jogou pelo América, seu time do coração, e foi vice-campeão do Torneio Juvenil Interclubes do Rio de Janeiro, em 1924. Foi o artilheiro da competição, com seis gols.

Se gritar 'pega ladrão'...

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O arranca-rabo aconteceu numa manhã de domingo, no estádio Adail Nunes da Silva, o Taquarão, em Taquaritinga (SP). Disputa entre CAT e Francana pela série A-2 do Paulistão (segunda divisão). Lembro que a cena do policial abrindo e/ou segurando o portão no alambrado, enquanto os torcedores invadiam o gramado, foi mostrada com alarde no programa Fantástico, da TV Globo. Enfim, "coisas" lá da terrinha...

terça-feira, março 15, 2011

Tremei perante Zangief Kid

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Não é futebol, não é política, mas a despeito das questões etárias, esse baixinho devia estar bêbado quando se meteu a besta desse jeito. A vingança de todos os gordinhos que foram zoados no primário já tem site e um criativo verbete nesse site que eu desconhecia (em inglês), e que diz que o nome do herói é Casey.


(a indicação foi do colega @mariocpereira)

Gordinho dá uma de zangief - MANOLAGEM por PeaShrek no Videolog.tv.