Depois de duas derrotas fora de casa (para Coritiba e Corinthians) e mais um empate no Morumbi (contra o Flamengo), o São Paulo fica a nove pontos do Cruzeiro e praticamente dá adeus ao título do Brasileirão. Mas é interessante observar que, tanto nos adversários que brigam no topo da tabela quanto nos que lutam para evitar o rebaixamento, o clube do Morumbi "colabora" com vários de seus ex-atletas e dois ex-treinadores.
Na ponta da tabela:
Cruzeiro - Borges, Dagoberto, Julio Baptista
Internacional - Wellington
Corinthians - Danilo, Fábio Santos, Jadson
Grêmio - Fernandinho, Rhodolfo
Fluminense - Cícero, Jean
Atlético-MG - Diego Tardelli, Josué, Levir Culpi (técnico)
Na parte de baixo:
Bahia - Henrique
Vitória - Richarlyson, Roger Carvalho, Ney Franco (técnico)
Botafogo - Júnior César, Rodrigo Souto, Wallyson
Criciúma - Cléber Santanta, Cortez, Silvinho
Palmeiras - Lúcio
E ainda tem gente no Santos (Arouca, Thiago Ribeiro), Flamengo (Léo Moura) e Figueirense (Marco Antônio). Enfim, resumo de uma diretoria que compra (Cañete, Clemente Rodríguez, Luís Ricardo), troca (Arouca, Jadson, Rhodolfo), vende (Dagoberto, Cícero, Diego Tardelli) e manda embora atletas formados em suas categorias de base (Jean, Henrique, Wellington) sem muito critério. E que, depois, se vê obrigada a emprestar (Wallyson, Cortez) ou se livrar de (Roger Carvalho, Silvinho, Lúcio) apostas furadas.
Agora sim! Agora é possível comentar uma partida com trabalho substancial de Muricy Ramalho. Tudo bem que a Ponte Preta, primeira vítima deste segundo turno, venceu o Corinthians ontem; mas isso ocorreu muito mais pela péssima fase do alvinegro paulistano do que pelo futebol do time campineiro, que segue na zona de rebaixamento. E o Vasco, segunda vítima de Muricy, demonstrou que é o saco de pancadas da vez, ao perder novamente em casa, ontem, para o Vitória. Já o Atlético-MG, ao contrário, por mais que não esteja brigando lá em cima no Brasileirão, continua com o time-base que conquistou a Libertadores no primeiro semestre e o fantástico (e perigoso) quarteto ofensivo formado por Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli, Jô e Fernandinho, que substituiu - e bem - o Bernard. Por isso, o 1 x 0 de ontem no Morumbi, apesar de sofrido, convenceu.
Mas é preciso salientar que outro MR, além de Muricy Ramalho, foi decisivo para a vitória sãopaulina: o lateral-direito Marcos Rocha. Trata-se de um jogador que eu gostaria MUITO de ver com a camisa do meu time. Sempre gostei do futebol desse cara e acho que ele tem grande importância no time de Cuca. Mas ontem, como é passível de acontecer com qualquer bom atleta, ele teve uma noite desastrada: se atrapalhou com o goleiro Victor no lance em que a bola sobrou livre para a cabeçada e o gol de Welliton (num lance muito parecido com o do gol de Amoroso que abriu o placar sobre o Atlético-PR na decisão da Libertadores de 2005) e depois, no lance mais inacreditável, desperdiçou o empate para os mineiros quando ficou com o gol livre, aberto, na pequena área do São Paulo - na sequência de uma linda jogada individual de Jô. Se tivesse marcado, a história seria outra...
O gol de Amoroso na decisão de 2005, contra o Atlético-PR...
...foi semelhante ao do gol de Welliton, contra o Atlético-MG
Por isso, o fator sorte também influiu para a terceira vitória consecutiva de Muricy Ramalho. O que não tira o mérito do treinador, de forma alguma. Ele entendeu, mais do que os antecessores, que o São Paulo tem quatro jogadores de alto nível (Rogério Ceni, Ganso, Jadson e Luís Fabiano) e o resto é bem sofrível. O time não tem laterais decentes e os volantes e zagueiros são bem meia-boca. Assim, o time tomava muitos gols pelos lados do campo e não tinha saída de bola nem ligação segura da defesa com o ataque. Ney Franco confiava em Wellington para sair jogando, sem sucesso. Paulo Autuori elegeu Fabrício, também sem sucesso. Muricy percebeu que os zagueiros do Tricolor não seguravam o rojão quando um dos volantes avançava. Logo, criou um esquema híbrido, com dois "líberos", ou melhor, "zagueiros/volantes".
O novo São Paulo, de Muricy, joga com apenas um zagueiro quando está com a bola (Antonio Carlos, com o lateral-direito/zagueiro Paulo Miranda na sobra) e com três quando ela está com o adversário (Rodrigo Caio volta para compor a zaga e Denílson se transforma em cabeça-de-área). Assim, quando está se defendendo, o time não fica tão exposto nas laterais. E, quando recupera a bola, aparecem três opções para ligar o meio com o ataque: Rodrigo Caio, Denílson e Maicon. Eles conseguem acionar Ganso, pelo meio, ou Reinaldo/ Welliton, pela esquerda, ou Jadson pela direita. E, daí, a bola chega em Luís Fabiano (que, quando perde o lance, tem Jadson e Welliton entrando na área para pegar o rebote). Palmas para Muricy Ramalho! Ele conseguiu o improvável: um esquema pragmático para o limitado São Paulo.
O resultado, mais do que as três vitórias consecutivas, é que o time ainda não sofreu gol neste segundo turno e, mais importante, está criando mais finalizações no ataque. Sim, a defesa continua tomando sufoco quando o adversário resolve reagir, mas agora a gente vê um "sistema de emergência" mais definido, em vez daquele "balaio de gato" que era o time no primeiro turno. Ou seja, temos um esquema defensivo planejado, temos proteção nas laterais (os setores mais carentes do time), temos saída de bola consistente, temos um esboço de funcionamento do ataque. Excelente. É claro que derrotas virão, elas são praticamente inevitáveis num campeonato em que Cruzeiro, Botafogo, Atlético-PR e mesmo o Goiás, sem esquecer Coritiba e Grêmio, estão muito bem. Se perder, é ter calma e paciência. Muricy sabe muito bem o que faz.
“Para comemorar a vitória ou consolar a derrota, conhaque Presidente”, dizia um antigo comercial da tevê e do rádio. Beber o morto ou à saúde (dos vivos, é o mínimo que se espera), tomar coragem ou uma providência, beber para não roer (tanto) as unhas, pra entrar no clima, esfriar a cabeça ou aquecer os ânimos, até mesmo pra esquentar os tamborins.
Mais do que qualquer outro esporte (pelo menos que eu conheça), o futebol combina muito com a manguaça. E por que não dedicar um drink especial ao time do coração? Um drink realmente especial, que dilua com gelo a tradição, a arte e o amor que são a alma do clube do coração.
“Por que não?” é o lema do manguaça. Afinal se for explicar “por que sim” a cada vez que resolver beber vai tocar em delicadas e desnecessárias questões morais que facilmente se desfazem diante de um gentil drible retórico, seguido do prazer do primeiro gole. É a vitória da imanência, diria o filósofo, mas quem há de negar que um drink bem feito e corretamente servido transcende o mero prazer hedonista e leva o indivíduo a acreditar mais no ser humano, em si mesmo e, sem dúvida, no camarada ou na companheira ao alcance de uma prosa?
Pois bem, o Futepoca lança aqui uma nova série exclusiva, a Drink rolando, com a criação de coquetéis originais, inspirados no seu time do coração. E vai com a receita para você fazer e degustar em sua própria casa.
E o primeiro homenageado é o alvinegro que, como o meu Corinthians no ano passado, em 2013 extirpou de sua nação o tabu de não ter ainda vencido a Libertadores da América. O Atlético Mineiro mostrou um futebol ágil, bonito de se ver, sob a liderança do veterano e então desacreditado Ronaldinho Gaúcho – que já foi melhor do mundo e conduziu o Barcelona à conquista da Champions League –, acompanhado da competência do pequeno notável Bernard, dos matadores Jô e Tardelli e todo um respeitável elenco.
Quem comanda a rodada é o mestre da coquetelaria Leandro Nagata. Proprietário da Trattoria Nagattoni (que fica na estrada entre Taubaté e Campos do Jordão), é natural de Jápoli, em algum lugar na fronteira entre a Itália e Japão. Pratica jiu-jitsu e é apaixonado por futebol, corintiano desde o nascimento e sarrista eterno.
O maestro Nagata criou o coquetel Galibertas, uma tabelinha criativa com o tradicionalíssimo rabo de galo, introduzindo notas cítricas da liberdade que está na bandeira de Minas e no nome do campeonato continental.
Um coquetel refrescante, de pouca persistência, redondo e agradável. Harmoniza perfeitamente com um tutu de feijão, arroz, couve refogada e bons nacos de pernil cozidos com cebola. Cada trago de Galibertas convida a mais um bocado do prato, e a recíproca é verdadeira. Pode-se substituir o pernil por torresmos crocantes e suculentos, e o resultado continuará excelente, mais ou menos como substituir Jô por Tardelli, e vice-versa, na ponta-de-lança do ataque.
Galibertas
O rabo de galo do Galo campeão da Libertadores
Com vocês, o Galibertas. Santé!
INGREDIENTES
50 ml decachaça branca. Não preciso dizer que,
no caso, é de bom tom usar cachaça mineira. 25 ml de vermute tinto
– pode ser Martini, Cinzano ou Contini. 15ml de Cointreau, para
relembrar a inspiração francesa da Inconfidência Mineira, donde
nasceu o lema “Libertas Quæ Sera Tamen” que contorna o triângulo
da bandeira do estado de Minas Gerais [o Cointreau pode ser
substituído por Curaçau triple sec ou licor de laranja
transparente, que vai dar certo]. Para completar, 10 ml de suco de
limão e 2 gotas de molho de pimenta, que é pra lembrar os
comentários picantes do Gaúcho depois de cada provocação que
recebeu ao longo do campeonato. Gelo a gosto.
MODO DE PREPARO
Colocar todos os ingredientes em uma coqueteleira
e bater vigorosamente, servir em um copo americano. Decorar com um
gomo de limão dentro do copo.
Agora é com você, caro torcedor do Galo,
admirador do Ronaldinho Gaúcho, ou simplesmente um bêbado liberto e
esperto que não vai dispensar o prazer de provar um drink diferente.
Faça o seu e, por gentileza, descreva suas impressões nos
comentários.
Futepoca – Como
surgiu o movimento? Quais suas motivações?
Milena
Franco –Sou atleticana desde sempre, mas
recentemente comecei a estudar gênero e teoria feminista e, por
isso, da última vez que fui ao estádio, fui com um outro olhar, e
fiquei muito incomodada com a homofobia e o machismo generalizados e
naturalizados por todos, mesmo por parte de pessoas que, fora do
estádio, têm uma postura política de respeito à diversidade.
Dessa angústia surgiu a ideia de fazer um movimento e várias
pessoas gostaram da ideia e se juntaram a ele. Agora o movimento
cresceu e é constituído por muitas pessoas. Somos atleticanos de
várias idades, gêneros, profissões e orientações.
Futepoca
– A repercussão surpreende? Como está se dando esta repercussão,
tanto positiva quanto negativa? Milena
–A repercussão surpreendeu muito. Nunca imaginei
uma repercussão dessa magnitude. Fiz a página apenas para divulgar
entre meus amigos, pensando que algum dia poderíamos nos organizar
pra fazer algo maior. Mas em três dias a página foi curtida por
mais de 3.000 pessoas. Acho que atendemos a uma demanda silenciosa.
Pelo visto, muita gente que gosta de futebol já queria dar esse
grito contra o machismo, a homofobia e a intolerância e ficamos
muito emocionados com todas as manifestações de apoio.
Infelizmente, há também muita repercussão negativa, mas isso já
era esperado, já que estamos mexendo em um terreno muito machista e
conservador, que é o do futebol. O problema são as ameaças que
recebemos. As pessoas se oporem ao movimento é totalmente aceitável,
mas ameaça não..
Futepoca – Há a ideia de levar isto
à direção do Galo? Milena
–Ainda não recebemos uma resposta do time. Ficamos
sabendo, no entanto, através da reportagem do Globo Esporte, que a
diretoria é favorável ao movimento e ficamos muito felizes de ver
que o nosso time tem essa postura de respeito á diversidade e
combate ao preconceito.
Futepoca – Qual a
dimensão da homofobia e do sexismo no futebol brasileiro hoje? Qual
a importância de se mudar isto?
Milena
–Há muito machismo e muita homofobia no futebol e
estes são temas totalmente intocados. Enquanto essas arenas de
exceção continuarem existindo, arenas onde o preconceito é
permitido, o preconceito e a intolerância nunca acabarão. Discutir
machismo e homofobia no futebol é uma questão urgente.
Futepoca
– Após a repercussão inicial do Galo Queer, uma página similar
foi criada levando o nome do Cruzeiro e posteriormente várias outras
torcidas de times de todo o Brasil. O que vocês acham disso?
Milena
–Achamos as iniciativa muito boas. A rivalidade faz
parte do futebol, mas a homofobia não. E é por isso que é
importante que haja um movimento amplo de combate à homofobia e ao
machismo dentro do futebol. Claro que temos orgulho do pioneirismo,
mas é essencial que o movimento se espalhe. Ficamos muito felizes.
Futepoca – Vocês
pretendem levar o movimento para o estádio?
Milena
–Frequentamos o estádio e temos sim esse objetivo.
Mas queremos fazer tudo com calma e no momento certo, é preciso
garantir a integridade física de todos os participantes.
Infelizmente a intolerância é muito grande e, a julgar pelas
ameaças que recebemos na página, sabemos que não será fácil
fazer protestos no estádio. Estamos pensando na melhor forma de
fazer isto. Mas o legal é que o movimento já começou a ir para o
estádio naturalmente, recebemos fotos de torcedores do Galo que
foram ao Mineirão no último jogo (contra o Villa) com cartazes de
apoio à Galo Queer e repúdio à homofobia. O triste foi saber que
os seguranças do estádio não permitiram a entrada dos cartazes,
com a justificativa de que "eles não tinham nada a ver com
futebol". E depois falam que o "políticamente correto"
é que faz censura.
Futepoca – Vocês
estão em contato com as outras torcidas anti-homofobia que surgiram
após a criação da Galo Queer?
Milena
–As outras torcidas anti-homofobia que surgiram
entraram em contato com a gente apenas para pedir ajuda na
divulgação. Mas estamos dispostos a, no futuro, organizar alguma
ação conjunta com as outras torcidas.
Futepoca – O que
vocês acham de expressões como "Maria" e "Bambi"?
Milena
–Expressões como "bambi" e "Maria"
são sim sintomas de uma cultura homofóbica. Se você não é
homofóbico nem machista, você simplesmente não usa tais termos
para ofender alguém. A rivalidade pode se expressar de várias
outras formas que não alimentem uma cultura opressiva. O argumento
de que "brincadeiras" desse tipo fazem parte da cultura do
futebol não se sustenta, a escravidão também fazia parte da nossa
cultura há alguns séculos atrás, mas a cultura é mutável, ainda
bem.
Futepoca – Na sua
opinião, os clubes brasileiros, a CBF e as federações não tratam
da forma devida o combate à homofobia no futebol? E a mídia
esportiva?
Milena
–Não. Acreditamos que não há nenhum empenho da
CBF em combater a homofobia e o machismo no futebol. Em outros
lugares do mundo existem iniciativas super interessantes, como a
campanha
da Holanda, mas no Brasil não há nada
parecido. A mídia esportiva parece seguir a mesma linha da CBF,
apesar de que ficamos felizes de ver tantas matérias sendo feitas
sobre a Galo Queer e as demais torcidas anti-homofobia e
antissexismo, parece que as coisas estão começando a mudar.
Das brincadeiras com a sigla do Clube Atlético Mineiro, CAM, talvez a mais emblemática na campanha vitoriosa da Libertadores 2013 tenha sido a adaptação do slogan da primeira eleição de Obama, o Yes, We CAM virou camiseta e serviu de inspiração para o grito de "Eu Acredito", que embalou os estádios principalmente desde o jogo contra o Tijuana, pelas quartas-de-final, com o primeiro milagre de São Victor, ao defender um pênalti aos 48 do segundo tempo.
Mas acreditar em mais dois milagres e numa vitória tão sofrida quanto a de ontem no Mineirão não é para qualquer um. Corações atleticanos sofreram muito para ganhar o maior título de sua história. Pois sair em desvantagem por 2 a 0 na semifinal contra o Newell´s, buscar a vitória pelo mesmo placar e vencer nos pênalties e, depois, repetir a dose nas finais é teste para cardíaco nenhum botar defeito.
Eu cá, com meu coração cansado, dado a pessimismos vários, sempre esperava o momento em que algo aconteceria e perderíamos o título. Uma bola mal-atrasada, uma falta no final do jogo e gol contra, uma pênalti mal batido etc. Por incrível que pareça, não deu errado.
No primeiro jogo das finais, a falta batida e o gol do Olímpia nos acréscimos pareciam sinais de que a sorte havia mudado de lado. Impressão que só acabou quando na segunda partida um jogador do Olímpia pegou a bola sozinho num contra-ataque, com gol vazio numa saída errada de Victor e caiu sentado ao escorregar no gramado. E com o segundo gol do Galo, feito por Leonardo Silva de cabeça, numa bola que fez trajetória muito longa e nem parecia que ia entrar.
Terminados os tempos regulamentares e com o Galo com um jogador a mais veio a falsa sensação de que o título não seria tão difícil assim. Ledo e Ivo engano. O sofrimento foi novamente para os pênalties com o Atlético jogando lentamente e trocando passe laterais à la Parreira de 1994. Com isso a disputa foi novamente para a imponderável disputa.
Na primeira bola, Victor se adianta e defende. O medo foi que o juiz mandasse voltar, mas o chileno Enrique Osses foi tão covarde quanto ao não assinalar pênalti em Jô no segundo tempo da partida e fez que não viu. Depois, quatro cobranças perfeitas de Alecsandro, Guilherme, Jô e Leonardo Silva e uma quarta cobrança paraguaia na trave fizeram que este inacreditável Galo vencesse mais uma vez com muito sofrimento.
Quebra de mitos - Em dois anos consecutivos a Libertadores teve campeões que nunca haviam conquistado o título, com o Galo fazendo companhia ao também alvinegro Corinthians. Cuca, o técnico azarado, mostrou sorte em todos os momentos decisivos. Jogadores renegados como Ronaldinho, Jô, Richarlyson (argh), Alecsandro e outros foram campeões. Um time com uma torcida acostumada a sofrer teve uma das maiores alegrias da vida.
Para encerrar, o grito de GAAAAALLLLLOOOOOOOO campeão tem de ser dividido com meu tio Albertino, que me ensinou a paixão alvinegra por toda a vida e que morreu sem ver o título. Obrigado.
Hoje não deu pro Pato, nem aqui, nem acolá (Eduardo Viana/LancePress)
A enorme e variada lista de contusões no meio-campo cobrou seu preço neste domingo, quando o Corinthians perdeu para os reservas do Atlético MG em pleno Pacaembu. A completa falta de toque de bola no que deveria ser o setor pensante do time é sem dúvida a causa técnica para a derrota. Mas não é desculpa para um resultado tão vexaminoso.
Não que o time enviado a campo pelos mineiros seja tão ruim assim. Tinha, Réver, o goleiro Vitor, que fez umas três belíssimas defesas, Guilherme, autor do salvador gol de quarta-feira, por exemplo. E Bernard, que deu hoje o passe para Rosinei marcar o gol da vitória do Galo, marcando mais um ponto para o espírito dos ex-jogadores contra seus times passados. O gol contou ainda com uma marcação frouxa de Edenílson sobre o selecionável atleticano e uma cochilada imperdoável de Paulo André na pequena área.
Sem Douglas, Danilo, Renato Augusto e Emerson, A linha de três no meio campo foi formada por Ibson, Pato e Romarinho, Guerreiro na centravância. Em linhas gerais, o Galo se defendeu e explorou contra-ataques e o Corinthians tentou, tentou e tentou marcar o seu.
As melhores chances estiveram nos pés de Romarinho, que tem uma deficiência crônica no arremate. Pato, que destruiu contra o Bahia, não encaixou dois bons jogos em sequência, perdeu duas chances e foi homenageado às avessas pela torcida.
Sequência, aliás, parece ser algo impensável para o Corinthians neste ano da graça de 2013. Novos jogadores, contusões a granel e Tite que se vire. Ainda é cedo, o Brasileirão é longo. Mas sem estabilidade, não se disputa campeonato de pontos corridos.
Quando o Tijuana foi bater o pênalti que desclassificaria o Galo nos acréscimos do segundo tempo, pensei comigo que a história de chegar muito perto de um título importante e ser derrotado aconteceria novamente. Pessimismo de quem se tornou atleticano para sempre na derrota para o São Paulo, no Brasileiro de 1977, na derrota nos pênalties.
Ontem à noite, o garoto de 12 anos voltou. À época, em março de 1978, a certeza da vitória. Hoje, décadas depois, mais calejado, com o pessimismo que a vida ensinou, novamente esperava o momento em que tudo daria errado. Não deu. Mesmo depois de Jô e Richarlyson errarem suas cobranças. Por incrível que pareça os argentinos também perderam. E de novo estava lá o goleiro Victor para fazer mais um milagre no momento decisivo, contra o craque do Newell´s Old Boys, na última cobrança.
Confesso que as visitas aos cardiologistas nos últimos anos e os remédios tomados cotidianamente para controlar a pressão funcionaram. O coração resistiu mais uma vez.
E resistiu num jogo tenso o tempo todo. O começo, com o gol de Bernard logo aos 3 minutos, foi enganoso. O bom time argentino encaixou a marcação e sempre levou perigo com os atacantes Scocco e Maxi Rodriguez. O Galo teve boas chances com Bernard e Josué, mas o gol não saía. E nem adianta reclamar de dos pênalties não dados pelo juiz. Não vão marcar nada a favor de time brasileiro este ano mesmo.
Mas no segundo tempo o Atlético entrou visivelmente nervoso, errou demais, teve sorte de não tomar um gol e só reagiu a partir das mudanças de Cuca, com as entradas de Luan, Alecsandro e Guilherme. E a participação do ex-cruzeirense foi tão decisiva quanto a queda da luz. Finalizou bem uma primeira vez e a bola passou perto da trave. No segundo chute, fora da área, fez o gol mais decisivo de seus dois anos no Galo. O resto é história. Como foi histórico o apagão dos refletores. A luz voltou e o time se iluminou novamente nos minutos finais (não resisti ao trocadilho).
Por último, quem vive falando do azar do Cuca é bom mudar o lado do disco. Mesmo que perca a final (mangalô três vezes), não pode ser chamado de azarado depois de seu time se classificar duas vezes da forma como fez. Que venga el Olimpia. Por precaução, vou dobrar a dose dos remédios.
Cícero, Arouca e os moleques. O clima é outro (Foto Santos FC)
Um time formado do
jeito que muito torcedor santista gosta. Da equipe
campeã da Copa São Paulo de Juniores neste ano, entraram como
titulares o zagueiro Gustavo Henrique, no lugar do contundido Edu
Dracena; Leandrinho, que tomou o lugar de Renê Júnior; Pedro
Castro, que substituiu Montillo, na seleção argentina, e Neílton.
Mas, talvez mais importante que a entrada dos garotos, que deram
ritmo e velocidade à equipe ainda que desentrosados, foi o
posicionamento de alguns jogadores que se sentiam claramente
desconfortáveis na equipe comandada por Muricy.
Um deles foi Arouca,
que voltou a jogar como primeiro volante, posicionamento no qual se
destacou na Vila. Ultimamente, fazia as vezes de um meia direita,
deixando de ser um elemento surpresa, no ataque e marcando em uma
área que não era a dele. Cícero também veio mais de trás e
confessou se sentir mais à vontade atuando dessa forma. Pelo jeito,
muitos boleiros alvinegros não sentem saudades do ex-técnico...
Se falta entrosamento,
sobrou vontade e movimentação, principalmente na primeira etapa. O
gol veio cedo, aos 3 minutos, um chute de Cícero com efeito que
contou com certa colaboração do arqueiro Vítor. O Atlético-MG,
desfalcado dos jogadores da seleção, chegou a achar alguns espaços
na defesa santista, mas os donos da casa conseguiram várias vezes
fazer uma transição rápida da defesa para o ataque, levando
(pouco) mais de perigo ao gol adversário que os visitantes.
Não somente essa
velocidade foi novidade no time, como também os passes trocados no
ataque, como os que resultaram no gol peixeiro. O Santos nem parecia
o time de pebolim de algumas semanas anteriores.
Na etapa final, Cuca
colocou Neto Berola, que conseguiu trazer o Galo mais perto do gol
nos dez primeiros minutos, quando Claudinei Oliveira acertou a
marcação pelo lado esquerdo com Cícero, que fez uma grande partida
do ponto de vista tático. A partir daí, o jogo ficou amarrado, com
o Atlético não conseguindo criar e o Santos não conseguindo
contra-atacar. Nem mesmo a expulsão de Marco Rocha, que fez falta em
outro menino da Vila, Léo Citadini (sim, parente do ex-diretor
corintiano Roque Citadini) que substituiu Pedro Castro, mudou o
cenário.
De resto, Galhardo,
outro que parece se sentir mais à vontade hoje em dia, foi aplaudido
quando saiu machucado, um momento raro do atleta na Vila Belmiro.
Renê Júnior entrou em seu lugar, mostrou certa afobação e errou
passes demais, justificando o banco que esquentava. Neílton foi efetivo quando pegou na bola e Ronaldinho
Gaúcho foi muito apagado, entregue à marcação da defesa santista.
Talvez ele também tenha sentido a falta de Neymar...
Ao que parece, Marcelo
Bielsa vem a Santos no final de semana para conhecer a estrutura
do Peixe e decidir se vem treinar pela primeira vez um time
brasileiro. Caso não tope, consta que não existe um plano B, já
que a diretoria só conversa com o argentino. Mas tudo indica que a
segunda opção pode ser o próprio Claudinei. Não seria má ideia.
O time do Galo este ano está jogando um grande futebol, mas provou mais uma vez na derrota para o Cruzeiro hoje que é um time que não sabe jogar atrás e controlar resultado, tem de jogar para a frente e na pressão.
Como aconteceu contra o São Paulo na última partida da fase de grupos da Libertadores, o Galo entrou com vantagem, querendo segurar a partida. O Cruzeiro adiantou a marcação, foi para cima e dominou, com fez o time paulista naquele jogo.
Com dois gols de pênalti e o Galo estranhamente nervoso nas finalizações, o Cruzeiro parecia ter chance de retribuir os 3 a 0 da primeira partida no Independência e ficar com o título, já que tinha a vantagem pela melhor campanha e buscava um resultado igual.
Mas aí o Galo se lembrou como é seu jeito de jogar na etapa final. Mesmo com um resultado que ainda lhe era favorável foi para cima e teve muito mais chances que o Cruzeiro e poderia ter empatado ou até ganhado se não fossem as defesas de Fábio.
Ironia, acabou fazendo apenas um gol de pênalti, como foram os três da partida. Aliás, não gosto do Vuaden, com essa mania de ser "europeu e deixar o jogo correr" acaba não marcando muitas faltas claras. Como a que Dagoberto fez em Marcos Rocha no meio de campo antes de sofrer o pênalti de Gilberto Silva. Mas em relação aos pênalties, creio que acertou nos três, mesmo sendo dois contra meu time. O segundo contra o Galo foi daquelas besteiras que só o Richarlyson é capaz, com seu jeito atabalhoado, para dizer o mínimo.
Reclamam do pênalti sobre o Luan, que gerou o gol de Ronaldinho, mas o atacante do Galo foi empurrado por trás por dois jogadores azuis depois de colocar a bola na frente e ganhar deles na corrida. No final, mesmo sem esse gol o Galo seria campeão por mais uma vez ter usado bem o fator casa no Independência.
Agora, que venham os mexicanos do Tijuana na Libertadores. Jogos que serão bem difíceis. É hora de consultar o cardiologista...
Esperança não ganha jogo nem classifica de fase em torneio continental. O Palmeiras perdeu em casa para o Tijuana em pleno Pacaembu, na terça-feira, 14, e está fora da Taça Libertadores da América. Depois de estar atrás no marcador por dois tentos de diferença, o time diminuiu a diferença, e a partida terminou 2 a 1.
Eliminado.
Apesar de ter atacado e buscado criar chances de gol, o time do Palmeiras deixou claro para quem quisesse ver que falta qualidade e recursos. Ainda mais diante de uma situação adversa contra um time minimamente estruturado.
A falha terrível do goleiro Bruno no primeiro gol dos mexicanos merece poucos comentários para além do desconsolo. Um frango como não se via há muito tempo.
Enquanto a preocupação para a Série B cresce -- porque fácil não será e dá medo -- o saldo da participação na Libertadores é só o de ter passado de fase. Da primeira fase.
A torcida de atleticanos por um confronto ainda mais fácil -- até do ponto de vista logístico -- não ajudou os alviverdes. Melhor teria sido um empréstimo da qualidade e do entrosamento dos atacantes do clube mineiro... Agora, Jô, Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli e cia vão visitar o México e seu gramado sintético nas quartas de final.
Ronaldinho Gaúcho tripudia e faz cosquinha em Wellington, que cai e simula falta
Que show de bola! Que baile! Considerando que os espetáculos anteriores do Atlético-MG pela Libertadores no estádio Independência, pela fase de grupos, tenham sido contra The Strongest (2 x 1) e Arsenal de Sarandí (5 x 2), times medianos sem conquistas internacionais, a goleada de ontem por 4 a 1 sobre o São Paulo, tricampeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, foi a confirmação incontestável de que o time do técnico Cuca é, hoje, o de futebol mais vistoso e eficiente no Brasil. Pessimista como sou, já previa derrota e, na pior das hipóteses, uma noite de pesadelo. Ao fim do jogo, respirei aliviado: o meu time escapou do que poderia ter sido uma das piores goleadas de toda a sua história, comparável à maior delas até aqui, o 8 x 1 que o Botafogo-RJ nos aplicou no Torneio Rio-São Paulo de 1940.
Bernard: craque
O Atlético-MG fez o que quis em campo. Duas imagens, ambas do segundo tempo, ficarão guardadas em "minhas retinas tão fatigadas" (citando o cruzeirense Carlos Drummond de Andrade): a primeira foi uma jogada de futebol de salão, com Ronaldinho Gaúcho partindo para o ataque pela esquerda, trocando de pé em velocidade e tocando quase sem olhar para Diego Tardelli, no meio, que tocou da mesma forma, em milésimo de segundo, para Bernard, na direita, numa sintonia e sincronia que não vejo há anos no futebol nacional, síntese da plena afinação da "orquestra" que Cuca montou na linha de ataque do Galo; e a segunda imagem, a do Ronaldinho Gaúcho tripudiando e fazendo cosquinha na cabeça do pobre e inoperante Wellington, resumo da humilhação e da zombaria sofridas pelo atropelado São Paulo.
Jô abre o placar: 1 x 0 foi pouco no 1º tempo
E o estrago, repito, poderia ter sido bem maior. Com 10 minutos de jogo, o Atlético-MG já tinha perdido um gol feito, mandado uma bola no travessão e sufocava o time de Ney Franco como se fosse uma partida de adultos, profissionais, contra um combinado Sub 15. O primeiro gol saiu com uma naturalidade espantosa, golaço de Jô em troca de passes fulminante. O São Paulo se segurava como podia: jogador tirando bola em cima da linha, Rogério Ceni fazendo defesa de reflexo dentro da pequena área, pressão e mais pressão. O primeiro tempo ter acabado com placar de 1 x 0 foi um espanto: poderia ter sido 4 ou 5 x0 fácil, fácil. Eu, que tinha aberto uma garrafa de vinho e tirado o som da televisão para ouvir um CD (porque detesto todo e qualquer comentarista esportivo, de qualquer emissora), acompanhava o jogo como quem assistisse as Torres Gêmeas pegando fogo, na iminência de desabarem.
Gaúcho e Jô comemoram segundo gol
Veio a segunda etapa e voltou a sensação de que meu time levaria um vareio épico, daqueles de virar manchete na mídia esportiva de todo o planeta. Sensação que surgiu quando o jogo começou e vi Douglas em campo. Ali, entendi que não seria apenas uma derrota. Poderia ser "A" derrota. Na segunda etapa, colocaram o coitado do Silvinho, ex-Penapolense ("Que faaaaaseee...", diria Milton Leite), mais perdido que surdo-mudo em tiroteio. O São Paulo, pateticamente, se jogava para o ataque na base do chutão para qualquer lado, da bola área rifada, do "bumba-meu-boi". Triste de ver. Em todos os lances, os passes chegavam 30 centímetros atrás de quem ia receber a bola, o jogador tinha que voltar para buscá-la, o posicionamento dos colegas se embaralhava, tudo saía errado. O time perdia a bola. E o Atlético-MG partia para o contra-ataque - rápido, coordenado, entrosado, com toques de primeira, fatal. Numa dessas, Jô fez 2 x 0. E iniciou o previsível massacre...
Tardelli engana Tolói e encobre Rogério Ceni
Na saída de bola, o São Paulo desembestou e se atrapalhou mais uma vez, houve um chutão para o alto e Rafael Tolói correu para tentar atrasar a bola, de cabeça, para Rogério Ceni. Quem assistiu ao clássico entre São Paulo e Corinthians pela primeira fase do Campeonato Paulista já fazia ideia do que poderia acontecer. Naquele jogo, Tolói tentou atrasar uma bola para Ceni, Alexandre Pato chegou antes, sofreu pênalti e depois fez o gol da vitória para o time de Parque São Jorge. Ontem, não deu outra. O ex-sãopaulino Diego Tardelli estava na cola do atrapalhado zagueiro e só esperou ele cabecear errado para dar o bote e, com um toque sutil, encobrir o goleiro e marcar um golaço: 3 x 0.
Jô faz 3º, após passe de Ronaldinho
Dois gols em dois minutos. E ainda tinha mais. Cinco minutos depois do terceiro gol, Ronaldinho Gaúcho, que mandou e desmandou na partida, numa das melhores atuações de sua carreira, fez outra jogada de futebol de salão e, à la Mário Sérgio Pontes de Paiva, olhou para a esquerda e deu passe para a direita, Jô recebeu e tocou no canto para selar o inapelável atropelo do Galo sobre o Tricolor. Naquele momento, faltando mais de 20 minutos para o jogo acabar, enchi minha derradeira taça de vinho e orei: "Meu Deus, já tá de bom tamanho! Por favor, faça com que o Atlético-MG tire o pé!". Graças a Ele, fui atendido. O time de Cuca não chegou a tirar o pé, mas também não aumentou a conta da sova. E o (eternamente) apagado Luís Fabiano ainda fez o golzinho de honra. Ficou de bom tamanho.
Silvinho: mais um "craque" do Juvenal
Falar mais o quê? Já cansei de repetir, aqui neste blogue, que o São Paulo não é um time. Não tem padrão de jogo, esquema tático. Não tem laterais, nem volantes, nem zagueiros que prestem. Não consegue finalizar no ataque. Não vai chegar a lugar algum com Douglas titular. Com Lúcio, Luís Fabiano, Ademilson. Continuo defendendo Ney Franco, mas uma campanha que teve seis derrotas em dez jogos é pura e simplesmente o reflexo do que é o São Paulo na era Juvenal Juvêncio: contrata mal, planeja mal, administra mal. Perde jogos, perde títulos, perde dinheiro, perde boas contratações, perde bons negócios. E, cada vez mais, vai perder torcedores. Para o Corinthians. Para o Atlético-MG. Não acredito que vá mudar alguma coisa daqui para o final do ano. Ney Franco vai tentar tirar leite de pedra para, quem sabe, beliscar outra vaguinha na Libertadores de 2014. Mas não sejamos ingênuos, sãopaulinos. A derrota de ontem não será o último vexame de 2013. Já que o clube é o da fé, vamos rezar muito. Seja o que Deus quiser!
Coisa inédita: um torcedor do Atlético-MG reclamando de arbitragem! Mas a causa é justa: depois de o árbitro Carlos Eugênio Simon ter admitido que errou ao não marcar um pênalti escandaloso sofrido pelo Galo em 2007, em partida contra o Botafogo-RJ que selou a desclassificação do clube mineiro da Copa do Brasil, um atleticano resolveu pedir na Justiça indenização por danos morais. De acordo com o site Terra, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai analisar hoje o processo.
O autor da ação - que é advogado - afirma que o caso deve ser tratado sob as cláusulas que protegem o direito do consumidor e que a CBF deve responder pelos atos de seus prepostos, já que fornece o "produto", ou seja, o jogo de futebol - se analisarmos a qualidade do "produto" nas últimas temporadas, pode configurar até fornecimento de droga.... Porém, o torcedor perdeu a ação em primeira e segunda instâncias: o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro considerou que o erro não gera para o torcedor-consumidor qualquer direito de cunho moral ou muito menos material e que a CBF, ao organizar as partidas, não se compromete a conseguir resultados favoráveis a qualquer dos times.
Insistente, o torcedor entrou então com um recurso especial dirigido ao STJ. O ministro Luis Felipe Salomão determinou a subida do recurso ao STJ para um melhor exame, já que há "peculiaridades" no processo. Acho que por "peculiaridade" podemos entender descaramento, pois não há a menor dúvida de que o pênalti não marcado aconteceu. No lance, dentro da área do Botafogo, o jogador Alex derruba sem dó o meio-campista Tchô, do Atlético-MG. Vale a pena ver de novo (no vídeo abaixo, a partir de 02:03):
Às vezes, temos que concordar com o velho chavão e admitir, de fato, que o futebol tem lá os seus dias de Kinder Ovo. Para surpresa e espanto de quase todo mundo, o São Paulo entrou em campo, ontem, ainda melhor do que no último confronto contra o Atlético-MG no Morumbi, pela fase de grupos, quando venceu por 2 a 0. Durante 35 minutos, o Tricolor fez o mesmo que o time de Cuca faz no estádio Independência: foi pra cima, sem dar um segundo para o adversário pensar e criou meia dúzia de lances fatais no ataque, logo de saída. A diferença é que o Atlético-MG, quando faz isso em seu campo, estufa as redes na maioria das chances criadas. E o São Paulo, não. Resultado: Galo 2 x 1.
Poderíamos culpar Ademilson pelos três "gols feitos" que não fez ou, mais obviamente, Lúcio, pelos dois cartões amarelos e (justa) expulsão ainda no primeiro tempo. Mas a caixa de surpresas que é o futebol também tem sua parcela. Afinal, foi muito azar o do Aloísio ter se machucado justo no lance do primeiro gol, de Jadson, aos 8 minutos de jogo. Tivesse ficado em campo, teria grande chance de concluir pelo menos um dos lances perdidos - o que o teria consagrado e mudado completamente a história da partida. Mas, em vez de culpar esse ou aquele que foram para o jogo ontem, no Morumbi, prefiro pensar no tamanho do prejuízo que Luís Fabiano causou com sua suspensão. Era jogo para ele.
E, analisando o outro lado, vimos a diferença que fizeram Bernard e Diego Tardelli para o Atlético-MG, os dois que estiveram fora na derrota da fase de grupos. O primeiro foi decisivo: no momento em que o São Paulo pressionava e podia decidir o jogo a qualquer momento, partiu pra cima da zaga e provocou a falta e o segundo cartão amarelo de Lúcio. A partir daí, o jogo inverteu 100% em favor do Galo. E Tardelli foi quem marcou o gol da vitória, o da "pá de cal" sobre o São Paulo nesta Libertadores. Paciência. Se o Tricolor conseguir jogar parecido com os primeiros 35 minutos de ontem lá em Belo Horizonte, pode até sair da competição (o que é bem provável), mas com a cabeça erguida.
Ney Franco provou, em meia hora, que sabe o quê e como fazer. Deu (muito) azar com a contusão de Aloísio - o que complicou ainda mais um ataque já desfalcado e queimou a primeira substituição com menos de 10 minutos de jogo - e depois com a expulsão de um zagueiro, o que mudou o jogo completamente. Mas, mesmo no 10 contra 11, o time não jogou mal. Fez o que pôde. Temos que ter consciência, porém, que, apesar da estupenda atuação nos primeiros 35 minutos e da derrota para o Atlético-MG ser perfeitamente justificável pelo fraco poder de finalização e pela expulsão de Lúcio, uma derrota contra o Corinthians no domingo abrirá uma crise fatal. Ou seja: sempre uma caixa de surpresas...
Questionado sobre os próximos confrontos do São Paulo, contra o Atlético-MG pela Libertadores, hoje, e contra o Corinthians pelo Paulistão, domingo, o apresentador Milton Neves cravou:
- Galo campeão da Libertadores e São Paulo campeão paulista.
E nada mais quis acrescentar.
'Corintiano é que nem pardal, tem em todo lugar', diz Milton, ao lado de um sãopaulino
1 - O
São Paulo jogou bem contra o Atlético Mineiro e se classificou à
segunda fase da Libertadores porque os dois volantes, Denílson e
Wellington, esse principalmente, voltaram a marcar como no segundo
semestre de 2012, quando a defesa do time foi a melhor do returno do
Brasileiro e tomou só dois gols na Sul-Americana.
2- O
São Paulo jogou bem, principalmente no segundo tempo, porque Ganso
botou a bola no chão e ditou o ritmo. Além disso, Osvaldo se
movimentou bem demais e foi vital no ataque.
3- O
São Paulo jogou bem porque teve dedicação e concentração
incríveis, ganhou quase todas as divididas contra o ótimo Galo e
anulou as principais peças atleticanas.
4 - O São Paulo jogou bem porque Ney Franco é bom técnico. Armou o
time corretamente mesmo sem peças de alto nível, como Jadson e Luis
Fabiano, e apesar de ter que usar jogadores abaixo da crítica, casos
de Aloisio e Douglas.
5 - O
São Paulo jogou bem porque a torcida deu espetáculo e incentivou o
time, de maneira impecável, do começo ao fim.
PS 1:
a confiança, essencial em qualquer área da vida, pode contagiar
positivamente o elenco, que é bom tecnicamente.
PS 2:
hoje, o Atlético é melhor, mas a soberba de Ronaldinho
pode contaminar negativamente o elenco do Galo e, por outro lado,
estimular o do São Paulo.
PS 3:
deve dar Atlético nas oitavas, mas agora a coisa zera.
Provavelmente, vai ser disputa dura, com possibilidades de dois
grandes jogos.
PS 4:
Luis Fabiano não joga a primeira partida. Isso é até bom. A chance
de expulsão dele num jogo que terá altos índices de tensão seria
grande. Dessa forma, salvo uma contusão, o São Paulo contará com o
centroavante na contenda decisiva, pelo menos nos primeiros instantes
da partida, tomara nela toda.
Passa da meia-noite e abro uma Cerpinha Export estupidamente gelada. Não, não vou negar que dei a participação do São Paulo por acabada na Libertadores após a derrota para o The Strongest, nem renegar a opinião de que o Atlético-MG é muito mais time. Por isso mesmo, por mais que o Galo possa ter se poupado no Morumbi, a vitória do Tricolor e a classificação que parecia impossível devem ser (muito) exaltadas. Nunca vi o time jogar desse jeito, com tanta raça, vontade e aplicação tática na marcação. Ney Franco colocou o time para jogar de forma bem semelhante à daquele Corinthians armado por Tite na Libertadores de 2012. Todos - e repito: todos - os jogadores de linha do São Paulo marcaram sob pressão e, em vários momentos do jogo, desarmaram algum atleticano. Impressionante.
Sei que muitos vão louvar Rogério Ceni, que jogou mais uma vez no sacrifício, ainda convalescendo da contusão no pé direito, criticado pelas falhas que teve na Bolívia - e que mais uma vez encarou a pressão absurda de cobrar um pênalti num momento de tanto nervosismo. Outros tantos vão enaltecer Paulo Henrique Ganso, que nem jogou muita coisa no primeiro tempo, mas que botou a bola no chão na etapa final e deu um passe de jogador de sinuca para Osvaldo no lance do segundo gol sãopaulino, marcado por Ademilson. Mas eu vou fazer justiça com o melhor jogador em campo: Wellington. Anulou Ronaldinho Gaúcho e teve uma atuação impecável e uniforme, os 90 minutos, marcando em cima, desarmando e recompondo a defesa com maestria. Paulo Miranda também jogou muito bem.
Aliás, se considerarmos que Carleto foi outro que fez ótima partida, podemos entender por que não vimos as habituais falhas e jogadas atabalhoadas da zaga de Ney Franco: quando os laterais marcam bem e saem para o jogo o tempo todo, segurando a bola no ataque, a defesa não fica exposta (como ficou nos dois gols do Strongest, em chutes de fora da área sem alguém pra dar combate). Com Wellington em grande noite, o bom e veloz Atlético-MG se viu "amarrado" em campo. Essa atuação comprova que o problema do São Paulo não é o técnico. Ney Franco está, sim, fazendo um grande trabalho. Só que o time é irregular - e ninguém se surpreenda se voltar a perder pro Galo, pois, como alertou Ronaldinho Gaúcho, "agora vai ser diferente, e eles sabem disso". Apesar de tudo, a partida de hoje valeu. E muito!
Ter alcançado o mata-mata no fio da navalha já é um título para esse time. E um justo prêmio para Ney Franco, que, por mais que a diretoria insista em dizer que não, teria o cargo seriamente ameaçado em caso de uma derrota hoje - e ainda mais se o Atlético-MG tivesse repetido o show de bola que deu na maioria das partidas dessa fase de grupos. Mas, vida que segue. Vou abrir outra Cerpinha.
Os times reservas do São Paulo e do Atlético-MG perdem no fim de semana - por 1 a 0 para o XV de Piracicaba (pelo Paulista) e por 2 a 1 para a Caldense (pelo Mineiro), respectivamente - e o suspense aumenta para a partida da próxima quarta-feira, com os times titulares, no Morumbi, pela Libertadores... Promessa de bom jogo.
O Galo terminou o primeiro turno da Libertadores com 9 pontos em 9 jogados. Não é uma campanha perfeita por uns gols bobos tomados e porque o time ainda tem muito a evoluir para pensar em ganhar alguma coisa este ano. O jogo de ontem contra o Strongest foi sofrido, com o primeiro tempo terminando com apenas uma chance claríssima de gol para o Galo, num passe perfeito de costas de Ronaldinho para Jô, que o goleiro defendeu .
Os bolivianos também poderiam ter marcado em contra-ataque, mas a qualidade de conclusão de seus atacantes é bem inferior. Embora o time seja bem armado e marque muito. Galo e São Paulo vão sofrer na altitude de 3.660 metros de La Paz. Empate não seria mau resultado lá.
Já no segundo tempo o Galo teve mais espaço e jogou melhor, Bernard, mesmo mal na partida por ter perdido 3 kg na semana por conta de uma amigdalite, concluiu bem, tirou do goleiro e a bola bateu na trave. Tardelli fez gol anulado pela marcação de um impedimento discutível, e, para variar, Ronaldinho decidiu. Cruzou para Jô marcar e deu passe perfeito (olhando para o outro lado) para Marcos Rocha sofrer pênalti. Na hora de bater, mesmo tendo perdido as três últimas cobranças, pegou a bola e fez o gol. Comprovando o que dissera durante a semana, que sua confiança estava em 1000%.
E essa é a diferença do Galo para times como o São Paulo, tem bons jogadores como Marcos Rocha, Bernard, Tardelli e Jô, mas na hora que a coisa aperta Ronaldinho resolve, principalmente com passes e assistências. Foi assim nas três partidas da Libertadores até agora. No segundo turno será mais difícil, pois os times já viram como o Atlético joga, mas a classificação deve acontecer sem grandes sobressaltos. Se possível com a melhor campanha para pegar um adversário teoricamente mais fraco nas oitavas de final.
Brasileiros favoritos, argentinos naufragam – Um dos dados mais impressionantes desta primeira fase da Libertadores é a baixa performance dos times argentinos. Dos cinco que disputam, hoje apenas o Vélez Sarsfield se classificaria, com o primeiro lugar no grupo 5, com 6 pontos, mesmo número que Peñarol e Emelec. Se terminasse agora, seriam 5 dos 6 brasileiros classificados e apenas 1 dos 5 argentinos nas oitavas-de-final. O brasileiro fora seria o Palmeiras, que está em terceiro no grupo 2, com apenas 3 pontos em 3 jogos. Ainda é possível que argentinos e o time alviverde reajam, mas essa não é a lógica...
Só o Galo salva! A vitória do Atlético-MG por 2 a 1 contra o boliviano The Strongest, ontem, deu um breve respiro ao moribundo time do São Paulo, que, depois de empatar em casa por 1 a 1 com o medíocre Arsenal, da Argentina, já via a Libertadores deste ano ir para o caixão. Resta agora, ao limitado Tricolor paulista, tentar milagres em jogos no exterior e, principalmente, torcer para que o clube mineiro continue com 100% de aproveitamento na competição. Caso contrário, já era...
Assim como a sofrida e mesmo acidental vitória contra o The Strongest no Morumbi, o São Paulo "suou sangue" para arrancar um mísero empate no Pacaembu, ontem, contra o pior time do grupo (o Arsenal já havia sido derrotado pelo The Strongest e goleado pelo Atlético-MG em plena Argentina). Isso prova que o time do técnico Ney Franco ainda está longe de um nível que possibilite competir com os grandes. As derrotas para Santos (no Paulista) e Galo (na Libertadores) dizem tudo.
O maior problema continua sendo os laterais. Cortez até que é esforçado, mas se perde muito no esquema com dois pontas avançados. E Douglas é péssimo, terrível, inoperante. Com isso, a bomba estoura nos volantes e, principalmente, na zaga. Quanta diferença para o Atlético-MG, que conta com o - excelente - lateral-direito Marcos Rocha! Sem laterais marcadores, que fiquem mais fixos ajudando os zagueiros, e liberando os volantes para apoiarem os meias, nada funciona.
Eu acho que o São Paulo ainda não tem um time capaz de vencer um título como o da Libertadores. Portanto, se não cair agora, vai cair lá na frente. Mas, para o bem do elenco e do trabalho de Ney Franco, que é bom e merece reconhecimento e paciência, o time não pode cair na fase de grupos - porque aí ninguém segura, é crise na certa. E o lunático do Juvenal Juvêncio pode querer inventar outro Carpegiani, Adílson Batista ou Leão... Enfim, o jeito é rezar e torcer muito. Para o Galo.
Ps.1: O Luís Fabiano não fez gol e foi expulso. Mas, afinal, qual é a novidade nisso?!?!???
Ps.2: O Rogério Ceni culpou o juiz pela derrota e nunseiquelá nunseiquelá. Idem acima.
Ps.3: O São Paulo pareceu "imitar" o também tricolor Fluminense nas duas últimas rodadas da Libertadores: semana passada, o time do Rio venceu de virada o Huachipato, do Chile, por 2 a 1, enquanto o time do Morumbi também saiu perdendo e virou para o mesmo placar contra o The Strongest. Esta semana, o Fluminense saiu na frente do mesmo Huachipato mas acabou cedendo o empate dentro do Engenhão. E o São Paulo passou vexame igual no Pacaembu. Será que os dois clubes brasileiros terão destinos iguais na competição?
Opa! Estive longe de internet nos últimos dias e, por isso, me atraso ao analisar a estreia do São Paulo na fase de grupos da Libertadores. Ainda bem que o Fredi viu e já comentou o jogo, pois, na quarta-feira, eu só alcancei uma TV aos 27 da segunda etapa - bem a tempo de ver Ronaldinho Gaúcho convidar o volante Wellington para bailar e cruzar da esquerda na cabeça de Réver: Atlético-MG 2 x 0. A partir daí, não vi muita coisa para poder comentar a partida, a não ser o gol (irregular, empurrão de Aloísio no adversário) que fechou o placar em 2 a 1. Farei, portanto, pequenas observações sobre o São Paulo.
Primeiro de tudo: bola aérea na defesa sãopaulina é gol. E já faz alguns anos isso, por mais que troquem técnico, zagueiros ou laterais. Segundo: se o lado direito é o mais fraco do ataque, o lado esquerdo é o pior da defesa. Nos dois gols do Atlético-MG, Ronaldinho fez a festa no setor do lateral Cortez e do zagueiro Rhodolfo, com cobertura adicional do volante Wellington (aliás, como bem observou o Fredi, a lambança no primeiro gol foi bem digna do quarteto Trapalhões, juntando ao trio citado acima o "bobo da garrafa d'água", Rogério Ceni). E, além de não defender, o lado esquerdo não aciona Osvaldo na frente.
O gol de Réver pareceu replay do segundo feito pelo Bolívar em La Paz, quando Yecerot foi ao mesmo ponto da linha de fundo, passou por Cortez e Welington e cruzou na cabeça de Cabrera. O terceiro do Bolívar também foi de cabeça, numa bola levantada em cobrança de falta. Pelo Campeonato Paulista, Neymar cruzou tranquilamente na cabeça de Miralles, que entrou livre na pequena área para cabecear e fechar o clássico em 3 a 1 para o Santos. Contra o Atlético de Sorocaba, uma cobrança de escanteio encontrou Fábio Sanchez sozinho para fazer o gol de honra do visitante. Ou seja: cruza, que é gol...
E isso porque estou observando só as bolas aéreas, sem contar cruzamentos rasteiros na pequena área, como os que propiciaram gols ao Guarani e ao Atlético-MG. Assim, fica claro que Ney Franco terá mais trabalho para ajeitar a defesa - e o lado esquerdo do time - do que para definir o ponta-direta ideal. Nos dois jogos mais difíceis de 2013, até aqui, derrotas para Santos e Atlético-MG (ainda que as duas tenham sido fora de casa). De minha parte, só uma cornetada: Douglas não pode ser titular, em hipótese alguma. Melhor insistir com Aloísio ou Cañete por ali. E Ganso continua sendo ótimo para esquentar o banco.