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Sua contratação é uma espécie de "presente" da nova diretoria santista aos torcedores. A dispensa de Giovanni no começo de 2006 foi um dos episódios mais mal-digeridos pelos santistas. Apesar de dentro de campo não estar rendendo aquelas maravilhas, era ídolo dos torcedores e merecia ser tratado como tal. Foi dispensado subitamente, sem explicações suficientes, no mesmo balaio que incluiu Luizão e Cláudio Pitbull. Estava em final de carreira, mas merecia uma despedida mais digna.
Agora, os novos dirigentes do Santos trazem Giovanni de volta. A aproximação entre as duas partes se deu desde a campanha eleitoral, quando o camisa 10 fora anunciado como um "intermediário do Santos na região Norte" ou coisa parecida. É nítido que, mais do que reforçar o elenco, o objetivo é dar ao atleta uma despedida digna do Santos.
Como santista, não aprovo a quase fechada contratação. Tenho Giovanni como ídolo. Meu depoimento sobre ele é praticamente idêntico ao dos outros santistas da minha faixa etária - Giovanni foi um facho de luz sobre o período mais sombrio da história do Santos, um cara que deu a nós um orgulho que não conhecíamos, uma esperança que só sentiríamos novamente sete anos depois daquele 1995.
Mas não quero ver esse ídolo submetido à fogueira que o Santos em reconstrução se mostra ser. Assim como muitos santistas, sei que o 2010 que vem aí não deve ser de títulos. E sim de conquistas fora de campo - auditoria nas contas do clube, limpeza dos quadros administrativos, execução de bons projetos de marketing e por aí vai. Claro que se as taças vierem, agradecemos; mas temos que ter ciência dessa realidade.
Acontece que há muitos que pensam de maneira diferente, e podem colocar no ídolo de 15 anos atrás uma carga que ele não merece carregar. E aí o mito Giovanni, construído com tanta qualidade naquele 1995, pode se esvair.
Eu já xinguei Pepe quando ele foi técnico do Santos, em especial na sua fraca passagem no Paulistão de 1994. Pela escalação errada de algum lateral-esquerdo ou coisa parecida, não lembro ao certo. Uma questão pequena e pontual - nada comparado com a positivamente monstruosa história que Pepe construiu como jogador na Vila.
Pepe permaneceu imune a isso. Mas será que todos os ídolos conseguem superar as insatisfações que podem pontual e involuntariamente causar às torcidas que os idolatraram? Émerson Leão, por exemplo, é visto como persona non grata no Palmeiras, clube que com tanta qualidade defendeu nos anos 1970.
É estranho.