"Boemia, aqui me tens de regresso E suplicante te peço a minha nova inscrição..."
Voltei!
E (re)começo com o título e alguns trechos do maior clássico de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, como fundo musical. Por quê?
Buenas, no post anterior que escrevi para o Futepoca, há (quase) um ano e meio, terminei dizendo que ia "beber um vinhozinho" para espantar o frio, a chuva, a deprê pré-segunda-feira e, principalmente, a dor de cabeça pelos 5 a 0 que o Corinthians aplicou impiedosamente sobre o meu time, naquele 26 de junho de 2011. Pois é, a ressaca do tal "vinhozinho" custou a passar... Mas "o bom filho à casa torna" - ou seria "o bom bebum ao bar entorna"? - e aqui me reapresento, disposto ao (bom) combate.
"Boemia, sabendo que andei distante, Sei que essa gente falante vai agora ironizar: - Ele voltou! O boêmio voltou novamente. Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?"
Acontece que o Futepoca, tanto quanto suas próprias "razões sociais" (futebol, política e cachaça), é um vício. Mais do que isso: é uma família. E em família a gente bebe, discute, briga, bebe de novo, se afasta, se reconcilia, discute mais um pouco, bebe, chora, dá risada, faz drama, bebe a saideira, conversa, se abraça e, muitas vezes, chega num acordo. Ou não (rs). No meu caso, não teve discussão nem briga nem drama. Só um afastamento, digamos, necessário. Mas, felizmente, temporário.
Porque, como diz o Gilberto Gil, na letra de outro clássico, "Back in Bahia":
"Por algum tempo, que afinal passou depressa, como tudo tem de passar Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá"
E porque um filho teu não foge à luta!
Voltei pra família Futepoca, cerrando fileiras novamente com Anselmo, Brunna, Fredi, Glauco, Maurício, Nicolau e Thalita. Agora me aguentem! (rs)
Beijos e abraços,
Marcão
Ps.1: A foto acima foi tirada pela - paciente, compreensiva e companheira - Patricia, no primeiro dia do ano, enquanto eu cantava e batucava na mesa da sala ao som de Benito di Paula, bebendo um Bicho Verde (Martini 40 ervas) misturado com caldo de pêssego. Sobrevivemos.
No amistoso disputado
no Pacaembu, ontem, o Santos apresentou parte dos reforços para
2013. Não puderam atuar Marcos Assunção, André Pinga e Nei, além
dos veteranos em recuperação Edu Dracena e Léo, e Felipe Anderson,
que está na seleção sub-20. Ainda assim, foi possível ter algum
vislumbre do que a equipe pode render no primeiro semestre, com um
elenco mais robusto do que o de 2012.
Um tempo foi dos
titulares e o outro foi dos reservas. O resultado foi o mesmo, dois a
zero em cada etapa, mas as impressões foram obviamente distintas. No
primeiro tempo, o Santos criou diversas oportunidades e, logo a um
minuto Montillo quase marcou em belo lance de Neymar. Na prática,
dentre os reforços, sempre o melhor será a manutenção do Onze
peixeiro o maior tempo possível. Mas esse o torcedor já sabe que é
fora de série, voltemos aos novatos...
Montillo, camisa dez e
segunda estrela da noite, mostrou que pode se entender bem com
Neymar. Fez tabelas e mesmo triangulações nas quais o avante André
também participou. Mas o nove santista, mesmo puxando a marcação e
dando toques de primeira, mostrou as mesmas limitações de 2012:
pouca movimentação, tanto para se deslocar como para pressionar a
saída de bola do adversário, além de falhas algo grotescas para um
atleta do nível dele. Corre sério risco de ir para reserva.
Quem chamou a atenção
foi o volante Renê Júnior. Tem boa velocidade, chegou bem ao
ataque, tanto que deu o passe para Galhardo sofrer o pênalti, e se
posiciona bem. Atuando à frente da zaga, liberou um pouco mais
Arouca, pelo lado direito, e Cícero, pelo esquerdo. O
ex-são-paulino, aliás, teve uma estreia discreta. Com Marcos
Assunção bem fisicamente (em cobranças de falta e escanteios
torcedores brincavam pedindo seu nome) e o retorno de Felipe
Anderson, Muricy pode ganhar o tal do “problema bom”. Poderá
formar em algumas situações um meio de campo com três volantes que
sabem tocar a bola e chegar ao ataque (algo que Adriano, por exemplo,
não faz) ou colocar um meio de campo mais ofensivo com Felipe
Anderson e Montillo, por exemplo.
Entre os reservas,
destaque-se a estreia de Gabriel ou Gabigol, o garoto
de 16 anos e de mais de R$ 100 milhões e também o belo gol do
irrefreável Bill, em um lance no qual tirou o zagueiro com o
traseiro (rima involuntária). Já começa a ganhar entre a torcida
um status meio semelhante ao que Obina tinha no Flamengo, uma
troça misturada ao reconhecimento pelo esforço – que ainda não
compensa a falta de técnica.
Já Victor Andrade, que
atuou meio tempo e foi substituído por Gabriel, precisa por as
barbas – que ainda não tem – de molho. Parte da torcida vaiou
seu desempenho e a paciência com o atleta que parecia promissor já
está diminuindo. Quem sabe a presença de veteranos no elenco não
traga um aprendizado diferente do que ele tem tido até agora.
Comecemos afirmando um
fato importante mas muitas vezes negligenciado sobre as competições
de categorias de base: o mais importante não é ganhar, mas revelar
jogadores. Lendo agora, parece claro que tal fato é ignorado por
soar muito como discurso de perdedor. Enfim, o fato é que, mesmo
sendo eliminado pelo Bahia no jogo desta quarta, temos alguns bons
jogadores no time, especialmente no ataque.
O destaque é Léo, que
era Leonardo no ano passado. Sem ter completado ainda 18 anos, o
jogador é habilidoso, rápido e inteligente. Pecou algumas vezes por
ser muito fominha, o que vale para as outras duas boas revelações
do time: o centroavante Leandro, artilheiro com seis gols, e o também
atacante Paulinho, habilidoso e ainda mais esfomeado.
Isto posto, entremos em
searas mais míticas. Corintianos da minha faixa etária criaram um
certo misticismo em relação ao desempenho do time na Copinha. Essa
visão, reforçada pelo ano quase perfeito de 2012, deve ter começado
com o ano de 1995, quando o Timão levou o Paulista em final sobre o
Palmeiras e a Copa do Brasil em cima do Grêmio – sem contar o
primeiro título da Gaviões da Fiel no Carnaval. O ano começou com a
vitória na Copa SP, terceiro dos oito conquistados pelo Timão,
maior ganhador do torneio. Olhando os outros seis títulos, vemos que
a mística é bastante questionável.
Começa que os dois
primeiros foram em 1969 e 1970, no meio da enorme fila alvinegra.
Nada de bons augúrios aí – o que fica ainda mais grave em 69, com
a morte do lateral-direito Lidu.
Tudo bem, a coisa pode
ter começado com o excelente ano de 1995. Pulando esse, vamos para
1999, excelente ano, do bicampeonato do Brasileirão e de mais um
título do Paulistão em cima do Palmeiras, com o tempero especial
das embaixadinhas de Edílson.
Até aqui, vamos bem. Mas depois vem 2004,
quando o Timão foi salvo pelo então sãopaulino Grafite de um
vexaminoso rebaixamento no Paulistão. A mística foi
severamente abalada, mas o ano seguinte a revitalizou: novo título
dos meninos e novo Brasileirão, com Tevez e Nilmar – e o saldo da
parceria malfadada com a MSI. O último título comemorado no aniversário da capital paulista foi em 2009, quando levamos o Paulistão invicto e
a Copa do Brasil, com show de Ronaldo.
O saldo é positivo
para os supersticiosos: 3 anos ruins e 5 muito bons. Se avaliarmos
que o feitiço, seja lá qual for, foi feito em 1995, fica 5 a 1. Não
é pouco. Na dúvida,bato na madeira. E vou mudar um pouco o axioma do início do texto
e torcer mais por vitórias da garotada.
Uma reportagem
de Rodrigo Uchoa no Valor de ontem traz uma triste notícia
para os tradicionalistas. Os lendários pubs britânicos,
verdadeiras instituições culturais da terra da Rainha, vêm sendo
substituídos por supermercados. De acordo com a Campaign For RealAle (Camra), uma associação de defesa dos direitos dos
consumidores e dos pubs, mais de 200 deles foram transformados em filiais do
estilo express de grandes redes desde 2010, sendo 50 só em
Londres. A British Beer and Pub Association calcula que em 2001 havia
60,7 mil pubs no Reino Unido e, hoje, há 51,1 mil.
A maior rede britânica
de supermercados, a Tesco, sozinha foi responsável pela “conversão”
de 130 unidades. Para ela, a vantagem de comprar pubs é que
eles já têm licença para venda no varejo de qualquer produto,
reduzindo-se a burocracia, sendo que muitos contam também com
estacionamento. Além disso, se o lugar tiver menos de 280 metros
quadrados pode ficar aberto o dia inteiro nos fins de semana. Lojas
de tamanho maior só podem funcionar seis horas no domingo.
O capital sempre disposto a acabar com a alegria
Mas, segundo a matéria,
há outros motivos para a fragilidade financeira dos pubs. De
acordo com o chairman da JD Wetherspoon, grande rede local,
nos anos 70, 90% de toda a cerveja consumida no Reino Unido era
vendida nos pubs e, hoje, esse número chega a 50%. O
principal motivo da mudança seria a questão tributária: enquanto
no balcão o cliente paga 20% de imposto sobre valor agregado, os
supermercados vendem as cervejas com imposto quase zero.
Reação
Claro que, se envolve
dinheiro e grandes corporações, o jogo
é bruto. Roger Warhurst, da Camra, afirma aqui
que "clientes e funcionários eventualmente ficam sabendo que um
pub está fechando no último minuto, quando é muito tarde
para articular uma campanha efetiva para salvá-lo.” Ele destaca
também que há suspeitas de que estes pubs são
deliberadamente levados à falência com gestão temerária, com o
propósito de reduzir potenciais protestos da população local.
De acordo com o
Guardian,
a Camra está promovendo uma campanha para que o governo possa suprir
as lacunas legais que permitem a demolição e a “conversão” de
pubs em supermercados. "Em um momento no qual 18 pubs
fecham toda semana, uma grande instituição britânica está sendo
ferida. A menos que o governo tome alguma atitude para suprir essas
óbvias lacunas na legislação, mais comunidades serão forçadas a
desistir de seus pubs sem poder lutar”.
O vício em eletrônicos ou mesmo na internet (ou no Facebook) é um problema grave, já foi tema de muito verso e prosa, mas não é o assunto aqui. Aplicativos e softwares simulam e brincam com o exercício e até os efeitos da bebedeira ou do consumo de outros entorpecentes variados.
O tema alcoólico e as trapalhadas dos embriagados flagrados por policiais, câmeras indiscretas ou notícias de veracidade duvidosa populam em colunas de tabloides e no noticiário bizarro. Também já transbordaram por estas mal-traçadaslinhas em profusão (bota profusão nisso...).
O Futepoca adverte: desde o começo, "apenas ampliou o alcance do balcão" no que toca à conversa de bar. Mas jamais propôs aceitar brindes entre copos virtuais e coisas do gênero. Pelo direito ao bar, sem dirigir depois e com moderação (seja lá o que isso signifique).
A brincadeira começa com o aplicativo iBeer, que simula, em iPhone e Android, um copo de cerveja pilsen dentro do smartphone. O telefone esperto usa os sensores de movimento para sacolejar as imagens do líquido dourado e brincar de entorná-lo virtualmente, como demonstra o vídeo. Não mata a sede, mas rende performances inspiradas em stand-up show aos montes no escritório...
Há variações semelhantes aplicadas ao uso de cocaína e de cigarro de maconha. É claro que há diversas outras versões da mesma coisa.
Outro efeito comum do uso concentrado de etílicos é alcançar aquele estágio conhecido em certos fóruns como "estágio nove", ou "fronteira final". Trata-se, segundo a literatura - nunca estive lá, juro -, da apresentação de sintomas específicos, bem depois da etapa alegrinha, da fase de debates acalorados, da sedutora, da valentona e até da aquietada... O caso aqui é o da condição em que a afeição, o carinho e os mais profundos e ocultos sentimentos afloram. Em geral, afloram para cima de qualquer um, para o lado ao qual o nariz estiver virado. Pode-se ver a manifestação disso por declarações como: "Cê tá ligado que eu te considero pra c..." Ou: "Você é meu amigo, cara, eu te amo, cara! Te amo!" E por aí vai.
Há poucos registros de pessoas que voltaram para contar o que acontece depois de tanto uso de goró. O que importa para este caso é que até mesmo isso tenta ser simulado via web.
A pedida é de um carinho. Mas, depois de "encher a cara" de iBeer, virtualmente bêbado (sic), o manguaça do simulacro pode querer desabafar, manifestar o quanto ele preza os seus sentimentos. Pode tentar isso pelas mídias sociais mais comuns, mas vai chegar uma hora em que tudo o que esse hipotético e sóbrio bêbado vai poder querer é um ombro amigo.
E nem os efeitos a longo prazo escapam da sanha digital por simular o entorpecimento desregrado e inconsequente. O "Espelho da Bebida", aprimorado pelo governo escocês - em uma iniciativa anti-Manguaça Cidadão - promete mostrar o efeito de longo prazo da bebida sobre o rosto de mulheres. A exemplo do que se pode fazer filtros para simular a idade ou uma corriqueira transmutação em zumbis, o aplicativo "engorda" e "envelhece" a imagem. Em dois ou três cliques.
Embora pareça sexista, a ideia foi apelar para a vaidade feminina no intuito de alertar para os efeitos duradouros do consumo de álcool acima dos patamares recomendados pelas autoridades de saúde da Escócia. Assim como os homens, elas também usam saias e andam afogando as mágoas cada vez mais, sempre de acordo com a visão governamental.
Fotos: Divulgação
Antes e depois.
Até a ressaca é tema de aplicativos, seja para "calcular" o humor, seja para indicar modos para remediar a situação.
Com bebedeira virtual será o fim da bebedeira-arte, da bebedeira-moleque, da bebedeira-magia?
Todo mundo já sabe,
mas decidi mesmo assim pitacar sobre a contratação de Alexandre, o
Pato, pelo Corinthians, sacramentada nesta quinta-feira. Trata-se,
segundo notícias, da maior soma já paga pelo Timão por um jogador,
R$ 40 milhões divididos em quatro anos. E vale? O grande conselheiro
Acácio avisa que só o futuro dirá. Obviamente, vai depender do
desempenho do jogador. Como aposta, na minha humilde opinião, vale
sim.
Como bem resgatou e constatou Luiz Felipe dos Santos, do sempre excelente Impedimento,
Pato não foi o que se imaginava que seria. Mas o que dele se
esperava não era pouco: que fosse o sucessor de Ronaldo Fenômeno
com a 9 da Seleção Brasileira, como este foi o de Romário. Estamos
muito bem acostumados com centroavantes geniais, o que aumenta muito
nossas exigências.
Mas Pato foi no Milan
um centroavante muito do bom, enquanto teve condições físicas para
tal. O Corinthians acredita que seu departamento médico poderá
colocar o garoto para jogar o que sabe, coisa que o Milan Lab não
conseguiu. É uma aposta semelhante à feita com Ronaldo, que deu
resultados muito bons, ainda que não por muito tempo. E parecida
também com a feita em Adriano, que não deu em nada. O novo desafio
tem, claro, suas diferenças: Pato não é genial como Ronaldo, mas
tem 23 anos e muito tempo de bola pela frente, mais do que tinha
Adriano, cuja recuperação não se deu muito por conta de seus
problemas e opções pessoais.
Aí entra o ponto
central: assumindo que o departamento médico do Corinthians tenha
mesmo condições de resolver os problemas físicos do atacantes, o
resto dependerá da vontade de Alexandre para correr atrás. Isso
vale tanto do ponto de vista físico quanto para entrar no ritmo e
esquema que Tite armar para ele jogar. Esquema esse que provavelmente
não sairá muito das principais características exibidas
recentemente: muita marcação, alternando pressão no campo do
adversário com o recuo das linhas, e entrega de todos. “Todos
jogam, mas todos marcam”, resumiu Tite numa bela entrevista a AndréRocha, da ESPN.
Nessa mesma entrevista,
Tite falou do caso de Douglas, que nunca marcou tanto na vida quanto
fez no Corinthians do segundo semestre, sem perder sua qualidade de
passe, retenção de bola e leitura do jogo. Segundo o treinador, o
próprio grupo internalizou de tal forma essa maneira de jogar que um
atleta que não se esforce para se encaixar é repelido. Essa questão
me parece tão ou mais preocupante do que as lesões do jogador, pois
possíveis privilégios para uma contratação tão cara podem
quebrar esse espírito coletivo que se estabeleceu no Timão e que é
o grande diferencial desse time histórico.
Um primeiro sinal positivo nesse sentido vem também do noticiário, que informa que Pato aceitou reduzir seu salário dos cerca de R$ 900 mil que recebia na Itália para R$ 400 mil, teto salarial do Corinthians, valor recebido por Paulinho e Sheik, por exemplo.
Se superar essas duas
armadilhas (condição física e inserção no coletivo) acredito que
Pato seja um reforço na medida para o que esse disciplinado
Corinthians precisa. Hoje um time forte na coletividade, mas sem
individualidades acima da média, o Timão encontrará nele e, de
outra forma, em Guerrero, referências importantes para esta que é a
atividade básica do futebol: botar a bola pra dentro.
Pergunto: se não fosse Pato, em quem valeria a pena apostar? Nilmar? Pagar a multa por Leandro Damião? Robinho? Vi quem citasse Drogba, descontente na China, e Carlos Tevez, que nunca falta quando o Corinthians procura um atacante. Quem lança estes nomes esquece um fator fundamental para que esse negócio desse certo: Pato quer vir para o Corinthians. Se é verdade que a conjunção da crise europeia com os novos valores arrecadados por alguns clubes brasileiros melhora nossa posição relativa, isso ainda naõ é o bastante para bater de frente com os grandes do velho continente. Isso vale para Neymar, por exemplo. Mesmo com a belíssima engenharia financeira feita pelo Santos, se o garoto decidisse sair e alguém decidisse pagar a multa, um abraço.
O final feliz da negociação aponta que Pato quer estar na mídia nacional, quer jornalistas pedindo seu nome para Felipão. Logo, imagina-se, quer jogar bola. Se assim é, está no lugar certo.
E os outros
contratados?
Sobre Renato Augusto,
aceito informações. Vi o rapaz apenas na Seleção, convocado por
Mano, e gostei. Não parecia bom o bastante para a proverbial
amarelinha, mas driblava bem e tinha bom passe. Deve ajudar.
Sobre Gil, era um bom
zagueiro, alto, o que ajuda. Melhor que Wallace deve ser, ainda que o
lance mais claro dele em minha memória seja o pênalti em Ronaldo no
fim do Brasileirão de 2011, numa carga bem tosca. Mas periga que
seja pior que Marquinhos, garoto revelado na base e enviado muito
cedo para o Roma, lar do também ex-alvinegro Leandro Castán que eu
xinguei muito antes de perceber a falta que fez. No caso de
Marquinhos, equívoco de uma diretoria pouco acostumada a valorizar a
base – ou um “acerto” que rendeu dinheiro a alguns picaretas e
lesou o clube.
A chegada do meia argentino Walter Montillo ao Santos engrossa a
lista de estrangeiros que já jogaram no clube da Vila Belmiro. Desde que
o atacante irlandês Harold Cross e o arqueiro francês Julien Fauvel,
respectivamente em 1912 e 1913, abriram a fila, 76 estrangeiros atuaram no Peixe,
o ex-cruzeirense será o 77º. E foram justamente os conterrâneos de
Montillo os gringos que mais vestiram o manto santista. Com o atual
contratado, são 26 os argentinos que jogaram no Santos.
Em relação a outros clubes, é um número elevado de atletas vindos de
outros países. O Corinthians teve 34 estrangeiros em sua história (sim, a
conta já inclui o Zizao); o Botafogo, 58, o mesmo número do Flamengo.
E o torcedor santista tem na memória boas lembranças com alguns
estrangeiros, talvez a mais evidente para aquele que tem mais de 30 anos
seja a passagem do monumental uruguaio Rodolfo Rodríguez, mas, se
formos falar apenas de argentinos, há grandes nomes, outros com boa
passagem e frustrações daquelas.
Desde 2009 o Digital
Policy Council's divulga um relatório
anual que analisa como líderes mundiais e instituições
governamentais utilizam o Twitter e de que forma seus governos se
comunicam por esse meio com seus cidadãos. E o relatório referente
ao ano de 2012 mostra que 123 mandatários de 164 países possuem
contas no microblogue, um avanço considerável de 78% em relação a
2011, quando somente 69 deles tinham um perfil.
Obama e Chávez: os líderes mais seguidos no Twitter
No Top 10 dos líderes
mundiais mais seguidos, há dois novos integrantes. O quinto mais
popular, o presidente russo Dmitry Medvedev mantém duas contas, uma
na qual fala em seu próprio idioma e outra, que conta com muito mais
seguidores, na qual se expressa em inglês, tendência observada
também por outros líderes como os primeiros-ministros do Japão,
Tailândia e Cazaquistão.
O outro novato da lista
é o presidente colombiano Juan Manuel Santos, oitavo colocado.
Aliás, dos dez, metade dos líderes é da América Latina: Hugo
Chávez, o segundo na lista; Dilma Roussef, sexta colocada, Cristina
Kirchner, sétima, e o presidente do México, Enrique Peña Nieto.
Obama, o mais seguido, conseguiu 15 dos 24 milhões de seguidores que
tinha ao fim de 2012 justamente no ano passado, em que conseguiu sua
reeleição. O tuíte no qual celebrou sua vitória, com os dizeres
“Four more years” e uma foto sua com a primeira-dama Michelle
Obama foi o mais retuitado na ainda curta história do microblogue.
Algo que diferencia os
perfis é o uso que cada líder dá a ele. Enquanto Obama, na
campanha de 2012, misturou mensagens pessoais com outras postadas por
sua assessoria (ambas identificadas), potencializando o uso do
Twitter como fator mobilizador, o último tuíte da presidenta Dilma
Rousseff data de 13 de dezembro de 2010.
Rania Al Abdullah, rainha da Jordânia
Confira abaixo a lista
dos dez líderes mais seguidos:
Época
de retrospectiva e o Futepoca faz
a sua própria por meio dos dez posts que foram mais acessados em
2012, mostrando um panorama diversificado do que foi assunto por
aqui, mas também nos papos de botequim de todo o Brasil. Confira a
lista e relembre alguns dos momentos importantes (ou nem tanto) do
ano.
Para reler os posts originais, é só clicar nos títulos.
O
torcedor sempre se surpreende ao saber que aquele ídolo ou atleta
que já foi conhecido ainda está atuando como profissional, apesar
da idade ou do aparente sumiço do noticiário. Por conta dessa
curiosidade, o post que mostrava onde estavam jogadores como Rodrigo
Gral, Paulo Almeida, Warley, Luis Mario e Baiano foi o mais acessado
de 2012.
Como diz o nome do nosso site, nem só
de futebol vive o Futepoca. E foi uma manifestação política e de
coragem de um garçom de Madri que evitou a chegada da tropa de
choque local até manifestantes que estavam refugiados no bar onde
trabalhava o vice-campeão entre os mais lidos do ano.
O ano foi duro para os clubes
europeus, mas a desigualdade econômica que se aprofunda entre clubes
grandes e menores no Brasil fez muitas vítimas também por essas bandas. A saída
para muitas equipes que não tinham dinheiro para contratar jogadores
de alto nível foi contratar modelos famosas para ações de
marketing como a divulgação de novos uniformes. Mais barato que
tentar repatriar um atleta que está na Europa...
A CBF decidiu agitar o fim de ano
esportivo ao demitir o treinador Mano Menezes e a gente resolveu
colocar a confederação de Marin no divã para analisar alguns
aspectos do significado dessa troca inesperada.
Das discussões mais áridas que este
site costuma fazer, a que alcançou mais repercussão nas redes
sociais foi a respeito do ocorrido no reality show Big Brother, um
fato ainda nebuloso e que talvez não tenha despertado a reflexão e
ação necessárias por parte da sociedade em geral e do poder público.
Durante as Olimpíadas de Londres,
chamou a atenção o desabafo do lutador de tae-kwon-do Diogo Silva,
sobre como o esporte amador é tratado no Brasil, tanto por quem de
direito quanto pela mídia. Não quisemos deixar sua voz no vazio e
repercutimos suas declarações, lembrando a história de um
esportista que pensa e age de forma muito diferente dos demais.
Nas Paraolimpíadas, um brasileiro
derrubou aquele que talvez seja o maior ou mais impressionante atleta
da modalidade em todos os tempos. Oscar Pistorious disputou também
as Olimpíadas de 2012, mas foi derrotado na sua prova predileta pelo
brasileiro Alan Fonteles, que tem uma trajetória comum a muitos
conterrâneos, repleta de obstáculos, acasos e alguns fatos que
renovam as esperanças de quem quase não deveria tê-las.
Em meio a uma sessão do STF que
julgava o aborto de anencéfalos, a ex-candidata à presidência da
República Heloisa Helena resolveu dar seu parecer alimentando a
confusão sobre o tema e ratificando alguns preconceitos somente para
fazer valer sua opinião. Triste de lembrar.
À guisa de pilhéria, o post fazia
referência à bem-humorada campanha
em prol da equipe argentina feita na final da Libertadores de
2007, quando os portenhos bateram o Grêmio. Desta feita, o resultado
não foi o ideal para os secadores.
Em 2012, o Alvinegro da Vila Belmiro
fez cem anos e, claro, teve seu espaço no Futepoca, no qual foram
relembrados momentos épicos – e outros nem tanto – de um clube
que faz parte da história do futebol daqui e do mundo. O
post-homenagem fecha a lista dos mais vistos de 2012, aguardemos os
de 2013!
A seca passou e todo dia chove em Brasília. Melhor para as vias respiratórias, não fosse o ar-condicionado como climatização onipresente em ambientes fechados.
Ou a limpeza da tubulação não é feita como deveria, ou a circulação de vírus e bactérias flui melhor por esse meio. O fato é que pequenas ondas de gripe assolam grupos distintos de pessoas. E emergem receitas miraculosas.
Do remedinho ao chá de alho, mastigar gengibre, da vitamina C ao antitérmico, sempre pinga uma receita nova, quase com ares de simpatia...
Nessas horas de coriza e garganta inflamada em estação quente, é inevitável lembrar dos ensinamentos do amigo Jesus Carlos. Foi em Cabrobó-PE, a 530 quilômetros de Recife, às margens do Rio São Francisco, com uma gripe do sertão avizinhando-se, que aprendi:
- Toma uma cachaça com um limão espremido, sem gelo, que passa, rapaz.
Botei fé. Tomei caninha mais o sumo azedo e, no dia seguinte, acordei recuperado.
Tem gelo e açúcar no copo, porque é caipirinha... Na receita pouco ortodoxa é sem nada disso, viu?
Uma variação mais, digamos, infanto-juvenil é o mel em vez do "mé". Ou própolis, pimenta, hortelã ou qualquer estimulante que faça a garganta arder por estímulo bioquímico do açúcar, da capsaicina...
Mas a gente sempre aprende em cada fórum que encontra pelo caminho.
- Quando estou meio ruim, pego uma aspirina, desmancho no fundo de um copo, e dissolvo na água mais quente que consigo encontrar. Então, faço um gargarejo daqueles impublicáveis, por isso, feche a porta do banheiro. É pra limpar até a alma!
- Cê acha, velho?
- Tem que ver... No dia seguinte estou outro. Mas olhe: são duas aspirinas, uma para o copo e outra que eu tomo, com um chá quente, depois do bochecho todo. Só não pode sair ou me tomar vento frio... É direto pra dormir.
Embora o cidadão garanta que passa bem a noite assim, essa preferi não arriscar.
Mesmo assim, desconfio que, amanhã, acordo recuperado.
Sambistas, jazzistas, bluezeiros, roqueiros e até compositores eruditos têm histórias imbricadas de entorpecentes. Por questões culturais e porque a Lei Seca durou pouco nos anos 1920 nos Estados Unidos, a bebida alcoólica é especialmente ligada à música. Sobram, aliás, composições que tratam do tema, como consagrado na série do Futepoca"Som na Caixa Manguaça" e levado à exaustão nas músicas da nova geração sertaneja (seja lá o que isso signifique).
Mas qual bebida casa com cada música? Porque goró ainda não tem uma API em funcionamento, Drinkfy ganha conotação de serviço de utilidade pública. Ou o contrário disso. E é divertido.
No estilo de aplicativos que sugerem harmonizações para vinhos ou tipos de alimento gourmet (ou gourmand), a ferramenta consiste em uma busca por um cantor, compositor ou nome do universo musical. O que a aplicação faz é simplesmente recomendar um goró que acompanha bem a trilha sonora. Para Tom Jobim, por exemplo, a recomendação é de uma Corona, cerveja mexicana (é favor não confundir: não é para tomar uma Gorducha). Para Astor Piazzolla, uma garrafa de vinho tinto. Em caso de Rolling Stones, um copo de rum. E ainda tem a versão para feriados.
Foto: Reprodução
Em tese, eles alertam que a combinação pode não ser perfeita, até porque é um cruzamento entre o The Echo Nest (base de dados que descreve artistas e relaciona-os a gêneros musicais) com api do Last.fm (que permite, de quebra, tocar a canção pedida).
Não podia haver melhor oportunidade para a inauguração do novo estádio do Corinthians, ao extremo leste de São Paulo. Parece que foi ontem... ou foi ontem? Foi ontem mesmo, eu estava lá, junto com mais de 30 milhões de gaviões, na maior lotação de um estádio da história da humanidade. Antes, já tinham lotado o terminal, com samba, suor e cerveja, para ir ao jogo. Depois, a vitória magra sobre o Al Ahly foi uma dose de má cachaça na fuça dos jogadores – ou mesmo a derrota pros reservas do São Paulo. A final seria em casa, mas contra o perigosíssimo São Caetano.
Corinthians e São Caetano jogam parecido, diz-se, mas se o primeiro é tido como uma equipe sem estrelas, o segundo tem craques de várias seleções, como a inglesa ou a brasileira. O Azulão chegou ao mundial armando uma retranca furiosa contra o invencível Barcelona. O Corinthians venceu o tradicional papão Boca Juniors com um gol urdido por seu maior símbolo, o imortal Sócrates.
Pouca gente conhece essa história. Quando o Corinthians foi fundado, em 1910, um palmeirense muito poderoso leu o futuro nas tripas de um porco morto na segunda lua minguante do ano (uma segunda-feira), e proferiu a seguinte maldição: “Só um grande líder grego levará os Corintos a dominarem o continente. Ele terá a sua chance, se falhar, legará as trevas aos seus descendentes”. Quando Sócrates chegou ao clube, os conhecedores da profecia sabiam que ele era o ungido. Sócrates lançou sua luz muito além dos gramados, falou a todos de seu tempo e ganhou o Brasil com uma mensagem de igualdade e democracia. Conquistou um lugar único na história do país, mas não um título nacional.
Os anciãos corintianos não tinham dúvida: o tempo passara. Não podiam dizer isso aos mais novos, mas o Corinthians jamais seria campeão da América. A morte de Sócrates antes mesmo da partida final do Brasileiro de 2011 veio como um luto profundo para toda a nação.
Naquela noite sonhei com um dos profetas corintianos mais poderosos que conheci: o velho Diógenes Budney me apareceu com o seu sorriso calmo, fumava um cigarro feito a mão, ergueu a sobrancelha e apontou com o nariz para um lugar atrás de mim, voltei-me, e vi o Magrão aquecendo, cabeceando a bola que um companheiro lhe lançava. Um sentimento de paz onírica me tomou. Corta para o profeta Diógenes, que pronuncia “um simples estrogonofe não atingiria o Doutor”. Acordei angustiado.
O Timão levou o título nacional e qualificou-se para a Libertadores 2012. Os jogos foram se sucedendo sem que o time perdesse. Era questão de tempo. O time esteve a ponto de cair diante do Vasco e do Santos, mas ultrapassou todos os adversários e enfrentaria o grande carrasco dos times brasileiros, o terrível Boca. Na Bombonera, o menino Romarinho marcou em jogada que passou pelos pés de Paulinho e Emerson, o Sheik, e o resultado foi um empate. No Pacaembu, bastava tomar um gol para o sonho acabar, e ele fatalmente viria.
Até que surgiu uma falta próxima da lateral direita no ataque corintiano. Parecia ser uma jogada ensaiada: Alex bateu na cabeça de Jorge Henrique, que pelo jeito deveria cabecear pra trás, jogando a bola no centro da área. Foi quando aconteceu o milagre. JH até que cabeceou direitinho, mas a bola estranhamente subiu demais, saiu da tela, atraída por flagrante antigravidade. Dá pra ver no vídeo que um facho de luz desceu junto com a pelota, desviando a parábola, ela foi parar fora da pequena área. Danilo se viu obrigado a buscar a bola de costas para a meta boquense, mas naquele momento ele já era apenas um veículo, um cavalo para que o gênio de Sócrates se manifestasse uma última vez, deu o calcanhar perfeito que colocou na cara do gol o Emerson (até esse momento eu não tinha reparado como ele é a cara do Casagrande), que pôs pra dentro.
Ele estava lá, e se manifestou para nós.
Um arrepio correu meu corpo, revi o sorriso do velho Budney, tudo ficou claro: Sócrates precisou morrer para poder jogar a final da Libertadores. A maldição está quebrada, o Corinthians é campeão da América.
Os profetas corintianos que consultei não souberam ou não quiseram ou não podiam me dizer nada sobre a final do Mundial contra o São Caetano. A opção estratégica de Tite foi clara: remontar o time da final da Libertadores. Um time guerreiro, coeso, que dificilmente toma gols e que é capaz de atropelar qualquer adversário. Mais que isso, um time iluminado, que teria ao seu lado 86.767 mães e pais de santo, além de padres, pastores, pajés, sacerdotes de todos os credos. Em campo, o Timão faria uma parte, mas de nada valeria sem a adequada configuração astral, sem o alinhamento dos planetas, o mesmo que segundo profetas de outros setores reconhecidamente levaria ao propalado fim do mundo. A maneira de evocar essas forças seria recolocar as peças em consonância com as estrelas: sim, Jorge Henrique tinha que entrar.
Apesar de disputar em igualdade o território, o São Caetano criava chances muito mais perigosas que o Corinthians. Cássio foi o salvador, muito por suas qualidades de goleiro, mas muito também por sorte, pois alguns tiros, se desferidos sem nervosismo, fatalmente entrariam.
Foi o calcanhar de Paulinho que evocou o Doutor dessa vez, novamente a cabeça de Jorge Henrique toca a bola, Paulinho cruz a área, Danilo toma a bola e chuta mascado, ela sobra para a cabeça de Paolo Guerrero. Um gol do Peru, um gol de Natal, um gol presente, gol de renovação.
Em noite de São Jorge, gol do Guerrero.
Gol de São Jorge.
O Corinthians é bicampeão do mundo. Desta vez, foi campeão passando pela Libertadores.
Um mundo acabou ali. O próximo mundo, que começou agora, é corintiano.
“Goleiro bom tem que
ter sorte”, já dizia a máxima do futebol. E isso é algo que
nunca faltou a Cássio. Nem estou falando da bola que quase passou
por baixo do corpo dele no primeiro tempo da final contra o Chelsea,
muito menos desmerecendo seus méritos técnicos, até porque, como
diria o novelista e músico francês Romain Rolland, “o acaso
encontra sempre quem saiba aproveitar-se dele”. Ou, se você
prefere Buñuel, pode lembrar que “o acaso é o grande mestre de
todas as coisas”.
Passadas as citações
do almanaque Biotônico Fontoura, é preciso lembrar como o herói da
conquista corintiana chegou aonde chegou. E o Futepoca
acompanhou. Em um post
de 2009, o companheiro Olavo lembrou como ele, sendo quarto
goleiro do Grêmio, depois de Saja, Marcelo Grohe e Galatto, chegou a
ser convocado para a seleção brasileira principal pelo técnico
Dunga. A lembrança do nome do
então gremista pelo comandante da seleção se devia ao seu bom
desempenho no Sul-Americano sub-20, que o credenciava como um
possível goleiro a ser convocado para as Olimpíadas de Pequim. Mas
acabaram indo Diego, do Almería, e Renan, do Inter.
Para chegar à seleção,
Cássio contou com uma sucessão de acasos fabulosa. No post Corpo
Fechado, já se comentava aqui a respeito das defesas do arqueiro
no Sul-Americano sub-20, apesar da equipe do então treinador Nelson
Rodrigues não empolgar. Mas como ele chegou ao time? Relembre: “Ele
não estava presente na convocação inicial do treinador Nelson
Rodrigues, e foi convocado graças ao corte de Felipe, do Santos,
pego no exame antidoping. Já na seleção, juntamente com Edgar, foi
o único que não sofreu com um surto de gastroenterite que atacou os
atletas da seleção brasileira. O goleiro Muriel, do rival Inter,
foi um dos que sofreu mais com tal doença, tendo cedido o lugar
antes para Cássio, por conta de dores musculares.”
O santo forte de Cássio
funcionou à época também em relação à disputa pessoal que
travava no Grêmio. “Marcelo Grohe, titular do time em boa parte do
ano passado, vinha sendo convocado seguidas vezes e tinha lugar certo
na seleção sub-20. Porém, se contundiu no fim de 2006 e não pôde
ir até o Paraguai. Na pré-temporada do time gaúcho, ainda sofreu
nova contusão, dessa vez um entorse no tornozelo. Curioso é que
Grohe também assumiu a condição de titular do Grêmio graças à
contusão de Galatto. Com tantos acasos a seu favor, se é verdade a
máxima de que goleiro bom tem que ter sorte, Cássio logo, logo será
titular da seleção principal.”
Vendido ao PSV, quase
não jogou e, depois de ser emprestado para o Sparta Roterdã,
retornou ao Brasil, no Corinthians em 2012, onde o acaso novamente
ajudou. Após trágica atuação nas quartas de final do Paulista,
Júlio César foi sacado e Cássio, mais uma vez, estava naquele dito
lugar certo, no momento oportuno.
Para quem acredita em
destino, a trajetória do herói corintiano é um prato
transbordante.
12 do 12 de 2012. Data inspiradora dos místicos. No entanto, nesta
quarta, no Morumbi, na realidade concreta dos são-paulinos, não foi
o 12 o número mágico a trazer boas energias. A senha para alegria e
emoção vestia a camisa sete. E só precisou de um tempo para
cumprir roteiro digno de decisão. Lucas fez de tudo em 45 minutos:
gol, assistência. Agredido com chutes, pisão e cotovelada, o garoto
de 20 anos teve frieza de veterano e desmontou os adversários do
Tigre da Argentina, que apostavam num duelo mental baseado na
violência e intimidação.
De cara, era
possível perceber que o menino faria da partida o momento mais
importante de sua vida profissional até então. Desde o primeiro
minuto, chamava o jogo, pedia a bola e se movimentava pelo campo
todo. No meio, pelas pontas. Armava, mas também marcava, dividia.
Aliás, comportamento padrão. Ele não se limita a atacar. Auxilia
constantemente no combate.
Quando o Tricolor,
apesar das entradas duríssimas do maldoso time argentino, já
ganhava a maioria das disputas de bola e executava boas trocas de
passes, o personagem da noite, após pivô de William José e
tentativa de finalização de Jadson, tirou, de esquerda, do goleiro
Albil e inaugurou o placar. Eram 22 minutos da primeira etapa.
O gol desarticulou
as linhas de pancadaria, digo, de marcação, do Tigre. De novo, aos
27, o camisa sete brilhou. Serviu Osvaldo, impedido por centímetros
(lance dificílimo para a arbitragem), dar um toque preciso por
cobertura. Título definido.
Só que o papel
fundamental de Lucas não pararia por aí. Ele provocaria os
adversários a ponto de tirá-los de vez do prumo. Sem violência. Na
bola e na sutileza. Aos 37, o lateral Orban deu-lhe uma cotovelada
que fez jorrar sangue do nariz. Ainda assim, o meia, apesar da
agressividade adversária e da mansidão do árbitro chileno Enrique
Osses, seguiu insinuante.
Na saída ao
intervalo, sutilmente, o são-paulino mostrou o algodão
ensanguentado àquele que o havia agredido. Mais que o suficiente
para o Tigre colocar de vez no jogo a violência que o caracterizou
desde o primeiro confronto, disputado semana passada, na Bombonera.
Acima de qualquer
coisa, Lucas sempre quer jogar. E intensamente. A marca do menino
neste ano é de 76 jogos, 59 pelo São Paulo e 17 na seleção brasileira. Não teve uma expulsão sequer. Não ficou fora por
contusão. Que reúne agilidade, velocidade, resistência, conclui
movimentos com precisão, além de não cair em qualquer trombada,
era sabido. Porém, as capacidades de concentração e compromisso se
mostraram bem acima da média. Negociado desde julho por R$ 108
milhões com o Paris Saint Germain da França, jamais se poupou.
Disputou cada partida como se estivesse recém-saído da base. E é,
sem dúvida, o principal responsável, dentro de campo, tanto pela
conquista continental como pela bela campanha no segundo turno do
Campeonato Brasileiro.
Durante a
comemoração do título, Lucas pegou o microfone. Na rápida
declaração à torcida, foi espontâneo nas palavras como é nos
dribles. “Eu amo esse clube. Esse título é de vocês. Vou voltar
pra defender essa camisa maravilhosa e comemorar muitos títulos.
Obrigado por tudo”. Imagina, moleque do gol. Nós é que agradecemos.
A confusão
Este texto tem a
intenção de enaltecer a atuação de um jovem ídolo que, além de
jogar muito, fez a última atuação pelo time do São Paulo neste
ciclo. Tomara, seja só a primeira passagem de Lucas pelo Tricolor.
Além disso, o companheiro Glauco analisou bem os problemas na ação amadora da direção são-paulina em certos aspectos.
Contudo, impossível
não dizer que os argentinos usaram, em demasia, o recurso das faltas
e foram de uma violência injustificável nos gramados de La
Bombonera e Morumbi. Não estou entre os que consideram faltas duras
como “algo do jogo”. Se fossem, não seriam passíveis de punição
com bolas paradas, advertências e expulsões. Equipes como o Tigre
fazem o que fazem para compensar a fraqueza técnica e por que contam
com arbitragens coniventes. As duas opções não são bonitas de
ver.
POR Mauricio Ayer
Estádio Toyota lotado, bandeirões, bateria, e mais milhões de loucos plugados no mundo inteiro. A invasão alvinegra no Japão mostra como este torneio veste bem a camisa do Timão. A paixão corintiana foi é será assim, desloca multidões, se faz sentir, incomoda, dá vexame, ocupa lugares, abafa. Às vezes deve ser insuportável ser anti-corintiano, dá pra entender. Mas a vida é assim.
Muito bem, vencido o “Cabo Mazembe” diante do Al Ahly, o Corinthians cumpriu sua maior missão do ano: chegar à final da Copa Toyota Mundial Interclubes. Esta semifinal é um pequeno purgatório entre o inferno da zoeira eterna e a possibilidade do paraíso. Qualquer adversário que venha será difícil, mas nenhum é o Barcelona, o que permite acreditar que é possível.
Em campo, o Corinthians regrediu aos tempos dos empates e vitórias de um a zero que celebrizaram o estilo Tite durante pelo menos todo o primeiro ano em que esteve à frente da equipe. Um jogo truncado, sem criar muitas oportunidades, mas sem dar chances ao adversário.
No primeiro tempo, é verdade, o time egípcio armou uma sólida plateia no meio campo para ver se o Timão conseguia jogar. Trancou a rua, e muito pouca coisa aconteceu. Os erros na narração do Teo José foram reveladores: ele chamou o Danilo de Douglas, Paulinho, Guerrero, Ralf e até de Paulo André; parecia que tinha um time em campo, mas quem se deslocava e dava algum movimento ao jogo era principalmente o Danilo.
Mas o gol só poderia sair de dois lugares: poderia ser de um contra-ataque iniciado pelo Paulinho, mas o meio-campista não esteve bem. Mas o gol saiu de um toque genial de Douglas, um totó de pé esquerdo meio improvável, esquisito, mas nem por isso menos preciso, que encontrou o peruano Paolo Guerrero livre na cara do gol, e ele completou com uma cabeçada também um tanto esquisita, igualmente precisa.
A partir daí, o time egípcio teve que ir pra cima e criou bem mais. A confiável defesa do Corinthians segurou o resultado por mais ou menos 60 minutos. Um desempenho medíocre. Mas, missão cumprida.
O grande acontecimento desta edição do Mundial está mesmo por conta da torcida: 31 mil torcedores, sendo uns 30 mil corintianos, segundo a transmissão da Band.
E que venha o outro finalista! Contra o Chelsea, trata-se de jogar de igual pra igual, com um grande time. Com o Monterrey aconteceria de transformar a conquistada boa esperança em possibilidade de novas tormentas, a obrigação voltaria inteira aos pés dos nossos jogadores. Que vença o melhor e vamos nos concentrar no nosso trabalho.
Não se sabe e talvez
nunca se saberá o que de fato aconteceu nos vestiários do São
Paulo. A única certeza é de que houve uma briga entre seguranças
privados do clube e jogadores e comissão técnica do Tigre. Se foi
emboscada, quem começou, se a PM agiu de forma correta e se os
argentinos exageraram sobre o que ocorreu, provavelmente vai ser
daqueles mistérios incorporados ao futebol que vão gerar lendas e
versões em profusão.
Mas há duas certezas
sobre a final de ontem. A primeira é que, após um início tenso, o
São Paulo colocou a bola no chão e dominou o jogo. Fez dois gols
(um deles, irregular, a bem da verdade) e os rivais praticamente não
ameaçaram o gol de Ceni. O Tricolor foi, realmente, soberano,
justificando não só a diferença de tradição dos dois times como
a distinção técnica dos dois elencos. Nada que justificasse,
claro, a declaração tosca de João Paulo de Jesus Lopes que disse
que até “há quinze dias nunca tinha ouvido falar” do Tigre. Só
confirmou dois esteriótipos: o de que cartolas não costumam dar
declarações muito sagazes e que torcedor só afirma a grandeza de
seu time diminuindo os rivais (o que é um contrassenso, aliás).
Mas a segunda certeza é
que, embora tenha sido gigante em campo, o São Paulo agiu como um
clube mediano no tratamento dispensado aos argentinos, como mostra
essa matéria
na página eletrônica da ESPN. Aos fatos: o ônibus que trouxe
os jogadores do Tigre foi atacado por torcedores que estavam
aglomerados no estádio, quatro janelas foram quebradas por pedras e
latas arremessadas.
Além disso, os atletas
não puderam fazer o reconhecimento de gramado no dia anterior à
peleja, como está previsto no regulamento da Conmebol. Cerca de 40
minutos antes do início da final, o os jogadores foram impedidos de
aquecer no gramado, e forçaram a entrada depois de discutirem com
seguranças do clube. A justificativa foi a de que o gramado
precisava de “descanso” depois dos shows da Madonna. Ora, se não
havia condições de se cumprir o que o regulamento exigia, porque
não mandar o jogo em outro estádio, como no Pacaembu? Durante o
jogo, já com a vantagem, ainda no primeiro tempo os gandulas
são-paulinos sumiram das laterais, mais uma mostra daquilo que muito
se condena quando acontece lá fora contra equipes brasileiras. Mas
quando é aqui...
Pode-se reclamara da
Conmebol, da arbitragem ou do comportamento de equipes rivais de
países vizinhos. Mas uma coisa é certa: em certos aspectos, os
clubes brasileiros não são nem um pouquinho melhores, ainda que
parte da imprensa e da torcida acredite em suas ilusões xenófobas.
Já
tantas horas depois, não há sentido em tecer longos comentários
sobre o jogo entre São Paulo e Tigre, na noite desta quarta, na
Argentina. Ao menos, no que diz respeito à bola rolando. O que vale
analisar é o comportamento de Luís Fabiano. Embora muitos já o
tenham feito, alguns com competência em poucas linhas, caso do Menon, o sujeito é uma situação à parte quando se trata de estupidez.
Sim, é isso, LF, o senhor foi de uma estupidez cavalar na expulsão
cavada aos 13 minutos do primeiro tempo. Dessa maneira, ficará
praticamente fora de toda a decisão da Copa Sul-Americana. Não
disputa a final num Morumbi lotado pela torcida do Tricolor Paulista,
que não tem uma sensação semelhante – de grande possibilidade de
título – faz quatro anos.
O
senhor é artilheiro, isso é incontestável, mas disse, depois do
jogo, que tentou dar um pontapé no zagueiro Donatti, também
excluído, para defender Lucas que, naquela altura, nem no lance
estava mais (aliás, Donatti estava na dele e teve menos motivos para
ser expulso). Pois bem, campeão dos fracos, o seu “espírito
coletivo”, de “defesa dos companheiros”, é fruto de uma visão
distorcida da realidade. Lembre-se, para “defender” o garoto,
você abandonou a equipe, deixou-a sem referência na área. Mais do
que isso: permitiu que os outros atletas são-paulinos permanecessem
o restante da partida apanhando, encarando um adversário violento,
inclusive o “seu protegido”.
Dessa
forma, meu caro, após passar a semana inteira dizendo saber que
seria provocado, o “justiceiro”, o cara que “não leva desaforo
pra casa”, deu à equipe do Tigre, fraca tecnicamente, munição a
uma das poucas armas que tem; a tão falada catimba argentina. Forte
para ganhar o duelo psicológico, algo que pode ser imprescindível
numa final contra o São Paulo de baixa média de idade.
Claro,
eles venceram as brigas mental e emocional. Muito, pois um dos
jogadores mais experientes do time brasileiro e ótimo finalizador, o
senhor mesmo, o “grande salvador dos mais frágeis”, caiu na
provocação do adversário. Parabéns.
O
problema é que, além desse ser o maior erro que cometeu na
carreira, é igual, no formato, a tantos outros que já fez. E não
se trata de condená-lo pelo passado, mas por condições que nunca
mudaram, por sua irresponsabilidade, por seu egocentrismo.
Sinto-me livre para dizer: LF, o senhor, em momentos decisivos, ou
falha tecnicamente ou é expulso. Em ambos os casos, o preparo
emocional para decidir se mostra zero.
É um
matador, goleador? Sem dúvida. E para por aí. Sempre que seus
serviços são chamados em decisões, e não precisa ser
necessariamente numa final, o senhor dá um jeito de se furtar da
responsabilidade. Não reclame, goleador recordista, quando a torcida
lhe chamar de pipoqueiro. Ainda que seja inconsciente, até quando é
expulso parece querer fugir. Onde está o compromisso com o coletivo?
Inexiste.
Assim,
“senhor fabuloso”, iremos, jogadores e torcedores, para cima do
Tigre na próxima quarta. E se não teremos a esperança de que, a
qualquer momento, o senhor nos fará explodir com o prazer do gol,
também não nutriremos o sentimento negativo de que pode ser
expulso.
Ganhar
ou não o título, difícil saber, até porque os argentinos seguirão
apostando no confronto psicológico e mostraram que são bons nisso.
Porém, independentemente do resultado, meu caro, tenha certeza, você
largou a bucha para a moçada. Férias adiantadas? De novo, parabéns.
Já conquistou algo no Tricolor.
"Há o pessimismo que bate quando estou sozinho e penso no mundo. Mas se é para ir a uma festa
em que há mulheres bonitas, o pessimismo desaparece. A vida está
correndo. Tenho momentos de tristeza, de prazer, de saudade... Faz
parte."
"Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é a solução."
"Nunca acreditei na vida eterna. Sempre vi a pessoa humana frágil e
desprotegida nesse caminho inevitável para a morte... Às vezes, muito
jovem, o espiritismo me atraía, logo dissolvido pelo materialismo
dialético, irrecusável. Se via uma pessoa morta, meu pensamento era
radical. Desaparecera, como disse Lacan, antes de morrer. Um corpo frio a
se decompor, e nada mais"
O melhor para o são-paulino na
vitória diante do Corinthians, além do óbvio de vencer o maior rival com time
reserva, foi ver Ganso jogar bem. Entre
outras questões levantadas pelo companheiro Nicolau após o último post sobre oTricolor, estava uma pergunta a respeito do que este escriba espera do armador.
Disse a ele das óbvias dúvidas sobre condição física e tal, mas posso estender o
comentário aqui.
Em campo, como se viu no clássico
de domingo, um jogador como Paulo Henrique Ganso passa muita segurança ao time
e preocupa o adversário. A qualidade fica impressa não só nas assistências que
o meia deu a Douglas e Maicon, mas na calma e clareza com que toca a bola.
Quando o time tinha a posse e bom passe, ele era o diferencial, o homem capaz
de sair do elementar. Nos momentos em que a equipe saía jogando torto, com a
redonda regurgitando aqui e ali, o maestro ajeitava as coisas.
Aliás, Ganso contribuiu com a
mudança de postura do São Paulo mesmo antes de atuar. Creio não ser coincidência o aumento de rendimento
logo depois da chegada dele. A autoestima, a confiança dos jogadores, da
comissão técnica, inclusive da torcida, deram sinais de subir.
Foi no dia 21 de setembro que a
longa negociação entre Ganso, São Paulo e Santos teve o término oficial. Nessa
data, o atleta assinou contrato com o Tricolor. Dali para frente, o time jogou
18 vezes, com oito vitórias, dois empates e duas derrotas no Brasileiro, mais
dois triunfos e quatro partidas empatadas na Sul-Americana. Além disso, o
período marcou as melhores apresentações do ano, melhor campanha do segundo
turno no nacional e passagem à decisão da competição continental. Não é
pouco.
Claro que Paulo Henrique foi só
um dos ingredientes na boa mistura que dá resultados na equipe de Ney Franco,
como escrevi no texto passado,
mas jogador fora de série é assim mesmo. A contratação sacode as estruturas,
mexe com o imaginário coletivo, coloca o clube em evidência, deixa rivais
precavidos. Também faz com que o elenco se agite, para o bem e o mal. Esperando
que Ganso não seja um Ricardinho,
fico com a primeira opção.
Não, o título do post acima não faz referência a algum estabelecimento frequentado por membros do Futepoca e que mereceu uma crítica negativa por conta da sua comida ou serviços. Trata-se do Modern Toilet, um restaurante que abriu em 2004 e, dado o incrível sucesso, abriu outras 12 filiais em Hong Kong, Taiwan, China e Japão.
Divulgação Facebook
Segundo matéria do Terra, o cardápio tem nomes curiosos de pratos como “Diarreia com fezes secas”, “Cocô sangrento” e “Disenteria verde”.
"Mas o que isso tem a ver com futebol, política e cachaça?", você se pergunta. Com os dois primeiros não tem nada, mas, sem dúvida, para ter uma ideia dessas só com o incentivo de uma marvada... Ou de um saquê.