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quinta-feira, outubro 01, 2015

Criança aplicada merece... motel (?!?)

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Depois de ler materinha sobre os clubes de futebol que estão oferecendo vantagens em motéis para fidelizar torcedores (clique aqui para ler), encontrei numa rede (anti)social o seguinte recorte de jornal, de 1969, com foto do time do São Paulo F.C. e, abaixo dela, a surpreendente - e perturbadora - propaganda:


Em tempos de pedofilia crescente, o De Massad alertaria: "Não dá ideia! Não dá ideia!"...


segunda-feira, setembro 21, 2015

Papéis para decidir o jogo: 'Foi gol!' ou 'Não foi!'

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Outro dia registrei aqui as bizarrices do futebol paulista nos anos 1930, na transição do amadorismo para o profissionalismo, com jogos em que os juízes ou se recusavam a seguir apitando ou eram substituídos na marra, jogadores abraçavam o adversário ao sofrer um gol bonito, o árbitro interrompia a partida para que dezenas de chapéus atirados ao gramado fossem retirados, atletas substituídos no 1º tempo voltavam depois, um outro que atuava como bandeirinha entrava para reforçar um dos times e jogadores expulsos podiam ser substituídos. Tais situações são descritas no "Almanaque do São Paulo", publicação independente de José Renato Sátiro Santiago Júnior e Raul Snell Júnior. Pois agora fui presenteado com outro livro sobre a mesma época, "História do futebol em Pernambuco", de Givanildo Alves (Editora Bagaço, 1998, 2ª edição revista e ampliada). Não por acaso, a obra também traz uma série de causos bizarros dos primeiros tempos do futebol disputado nos campos de Recife.

Um dos melhores ocorreu no campeonato pernambucano de 1931, quando o Náutico não podia perder nem empatar um jogo contra o forte Torre, extinto clube apelidado de "Madeira rubra" (tinha uniforme completamente vermelho) e que naquela época já havia ganho os estaduais de 1926, 1929 e 1930. Porque, caso empatasse ou perdesse, o Timbu (apelido do Náutico motivado pela cachaça) recolocaria na disputa pelo título o arquirrival Sport, que já estava praticamente eliminado. Acontece que, para aquela partida decisiva contra o Torre no estádio dos Aflitos, marcada para 29 de novembro de 1931, vários jogadores desfalcariam o Náutico e, como o adversário era tecnicamente superior, a possibilidade de vencê-lo era remota. Foi então que, três dias antes do compromisso, Eládio de Barros Cavalho (foto), um dos diretores do clube, do qual seria presidente por diversas vezes entre 1948 e 1964, surpreende: "Deixem comigo".

Na véspera do jogo, um sábado, Eládio Carvalho chega aos Aflitos por volta das cinco horas da tarde. Chama "seu" Adolfo, responsável pelo campo, e ordena: "Arranje um serrote". Sem qualquer cerimônia, o diretor do Náutico faz com que o velho empregado do clube abra um buraco no pé de uma das traves, que eram de madeira, e serre a parte que fica enterrada no chão. "Com uns vinte vaivém, o travessão superior fiou penso e o poste lateral ruiu", narra o livro. No dia seguinte, o jornal Diário da Manhã estampa ofício dirigido pelo Náutico ao presidente da Federação Pernambucana, Virgílio Maia:
"No intuito de salvaguardar a sua responsabilidade, o Clube Náutico Capibaribe apressa-se a comunicar a V.S., o acidente que acaba de se verificar em seu campo de desportos. No momento em que o encarregado do campo procedia a reparos em um dos postes laterais do gol, sucedeu o mesmo ruir, em virtude do mau estado de conservação da parte enterrada, inteiramente carcomida pela umidade. Dada a hora adiantada em que isso se verificou, impossibilitando a substituição do madeiramento em mau estado, quer nos parecer não ser possível terminar o serviço necessário a tempo de se realizar o jogo marcado, para nosso campo, o que comunicamos para os necessários fins."
A partida não acontece, como o Náutico queria, mas os jornais não engolem o tal "acidente". Na segunda-feira, 30 de novembro, o Diário de Pernambuco comenta: "Causou estranheza nos círculos esportivos o caso do adiamento do jogo Náutico x Torre, em face das circunstâncias em que se revestiu: adiamento processado à última hora, com espaço limitado de tempo para ser impossível uma providência urgente". Apesar de o jogo ter sido adiado, e de o Náutico ter conseguido vencer o Torre, por 1 x 0, o Santa Cruz foi o campeão daquele ano. Mas, para os alvirrubros, o mais importante foi que o rival Sport não terminou a competição nem entre os quatro primeiros...

Mas antes disso, no Campeonato de 1930, ocorreu o fato mais surreal descrito pelo livro. No dia 13 de julho, no estádio da Avenida Malaquias, o árbitro Antonio Gaeta apita o clássico Santa Cruz x Sport, que vence por 1 a 0. Faltando menos de cinco minutos para o fim do jogo, o "Cobra Coral" pressiona pelo empate. "Júlio Fernandes estira um passe a Lauro, que entra na área do Sport e passa a bola a Carlos", conta o livro. "O atacante desfere um chute violentíssimo (...). A bola entrou no ângulo, tocando no varão de ferro, que estava fora do lugar, saindo por um rasgão da rede". Forma-se a confusão. "Sinceramente, não vi se foi gol", confessa o árbitro, enquanto é cercado pelos jogadores dos dois times. Pressionado a tomar uma decisão e já xingado e ameaçado, Gaeta passa a fazer opções esdrúxulas. Primeiro, pergunta se havia sido gol a uma criança. "Vou invocar o testemunho de um inocente", diz, como se a "justificativa" convencesse ou tivesse algum respaldo.

"A bola não entrou, seu juiz", garante o garoto (que torce para o Sport, óbvio!). Os jogadores do Santa Cruz se revoltam. O juiz, então, tenta outra saída (estapafúrdia): "Bem, aqui está um policial, um homem da lei. Ele vai decidir". O guarda, que não perde um jogo do "Cobra Coral", logicamente crava que a bola entrou. Dessa vez são os jogadores do Sport que se exaltam e ameaçam o juiz. O pau quebra entre os torcedores nas arquibancadas. "Não tendo mais para quem apelar", prossegue o livro, "o confuso árbitro chama os jogadores para o centro do campo. ' - Bem, vou tomar a última decisão. Vou fazer um sorteio. Num pedaço de papel, boto: 'Foi gol!'; noutro, 'Não foi!'". Incrédulos, os jogadores dos dois times nem comentam a sugestão, abandonando o gramado. A partida foi anulada e remarcada para a semana seguinte, quando o Santa Cruz venceu o Sport por 3 a 2.


segunda-feira, setembro 14, 2015

'Zizinho era um jogador completo'

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A frase que dá título ao post foi dita por um tal de Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé. Ele refere-se à Tomás Soares da Silva, que hoje estaria completando 94 anos (morreu em 8 de fevereiro de 2002, aos 80 anos). Voltemos ao que disse Pelé: "Quando eu era garoto, procurava imitar dois jogadores: o Dondinho, meu pai, e o Zizinho. Quando comecei a minha carreira no Santos, o Zizinho estava encerrando a dele no São Paulo. E encerrando em grande estilo. Ele foi campeão e considerado o melhor jogador do Campeonato Paulista de 1957. Zizinho era um jogador completo. Atuava na meia, no ataque, marcava bem, era um ótimo cabeceador, driblava como poucos, sabia armar. Além de tudo, não tinha medo de cara feia. Jogava duro quando preciso."

Pelé, 17 anos, e Zizinho, 36, no primeiro Paulistão disputado pelos dois, o de 1957

De fato, se o menino Edson já era fã de Zizinho desde a Copa de 1950, quando o meia carioca foi considerado um "Leonardo Da Vinci" da bola pela imprensa estrangeira, apesar da derrota do Brasil para o Uruguai na decisão, o jogador Pelé, em sua estreia profissional no Campeonato Paulista, em 1957, pôde admirar toda a técnica do ídolo frente a frente, numa tarde histórica. Depois de terminar a primeira fase do campeonato em 5º lugar, o São Paulo decidiu buscar um reforço para o meio-campo. Quando anunciou o veterano Zizinho, os adversários debocharam: com 37 anos, estava encostado no modesto Bangu fazia cinco anos, desde que fora dispensado pelo Flamengo. Porém, com ele, o time do técnico húngraro Bélla Gutman se encaixou e disparou na fase decisiva, com 7 vitórias seguidas.

Ataque 'infernal': Maurinho, Amaury, Gino, Zizinho (o 'dono da bola') e Canhoteiro

Entre essas sete vitórias, um 4 x 2 sobre o forte Palmeiras, logo na estreia de Zizinho, e uma goleada inesquecível sobre o Santos, em plena Vila Belmiro, no dia 17 de novembro de 1957. O alvinegro praiano, que seria o vice-campeão daquele ano, campeão de 1958 e que dominaria o Brasil, a América e o planeta pelos dez anos seguintes, jogou com Veludo; Getúlio e Dalmo; Fioti, Ramiro e Zito; Tite, Alvaro, Pagão, Pelé e Pepe. Já o São Paulo entrou em campo com Poy; De Sordi e Mauro; Dino Sani,  Vitor e Riberto; Maurinho, Amaury, Gino, Zizinho e Canhoteiro. Logo no primeiro tempo, 2 x 0 para o Tricolor, gols de Maurinho e Canhoteiro. Na etapa final, Canhoteiro fez mais dois e Zizinho e Amaury fecharam a goleada (o Santos descontou com Vitor, contra, e Tite): 6 x 2!

Time do São Paulo que entrou em campo para decidir o Paulistão com o Corinthians

O curioso é que esse mesmo Santos teria papel decisivo para a conquista do paulistão pelo São Paulo, no mês seguinte. Depois de liderar a competição com 35 jogos invictos, o Corinthians tropeçou na penúltima rodada, ao perder por 1 x 0 justamente para o time de Pelé. Isso embolou completamente o campeonato: o São Paulo empatou com o Corinthians na liderança, com 28 pontos, e o Santos  vinha logo atrás, com 27. Como a tabela previa para a última rodada o confronto direto entre os dois líderes, um empate nesse jogo, somado a uma vitória santista contra o Palmeiras, deixaria três times empatados com 29 pontos (vitória valia 2 pontos). E forçaria a decisão num triangular (um "supercampeonato"). Daí, o Santos goleou o alviverde por 4 x 1 e ficou na torcida pelo empate na outra partida.

Maurinho dribla o goleiro corintiano Gilmar e marca o gol do título paulista de 1957

E a esperança dos santistas cresceu quando o primeiro tempo do clássico entre Corinthians e São Paulo terminou sem gols. Mas a etapa final foi eletrizante: Amaury abriu o placar para o Tricolor aos 17 minutos e, cinco minutos depois, Canhoteiro ampliou. Só que os 2 x 0 fizeram com que o alvinegro de Parque São Jorge partisse para o tudo ou nada e sufocasse o São Paulo, que tentava se segurar em seu campo. Aos 21 minutos, Rafael diminuiu para 2 x 1 e a pressão chegou ao limite: tudo indicava que o Corinthians ia empatar em minutos e, depois, virar o jogo e sacramentar o título. Foi então que, para aliviar, Zizinho (sempre ele!) interceptou mais um ataque alvinegro, aos 34 minutos, e deu um chutão para o campo adversário; Gino escorou e a bola sobrou para Maurinho, que marcou: 3 x 1.

Ataque da seleção no Sul-Americano de 1957: Joel, Zizinho, Evaristo, Didi e Pepe

Os corintianos partiram para cima da arbitragem, alegando impedimento, e o pau quebrou na torcida (a decisão ficou conhecida como "Tarde das Garrafadas"). Mas o título ficou mesmo com o São Paulo, o último antes de uma longa fila de 13 anos. Zizinho ainda jogou parte da temporada de 1958 no Tricolor, seguindo depois para o Audax, do Chile, e encerrando a carreira no mineiro Uberaba. Depois de disputar o Sul-Americano de 1957 pela seleção brasileira, muitos davam como certa sua convocação para a Copa da Suécia, o que não ocorreu - e abriu vaga exatamente para Pelé, que se consagrou. No início da década de 1960, Zizinho deu sua última grande contribuição para o futebol brasileiro: como amigo do pai de Gérson, foi o grande incentivador do "Canhotinha" em seu início de carreira.


quarta-feira, setembro 09, 2015

Tudo certo como 2 e 2 são 5

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Mês e meio atrás, num post (leia aqui), dei uma geral no noticiário sobre o São Paulo Futebol Clube. Só bomba: a diretoria renegociava contratos para tentar diminuir o rombo financeiro, a Justiça penhorava parte da grana recebida pela venda do volante Souza pra pagar uma dívida de 13 anos, o único reforço trazido até ali estava na reserva do mexicano Toluca e o time do Kaká cobrava R$ 14 milhões do Tricolor na Justiça. Pois bem, agora, neste início de semana, repasso a vista pelos site de esportes e leio o seguinte:







Pois é. Como escreveu Caetano e cantou Gal, "tudo vai mal, TUDO!"...



sexta-feira, setembro 04, 2015

Apito BFF (Best Friend Forever)

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Na 22ª rodada do Brasileirão, o Corinthians, líder da competição, abriu 7 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Atlético-MG. Mas, não fosse o péssimo nível da arbitragem, a tabela do campeonato poderia ser bem diferente. Senão, vejamos:

11ª rodada: Goiás 0 x 0 Corinthians
Pênalti cometido por Gil, não marcado.

13ª rodada: Flamengo 0 x 3 Corinthians
Gol de Jonas, do Flamengo, mal anulado.

17ª rodada: São Paulo 1 x 1 Corinthians
Pênalti cometido por Uendel, não marcado.

18ª rodada: Corinthians 4 x 3 Sport
Pênalti marcado de Rithely, inexistente.

19ª rodada: Avaí 1 x 2 Corinthians
Gol de Jeci, do Avaí, mal anulado.

22ª rodada: Corinthians 2 x 0 Fluminense
Gol de Cícero, do Fluminense, mal anulado.

E na mesma 22ª rodada o Atlético-MG, concorrente direto do Corinthians pela liderança do campeonato, perdeu do Atlético-PR com pênalti duvidoso.


quinta-feira, setembro 03, 2015

Abraço no algoz, juiz substituído, chapéus no campo, bandeirinha jogando, expulsão nula: bizarros anos 30

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Comprei neste ano o "Almanaque do São Paulo", publicação independente de José Renato Sátiro Santiago Júnior e Raul Snell Júnior (foto à esquerda), e só agora tive tempo de esmiuçar as fichas das mais de 5 mil partidas do Tricolor compiladas pelos autores, do período de 1930 a 2013. Sim, porque, ao contrário do "Almanaque do São Paulo" publicado em 2005 pela Placar, da Editora Abril, de autoria de Alexandre da Costa, Sátiro e Snell consideram o primeiro São Paulo, existente entre 1930 e 1935, e o atual, como uma coisa só (clique aqui para entender a eterna polêmica). O novo Almanaque também difere daquele da Placar porque tem o cuidado de publicar também as escalações dos adversários e de dar detalhes sobre os gols (se foram de pênalti, de falta, de cabeça etc) e informar curiosidades sobre as partidas. Entre elas, bizarrices que hoje seriam inimagináveis num jogo de futebol, mas que na década de 1930, num período de pré e de recém-profissionalização desse esporte no Brasil, aconteciam sem que ninguém se espantasse. Listei oito das que estão no Almanaque escrito por Sátiro e Snell (os grifos são meus):

20/04/1930 - América (da Capital) 1 x 6 São Paulo - Campeonato Paulista
"Friedenreich marcou um tento tão belo que dois jogadores do América correram para abraçá-lo" (Fried, "El Tigre", fez três gols neste jogo).

17/05/1930 - São Paulo 2 x 2 Syrio - Campeonato Paulista
"O árbitro Nestor Pedroso negou-se a retornar para a etapa final, sendo substituído por Thomaz Cicarelli" (todos os gols aconteceram no 1º tempo).

29/03/1931 - Santos 2 x 2 São Paulo - Campeonato Paulista
"O juiz C. Rustichelli negou-se a continuar apitando, por conta de ameaças das duas torcidas, sendo substituído por Wenceslau de Souza no 2º tempo" (o 1º tempo terminou com vitória do Santos por 1 x 0).

16/05/1931 - São Paulo 4 x 1 Germânia - Campeonato Paulista
"Impedido pelo Germânia, o juiz Domingos Nicollelli não voltou no 2º tempo, sendo substituído por Manoel F. Pinto Júnior" (o 1º tempo terminou com vitória do São Paulo por 2 x 1).

15/11/1931 - Portuguesa 1 x 3 São Paulo - Campeonato Paulista
"Por conta da grande quantidade de chapéus jogados pelos torcedores, o árbitro precisou interromper a partida para limpar o campo".

02/04/1933 - São Paulo 4 x 2 Corinthians - Amistoso
"Iracino [do São Paulo] saiu aos 30 minutos do 1º tempo, entrou Barthô em seu lugar. Posteriormente, após o intervalo, Iracino voltou".

21/05/1933 - São Paulo 7 x 1 Ypiranga - Campeonato Paulista
"Friedenreich estava atuando como juiz de linha (bandeirinha), quando foi chamado para substituir Armandinho".

24/06/1934 - São Paulo 3 x 3 Syrio - Campeonato Paulista
"[Zarzur e Zago foram expulsos e Celeste e Mamá, respectivamente, os substituíram] Na época era permitida a substituição do jogador expulso".


segunda-feira, agosto 31, 2015

E a sele-çã-ão! É coisa nossa!

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Impressionante (pra dizer o mínimo) linha de ataque da "seleção brasileira" no início dos anos 1970: da esquerda pra direita, Erasmo Carlos, Jair Rodrigues (sentado), Moacyr Franco, Sílvio Santos (ele mesmo!) e Wanderley Cardoso. Pausa no "treino" para observarem Marthinha e Wanderléa.

Ps.: Como Moacyr Franco e Silvio Santos enveredaram pela política, justificam a tag.

 

quinta-feira, agosto 27, 2015

09, 10, 11 e 12 são dezenas do burro

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Com um pênalti mandrake, uma expulsão providencial e um "pombo sem asa", de fora da área, do Thiago Mendes, o São Paulo eliminou o Ceará na Copa do Brasil e deu alguma sobrevida ao técnico Juan Carlos Osorio. Mas ele - sabiamente - ainda não descartou a oferta da seleção mexicana (que, curiosamente, também foi atrás do Muricy Ramalho em 2008). A melhor definição que vi sobre a situação do treinador sãopaulino - e a draga que é a equipe que ele comanda - foi a de um torcedor, numa rede social: "Para o bem do time, tem que ficar. Mas, para o bem dele próprio, tem que ir embora!"

Cabe aqui registrar, também, o que o Chico Palhares me disse sobre o técnico do São Paulo:

- Parece aqueles bicheiros de antigamente, que ficavam anotando jogo na esquina!

Pois é: fica anotando coisas pro Pato, pro Ganso - e depois ainda ouve a côro de "burro" da torcida! Só resta saber que bicho vai dar nesse fim de temporada futebolística...


segunda-feira, agosto 24, 2015

Um time inteiro (até com técnico)

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Em 2015, já saíram Cañete, Jonathan Cafu, Paulo Miranda, Rafael Tolói, Antônio Carlos, Boschilia, Denilson, Souza, Maicon, Ewandro e Ademilson, além do técnico Muricy Ramalho. Um time inteiro, até com técnico

A saída do zagueiro Rafael Tolói completa a soma exata de 11 jogadores que deixaram o elenco do São Paulo em 2015. Um time inteiro - e até com técnico, Muricy Ramalho. Além de Tolói, foram vendidos este ano Maicon, Antônio Carlos, Jonathan Cafu, Paulo Miranda, Denilson, Cañete, Souza e Boschilia, e emprestados Ademilson e Ewandro. E até podemos incluir nesse time um reserva, caso do lateral-esquerdo Clemente Rodríguez, o primeiro a ser vendido, no início de fevereiro, para o Colón. A debandada poderia ter sido pior: o zagueiro/volante Rodrigo Caio quase foi vendido para o futebol espanhol, o centroavante Luís Fabiano teve proposta do México e o meia Ganso, dos Estados Unidos. Agora o lateral-direito Auro pode ser emprestado a um clube português...

É óbvio que a "diáspora" sãopaulina tem a ver com grana. Afundado em dívidas, sem patrocínio master há mais de um ano e atrasando salários, o clube tem previsão de fechar 2015 no vermelho, com déficit de R$ 130 milhões. Frutos da gestão pífia de Carlos Miguel Aidar, mas também herança da hecatombe que foi a última passagem de Juvenal Juvêncio. Prova disso é que Clemente Rodríguez, o qual o clube só conseguiu se livrar este ano, foi contratado por Juvêncio em 2013, jogou só três vezes em dois anos, causando um prejuízo total de R$ 3 milhões (!!!). Na gestão do "Velho Barreiro", também, o empresário Eduardo Uram chegou a empregar dez (DEZ!) de seus jogadores no São Paulo.

Welliton foi um dos casos mais escandalosos na "parceria" com esse empresário. O atacante passou quatro meses no Tricolor em 2013, custou R$ 800 mil somente em salários, foi titular apenas seis vezes e marcou quatro gols. Como veio, foi. E o São Paulo, por pouco, não foi rebaixado para a Série B do Brasileirão naquele ano. Voltando a Juvêncio, se consideramos como 11 o número de jogadores que saíram este ano, é o mesmo tanto que o ex-presidente trouxe, de uma só vez, na virada de 2009 para 2010: André Luis, Xandão, Alex Silva, Rodrigo Souto, Carlinhos Paraíba, Léo Lima, Marcelinho Paraíba, Fernandinho, Cléber Santana, Cicinho e Fernandão. Todos saíram pela porta dos fundos.
 
As apostas erradas de Juvenal Juvêncio também se refletem na quantidade de jogadores que estão emprestados atualmente. Além de Ademilson e Ewandro, o São Paulo mantém em outros clubes o lateral-esquerdo Cortez (Albirex Nigata-JAP), o volante Wellington (Internacional), o lateral-direito Luis Ricardo (Botafogo), o lateral-esquerdo Carleto (Botafogo), o atacante Ronieli (Bragantino), o meia-atacante Roni (Chiapas), o lateral-direito Caramelo (Chapecoense), o zagueiro Luiz Eduardo (Rio Claro), o lateral-esquerdo Lucas Faria (Náutico) e o atacante Bruno Cantanhede (Rio Claro). Mais doze atletas no total, ou seja, outro time inteiro, com um reserva...

Em 2015, logo depois de Clemente, saiu, ainda em fevereiro, o atacante Ademilson, por empréstimo, para o Yokohama. No início de março, o volante Maicon perdeu a paciência com as críticas da torcida e foi para o Grêmio. Um mês e meio depois, o zagueiro Antônio Carlos, totalmente encostado, arrumou uma transferência para o Fluminense. Foi então que o técnico Muricy Ramalho, que tentou segurar Maicon e que perdeu apoio da diretoria e dos próprios atletas, resolveu pegar o boné "por livre e espontânea pressão" e passou o abacaxi para Milton Cruz. Em junho, chegou o treinador colombiano Juan Carlos Osorio.

Naquele mesmo mês, o elenco perdeu o ponta Jonathan Cafu, para o Ludogorets, da Bulgária; o zagueiro Paulo Miranda, para o Red Bull Salzburg, da Áustria; o volante Denilson, para o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos; e o atacante Cañete, pouco aproveitado, para o alagoano CRB. E não parou por aí: em julho, foi vendido o volante Souza, para o Fenerbahçe, da Turquia, e emprestado o centrovante Ewandro, para o Atlético-PR; e em agosto, foi vendido o meia Boschilia, para o Monaco, e o zagueiro Rafael Tolói, para o Atalanta. Com isso e três derrotas seguidas (duas delas, vexames contra Goiás e Ceará), o treinador Osorio recebeu proposta da seleção mexicana e subiu no telhado.

Se ele sair, há um cenário bem previsível: Milton Cruz "segura a peruca" mais uma vez, por dois ou três jogos, até que o Cruzeiro perca mais algumas partidas e demita Vanderlei Luxemburgo, que foi sondado pela diretoria antes da contratação do colombiano. Daí, pra escapar da "confusão" (rebaixamento para a Série B), termo cunhado pelo próprio "pofexô", só restará ao São Paulo se virar com o atacante Wilder Guisao, que estava na reserva do Tocula, o zagueiro Luiz Eduardo, que disputava a Série D (!) com o São Caetano e o goleador Rogério, o "Neymar do Nordeste", rebaixado com o Botafogo-RJ em 2014, em vias de ser contratado. Pode-se confiar, ainda, na recuperação do zagueiro/volante Breno, do atacante Alan Kardec e do meia Daniel, todos "clientes" do Departamento Médico.

No mais, Alexandre Pato pode sair até o fim do mês e Ganso e Luís Fabiano, se aparecerem loucos, digo, clubes interessados em pagar algo que o valha, também podem se despedir ainda neste semestre. Se os três caírem mesmo fora, Milton Cruz, Luxemburgo ou qualquer outro maluco que topar a "bucha" de treinar a equipe teria que apelar para uma retranca de time do interior. Como, pelo o que vêm jogando, Bruno, Wesley, Thiago Mendes, Centurión e Wilder não merecem mais do que a reserva, montaríamos um time com Rogério Ceni ou Renan Ribeiro no gol, mais Carlinhos (na lateral-direita), Edson Silva, Lucão, Luiz Eduardo e Reinaldo; Breno, Hudson, Rodrigo Caio e Michel Bastos; mais um isolado na frente (Alan Kardec ou Rogério "Neymar"). É o que tem. E QUE DEUS NOS AJUDE!!!


quinta-feira, agosto 20, 2015

Carlos Gardel: pé-frio involuntário ou infiltrado?

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O coronel uruguaio Carlos Escayola e Gardel: seriam pai e filho?
Assim como no Brasil ainda pairam dúvidas sobre o cantor e compositor Gonzaguinha ter sido ou não filho biológico do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, nas duas margens do Rio da Prata a polêmica eterna é a verdadeira nacionalidade do Pai do Tango, Carlos Gardel. Uns dizem que nasceu em Toulouse, na França, e outros cravam Tacuarembó, no Uruguai. Algumas vezes, quando questionado sobre o assunto, o próprio Gardel se esquivava, preferindo reforçar suas raízes argentinas e elegendo como "nascimento" a data em que desembarcou naquele país: "Nasci em Buenos Aires aos dois anos e meio de idade". O mistério teria sido conservado de propósito, pois a real origem do cantor seria um escândalo de grande proporção. Como conta o recente documentário "El padre de Gardel", Carlos teria sido fruto, na citada Tacurarembó, da relação proibida entre o poderoso coronel Carlos Escayola com uma de suas cunhadas, María Lélia, de apenas 13 anos - e há suspeitas de que ela também era sua filha, pois o coronel era amante da sogra (!!!). Por tudo isso, o menino teria sido criado escondido até ser dado a uma francesa, Berta Gardes, que o registrou com seu sobrenome e partiu definitivamente com ele para a capital da Argentina.

Gardel em Amsterdã, com o violão, cantando para a seleção argentina
A dúvida sobre a veracidade desses fatos, nunca esclarecida, teria um desdobramento curioso: a ambiguidade de Gardel como torcedor de futebol. Para todos os efeitos, até meados da década de 1920, não havia dúvida alguma: o cantor era argentino, representante máximo dos porteños e dos símbolos culturais daquele país, os costumes criollos (do campo), o dialeto lunfardo (de Buenos Aires) e, acima de tudo, o tango. Essa identificação fez com que, em 1928, durante os Jogos Olímpicos de Amsterdã, Gardel, em turnê pela Europa, decidisse visitar a seleção de futebol da Argentina. E consta que participou de uma festa noturna com os jogadores em um quarto de hotel, quando cantou pela primeira vez o tango "Dandy". Resultado: pouco depois disso, os argentinos perderam a medalha de ouro na decisão contra o time do Uruguai, por 2 a 1 - título máximo do futebol de seleções naquela época, quando não havia Copa do Mundo. E o uruguaio Eduardo Galeano, em seu livro "Futebol, ao Sol e à Sombra", diz que, dois anos depois, no primeiro Mundial da Fifa, Gardel repetiu a visita à concentração da seleção argentina, e cantou a mesma música.

Traíra? Gardel e os jogadores do Uruguai campeões em 1930, com a taça
Resultado: foram derrotados novamente na final pelo Uruguai, o anfitrião e primeiro campeão de uma Copa. "Muita gente crê que é a prova de que Gardel era uruguaio", escreveu Galeano. Devido aos dois episódios, os jogadores da Argentina teriam apelidado o cantor de "mufa", que significa "pé-frio". Mas a verdade pode ser que, como crê Galeano, Gardel tenha sido mesmo um "pé-frio" infiltrado. Porque, no meio da disputa da própria Copa do Mundo, em 13 de julho de 1930, o cantor deu uma polêmica entrevista ao jornal uruguaio "El Imparcial", afirmando que havia nascido no Uruguai (!). Se isso caiu como uma bomba atômica em Buenos Aires e em toda a Argentina, imagine como ficou o moral dos jogadores argentinos. Pior: além de serem derrotados na decisão, em 30 de julho, justamente pelo time da "nova" pátria assumida por Gardel, ainda viram o cantor visitar os campeões no Estádio Centenário e sorrir para a Taça Jules Rimet...

Gardel, com cachecol, na partida Brasil x Iuguslávia
"Un artista, un hombre de ciencia, no tiene nacionalidad. Un cantor tampoco, es de todos, y su patria es donde oye aplausos. Pero ya que insiste: soy uruguayo, nacido en Tacuarembó" ("Um artista, um homem de ciência, não tem nacionalidade. Um cantor tampouco, é de todos, e sua pátria é onde ouve aplausos. Mas, já que insiste: sou uruguaio, nascido em Tacurembó"), teria reafirmado Gardel, em 1933, ao jornal "El Telégrafo", de Paysandú, no Uruguai. Apesar de tudo isso, nada garante que seja verdade, pois pesquisas realizadas na Argentina concluíram que o cantor poderia ter encoberto sua verdadeira nacionalidade, francesa, porque teria antecedentes criminais por fraudes. Seja como for, tanto para argentinos como para nós, brasileiros, a fama de "pé-frio" futebolístico é justificada. Em 14 de julho de 1930, um dia após o jornal ter publicado a polêmica entrevista em que revelava ser uruguaio, Gardel foi ao estádio Parque Central para assistir a estreia do Brasil em Copas do Mundo, contra a Iuguslávia. Resultado: 2 a 1 para nossos adversários. Assim, o Pai do Tango teria sido nosso primeiro Mick Jagger!


quarta-feira, agosto 19, 2015

Mais pra lá que pra cá

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Gabiru e Perdigão, mais pra lá que pra cá
Já tem uns dias que isso deu repercussão, mas um blogue como o Futepoca não pode deixar de registrar a forma física (de barril) do ex-meiocampista Perdigão, 38 anos, em foto publicada numa rede social, em companhia do atacante Adriano Gabiru, 37 anos, que até o primeiro semestre ainda defendia uns trocos no Panambi, da segunda divisão gaúcha. Ambos empunham os indefectíveis copos de cerveja, em descontraída esbórnia etílica. Nada contra, muito pelo contrário! Mas espanta a pança de Perdigão, que se aposentou em 2011, depois de passar por clubes como Corinthians, Vasco e Internacional. Ele tá parecendo o personagem Hurley, do seriado estadunidense de televisão Lost. Já Gabiru aparece de "olho baixo", "meio barro, meio tijolo", quase que se escorando nos amigos pra não cair... Bem que eu digo que rede (anti)social só serve pra gente passar vergonha alheia...

Há menos de nove anos, Adriano Gabiru foi o herói da conquista do título mundial pelo Inter de Porto Alegre, ao substituir o (já falecido) Fernandão e marcar, aos 36 minutos do segundo tempo, o gol da vitória sobre o Barcelona. Apesar de não  ter entrado na partida, Perdigão integrava aquele elenco. Pois é, como disse alguém que já não me lembro o nome (amnésia alcoólica?), "o tempo é um criador de monstros". No meu caso, não precisei nem jogar bola profissionalmente e me aposentar para inflar a sempre generosa barriga. Mas lanço aqui meu grito de guerra: menos rede social, mais cerveja! Ao bar.

Gabiru e Perdigão, na linha de frente da comemoração em Yokohama, no Japão, em 2006

domingo, agosto 16, 2015

Velório carioca

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Blanc: compositor, vascaíno, bebum e,antes de tudo, carioca
No prefácio de "Brasil passado a sujo" (Geração Editorial, 1993), Sérgio Cabral diz que o autor, o vascaíno Aldir Blanc, é um dos expoentes da chamada "literatura carioca", com tipos, personagens, subúrbios, bares e situações na linha de Nelson Rodrigues e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. "O Rio de Janeiro é isso que está nestas páginas; é a cabeça e o coração desse extraordinário Aldir Blanc", resume Cabral. De fato, a obra é uma ode à carioquice, com tudo de "bom" que a esculhambação local possui - e aqui rememoro a resposta do também carioca Tom Jobim quando perguntaram por que, morando nos EUA, ele passava a maior parte do tempo em sua cidade natal: "Estados Unidos é bom, mas é uma merda. E o Brasil é uma merda, mas é bom!". No livro de  seu conterrâneo Aldir Blanc, um dos capítulos, "Até Morrer", fala especificamente sobre futebol. "Hei de torcer", explica o vascaíno nesse texto, "porque conheci um bebum que apelidou a própria amásia de Paulo Isidoro: 'Ela dormia na ponta, mas embolava pelo meio'." E prossegue:
O Lindolfo havia morrido. Vó Noêmia fez uns trinta sanduíches de carne assada, os homens encheram vidros vazios de eparema com traçado e partimos pro velório. Na saída, alguém lembrou:
- Cadê o rádio? Hoje tem Vasco x Botafogo.
Mas, aparentemente, ninguém se atreveu a levar. A mulher do Lindolfo, Dona Marcelina, era tão séria que já estava de luto muitos dias antes da morte do marido. Amanheceu um domingo de comemorar com batida de maracujá.
Naquele tempo, o jogo começava às três e quinze da tarde. Os enterros saíam por volta das cinco. No Caju, a viúva parecia de granito. Luto fechado, um buço que deve ter influenciado o Sarney, cabelos cinzentos cobertos por um lenço negro, leque também negro fechado nas mãos em garra, uma viúva de Lorca.
Waldir Iapetec, com seu faro inigualável, descobriu um buteco nas imediações com rabada e cervejotas superlampoticamente geladas. Mandaram arrebite. Mais ou menos na hora da peleja começar, Ceceu Rico, cheio de goró, lavando a cabeça com azeite Galo e botando aristolino na maionese, sacou um radinho do bolso das acumuladas. O Iapetec riu:
- Sabia que tu não ia aguentar.
- Tenho minha reputação. Não quero que digam que Ceceu Rico deu balda com medo de viúva.
O pessoal ficou ouvindo o jogo no tal buteco. De vez em quando, um batedor partia pro front do velório. E tome chá-de-macaco. O clima de jogo aumentava a vontade de biritar. Um zero a zero cheio de lances dramáticos. Faltando uns quinze minutos pro fim do segundo tempo, pressão do Vasco, meu avô Aguiar apareceu, deu um tapa de bagaceira nos beiços, e avisou, com toda cortesia de seus quase dois metros de cutucro nascido em Póvoa de Varzim:
- Vamo pagar a conta que o palhaço de saias chegou pra encomendar o corpo. Ceceu, enfia o rádio na ombreira do paletó e finge que tá com torcicolo, meningite, um troço desses.
Provavelmente sentindo a exuberância dos bafos, a viúva lançou a todos um olhar assassino. O padre, com a batina salpicada de proverbial caspa, começou a arenga:
- Nosso irmão Lindolfo já não está no estádio, digo, no mundo. Encontra-se na Glória!
O Iapetec sussurrou:
- Provavelmente na taberna. Ele adorava.
Olhar rambo-rocky da viúva em nossa direção. Vários gulps e pigarros.
- Bem aventurados aqueles...
Nesse instante, Ceceu captou no radinho uma investida vascaína:
- Lá vai o Vasco! Bola pra Walter Marciano na entrada da área! Driblou o primeiro, driblou o segundo, vai marcar...
O desgraçado do radinho ficou mudo. Desesperado, Ceceu catucou os botões pra baixo e pra cima. Nada. Teria sido a pilha? Ceceu sentou a porrada no spika, método quase infalível para engenhocas enguiçadas, e uma palavra, altíssima, como que irradiada pela sublime voz do Todo-Poderoso, elevou-se na capela:
- PÊNALTI!
Ceceu baixou de um golpe todo o volume. Um silêncio aterrador. Possessa, a viúva urrou:
- Contra quem? Pênalti contra quem? Aumenta, babaca!
À beira de uma de suas famosas crises de asma, Ceceu estertorou:
- Pênalti contra o Botafogo.
A viúva tava comandando o tradicional corinho de "casaca, casaca, casaca - saca-saca...", quando o padre abandonou o recinto.
Meu avô gritou:
- Hei, seu padre! Volta aqui! Futebol enlouquece qualquer um! Não foi desrespeito, não.
Sintam a resposta do padreco:
- Aqui, ó! Eu sei que não foi desrespeito. Foi roubo no duro! Tô farto de ver o Vasco vencer com gol de pênalti no último minuto. Vão todos pros quintos dos infernos. Ladrões!
Mas seu protestos foram abafados pelos gritos de gol e pelo espetacular choro da viúva. De alegria.

segunda-feira, julho 27, 2015

Pato emPata com Paulo Lumumba

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Lumumba também fez 29 gols pelo São Paulo
Informação "relevante": com a confirmação de que o gol da vitória do São Paulo sobre o Cruzeiro ontem foi mesmo de Alexandre Pato (depois de o 4º árbitro ter apontado Carlinhos como autor e voltado atrás), o atacante chegou a 29 tentos marcados com a camisa do Tricolor e empatou, na 80ª posição do ranking histórico dos artilheiros do clube, com Paulo Lumumba. Para quem nunca ouviu falar nesse jogador (o que é mais do que provável), o gaúcho Paulo Otacílio de Souza (1936-2010) jogou pelo time do Morumbi nas temporadas de 1960 e 1961 e também atuou por Grêmio e Fluminense. Assim como Pato (até agora), Lumumba não ganhou título algum pelo Tricolor.

Bicampeão brasileiro, Hugo hoje está sem clube
Atleta pertencente ao Corinthians, Alexandre Pato está emprestado ao São Paulo até dezembro deste ano e, assim, pode alcançar outros jogadores que passaram pelo clube recentemente no ranking dos artilheiros do Tricolor: Hugo, bicampeão brasileiro em 2007 e 2009, e que está livre no mercado depois de passagem pelo Vitória, fez 31 pelo time do Morumbi, e está logo a frente, em 79º lugar. Lucas, atualmente no Paris Saint Germain, fez 33 e está empatado com o hoje comentarista Caio Ribeiro na 75ª colocação. Outra figurinha carimbada, Souza, campeão paulista, da Libertadores, Mundial e tri-brasileiro na década passada, e que também está sem clube após abandonar o Caxias-RS, marcou 35 gols pelo São Paulo é o 67º no ranking.

Reinaldo, que estava no Inter de Lages
Em atividade tem ainda o hoje corintiano Danilo, com 36 gols pelo São Paulo (63º colocado no ranking do clube), o Hernanes, da Internazionale de Milão, que, assim como Dario Pereyra, marcou 38 vezes pelo time do Morumbi (ambos estão na 58ª posição), o Diego Tardelli, que está na China, e o Grafite, que voltou agora ao Santa Cruz, ambos com 39 gols (empatados com Cafu no 55º lugar), e Reinaldo, ex-Santos e Internacional, que jogou pelo Inter de Lages-SC no 1º semestre, com 41 gols com a camisa sãopaulina (52º lugar). Um pouco mais a frente tem Kaká (que passou pelo São Paulo em 2014, a caminho do Orlando City) e Marcelinho Paraíba (Joinville), ambos com 51 gols pelo São Paulo, na 39º colocação; o Borges, da Ponte Preta, com 55 gols (32º); e o Dagoberto, do Vasco, com 61 (30º lugar).

Rogério Ceni: mais 7 gols para alcançar Maurinho
E dois jogadores que estão fechando o ciclo no São Paulo ainda podem avançar nesse ranking até o fim do ano. O primeiro é Rogério Ceni, que fez 129 gols e é o 10º maior goleador da história do clube - e, com muita sorte, poderia alcançar Maurinho (1933-1995), que fez 136, ou o lendário Leônidas da Silva (1913-2004), que marcou 144 vezes. O segundo é Luis Fabiano, atual 3º colocado no ranking, com 205 gols, e que - muito dificilmente - alcançará o 2º, Gino Orlando (1929-2003), que fez 233 gols, ou o artilheiro máximo do São Paulo, Serginho Chulapa, que fez 242. Como hoje é muito raro um jogador - que não seja goleiro - passar dez temporadas no mesmo clube, como Chulapa, é bem provável que sua marca se eternize. Afinal, Luis Fabiano "subiu no telhado"...

DA SÉRIE 'MAS... JÁ VAI?' - Depois de ir e não ir, o atacante Jonathan Cafu acabou "fondo" para o portentoso Ludogorets, da Bulgária, numa transação em que o São Paulo ficará com menos da metade do valor apurado. A debandada de atletas do Morumbi neste meio de ano reflete a crise financeira enfrentada pelo clube e sugere que todos no elenco, de titulares a reservas, estão acionando seus empresários para tentarem pular fora do "barco furado". No entanto, para além da falta de grana, a saída do Cafu (genérico) é mais um exemplo inegável das "cabecices" da diretoria quando tenta reforçar o ataque da equipe. Além de Jonathan Cafu, que fez apenas 12 jogos (e 1 gol), o clube acabou de emprestar o prata-da-casa Ewandro (que jogou só 22 vezes e fez 2 gols pelo profissional do São Paulo) e, no ano passado, teve passagem-relâmpago de Pabón (18 jogos e 2 gols). Agora a aposta é em Wilder Guisao, que estava encostado no mexicano Toluca. Ou seja: nada de novo no front...


quarta-feira, julho 22, 2015

É o que tem pra hoje

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Notícias "alvissareiras" do São Paulo Futebol Clube:





Como diria o camarada De Faria...



sexta-feira, julho 17, 2015

Coincidência macabra: Ghiggia morre num 16 de julho

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O adeus do último atleta que entrou em campo em 16/07/1950
Se 52 milhões de brasileiros choraram no dia 16 de julho de 1950 (principalmente os 200 mil que estavam no recém-inaugurado estádio do Maracanã), quando sua seleção de futebol perdeu a Copa do Mundo em casa, de virada, dependendo de um mero empate para ser campeã, 3,5 milhões de uruguaios também choraram ontem, exatos 65 anos após a inacreditável conquista de sua seleção no Brasil, com a morte daquele que fez o gol consagrador da vitória na ocasião: Alcides Edgardo Ghiggia, o herói do "Maracanazzo". A coincidência macabra leva muitos céticos a reconsiderarem seu desprezo pelo tal "destino". Foi num 16 de julho que Ghiggia, 23 anos, virou celebridade eterna do futebol mundial; e foi na mesma data, aos 88 anos, que morreu. E morreu, simbolicamente, de ataque cardíaco. Quantos brasileiros devem ter sofrido esse mesmo colapso no momento do segundo gol uruguaio, aos 34 minutos do segundo tempo, naquela decisão no Maracanã?

Um chute forte, de perna direita, e a bola passou entre Barbosa e a trave: 'Maracanazzo'

Mais simbologia: Ghiggia, justamente o protagonista, era o último atleta vivo dos 22 que entraram em campo naquela fatídica decisão. Além dele, o Uruguai jogou com o goleiro Máspoli (morto em 2004), Andrade (1985), Gonzalez (2010), Tejera (2002), Gambetta (1991), Obdulio Varela (1996), Julio Pérez (2002), Schiaffino (2002), Míguez (2006) e Morán (1978). Pelo Brasil, os infortunados que disputaram a partida foram o - mais infortunado de todos - goleiro Barbosa (morto em 2000), Augusto (2004), Juvenal (2009), Bigode (2003), Bauer (2007), Danilo Alvim (1996), Zizinho (2002), Jair Rosa Pinto (2005), Friaça (2009), Ademir de Menezes (1996) e Chico (1997). O regulamento da época não permitia substituições, portanto só estes jogadores pisaram o gramado naquele jogo.

A Roma indispôs Ghiggia com o Uruguai
O que muita gente não sabe é que, apesar de herói máximo do título uruguaio de 1950, Ghiggia fez a última partida pela seleção de sua pátria logo em seguida, em 1952, aos 25 anos. É que naquele ano ele se transferiu para a Roma, da Itália, e, para a Copa de 1954, a Associação Uruguaia o chamou, mas, surpreendentemente, o clube italiano não o liberou - mesmo o Mundial sendo disputado na vizinha Suiça. Apesar da responsabilidade ter sido do clube, o episódio fechou as portas para Ghiggia na seleção de seu país. Por isso, aproveitando sua ascendência italiana (a pronúncia original de seu sobrenome é "Guídja", ao contrário de "Jíjia"), decidiu jogar pela Squadra Azzurra. Curiosamente, como companheiro, teria o outro uruguaio que também marcou gol na decisão de 1950: Schiaffino, que fez sua última partida pelo Uruguai na Copa da Suiça, transferiu-se para Milan e Roma e também decidiu atuar pela seleção italiana. Porém, mesmo com ambos na linha de ataque, a Itália não conseguiu se classificar para a Copa da Suécia, em 1958.

Vã esperança: imprensa tupiniquim tentou forçar um 'tapetão' pra anular título uruguaio

Polêmica: uruguaio ou argentino? - Outra coisa que caiu no esquecimento foi a tentativa da mídia esportiva brasileira (ah, a mídia esportiva brasileira!) de usar Ghiggia e outro uruguaio campeão, Morán, para "anular" a partida que decidiu a Copa de 1950. Três dias após a tragédia brasileira no Maracanã, o Jornal dos Sports, do jornalista Mário Filho (que depois daria nome ao estádio), insinuou que os dois atletas, na verdade, teriam nascido na Argentina - o que tornaria irregulares suas atuações pelo Uruguai.  "Ontem as últimas horas da tarde”, dizia o jornal, “foi divulgado que o encontro Brasil x Uruguai seria anulado, em virtude de não ser uruguaio o ponteiro direito Ghiggia, por sinal fator preponderante na vitória dos 'celestes'. Segundo as aludidas versões, Ghiggia seria argentino de nascimento e estaria portanto em situação irregular na seleção oriental. O mesmo se daria com Morán, seu companheiro da ponta oposta." Como MUITAS coisas publicadas ainda hoje pela imprensa tupiniquim, comprovou-se depois que nada disso era verdade.

Frame do vídeo no exato momento da mentira
Talvez para se vingar, Ghiggia acabaria topando, em 2013, uma brincadeira proposta por uma editora uruguaia e levada a cabo por quatro jornalistas locais: publicar que Obdulio Varela, o mítico capitão da conquista no Maracanã, era na verdade brasileiro. "Quatro meses, milhares de reuniões e mais de milhares de cervejas depois, o livro estava pronto. E o título também: 'Obdulio era brasileiro'. Impactante", conta Héctor Mateo, no texto de contratapa do livro "Obdulio era brasilero – Cuentos de fútbol". Para sua surpresa e de todos os envolvidos, ao entrevistarem Ghiggia e contarem sobre a molecagem, o herói de 1950 topou na hora - e gravou um vídeo atestando categoricamente a mentira sobre Obdulio, que, postado na internet, gerou repercussão avassaladora. "Foi uma loucura. Diário, canais de televisão, rádios, ATÉ A GLOBO, sabe a alegria que tinha minha mãe quando saímos na Globo? Éramos maiores que o Rei do Gado!". Temerosos das consequências, os mentores da brincadeira teriam ainda mais uma surpresa."Teríamos que saber até quando aguentaria Ghiggia sem nos mandar à prisão. Ligaram quinhentas vezes ao velho. E quinhentas vezes mais também. E bancou a história. Bancou como um duque", acrescenta Héctor Mateo.

Com Jairzinho, 'Furacão da Copa' de 1970: 'Amo o Brasil e torço pelo país', disse Ghiggia

Credencial de Ghiggia para a Copa de 2014
De toda forma, mesmo tendo sido o "carrasco" da maior tragédia futebolística brasileira, Ghiggia dizia ter apreço pelo país vizinho. "Amo o Brasil e torço pelo país. Se o Uruguai não puder ganhar, quero que ganhe o Brasil. Depois do que fiz, sou 'hincha' (torcedor) brasileiro. É uma terra linda, abençoada", comentou, ao jornal Lance!, às vésperas da classificação da Celeste para a Copa de 2014. "Sou sempre muito bem tratado e penso: se tratam assim quem lhes fez mal, imagine como tratam quem lhes fez bem?", completou. Ano passado, por ocasião da Copa, Ghiggia veio ao Rio de Janeiro como um dos convidados de honra da inauguração da Casa Coca-Cola, instalada ao lado do estádio do Maracanã. Junto dele, o ex-atacante da seleção brasileira Jairzinho, tricampeão em 1970. Na coletiva de imprensa, Ghiggia declarou: "Ganhamos, eu e meus companheiros, aquela Copa e demos alegria ao nosso país. Mas lamento que tenha deixado o Brasil inteiro triste". Uma grandeza que permite que nós, brasileiros, também fiquemos tristes, agora, com a morte dessa lenda do futebol.


segunda-feira, junho 29, 2015

Um gol para cada mês de atraso de grana. Coincidência?

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Leandro Pereira chuta; Souza, Dória e Rogério Ceni 'assistem'; 1 x 0
Opinião de um torcedor do São Paulo: se o time do Palmeiras fosse pouca coisa melhor e não tivesse jogado apenas no contra-ataque, esperando as (quatro) falhas do oponente, o clássico de ontem teria sido um atropelo da magnitude dos 7 a 1 que a Alemanha enfiou no Brasil ano passado. O fraco, inoperante e inofensivo time (time?!?) de Juan Carlos Osorio foi à casa do adversário sem sistema - ou qualquer tipo de planejamento - defensivo. E sem zagueiros, se considerarmos que nem Dória nem Rafael Tolói merecem a alcunha. Pior: o São Paulo jogou - mais uma vez - com um a menos, pois Paulo Henrique Ganso, como diria o Padre Quevedo, "non ecziste" (ou dois a menos, se considerarmos a participação "efetiva" de Luís Fabiano). Repito: se o time do Palmeiras tivesse se empolgado e "partido pra cima", com sua torcida empurrando, teria feito 7 ou 8 gols, fácil fácil.

Victor Ramos sobe sozinho e comemora após testar para a rede: 2 x 0
Mas os sonoros 4 a 0 - que se estendem para 7 a 0 se considerado o Choque-Rei anterior - já servem para a torcida alviverde gargalhar por um bom tempo, e para os ingênuos que ainda bravateiam o tal "forte elenco do São Paulo, um dos melhores do Brasil" pararem de acreditar em Papai Noel, digo, na mídia esportiva (ah, a mídia esportiva!). Nem vou fazer comentários sobre o técnico colombiano, suas (polêmicas) anotações em caderninhos, escalações, substituições ou expulsão no clássico de ontem, pois considero que nem José Mourinho, nem Pepe Guardiola e nem Jesus Cristo conseguiriam transformar esse catado do São Paulo em uma equipe realmente competitiva. Enquanto a diretoria forçar as escalações de Ganso, Luís Fabiano e Pato, sonhando com futuras (e improváveis) transações, a torcida tricolor terá que se conformar com derrotas e vexames.

Rafael Marques faz 3º - no jogo e dele sobre Rogério Ceni neste ano
E não só esses três: quando vi a dupla de zaga ontem, Dória e Tolói, já previ uma tarde de pesadelo. Aliás, eu sempre considerei o (mediano e esforçado) Paulo Miranda melhor do que o (abaixo de mediano e entregador de rapadura) Tolói. Isso se confirmou com a venda do primeiro (que, bem ou mal, tinha alguém interessado nele), enquanto ninguém quer o segundo. Dória é uma enganação, e é melhor que vá embora. O superestimado Souza, idem. Os laterais Bruno e Carlinhos, "reforços" deste ano (ha!ha!ha!, riem os adversários), são ótimos para o banco de reservas - onde já "residem" outros três recém-contratados,Thiago Mendes, Centurión e Johnatan Cafu. E quem sobra? Michel Bastos. Que não é nenhuma Brastemp. E Rogério Ceni, em - triste e constrangedor - fim de carreira. Osorio já deve estar se dando conta da roubada em que se meteu...

Cristaldo cabeceia livre e completa o 'chocolate' do Palmeiras: 4 x 0
E se o time (time?!?!??) do São Paulo oferece "tantas" "opções" e "tantos" "talentos" para o técnico, ou qualquer técnico, seja ele quem for, quem é responsável? A diretoria, lógico. A mesma que, em certos nichos da mídia esportiva (ah, a mídia esportiva...), é elogiada como "moderna", "eficiente". A mesma que alardeou a venda de Rodrigo Caio para o Valencia... SÓ QUE NÃO! (clique aqui para ler sobre o fiasco) A mesma que, nesta segunda-feira de gozação palmeirense e cabeça inchada sãopaulina, nos proporciona mais uma prova de sua "eficiência" e "modernidade": a notícia de que o "São Paulo não vai pagar elenco no dia 10; serão quatro meses de atraso". Não é curioso? QUATRO meses: o mesmo número de gols sofridos ontem no estádio do Palmeiras. Imagine o que teria acontecido no jogo se a diretoria estivesse devendo nove ou dez meses de grana!

PS.: E o técnico do Palmeiras nos 4 x 0 era Marcelo Oliveira. AQUELE MESMO.


quarta-feira, maio 13, 2015

O risco de Marcelo Fernandes se tornar Claudinei Oliveira

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O empate entre Avaí e Santos mostrou, como no segundo jogo da final do Paulista contra o Palmeiras, o Santos caindo de produção e de intensidade no segundo tempo. Com a vantagem, conseguida na etapa inicial pelo gol de Robinho, o Alvinegro mais uma vez mostrou uma certa acomodação e aceitou a mudança de postura do adversário sem reagir, mesmo tomando o empate.

Na partida decisiva do estadual, Oswaldo de Oliveira colocou Cleiton Xavier em campo após perder Dudu expulso, passando a explorar as laterais do campo. O Peixe, que teve Geuvânio punido com o cartão vermelho, não conseguiu acertar sua marcação pelos lados, lembrando que o onze santista era responsável por barrar o avanço do lateral adversário pelo lado direito. Resultado da inação santista: Ricardo Oliveira estava na marcação do lateral Lucas no tento do adversário, mostrando que a equipe demorou a responder à mudança do rival.

Mais uma vez a lateral foi o calcanhar de Aquiles peixeiro na etapa final. Desta vez, no segundo tempo Gilson Kleina colocou Roberto, que atuou no lado esquerdo da defesa santista, forçando a jogada individual e fazendo com que os donos da casa por vezes tivessem superioridade numérica no setor. A pressão era evidente e, mais uma vez, o Santos pouco fez para responder à alteração tática do Avaí. 

É pelos lados o mapa da mina. Do Santos e do adversário

Marcelo Fernandes precisa treinar para que o Peixe possa sair dessa situação de jogo. Treinadores adversários já perceberam que o potencial ofensivo santista depende da subida de seus laterais/alas, que apoiam o ataque dando opções para os meias e os homens de frente. Quando o técnico adversário ocupa esse setor, prega na defesa Victor Ferraz e Chiquinho. Com uma deficiência quase crônica dos dois volantes de fazerem a cobertura pelos lados – defeito em especial de Valencia – a pressão se intensifica e o gol passa a ser questão de tempo.

Para voar mais alto no Brasileirão, Peixe precisa ter ousadia
Uma alternativa para ser utilizada nesse tipo de cenário é justamente explorar as costas da defesa rival pelos lados. E aí entra a coragem e a vontade de vencer do treinador. Ontem, por exemplo, o Alvinegro usou pouco os lados na etapa final, mesmo quando um jogador chegava ao ataque, Robinho, por exemplo, fechava no meio em vez de abrir pela ponta esquerda. Atuava assim também porque não adiantaria ele fazer a jogada pela ponta com apenas Ricardo Oliveira na área contra dois ou mais defensores. Sem a chegada dos homens do meio ou do lateral, a jogada pelo lado, em um campo de grandes dimensões, tem grandes chances de não dar em nada, daí a tentativa do Rei das
Pedaladas de jogar perto do centroavante.

Sobre Ricardo Oliveira, aliás, outro pecado do técnico. Ele jogou mal o tempo todo, mesmo assim atuou até o final da partida. Perdeu lances preciosos, chegou a travar contra-ataques matando errado a bola. Estava em um dia ruim, até aí, todos nós temos os nossos. Mas não foi sacado. Fernandes preferiu abrir mão de Geuvânio, que também não tinha boa atuação, e colocar Gabriel fora de seu habitat natural, a área. A alteração foi inócua, ainda mais por ter sido feita aos 34, como tem sido o costume do técnico. Sempre um pouco tarde demais.

Quanto Claudinei Oliveira assumiu o Santos depois da saída de Muricy Ramalho em 2013, dirigia um time que sentia a falta de Neymar. Conseguiu arrumar o sistema defensivo alvinegro, a equipe jogou bem algumas partidas e chegou quase perto de brigar pelo G4. Mas, quando teve oportunidades de ganhar partidas que poderiam mudar a situação do clube na tabela, preferiu não ousar e se satisfazer muitas vezes com um empate, não tentando vencer. Achou que assim, com um desempenho mediano, conseguiria manter o cargo. Não percebeu que um técnico novato precisa na verdade mostrar mais do que os “medalhões”, sendo diferente. E, por que não, ousado.

Marcelo Fernandes não pode repetir o erro de Claudinei. Como já dito aqui, tem um elenco acima dos que o Peixe possuía nos últimos dois anos e, com o relativo enfraquecimento de alguns adversários no Brasileiro, sonhar com o G4 não é nenhum absurdo ainda mais se vierem alguns reforços. Mas precisa saber que deve ter coragem em determinados momentos e situações de jogo. Arroz com feijão não seguram um treinador em início de carreira no banco.

No final das contas, foi o Avaí, que perdeu dois gols inacreditáveis na etapa final, quem deixou de vencer. Não pode ser assim contra um candidato ao rebaixamento.

Gustavo Henrique e Vladimir

Desnecessário dizer que Gustavo Henrique, que entrou no lugar de Werley, dono da imagem do jogo, teve uma atuação ruim. Fez a falta desnecessária que gerou o gol de Marquinhos, ex-Santos, e, ao cometer outra falta similar, tomou o segundo amarelo e foi expulso. Mas é preciso destacar também que, nas duas ocasiões, estava bem longe da área, e só teve essa atitude por conta da inação santista com a blitz que o Avaí promoveu no lado canhoto da intermediária do time. Entrou em uma fria e não foi bem. Mas a culpa não é só dele.

Já Vladimir tomou um gol em uma cobrança de falta bem feita por Marquinhos. Não, não era uma bola indefensável. Além disso, repôs mal a bola em mais de uma ocasião, colocando em risco a defesa ao despachar a redonda no próprio campo. Na partida contra o Palmeiras, ensaiou o erro que cometeu contra o Maringá, ao tentar encaixar a bola e soltá-la em duas ocasiões. É um goleiro que tem um reflexo apurado, fazendo defesas à queima-roupa, mas não adianta ter essa virtude se falha em outros fundamentos.