Felipão gesticula ao explicar seu objetivo: resgatar o futebol-bailarino (Silvia Izquierdo/AP)
Feita a primeira
convocação, podemos começar a afinar as cornetas contra Felipão.
O resumo da ópera das escolhas do veterano treinador é exatamente o
envelhecimento da equipe, trazendo de volta jogadores mais "experientes", no
caso, Ronaldinho Gaúcho, Luiz Fabiano, Júlio César e Fred.
Começando pelo gol, a
volta de JC é meio estranha. O goleiro saiu da Inter de Milão e foi
para o pouco expressivo Queens Park Rangers, o que indica que os
grandes clubes não se interessaram por seu futebol. Enfim, não vi o
cara jogar pra avaliar e a posição estava meio em aberto mesmo.
As mudanças mais
estruturais acontecem do meio para a frente. Felipão sinaliza que
seu time vai ter um centroavante mais pesado e mais preso dentro da
área. Uma mudança em relação ao time leve que vinha sendo
tentando por Mano Menezes, com muita movimentação. Vamos ver como
funciona.
Achei estranha a troca
de Kaká, que jogou bem e vinha se entendendo com Neymar, por
Ronaldinho Gaúcho. O meia do Atlético fez um bom Brasileirão, é
fato. Mas não sei se o bastante para apagar o mau desempenho que
teve nas convocações mais recentes.
A coisa complica
também por questões de estilo: Gaúcho no Atlético nem finge que
vai tentar marcar alguém. A pressão no ataque é feita por Bernard
e Guilherme, nas beiradas, enquanto o lento meia fica livre. Na
Seleção, Neymar e, sei lá, Lucas não farão este papel nem a pau
– e nem devem se sacrificar tanto para isso, ainda que eu ache
fundamental que todo o time tenha um papel na recomposição
defensiva.
Ele voltou, mas não vai marcar ninguém (Getty)
O resultado deve ser
que os volantes vão ficar mais presos, perdendo um pouco da
mobilidade e dos elementos surpresa que vinham aparecendo nos últimos
jogos. Claro que o novo treinador vai
imprimir sua marca, mas se é pra deixar volante preso não faz muito
sentido convocar Paulinho, Ramires e Arouca.
O resultado do conjunto parece ser um time mais estático, com posições e funções mais fixas. Para o meu gosto, parece um retrocesso.
E o meu medo
Concordo com Felipão ao convocar Hernanes, mas discordo quando o técnico diz que o jogador é um meia mais ofensivo. Pra mim, ele é pode se tornar um baita armador, para jogar e marcar. Entraria no meu time como segundo volante, fazendo a transição da defesa para o ataque, cadenciando o jogo com seu bom passe, coisa e tal. Como meia, recebendo a bola mais à frente, me emociona menos.
Um elemento que Felipão
teria levantado na coletiva é que poderia usar David Luiz como
volante, posição em que ele já apareceu no Chelsea. Juntando isso
tudo, começa a aparecer meu medo: Felipão vai meter David Luiz de
terceiro volante e tentar me convencer que Hernanes é meia.
Não agora, mas mais
pra frente, se e quando a coisa começar a apertar. Vai deixar dois
zagueiros, dois laterais, David Luiz como volante limpa-trilho na
frente da zaga, Paulinho e Hernanes de segundos volantes e
estabelecer o “joga no Neymar” que foi tônica do Santos ano
passado.
Foi mais ou menos o que
ele fez em 2002, quando Edmilson era um zagueiro disfarçado de
volante e Juninho Paulista não podia passar muito do meio campo –
até ser substituído por Kleberson, caracterizando de vez os três
volantes. Funcionou, dirão os otimistas. Sim, sem dúvida. A diferença é que, lá, Rivaldo e Ronaldo estavam voando, secundados por um Ronaldinho Gaúcho em ascensão. Resta ver como a coisa anda.
Semana de novidades relevantes para a torcida corintiana, levemente ampliada nos últimos tempos por conta de seu novo ídolo. Depois da brilhante atuação de Zizao neste domingo, o trans-continental marketing alvinegro lança mais uma grande iniciativa.
Trata-se de uma parceria para lançar uma canjibrina oficial do Timão. Mas a boa notícia é que a manguaça será powered by Seleta, tradicional produtora de aguardente de cana de Salinas, em Minas Gerais, capital mundial da cachaça.
Segundo a Seleta, a Cachaça do Corinthians será envelhecida por dois anos em tonéis de umburana e terá 42% de teor alcoólico, "sabor suave e amadeirado" e "aroma agradável". Custará R$ 22 para o consumidor.
Desde já gostaria de convidar o companheiro Anselmo, degustador de cachaça mais experiente deste fórum, para avaliar o produto – desde que suas cores clubísticas não se sobreponham a seu compromisso com a imparcialidade de julgamento como manguaça.
Guardadas as devidas considerações sobre a tradicional fragilidade do time do Mirassol, a estreia do São Paulo no Paulistão 2013, no Morumbi, teve como saldo positivo não apenas a vitória por 2 a 0, mas principalmente a boa atuação do meia Jadson, deslocado para o setor direito do ataque, onde antes desfilava Lucas, hoje no Paris Saint Germain. A fracassada negociação com o ponta Eduardo Vargas, do Napoli, que acabou sendo emprestado ao Grêmio de Porto Alegre, abriu espaço para Jadson, que iria para o banco de reservas com a efetivação de Paulo Henrique Ganso como homem de armação no meio-campo.
Durante a fase de preparação para a nova temporada, o técnico Ney Franco chegou a testar um losango com Ganso e Jadson no meio e apenas dois atacantes, Luís Fabiano e Osvaldo. No jogo-treino contra o Red Bull Brasil, dia 16 (vídeo abaixo), o time titular, com essa configuração, não conseguiu produzir nada no ataque e perdeu por 2 a 0 no primeiro tempo, com duas falhas de Rogério Ceni (os reservas sãopaulinos conseguiram empatar e evitar o vexame na segunda etapa). Diante disso, Ney decidiu improvisar Jadson na ponta-direita e manter o esquema 4-3-3 que deu padrão de jogo ao time no segundo semestre de 2012.
E, ontem, Jadson não decepcionou. No primeiro gol do São Paulo, após uma excelente triangulação entre Luís Fabiano, Osvaldo e Ganso, Jadson apareceu livre na pequena área para estufar a rede, caso o camisa 9 não tivesse aparecido, ao seu lado, para finalizar antes. No segundo tempo, o Mirassol aproveitou o desentrosamento de Lúcio na zaga e a má atuação de Carleto na lateral-esquerda para dar um sufoco no adversário, mas Rogério Ceni se redimiu das falhas contra o Red Bull com três grandes defesas. Após a saída de Luís Fabiano, Jadson centralizou seu posicionamento, recebeu bom passe de Denílson e marcou um golaço ao dominar e virar em velocidade. Assim, ele parece render mais do que como meia clássico.
No mais, vale ressaltar a entrada de Cañete como outra opção na faixa direita do ataque. No dia em que o futebol brasileiro registrava os 30 anos da morte do gênio Mané Garrincha, o argentino acertou uma bola na trave do Mirassol em lance relativamente parecido com o do ex-camisa 7 da seleção brasileira contra os russos, na Copa de 1958 (mas, lógico, sem os dribles característicos do Anjo Torto). O reforço Aloísio também atuou bem e ajudou a segurar a bola no ataque, aliviando a pressão que o time sofreu no início do segundo tempo. Enfim, a insistência de Ney Franco em determinado padrão de jogo, mesmo com substitutos de características diferentes no ataque, dá a impressão de que é mesmo o caminho certo. Ganso ainda está muito aquém. Mas Jadson parece ter encontrado o seu verdadeiro lugar.
O campeonato paulista de 2013 começou com aquele gostinho de café requentado para pelo menos duas equipes grandes do futebol de São Paulo. O Santos estreou contra o São Bernardo com casa cheia a Grande São Paulo e bateu os anfitriões por 3 a 1. Com uma equipe desentrosada, foi Neymar que salvou a pátria mais uma vez. A partida contou com a presença do ex-presidente Lula, que assumidamente, como você vai ver na entrevista , estava lá para secar o Santos. Ao lado dele, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, torcedor do Peixe.
Os reforços que jogaram foram bem ofensivamente, mas pecaram na marcação, exceção feita a Renê Júnior que, além de marcar de forma competente, deu um belo lançamento para Montillo perder aquele que considero sua terceira grande oportunidade de marcar desde sua estreia, no amistoso contra o Grêmio Barueri. Cícero e Arouca não foram tão bem na cobertura, assim como Bruno Peres (nada novo) e o estreante Guilherme Santos foram menos que medianos defensivamente.
Mas, reforços à parte, tem esse fora de série chamado Neymar. Ele fez um gol que, como já dito aqui, está se acostumando a fazer, tocando de forma precisa por baixo das pernas do defensor. Um lance incomum, que para o craque peixeiro está se tornando corriqueiro. Além disso, como disse o companheiro Edu, cavou uma expulsão do adversário e inúmeros cartões amarelos. Todos justos, embora o secador Lula discorde...
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Já o Palmeiras também estreou com o gosto amargo do final de 2012. Não saiu do empate, em casa, contra um dos seus rivais na Série B, o Bragantino. O Verdão teve uma grande chance desperdiçada pelo atacante Barcos, que perdeu um pênalti. A equipe palestrina, aliás, foi "trolada" por Lula, que disse, a respeito da participação alviverde no Paulista: "Esse vai ser um campeonato paulista muito bom, porque todos os times estão reforçados. O Corinthians está melhor, o Santos está melhor, o São Paulo está melhor, os times do interior, o São Bernardo está melhor... Só falta o Palmeiras ficar melhor".
Olha o Zizao aí. (Daniel Augusto Jr./Ag.Corinthians)
Aproximadamente às 17h15 deste domingo, um tremor atingiu o mundo. Não se tratou de falha tectônica, o explodir das primeiras bombas atômicas da terceira guerra mundial ou de mais uma barbeiragem do governo Dilma a ser denunciada pela implacável Veja. Foi o resultado de 1,5 bilhão de chineses pulando em uníssono para comemorar a brilhante jogada de seu conterrâneo Zizao, o Bruce Lee dos gramados.
O rapaz pegou a bola ainda no campo de defesa corintiano, tocou para Romarinho um pouco à frente, que devolve uma bola meio na fogueira. Com agilidade digna de Jackie Chan, Zizao concerta o passe e tira o primeiro zagueiro com um toquinho preciso. Avança dentro da área, ginga na frente do zagueiro e passa com a graça de um monge shao-lin. Com tranquilidade zen, ignora os três defensores que se aglomeram a sua frente e dá um passe preciso para o garoto Giovanni marcar. Golaço! Utilizados todos os clichês que consegui pensar com a cultura chinesa, o fato é que a jogada de Zizao foi um dos poucos bons momentos de um jogo chato pra diabo entre Paulista de Jundiaí e Corinthians. Uma outra foi o bom passe do meia Mateus para o gol de empate da equipe da casa, de João Henrique. Ok, mais uma piada: para manter o equilíbrio das energias do universo, Zizao colaborou com o gol adversário ao dar um passe na fogueira para Guilherme Andrade. De se aproveitar, Giovanni jogou bem pelo lado direito e fez mais que o gol. Seu lado foi o mais produtivo, com boas tabelas entre ele, Edenilson e Guilherme, ainda que nada muito incisivo. No fim do jogo, Tite colocou o menino Léo, recém-chegado do time da Copinha. Interessante dar chance para o pessoal da base pelo menos nesse time B/C do Timão.
Na falta dos melhores momentos, uma atuação chinesa em outro esporte com bola:
Quatro anos depois, uma nova visita a Belém-PA demanda uma atualização da cena etílico-fermentada da região. A terra da Cerpa, vencedora do primeiro teste-cego de cervejas do Futepoca – realizado em longíqua época em que o Corinthians não tinha levantado o caneco de campeão da Libertadores e, portanto, quando o mundo era mais divertido – tem novidades que passaram despercebidas aos olhos e copos dos ébrios autores do Futepoca.
Foto: Futepoca
Em 2009, às margens do Guajará, nas barraquinhas do Ver-o-peso e em botecos afins, foram registrados momentos altos e baixos do consumo do fermentado de malte (e de cereais não maltados) na capital paraense.
Foto: Futepoca
Além da Cerpa Export, também conhecida como "Cerpinha", a cervejeira ainda trabalhava com a Draft (à direita), variedade mais leve, que levava o rótulo de "lager", para acompanhar e competir com selos igualmente aguados das concorrentes. Brahma Fresh e Glacial (da Schin) que apostavam, desde então, na necessidade de um produto mais refrescante para o calor, adequado à elevada umidade do clima equatorial. Tudo muito parecido com opções como Antartica Sub-Zero e similares, lançadas em outras regiões.
Foto: Futepoca
Em passagem por lá agora, em janeiro de 2013, ficou claro que o cenário está preservado. Duas imagens registram ofertas de cerveja em palcos bastante distintos, do ponto de vista socioeconômico.
Em uma barraquinha (foto à esquerda) em que parei para comprar água de coco (que, segundo diz a literatura, ajuda a recuperar da ressaca), as opções levinhas misturam-se a refrescos à lá tubaína, como um guaraná da própria Cerpa, e energéticos de eficácia duvidosa.
Foto: Futepoca
A outra paisagem (foto à direita) já inclui marca ligeiramente fora desse perfil, mas segue dominada pela devastadora presença de cervejas levinhas. A foto a gora é de um restaurante em um shopping center em Umarizal, bairro de classe média alta da cidade. Além da Antártica Cristal, parece haver toda uma preocupação com a iluminação, para fazer com que o líquido dourado pareça mais claro, mais aguado...
Refresco
A certeza de que cervejas leves dominam ainda mais soberanas no mercado belenense ganhou força ao conhecer a Tijuca, lançamento premium da Cerpa de novembro de 2011 , que recorre ao imaginário da capital fluminense ("A paraense mais carioca do Brasil") para comover bebedores mais abastados da cidade. Trata-se de uma versão mais saborosa do que as insossas concorrentes de fabricação mais massiva, mas realmente leve e com
muito pouco corpo.
Refrescos também se parecem duas outras opções desse segmento premium (ainda mais caras) da Amazon Beer, que também já foi tema por aqui. A marca é produzida pelo grupo que detém o restaurante Manjar das Garças – situado no parque Mangal das Garças e também em um restaurante da Estação das Docas (100% #TuristaFeelings), tem quatro variedades. Duas delas, bem menos convencionais, vão além da lei de pureza alemã de 1516 (ou de 1952?) e incluem, além de água, malte, lúpulo e levedura, bacuri ou taperebá (caja manga, em outras regiões do país).
Enquanto Bacuri Beer é suavemente adocicada, a de taperebá é a base de trigo, mais encorpada. Ambas, inexoravelmente frutadas, remetem a guaraná e suco ao paladar que esperava se aventurar por sabores etílico-amazônicos mais selvagens... Mas são muito agradáveis. Seria preciso repetir a experiência ao sul do paralelo 1º para saber se é alterada a experiência gustativa. Duas outras opções da marca, uma pielsen e outra lager, completam a carta de opções.
"Boemia, aqui me tens de regresso E suplicante te peço a minha nova inscrição..."
Voltei!
E (re)começo com o título e alguns trechos do maior clássico de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, como fundo musical. Por quê?
Buenas, no post anterior que escrevi para o Futepoca, há (quase) um ano e meio, terminei dizendo que ia "beber um vinhozinho" para espantar o frio, a chuva, a deprê pré-segunda-feira e, principalmente, a dor de cabeça pelos 5 a 0 que o Corinthians aplicou impiedosamente sobre o meu time, naquele 26 de junho de 2011. Pois é, a ressaca do tal "vinhozinho" custou a passar... Mas "o bom filho à casa torna" - ou seria "o bom bebum ao bar entorna"? - e aqui me reapresento, disposto ao (bom) combate.
"Boemia, sabendo que andei distante, Sei que essa gente falante vai agora ironizar: - Ele voltou! O boêmio voltou novamente. Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?"
Acontece que o Futepoca, tanto quanto suas próprias "razões sociais" (futebol, política e cachaça), é um vício. Mais do que isso: é uma família. E em família a gente bebe, discute, briga, bebe de novo, se afasta, se reconcilia, discute mais um pouco, bebe, chora, dá risada, faz drama, bebe a saideira, conversa, se abraça e, muitas vezes, chega num acordo. Ou não (rs). No meu caso, não teve discussão nem briga nem drama. Só um afastamento, digamos, necessário. Mas, felizmente, temporário.
Porque, como diz o Gilberto Gil, na letra de outro clássico, "Back in Bahia":
"Por algum tempo, que afinal passou depressa, como tudo tem de passar Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá"
E porque um filho teu não foge à luta!
Voltei pra família Futepoca, cerrando fileiras novamente com Anselmo, Brunna, Fredi, Glauco, Maurício, Nicolau e Thalita. Agora me aguentem! (rs)
Beijos e abraços,
Marcão
Ps.1: A foto acima foi tirada pela - paciente, compreensiva e companheira - Patricia, no primeiro dia do ano, enquanto eu cantava e batucava na mesa da sala ao som de Benito di Paula, bebendo um Bicho Verde (Martini 40 ervas) misturado com caldo de pêssego. Sobrevivemos.
No amistoso disputado
no Pacaembu, ontem, o Santos apresentou parte dos reforços para
2013. Não puderam atuar Marcos Assunção, André Pinga e Nei, além
dos veteranos em recuperação Edu Dracena e Léo, e Felipe Anderson,
que está na seleção sub-20. Ainda assim, foi possível ter algum
vislumbre do que a equipe pode render no primeiro semestre, com um
elenco mais robusto do que o de 2012.
Um tempo foi dos
titulares e o outro foi dos reservas. O resultado foi o mesmo, dois a
zero em cada etapa, mas as impressões foram obviamente distintas. No
primeiro tempo, o Santos criou diversas oportunidades e, logo a um
minuto Montillo quase marcou em belo lance de Neymar. Na prática,
dentre os reforços, sempre o melhor será a manutenção do Onze
peixeiro o maior tempo possível. Mas esse o torcedor já sabe que é
fora de série, voltemos aos novatos...
Montillo, camisa dez e
segunda estrela da noite, mostrou que pode se entender bem com
Neymar. Fez tabelas e mesmo triangulações nas quais o avante André
também participou. Mas o nove santista, mesmo puxando a marcação e
dando toques de primeira, mostrou as mesmas limitações de 2012:
pouca movimentação, tanto para se deslocar como para pressionar a
saída de bola do adversário, além de falhas algo grotescas para um
atleta do nível dele. Corre sério risco de ir para reserva.
Quem chamou a atenção
foi o volante Renê Júnior. Tem boa velocidade, chegou bem ao
ataque, tanto que deu o passe para Galhardo sofrer o pênalti, e se
posiciona bem. Atuando à frente da zaga, liberou um pouco mais
Arouca, pelo lado direito, e Cícero, pelo esquerdo. O
ex-são-paulino, aliás, teve uma estreia discreta. Com Marcos
Assunção bem fisicamente (em cobranças de falta e escanteios
torcedores brincavam pedindo seu nome) e o retorno de Felipe
Anderson, Muricy pode ganhar o tal do “problema bom”. Poderá
formar em algumas situações um meio de campo com três volantes que
sabem tocar a bola e chegar ao ataque (algo que Adriano, por exemplo,
não faz) ou colocar um meio de campo mais ofensivo com Felipe
Anderson e Montillo, por exemplo.
Entre os reservas,
destaque-se a estreia de Gabriel ou Gabigol, o garoto
de 16 anos e de mais de R$ 100 milhões e também o belo gol do
irrefreável Bill, em um lance no qual tirou o zagueiro com o
traseiro (rima involuntária). Já começa a ganhar entre a torcida
um status meio semelhante ao que Obina tinha no Flamengo, uma
troça misturada ao reconhecimento pelo esforço – que ainda não
compensa a falta de técnica.
Já Victor Andrade, que
atuou meio tempo e foi substituído por Gabriel, precisa por as
barbas – que ainda não tem – de molho. Parte da torcida vaiou
seu desempenho e a paciência com o atleta que parecia promissor já
está diminuindo. Quem sabe a presença de veteranos no elenco não
traga um aprendizado diferente do que ele tem tido até agora.
Comecemos afirmando um
fato importante mas muitas vezes negligenciado sobre as competições
de categorias de base: o mais importante não é ganhar, mas revelar
jogadores. Lendo agora, parece claro que tal fato é ignorado por
soar muito como discurso de perdedor. Enfim, o fato é que, mesmo
sendo eliminado pelo Bahia no jogo desta quarta, temos alguns bons
jogadores no time, especialmente no ataque.
O destaque é Léo, que
era Leonardo no ano passado. Sem ter completado ainda 18 anos, o
jogador é habilidoso, rápido e inteligente. Pecou algumas vezes por
ser muito fominha, o que vale para as outras duas boas revelações
do time: o centroavante Leandro, artilheiro com seis gols, e o também
atacante Paulinho, habilidoso e ainda mais esfomeado.
Isto posto, entremos em
searas mais míticas. Corintianos da minha faixa etária criaram um
certo misticismo em relação ao desempenho do time na Copinha. Essa
visão, reforçada pelo ano quase perfeito de 2012, deve ter começado
com o ano de 1995, quando o Timão levou o Paulista em final sobre o
Palmeiras e a Copa do Brasil em cima do Grêmio – sem contar o
primeiro título da Gaviões da Fiel no Carnaval. O ano começou com a
vitória na Copa SP, terceiro dos oito conquistados pelo Timão,
maior ganhador do torneio. Olhando os outros seis títulos, vemos que
a mística é bastante questionável.
Começa que os dois
primeiros foram em 1969 e 1970, no meio da enorme fila alvinegra.
Nada de bons augúrios aí – o que fica ainda mais grave em 69, com
a morte do lateral-direito Lidu.
Tudo bem, a coisa pode
ter começado com o excelente ano de 1995. Pulando esse, vamos para
1999, excelente ano, do bicampeonato do Brasileirão e de mais um
título do Paulistão em cima do Palmeiras, com o tempero especial
das embaixadinhas de Edílson.
Até aqui, vamos bem. Mas depois vem 2004,
quando o Timão foi salvo pelo então sãopaulino Grafite de um
vexaminoso rebaixamento no Paulistão. A mística foi
severamente abalada, mas o ano seguinte a revitalizou: novo título
dos meninos e novo Brasileirão, com Tevez e Nilmar – e o saldo da
parceria malfadada com a MSI. O último título comemorado no aniversário da capital paulista foi em 2009, quando levamos o Paulistão invicto e
a Copa do Brasil, com show de Ronaldo.
O saldo é positivo
para os supersticiosos: 3 anos ruins e 5 muito bons. Se avaliarmos
que o feitiço, seja lá qual for, foi feito em 1995, fica 5 a 1. Não
é pouco. Na dúvida,bato na madeira. E vou mudar um pouco o axioma do início do texto
e torcer mais por vitórias da garotada.
Uma reportagem
de Rodrigo Uchoa no Valor de ontem traz uma triste notícia
para os tradicionalistas. Os lendários pubs britânicos,
verdadeiras instituições culturais da terra da Rainha, vêm sendo
substituídos por supermercados. De acordo com a Campaign For RealAle (Camra), uma associação de defesa dos direitos dos
consumidores e dos pubs, mais de 200 deles foram transformados em filiais do
estilo express de grandes redes desde 2010, sendo 50 só em
Londres. A British Beer and Pub Association calcula que em 2001 havia
60,7 mil pubs no Reino Unido e, hoje, há 51,1 mil.
A maior rede britânica
de supermercados, a Tesco, sozinha foi responsável pela “conversão”
de 130 unidades. Para ela, a vantagem de comprar pubs é que
eles já têm licença para venda no varejo de qualquer produto,
reduzindo-se a burocracia, sendo que muitos contam também com
estacionamento. Além disso, se o lugar tiver menos de 280 metros
quadrados pode ficar aberto o dia inteiro nos fins de semana. Lojas
de tamanho maior só podem funcionar seis horas no domingo.
O capital sempre disposto a acabar com a alegria
Mas, segundo a matéria,
há outros motivos para a fragilidade financeira dos pubs. De
acordo com o chairman da JD Wetherspoon, grande rede local,
nos anos 70, 90% de toda a cerveja consumida no Reino Unido era
vendida nos pubs e, hoje, esse número chega a 50%. O
principal motivo da mudança seria a questão tributária: enquanto
no balcão o cliente paga 20% de imposto sobre valor agregado, os
supermercados vendem as cervejas com imposto quase zero.
Reação
Claro que, se envolve
dinheiro e grandes corporações, o jogo
é bruto. Roger Warhurst, da Camra, afirma aqui
que "clientes e funcionários eventualmente ficam sabendo que um
pub está fechando no último minuto, quando é muito tarde
para articular uma campanha efetiva para salvá-lo.” Ele destaca
também que há suspeitas de que estes pubs são
deliberadamente levados à falência com gestão temerária, com o
propósito de reduzir potenciais protestos da população local.
De acordo com o
Guardian,
a Camra está promovendo uma campanha para que o governo possa suprir
as lacunas legais que permitem a demolição e a “conversão” de
pubs em supermercados. "Em um momento no qual 18 pubs
fecham toda semana, uma grande instituição britânica está sendo
ferida. A menos que o governo tome alguma atitude para suprir essas
óbvias lacunas na legislação, mais comunidades serão forçadas a
desistir de seus pubs sem poder lutar”.
O vício em eletrônicos ou mesmo na internet (ou no Facebook) é um problema grave, já foi tema de muito verso e prosa, mas não é o assunto aqui. Aplicativos e softwares simulam e brincam com o exercício e até os efeitos da bebedeira ou do consumo de outros entorpecentes variados.
O tema alcoólico e as trapalhadas dos embriagados flagrados por policiais, câmeras indiscretas ou notícias de veracidade duvidosa populam em colunas de tabloides e no noticiário bizarro. Também já transbordaram por estas mal-traçadaslinhas em profusão (bota profusão nisso...).
O Futepoca adverte: desde o começo, "apenas ampliou o alcance do balcão" no que toca à conversa de bar. Mas jamais propôs aceitar brindes entre copos virtuais e coisas do gênero. Pelo direito ao bar, sem dirigir depois e com moderação (seja lá o que isso signifique).
A brincadeira começa com o aplicativo iBeer, que simula, em iPhone e Android, um copo de cerveja pilsen dentro do smartphone. O telefone esperto usa os sensores de movimento para sacolejar as imagens do líquido dourado e brincar de entorná-lo virtualmente, como demonstra o vídeo. Não mata a sede, mas rende performances inspiradas em stand-up show aos montes no escritório...
Há variações semelhantes aplicadas ao uso de cocaína e de cigarro de maconha. É claro que há diversas outras versões da mesma coisa.
Outro efeito comum do uso concentrado de etílicos é alcançar aquele estágio conhecido em certos fóruns como "estágio nove", ou "fronteira final". Trata-se, segundo a literatura - nunca estive lá, juro -, da apresentação de sintomas específicos, bem depois da etapa alegrinha, da fase de debates acalorados, da sedutora, da valentona e até da aquietada... O caso aqui é o da condição em que a afeição, o carinho e os mais profundos e ocultos sentimentos afloram. Em geral, afloram para cima de qualquer um, para o lado ao qual o nariz estiver virado. Pode-se ver a manifestação disso por declarações como: "Cê tá ligado que eu te considero pra c..." Ou: "Você é meu amigo, cara, eu te amo, cara! Te amo!" E por aí vai.
Há poucos registros de pessoas que voltaram para contar o que acontece depois de tanto uso de goró. O que importa para este caso é que até mesmo isso tenta ser simulado via web.
A pedida é de um carinho. Mas, depois de "encher a cara" de iBeer, virtualmente bêbado (sic), o manguaça do simulacro pode querer desabafar, manifestar o quanto ele preza os seus sentimentos. Pode tentar isso pelas mídias sociais mais comuns, mas vai chegar uma hora em que tudo o que esse hipotético e sóbrio bêbado vai poder querer é um ombro amigo.
E nem os efeitos a longo prazo escapam da sanha digital por simular o entorpecimento desregrado e inconsequente. O "Espelho da Bebida", aprimorado pelo governo escocês - em uma iniciativa anti-Manguaça Cidadão - promete mostrar o efeito de longo prazo da bebida sobre o rosto de mulheres. A exemplo do que se pode fazer filtros para simular a idade ou uma corriqueira transmutação em zumbis, o aplicativo "engorda" e "envelhece" a imagem. Em dois ou três cliques.
Embora pareça sexista, a ideia foi apelar para a vaidade feminina no intuito de alertar para os efeitos duradouros do consumo de álcool acima dos patamares recomendados pelas autoridades de saúde da Escócia. Assim como os homens, elas também usam saias e andam afogando as mágoas cada vez mais, sempre de acordo com a visão governamental.
Fotos: Divulgação
Antes e depois.
Até a ressaca é tema de aplicativos, seja para "calcular" o humor, seja para indicar modos para remediar a situação.
Com bebedeira virtual será o fim da bebedeira-arte, da bebedeira-moleque, da bebedeira-magia?
Todo mundo já sabe,
mas decidi mesmo assim pitacar sobre a contratação de Alexandre, o
Pato, pelo Corinthians, sacramentada nesta quinta-feira. Trata-se,
segundo notícias, da maior soma já paga pelo Timão por um jogador,
R$ 40 milhões divididos em quatro anos. E vale? O grande conselheiro
Acácio avisa que só o futuro dirá. Obviamente, vai depender do
desempenho do jogador. Como aposta, na minha humilde opinião, vale
sim.
Como bem resgatou e constatou Luiz Felipe dos Santos, do sempre excelente Impedimento,
Pato não foi o que se imaginava que seria. Mas o que dele se
esperava não era pouco: que fosse o sucessor de Ronaldo Fenômeno
com a 9 da Seleção Brasileira, como este foi o de Romário. Estamos
muito bem acostumados com centroavantes geniais, o que aumenta muito
nossas exigências.
Mas Pato foi no Milan
um centroavante muito do bom, enquanto teve condições físicas para
tal. O Corinthians acredita que seu departamento médico poderá
colocar o garoto para jogar o que sabe, coisa que o Milan Lab não
conseguiu. É uma aposta semelhante à feita com Ronaldo, que deu
resultados muito bons, ainda que não por muito tempo. E parecida
também com a feita em Adriano, que não deu em nada. O novo desafio
tem, claro, suas diferenças: Pato não é genial como Ronaldo, mas
tem 23 anos e muito tempo de bola pela frente, mais do que tinha
Adriano, cuja recuperação não se deu muito por conta de seus
problemas e opções pessoais.
Aí entra o ponto
central: assumindo que o departamento médico do Corinthians tenha
mesmo condições de resolver os problemas físicos do atacantes, o
resto dependerá da vontade de Alexandre para correr atrás. Isso
vale tanto do ponto de vista físico quanto para entrar no ritmo e
esquema que Tite armar para ele jogar. Esquema esse que provavelmente
não sairá muito das principais características exibidas
recentemente: muita marcação, alternando pressão no campo do
adversário com o recuo das linhas, e entrega de todos. “Todos
jogam, mas todos marcam”, resumiu Tite numa bela entrevista a AndréRocha, da ESPN.
Nessa mesma entrevista,
Tite falou do caso de Douglas, que nunca marcou tanto na vida quanto
fez no Corinthians do segundo semestre, sem perder sua qualidade de
passe, retenção de bola e leitura do jogo. Segundo o treinador, o
próprio grupo internalizou de tal forma essa maneira de jogar que um
atleta que não se esforce para se encaixar é repelido. Essa questão
me parece tão ou mais preocupante do que as lesões do jogador, pois
possíveis privilégios para uma contratação tão cara podem
quebrar esse espírito coletivo que se estabeleceu no Timão e que é
o grande diferencial desse time histórico.
Um primeiro sinal positivo nesse sentido vem também do noticiário, que informa que Pato aceitou reduzir seu salário dos cerca de R$ 900 mil que recebia na Itália para R$ 400 mil, teto salarial do Corinthians, valor recebido por Paulinho e Sheik, por exemplo.
Se superar essas duas
armadilhas (condição física e inserção no coletivo) acredito que
Pato seja um reforço na medida para o que esse disciplinado
Corinthians precisa. Hoje um time forte na coletividade, mas sem
individualidades acima da média, o Timão encontrará nele e, de
outra forma, em Guerrero, referências importantes para esta que é a
atividade básica do futebol: botar a bola pra dentro.
Pergunto: se não fosse Pato, em quem valeria a pena apostar? Nilmar? Pagar a multa por Leandro Damião? Robinho? Vi quem citasse Drogba, descontente na China, e Carlos Tevez, que nunca falta quando o Corinthians procura um atacante. Quem lança estes nomes esquece um fator fundamental para que esse negócio desse certo: Pato quer vir para o Corinthians. Se é verdade que a conjunção da crise europeia com os novos valores arrecadados por alguns clubes brasileiros melhora nossa posição relativa, isso ainda naõ é o bastante para bater de frente com os grandes do velho continente. Isso vale para Neymar, por exemplo. Mesmo com a belíssima engenharia financeira feita pelo Santos, se o garoto decidisse sair e alguém decidisse pagar a multa, um abraço.
O final feliz da negociação aponta que Pato quer estar na mídia nacional, quer jornalistas pedindo seu nome para Felipão. Logo, imagina-se, quer jogar bola. Se assim é, está no lugar certo.
E os outros
contratados?
Sobre Renato Augusto,
aceito informações. Vi o rapaz apenas na Seleção, convocado por
Mano, e gostei. Não parecia bom o bastante para a proverbial
amarelinha, mas driblava bem e tinha bom passe. Deve ajudar.
Sobre Gil, era um bom
zagueiro, alto, o que ajuda. Melhor que Wallace deve ser, ainda que o
lance mais claro dele em minha memória seja o pênalti em Ronaldo no
fim do Brasileirão de 2011, numa carga bem tosca. Mas periga que
seja pior que Marquinhos, garoto revelado na base e enviado muito
cedo para o Roma, lar do também ex-alvinegro Leandro Castán que eu
xinguei muito antes de perceber a falta que fez. No caso de
Marquinhos, equívoco de uma diretoria pouco acostumada a valorizar a
base – ou um “acerto” que rendeu dinheiro a alguns picaretas e
lesou o clube.
A chegada do meia argentino Walter Montillo ao Santos engrossa a
lista de estrangeiros que já jogaram no clube da Vila Belmiro. Desde que
o atacante irlandês Harold Cross e o arqueiro francês Julien Fauvel,
respectivamente em 1912 e 1913, abriram a fila, 76 estrangeiros atuaram no Peixe,
o ex-cruzeirense será o 77º. E foram justamente os conterrâneos de
Montillo os gringos que mais vestiram o manto santista. Com o atual
contratado, são 26 os argentinos que jogaram no Santos.
Em relação a outros clubes, é um número elevado de atletas vindos de
outros países. O Corinthians teve 34 estrangeiros em sua história (sim, a
conta já inclui o Zizao); o Botafogo, 58, o mesmo número do Flamengo.
E o torcedor santista tem na memória boas lembranças com alguns
estrangeiros, talvez a mais evidente para aquele que tem mais de 30 anos
seja a passagem do monumental uruguaio Rodolfo Rodríguez, mas, se
formos falar apenas de argentinos, há grandes nomes, outros com boa
passagem e frustrações daquelas.
Desde 2009 o Digital
Policy Council's divulga um relatório
anual que analisa como líderes mundiais e instituições
governamentais utilizam o Twitter e de que forma seus governos se
comunicam por esse meio com seus cidadãos. E o relatório referente
ao ano de 2012 mostra que 123 mandatários de 164 países possuem
contas no microblogue, um avanço considerável de 78% em relação a
2011, quando somente 69 deles tinham um perfil.
Obama e Chávez: os líderes mais seguidos no Twitter
No Top 10 dos líderes
mundiais mais seguidos, há dois novos integrantes. O quinto mais
popular, o presidente russo Dmitry Medvedev mantém duas contas, uma
na qual fala em seu próprio idioma e outra, que conta com muito mais
seguidores, na qual se expressa em inglês, tendência observada
também por outros líderes como os primeiros-ministros do Japão,
Tailândia e Cazaquistão.
O outro novato da lista
é o presidente colombiano Juan Manuel Santos, oitavo colocado.
Aliás, dos dez, metade dos líderes é da América Latina: Hugo
Chávez, o segundo na lista; Dilma Roussef, sexta colocada, Cristina
Kirchner, sétima, e o presidente do México, Enrique Peña Nieto.
Obama, o mais seguido, conseguiu 15 dos 24 milhões de seguidores que
tinha ao fim de 2012 justamente no ano passado, em que conseguiu sua
reeleição. O tuíte no qual celebrou sua vitória, com os dizeres
“Four more years” e uma foto sua com a primeira-dama Michelle
Obama foi o mais retuitado na ainda curta história do microblogue.
Algo que diferencia os
perfis é o uso que cada líder dá a ele. Enquanto Obama, na
campanha de 2012, misturou mensagens pessoais com outras postadas por
sua assessoria (ambas identificadas), potencializando o uso do
Twitter como fator mobilizador, o último tuíte da presidenta Dilma
Rousseff data de 13 de dezembro de 2010.
Rania Al Abdullah, rainha da Jordânia
Confira abaixo a lista
dos dez líderes mais seguidos:
Época
de retrospectiva e o Futepoca faz
a sua própria por meio dos dez posts que foram mais acessados em
2012, mostrando um panorama diversificado do que foi assunto por
aqui, mas também nos papos de botequim de todo o Brasil. Confira a
lista e relembre alguns dos momentos importantes (ou nem tanto) do
ano.
Para reler os posts originais, é só clicar nos títulos.
O
torcedor sempre se surpreende ao saber que aquele ídolo ou atleta
que já foi conhecido ainda está atuando como profissional, apesar
da idade ou do aparente sumiço do noticiário. Por conta dessa
curiosidade, o post que mostrava onde estavam jogadores como Rodrigo
Gral, Paulo Almeida, Warley, Luis Mario e Baiano foi o mais acessado
de 2012.
Como diz o nome do nosso site, nem só
de futebol vive o Futepoca. E foi uma manifestação política e de
coragem de um garçom de Madri que evitou a chegada da tropa de
choque local até manifestantes que estavam refugiados no bar onde
trabalhava o vice-campeão entre os mais lidos do ano.
O ano foi duro para os clubes
europeus, mas a desigualdade econômica que se aprofunda entre clubes
grandes e menores no Brasil fez muitas vítimas também por essas bandas. A saída
para muitas equipes que não tinham dinheiro para contratar jogadores
de alto nível foi contratar modelos famosas para ações de
marketing como a divulgação de novos uniformes. Mais barato que
tentar repatriar um atleta que está na Europa...
A CBF decidiu agitar o fim de ano
esportivo ao demitir o treinador Mano Menezes e a gente resolveu
colocar a confederação de Marin no divã para analisar alguns
aspectos do significado dessa troca inesperada.
Das discussões mais áridas que este
site costuma fazer, a que alcançou mais repercussão nas redes
sociais foi a respeito do ocorrido no reality show Big Brother, um
fato ainda nebuloso e que talvez não tenha despertado a reflexão e
ação necessárias por parte da sociedade em geral e do poder público.
Durante as Olimpíadas de Londres,
chamou a atenção o desabafo do lutador de tae-kwon-do Diogo Silva,
sobre como o esporte amador é tratado no Brasil, tanto por quem de
direito quanto pela mídia. Não quisemos deixar sua voz no vazio e
repercutimos suas declarações, lembrando a história de um
esportista que pensa e age de forma muito diferente dos demais.
Nas Paraolimpíadas, um brasileiro
derrubou aquele que talvez seja o maior ou mais impressionante atleta
da modalidade em todos os tempos. Oscar Pistorious disputou também
as Olimpíadas de 2012, mas foi derrotado na sua prova predileta pelo
brasileiro Alan Fonteles, que tem uma trajetória comum a muitos
conterrâneos, repleta de obstáculos, acasos e alguns fatos que
renovam as esperanças de quem quase não deveria tê-las.
Em meio a uma sessão do STF que
julgava o aborto de anencéfalos, a ex-candidata à presidência da
República Heloisa Helena resolveu dar seu parecer alimentando a
confusão sobre o tema e ratificando alguns preconceitos somente para
fazer valer sua opinião. Triste de lembrar.
À guisa de pilhéria, o post fazia
referência à bem-humorada campanha
em prol da equipe argentina feita na final da Libertadores de
2007, quando os portenhos bateram o Grêmio. Desta feita, o resultado
não foi o ideal para os secadores.
Em 2012, o Alvinegro da Vila Belmiro
fez cem anos e, claro, teve seu espaço no Futepoca, no qual foram
relembrados momentos épicos – e outros nem tanto – de um clube
que faz parte da história do futebol daqui e do mundo. O
post-homenagem fecha a lista dos mais vistos de 2012, aguardemos os
de 2013!
A seca passou e todo dia chove em Brasília. Melhor para as vias respiratórias, não fosse o ar-condicionado como climatização onipresente em ambientes fechados.
Ou a limpeza da tubulação não é feita como deveria, ou a circulação de vírus e bactérias flui melhor por esse meio. O fato é que pequenas ondas de gripe assolam grupos distintos de pessoas. E emergem receitas miraculosas.
Do remedinho ao chá de alho, mastigar gengibre, da vitamina C ao antitérmico, sempre pinga uma receita nova, quase com ares de simpatia...
Nessas horas de coriza e garganta inflamada em estação quente, é inevitável lembrar dos ensinamentos do amigo Jesus Carlos. Foi em Cabrobó-PE, a 530 quilômetros de Recife, às margens do Rio São Francisco, com uma gripe do sertão avizinhando-se, que aprendi:
- Toma uma cachaça com um limão espremido, sem gelo, que passa, rapaz.
Botei fé. Tomei caninha mais o sumo azedo e, no dia seguinte, acordei recuperado.
Tem gelo e açúcar no copo, porque é caipirinha... Na receita pouco ortodoxa é sem nada disso, viu?
Uma variação mais, digamos, infanto-juvenil é o mel em vez do "mé". Ou própolis, pimenta, hortelã ou qualquer estimulante que faça a garganta arder por estímulo bioquímico do açúcar, da capsaicina...
Mas a gente sempre aprende em cada fórum que encontra pelo caminho.
- Quando estou meio ruim, pego uma aspirina, desmancho no fundo de um copo, e dissolvo na água mais quente que consigo encontrar. Então, faço um gargarejo daqueles impublicáveis, por isso, feche a porta do banheiro. É pra limpar até a alma!
- Cê acha, velho?
- Tem que ver... No dia seguinte estou outro. Mas olhe: são duas aspirinas, uma para o copo e outra que eu tomo, com um chá quente, depois do bochecho todo. Só não pode sair ou me tomar vento frio... É direto pra dormir.
Embora o cidadão garanta que passa bem a noite assim, essa preferi não arriscar.
Mesmo assim, desconfio que, amanhã, acordo recuperado.
Sambistas, jazzistas, bluezeiros, roqueiros e até compositores eruditos têm histórias imbricadas de entorpecentes. Por questões culturais e porque a Lei Seca durou pouco nos anos 1920 nos Estados Unidos, a bebida alcoólica é especialmente ligada à música. Sobram, aliás, composições que tratam do tema, como consagrado na série do Futepoca"Som na Caixa Manguaça" e levado à exaustão nas músicas da nova geração sertaneja (seja lá o que isso signifique).
Mas qual bebida casa com cada música? Porque goró ainda não tem uma API em funcionamento, Drinkfy ganha conotação de serviço de utilidade pública. Ou o contrário disso. E é divertido.
No estilo de aplicativos que sugerem harmonizações para vinhos ou tipos de alimento gourmet (ou gourmand), a ferramenta consiste em uma busca por um cantor, compositor ou nome do universo musical. O que a aplicação faz é simplesmente recomendar um goró que acompanha bem a trilha sonora. Para Tom Jobim, por exemplo, a recomendação é de uma Corona, cerveja mexicana (é favor não confundir: não é para tomar uma Gorducha). Para Astor Piazzolla, uma garrafa de vinho tinto. Em caso de Rolling Stones, um copo de rum. E ainda tem a versão para feriados.
Foto: Reprodução
Em tese, eles alertam que a combinação pode não ser perfeita, até porque é um cruzamento entre o The Echo Nest (base de dados que descreve artistas e relaciona-os a gêneros musicais) com api do Last.fm (que permite, de quebra, tocar a canção pedida).
Não podia haver melhor oportunidade para a inauguração do novo estádio do Corinthians, ao extremo leste de São Paulo. Parece que foi ontem... ou foi ontem? Foi ontem mesmo, eu estava lá, junto com mais de 30 milhões de gaviões, na maior lotação de um estádio da história da humanidade. Antes, já tinham lotado o terminal, com samba, suor e cerveja, para ir ao jogo. Depois, a vitória magra sobre o Al Ahly foi uma dose de má cachaça na fuça dos jogadores – ou mesmo a derrota pros reservas do São Paulo. A final seria em casa, mas contra o perigosíssimo São Caetano.
Corinthians e São Caetano jogam parecido, diz-se, mas se o primeiro é tido como uma equipe sem estrelas, o segundo tem craques de várias seleções, como a inglesa ou a brasileira. O Azulão chegou ao mundial armando uma retranca furiosa contra o invencível Barcelona. O Corinthians venceu o tradicional papão Boca Juniors com um gol urdido por seu maior símbolo, o imortal Sócrates.
Pouca gente conhece essa história. Quando o Corinthians foi fundado, em 1910, um palmeirense muito poderoso leu o futuro nas tripas de um porco morto na segunda lua minguante do ano (uma segunda-feira), e proferiu a seguinte maldição: “Só um grande líder grego levará os Corintos a dominarem o continente. Ele terá a sua chance, se falhar, legará as trevas aos seus descendentes”. Quando Sócrates chegou ao clube, os conhecedores da profecia sabiam que ele era o ungido. Sócrates lançou sua luz muito além dos gramados, falou a todos de seu tempo e ganhou o Brasil com uma mensagem de igualdade e democracia. Conquistou um lugar único na história do país, mas não um título nacional.
Os anciãos corintianos não tinham dúvida: o tempo passara. Não podiam dizer isso aos mais novos, mas o Corinthians jamais seria campeão da América. A morte de Sócrates antes mesmo da partida final do Brasileiro de 2011 veio como um luto profundo para toda a nação.
Naquela noite sonhei com um dos profetas corintianos mais poderosos que conheci: o velho Diógenes Budney me apareceu com o seu sorriso calmo, fumava um cigarro feito a mão, ergueu a sobrancelha e apontou com o nariz para um lugar atrás de mim, voltei-me, e vi o Magrão aquecendo, cabeceando a bola que um companheiro lhe lançava. Um sentimento de paz onírica me tomou. Corta para o profeta Diógenes, que pronuncia “um simples estrogonofe não atingiria o Doutor”. Acordei angustiado.
O Timão levou o título nacional e qualificou-se para a Libertadores 2012. Os jogos foram se sucedendo sem que o time perdesse. Era questão de tempo. O time esteve a ponto de cair diante do Vasco e do Santos, mas ultrapassou todos os adversários e enfrentaria o grande carrasco dos times brasileiros, o terrível Boca. Na Bombonera, o menino Romarinho marcou em jogada que passou pelos pés de Paulinho e Emerson, o Sheik, e o resultado foi um empate. No Pacaembu, bastava tomar um gol para o sonho acabar, e ele fatalmente viria.
Até que surgiu uma falta próxima da lateral direita no ataque corintiano. Parecia ser uma jogada ensaiada: Alex bateu na cabeça de Jorge Henrique, que pelo jeito deveria cabecear pra trás, jogando a bola no centro da área. Foi quando aconteceu o milagre. JH até que cabeceou direitinho, mas a bola estranhamente subiu demais, saiu da tela, atraída por flagrante antigravidade. Dá pra ver no vídeo que um facho de luz desceu junto com a pelota, desviando a parábola, ela foi parar fora da pequena área. Danilo se viu obrigado a buscar a bola de costas para a meta boquense, mas naquele momento ele já era apenas um veículo, um cavalo para que o gênio de Sócrates se manifestasse uma última vez, deu o calcanhar perfeito que colocou na cara do gol o Emerson (até esse momento eu não tinha reparado como ele é a cara do Casagrande), que pôs pra dentro.
Ele estava lá, e se manifestou para nós.
Um arrepio correu meu corpo, revi o sorriso do velho Budney, tudo ficou claro: Sócrates precisou morrer para poder jogar a final da Libertadores. A maldição está quebrada, o Corinthians é campeão da América.
Os profetas corintianos que consultei não souberam ou não quiseram ou não podiam me dizer nada sobre a final do Mundial contra o São Caetano. A opção estratégica de Tite foi clara: remontar o time da final da Libertadores. Um time guerreiro, coeso, que dificilmente toma gols e que é capaz de atropelar qualquer adversário. Mais que isso, um time iluminado, que teria ao seu lado 86.767 mães e pais de santo, além de padres, pastores, pajés, sacerdotes de todos os credos. Em campo, o Timão faria uma parte, mas de nada valeria sem a adequada configuração astral, sem o alinhamento dos planetas, o mesmo que segundo profetas de outros setores reconhecidamente levaria ao propalado fim do mundo. A maneira de evocar essas forças seria recolocar as peças em consonância com as estrelas: sim, Jorge Henrique tinha que entrar.
Apesar de disputar em igualdade o território, o São Caetano criava chances muito mais perigosas que o Corinthians. Cássio foi o salvador, muito por suas qualidades de goleiro, mas muito também por sorte, pois alguns tiros, se desferidos sem nervosismo, fatalmente entrariam.
Foi o calcanhar de Paulinho que evocou o Doutor dessa vez, novamente a cabeça de Jorge Henrique toca a bola, Paulinho cruz a área, Danilo toma a bola e chuta mascado, ela sobra para a cabeça de Paolo Guerrero. Um gol do Peru, um gol de Natal, um gol presente, gol de renovação.
Em noite de São Jorge, gol do Guerrero.
Gol de São Jorge.
O Corinthians é bicampeão do mundo. Desta vez, foi campeão passando pela Libertadores.
Um mundo acabou ali. O próximo mundo, que começou agora, é corintiano.