Sheik até que foi bem num jogo preguiçoso (Foto: Fernando Calzzani/Agência Estado)
O Corinthians perdeu merecidamente do Linense na tarde deste domingo, por 2 a 1, e de virada, que é mais gostoso, como é sabido e comentado por todos desde que o futebol existe. Foi mais uma atuação preguiçosa do time, que confiou demais nas próprias qualidades e no gol marcado por Guerrero logo aos 3 minutos de jogo.
O gol não foi um fato isolado no começo da partida. O Corinthians começou pressionando e criou algumas boas chances de gol até uns 15 minutos de jogo. Mas o ímpeto foi caindo e o Linense começou a gostar cada vez mais do jogo, como dizia o filosofo e poeta Juarez Soares. No segundo tempo, passou a adorar, marcando dois gols com João Salles e Leandro Brasília em jogadas bisonhas do sistema defensivo alvinegro, esquisito com o improviso de Alessandro como lateral-esquerdo.
Tite então encheu o time de atacantes no time, especialmente após a expulsão de Marcelo: Jorge Henrique por Pato (sim, isso implica em mais um atacante, já que JH há tempos não joga como tal) e Ralph por Paulo Vitor, jovem que na base era conhecido como Paulinho e fez sua estreia no time principal.
O time virou um bando desorganizado, mas um bando bastante ofensivo. Pressionou o Linense em sua grande área e garantiu ao goleiro Leandro Santos o status de herói da partida ao defender cabeçadas de Pato, Paulo André e um chute do garoto Paulo Vitor. Cabe ainda lembrar que Pato sofreu um pênalti não marcado pelo confuso árbitro, mas juntando o humor da tarde com o jeito que o povo anda perdendo penalidades, não ia dar em nada mesmo.
De útil, Shieik seguiu jogando bem e Guerrero fazendo gol. Pato se mostrou mais participativo e aceso que em outras ocasiões, chamando o jogo pra si quando entrou. Ele precisa perceber que vai precisar correr mais se quiser uma vaga no time. Paulo Vitor jogou pouco mas bem, fazendo umas três jogadas bacanas. Que entre de novo.
Falta mais um jogo para o fim desta horrorosa primeira fase do Paulistão. Que acabe logo.
A musa do Cansei e seus tomates: um novo patamar para o ridículo
Diz a Embrapa em seu site institucional sobre olericultura que o semiárido brasileiro tem papel fundamental na cultura do tomate graças a "possibilidade do cultivo durante quase todo o ano, em função do clima seco, com estação chuvosa em dois ou três meses do ano, com produção de excelentes características qualitativas quanto à cor, brix e sanidade dos frutos".
Mas e quando a chuva não vem?
Em alguns dos mais de 1415 municípios afetados por aquela que já é considerada a pior estiagem desde 1958, não chove há mais de 18 meses. A previsão dos técnicos do setor de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) é ainda pior: o inverno tipicamente chuvoso do semiárido não deve acontecer em 2013. Naquele estado, o Grupo de Apoio a Desastres (GADE) está mobilizado desde o ano passado. Há três dias a Defesa Civil do Piauí disponibilizou mais 250 caminhões-pipa para atender a demanda de água para consumo humano em pelo menos 90 municípios. Apenas em Pernambuco, Minas Gerais e Bahia, mais de 440 municípios estão em estado de emergência desde o segundo semestre de 2012.
Em alguns estados a produção de leite já caiu mais de 70% por causa da morte do rebanho. As safras de chuchu, maracujá, arroz e milho estão severamente comprometidas. Até agora, estima-se em uma década o tempo que será necessário para recuperação da região a estágios anteriores à seca.
Mas voltemos aos tomates.
Durante o mês de abril as redes sociais pareciam o centro de Buñol na ultima quinta-feira de agosto. A festa espanhola da guerra de tomates ganhou uma versão digital do Brasil com tomates de todas as cores e tamanhos esparramados pelas timelines. Tinha maquiagem de tomate, joias feitas com tomates, carros de tomate, tomate nas novelas, no esporte, na música e na política.
Mas é claro que um perfil pessoal nas redes sociais não deve satisfação a ninguém. Cada usuário é responsável pelo que compartilha entre os seus pares. Não vejo pecado algum em externar uma alfinetada bem-humorada consolidada em uma informação parcial, afinal, há uma diferença gritante entre o compromisso de abastecer o público com informações qualificadas e uma piada ou protesto entre amigos.
Eis que entra no ar a eterna musa do “Cansei” Ana Maria Braga ostentando um colar feito de tomates em um canal de concessão pública de alcance nacional. Seria um protesto divertido se não fosse pela subtração de duas informações importantíssimas sobre a questão: a) A pior seca no semiárido brasileiro dos últimos cinquenta anos é fundamental para entender a inflação do preço do tomate; e b) o preço exorbitante do tomate é, de longe, o menor dos problemas provocados ou perpetuados pela seca. E quando a iniciativa parte de uma jornalista de formação e ex-âncora de telejornal, ela torna-se de extremo mau gosto.
Mesmo os canais de comunicação apegados à formalidade, com toda aquela pompa e circunstância teimosa do ofício do jornalismo, negligenciaram um elemento essencial no ato de informar: a apuração do contexto.
Coordenação desse nível só no meio de campo do Barcelona
Enquanto as publicações regionais dos estados afetados pela seca fazem atualizações catastróficas há meses, os veículos mais robustos de alcance nacional rolam no tomate da Espanha brasileira. A revista semanal de maior circulação do país acusa o governo federal de ter deixado – ainda que por apenas algumas semanas – o preço do tomate alcançar patamares exorbitantes. A cada linha impressa choram os economistas e as cantinas italianas, sofrem as fábricas de ketchup, definha a instituição brasileira da “salada nossa de cada dia”.
Enquanto isso, pelo menos na zona do semiárido, partidos de situação e oposição fazem coro pedindo por socorro às suas cidades. Além do desespero, partilham a negligência e a impotência diante do poder de ação irredutível que a natureza tem e a humanidade, não.
Baixado o preço do tomate os grandes veículos nacionais começam aos poucos a se voltar para a a mais terrível das secas, publicando notícias com um atraso de quase seis meses em relação aos veículos regionais. Ficou claro que a naturalização da miséria é tão aguda que o flagelo da seca já não vende mais jornais e mal serve como palanque político.
Fabrício Lima é baiano de nascença, jornalista e publicitário de formação, videomaker de ofício, torcedor do Bahia por sina e só bebe Kaiser por falta de opção.
Neymar fez quatro contra o União Barbarense. Quem mais fez?
A escalação da dupla
Tata (no banco) e Muricy Ramalho (à distância)surpreendeu.
Primeiro, a escalação do volante Alan Santos na lateral direita, no
lugar do contundido Bruno Peres, mostra o tamanho da falta de
prestígio de Galhardo, destaque no Sul-americano sub-20 de 2012, mas
que não rendeu o que se esperava dele no Flamengo e tampouco no
Santos. Neto substituiu o suspenso Durval, Guilherme Santos entrou no
lugar do “poupado” Léo e ainda houve outra mudança na frente,
com a entrada de Patito Rodríguez, formando-se um 4-2-3-1 mais
móvel, com três atacantes trocando de posição, contando ainda com
a chegada do meia Montillo.
No entanto, no primeiro
tempo, os lances pelo lado esquerdo do ataque foram prejudicados
pelas várias poças de água por aquelas bandas. Patito, que ficou
quase o tempo todo por ali, foi prejudicado, e Neymar, atuando mais
pelo meio, conseguiu achar espaços na frágil defesa do União
Barbarense. Por ali, após um passe pelo alto de Cícero, aconteceu o
gol do craque, logo aos sete minutos. Os donos da casa não
conseguiram pressionar, embora Cesinha tenha feito grande jogada,
exigindo uma defesa difícil de Rafael. Fora isso, o Peixe, mesmo com
toda água nas quatro linhas, dominou com tranquilidade. O segundo
tento, também de Neymar, veio após lance de Patito, e o Onze
alvinegro, oportunista, só precisou completar.
Àquela altura, o União
Barbarense já caminhava para o rebaixamento. Mais ainda quando se
iniciou a segunda etapa e, antes do primeiro minuto, Neymar marcou
novamente com assistência de Pato, uma bela finalização de calcanhar. Cinco minutos depois, o quarto
tento, em um contra-ataque rápido. O Onze ainda finalizou uma bola
na trave e fez um gol anulado de forma correta, já que Guilherme
Santos, que deu a assistência, estava impedido.
Mesmo contando com a
fragilidade do adversário, o time teve que driblar o gramado muito
prejudicado pela chuva, e conseguiu tocar bem a bola. Renê Junior e
Alan Santos foram muito bem, e Montillo também teve atuação
destacada. Mas Neymar roubou a cena...
Artilharia e
protesto da torcida
“Ah,
mas o Neymar só faz quatro contra times pequenos”, dirão os
céticos. A verdade é que não é trivial um jogador marcar quatro
gols em uma partida, embora o atacante santista já tenha feito isso contra o Atlético-PR e contra o Paraguai, no Sul-americano sub-20.
E, em geral, quando outros fazem quatro tentos numa partida, costumam
ser festejados. Portanto, festejo Neymar, que agora é artilheiro do
campeonato paulista com 13 gols, dois a mais que Willian Batoré,
ex-atacante do Santos e agora centroavante pontepretano.
Outra
reflexão pós-jogo. Muitos santistas que não concordavam com o
protesto feito contra o treinador Muricy Ramalho, o “Esse
time não me representa”, foram à forra. Disseram que a
atuação foi uma “resposta” a quem protestava. Ué, mas tudo que
um protesto legítimo quer é resposta. E o time correspondeu, quem
vai dizer que isso não ocorreu também em função do protesto,
democrático, e que não ensejou qualquer tipo de violência?
Não
se pode confundir torcida e apoio com aceitação de tudo, um
exercício contínuo de engolir sapos. Nunca deixei de torcer pelo
Santos, mesmo quando a gestão anterior a esta cometia erros dos mais
bárbaros, muitos deles maiores do que os da atual. Torcia, mas
protestava e contestava, posts passados aqui mostram isso.
Agora, por que essa administração ou a comissão técnica estariam
livres de protesto e de pressão? Um pouco mais de senso (e de
exercício) de democracia vai bem...
Claro que sou suspeito por ter participado da conversa, mas a entrevista com Mano Brown para a revista Fórum (aqui e aqui) vale a pena ser lida pela contundência e transparência de suas análises, que vão muito além do que pensam alguns acadêmicos encastelados de nossas universidades. Contudo, fora a política, tema tratado por ele em boa parte do papo, Brown também fala sobre outra questão atinente a este blogue: o futebol.
"Ah, melei mesmo, contrata a Xuxa também" (Foto Guilherme Perez)
Torcedor fanático do Santos, ele conta como "vetou" a contratação do atacante Rafael Moura, vulgo "He-Man" pelo time da Vila. "Inviabilizei a
contratação do Rafael Moura, ah, melei mesmo, contrata a Xuxa também, tá
de brincadeira [risos]. Aquela reunião [com alguns dirigentes do clube] foi treta, aí eu sugeri: 'Traz o
André aí'."
Brown ainda fez outra crítica à forma como o estádio da Vila Belmiro, já há algum tempo, vem sendo modificado pelos dirigentes. "O Santos tá com um complexo de pobreza que eu não
compreendo, esse negócio ridículo de colocar vidro no estádio inteiro,
não dá pra ouvir as vozes da torcida, diminui a pressão. Os caras ficam
batendo nos vidros, ficam parecendo loucos, esse negócio de colocar
televisão nos camarotes", criticou. "O setor Visa é vazio o ano inteiro, eu já
perguntei ao presidente pra quem que é bom o marketing da torcida vazia,
abre a câmera e o estádio está vazio."
Sobre Neymar, o rapper não poupa elogios. "O Neymar é sensacional, melhor coisa que
aconteceu no Brasil depois da eleição do Lula", diz. "Só poderia ter nascido no
Santos mesmo, é foda, não cabe em outro time, mano."
O título do post tem duplo sentido: tanto serve para designar o (frágil) União Barbarense, que perdeu para um improvisado São Paulo ontem, por 2 a 1, e segue ameaçado de rebaixamento no Paulistão, quanto para resumir a condição do mesmo São Paulo contra o (forte) Atlético-MG na próxima quarta-feira, pela Libertadores, no Morumbi. Se jogar como ontem na semana que vem, o time de Ney Franco corre o risco de levar um vareio ainda maior que o aplicado (duas vezes) pelos atleticanos contra o argentino Arsenal. Imaginem Carleto contra Marcos Rocha, Aloísio contra Rever, Edson Silva contra Diego Tardelli, Fabrício (ou Denílson, tanto faz) contra Ronaldinho Gaúcho... Medo!
Isso sem contar que, pelo que parece, o substituto do (bom) Jadson será mesmo o (péssimo) Douglas. Paulo Henrique Ganso voltou a tomar seu sonífero habitual e Paulo Miranda, se for titular, poderá consagrar Júnior César. Mesmo com Juvenal Juvêncio prometendo manter o técnico frente a uma (bem provável) desclassificação na primeira fase da Libertadores, a iminência de uma goleada vexatória em pleno Morumbi, com possível show de bola e olé do Galo, permite conjecturas plausíveis sobre a manutenção dessa "garantia". Porque, se o São Paulo já era mediano com Jadson e Luís Fabiano, sem eles - e com Douglas (!) e Aloísio substituindo -, a maionese desandou de vez.
Resta saber se Ney Franco, ao sobreviver a um temível sacode do Atlético-MG, terá condições de juntar os cacos para tentar alguma coisa na reta final do Paulistão. A boa campanha na (interminável) primeira fase, que garantiu mandos de campo caso o time vá avançando na fase posterior, não significa absolutamente nada. Tirando Corinthians, Palmeiras e Santos, mais Ponte Preta, Botafogo e Mogi Mirim, os outros clubes são uma piada. E o São Paulo não conseguiu vencer um clássico sequer, perdendo para santistas e corintianos e empatando com palmeirenses. Daqui pra frente, ou Juvenal Juvêncio turbina o elenco, como prometeu, ou teremos mais uma temporada sem títulos
Aliás, se esse (tedioso) Paulistão não serve pra muita coisa, pelo menos a diretoria devia ficar de olho em alguns atletas promissores dos times interioranos, que, se não são nenhuma Brastemp, pelo menos serviriam para dar alternativas viáveis ao elenco do Tricolor - afinal, se Douglas é titular, qualquer um pode ser! Ontem, o União Barbarense mostrou que tem um lateral-direito muito ofensivo: Alex. Essa é uma das lacunas mais gritantes do São Paulo. Desde as saídas de Cicinho e Ilsinho, o clube nunca mais acertou o setor, o que obrigou os técnicos a improvisarem, por exemplo, o meia Souza (hoje na Portuguesa) e, atualmente, os volantes Paulo Miranda e Rodrigo Caio. Abre o olho, Juvenal!
“Mas quando a bola
rolou... meu Deus do céu, o que foi isso. O jogo de ontem foi a pior
partida do Santos nesse ano. (…) Gramado ruim, retranca excessiva?
Esses dois fatores existiram, mas não dá pra atribuir o mau
desempenho a eles. Sou mais culpar quem é de direito, os próprios
jogadores do Santos.”
Não, esse não é o
início de um texto falando sobre a peleja de ontem, um empate algo
vexatório do Peixe contra o Flamengo-PI, no qual cedeu a igualdade
após estar ganhando por 2 a 0. É um trecho de um post
do Olavo em 2010, falando sobre a vitória alvinegra contra o
Naviraiense por 1 a 0, resultado que não eliminou a segunda partida.
O que aconteceu
depois, todos lembram...
Isso seria um motivo
para o santista não esquentar tanto a cabeça com o resultado de
ontem. Mas é bom recordar que o contexto de 2010 era outro. A
partida ruim na ocasião foi uma exceção para uma equipe que
começava a se acertar, já fazia boas apresentações e, depois,
engataria inúmeras goleadas e grandes partidas até chegar ao título
da Copa do Brasil.
Giva, um gol e uma atuação razoável
O jogo de ontem foi
ruim, o time foi apático, o meio de campo foi inoperante como poucas
vezes neste ano. Foi, de fato, a pior partida do Santos em 2013, com
atuações mais que apagadas de Cícero, Montillo e de uma defesa que
simplesmente não se acertava, propiciando espaços generosos para um
time que não tinha qualidade para aproveitá-los, e mesmo assim
chegou ao gol duas vezes.
O primeiro gol piauiense, além da generosa
contribuição da defesa que marcou em linha e deixou Lúcio Bala
solitário, contou com a uma saída desastrosa do gol de Rafael,
lembrando jogadas similares de Fábio Costa. O desacerto resultou em
um pênalti no ex-jogador santista, convertido por Édson Di. Desde
que foi cortado da seleção olímpica, o goleiro Rafael não tem
feito a diferença como fazia em diversas pelejas em 2011 e parte de
2012. Além de saídas ruins pelo alto e por baixo, não tem
praticado grandes defesas, fazendo atuações apenas comuns. Já o
miolo de zaga... Durval mais uma vez fez uma falta desnecessária,
uma trapalhada equivalente à feita contra o São Caetano. Daí veio
o tento de empate dos donos da casa.
Salvaram-se poucos.
Neymar, com duas assistências, mostrou que, se não fosse ele, a
situação poderia ter sido ainda pior. Os jovens Alan Santos e Giva
também fizeram o que podiam, o nove peixeiro, por exemplo, havia
finalizado mais que todo o time adversário quando saiu para dar
lugar ao frequentemente inexpressivo André.
A atuação burocrática
do Santos, apático e com jogadores se omitindo assustou mais do que
o resultado em si. Apatia, aliás, também do técnico Tata,
representante de Muricy na partida, que, tal qual seu superior, só
mudou aos 35 do segundo tempo e nem fez todas as substituições a
que tinha direito.
Essa é uma diferença
para aquele jogo de 2010: aquela equipe tinha vontade de jogar, e de
acertar, a estreia no torneio foi um ponto baixo em uma ascensão
tática e técnica. Hoje, a partida contra o Flamengo-PI parece só o
extremo de uma rotina de jogos ruins. Tomara que seja um ponto de
mudança. Mas isso é mais torcida do que análise.
Little Romário comemora o primeiro boi a passar na porteira boliviana (Foto: Marcos Ribolli)
Poucas vezes a expressão “fora o baile” foi tão válida quanto nos 3 a 0 aplicados pelo Corinthians sobre o fraco San José na noite desta quarta, no Pacaembu. Com marcação adiantada o tempo todo, o Timão mal deixou os bolivianos chegarem no campo de ataque.
A falta de meias sentida na última partida foi suprida por uma maior participação de Paulinho ao lado de Danilo, pela pressão constante em cima do adversário com a bola e, sem dúvida, pela falta de futebol do San José.
O primeiro saiu com Romarinho, de cabeça após cobrança de falta de Emerson. Antes disso, Sheik havia sofrido pênalti não marcado pela arbitragem. Os outros dois vieram no segundo tempo, um com Guerrero em novo passe de Sheik e o derradeiro de Edenilson, em bela abertura de Pato após passe de... Sheik.
Sim, Sheik jogou muita bola, bem como Romarinho, responsáveis pela grande movimentação e pela volta da obsessiva marcação no ataque. Os dois foram os melhores em campo, mas na verdade, o ataque todo jogou muito. Para ter uma ideia, Pato entrou no final e, em 15 minutos, meteu uma bola na trave e deu assistência suculenta para o terceiro gol.
A essa altura, Tite já havia sacado Danilo e transformado o já ofensivo 4-2-3-1 inicial em um curioso 4-2-4, só com Paulinho e Ralph no meio, Emerson e Romário pelos lados. A ousadia tão atípica do treinador quando em vantagem no placar se explica pela busca da momentânea segunda colocação geral, conseguida ao ultrapassar no saldo de gols o argentino Vélez Sarsfield, mas que ainda pode ser perdida de acordo com os resultados de outras partidas.
Horácio defende energicamente seu primo JC
Tite tem daqueles problemas bacanas no ataque, com Emerson, Romarinho, Guerrero e Pato jogando muito bem, cada qual em suas características. Destes, parece que Pato, apesar de tecnicamente ser muito bom, perde espaço por não correr loucamente como os demais. Antes disso, alegra meu birrento coração que Jorge Henrique tenha se tornado a quinta opção do meio pra frente – posto que tem boas chances de perder com a volta de Renato Augusto e até de Douglas do estaleiro.
Lá também está o goleiro Cássio, substituído por Júlio “Horácio” César, que hoje não foi exigido mas ainda assim tentou dar alguma emoção num passe meio atrapalhado. JC me deixa na dúvida: não sei se é azarado, pipoqueiro ou simplesmente meio ruinzinho. Volta, Cássio!
Para falar do Flamengo local, que, ao contrário do co-irmão carioca, está bem na luta pelo estadual, é preciso falar dos clubes do Piauí, que não têm tido grande destaque no cenário nacional
há algum tempo. Desde 1986, ano da última participação de um time do
estado na primeira divisão com o Piauí Esporte Clube, as equipes dali
não alcançam chegar sequer à segunda divisão nacional. Assim, a Copa do
Brasil se torna o espaço onde conseguem enfrentar os grandes do país.
Desde a criação do torneio, em 1989, dez clubes do Piauí já a disputaram.
O Flamengo é quem tem mais participações; com a de 2013, são nove. O
Parnahyba, outro representante piauiense em 2013, River, 4 de Julho,
Barras, Piauí, Picos, Comercial, Caiçara e Cori-Sabbá são os outros que
já disputaram a Copa do Brasil.
O cartel de todos eles é pouco invejável. Em 80 jogos, são 57
derrotas, 11 empates e 12 vitórias. O clube que mais venceu foi
justamente o Flamengo, com 6 triunfos. É também o único que conseguiu
avançar de fase. Em 2001, chegou até as oitavas de final, vencendo duas
vezes o Moto Club do Maranhão por 2 a 1 e desclassificando o Sport com
uma vitória por 2 a 0 e uma derrota de 1 a 0. Mas não resistiu ao
Corinthians sofrendo duas derrotas, 8 a 1 e 3 a 0. Já em 2002, avançou à
segunda fase passando pelo Independente-AP, empate em 1 a 1 fora de
casa e vitória por 1 a 0 em seus domínios. A desclassificação aconteceu
em uma única partida, derrota por 5 a 0 para o São Paulo.
Jogos entre Flamengo-PI e Santos
Aílton Lira, artilheiro daquele amistoso
Flamengo-PI e Santos se enfrentaram somente uma vez, em um amistoso
disputado em 8 de dezembro de 1976, em Teresina. Era o aniversário do
clube piauiense e, diante de 10.116 pessoas no mesmo Albertão (estádio
Alberto Silva) em que será jogada a partida de quarta-feira, o Peixe
venceu por 4 a 2, com dois gols de Aílton Lira, um de Julinho e um de
Jorginho Maravilha, com Zé Duarte como treinador.
A única vez em que o Peixe enfrentou uma equipe do Piauí oficialmente
foi justamente na última participação de um clube do estado na primeira
divisão nacional, em 1986. O Santos foi a Teresina e venceu o Piauí, no
Albertão, por 2 a 0, dois gols de Dino Furacão. O atacante, aliás, como
lembra este post do Terceiro Tempo,
se notabilizou na goleada peixeira sobre o Naútico em setembro, no
mesmo Brasileiro de 1986, quando marcou quatro dos cinco gols de um 5 a 0
na Vila Belmiro.
O time piauiense terminou no grupo C daquele confuso Brasileiro com
uma vitória, um empate e oito derrotas, Chico Formiga
estava à frente do Peixe na ocasião.
Em sua última peleja pelo campeonato piauiense, o Flamengo venceu o 4
de julho por 3 a 1, ficando muito perto de assegurar uma vaga para as
semifinais da competição e, para o duelo contra o Santos, foram
colocados 40 mil ingressos à venda. O jogador mais conhecido do
rubro-negro já jogou na Vila Belmiro em 1998 e 1999. Trata-se de Lúcio
Bala, atacante de 38 anos que atua pelo 21º clube de sua carreira, e
deve estar em campo contra o Peixe na quarta.
Convoca, Felipão! Quem não tem Fred caça com Rhayner?
Pode passar muitos anos, mas aqueles momentos históricos importantes ficam gravados para sempre em nossas memórias. Todos se lembram exatamente onde estavam e o que estavam fazendo quando, por exemplo, Getúlio Vargas se suicidou, Ayrton Senna morreu, as Torres Gêmeas foram abatidas, a seleção brasileira venceu cada uma de suas cinco Copas do Mundo etc. O último sábado, 6 de abril de 2013, certamente foi mais uma destas datas que se fixarão em nossas mentes, sobretudo para quem acompanha o velho e violento esporte bretão. O fato apoteótico aconteceu em Volta Redonda, na partida entre Fluminense e Resende, aos 13 minutos do segundo tempo. Após 2 anos e 2 meses, cinco clubes diferentes e 84 jogos, o atacante Rhayner marcou um gol! (pausa para estupefação geral da Nação) E um jejum deste porte não poderia ser findado com um gol comum. Como num roteiro previamente ensaiado, Rhayner invadiu a área, deixou dois adversários pra trás e cruzou; o goleiro do Resende, num afã de ser lembrado na posteridade, decidiu ajudar o malogrado atacante do Flu e empurrou a bola para dentro de sua própria meta. Se encerrava naquele momento o maior jejum de gols de um atacante que se tem notícia no futebol profissional brasileiro. O jogo em si, a vitória do Flu por 2 x 0, e a lesão que vai deixar Fred inativo por pelo menos três semanas foram ofuscados e, portant,o não são dignos de comentários. Começo aqui a campanha “Chama o Rhayner, Felipão!”
"Vozes do Além" complicaram o Fla
Também no sábado, o Flamengo se livrou de mais uma derrota, desta vez para o Duque de Caixas, com um gol de Cléber Santana nos acréscimos: 1 x 1. O time mais uma vez não se encontrou em campo e viu suas ínfimas chances matemáticas de classificação para as finais do 2º turno virarem pó. A partida foi sonolenta até mesmo para quem estava secando o Fla, algo que atualmente significa o mesmo que empurrar bêbado ladeira abaixo. Maldade desnecessária. Tudo transcorria dentro da normalidade até que mais um de nome pomposo resolveu fazer fama na Taça Rio - vide atuação patética do árbitro e lord Philip Benett no jogo entre Botafogo e Madureira, quando desmarcou um pênalti em favor do Botafogo assinalado por ele mesmo. Todos agora têm certeza que a FERJ se antecipou à FIFA e decidiu lançar mão, na clandestinidade, do recurso eletrônico para dirimir dúvidas em lances polêmicos: no jogo entre Flamengo e Duque de Caxias, após Pathrice Maia e o bandeirinha validarem o gol de Hernane, que estava impedido, o árbitro escutou "vozes do Além" (ou seriam as "forças ocultas" do Jânio?) e anulou o tento, afundando ainda mais o Fla. Seja na política, nas relações pessoais ou no futebol, o Rio de Janeiro continua o mesmo: segue na vanguarda da malandragem...
Vitinho está 'comendo a bola'
Já o Botafogo segue implacável e, ainda sem contar com Seedorf, engrenou a sexta vitória consecutiva: 3 x 0 sobre o pato Olaria, digo, fraco Olaria. Mais uma vez Vitinho, que entrou aos 28 do 2º tempo, fez a diferença. Marcou dois golaços e colocou mais uma interrogação na cabeça do técnico Osvaldo de Oliveira, que segue mantendo o garoto no banco de reservas em prol da escalação dos pernas-de-pau Rafael Marques e Bruno Mendes. Como o Bota é chegado numa superstição, dizem que o jovem é o talismã do momento, e que vai repetir os “feitos” recentes de Iranildo, Almir e Caio. Aquele torcedor alvinegro que acompanha mesmo o time espera, do fundo do âmago, que isso não aconteça, pois nenhum dos três se tornou o craque que as diretorias de suas épocas esperavam. Apesar de ainda ser cedo para afirmar, Vitinho parece jogar mais que todos eles juntos. Já está na hora de Oswaldo ganhar coragem e escalá-lo desde o início das partidas.
Rivais já miram naufrágio da nau vascaína no Brasileirão
E o Vasco, enfim venceu uma: 2 x 1 frente ao Friburguense. Com isso, encontra-se agora na confortável posição de vice-lanterna de seu grupo (uma vez vice, sempre vice). Como o time apenas cumprirá tabela no restante do torneio, a diretoria vascaína, que é mais desorganizada que pelada dominical de pinguços, tenta de qualquer maneira negociar Dedé, o único do elenco que ainda possui mercado em times de ponta. A expectativa é conseguir fazer caixa para pagar os atrasados e ainda receber jogadores para fortalecer o elenco que, com certeza, brigará para não cair no Brasileirão. Mas, se a negociação com o Corinthians melar, é bom a diretoria pensar logo em um novo treinador, pois Autuori já avisou que, com salários atrasados, vai pular fora da nau vascaína em junho. Se isso acontecer, só um milagre evitará que o barco português afunde no final do ano.
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor
público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele
mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um craque e brilharia na Champions
League. Não é preciso dizer mais nada.
Cachaça não é água. Cerveja não é água. Nem é vinho, nem tinta spray, nem é cola branca, nem manteiga de amendoim...
E tem dias em que um gole parece seguir, goela abaixo, como água... Em outros, embrulha o estômago como cola.
As metáforas podem seguir por rumos variados.
O artista plástico Peter Cuba, que vive em Chicago, montou uma série de peças transformando cada um desses itens em... Budweiser...
As imagens, exibidas no perfil do moço no Flickr, sob a alcunha de Two Horse Town, são divertidas, quase nonsense.
Com a explicação da proposta da instalação, tudo fica muito mais claro: "Minha nova arte é pôr rótulos de Budweiser em outras coisas. Adeus pintura, olá bebida".
O São Paulo foi a Ribeirão Preto com o time reserva e (com a ajuda do juiz) venceu o Botafogo por 3 a 1, ficando bem próximo de terminar a primeira fase do Campeonato Paulista em primeiro lugar - o que garante mando de campo na fase eliminatória. Se perdesse, também não seria muito prejuízo, uma vez que o Palmeiras venceu a - até então - invicta Ponte Preta, segunda colocada na tabela. Isso me faz concordar com a tese de que o Tricolor devia ter adotado a mesma estratégia no domingo passado, quando enfrentou o Corinthians num clássico sem importância.
Ney Franco foi elogiado quando, no final do Brasileirão do ano passado, botou os reservas pra jogar num clássico que também não valia nada contra o mesmo Corinthians. É uma boa tática. Porque, se perde, deu a lógica; e, se vence, dá moral para os reservas. Foi o que aconteceu em dezembro: o "time B" venceu os corintianos por 2 a 1, de virada, e o elenco embalou para a reta final da Sulamericana. Agora, com estratégia diferente, o São Paulo botou os titulares contra o Corinthians, perdeu, embarcou sob pressão para a Bolívia e perdeu de novo. Mau negócio.
Enfim, falando sobre o jogo contra o Botafogo, o juiz Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza ajudou na vitória do São Paulo. Até que expulsou bem o botafoguense Zé Antônio com vermelho direto, por falta feia em Douglas, mas não usou o mesmo critério para aplicar amarelos. A arbitragem foi muito mais rigorosa com botafoguenses do que com sãopaulinos, o que provocou uma segunda expulsão do time do interior no segundo tempo, quando André tomou o segundo amarelo. Ali, com o placar em 0 x 0, o São Paulo ficou com dois jogadores a mais em campo.
Talvez para disfarçar, o juiz aplicou o segundo amarelo em Rodrigo Caio e o expulsou logo em seguida. Com 10 jogadores contra 9 adversários, o São Paulo cavou uma falta na entrada da área e o zagueiro Lúcio acertou bela cobrança para fazer seu primeiro gol com a camisa tricolor. Pouco depois, Wellington trabalhou bem a bola e tocou para Aloísio que, de virada, ampliou. Nesse lance, o volante Maicon, que tinha entrado no segundo tempo, teve uma distensão e saiu. Como Ney Franco já tinha feito as três substituições, o jogo seguiu com 9 jogadores para cada lado até o fim.
Ademilson, em jogada que, sem querer, tabelou com a canela do adversário e saiu na cara do gol, marcou o terceiro. E Dimba (sobrinho daquele outro Dimba) aproveitou uma rebatida do goleiro Dênis para fechar o placar em 3 a 1. Se Ney Franco estava observando alguém para usar entre os titulares em alguma eventualidade, Lúcio, Wellington, Ademilson e Aloísio até que mostraram serviço. Rhodolfo também fez boa partida. Já Cañete, Cortez e Wallyson decepcionaram. Fabrício também não diz a que veio. E Douglas... Bem, Douglas continua o mesmo. Muito ruim.
Neymar botou dois na conta e uma bola na trave (Foto: Aizar Raldes/AFP)
Com um primeiro tempo divertido e um segundo tempo de muitas experiências, o amistoso entre Brasil e Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, foi excelente programa para deixar passar a ressaca na tarde deste sábado. Acabou num 4 a 0, primeira vitória de Felipão na nova fase, fruto em grande parte da extrema fragilidade dos bolivianos, oitavos colocados nas eliminatórias para a Copa 2014 e praticamente sem carimbo para visitar o Brasil ano que vem.
Com dois gols marcados, dribles e boas tabelas, Neymar foi o destaque da partida. Outro foi Ronaldinho Gaúcho, que jogou muito bem, protegeu a bola, limpou as jogadas e deu belos passes. Foi o grande organizador do time em sua primeira atuação convincente com a camisa amarela em um bom tempo. De uma tabela entre os dois saiu o tento mais bonito da peleja, o terceiro. Damião fez um gol – e como centroavante, é isso que dele se espera. Os dois últimos ganharam pontos na disputa por vaga no grupo da Copa das Confederações.
Os defensores Rever e Dedé foram muito pouco exigidos, mas corresponderam. André Santos até participou de algumas boas jogadas no ataque, mas deixou espaços na zaga e forçou lances de habilidade em momentos equivocados. Outro que sai valorizado é Jean, que teve atuação correta na lateral-direita. Como joga também de volante e até arrisca de meia, a polivalência é seu trunfo para estar no grupo.
Na meia cancha, Paulinho também se destacou, marcando, armando e chegando ao ataque com competência. Impressiona a enorme faixa de campo em que atua. Seu vizinho Ralph errou alguns passes no início, mas se acalmou e melhorou. Faltou Jadson, que foi bem, deu assistência par ao primeiro de Neymar e participou do lance do primeiro tento. Mas sumiu em certos momentos e não conseguiu armar nada na segunda etapa, quando o fardo foi lançado sobre seus ombros com a saída de Gaúcho.
Sobre a segunda etapa, pouco haveria a dizer, não fossem tantas as substituições. Com a vantagem estabelecida, os brasileiros desaceleraram de forma preguiçosa, permitindo ao ataque boliviano demonstrar toda a sua fraqueza. Felipão trocou de monte: Neymar por Osvaldo, que se mexeu bastante e levou perigo; Damião por Pato, que pouco fez, mas pode alegar que a leseira coletiva não deixou a bola chegar até ele; Gaúcho por Leandro, que jogou pouco mas deixou o dele na única jogada bem tramada dos 45 minutos finais; e Dedé por Dória, que mal vi em campo.
Felipão parece estar começando a se entender melhor no novo cargo. Resta saber se Gaúcho consegue jogar no mesmo nível contra marcações mais fortes. Se sim, deve ganhar com méritos a vaga na armação central e resolver o maior pepino do time desde os tempos de Mano.
Malandragem, dá um tempo – o jogo foi marcado pelas federações brasileira e boliviana com o nobre pretexto de destinar sua renda para a família do menino Kevin Espada, morto na partida entre San José e Corinthians. No entanto, o pessoal do país de Evo Morales deu uma de esperto e inclui outros dois destinos para a arrecadação: os jogadores da seleção boliviana campeã da Copa América em 1963 e, surpresa, ela mesma, a confederação. Os pais lamentaram o uso do nome do menino para promover a partida. Feio.
Outro dia eu comentava aqui que, mesmo que conseguisse superar o Corinthians (e, com isso, vencer o primeiro clássico no ano e dar moral ao time e alguma esperança à torcida), o São Paulo dificilmente iria vencer (ou mesmo empatar com) o The Strongest, em La Paz, e (com) o Atlético-MG, no Morumbi. Nada mais fácil de prever do que isso - e ainda mais quando nem empatar com o rival do Parque São Jorge o time de Ney Franco conseguiu. Por isso, mesmo antes de ouvir pelo rádio a (previsível) derrota para o clube boliviano por 2 a 1, eu já sabia que a classificação para a próxima fase da Libertadores seria impossível. Porque assisti o (segundo) massacre do Atlético-MG contra o argentino Arsenal, ontem, e me conformei de que o São Paulo perderá novamente para o clube mineiro na última rodada do Grupo 3. Vendo os atleticanos jogarem, com tanta superioridade, facilidade, entrosamento, vontade e toque de bola, comprovei que o Tricolor está a trilhões de anos-luz de jogar sequer metade disso. Pior: o time não consegue nem chegar ao (fraco) nível de um Arsenal de Sarandí ou um The Strongest. Se ocorresse o milagre de passar para a próxima fase, seria eliminado facilmente, contra quem quer que fosse. Morte anunciada.
"Ah, mas ainda tem chance!", diriam alguns (extremamente) otimistas. Não, não tem. Um time que em todos os jogos "pra valer" do ano não conseguiu uma vitória sequer - derrotas para Atlético-MG, Santos, Corinthians, Arsenal e The Strongest e empate contra o Palmeiras - vai mesmo cair fora da mais forte competição sul-americana na primeira fase. O São Paulo até que não é fraco, comparado à maioria da concorrência (como os que disputam o Paulistão), mas é inegavelmente (muito) inferior à elite atual do futebol brasileiro (em qualidade de futebol jogado), representada principalmente por Atlético-MG e Corinthians - os dois favoritos ao título da Libertadores. E insisto: a culpa não é do Ney Franco. Nos últimos jogos, ele escalou corretamente, botou pressão do ataque em cima dos adversários e fez substituições corajosas. Mas, apesar de criar, o time não tem qualidade nem competência para colocar a bola para dentro. Osvaldo é um ótimo jogador, mas não é craque. Nem Jadson, nem Ganso. E Aloísio, Carleto, Denílson e Tolói são apenas esforçados. O resto, com exceção do Rogério Ceni, é de mediano pra baixo. Eis a realidade.
Buenas, bola pra frente. Se o São Paulo arrancar ao menos um empate com o Galo, em casa, já sairá de cabeça erguida - ou menos caída do que ficou após as duas últimas derrotas. Porque a diferença para o clube mineiro, hoje, é abissal. O mais triste, repito, é perceber que nem no nível dos "portentosos" Arsenal e Strongest o time está...
FRANGO - Escrevo esse adendo porque percebi o contraste entre meu elogio ao Rogério Ceni, acima (ao não considerá-lo um dos "medianos pra baixo" do time), e as críticas que ele está recebendo pela falha no segundo gol dos bolivianos, num chute de longa distância de Cristaldo. Sim, pode-se dizer que foi erro, que ele estava adiantado, fora de posição - apesar de ainda ter conseguido tocar na bola, que veio com muita força. Sim, é fato que Ceni, às vezes, falha. Mas, ao mesmo tempo, em vários jogos, fez muitas outras defesas praticamente "impossíveis", livrando a cara do São Paulo. Ou melhor: livrando a cara dos volantes e zagueiros, que permitem a infiltração na defesa e abrem espaços para chutes de longe como nos gols do Strongest. Portanto, eu minimizo a responsabilidade de Ceni. Não sou daqueles defensores fanáticos do goleiro, que o consideram "mito" ou "melhor goleiro do Brasil". Longe disso. Mas sei que sua identificação com o clube e sua chatice/ arrogância/ tagarelice o transformaram em um dos jogadores mais odiados de todos os tempos pelos adversários. Daí para crucificá-lo por qualquer coisa que faça ou não faça, é automático. Menos, menos. Não podemos esconder os erros e a debilidade do time jogando a culpa no goleiro - ou no técnico. Isso é muito fácil. No mais, Rogério Ceni tem crédito eterno.
Dava pra ver, pelos
primeiros cinco minutos de partida, qual era a proposta de cada um
dos times que jogavam no Pacaembu hoje. De um lado, um Santos sem
Dracena, Bruno Peres e Arouca procurando o ataque, principalmente
pelos lados, e, do outro, um São Cetano em situação agonizante no
campeonato com um esquema defensivo, esperando um vacilo do rival
para tentar a sorte na partida.
E o vacilo aconteceu
cedo. Em uma bola que voltou rebatida do meio de campo, Durval falhou
grotescamente deixando o caminho para o gol livre para Jael. O
defensor teve que fazer falta e o atacante, ex-Portuguesa e Flamengo,
vulgo “o cruel”, fez o tento com uma bela cobrança, ao lado da
barreira, mal montada por Rafael.
A partir daí, a toada
seguiu a mesma, com o Peixe pressionando e o Azulão recuando. Os
mandantes criaram inúmeras chances de gol, com Neymar mais de uma
vez, com Giva, chegando com Cícero... E nada de o gol sair. Um
domínio inconteste na etapa inicial, com o Alvinegro tento mais de
68% de posse de bola, e doze finalizações contra duas do São
Caetano.
O técnico Daniel
Martine resolve levar o manual do ferrolho muito a sério e
substituiu o meia Éder Marcelo pelo volante Moradei aos 34 minutos.
Foi contestado à distância pelo goleiro Fábio e, no intervalo,
pelo capitão Eli Sabiá, que disse à imprensa que discordava do
treinador. A decisão quase se mostrou errada em cinco minutos, tempo
no qual Moradei tomou um cartão amarelo e só não tomou o segundo
ao fazer uma falta por trás em Neymar porque o juizão preferiu a
advertência verbal.
Na segunda etapa, a
pressão deu resultado, com um belo gol de falta anotado por Neymar,
aos 7 minutos. O São Caetano até tentou sair mais para o jogo, mas
conseguiu no resumo da etapa final mais duas finalizações, enquanto
o Peixe, que tentou e criou muitas oportunidades, em especial até os
30 minutos, finalizou mais 15 vezes e não conseguiu a virada.
A troca feita por
Muricy no intervalo, de Giva por André, não surtiu o efeito
desejado pelo comandante. Apesar de o atacante ter feito uma função
diferente, fazendo mais o pivô, muitas vezes seus passes – muitos
de calcanhar, o que irritou um pouco o torcedor por serem mal feitos
– atrasavam o lance ao invés de aprofundar a jogada.
Apesar do empate em
casa, pode-se dizer que o time fez uma boa apresentação. O
destaque, pra variar, foi Neymar, que mandou na partida
principalmente no segundo tempo, fazendo as vezes de meia e deixando
Monitllo, Léo ou Pato Rodríguez na esquerda. Um resultado que não
faz muita diferença para o Santos, mas que afunda ainda mais o São
Caetano, agora um pouco mais perto do rebaixamento. Próxima parada,
Piauí, contra o Flamengo local, pela Copa do Brasil.
Danilo não jogou bem, mas salvou o time na hora do aperto (Guillermo Legaria/AFP)
O Corinthians venceu o Millonarios por 1 a 0 na Colômbia, é líder de seu grupo na Libertadores no saldo de gols e está garantido na próxima fase, mesmo que perca no Pacaembu do boliviano San Jose, o que é improvável. Tudo isso é verdade e muito positivo. Mas que jogou mal nesta quarta-feira, ah, se jogou.
Apertado pelo rival desde o princípio, assustou a incapacidade do time em trocar três passes certos consecutivos. A bola queimava nos pés de Danilo, Paulinho e Romarinho, que em tese deveriam ser os condutores da orquestra. O resultado: até os 35 minutos do primeiro tempo, com marcação forte e adiantada, o poderoso Millonarios barcelonizou o Timão, com uma posse de bola de 67%, ainda que com poucas chances mais claras de gol. Apenas a defesa alvinegra funcionava, com o time fechadinho em busca de um contra-ataque que morria de forma sistemática nos erros de passe da meia cancha e na pressão colombiana.
A coisa melhorou um pouquinho nos últimos dez minutos, com o ímpeto dos donos da casa arrefecendo e um pouco mais de acertos dos meias corintianos, mas nada que mudasse a partida. Que na verdade não mudou até o final, com a exceção do placar. Jorge Henrique entrou no lugar de Pato, no que eu critiquei como uma admissão de empate por parte de Tite, e após 10 segundos em campo tabelou com Alessandro e deu o passe para Danilo acertar um belíssimo chute de fora da área, no cantinho, salvando mais uma vez o time numa situação complicada. A pressão continuou, Cássio fez algumas defesas, Rentería perdeu gol num rebote do goleiro, mas ficou por isso, acabando com as chances do Millonarios.
Como frente ao São Paulo, as ausências de Renato Augusto e Douglas se fizeram sentir. A presença de um deles aliviaria os encargos de Danilo e Paulinho. Tanto Romarinho, aposta de Tite na armação central, quanto Sheik não são disso, preferem o drible. E Jorge Henrique, a opção direta, tem se conformado com o papel de dublê de lateral, buscando a marcação acima de tudo. Impressionante que um elenco tão caro e aparentemente bem montado como o do Corinthians sofra com desfalques, ainda mais de um jogador que chegou há tão pouco tempo como Renato. Talvez valesse a pena Edenilson pela direita, tem mais jeito de meia que os demais. Mas torço mesmo é para que Renato volte a jogar logo.
Isso não exime de culpa os meias que jogaram, especialmente Paulinho, bastante abaixo de sua média. Nem os laterais, que não ajudaram em nada na saída de bola. A boa notícia é que mesmo com tudo isso, jogando mal, ganhamos. É um bom começo.
Exemplo prático para observar a quem a Veja se dirige: "Você", o leitor próximo, que interessa à publicação da editora Abril, é um homem, branco, classe média/rico, tipo executivo - com cara de desconsolo por um "direito" (privilégio) perdido; "Ela", o ser distante, estranho e indesejável, é uma mulher, negra, nordestina, pobre, com pouco estudo - e a revista dá a entender que, por isso mesmo, decide errado (prejudicando "Você"). Ou seja, "A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes" (Karl Marx). Situe-se. E observe o discurso e sua direção.
Merecida comemoração palmeirenses (Foto: Nelson Almeida/AFP)
O Palmeiras recebeu o horroroso Tigres das Argentina e venceu por 2 a 0 na noite desta terça-feira, no Pacaembu. Vitória certamente facilitada pelo pouquíssimo futebol que os hermanos conseguiram passar pela fronteira disfarçado de pancadaria pura. Mas os principais elementos do triunfo alviverde foram a raça e a entrega do desfalcado time, que não perdeu nenhuma dividida.
O destaque foi o garoto Vinícius, que exemplifica a situação bizarra que o Palmeiras superou no jogo. Ele entrou no jogo logo no começo, após a contusão do titular Patrick Vieira. Quer dizer, titular é jeito de falar, já que o Verdão jogou com uma boa meia dúzia de desfalques. Mas o fato é que Vinícius entrou e, do alto de seus 19 anos, resolveu o jogo com duas assistências para os gols de Charles e Caio.
Na zaga, chamou a atenção de meus corintianos olhos a boa atuação do improvisado Marcelo Oliveira. Volante de bom passe quando apareceu na base alvinegra, tornou-se lateral-esquerdo pelas necessidades dos clubes onde passou. Agora, encontra nova função na zaga, com desarmes precisos e noção de cobertura.
A boa vitória acendeu as combalidas esperanças dos palmeirenses espalhados pelo mundo. Que dizer então dos perto de 20 mil que compareceram ao Pacaembu. Até grito de olé teve.
Mais uma rodada se passou e nada mudou para a dupla Flamengo e Vasco. Ambos continuam seu calvário no Campeonato Carioca. O primeiro conseguiu a proeza de ser o primeiro grande (???) a perder para o Audax, homônimo de time chileno que tem filial interestadual. O técnico Jorginho já jogou a toalha e, do jeito que anda a coisa na Gávea, o melhor a fazer é aproveitar as partidas restantes para preparar a equipe para a Série B do ano que vem. Com um elenco recheado de ex-jogadores e promessas que nunca se tornarão realidade, se cair, este time periga não voltar tão cedo para a primeirona. E por falar em promessa, ontem, dia 1º de abril, foi aniversário da maior de todas as promessas rubro-negras, Rafinha. Nada mais adequado, porque, em matéria de enganação, esse já virou realidade faz tempo. Aliás, se é pra citar outra coisa muito adequada, um jornal de Manaus ("A Crítica"), num arroubo de honestidade, estampou na tabela da Taça Rio a denominação "Flamerda":
O jornal amazonense ainda garantiu Resende e Fluminense na Libertadores...
Rato se diverte com treino do Vasco
Lanterna do grupo A com apenas 1 ponto em três partidas, sem marcar gols há quatro jogos e brigando cabeça a cabeça com o Flamengo para ver qual será o time mais zoado pelos rivais, o Vasco, que não tem dinheiro para pagar o salário de ninguém, resolveu virar a chacota da vez e abriu as portas de São Januário para uma invasão de ratos. Em entrevista ao diário Lance!, o vice-sem duplo sentido-presidente de patrimônio e especialista em comportamento de roedores, Manuel Barbosa, garantiu que o problema já está sendo tratado e soltou a seguinte pérola: “Como vocês mesmos puderam ver, ainda é possível encontrar alguns deles vivos, mas estes já estão tontos por conta do efeito do veneno”. Tontos estão todos no Vasco, do presidente ao faxineiro, seja por falta de dinheiro ou de tanta chacoalhada que o time vem levando no campeonato.
Rhayner: o recordista das Laranjeiras
O Fluminense, do "matador" Rhayner, apesar de ainda não ser nem sombra do time de 2012, começa a apresentar sinais de melhorias. Conseguiu engrenar duas vitórias seguidas e segue na vice-liderança do Grupo B. O time de Abel, que mostrou ainda lhe restar um pouco de moral ao barrar o aposentado Deco e autorizar a cobrança de um pênalti por Rhayner mesmo sabendo que este iria perder (agora já são 83 jogos sem marcar um gol!), se prepara para o duelo decisivo contra o Grêmio pela Libertadores, na semana que vem. Se Flamengo e Vasco estão fora da disputa pela Taça Rio e o Fluminense em evolução, o Botafogo que abra o olho, pois o time das Laranjeiras tem plenas condições de beliscar o bicampeonato.
Engenhão foi obra de engenheirinho
Com o fechamento do Engenhão após estourarem as notícias de que o estádio pode ser levado por um vento de 63 kph (não vou chover no molhado de comentar as obras públicas brasileiras), o jogo entre Botafogo e Vasco seria disputado em São Januário, mas o Botafogo não aceitou as imposições escabrosas do time da colina - ou então ficou com medo dos ratos - e decidiu mandar a partida em Volta Redonda, que sediará os clássicos e as finais do campeonato. Comenta-se que o acanhado estádio, com capacidade para 21 mil espectadores, não está a altura do torneio. Mas em quantos jogos deste campeonato o número de torcedores superou esta marca?!?? O Glorioso, que nunca deu uma volta olímpica de verdade no seu finado estádio, decidiu colocar os jogadores para ajudarem na reforma e tentar recuperá-lo antes do fim do estadual, pois os dirigentes sabem que a chance de ser campeão de alguma coisa neste ano é só no Cariocão, mesmo!
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um craque e brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.
Esse post bem
que poderia ser a continuação
de um anterior em um quesito: a diferença que pode fazer o apoio
ou não de uma torcida para o desempenho de uma equipe. Enquanto o
Santos foi vaiado no empate com o Mogi Mirim na Vila Belmiro, a
torcida que esteve presente no Alfredo de Castilho, em Bauru, na partida contra o Oeste (o
clube de Itápolis preferiu mandar a partida em outra cidade por
conta das condições de seu estádio e também da renda) apoiou a
equipe e soube reconhecer o empenho dos jogadores, mesmo eles não
indo tão bem em boa parte da peleja.
E quem sabe não tenha
sido essa atitude dos torcedores que tenha ajudado Neymar não só a
jogar bem e ser determinante para a vitória contra o Oeste, mas
também a marcar depois de seis jogos sem ir às redes. O atacante contou com assistência precisa de Montillo, que fez boa jogada pela esquerda e passou para que o garoto, mesmo escorregando, contasse com a sorte para acertar o ângulo de Fernando Leal. Na comemoração, a homenagem foi ao jamaicano Usain Bolt, que está no Brasil e, fã de futebol, disse que gostaria de conhecer Neymar.
Foi o
primeiro tento da partida, na segunda etapa, depois de um primeiro tempo sem nenhuma
chance efetiva para os dois lados. Àquela altura, o time peixeiro
não contava com o lateral direito Bruno Peres e tinha Felipe
Anderson como falso ala, o que deu um pouco mais de movimentação à
equipe. Dracena e Léo foram
poupados e nem viajaram, dando lugar a Neto e a Guilherme Santos. Arouca, com uma lesão na última hora, também não jogou, cedendo a vaga ao promissor Alan Santos. Com o Peixe passando a mandar na partida, Neymar tirou da cartola alguns dos lances mágicos de seu
repertório. E, curiosamente, em um lance no qual poderia ter marcado
um golaço, foi puxado por um adversário mas – vejam só – não caiu. Acabou
perdendo o gol e, na sequência, o Oeste empatou a partida.
O autor
do tento foi um ex-santista, o atacante Gilmar, que passou pela
Baixada em 2006, no glorioso pacote da “parceria” Santos/Marcelo
Teixeira-Luxemburgo-Iraty. Mais uma vez, assim como na partida contra o Mogi, o empate do rival veio no setor de Guilherme Santos, distante na marcação.
No entanto, bastaram
três minutos para o Peixe ir à frente no placar novamente. Gol de
Cícero depois de cobrança de escanteio pela esquerda do ataque. Foi
o sexto tento do meia no campeonato paulista, um a menos que o
principal goleador do time, Neymar. Aliás, o resultado foi o mesmo
da partida
de estreia do menino de ouro em 2009, no Pacaembu, e deixa o
Santos na terceira colocação do campeonato, com 32 pontos, três a
menos que o São Paulo.
O próximo adversário
é o São Caetano, na quinta-feira, desta vez no Pacaembu. Que os
peixeiros da capital tenham uma atitude parecida com a da torcida que
esteve hoje em Bauru, e não como a do pessoal da Vila no meio da
semana.
Dois chavões, daqueles bem batidos, servem para descrever com precisão o que foi a derrota do São Paulo por 2 a 1 para o Corinthians, no Morumbi: "quem não faz toma" e "clássico é decidido num erro". Sem vencer um clássico no ano (perdeu por 3 a 1 para o Santos e empatou sem gols com o Palmeiras), o time de Ney Franco desta vez jogou bem, com marcação consistente no sistema defensivo, boas subidas dos laterais e troca de passes envolvente no ataque. Melhor: foi assim o jogo todo, coisa muito rara de se ver no São Paulo. Infelizmente, como diz o primeiro chavão futebolístico, o Tricolor não conseguiu fazer o segundo gol ainda no primeiro tempo, após abrir o placar com Jadson e criar várias chances no ataque, e viu Danilo acertar um chute belíssimo, no ângulo, para empatar o clássico.
Nessa toada, de aguardar o São Paulo em seu campo e sair no contra-ataque, o Corinthians venceu o jogo. Pato sofreu pênalti (justo) e cobrou para definir o marcador. Esse foi o segundo chavão do jogo: um erro que deu a vitória ao adversário, numa partida equilibrada. Rafael Tolói, que atrasou na fogueira para Rogério Ceni, até poderia ser apontado como "vilão". Mas ele jogou muito bem e não merece a pecha. Acontece - simples assim. O tal "vilão", aliás, poderia ter sido o próprio Ceni, que deu uma furada bisonha num chute de perna direita, na pequena área, mas conseguiu consertar. Paciência. Se considerarmos que o resultado não altera a situação do São Paulo no campeonato, temos um terceiro chavão: "perdeu quando podia". Mas é claro que perder para o Corinthians sempre é ruim...
Buenas, entre mortos e feridos, além da boa atuação do time nas duas etapas e da segurança de Paulo Miranda e Carleto pelas laterais (setores mais fracos do time), salvou-se a bela exibição de Paulo Henrique Ganso. É claro que está a anos-luz daquele meia cerebral que encantou a torcida santista em 2010, mas essa foi, de fato, sua primeira ótima partida com a camisa sãopaulina. Correu muito, chamou a marcação, tocou de primeira, rápido, armando o jogo, procurando os atacantes. Parece que acordou pra vida - o que é uma ótima notícia, às vésperas de um jogo tão decisivo quanto o que fará contra o The Strongest, na Bolívia, pela Libertadores. Falta ao São Paulo, neste momento, maior poder de finalização. Se Luís Fabiano não jogará, Osvaldo e Aloísio precisam, com urgência, passar giz no taco.
Maratona majestosa - O primeiro Majestoso do ano - apelido do confronto entre Corinthians e São Paulo desde os anos 1940 - foi apenas aperitivo para uma série que pode atingir 9 partidas em 2013: três pelo Paulistão (se os dois times se cruzarem novamente na fase mata-mata), duas pela Libertadores (idem anterior, considerando, porém, que a situação do Tricolor está bem complicada nesta competição), duas pelo Brasileirão e mais duas pela decisão da Recopa Sulamericana (título decidido entre os campões da Libertadores e da Sulamericana). No histórico do Majestoso, segundo a Wikepedia, os dois rivais paulistanos se enfrentaram 313 vezes a partir de 1930, com 116 vitórias alvinegras, 100 tricolores e 97 empates. O Corinthians marcou 456 gols e o São Paulo, 439.
Depois de cinco
partidas na temporada na Vila Belmiro, todas vencidas pelo Santos, o
Alvinegro empatou com o Mogi Mirim em 2 a 2. Claro que não é o
resultado dos sonhos de ninguém, mas o adversário tem o melhor
ataque do Paulista, com 29 gols, e está à frente de Corinthians e
Palmeiras na tabela. Os donos da casa vacilaram em momentos cruciais
da partida e tomaram dois gols mesmo tendo o domínio da partida
durante a maior parte do tempo.
A torcida, além de
“marcar” alguns jogadores, vaiou o time ao fim dos 90 minutos. E
alguns deles vaiaram Neymar, algo que toma proporções anormais para
parte da mídia esportiva que sempre procura pauta em ovo. O garoto
deu assistência, se movimentou, mas não brilhou como costuma. Está
há seis jogos sem marcar, e ainda assim foi fundamental para a
equipe.
Em outro contexto, mas
no mesmo campeonato, vi o Santos perder por 3 a 1 para o Paulista, no
Pacaembu. Com Neymar. O gol de honra, dele, veio perto do final e,
quando estava 3 a 0, boa parte do estádio cantou, apoiando os
jogadores. Falo da diferença entre o comportamento santista ontem e
o daquele jogo para falar da necessidade de o Alvinegro mandar mais
jogos em São Paulo.
Na Vila, mesmo na época
de vacas magras, o Santos era soberano. O folclórico Viola dizia que
no estádio o adversário era como Miojo, entrava duro e saía mole
em função da pressão dos torcedores. Mas os tempos foram mudando e
há algum tempo o estádio e seus torcedores não têm cumprido seu
papel a contento, o de ser um caldeirão para os rivais. Aquela parte
da torcida que em outros clubes se chama de “turma do amendoim”
cada vez ganha mais relevo.
Lembro que em 2003,
quando Robinho passava por má fase após ser o principal
protagonista do título Brasileiro de 2002, tirando o time de uma
fila de quase 18 anos, era xingado por torcedores que esqueciam o que
havia acontecido três meses antes. Um cara que estava perto de mim
em um jogo disse que “Robinho é um enganador, que nem o Gil do
Corinthians”. O santista Renato conta outra passagem, de um
torcedor que xingou durante boa parte do primeiro tempo o meia Diego.
Cada vez que ele pegava na bola, era uma ofensa. O problema é que o
xingado era Preto Casagrande e o jovem sequer estava em campo naquele
dia. Muitos provavelmente pegaram no pé de Pelé e cia. também.
Saem alambrados, entram camarotes térreos
Esse tipo de torcedor
que mais xinga do que apoia e acha ruim até quando o time vai bem
sempre existiu na Vila, mas parece, como disse acima, que vem se
tornando mais importante, não só pelas mudanças pelas quais o
estádio passou, mas pelo fato
de, com públicos pequenos, sua voz se sobressair mais. E também se
sobressaem aqueles que querem conturbar o ambiente, movimentos
interessados em forçar ou criar clima para justificar saída de
jogadores cuja parte dos direitos federativos pertencem a empresas ou
empresários.
Na peleja contra o
Mirassol (alô, Palmeiras), o Santos
teve prejuízo e ontem o time, mesmo com a volta de Neymar e
Montillo, jogou diante de 6.054 pagantes. Ainda assim, o clube tem a
segunda melhor média de público do Paulista, mas certamente não é
por causa da Vila e sim pelos dois jogos que mandou na capital, conta
o Paulista, no Pacaembu, e contra o Corinthians, no Morumbi, ambos
com mais de 18 mil pagantes cada.
O bairrismo já foi
arma eleitoral na disputa entre Luís Álvaro e Marcelo Teixeira em2010 e volta à tona impulsionado também pela TV de propriedade da
Família Teixeira. Como querela política, impede a discussão sobre
o clube ampliar seus horizontes, já que estima-se que a torcida
santista seja pelo menos dez vezes maior do que a população da
cidade que abriga a equipe.
Para mim, que sou
santista de nascimento e vi jogos mais na Vila do que em qualquer
outro lugar, ela é insubstituível afetivamente. Mas é impossível
fechar os olhos às necessidades que regem um clube grande no futebol
de hoje. Para buscar visibilidade e torcedores o Santos precisa sair
mais da Vila. E, hoje, faria bem a torcida de Santos refletir mais
sobre seu comportamento nas arquibancadas, torcendo mais e chiando
menos.
A Globo anunciou que o onipresente Ronaldo Nazário - empresário, embaixador da Copa, cobaia de dieta do Fantástico, garoto-propaganda de um sem número de marcas... - vai comentar tanto a Copa das Confederações quanto o Mundial brasileiro. Tudo bem. Temos a opção de tirar o som da TV e ligar o rádio. Mas o que interessa sobre Ronaldo, para quem gosta de (bom) futebol, é o que ele fez com a bola nos pés. Mais do que vitórias ou títulos, o que nos encantava era a peculiar habilidade para entortar marcadores e passar por defesas inteiras sem tomar conhecimento. Quem puder perder 15 minutos pode relembrar, no vídeo abaixo, arrancadas sensacionais, dribles curtos, rápidos e imprevisíveis, rolinhos, canetas e elásticos a granel. Assistir Ronaldo Luís Nazário de Lima jogando é mágica pura. A ela: