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terça-feira, maio 24, 2011

O porre de Juvenal - que não era o Juvêncio

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Semana passada consegui encontrar, num sebo, um livro que sempre quis dar uma olhada: "Barbosa - Um gol faz cinquenta anos", de Roberto Muylaert, lançado em 2000 pela Editora RMC. Porque sou daqueles que, mesmo não tendo vivido aquela época e reconhecendo que as imagens disponíveis são pouco conclusivas, não culpo o nosso goleiro na fatídica e trágica derrota na Copa de 1950. Para mim, e para o autor do livro, o campineiro Moacir Barbosa do Nascimento (foto à direita) sofreu durante meio século por um crime que não cometeu. Afinal, no Brasil, a culpa sempre é do goleiro. Ainda mais se for negro. Ainda mais se não faz o milagre de evitar o gol da derrota da nossa seleção, numa decisão de Copa do Mundo disputada em pleno Maracanã.

"Uma vez, eu tomava um limãozinho num bar de um amigo, quando entra uma senhora com um menino que não tinha nem dez anos, aí a mulher vira e fala 'olha, meu filho, vem cá, está vendo esse homem aí, é ele que fez todo o Brasil chorar'", contou Barbosa, no livro. "O garoto ficou olhando fixo para a minha cara, com um ar entre condenação e consternação, então eu não aguentei e respondi 'escuta aqui, minha senhora, se eu fosse seu filho queria ver se a senhora teria coragem de dizer isso, é porque eu não sou seu filho, senão a senhora também estaria sofrendo na pele'. Ela também não tinha nascido na época da Copa, então já eram duas gerações que não estavam neste mundo no dia daquela final, me acusando", lamentou o ex-goleiro.

O livro de Muylaert aponta para possíveis falhas de dois outros jogadores brasileiros que estavam em campo: o ponta-esquerda Chico e o zagueiro Juvenal (foto à esquerda). Convencido de que o Brasil seria campeão de qualquer jeito, o ponta queria marcar um gol e entrar para a História, por isso, não cumpriu o combinado de voltar para ajudar o lateral-esquerdo Bigode, que viu Gigghia escapar duas vezes às suas costas - uma cruzando para o empate de Schiaffino e outra fazendo o inpensável gol da vitória e do título. Já Juvenal, que chegou a culpar Bigode e Barbosa pela derrota, estava nervoso e mal posicionado em campo. Além disso, segundo o ex-goleiro, estaria de ressaca.

"O Juvenal estava na minha frente, só senti o vento quando a bola passou, e ele estava mesmo na minha frente, no primeiro gol. Ele tinha é que estar na frente do Schiaffino. (...) No segundo gol ele tinha que estar na frente do Ghiggia, mas tinha ficado para trás de novo", observou Barbosa. "O Juvenal me acusou, falou com um jornalista da Bahia que o culpado foi o Barbosa, respondi que o Juvenal estava abaixo do meu nível, por isso não falei nada (...). Mesmo antes da final, se o Nena, reserva do Juvenal, não estivesse machucado, Juvenal nem teria jogado, já que na noite anterior tomou um porre homérico no Dancing Avenida, da rua Santa Luzia, o que deixou nosso técnico maluco de raiva".

Hoje, tanto Barbosa quanto Juvenal estão mortos - e procurar culpados para aquela derrota não faz o menor sentido. Mas como o goleiro foi o mais condenado e execrado, nunca é tarde para contemporizar a "versão oficial", de que teria falhado no gol de Gigghia. Segundo Barbosa, quando o ponta adversário alcançou a bola, outros três uruguaios estavam livres na área brasileira (Schiaffino, Míguez e Julio Pérez), prontos para receberem o passe e estufarem as redes, sem qualquer marcação. Todos no estádio tinham certeza de que Gigghia iria cruzar a bola para eles, como havia feito no lance do primeiro gol.

Por isso, Barbosa permaneceu no meio da meta até o último momento. Quando percebeu que o ponta chutaria direto, saltou e ainda conseguiu roçar com os dedos a bola. Tarde demais. Mesmo sem culpa no lance, Barbosa seria apontado, até o final da vida, como o grande vilão daquela tragédia futebolística.



Churrasco das traves
O livro de Muylaert ainda confirma uma lenda surreal, a de que as traves de madeira do gol onde os uruguaios marcaram foram entregues a Barbosa, em 1963, ao serem substituídas pelas mais modernas, de metal. Aposentado havia menos de um ano, o ex-goleiro recebeu o "presente" de Abelardo Franco, diretor da então Administração dos Estádios do Estado da Guanabara (Adeg). A inteção não foi de escárnio, pelo contrário: Franco queria dar a Barbosa a oportunidade de exorcizar seus demônios. E foi o que ele fez. Queimou os três paus em uma enorme fogueira, no quintal de sua casa no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro, e aproveitou o braseiro para fazer um lauto churrasco. Chamou toda a vizinhança e serviu muita comida e bebida. Parece realismo fantástico, mas esse ritual pirotécnico diz muito sobre até onde chega, no Brasil, a loucura pelo tormento de uma derrota apoteótica.

segunda-feira, maio 23, 2011

Excelente resultado, futebol meia boca no Corinthians

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O Corinthians começou com o pé direito o Brasileirão 2011 ao vencer o Grêmio por 2 a 1 no Olímpico, resultado difícil mesmo para time gabaritados – o que está longe de ser a equipe alvinegra atual. Não que o tricolor gaúcho tenha lá um esquadrão, longe disso. As duas representações têm lá seus bons jogadores (um Douglas lá, um Liédson cá), mas no geral fizeram um jogo bem meia boca.

O treinador corintiano, por outro lado, deve ter gostado. Com a saída de Dentinho e a aparente possibilidade de negociação de Jorge Henrique, o treinador se sentiu à vontade para colocar o time num 4-4-2 com o meio campo em losango, com Ralph mais recuado, Paulinho (o desafeto de Leandro que tem escalado em minha antipatia) pela direita e o peruano Ramires pela esquerda, ambos, em tese, arcando e armando. Morais fez a ligação para Liédson centralizado e William se movimentando coo segundo atacante.


Parte da estratégia é compactar as linhas de defesa e meio campo, tirando os espaços do adversário. A ideia não é ruim, mas Tite recua essas linhas o mais que pode, atraindo o adversário e dificultando bastante as ações ofensivas – dos dois lados. Um pela marcação, outro pela falta de gente no ataque quando a bola é recuperada.


Quando essas linhas se adiantam, como ocorreu após o gol gremista, num pênalti meio inventado batido pelo ex-corintiano Douglas, o time demonstra seu outro problema, esse fora da questão tática. Os jogadores de meio e ataque são fracos, com exceção de Liédson, e a coisa emperra em passes errados e falta de visão. Paulinho foi especialmente inútil, preso demais na marcação e chegando pouco ao ataque.


E foi o centroavante que, em jogada individual, conseguiu outro pênalti meio criativo, convertido por Chicão. O Corinthians manteve o ritmo após eu empate e, numa improvável jogada de lateral (?) batido por Alessandro, Danilo desviou e Liédson achou um belo voleio, virando a peleja.


O Grêmio sentiu o segundo gol e não demonstrou muita capacidade de reação. Tite trocou Danilo por Moradei (vixe!) e fechou ainda mais a equipe, que ainda teve chance de aumentar nuns dois contra-ataques bem tramados, fora o último passe e a conclusão. Não foi um grande futebol, mas um grande resultado para uma estreia no campeonato.


Contratações


Tite tem uma ideia na cabeça, ainda que seja uma ideia defensiva. Com as contratações recentes, umas peças mudam na parte ofensiva do time elevando bastante o nível: Alex entra no luga de Morais e Emerson no de William, aumentando bem o poder de fogo. Com isso, quem sabe o treinador não se solta um pouco e adianta suas linhas, pressionando a saída de bola do adversário.


Um problema, no entanto, os recém-chegados não resolvem: os vértices laterais do losango do meio. Ramires talvez cresça ao se adaptar à função, mas dou o braço a torcer para Leandro: não vejo Paulinho indo muito longe.


Mas ainda assim, fosse eu dirigente do Timão, estaria atrás de um lateral-esquerdo titular. Na boa, Fábio Santos não dá. O cara marca mal, não cruza, errou até cobrança de lateral ontem. Meu pai, homem mais paciente e sábio que eu, acha que ele está pressionado, tem tanto medo de errar que acaba errando. Se não vier ninguém mais, tomara que ele esteja certo.

Isso nem é mais piada pronta, é destino, fatalismo!

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Materinha do site Uol observa que, no Dia Internacional da Tartaruga (sim, isso existe!), o piloto brasileiro Rubens Barrichello comemora seu aniversário. Pois é: de brincadeira do Michael Schumacher, virou associação oficial! Pô, coitado do cara! Isso já nem é sacanagem, é maldade do destino, mesmo...

E terminou em cerveja na Praia Grande...

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Ontem, na TV Bandeirantes, vi uma bem humorada entrevista com os históricos Pepe e Coutinho (foto), em pleno gramado da Vila Belmiro. Eles relembraram "causos" da época em que o Santos dominou o mundo, nos anos 1960. Pepe recordou um clássico com o São Paulo, na Vila, em que cobrou uma falta com a tradicional violência e nocauteou Alfredo, na barreira. "O Alfredo desmaiou e foi retirado de campo. Depois disse que tinha visto borboletas voando", riu o ex-ponta direita. Segundo ele, uma medição de seu chute calculou 122 km/hora nos anos 1960. "Aquela bomba do Roberto Carlos, na França, chegou a 109 km/hora. Daí, você calcula (a potência do meu chute)", disse Pepe, orgulhoso.

Já Coutinho lembrou da guerra que o Santos interrompeu, no Congo Belga, em 1969. "A gente tava tomando banho no vestiário quando o empresário chegou e mandou tomo mundo se apressar, pois o povo de lá tava doido pra recomeçar a guerra. O avião subiu e o tiroteio começou, lá embaixo", contou, às gargalhadas. Ele disse que os defensores do Santos costumavam jogar a bola pra ele gritando a seguinte ordem: "-Joga a carne pro leão" - um sinal de que Pelé estava partindo com tudo para o ataque. "Eu jogava e virava as costas, nem precisava ver. Sempre era gol, já ia me posicionar pra saída de bola". Coutinho revelou também que, quando algum zagueiro batia muito, ele esperava uma cobrança de escanteio pra cabecear as costas ou a cabeça dele. Isso aconteceu com o defensor Valdemar Carabina, do Palmeiras (já falecido).

"Num clássico, ele tinha me dado duas entradas violentas. Eu disse pra ele parar e ele perguntou se eu era valente. Eu disse que ele não ia jogar mais. Num escanteio, eu subi e cabeceei com força a cabeça dele, que caiu, ensanguentado. Quando ele ia sendo retirado de campo, eu cheguei e disse: '-Tá vendo, eu não disse que você não ia jogar mais?'. Mas depois eu encontrei ele na Praia Grande e fomos tomar cerveja", relembrou Coutinho, rindo.

domingo, maio 22, 2011

São Paulo 2 a 0. E bola pra frente

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Outro dia, em comentários de um post, o Glauco concordou comigo que, até certo ponto, o Santos de Muricy Ramalho tem sido dependente de Neymar. Hoje, assistindo a vitória por 2 a 0 do São Paulo sobre o Fluminense, ficou claro que o Tricolor também é, de certa forma, dependente de Lucas (foto). A diferença é que Neymar costuma resolver mais que o sãopaulino, na minha modesta opinião. Basta observar partidas decisivas disputadas por um e outro e contar quantas vezes um ou outro "chama o jogo" pra si. Até hoje, indiscutivelmente, Neymar ganha essa disputa.

No gramado de São Januário, como era de se esperar, o mandante Fluminense partiu pra cima do time paulista. Deco perdeu dois gols, um deles incrível. E os cariocas exploravam sem dó a maior deficiência do São Paulo: as laterais. Juan, definitivamente, não pode ser titular - e, por isso mesmo, a saída e Junior Cesar é inexplicável. Após o "desastre" da eliminação da Copa do Brasil e do circo armado por Rivaldo, Carpegiani e, principalmente, Juvenal Juvêncio, o time sãopaulino parecia apático, inofensivo.

Até que Lucas resolveu acordar. E, por tabela, despertou a equipe. A jogada do primeiro gol começou com ele, passou por bela assistência de Casemiro e terminou com Dagoberto enchendo o pé e estufando a rede. Sua comemoração, aos berros, me pareceu um ato de "exorcismo" dos demônios que assolaram o Morumbi a partir da derrota para o Avaí. E, de fato, acabou a apatia, a sonolência. O time passou a jogar bola, perdeu vários outros gols no primeiro e no segundo tempo, até Lucas (sempre ele) sair driblando toda a defesa adversária para fazer um golaço e fechar o placar.

No final, num gesto de "diplomacia", Carpegiani botou Rivaldo em campo. Pra ele mostrar, novamente, que não tem condições de ser titular e nem de jogar um tempo inteiro. Muito lento e, quando pega a bola, trata de se livrar dela o mais rápido possível. Tudo bem: é uma opção para entrar nos 10 ou 15 minutos finais, quando o time ganha por diferença de dois gols ou mais. De resto, ainda é muito cedo para saber o que esperar de um longo campeonato, onde muita coisa vai mudar. Mas a reação do time, a partir do gol de Dagoberto, deu um certo alívio. Bola pra frente!



Uruca ou previsível?
E, assim como corintiano Adriano, o badalado Luís Fabiano também passou a faca no tendão. Vai demorar muito pra voltar aos campos. Que ele estava bichado, todo mundo sabia. Mas a extensão do problema foi escamoteada ao máximo pela diretoria do São Paulo. Acho impossível que não soubessem que essa cirurgia poderia ser necessária. A diretoria do Sevilla também devia saber, por isso não botou muita dificuldade no negócio. Agora é esperar e, literalmente, PAGAR pra ver. Luís Fabiano é mais velho que Adriano, vai fazer 31 anos, mas não tem o mesmo histórico de "baladeiro" e indisciplinado. Se voltar ainda este ano, continua sendo muito bem vindo. Henrique e William José ganham chance de mostrar serviço.

Santos 1 X 1 Internacional - empate dentro de casa é vitória

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Desde o dia 20 de abril, quando bateu o Deportivo Táchira no Pacaembu e garantiu a vaga na fase de mata-mata da Libertadores, o Santos tem jogado uma decisão atrás da outra. Pelo Paulista, pegou Ponte Preta, São Paulo e duas vezes o Corinthians; e na competição continental foram mais duas partidas com o América-MEX e dois confrontos contra o Once Caldas. Ontem, na estreia do Campeonato Brasileiro contra o Internacional, foi a hora do descanso para os titulares, um pequeno respiro no calendário. Nem o técnico santista, gripado, comandou os reservas na Vila Belmiro.

Retrato do jogo: atletas não se entendem com a bola (Divulgação)
A partida foi realizada no novo horário de jogos do Brasileirão: 21h do sábado. A tabela do campeonato prevê 14 pelejas disputadas nesse questionável horário e o próximo é São Paulo e Figueirense, no dia 28. Mesmo sem jogadores importantes como D'Alessandro e Rafael Sóbis, o Colorado tinha a oportunidade de quebrar uma longa escrita: desde 1959, na primeira Taça Brasil, quando superou o Grêmio por 4 a 1, com dois gols de Jair Rosa Pinto, um de Coutinho e outro de Urubatão, o Santos não perde para um time gaúcho na Vila famosa.

Desde o início da partida o Inter tentava comandar as ações contra um Alvinegro que entrou não só com uma equipe “alternativa”, como dizem os comentaristas (tucanaram o time B), como também um sistema de jogo alternativo, com três zagueiros. Sem criatividade, a maior parte dos ataques gaúchos redundava em nada, e o desentrosado dono da casa tampouco conseguia articular jogadas ofensivas. O zero no placar só saiu por conta de uma jogada individual. O “menino da Vila” Thiago Alves, 17 anos, recebeu pela esquerda, a zona de Neymar, e partiu para o drible dentro da área em cima de Daniel, que se precipitou e fez o pênalti. Keirrison cobrou e fez o que Zé Eduardo não faz há 14 partidas, aos 28 minutos: um gol.

Seis minutos depois, Oscar fez boa jogada na esquerda do ataque e e conseguiu um cruzamento para Zé Roberto chutar, sozinho na área. A finalização, aparentemente mal feita, chegou até o ângulo esquerdo de Aranha. Indefensável. O empate poderia prenunciar alguma esperança de bom futebol no segundo tempo, mas não foi o que aconteceu.



Na segunda etapa, com a partida um pouco mais equilibrada, o atacante Richely, contratado junto ao Santo André, estreou pelo Alvinegro. Participou de um dos principais lances ofensivos do time em um cruzamento pela esquerda que Keirrison quase alcançou. Foi do 9 santista outra oportunidade, quando passou pelo arqueiro Renan, mas não conseguiu concluir. O Colorado teria sua chance de ouro quando já não conseguia mais ir ao ataque, aos 46, mas Leandro Damião – que, aliás, foi afoito e pouco técnico em alguns lances, não justificando nesses 90 minutos sua convocação para a seleção – não conseguiu marcar em bela jogada de Tinga.

Dadas as circunstâncias, um empate com sabor de vitória para o time B do Santos. O Alvinegro continua sem estrear com três pontos pelo Brasileirão desde 2005, mas conseguiu ganhar um e tirar dois do Colorado, que pode ser um adversário pelo título do campeonato mais à frente. É aguardar os titulares contra o Cerro Porteño, na quarta-feira no Pacaembu, e provavelmente os reservas de novo no sábado, no Engenhão, contra o Botafogo.

sexta-feira, maio 20, 2011

Ação de marketing

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Na foto acima, vemos o time do São Paulo que empatou sem gols com o Corinthians em 30 de agosto de 1987, na segunda partida fnal do Campeonato Paulista. Como havia ganho o primeiro jogo por 2 a 1, quatro dias antes, o Tricolor garantiu a taça. Vemos, em pé, o volante Bernardo, o zagueiro Adílson, o goleiro Gilmar (hoje empresário de jogadores), o eterno "xerife da zaga" Darío Pereyra, o lateral-esquerdo Nelsinho e o lateral-direito (e hoje treinador) Zé Teodoro.

Abaixo, agachados, vemos o massagista Hélio Santos, a dupla formada pelo atacante Muller e o meio-campo Silas (veja post sobre os dois), o baixinho atacante Lê (campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986), o meia Pita e o finado ponta-esquerda Edvaldo.

Lê e Edvaldo, aliás, fizeram os gols da vitória na primeira partida da decisão. E o técnico do São Paulo, que não aparece, era Cilinho. Mas faço esse post para destacar um dos "papagaios de pirata" que sempre querem aparecer nessas fotos de time posado. No alto, à esquerda, há um manguaça de óculos escuros, com a mão no ombro de Bernardo, que aproveitou aquele dia para fazer propaganda de seu estabelecimento comercial. De qual ramo? Um buteco, lógico...

Um governo inexistente - ou que ninguém quer mostrar

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Acompanhando o noticiário sobre o assassinato do estudante Felipe Ramos dentro da Universidade de São Paulo (USP), constatei, sem surpresa, que a chamada "grande" imprensa (grande só no lucro...), mais uma vez, não dá nome aos bois e muito menos vai atrás deles. Por isso, resolvi fazer um post "didático". Se houve um crime, é problema de segurança. No Estado de São Paulo, a vigilância é feita pela Polícia Militar, que, por sua vez, é subordinada à Secretaria Estadual de Segurança. Nas notícias sobre o crime - ou crimes, parece que foram mais de 200 dentro da USP, somente no último mês - será difícil ver o nome ou a figura do cidadão da foto à esquerda. Mas, sim, ele é o secretário de Segurança Pública do Estado, Antônio Ferreira Pinto. Muito prazer, senhor Ferreira Pinto! Como vai?

Pois bem. Se o crime ocorreu dentro de uma universidade pública, quem é responsável por ela? A USP, assim como a Polícia Militar paulista, é mantida pelo governo do Estado. Ah! Que coisa! Logo, está subordinada à Secretaria Estadual de Educação. Parece lógica toda essa associação e encadeamento de subordinações e responsabilidades, mas, dificilmente, vocês também vão ver, no noticiário sobre o crime na USP, o distindo cidadão da foto à direita, o secretário de Educação, Herman Voorwald. Muito prazer, senhor Voorwald! Sim, eu sei: uma cobertura lógica, racional e jornalística do fato procuraria esses dois funcionários públicos. Mas nós estamos no Estado de São Paulo e, por questões políticas e financeiras, não interessa (ou antes, é proibido) mostrá-los. Sabem por quê?

Porque, voltando à sequência de subordinações e responsabilidades, em última instância, ambos os secretários são subordinados à autoridade máxima do Estado paulista. E esse, meus amigos, não vai aparecer em reportagem negativa nem se ele matasse a própria mãe. Sim, estamos falando do atual governador (governador?!?) do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (foto à esquerda). Aquele, do PSDB - sigla que denomina um partido que, quase nunca, vocês vão ver na imprensa quando o assunto é negativo. Exagero? Por que ele não aparece na TV, rádio, portal de internet, jornal ou revista falando sobre os crimes na USP? Como disse, em última instância, ele é a autoridade máxima, responsável pela USP e pela polícia estadual.

Acontece, meus queridos irmãos, que aqui, no Estado mais rico do Brasil, a imprensa tem posição política muito definida - embora insista em enganar a população, dizendo que não tem "rabo preso" com ninguém. Tem, sim. Nesta semana que passou, foram completos cinco anos dos ataques de uma facção criminosa em todo o Estado, que culminou com a Polícia Militar assassinando mais de 400 pobres, a esmo (a maioria, negros). Nada foi investigado e ninguém foi punido de lá para cá. E o secretário Antônio Ferreira Pinto também não apareceu no noticiário, falando sobre o assunto, nem o governador Alckmin. Da mesma forma, no mês passado, funcionários da limpeza da mesma USP entraram em greve, pois a empresa terceirizada que os empregava atrasou salários. A empresa foi contratada pela USP, que é subordinada à Secretaria de Educação - do governo estadual. Mas, para (não) variar, ninguém da "grande" imprensa procurou o secretário Herman Voorwald. Nem Geraldo Alckmin.

Para o leitor, ouvinte, internauta ou telespectador, a impressão é de que o governo de São Paulo é inexistente. Como diria o Padre Quevedo, "nom equiziste!". E, se não existe, não tem culpa nem responsabilidade de nada. Nem Ferreira Pinto, nem Voorwald e nem Alckmin jamais serão associados, por esses consumidores de "informação", a qualquer crime ou problema relacionados à segurança ou educação pública. Legal, né? Mas deviam perguntar para a família do rapaz assassinado e para os alunos da USP o que eles acham disso. Ah, mas que bobagem! Isso a "grande" imprensa também não vai fazer, nunca...

quinta-feira, maio 19, 2011

Dois craques, dois amigos e dois destinos distintos

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No dia 20 de março de 2011, dois destinos que insistem em se cruzar escreveram mais um capítulo no futebol brasileiro. Naquele domingo, o frágil time do Imbituba foi goleado por 4 a 0, em seu próprio estádio, pelo visitante Avaí. A derrota contribuiu para que, menos de um mês depois, o clube fosse rebaixado matematicamente para a segunda divisão do Campeonato Catarinense. E o Avaí, apesar de não levantar o troféu estadual, seguiu para uma ótima campanha na Copa do Brasil. Ninguém reparou, naquela goleada em Santa Catarina, na simbologia por trás dos derrotados e vitoriosos. Pois bem: o técnico do Avaí era - e continua sendo - Silas (à direita), ex-jogador de seleção brasileira que surgiu no São Paulo, em 1984. E o treinador do Imbituba era ninguém menos que Muller (à esquerda), outro ex-jogador de seleção, mas principalmente companheiro inseparável de Silas naquele mesmo time sãopaulino conhecido como "Menudos do Morumbi", por causa de um conjunto musical da época.

A vitória de Silas sobre Muller, naquele dia, foi mesmo simbólica. Porque refletiu o atual momento dos dois ex-parceiros. O primeiro disputa a semifinal da Copa do Brasil, depois de despachar seu poderoso clube formador nas quartas-de-final, o São Paulo, e arrancar um importante empate ontem, no Rio de Janeiro, contra o Vasco. Mais um empate sem gols, em Florianópolis, e Silas levará o Avaí a uma inédita decisão, podendo alcançar o título e uma fantástica vaga na Libertadores de 2012. Já Muller, depois de ter sido demitido do comando do Imbituba quando o time foi rebaixado, em abril, surpreendeu o mundo do futebol esta semana ao revelar suas dificuldades financeiras, que o levam até a considerar a oferta de morar na casa do amigo e ex-lateral Pavão. Situação inimaginável para quem ganhou milhões em sua vitoriosa carreira como jogador, repleta de títulos - entre eles, uma Copa do Mundo e dois mundiais interclubes.

Quando surgiram para o futebol, em meados da década de 1980, Muller e Silas eram como gêmeos. Em campo, faziam tabelas e gols que maravilhavam a torcida. Fora dele, como bons evangélicos e "Atletas de Cristo", uniam-se para rezar e ler a Bíblia (foto acima). Depois de disputarem o Brasileirão pelo São Paulo como titulares, no início de 1985, foram convocados para a seleção brasileira sub 20 que venceu o Mundial da categoria na extinta União Soviética. O melhor jogador da competição foi Silas. Em seguida, ele e Muller levantariam outro caneco: o de campeão paulista pelo São Paulo. Era o primeiro título do time formado pelo técnico Cilinho, que conquistaria mais tarde, com a célebre linha de ataque Muller, Silas, Pita, Sidney e Careca (foto abaixo), o Campeonato Brasileiro de 1986 (tendo Pepe como técnico). Os dois companheiros, com 20 anos de idade, ainda disputaram a Copa do México pela seleção principal, que foi eliminada pela França nas quartas-de-final. Estavam os dois em campo naquela derrota por pênaltis (Silas substituiu Júnior e Muller deu lugar a Zico).


Os dois amigos ainda conquistariam, juntos, o Paulistão de 1987. A partir do ano seguinte, seus destinos se afastariam. Silas foi vendido primeiro, para o Sporting de Portugal. Muller foi logo depois, para o italiano Torino. Só se reencontrariam em 1990, na Copa da Itália, onde o Brasil fracassou novamente, dessa vez nas oitavas-de-final, diante da Argentina. Mais uma vez, ambos estavam em campo na fatídica derrota (Muller os 90 minutos e Silas entrou no lugar de Alemão). Então, os destinos bifurcaram. Silas seguiu carreira errática, pulando do Sporting para o Central Español, do Uruguai, e depois Cesena e Sampdoria, na Itália. Em 1992, voltou ao nosso país, onde venceu uma Copa do Brasil com o Internacional-RS. Depois foi pro Vasco (campeão carioca com Dener e Jardel em 1994), Kashiwa Reysol, San Lorenzo (na Argentina, onde foi ídolo), voltou ao São Paulo e passou sem destaque, até o final da carreira, em 2004, por Kyoto Sanga, Atlético-PR, Rio Branco-SP, Ituano, América-MG, Portuguesa e Inter de Limeira.

Já a trajetória de Muller é mais conhecida. Retornou ao São Paulo em 1991 e foi um dos líderes do extraordinário time montado por Telê Santana. Ganhou dois mundiais interclubes e duas Libertadores (em 1992 e 1993), uma Supercopa (1993), duas Recopas (1993 e 1994), um Brasileirão (1991) e dois Paulistas (1991 e 1992). Disputou a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994, e foi campeão como reserva. No ano seguinte, passou rapidamente pelo Kashiwa Reysol e desembarcou no timaço do Palmeiras de 1996, o dos 100 gols. Depois de nova passagem pelo São Paulo, foi para o italiano Perugia e voltou em 1997 para jogar pelo Santos. Mas foi no Cruzeiro onde brilhou pela última vez, conquistando a Copa do Brasil de 2000 e a Copa Sul-Minas de 2001. Isso valeu um contrato para uma passagem apagada no Corinthias, e depois ainda jogou pelo São Caetano, Tupi-MG, Portuguesa e Ipatinga, até se aposentar, em 2004 - curiosamente, no mesmo ano em que Silas parou.

Nos últimos seis anos, ocorreu a inversão no sucesso dos dois ex-companheiros. Rico, mas não milionário, Silas virou um modesto empresário em Campinas (SP), trabalhando com uma franquia de pastéis. Foi quando decidiu tentar a carreira como treinador de futebol. Para isso, começou humildemente como auxiliar do técnico e amigo Zetti nos times do Paraná, Atlético-MG e Fortaleza. E foi neste último que, em 2007, Silas teve sua primeira chance como técnico de fato, após a demissão de Zetti. Depois, foi para o Avaí (para onde retornou, atualmente), Grêmio e Flamengo. Já Muller, milionário quando abandonou a carreira de jogador, virou comentarista esportivo, no porgama "Apito final", da TV Bandeirantes, e também na SporTV. Foi aí que aceitou uma proposta do Santo André para ser diretor-executivo e responsável pelas categorias de base e do futebol profissional. Sem sucesso. Por isso, também tentou a carreira como técnico, primeiro no Grêmio Maringá-PR, depois no Sinop-MT e, por último, no Imbituba-SC. Só fracassos.

E foi assim que os dois se encontraram pela última vez, em março, na goleada do Avaí sobre o Imbituba. Nesse meio tempo, Muller perdeu quase tudo o que tinha e, agora, tenta se reerguer em nova chance como comentarista na SporTV, que o recontratou. Enquanto Silas se consolida como treinador, só nos resta imaginar onde e quando os destinos dos dois craques e companheiros irão se cruzar novamente. Tomara que, como nos tempos de "Menudos" sãopaulinos, ainda possam dar mais alegrias a todos os que os admiram e torcem pelo futebol brasileiro.

Brasileirão do fim do mundo: futebol e arrebatamento

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É dia 21 de maio de 2011. Dois eventos da maior importância estão agendados e mudam muita coisa.

De um lado, começa o Campeonato Brasileiro de Futebol. Vencida no ano passado pelo Fluminense, a competição repete a fórmula em que 20 clubes na série A brigam pela taça. Papada pelo Coritiba, o implacável, a disputa dá um bis com outros 20 times na série B almejando a ascensão. Na primeirona, batalha-se por três ou quatro vagas na Libertadores, a depender de quem for bem na Copa Sul-Americana, e foge-se de quatro postos de queda. Na segundona, ambicionam-se quatro cadeiras no ascensor. É a competição mais longa da temporada para todos os times envolvidos. O ano não será o mesmo para os apreciadores do ludopédio.

Foto: ChristReturns2011/Wikipedia

O mesmo dia marca o Arrebatamento, também conhecido como Dia do Julgamento, Juízo Final, a volta do Messias, Fim do Mundo como Nós o Conhecemos, entre outros. Segundo uma organização cristã, que opera fora e independentemente de igrejas, o dia 21 de maio está apontado por cálculos baseados na Bíblia. Consideram-se 7 mil anos depois do dilúvio – aquele protagonizado por Noé e sua arca nos idos de 4.900 a.C., lembra? – para vaticinar que o mundo começa a acabar por agora. O mundo não será o mesmo para ninguém. A versão é de Harold Camping (foto), da Family Radio de Oakland, Califórnia – que alimenta a esperança de Deus apaziguar sua ira e perdoar mais gente do que o previsto, embora a "Bíblia Sagrada, lamentavelmente, nos revelar que somente uma pequena porcentagem atual de pessoas se arrependerá".

Tem gente que não vai pensar em outra coisa depois que começar a rolar a bola.

Outras pessoas nem tem ido mais trabalhar até ter certeza do que vai acontecer.

O Brasileirão será transmitido pela Rede Globo inclusive em 2012, embora o leilão dos direitos de transmissão realizado pelo Clube dos 13 tenha sido vencido pela Rede TV! em março. Para este ano, o contrato anterior já valia e continuou tudo dominado para o ano que vem. Não foi desta vez que a turbulência deu resultado para mudar alguma coisa no cenário de quem transmite os jogos.

Já o arrebatamento deve ocupar as telas de TV de todo o mundo. Ao que consta, não há direitos de transmissão negociados até o momento. Os eventos de 21 de maio coincidem com o fim da "grande tribulação", caracterizada pela ausência de Deus, Ele mesmo, nas igrejas pelo mundo (alguém vai dizer que percebeu a diferença no longínquo 1988?). Segundo alguns, o dia marca a decisão do Todo-Poderoso de fechar a porta de entrada no céu.

Foto: Divulgação Fluminense/Lancenet
A bola do Brasileirão

Mas há controvérsias. No último ano, depois de muito tempo, aumentaram as vozes manifestadamente contrárias à fórmula dos pontos corridos. Foi nessa onda que andou o que parecia ser uma rebelião contra a emissora de TV mais poderosa do país, que terminou por se mostrar pouco mais do que um biquinho.

O fato é que cara feia não vai resolver na fila de espera para tentar uma vaguinha no Céu. É difícil crer que a equipe da portaria paradisíaca vai ser tão eficiente a ponto de evitar longos períodos de aguardo. E essa possibilidade ganha força em uma versão divergente sobre o arrebatamento que consta em um panfleto que recebi há dois anos, enquanto caminhava (sóbrio) pelas ruas do centro de São Paulo, guardada com afinco desde então.

São 19 jogos no primeiro turno e 19 no segundo (tabela oficial aqui). Para valer mesmo, a coisa só começa a pegar lá por agosto, na segunda metade. E, na última rodada de cada turno, vai ter clássicos regionais em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre, para evitar corpo mole para prejudicar rivais – a turma teria é que suar para prejudicar os rivais locais.

A coisa só pegaria, em termos de fim dos tempos, bem depois também, segundo registra a filipeta citada. O "fim do mundo" mesmo, o fim dos tempos-arte, o ponto final-moleque, viria apenas em cinco meses, em 21 de outubro. A tese é que este sábado marca o início daquilo que pode ser entendido como uma grande "triagem" (termos meus) para ver quem vai e quem fica para o paraíso e para o inferno. Um monte de mortos levantariam para encarar o processo seletivo, que tem tudo para ser demoradíssimo. Com isso, por mais onipotente que sejam as forças celestes (não confundir com a força da Celeste), tudo acabaria apenas depois – cinco meses de espera com altas chances de terminar no inferno é muito, mas muito pior do que fila de cerveja sem álcool em estádio de futebol.

É bem verdade que o primeiro semestre acabou precocemente para vários dos times considerados grandes. Corinthians, Fluminense, Cruzeiro, Internacional-RS e Grêmio foram desclassificados nas oitavas de final ou antes da Libertadores da América. Palmeiras e Flamengo caíram nas quartas da Copa do Brasil. Tudo bem, tudo bem, não foi nenhum fim do mundo. O pessoal se tocou que é preciso jogar bola para as camisas continuarem a ter peso, mas é só colocar a cabeça no lugar e analisar onde o planejamento da temporada estava errado.

Foto: Divulgação
Equívoco mesmo teriam cometido os maias, caso o fim do mundo venha este ano mesmo. Aquela história de que o calendário daquele povo pré-colombiano estaria calculado apenas até 2012, o que motivou até filme (foto) e muita superstição de que tudo se acabaria no ano que vem. E isso previsto por um tipo de "Nostradamus selvagem", puro e livre de contaminações sei lá de que ordem. Bom, vai ver que eles perceberam que a data era 2011, mas algum astrólogo ponderou junto a seu aprendiz (estagiário da época): "Vamos esticar mais uns meses, porque você deve ter errado nas contas".

Esperar por sete ou por cinco meses. Para conhecer o próximo clube a levantar o caneco do brasileiro, ou onde você vai passar a eternidade. Alguém pode dizer que tem muito jogo do campeonato nacional que é quase o inferno na terra. Mas esperemos. Quem viver, verá.

Santos 1 X 1 Once Caldas - Neymar, o médico e o monstro

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Ontem, mais uma vez, Neymar foi o nome do jogo. Não o “nome do jogo” no sentido de que tenha arrebentado e jogado muito, ainda que tenha, sim, jogado bem. Mas tal qual o Dr. Jekyll e Mr Hyde, o médico e o monstro de Louis Stevenson, Neymar foi protagonista, para o bem e para o mal, de praticamente todos os momentos cruciais da partida.

Antes da mais nada, aqui não se usa o termo “monstro” tal qual o errático Renê Simões quis atribuir ao jogador. Aliás, curioso que ele veja tanta venalidade em Neymar e em Jobson veja a “pureza da alma de um Garrincha” (não sei também o que ele entende por “pureza”). No caso dos 90 minutos de ontem, o craque alvinegro começou fazendo aquilo que ele sabe como poucos: finalizou com precisão, sem tomar distância da bola, e, de fora da área, fez um bonito gol contra o Once Caldas. Ali, aos 11 minutos, a equipe já ampliava a vantagem conseguida no jogo anterior, quando venceu os colombianos por 1 a 0 em Manizales. E continuou pressionando.

O Once Caldas não ameaçava e a impressão era que só mesmo um lance fortuito como o do gol de Morais na final do Paulista poderia vazar Rafael. E aconteceu. Após uma troca de passes de Arouca e Neymar no meio de campo, o Once recupera a bola, Adriano quase rouba de Rentería, mas ele segue, sofrendo uma falta mais que desnecessária de Neymar na beirada do campo. Aquele tipo lance pra mostrar à torcida um “algo a mais”, já que o menino nem deveria estar ali.

Na cobrança de falta, a bola desvia, toca em Edu Dracena (ô, abençoado) e sobra limpa para Rentería. Que estaria impedido se não fosse Pará, substituto de Alan Patrick, o contundido da vez na equipe que tem uma baixa por peleja, ao menos, em sua sequência de decisões. Aos 30, empate.

O gol abalou um pouco a equipe e a torcida, claro, mas os colombianos são bons mesmo é no contra-ataque, não é à toa que todas suas vitórias na Libertadores foram fora de casa. E o Alvinegro não deu essa oportunidade limpa em nenhum momento. Tanto que, precisando da vitória, o time visitante finalizou meras seis vezes, levando pouco perigo ao gol peixeiro.

Claro que é fácil falar agora, mas o torcedor sabe que o tal “lance fortuito” pode acontecer mais de uma vez durante um jogo. E esperava pelo segundo gol alvinegro para se tranquilizar. Na segunda etapa, o Santos veio ainda mais determinado a marcar, mas a bola teimava em não entrar. Principalmente quando chegava aos pés de Zé Eduardo, que perdeu uma chance cara a cara de forma tosca, e depois disso ainda atrapalhou outras jogadas ofensivas do time. Saiu e deu lugar a Keirrison, que pelo menos prendeu um pouco mais a bola na frente. Não merecia uma chance não, Muricy?


Tensão e finalmente o santista viu a luz. Neymar dá um drible dentro da área que dá outro sentido à palavra “desconcertante”, e é derrubado por Nuñez. Ele, que ao contrário do que se disse nas transmissões, éo cobrador oficial de pênaltis do Santos chuta... e erra. Sem cavadinha, "sério" do jeito que um monte de jornalista esportivo gosta.

O fato é que a fatura poderia ter sido liquidade e não foi. E um pênalti desperdiçado nesse contexto joga o time e a torcida pra baixo, dando novo alento ao adversário. Mas, novamente, a defesa impediu qualquer lance agudo dos colombianos. Vitória justa de quem procurou mais e jogou melhor nos jogos de ida e de volta. Agora, a maioria dos titulares deve ter um descanso, já que os reservas (e reservas dos reservas) devem encarar a estreia do Santos no Brasileiro, contra o Internacional, sábado, na Vila Belmiro. E o clube aguarda o vencedor de Cerro Porteño e Jaguares para disputar a sua terceira semifinal de Libertadores no século 21. Mais uma pedreira.

Que venha o próximo teste para cardíacos!

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LUIZ GALLO
Enviado especial do Futepoca

Uma hora antes do jogo que colocou o Santos nas semifinais da Libertadores, o Pacaembu nem parecia ser o palco escolhido para receber o bicampeão paulista. A noite estava fria e a torcida, talvez ainda sob o efeito da ressaca de domingo, parecia ter escolhido ver o jogo pela televisão. Apenas parecia, porque assim que o juiz, um chileno ruim de apito, deu início à partida, o estádio, como em um passe de mágica, ficou praticamente lotado.

De ressaca mesmo estava o time. Parece que a festa pela conquista do Paulistão havia contaminado o esquadrão peixeiro, Mesmo assim, em menos de 15 minutos o Santos já comandava o placar e só não aumentou porque o “estilo Muricy”, o de tornar o time compacto, até por conta do cansaço da maratona de decisões, fez com que não explorasse o ataque como deveria.

Depois do susto pelo empate do Once Caldas - um time que não é brilhante, mas é “encardido” - e pela perda de mais um jogador por contusão (desta vez Alain Patrick), o Santos passou a jogar com 12, tamanha foi a força vinda da arquibancada. Nem mesmo o “caminhão” de gols perdidos no segundo tempo e a ameaça de ver o time colombiano tirar a vantagem santista a qualquer momento foram suficientes para aplacar os ânimos da galera santista. Irritação, mesmo, só com o Zé Eduardo, que conseguiu a façanha de perder, pelo menos, dois gols. Destes que até o perna-de-pau do time da rua de baixo faria, sem qualquer constrangimento. A torcida queria matá-lo, literalmente.

O contrário acontece com o decisivo Neymar. Por causa do histórico de pênaltis perdidos, eu nem queria olhar a cobrança. E não deu outra. Mas a torcida o apoia sempre. Ele tem muito crédito.

Que venha a próxima vítima, mas com menos sufoco! Afinal, chegar às finais da Libertadores é muito bom, mas não deixa de ser um excelente teste para cardíacos...



Luiz Gallo é paranaense, jornalista e santista de três gerações - ou quatro, considerando o jovem torcedor Giovanni, seu filho, de 9 anos. Tudo começou com o avô de Luiz, Pedro, que serviu o Exército na Baixada Santista - muito antes da "Era Pelé" - e iniciou a família na torcida. Um dia, quando Luiz tinha 6 ou 7 anos, o Santos enfiou seis gols na Ferroviária de Araraquara e seu pai, Ângelo, exclamou: "Isso que é time!". E o menino tornou-se um santista devoto.

Motivo justo

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quarta-feira, maio 18, 2011

Trocadalho passível de cartão vermelho direto

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Tem trocadalho que é tão ruim, mas tão ruim, que merece registro:

"Do jeito que o Corinthians tá tremendo na hora de decidir, é melhor mudar o nome do estádio pra Parkinson Jorge..."

(Postado por algum doente no Facebook)

terça-feira, maio 17, 2011

Cachaça foi estopim da Revolta da Chibata

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Lendo "João Cândido, o Almirante Negro", de Alcy Cheuiche (Editora L&PM, 2010), reparei em um detalhe pouco conhecido da Revolta da Chibata, conflito desencadeado em novembro de 1910, quando marinheiros tomaram os dois maiores e mais potentes navios da Marinha brasileira, exigindo a extinção dos castigos com chicotadas na corporação - sob pena de arrasarem o Rio de Janeiro, então capital do país, a tiros de canhão. O segundo capítulo do livro conta que o marujo baiano Marcelino Rodrigues Menezes (foto) foi flagrado tentando embarcar com duas garrafas de cachaça no navio "Minas Gerais". Acuado, agrediu levemente, com uma navalha, o cabo Valdemar, que o havia surpreendido. Na hora, foi preso e amarrado a uma argola de ferro.

No dia 21 de novembro, centenas de marinheiros foram perfilados na embarcação para presenciar o castigo físico de Marcelino. O hábito era dar 25 chibatadas com um relho feito de linho, que era encharcado na água e, depois, cravado com inúmeras agulhas de aço. Assim, quando a chibata atingia a pele do marinheiro, grudava as agulhas e, ao sair, arrancava carne. Mas o carrasco não parou no 25º açoite. Nem no centésimo. João Cândido Felisberto (foto), marinheiro gaúcho que lideraria a revolta, deixou registrado: "Aqui neste convés, o nosso colega Marcelino recebeu 250 chibatadas, e nós fomos obrigados a assistir a esse espetáculo degradante. O baiano ainda se encontra recolhido ao seu beliche, com muitas dores e febres". No dia seguinte, os marinheiros rendereram os oficiais, mataram alguns, tomaram o navio - com o apoio de outro navio idêntico, o "São Paulo" - e exigiram do presidente da República, Hermes da Fonseca, o fim dos castigos físicos.

O mestre-sala dos mares
Os marinheiros foram atendidos e terminaram a revolta, sendo todos anistiados. Porém, depois de um outro motim de fuzileiros navais no quartel da Ilha das Cobras, no início de dezembro (que nada tinha a ver com os motivos da Revolta da Chibata), o governo federal aproveitou para decretar estado de sítio e prender centenas de oficiais, arbitrariamente. Entre eles, João Cândido, que não tinha nada a ver com essa rebelião, mas acabou expulso da Marinha. Em uma masmorra na Ilha Grande, 16 de seus 17 companheiros de cela morreram asfixiados com cal. Cândido sobreviveu, mas com alucinações que o levaram, em 1911, a um manicômio. Voltaria à prisão da Ilha das Cobras e seria solto definitivamente em 1912. Viveu em grande dificuldade (foto) até sua morte, aos 89 anos, em 1969.

Apesar disso, sua memória chegou a ser resgatada em vida, em 1959, com o lançamento do célebre livro "A Revolta da Chibata", de Edmar Morel - jornalista cearense que, por causa disso, seria duramente perseguido pela Marinha nacional, perdendo seus direitos políticos em 1964 e sendo exonerado do cargo público que havia conquistado em concurso. Na década de 1970, João Cândido seria imortalizado pelos compositores João Bosco e Aldir Blanc no samba "O mestre-sala dos mares", magistralmente gravado por Elis Regina. E os versos não esqueceram de glorificar a cachaça, que gerou o castigo de Marcelino Menezes, o último marinheiro brasileiro que sofreu com a chibata, motivo da revolta de 1910:

O MESTRE-SALA DOS MARES
(Aldir Blanc/ João Bosco)

Há muito tempo, nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a História não esqueceu
Conhecido como o Navegante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E, ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então:

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa História não esquecemos jamais

Salve o Navegante Negro que tem por monumento
As pedras pisadas do cais - mas salve
Salve o Navegante Negro que tem por monumento
as pedras pisadas do cais - mas faz muito tempo...

PT vence com Marta ou Mercadante; perde com Haddad

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A 17 meses das eleições para prefeito em São Paulo, as especulações - e pesquisas - já começam a agitar os bastidores. A pedido do jornal Diário de S.Paulo, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) ouviu 2 mil pessoas maiores de 16 anos e moradores da Capital, por telefone, entre os dias 11 e 12 de maio (com margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos). Em três cenários distintos, mas sempre com José Aníbal como candidato pelo PSDB, o PT aparece como líder nas intenções em dois deles, um com a senadora Marta Suplicy e outro com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Na terceira hipótese, o ministro da Educação, Fernando Haddad, perde para Aníbal.

Curioso é que, nos dois primeiros cenários, com Marta ou Mercadante disputando pelo PT (e liderando), o segundo colocado é o atual vereador Netinho de Paula (PCdoB), à frente de José Aníbal, que aparece em terceiro nas duas situações. E na terceira hipótese, em que Fernando Haddad é o candidato petista, Netinho aparece como líder nas intenções de voto, com Aníbal em segundo. Outros possíveis candidatos apresentados pela pesquisa Ipespe foram Guilherme Afif Domingos (possivelmente pelo futuro PSD) e Gabriel Chalita (PMDB). Não sei o motivo, mas Afif não foi apresentado no segundo cenário. Vamos aos resultados das três hipóteses de disputa pesquisadas:

CENÁRIO 1
1º - Marta Suplicy (PT) - 50%
2º - Netinho de Paula (PCdoB) - 13%
3º - José Aníbal (PSDB) - 7%
4º - Guilherme Afif Domingos (PSD) - 6%
5º - Gabriel Chalita (PMDB) - 5%
Nenhum desses - 16%
Não sabe/ não respondeu - 5%

CENÁRIO 2
1º - Aloizio Mercadante (PT) - 37%
2º - Netinho de Paula (PCdoB) - 16%
3º - José Aníbal (PSDB) - 8%
4º - Gabriel Chalita (PMDB) - 5%
Nenhum desses - 24%
Não sabe/ não respondeu - 9%

CENÁRIO 3
1º - Netinho de Paula (PCdoB) - 24%
2º - José Aníbal (PSDB) - 15%
3º - Gabriel Chalita (PMDB) - 9%
4º - Guilherme Afif Domingos (PSD) - 8%
5º - Fernando Haddad (PT) - 2%
Nenhum desses - 24%
Não sabe/ não respondeu - 9%

Santos teve aumento de 66% na arrecadação em 2010

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Materinha do site Terra traz um levantamento realizado pela área de Total Sport da consultoria BDO RCS (e publicado pelo site Futebol Finance), sobre a arrecadação dos principais clubes brasileiros. O dado mais relevante foi o crescimento de 66% da arrecadação do Santos Futebol Clube, entre 2009 e 2010: de R$ 70 milhões para R$ 116,5 milhões. Prova de que o sucesso do time não se deve exclusivamente ao excelente elenco, aos craques revelados e aos títulos conquistados, mas também ao ótimo trabalho da diretoria, liderada pelo presidente Luis Alvaro Ribeiro (foto).

O levantamento mostra ainda que, com R$ 212,6 milhões arrecadados em 2010, o Corinthians foi o clube que mais lucrou no futebol brasileiro. Depois veio o Internacional-RS, que faturou o título da Copa Libertadores e aumentou seu quadro de sócios para mais de 100 mil no ano passado, obtendo uma arrecadação de R$ 200,798 milhões. Completaram o grupo dos cinco primeiros o São Paulo (R$ 195,715 milhões), o Palmeiras (R$ 148.289 milhões) e o Flamengo (R$ 128.558 milhões). Vejam o ranking completo dos clubes pesquisados:

1) Corinthians - R$ 212,6 milhões
2) Internacional - R$ 200,7 milhões
3) São Paulo - R$ 195,7 milhões
4) Palmeiras - R$ 148,2 milhões
5) Flamengo - R$ 128,5 milhões
6) Santos - R$ 116,5 milhões
7) Grêmio - R$ 113,6 milhões
8) Cruzeiro - R$ 101,3 milhões
9) Atlético-MG - R$ 93,2 milhões
10) Vasco da Gama - R$ 83,5 milhões
11) Fluminense - R$ 76,8 milhões
12) Atlético-PR - R$ 67,7 milhões
13) Botafogo - R$ 52,6 milhões
14) Vitória - R$ 42,1 milhões
15) Avaí - R$ 31,9 milhões
16) Coritiba - R$ 30,6 milhões
17) Goiás - R$ 30,3 milhões
18) Portuguesa - R$ 24,6 milhões
19) Guarani - R$ 22,9 milhões
20) Bahia - R$ 20,5 milhões
21) São Caetano - R$ 19,1 milhões
22) Ponte Preta - R$ 19,0 milhões
23) Grêmio Prudente - R$ 17,5 milhões
24) Figueirense - R$ 16,8 milhões
25) Paraná Clube - R$ 14,5 milhões

Sem dinheiro, Juvenal Juvêncio cria caos no São Paulo

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Tá tudo errado. Mas muito errado! Depois de Rivaldo dizer que foi humilhado por Paulo César Carpegiani, por não ter entrado no jogo contra o Avaí, e de o técnico ter insinuado que o veterano jogador não tem caráter, o presidente do clube, Juvenal Juvêncio, afirmou com todas as letras que era impossível os dois profissionais prosseguirem trabalhando juntos. E o que aconteceu na sequência? O treinador se isolou com a família em um balneário de Santa Catarina e avisou que, se fosse demitido, ia cobrar R$ 1 milhão referentes aos salários até o fim do ano, como manda seu contrato. Paralelo a isso, Cuca garantiu que não sairá do comando do Cruzeiro e a multa para tirar Dorival Júnior do Atlético-MG é proibitiva. Sem dinheiro e opções de treinadores no mercado, o que faz Juvenal, o "gênio"? Convoca Rivaldo e Carpegiani para "fazer as pazes" (só pra inglês ver, ou melhor, a imprensa ver, pois não há possibilidade de reconciliação). E o resultado é: elenco rachado, técnico desmoralizado e sem autoridade, atletas insatisfeitos e torcida em fúria, protestando e danificando automóveis na porta do Centro de Treinamento. Parabéns, Juvenal Juvêncio!

O mais impressionante, além da burrice e incompetência de Juvêncio, é a arrogância de Rivaldo (tradução do poder que tem dentro do clube), que disse não ter feito nada de errado, e a pusilanimidade de Carpegiani, que afirmou não se sentir ofendido com a entrevista do jogador/cartola, para quem ainda pediu desculpas (!). Tudo errado, absolutamente errado. As cenas dos próximos capítulos? Rivaldo será escalado "goela abaixo"; o time, que estava quase consolidando um esboço de padrão tático, voltará à estaca zero das indefinições (e ingerências da diretoria); os jogadores preteridos ou insatisfeitos vão aproveitar todas as oportunidades para esculachar o técnico, pois, mirando o exemplo de Rivaldo, já viram que não serão punidos; e Carpegiani vai se equilibrar na corda bamba do "não saio, daqui ninguém me tira", pressionado pela maior parte da torcida e dos diretores do clube e, principalmente, pela "dupla dinâmica" Juvenal/Rivaldo, até que uma derrota mais vexaminosa o obrigue a pedir demissão e/ou ser demitido de fato - pois trata-se de um demitido-tampão.

Diante deste cenário caótico criado pela presidência do São Paulo, ainda é preciso fazer algum prognóstico sobre o destino do time no resto da temporada? Se TUDO DER CERTO, não cairemos para a série B...

segunda-feira, maio 16, 2011

No campo dos sonhos, Santos se sagra bicampeão paulista

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Nelson Rodrigues dizia que uma torcida vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. Quem está no estádio, muitas vezes acredita piamente nisso, mas nem sempre é possível estar junto do time do coração. Aí, outros fatores entram no jogo.

O futebol tem o dom de fazer do ateu um agnóstico, e do agnóstico, muitas vezes um fundamentalista. Cada um desenvolve seus rituais como uma forma de pensar que está auxiliando os defensores da sua fé que entram em campo. No meu caso, gosto de pensar em coincidências, relembrando histórias, pessoais ou não, de confrontos e campeonatos.

Nem sempre, porém, tais coincidências foram positivas. Lembro, nas semifinais do Paulista de 2001 contra esse mesmo Corinthians de ontem, que o Santos levava vantagem até os 48 minutos do segundo tempo, quando Ricardinho fez o gol que eliminou o Peixe. Ali, antes do fatídico lance, achava que o clube sairia da fila – àquela altura, de 16 anos sem títulos – contra a Ponte Preta, como aconteceu com o Corinthians em 1977 e, mais tarde, com o Palmeiras, em 2008. Mas o Botafogo se classificava na partida que era simultânea ao clássico e a partir dali eu já esperava pelo pior, que veio no fim do jogo. Não, o Peixe não poderia sair da fila contra o Botafogo... Da mesma forma, tive a certeza (de torcedor, claro) de que o Peixe seria bem sucedido em 2002, já que sair da fila em cima do histórico rival, em um campeonato brasileiro, fazia mais sentido (de novo, em uma lógica de torcedor, claro).

Nesse aspecto, a final entre Santos e Corinthians me deixou inquieto durante parte da semana. Acreditava no potencial da equipe, mas o cansaço de idas e vindas nas últimas duas semanas e a sequência de decisões também causava algum temor pelo resultado. E faltavam as coincidências, alguma elaboração histórica para se agarrar e ter a certeza da vitória.


Esta só surgiu na manhã de domingo. Ao ler a Folha de S. Paulo, lá estava o texto sempre brilhante de José Roberto Torero, que desvendava o motivo pelo qual eu deveria estar certo da vitória peixeira. Há 50 anos, desde 1961, ano mágico para o Santos, o clube não decidia um campeonato na Vila Belmiro. Sim, houve o Paulista de 2006, mas eram pontos corridos (de um turno só, pérola da FPF) e o jogo final foi contra uma equipe que não disputava o título, a Lusa. Desde então, o Peixe levantou taças em inúmeros estádios: Pacaembu, Morumbi, Maracanã, Estádio da Luz etc etc etc. Mas nunca na Vila mais famosa.

E é claro, uma efeméride dessas não ia ser celebrada com derrota. Os atletas do Santos que entraram no campo dos sonhos do futebol não iam cometer esse desatino contra a Vila de tantos craques. E aos 16 minutos veio o primeiro gol. Que foi também o primeiro tento de Arouca no clube, na sua 66a partida pelo Alvinegro. Na primeira etapa, o volante, que já merecia há algum tempo uma chance na seleção, ainda meteu uma bola na trave. Neymar perdeu um gol cara a cara com Júlio César e deixou Alan Patrick também em excelentes condições para marcar, mas a finalização foi pra fora. O rival pouco chegou, finalizou somente duas vezes e teve uma oportunidade só em uma bola alçada na área.

Obviamente, o Corinthians viria pra cima no segundo tempo. E veio. Tite fez a óbvia substituição de Dentinho por Willian e partiu para o abafa. E a chance mais clara do clube da capital veio com um chute dele, aos 14, que resultou em um rebote perigoso de Rafael. O Santos resistia à pressão sem permitir que o Corinthians criasse, a zaga estava segura, especialmente Durval, com uma atuação sublime para um zagueiro. Mas não encaixava contra-ataques, já que Alan Patrick não conseguia nem armar os contra-ataques, nem segurar a bola no ataque. Zé Eduardo fez uma partida acima da sua média, além da assistência para o gol de Arouca, conseguiu se movimentar bem, mas também não mantinha a bola na frente. As esperanças se depositavam em Neymar. E ele correspondeu.

Uma arrancada pelo lado esquerdo e um chute surpreendente, mas sem muita força. A bola escorregadia traiu Júlio César, que aceitou, aos 38. O título que parecia decidido àquela altura voltou a estar em disputa, quando, aos 41, Rafael também falhou após um cruzamento de Morais tocar o chão e ir para o gol. Mas o time paulistano não conseguiu criar mais nada e o Santos assegurou o bicampeonato. Aliás, o clube tornou-se o que tem mais bicampeonatos na história da competição: 55/56, 60/61 (depois tri), 64/65, 67/68 (também seria tri), 2006/2007 e 2010/2011. E é também o maior vencedor do Paulista no século XXI, com quatro títulos, um a mais que o atual vice, Corinthians.

E, 50 anos depois, a Vila viu o Santos decidir um título. Certamente, sorriu.

'Maldição do centenário' faz mais uma vítima

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Quando o Corinthians foi eliminado da Copa Libertadores pelo Flamengo, há um ano, o atacante Ronaldo Nazário, hoje aposentado, garantiu para a torcida que ainda havia tempo para conquistar um título que marcasse o centenário do clube: "Uma coisa importante é que o centenário do Corinthians só termina em setembro de 2011. Temos um ano para comemorar". Daí, o time perdeu o Brasileirão, por pontos corridos, nas últimas rodadas, e capitulou novamente na Libertadores deste ano (na verdade, na fase pré-classificatória), contra o "todo poderoso" Tolima. Ontem, ao perder o Paulistão para o Santos, o alvinegro paulistano confirmou que o período de festejos por seus 100 anos ficará, mesmo, em brancas nuvens, sem título algum. Ou seja, não sobreviveu à chamada "maldição do centenário", recém-batizada como "100 ter nada". A mesma que vitimou Flamengo (em 1995), Ponte Preta (2000), Grêmio (2003), Botafogo (2004), Sport (2005), Atlético-MG (2008), Coritiba (2009) e Guarani (2011).

Se bem que, se considerarmos a "teoria" de Ronaldo Nazário, o Guarani tem até março do ano que vem para tentar alguma coisa, o Flamengo venceu o Carioca de 1996, ainda no "prazo" do centenário, bem como o Sport de Recife conquistou o título pernambucano de 2006 e o Coritiba foi campeão paranaense em 2010. Entre os que escaparam da "maldição" estão o Vasco (campeão da Libertadores em 1998), Vitória (campeão baiano e da Copa Nordeste em 1999), Náutico (campeão pernambucano em 2001), Fluminense (campeão carioca de 2002) e Internacional (campeão gaúcho em 2009), entre outros que devo estar esquecendo. Os próximos a enfrentarem a pressão por títulos no ano do centenário serão: Santos e América-MG (2012), Juventude (2013), Ceará, Palmeiras e Santa Cruz (2014) e Fortaleza (2018). Mais pra frente, Cruzeiro (2021), Atlético-PR (2024), Bahia (2031) e São Paulo (2035). Quem mais fracassará?

No churrascão da 'gente diferenciada'

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João Guilherme Lacerda
Enviado Especial do Futepoca

O Picolé de Chuchu peidou na farofa e decidiu manter a estação de metrô em Higienópolis, lugar de "gente diferenciada" na capital paulista. Mesmo assim, o churrascão marcado pela internet, como protesto aos preconceituosos habitantes do bairro, foi mantido para o sábado, 14 de maio, com ponto de encontro em frente a um shopping. Não dava para esperar as novas Diretas Já, a queda da Bastilha ou a praça Tahir paulistana. Mas cada cidade uma luta, cada momento histório uma batalha. A primeira imagem que vi pela internet eram de ciclistas levantando suas bicicletas em frente ao sofisticado centro de compras. Munido de uma bicicleta e meu cãozinho de madame, segui rumo à festa. Começou com queima de catraca, que não vi. Mas peguei o panfleto do Sindicato dos Metroviários e a nota de R$ 3,00 do Kassab.


Grande, pequena, profissional ou informal, toda a mídia estava por lá. Tornaram caçamba de entulho puleiro de fotógrafos e cada cartaz ganhou seu clique. Com a rua Higienópolis aberta para as pessoas, a festa popular tomou conta - para grande medo de algumas tradicionais senhoras da região, em estado de choque com a massa de pessoas que lotou de alegria uma rua rotineiramente cheia de automóveis. Uma certa São Paulo que tem tido muito medo de gente. Mais do que a polêmica sobre a estação do metrô, o protesto foi principalmente contra essa "doença" paulistana, cada vez mais perceptível, a "pobrefobia".


Misteriosamente, mesmo sem liderança, a massa seguiu para a frente de um supermercado na avenida Angélica, local da futura estação de metrô. Por lá, o que já era bonito de ver e participar tomou proporções ainda mais épicas. Ficou claro que era uma festa de frequentadores da rua Augusta e muitos outros paulistanos, de coração ou nascimento. Teve a adesão de ativistas do Movimento Passe Livre, sindicalistas, a juventude paulistana mais antenada. Mas fez falta a brigada revolucionária das mães com carrinhos de bebê. Felizmente, os passeadores de cachorro fizeram-se presentes.


Teve quem cuidasse do lixo, teve um mini-elétrico para música e discursos. Teve travesti que só queria aparecer e muita gente que queria só se divertir. Tudo terminou com um varal que cruzou a Angélica. Contra o esnobismo de uma elite retrógrada, a melhor resposta foi a alegria. Um Carnaval, regado a cervejas de marcas estrangeiras, somado a um verdadeiro churrasco popular brasileiro. É nóis! Porque a gente não vive em HIGIENópolis, mas também somos limpinhos!



João Guilherme Lacerda é carioca, jornalista, flamenguista (não necessariamente nesta ordem) e, apesar de não ser Robinho, pedala bastante. Ele se orgulha de ser um "pobre diferenciado", pois leva cachorro de madame pra passear.

domingo, maio 15, 2011

Cinco anos dos Crimes de Maio: 'obra' de Alckmin

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Há exatos cinco anos, uma série de ataques atribuídos a uma facção criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC) assolou o Estado de São Paulo, escancarando, para o Brasil e o mundo, a suprema incompetência, descontrole e omissão do governo do Estado mais rico da federação com a segurança pública. Pior do que isso: para responder aos ataques e tentar acalmar a população apavorada, o poder público paulista mandou sua Polícia Militar às regiões periféricas e mais pobres da capital para assassinar no mínimo 493 pessoas, A ESMO, sendo a imensa maioria delas, mais de 400 jovens, executados sumariamente - segundo o Movimento Mães de Maio (na foto, uma de suas inúmeras manifestações, com fotos dos mortos, sempre ignoradas pelo governo estadual).

Esse impressionante contingente de quatro centenas de pessoas pobres, negras e indefesas não tinha sequer passagens pela polícia, nem qualquer indício de envolvimento com crimes ou práticas ilegais. Morreram justamente porque eram pretos e pobres, assim como os 111 presos mortos pela mesma Polícia Militar paulista no vergonhoso massacre do presídio Carandiru, em 2 de outubro de 1992. Vale a pena reler a matéria que a Revista Fórum publicou sobre os Crimes de Maio de 2006 (a íntegra aqui).

Naquele início de 2006, até pouco antes dos ataques, o governador - e verdadeiro responsável pelo descaso com a segurança pública, o crescimento das organizações criminosas e o assassinato de quase 500 pessoas pelo poder público - era Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o cargo para disputar as eleições presidenciais - por isso, seu vice, Cláudio Lembo, era o governador especificamente no mês dos ataques (mas é óbvio que a situação ficou caótica sob o governo do titular da pasta, não do vice).

Alckmin é esse mesmo que passou a ocupar novamente, a partir de janeiro deste ano, o posto de governador. Exatamente por isso, cinco anos após a tragédia, o governo estadual tucano não mexe uma palha para investigar os crimes que praticou. Sempre que é abordado sobre os Crimes de Maio de 2006, Alckmin se acovarda e foge, como mostra esse vídeo aqui:



Nota-se que a coragem de questioná-lo partiu de uma equipe estrangeira, pois a chamada "grande imprensa" paulista e brasileira (que, de grande, só tem o poder econômico) continua dócil e inofensiva ao PSDB. Ninguém citou Alckmin nas matérias sobre os cinco anos dos ataques e dos assassinatos. Ninguém deu - e nem dará - nome aos bois, ou melhor, ao boi.

"Somos centenas de mães, familiares e amigos que tivemos nossos entes queridos assassinados covardemente e até hoje seguimos sem qualquer satisfação por parte do estado: os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da verdade dos fatos, sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado) sem qualquer proteção, indenização ou reparação. Um estado que ainda insiste em nos sequestrar também o sentimento de justiça", dizia texto divulgado pelo Movimento Mães de Maio em 2009.

Neste mês, um relatório apontou como causas principais dos ataques de maio de 2006 a corrupção policial contra membros do PCC, a falta de integração dos aparatos repressivos do estado e a transferência que uniu 765 chefes da facção criminosa, às vésperas do Dia das Mães de 2006, numa prisão de Presidente Venceslau (SP). Corrupção, falta de controle e decisões equivocadas. Esse deveria ser o verdadeiro slogan do PSDB paulista, em vez de "gestão, planejamento e eficiência", como gostam de alardear.

Federalização do caso
O estudo de quase 250 páginas foi produzido pela ONG de defesa de direitos humanos Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, dos Estados Unidos. Ao esmiuçar os 493 homicídios ocorridos no Estado de 12 a 20 de maio de 2006, o estudo viu "indícios da participação de policiais em 122 execuções", além de discrepância na elucidação desses casos em relação aos que vitimaram 43 agentes públicos. Por conta disso, propõe a federalização da investigação. Assim, talvez haja alguma esperança de Justiça para as mães e parentes das vítimas da Polícia Militar paulista.

Porém, o que mais preocupa é que a inoperância do governo estadual tucano continua. Em cinco anos, NADA mudou na caótica segurança público do estado, e todos sabem, veladamente, que quem comanda os presídios paulistas é o PCC. "Passados cinco anos, nossa pesquisa indica que não foram construídos mecanismos eficazes, consistentes de superação e de enfrentamento para essa situação", afirma Sandra Carvalho, diretora da Justiça Global. É preciso insistir neste assunto. Sempre.

sexta-feira, maio 13, 2011

Ilustríssimo senhor 'superior' Ed Motta: eu nunca digo nada disso 'nos bares' - nem em lugar algum!

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Aquele sobrinho mala do Tim Maia, digo, o músico, cantor e compositor Ed Motta (foto), resolveu incorporar publicamente, nesta sexta-feira 13, o espírito da "gente diferenciada" que não quer o metrô no bairro Higienópolis, em São Paulo. Por meio de sua página no Facebook, externou a seguinte declaração de princípios pessoais:

"[Estou] em Curitiba, lugar civilizado, graças a Deus. O Sul do Brasil, como é bom, tem dignidade isso aqui. Frutas vermelhas, clima frio, gente bonita. Sim porque ooo povo feio o brasileiro, (risos). Em avião, dá vontade chorar (risos). Mas chega no Sul ou SP gente bonita compondo o ambiance (risos)", escreveu.

Quando um internauta, indignado, recriminou seus comentários, Motta desceu ainda mais:

"Ô, xará, aprende comigo que é o máximo que você, mortal medíocre, pode fazer. Eu estou num plano superior, te respondi só porque tens o meu nome, mané. Essa porra é um lixo e eu tenho pena de ignorantes como você... Brasileiros... A cultura que eu vivo é a CULTURA superior. Melhor que a maioria, 'ya know' [sabe]?"

Quando a merda começou a repercutir freneticamente na internet, o "culto" e "superior" Ed Motta tentou se explicar:

"Reconheço que fiz comentários infelizes (...). Mas todas as pessoas fazem isso nos bares, em casa".

Ele deve estar falando dos bares e casas de Higienópolis, onde nós, que andamos de ônibus e metrô, não conseguimos a "dádiva divina" de frequentar...