Destaques

terça-feira, junho 16, 2009

Foi nos pênaltis, há dez anos. Palmeiras campeão da Libertadores de 1999

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Foi no dia 16 de junho de 1999, há dez anos.

No tempo regulamentar, foi 2 a 1. O Palmeiras havia saído na frente, com Evair aos 19, mas sofreu o empate cinco minutos depois, com Zapata, que bateria o pênalti decisivo para fora. Oséas marcou o segundo na etapa final, levando a decisão para os pênaltis. Na primeira partida, o Deportivo Cali havia vencido por 1 a 0. Nas cobranças alternadas, brilhou a trave e a sorte de Marcos, o Goleiro, e o Palmeiras conquistou a Taça Libertadores da América.

O treinador era Luís Felipe Scolari. Precisando vencer, o treinador mandou o veterano Evair a campo no lugar do lateral-direito Arce, uma das armas para cruzamentos desde os tempos de Grêmio do mesmo técnico. Evair fez o primeiro gol, mas foi expulso antes do final da partida. O meia Alex, um dos melhores do time e autor de dois dos três gols do jogo de volta nas semifinais contra o River Plate, foi substituído por Euller. Eram quatro atacantes em campo. Incrível lembrar que Zinho permaneceu em campo, tinha a confiança do técnico.

Tanta confiança que era de Zinho a responsabilidade de bater o primeiro pênalti, mas o consagrado atleta mandou no travessão. Depois, a tensão do torcedor só aumentaria a cada cobrança, até as duas últimas do Deportivo Cali: uma na trave e outra para fora. Marcos, que se consagraria definitivamente pela defesa do pênalti de Marcelinho Carioca no ano seguinte pela mesma competição, não teve tanto sucesso.

Mas tudo bem. O herói para a torcida estava no banco. Felipão montou um time menos virtuoso do que outros do período da co-gestão Palmeiras-Parmalat, mas era uma equipe aplicada, cheia de raça e com uma sorte genial.

O elenco era muitíssimo superior ao atual, um padrão fora da realidade brasileira. O risco que ele assumiu com as alterações é inacreditável. O que elas representaram em termos táticos – até o ponto da anulação do esquema tático, porque com quatro atacantes isso quase deixa de existir – explica porque tanto torcedor é saudoso do treinador.

O time
Cabe lembrar que Junior Baiano era o zagueiro central depois da fracassada empreitada brasileira na Copa do Mundo de 1998. César Sampaio e Rogério compunham a parte marcadora do meio de campo. O lateral-esquerdo Júnior despontava como valor e Roque Júnior completava o trio dos que têm o mesmo nome do pai naquele time. Arce pela direita também vivia um bom momento.

O meia Zinho, já veterano, havia deixado há muito o padrão "enceradeira" criticado na Copa de 1994, embora vital para o esquema de então. Sobre Alex, não é preciso escrever muito e, passada uma década, não houve um camisa 10 que lhe fizesse sombra nos domínios de Palestra Itália. Paulo Nunes e Oséas formavam uma dupla de ataque de respeito.

Entre os reservas, além de Evair e Euller, havia Rivarola em fim de carreira. E ilustres desconhecidos. Jackson, Rubens Júnior e Tiago Silva. Entre os consagrados antes e depois com a camisa alviverde, havia os goleiros Velloso e Sérgio, o zagueiro Cléber e o volante Galeano, titular absoluto na empreitada do ano seguinte.

História
Em 2007, o colombiano Fernando Rodríguez Mondragón concedeu uma entrevista em que declarava que o Cartel de Cali havia feito uma tentativa de suborno ao árbitro da partida, Ubaldo Aquino (Paraguai). A tentativa só teria fracassado por resistência de João Havelange. A principal falha na história era que tudo envolvia o América e não o Deportivo Cali. Pequenininha a brecha.

Na vida real, a trajetória do Palmeiras foi sensacional, incluiu vitórias sobre o Vasco, Corinthians (nos pênaltis), River Plate antes da partida final. No vídeo tem a trajetória contada em clima de videoclipe:


Outros vídeos
Palmeiras Campeão
Bastidores
A decisão por pênaltis
A final

Todo leitor palmeirense do Futepoca tem obrigação de brindar àquela conquista. E que ela inspire o Verdão na partida desta quarta-feira, 17, contra o Nacional do Uruguai.

O dia de Leopold Bloom - ou Nora Barnacle...

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Hoje comemora-se o Bloomsday aqui na Irlanda, em homenagem ao personagem literário Leopold Bloom, de James Joyce. É o único feriado em todo o mundo dedicado a um livro, com exceção da Bíblia. No classico "Ulisses", o escritor irlandes relata 16 horas da vida de Bloom no dia 16 de junho de 1904. A escolha de Joyce nao foi nada prosaica: nessa data, ele fez sexo pela primeira vez com sua futura companheira Nora Barnacle (a direita), uma virgem de 20 anos. Em uma carta escrita mais tarde, ele observou que Nora teve medo de chegar ao final e o masturbou "com os olhos de uma santa". Pode-se, portanto, apelidar esse feriado irlandes de Noraday ou Holyfingersday, algo do gênero...

Pelas ruas de Dublin, podemos ver hoje dezenas de pessoas, do mundo inteiro, vestidas com roupas do início do século passado (à esquerda). Varios eventos ocorrem o dia todo pela cidade, enquanto entusiastas, simpatizantes, turistas, desocupados e bêbados relembram os acontecimentos vividos pelos personagens em 19 ruas da capital irlandesa citadas em "Ulisses". Nao se sabe ao certo a origem desse feriado literário. Alguns apontam 1925, três anos após o lançamento do livro, outros dizem que foi na década de 1940, logo após a morte de James Joyce. Mas a hipótese mais aceita indica que foi em 1954, na data do quinquagésimo aniversário do dia retratado no livro.

Como nao poderia deixar de ser, um livro escrito por um irlandês e ambientado em Dublin não poderia excluir a manguaca. O capitulo 12 narra uma visita ao Barney Kiernan's Pub, célebre no início do século XX (foto abaixo). "- Come around to Barney Kiernan's, says Joe. I want to see the citizen." ("- Vamos até o pub Barney Kierna's, disse Joe. Eu quero ver o cidadão."). Se o bar ainda existisse, na rua Little Britain, e alguém me emprestasse 5 euros, bem que eu arriscava uma Guinness por lá...

segunda-feira, junho 15, 2009

Cerveja australiana na jarra e polonesa na garrafa

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Dando sequência a série que o camarada Anselmo batizou amigavelmente de ¨Eu e minhas cervejas¨, fui outro dia com dois amigos a um pub que vende a australiana Foster's em jarras de 2 litros, o que dá um pouco mais de três pints, o copo padrão dos pubs. Sai por 10 euros. Como o companheiro DeMarcelo já observou em um comentário, a Foster's é muito consumida aqui na Grã-Bretanha. Trata-se de uma cerveja clara mas encorpada, com gosto distinto de cereais e malte. Até perguntei mais detalhes para a garçonete piauiense Adriane, mas ela não sabia. No site da cerveja australiana consta que a versão lager possui 5% de teor alcoólico, mas parece que é a envasada em lata - e não sei se há diferença para a que é tirada no balcão do pub para onde nos dirigimos. Mas, enfim, foi uma boa escolha.

Assim como a polonesa Tyskies, que tomei em meu último dia no hostel Isaac´s, com direito a churrasco (barbecue ou BBK, como eles abreviam) de hamburguer, som ao vivo, gente do mundo inteiro e bagunça até mais de meia-noite. Conheci uma velhinha irlandesa bem simpática - e bêbada, como não poderia deixar de ser - chamada Margareth, que cantou pra nós 27 hinos do tradicional cancioneiro de bar de Dublin. Ela pediu segredo sobre seu nome e nos instruiu a chamá-la de Linda, pois, pelo pouco o que entendi, havia um galanteador querendo rastrear sua vida (pelos únicos três dentes que ela tinha na boca, acho mais provável tratar-se de delirium tremens). Mas foi depois que a velhinha sumiu e que nos aproximamos de uma mesa com sete polonesas e dois caras meio manguaçados que provei a tal Tyskie. É amarelo escura, forte (5,6% de teor alcoólico) e bem amarga. Gostei. Antes havia bebido uma cerveja francesa, mas essa já será outra história. Salut!

Nó tático quase tira vitória do Brasil

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Agora é o pós-jogo

Com cinco minutos, o Brasil abriu o placar. Depois de dois minutos, sofreu o empate. Logo, já estava 2 a 1 e o primeiro tempo viraria 3 a 1. Veio a etapa final, o Egito vem avassalador sobre o Brasil. Com gols aos 9 e 10 minutos da etapa final, empatou a partida em 3 a 3. Foi só aos 45 minutos do segundo tempo que, de pênalti, Kaká garantiu a vitória do time de Dunga. E uma defesa de Julio Cesar, aos 49 minutos, ainda salvou o placar de 4 a 3.

Se essa era a barbada do grupo, a Copa das Confederações será uma pedreira para o Brasil.

A reação do Egito foi louvável. O time voltou marcando muito bem no meio de campo e acabando com o poder ofensivo brasileiro. Se algum técnico dos adversários brasileiros assistiu a partida, é melhor Dunga inventar alguma variação tática, porque ninguém vai enfrentar o Brasil de outra forma.

Kaká foi bem, mas parte da plasticidade do primeiro gol se deveu ao nervosismo da zaga. O sangue frio do pênalti e a bola no canto esquerdo do goleiro também são mérito dele. Luís Fabiano e Juan fizeram os outros gols.

Robinho e Kléber estiveram apagados. Tanto que foram substituídos. Ramires vem se consolidando como sombra a Elano, a peça fundamental do esquema de Dunga que quase sempre é sacrificada.

Diferentemente de outras surpresas, especialmente em eliminatórias, a seleção não ficou apática ao sofrer o empate. Continuou tentando, mas pareceu estar anulada taticamente. Se algum time brasileiro quiser trazer um técnico, vale estudar o currículo do Hassan Shebata.

Brasil e Egito na Copa das Confederações, o pré-jogo

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Logo mais, às 11h de Brasília, a seleção brasileira enfrenta o Egito em sua estreia na Copa das Confederações 2009. Jogando em Bloemfontein, cidade da região central da África do Sul, o time de Dunga começa na competição contra o time mais fraco tecnicamente de seu grupo. Estados Unidos e Itália serão, nessa ordem, as próximas partidas.

É o test-drive para o clima de Copa do Mundo.

Foto: Divulgação/CBF

Funcionários do hotel onde a seleção se hospeda fazem festa
para cantar parabéns a você ao aniversariante Elano


A Copa das Confederações só ganhou essa conotação a partir de 2001, quando foi realizada na Coréia e no Japão. Desde que foi criada, em 1992, foram sete edições e cinco países vencedores. Até 2005, o caneco era disputado a cada dois anos. Nas três primeiras edições, a sede foi a Arábia Saudita. Quando o Brasil faturou o título, por duas vezes, em 1997 e 2005, o fez diante da Austrália e da Argentina. A França, hegemônica em 2001 e 2003, conquistou o caneco sobre Japão e Camarões por 1 a 0.

Nesta segunda, o palco é um estádio de rugby, o segundo esporte mais popular do país, atrás do críquete (o primeiro) e na frente do futebol. Bloemfontein é a sede do poder Judiciário do país. Pretória, cidade ao norte de Joanesburgo, é onde o presidente delibera. E a Cidade do Cabo é onde vivem os parlamentares. A divisão republicana dos poderes no país inclui uma separação de dezenas ou até milhares de quilômetros.

Primeiras partidas
No domingo, 14, a seleção da casa empatou com o Iraque em 0 a 0. Foi um jogo difícil de assistir, com poucas oportunidades criadas e a certeza de que Joel Santana vei ter trabalho para não dar vexame em 2010. O Iraque correria riscos de rebaixamento no campeonato brasileiro (exagerei?).

Na segunda partida do grupo, a Nova Zelândia não viu a cor da bola nos primeiros 25 minutos do primeiro tempo, quando o placar marcava 4 a 0. Depois, era melhor ter terminado a partida, porque foi em ritmo de treino.

Brasil
Era mais ou menos isso que o torcedor gostaria que a seleção brasileira fizesse com o Egito. Claro que não é tão simples, mas o treinador brasileiro parece até já ter combinado com os representantes do país das pirâmides. Quer uma escalação dialética na primeira fase da Copa das Confederações. Vai com uma escalação titular na primeira partida, quando abre três pontos. Depois, ainda nos planos do treinador, avança com um mistão com umas quatro substituições para enfrentar os Estados Unidos. Uma síntese emerge para encontrar os campeões do mundo.

Se depender do histórico, tá fácil. O Brasil enfrentou a seleção do país de Hosni Mubarak por quatro vezes, sempre na década de 60, sempre em amistosos, sempre com vitórias verde e amarelas. Em 1960, foram três jogos em uma semana, com placares de 5 a 0, 3 a 1 e 3 a 0. Três anos depois, a vitória simples (gol de Quarentinha no Cairo) foi a última lembrança do confronto.

Vale dizer que terminar a primeira fase em primeiro lugar pode ser importante para adiar até a final o confronto com a seleção espanhola. A Fúria só tem baba pela frente e só não fica com a liderança se o pessoal preferir parar no bar no dia anterior.

Dunga anda bravo com a mídia mundial que só quer saber do futuro de Kaká no Real Madrid e com os brasileiros que nunca estão satisfeitos com o escrete canarinho (chavão) mesmo depois das vitórias sobre Peru, Uruguai e Paraguai pelas eliminatórias.

As oscilações de jogadores-chave também favorecem a posição dos céticos. Que Dunga cale-os todos – desde que não diga que "vocês" serão obrigados a engoli-lo.

domingo, junho 14, 2009

Dois de Keirrison para a terceira posição

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Até os 23 minutos do primeiro tempo, a semana de treinos em Atibaia mostrou fez efeito num começo forte com boas chances de ataque. Mas não impediu o Cruzeiro de abrir o placar no Palestra Itália aos 24. O agravante é que o time azul de Minas Gerais foi a campo com muitos desfalques.

Nove minutos depois, o lance polêmico da partida. Cruzamento da direita para o zagueiro Marcão que se desloca em velocidade para fugir do impedimento. Cabeceia a bola em direção ao travessão e, dali, ao chão. O bandeira vê a bola dentro da meta e o gol é validado. Na imagem de trás, a impressão é que não entrou. Mas em uma tomada lateral, a sensação é inversa. Tem um ângulo que dá para ver uma nuvem de cal subindo, o que indica que a bola pega na linha e, portanto, não entra. Como ainda não vi o tira-teima, a única certeza é que a bola entrou menos do que no lance da última rodada, a favor do Vitória.

Com o placar igual, foi a vez de Keirrison avisar que ainda está vivo e que a torcida precisa reconhecer isso. Marcou dois e assegurou três pontos que colocaram o Palmeiras na terceira colocação do campeonato. Ainda na primeira etapa, acertou um voleio no presente recebido de Léo Fortunato. Golaço. No segundo tempo, aos 13, Cleiton Xavier lançou Wendel, que foi à linha de fundo passar para o centroavante dar números finais ao marcador.



É fato que o Palmeiras jogou bem melhor do que o Cruzeiro. Mas a polêmica da arbitragem vai tirar o foco da evolução do time. Se Vanderlei Luxemburgo faz de tudo para desviar a atenção de seus erros, ninguém pode reclamar quando o inverso ocorre. Eu continuo achando ruim que o treinador tem errado mais do que acertado.

A partida marcou a volta de Willians ao ataque. Obina mostrou raça quando esteve em campo, mas nunca o mesmo tipo de velocidade para o time. Além dos desfalques do Cruzeiro, vale ressaltar que o gol de empate saiu pouco depois de o zagueiro Gustavo sair de campo contundido, antes de o técnico Adilson conseguir rearrumar o time.

Por ter apresentado um futebol melhor do que nas últimas partidas, a vitória aumenta as esperanças alviverdes para a Libertadores no meio da semana. Que os acontecimentos de 10 anos atrás inspirem os alviverdes em Montevidéu.

Atualizado às 9h52 de 15/06/2009

Galo líder, sem comemoração

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Nos últimos tempos, anos mesmo, sempre estive mais preocupado com a parte de baixo da tabela. Cronista de rebaixamento não por opção, mas por paixão ao Galo que não saía da zona do desespero. Hoje, líder, pela primeira vez desde a existência dos pontos corridos, fico com os dois pés atrás.


O que se pode destacar do jogo de hoje, contra o Náutico, no Mineirão, é que mesmo perdendo um jogador aos 9 minutos do primeiro tempo, o time soube se segurar. Com a expulsão de Thiago Feltri, fez um gol aos 13 minutos. Depois aguentou a pressão e segurou o resultado até o final do primeiro tempo.

Mas o lance decisivo da partida foi uma defesa à queima-roupa feita pelo goleiro Aranha aos 5 minutos do segundo tempo. No rebote, o jogador Vítor, do Náutico, entrou por trás em Jonílson e foi expulso, igualando o 10 contra 10. A partir daí o Galo foi para cima, empurrado por mais de 40 mil torcedores. Aos 18, com a expulsão de Derley, o Náutico ficou com um a menos, e o Galo fez os gols e consolidou a vitória, podendo ganhar até de mais.

Mas quando falo que não há a comemorar é porque os jogos mais difíceis, contra os times que vão disputar o título, começam no próximo final de semana, contra o Santos, na Vila.

Sem contar que, da mesma forma em que garantia a todos que este ano o Galo não disputaria rebaixamento, acho que não tem elenco para chegar ao título, vai disputar uma posição entre os dez primeiros, com sorte entre os 5.

Botafogo 2 X 0 Santos - Dessa vez, o ataque não salvou

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Durante esses dez dias sem jogar, muito se falou do ataque e da defesa do Santos. Na frente, o melhor ataque do campeonato, muitas variações de jogada e atletas que pareciam se entender por música. Atrás, falhas individuais e desentrosamento que comprometiam o sucesso dos avantes, que viam seus esforços caírem por terra por conta do sistema defensivo.

Ontem, o Santos entrou em campo parecendo estar mais preocupado em salvar a honra da sua defesa do que consolidar a boa fama do seu ataque. A equipe não ofereceu perigo ao Botafogo durante toda a partida e o adversário, mesmo tecnicamente inferior e sem oferecer grandes riscos, mereceu a vitória simplesmente porque a procurou.

E olha que a torcida, acostumada a culpar Kléber Pereira por gols perdidos, nem disso pode se queixar. O centroavante, mais que isolado, não teve uma chance clara de gol, voltando todo o tempo para receber a bola que não chegava. Madson parecia sentir as dores musculares que o tiraram dos treinos da semana e pouco produziu. Molina não rendeu, o que, aliás é habitual. Ele finaliza bem de fora da área e também é bom cobrador de bolas paradas. Mas é quase só isso. Pode até definir uma partida em um lance desses, mas a experiência mostra que isso não é a regra.

Porém, o que impressionou ontem foi o desempenho de Paulo Henrique Ganso. E aqui não se trata de cornetar, mas sim de cobrar de um atleta que tem muito potencial, já mais do que provado. Uma coisa é quando um atleta tem um dia ruim e não consegue desenvolver uma jogada boa sequer. Acontece. Outra é quando dá passes de lado, para trás, e não tenta um lance incisivo quando se espera justamente isso dele.



A jogada do primeiro gol do Botafogo se inicia justamente quando Ganso tem a bola na ponta esquerda e, ao invés de tentar um cruzamento ou o drible no defensor, toca para Roberto Brum atrás. O volante perde a bola, o Botafogo avança, e sai o tento. Não sei se o meia peixeiro se impressionou com os elogios e o oba-oba recente, com declarações de Pita, do técnico do Milan Leonardo, e o assédio da mídia. Mas ontem parecia um veterano em campo, correndo pouco, marcando idem, e sem ímpeto para ir em direção ao gol, como ficou evidente, aliás, em uma bola que Léo passou aos 17 do primeiro tempo, quando o lateral tocou para o meia que não se deslocou para receber.

É preciso que Mancini fique atento e não deixe que o excelente meia se torne uma versão alvinegra de Keirrison, do Palmeiras. Até porque, com o elenco que tem, o Peixe não pode se dar a esse luxo. Por enquanto, Ganso tem crédito.

A defesa

Não entendi porque Fábio Costa não tentou pular no chute de Batista. Aliás, novamente, nos únicos lances efetivos do adversário, o goleiro não evitou. Alguém, sinceramente, acha que se o arqueiro fosse o mediano Douglas o resultado teria sido pior? Ainda que se diga que FC não tenha tido culpa, o maior salário do elenco mais uma vez não fez diferença. E teve que contar com a ajuda do desafeto Fabiano Eller para não tomar mais um gol por cobertura.

Fabão, no segundo gol, resvalou na bola que foi parar nos pés de Laio. Ainda que não tivesse participado do lance, o lançamento provavelmente deixaria o atacante do Botafogo em condições de marcar. Ou seja, mais culpa do próprio posicionamento da defesa, típico de time desesperado que vai à frente de qualquer jeito, do que do defensor santista.

sábado, junho 13, 2009

Pedalando e bebendo

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Aí vai uma dica para os "futepoquenses europeus" e também para os leitores que estão no Velho Continente. A Holanda, esse país que tanto bem trouxe à civilização ocidental, apresenta uma atividade turística ímpar: a beer bike.



O país é conhecido pelo intenso uso das duas rodas sem motor e também tem boas marcas de cerveja, nada mais justo que juntar as duas coisas. O pacote padrão oferece um passeio turístico de duas horas por Amsterdã para grupos de 20 pessoas em um veículo (mais o motorista que, obviamente, não bebe). A tour dá direito a 30 litros do líquido sagrado, ou seja, 1,5 litro por pessoa. Quantia considerável, mas não sei se o fato do bebedor pedalar não aumenta o consumo da dita cuja.

Até o preço é algo convidativo quando tomado o padrão de entretenimento futebolístico brasileiro, 23,75 euros pelo passeio (pouco mais de 65 reais). Ou seja, mais barato que assistir a um jogo do Corinthians no Pacaembu. E olha que o passeio dura mais e você pode beber, coisa proibida nos estádios daqui.

Quem quiser saber mais sobre esse turismo manguaça, acesse aqui. Apesar da sobriedade do condutor, dois acidentes recentes (sem grandes consequências) estão sendo investigados e a beer bike pode sofrer restrições em breve. Ninguém arrisca fazer um veículo desses aqui no Brasil não?

Tragédia pode ter mudado o rumo da Copa de 58

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Estou lendo Manchester's Finest - How the Munich Air Disaster Broke the Heart of a Great City, de David Hall, sobre o acidente de avião – foto – que matou oito jogadores do time inglês Manchester United em 6 de fevereiro de 1958, na Alemanha. Era a famosa equipe batizada como "Busby Babes", uma geração de jovens craques capitaneados pelo mítico técnico escocês Matt Busby, que venceu o Campeonato Inglês das temporadas 1956-1957 e 1957-1958. Seria como se o time do Santos perdesse numa tragédia, logo após vencer o Brasileirão de 2002, Robinho, Diego, Renato, Elano, Leo, Alex e Alberto, por exemplo.


No dia anterior ao acidente aéreo, o Manchester United empatou por 3 a 3 com o Red Star, em Belgrado, na antiga Iuguslávia, e garantiu presença na semifinal da Liga dos Campeões da Europa, na qual enfrentaria o Real Madrid. Mas, na viagem de volta, o avião parou para reabastecer em Munique e, sob forte nevasca, tentou decolar duas vezes e não conseguiu. Na terceira, saiu da pista, bateu uma das asas em uma casa e pegou fogo, matando 22 das 43 pessoas a bordo. Veja imagens da epoca aqui.

Entre as vítimas fatais estavam os jogadores Geoff Bent, Roger Byrne, Eddie Colman, Duncan Edwards, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor e Billy Whelan. Morreram ainda três funcionários do clube, oito jornalistas de Manchester, dois membros da tripulação e dois outros passageiros. Entre os jogadores que sobreviveram estava Bobby Charlton, futuro campeão mundial pela Inglaterra em 1966. Outros dois do time, Jackie Blanchflower e John Berry, nunca mais puderam jogar futebol. O técnico Matt Busby passou por diversas cirurgias e esteve entre a vida e a morte, mas sobreviveu para reassumir o time três meses depois.

Mas a perda mais sentida foi a de Duncan Edwards (foto), de 21 anos, uma espécie de Pelé inglês e grande promessa de destaque na Copa da Suécia, que seria disputada dali alguns meses. Como se sabe, a Inglaterra foi a única seleção a quem o Brasil não conseguiu derrotar naquele mundial – e seria uma das favoritas ao título se tivesse contado com os jogadores Edwards, Taylor, Byrne, Pegg e Bent, que morreram no acidente e tinham suas convocações praticamente certas.

Os "Busby Babes" em 1957: a partir da esquerda, Ray Woods, Duncan Edwards, Tommy Taylor, Billy Whelan, Geoff Bent, Bill Foulkes, Jackie Blanchflower, Colin Webster, Dennis Viollet, Eddie Colman e Johnny Berry

Ps.: O legendário técnico Matt Busby (foto à esquerda) foi citado por John Lennon na letra de Dig It, dos Beatles, em 1969, um ano depois de o Manchester City ter vencido o Benfica, de Portugal, na decisão da Liga dos Campeões da Europa. A letra diz: "Like a rolling stone/ Like the FBI and the CIA/ And the BBC...BB King/ And Doris Day/ Matt Busby/ Dig it, dig it, dig it...". A música está no disco Let It Be e pode ser conferida aqui. Busby morreu em 1994, aos 85 anos.

sexta-feira, junho 12, 2009

Som na caixa, manguaça! Volume 39

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CANTOR DE BOLERO
(Fagner e Zeca Baleiro)

Sofrer é da vida, querida
Você não me ama, eu lamento
Só quer gasolina e piscina
Só sente tesão pelo vento
Quatro da madrugada
Só eu e meu pensamento
Você fugiu no meu carro
E me deixou sem cigarro
Na janela do apartamento
Como diria o cantor de bolero
Como diria o cantor de bolero

Ninguém pode destruir
O coração de um homem sincero
Não quero mais sonhar com você

Nem repetir o seu nome
Antes mais uma cerveja
Do que matar sua fome
Deixa eu chorar em silêncio
Ouvindo a brisa do mar
Tudo virou maresia
Você é a mulher
A mulher que não soube me amar
Deus, não me faça cínico
O cinismo é a arma dos infelizes

Carregue suas cruzes
Com elas suas crises
Carregue suas cruzes
Com elas suas crises

Por obséquio não deixe
Mais mensagens no meu celular
Já que você não me ama
Para que me provocar?

(Do CD "Daqui pra lá, de lá pra cá", Universal, 2003)

quinta-feira, junho 11, 2009

Tipos de cerveja 38 - As Malt Liquor

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Esse tipo de cerveja não é muito bem visto pelos apreciadores. Tipicamente estadunidenses, as Malt Liquor são lagers mais fortes e com mais álcool. Têm cor de palha, por vezes âmbar, e sabor aguado - muito por causa da utilização de açúcar, arroz e milho, em vez de malte. O lúpulo raramente é utilizado e, quando é, serve apenas para equilibrar o aroma e sabor da cerveja. "Isso resulta em cervejas extremamente fortes - em termos de álcool, entenda-se - com percentagens que variam entre os 6% e os 9% ABV", observa Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo. Exemplos de Malt Liquor: Molson XXX (foto), Colt 45 e Olde English 800.

De virada, Brasil assume liderança das eliminatórias para a Copa 2010

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Com gols de Nilmar e Robinho, a seleção brasileira venceu o Paraguai por 2 a 1. Foi de virada, já que Cabañas, sempre ele, abriu o placar aos 25 minutos. De falta, com desvio em Elano, parecia que o pesadelo de Assunción teria replay. Foi a terceira vitória seguida na competição, acumulando os três pontos somados diante do Peru e do Uruguai.

O paraguai foi valente, jogou bola até o final e, não fosse a boa fase da defesa canarinho, o destino da partida teria sido diferente.

Foto: CBF/Divulgação

Parece Gilberto Silva como bobinho no treino

Dunga parece ter caído nas graças da Globo. Pelo menos foi o que me pareceu ao assistir ao segundo tempo da transmissão da emissora. Galvão Bueno exaltou a campanha do treinador xará-de-anão no comando do escreve nacional. Ajuda a liderança nas elinatórias da Copa de 2010, conquistada na rodada desta quarta-feira, 10.

Daniel Alves foi bem, melhor do que Maicon, o que não quer dizer tanta coisa. No segundo tempo, uma bicicleta mal calibrada dentro da grande que quase gerou lance de perigo mostrou mais semelhanças entre o camisa 2 e Roberto Carlos. Além de jogar da Espanha, Daniel Alves também corre para a bola em cobranças de falta com o mesmo padrão de pique que o lateral-esquerdo titular nas copas de 1998 a 2006.

Kaká foi bem, correu o tempo todo. Robinho fez o gol, mas todo mundo sempre vai esperar mais. Nilmar também marcou, justificou a escalação como titular no lugar de Luís Fabiano expulso injustamente contra o Uruguai, mesmo tendo dado lugar a Pato no segundo tempo. Ramires e Kléberson também se mostraram funcionais para quando precisar recuar o time sem perder capacidade de contra-ataque.

Pode ter sido uma combinação favorável, mas o time mostrou maturidade e determinação. Não resolve, mas se, por partida, um dos que sabem da bola decidir jogar, fica mais fácil.

Enquanto isso...
A Argentina de Diego Armando Maradona e Messi perdeu de 2 a 0 para o Equador na altitude de Quito. Com Valdívia como garçom, o Chile mordeu a segunda colocação das eliminatórias do Paraguai ao golear a Bolívia por 4 a 0. Surpreendente Marcelo Bielsa. Uruguai e Venezuela empataram em 2 a 2 nas terras de Hugo Chávez. E a Colômbia venceu pelo placar mínimo o Peru no confronto andino da rodada.

Na próxima partida, em 5 de setembro, a equipe de Dunga vai à Argentina tentar provar que Maradona faria melhor papel dentro de campo que no banco. Ou como ministro de Cristina Kirchner, quem sabe?

Com 27 pontos, o Brasil precisa matematicamente de mais seis pontos para carimbar o passaporte (chavão-vão-vão), já que o quinto colocado Equador tem 20 e pode chegar a 32 se ganhar tudo. Mas cada vez menos gente banca apostas de que o ex-volante não visita o país de Nelson Mandella.

Como inserir o Fora, Dunga! nessa história?

quarta-feira, junho 10, 2009

Estudantes publicam vídeos e fotos sobre presença da PM

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Estudantes e professores divulgam em sites como o YouTube, Picasa e Flickr relatos, fotografias e vídeos da intervenção da Tropa de Choque no campus da zona oeste de São Paulo (SP) da Universidade de São Paulo (USP). O uso de bombas de gás lacrimogêneo e de granadas de borracha é documentada.

O material não mostra muito confronto e mais explosões e a polícia avançando pelo campus. Um dos destaques são restos de granadas de borracha encontrados no campus.

Foto: Daniela Alarcon/Picasa


Mais fotos
Galeria mostra restos de granadas de borracha - Picasa
Imagens do início da ação, estudantes acuados (parte 1) - CMI
Imagens do início da ação, estudantes acuados (parte 2) - CMI

Vídeos
Diversos vídeos amadores e editados foram publicados. Aí vão alguns:

PM no prédio da História



Imagens da intervenção



PM atira contra estudantes


Blogues
Mas o mais divertido é o embate travado no Twitter. Um monte de gente condena a presença da Polícia Militar no campus, a truculência de sua ação. Outro tanto, chama os estudantes de vagabundos, e sobram "vai trabalhar". A turma criou um Twitter da greve.

Foi por ali que acessei o professor Hariovaldo, com seu "foco guerrilheiro na usp". Felizmente o sarcasmo impera.

A manifestação programada para esta quarta-feira foi transferida para terça-feira, 16.

A desproporção da ação policial vai ficando cada vez mais clara. E os "baderneiros" que alguns locutores de rádio viram na USP parecem não ter existido.

A primeira Guinness ninguem esquece

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Buenas!

Finalmente consigo acessar a internet por algum tempo numa biblioteca pública, mas tenho que ser ligeiro. No último fim de semana me mudei para um hostel (o nome e esse mesmo, com "s", poderia ser traduzido para albergue) chamado Isaacs (foto da entrada a direita). Totalmente bizarro. Cada quarto tem oito beliches (foto de um deles a direita, abaixo) e 16 pessoas, que mudam todos os dias.

No domingo havia dez escocesas bêbadas junto comigo, uma verdadeira zona. Me deram uísque (óbvio!) e uma cerveja que estava sem rotulo, mas muito forte. Como elas insistiam em usar o banheiro masculino, que era mais proximo, da para imaginar a putaria.

Na segunda-feira, elas foram embora, mas ficaram duas australianas tão ébrias quanto, mas não muito sociáveis. Tem também um indígena que fica zanzando pelos corredores, de madrugada, vestido com um macacão vermelho e balançando um chocalho (deve ser algum tipo de ritual).

No térreo, há mesas de madeira, como numa taberna, onde se pode conversar, beber e comer. São quatro andares e dez quartos em cada um, o que da mais de 600 pessoas hospedadas pelas minhas contas (!).

O trem suburbano passa num trilho bem em frente a janela de onde estou e, às vezes, os passageiros nos veem de cuecas e dão risada. Minhas coisas ficam trancadas numa gaiola no porão, uma espécie de abrigo antiaéreo da Segunda Guerra com arcadas no corredor. Bizarro. Também posso cozinhar meus miojos de € 0,13 e fazer café ou chá (a cozinha é outra zona). Só tem maluco! Este, com certeza, é um dos lugares mais absurdos que já conheci – e olhem que já vi cada lugar nessas andanças...

Mas o principal: ontem, minha amiga Agnes Saito me convidou para tomar meu primeiro pint de Guinness (à esquerda) em um pub da Saint Georges Street. O primeiro se tornou segundo, terceiro e quarto. Cerveja deliciosa, bem amarga e densa. Quando ela chega na mesa, ainda está passando por um processo em que a cor creme clara vai subindo até a bebida ficar totalmente preta. Por isso, é preciso aguardar (não sei o que acontece se a gente beber antes, mas entendi que isso seria uma completa heresia).

A Agnes me explicou que a Guinness usa, na fermentacão, um tipo de flor que só cresce em dois lugares do mundo e, por precaução, os produtores irlandeses estocam sementes dessa planta. A cerveja tem mesmo um gosto bem original e minha amiga observou que, apesar de eu nunca ter tomado qualquer tipo de Guinness, essa versão tirada da chopeira nos pubs é bem diferente da versão em lata.

Mas o melhor foi o pub escolhido, o JJ's (ou Jay Jay's, foto ao lado), muito antigo e tradicional. Tem um grupo de velhinhos que passa o dia todo – literalmente – bebendo. Quando chegamos, já estavam cantando e rindo bem alto. Cheers!

terça-feira, junho 09, 2009

Olha o "confronto" entre PM e manifestantes da USP

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Imagem de Márcio Fernandes, retirada do blogue do Idelber Avelar. Precisa dizer algo mais?

Acessos importantes em São Paulo

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No final de semana foi disputada a última rodada da fase semifinal da Série A3 do Campeonato Paulista, a popular terceira divisão do futebol bandeirante. Os jogos definiram os quatro clubes que sobem à Série A2, a saber: Votoraty, Grêmio Osasco, Pão de Açúcar e Osvaldo Cruz. Os dois primeiros decidem, em dois jogos, quem leva o troféu pra casa.

Todos os quatro times que conseguiram o acesso são novatos no futebol paulista. Chega a impressionar a baixa idade dos clubes: o Votoraty é de 2005, o Grêmio Osasco é de 2007, o Osvaldo Cruz é de 2004 e o Pão de Açúcar consta no site da Federação Paulista como sendo de 1985, mas sua estreia no futebol profissional se deu em 2007, quando disputou o quarto nível do estadual.

A muitos, incomoda o triunfo de equipes como estas. Por seu pouco tempo de estrada, clubes com o perfil desses quatro são tachados - na maioria dos casos com justiça, diga-se de passagem - como sendo "times de empresários" ou plataformas políticas. A irritação cresce ainda mais quando se leva em conta que times de muito mais tradição, como o clássico XV de Piracicaba, que perdeu o acesso justamente para o Grêmio Osasco, padecem nas divisões menores e ficam de fora dos holofotes da elite.

Apesar de ser chato (no mínimo) ver times tradicionais sofrerem enquanto novatos sem torcida, camisa e tradição fazem a festa, não sei se consigo me juntar ao coro dos que amaldiçoam a elevação dos times como os quatro que triunfaram na A3. Pelo seguinte: se um time está fazendo o trabalho de maneira honesta, se realmente representa uma novidade gerencial ao futebol brasileiro, por que não dar a ele o sucesso?

Acredito que as mazelas administrativas do futebol nacional são mais visíveis nos clubes grandes, mas também estão presentes, e em larga escala, nos pequenos. Rejeito a pecha de "coitadinhos que não se vendem ao capitalismo do futebol moderno" que cai sobre os menores do nosso futebol.

Claro que prefiro que times com torcida e que encham estádios estejam nas maiores divisões, mas não é por isso que vou deixar de elogiar os novatos que fazem as coisas corretas. Parabéns Votoraty, Grêmio Osasco, Pão de Açúcar e Osvaldo Cruz. A não ser que seja descoberta uma grande falcatrua nas suas diretorias, vocês têm todo direito de fazer a festa.

Alguns minutos nas ruas de Salvador

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– Tome esta fitinha do Senhor do Bonfim.
– Obrigado, não quero.
– Mas é um presente!
– Obrigado mesmo, não quero.
– Não paga nada não, pode levar.
– Não.
– Mas veja essa correntinha, tem de berimbau, tem do elevador Lacerda, tem...
– Não, não, obrigado.
– Veja, é baratinho, quase nada.
– Não.
– Então dê uma ajuda a um pai de família, o quanto puder...
– Desculpe, amigo, não tenho nada.
– Qualquer coisa ajuda...

***

– Tome esta fitinha.
– Obrigado, não quero.
– Mas é um presente!
– Obrigado mesmo, não quero.
– Não paga nada não, pode levar.
– Não, amigo, de coração, não quero.
– Mas veja essa correntinha...
– Já gastei meu dinheiro, não quero.
– Mas e esse colar...

***

– Tome esta fitinha.
– Obrigado, minha amiga, não quero.
– É um presente meu para você!
– Não quero mesmo.
– Não paga nada não, pode levar.
– Não.
– Mas veja essa correntinha...
– Não!
– Mas e esse colar...

***

(Enquanto como um acarajé.)
– Tome esta fitinha.
(Apenas aceno com a mão, recusando.)
– Limpe sua boca, seja mais humilde.
(Salve simpatia!)

***

(Chegando próximo a uma roda de capoeira.)
– Chegue aqui, chegue.
– Acabei de chegar, estou só olhando.
– Chegue, não tenha medo.
– Não tenho medo.
(Aponta para um chapéu jogado no chão.)
– Deixe aí uma ajuda para os irmãos...
(Jogo uma moeda de 1 real.)
– Mas o que é isso, meu patrão!

***

– Tome esta fitinha.
– Não.
– É um presente meu para você!
– Não.
– É de graça!
– Não, não, não!!!!
– Então veja esta correntinha, tem de berimbau, do elevador Lacerda, tem...
– Não!!!! Que inferno! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!

Para diretor do Vitória, mulher tem que apitar jogo de mulher

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“Mulher tem que apitar e bandeirar jogo de mulher. Futebol feminino existe para isso”. A declaração é de Jorge Sampaio, vice-presidente executivo do Vitória, sobre o erro da assistente Márcia Bezerra Lopes Caetano, no jogo de domingo contra o Palmeiras.

No primeiro tempo do jogo, Roger deu uma cabeçada à queima-roupa defendida por Marcos. Sampaio defende que a bola entrou e que a assistente, credenciada pela Fifa, errou.

Porém, não contente, o infeliz diretor cobrou geladeira para a assistente e ainda destilou uma série de preconceitos contra as mulheres."Esta senhora ou senhorita, não sei qual é a situação dela, tem que pegar uma geladeira", cobrou o dirigente, que justificou o erro devido a falta de intimidade das mulheres com o mundo do futebol. "As mulheres não estão prontas para apitar no futebol masculino. É preciso fortalecer o futebol feminino e definir que mulher apita jogo de mulher e homem apita jogo de homem".

Sampaio alega que o Vitória esta sofrendo uma espécie de “perseguição” feminina. Na segunda rodada do Brasileiro, a assistente Ticiana de Lucena Falcão Martins, marcou impedimento e anulou um gol de Neto Baiano no primeiro tempo. No jogo, Vitória ganhou de 1 a 0 sobre o Sport, no Barradão. Para o vice-presidente do Vitória, a CBF já deveria tomar uma atitude barrando as mulheres em 2007, quando a assistente paulista Ana Paula de Oliveira anulou dois gols na vitória por 3 a 1 do Botafogo sobre o Figueirense e teria prejudicado a classificação dos cariocas para a final da Copa do Brasil daquele ano. "Aquela bandeira que saiu pelada fez uma lambança inacreditável contra o Botafogo. E como fica!? Trabalhamos muito, tem muitas famílias e muito dinheiro envolvido para vir uma mulher sem nenhuma competência atrapalhar", alegou.

Jorge Sampaio e a diretoria do Vitória, prometem um protesto formal na manhã desta terça-feira, 9, pedindo uma punição a Márcia Bezerra Lopes Caetano por sua atuação na virada por 2 a 1 do Palmeiras diante do Vitória , no Palestra Itália. Atitude válida e que serátomada também por dirigentes do Cruzeiro, que alegam terem sido prejudicados pela arbitragem, no 1 a 1 deste domingo, contra o Internacional.

O fato é que alguém precisa avisar o Sampaio que os erros de arbitragens estão acontecendo aos montes, a cada rodada do Brasileiro, e quase todos por homens.

Em Avaí e São Paulo, já no final do jogo Denis, o goleiro do São Paulo pegou com as mãos uma bola recuada pela zaga tricolor. Tiro livre indireto, não marcado por Leonardo Gaciba, que faz parte do quadro da Fifa. Mesmo árbitro que prejudicou o Vasco na semi-final da Copa do Brasil ao não marcar um pênalti do zagueiro Chicão no atacante Elton, fato pelo levou o Corinthians para a final da Copa do Brasil contra o Internacional.

No empate entre Santo André e Santos (3 a 3), na última quinta-feira, o lateral Gustavo Nery saiu de campo com uma ruptura no ligamento do joelho direito, depois de uma entrada violenta do goleiro Fábio Costa. O juiz Fábio de Oliveira ignorou o lance e sequer marcou falta. Na segunda rodada do Brasileiro, mais um série de erros grotescos, praticados por homens. Já o técnico Carlos Alberto Parreira esta revoltado com os seguidos erros de arbitragem contra o Fluminense.
Os exemplos se multiplicam com tranquilidade, além da memória estar aí para relembrarmos os erros que estão cada vez mais comum na arbitragem brasileira.

E me parece que o problema não são as mulheres na arbitragem, ao contrário das declaração machistas de Sampaio. Fica a sugestão de banir todos os árbitros e assistentes e colocar o senhor Sampaio para apitar o próximo jogo.
Afinal ele é homem, e conta com a dita intimidade com o mundo do futebol....

Jornalões tremem com blogue da Petrobras

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Os blogues de Idelber Avelar, Luís Nassif e Luiz Carlos Azenha já trataram adequadamente do assunto. Mas como o Futepoca já entrou no assunto, vale persistir, por ser bastante interessante discutir isso na mesa do boteco, já que só com bastante "combusível" será possível analisar a postura dos jornalões, principalmente a Folha de S.Paulo e O Globo.

Os dois, principalmente, mas não só eles, adotaram a tática de publicar "matérias" para esquentar a CPI da Petrobrás. Os textos vão da inviabilidade da mamona na produção de biodiesel a supostas irregularidades em contratos etc. Com a tática de sempre: alguém vaza, o jornal publica sem provas, depois o mesmo jornal é usado como prova por quem vazou, normalmente algum parlamentar da oposição...

Ok. O script é conhecido. A novidade é que a Petrobrás desta vez resolveu responder a todas as acusações num blogue, clique aqui para ver. Inclusive todas as perguntas que são feitas pelos jornalistas e as respostas encaminhadas a eles.

Para quem não conhece como funciona a grande imprensa, cabe uma pequena explicação. Quando existe uma denúncia, qualquer que seja, os jornalistas fazem de conta que ouvem o outro lado. Na realidade, quase sempre já estão com a matéria pronta e enviam perguntas burocráticas, não importando o que o outro lado responda, publica-se a matéria e uma parte das respostas que não contradiga aquilo que já estava escrito.

Daí vem o desespero.

Quando a Petrobrás resolve publicar na íntegra o que foi perguntado e respondido prejudica, e muito, o funcionamento do esquema de lançar a denúncia e depois não dar direito de resposta, alegando liberdade de imprensa.

Não foi à toa que a Associação Nacional de Jornais (ANJ) – dos donos dos meios de comunicação – publicou nota oficial chamando a iniciativa da petroleira de antiética. “É uma falta de ética total porque você está fazendo com que todos os demais concorrentes da imprensa tomem antecipadamente conhecimento de uma determinada reportagem de um determinado órgão de imprensa”, diz o presidente da ANJ, Júlio César Mesquita.

Para quem reparou, o presidente da ANJ apela contra a publicação antecipada que avisaria os concorrentes dos “furos”. Ou seja, o problema é avisar os outros jornais. Sem comentários.

Na mesma linha, a Folha de S.Paulo,, segundo o G1, site das organizações Globo, informou que não considera adequado que questionamentos jornalísticos endereçados à Petrobrás sejam publicados pelo blogue antes que as respostas possam ser avaliadas e utilizadas pelos veículos que enviaram as interpelações.

Para O Globo, as perguntas encaminhadas por escrito são de propriedade do jornalista e do veículo. E, por esse motivo, a iniciativa da Petrobrás desrespeita profissionais e atenta contra a liberdade de imprensa, ao violar o direito da sociedade de ser informada, sem limitações.

Como o post já está longo demais, deixo os comentários para quem quiser fazer.

segunda-feira, junho 08, 2009

Sandro Goiano: quase Pelé por um momento

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Um estrangeiro que nunca tivesse visto o atleta antes, teria a certeza de ver um craque. Sandro Goiano, tantas vezes homenageado por esse blogue, quase concretizou "o gol que Pelé não fez" (olha o chavão aí, Olavo). Vale a pena ver, a obra de fato não parece ter relação com o autor...

Sábado de retornos no Timão: Souza marca, Douglas arma e Marcelo Oliveira joga

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A vitória do Corinthians sobre o Coritiba neste sábado, no Pacaembu, por 2 a 0, foi um acontecimento até normal. O Timão jogava em casa, quase completo, e o time paranaense vem abalado pela desclassificação na Copa do Brasil. Mas um homem tornou essa história mais importante.

O centroavante Souza marcou seu primeiro gol pra valer com a camisa do Corinthians – os outros foram dois de pênalti e um num amistoso. O atacante vinha jogando até bem, segurando a bola no ataque, abrindo espaços para os meias e ajudando a marcar a saída de bola. Mas centroavante precisa marcar. Para os supersticiosos, registre-se a troca do número da camisa do atacante: no começo do ano, Souza pediu para jogar com a 50, em homenagem ao pai, se não me engano. Agora mudou para 43.

Destaque também para uma bela apresentação de Douglas. Fez um gol, participou da jogada do outro e ainda deu passes para boas jogadas. E passes em profundidade, coisa que não vejo o rapaz fazer faz um bom tempo. No mais, Alessandro, Dentinho e Chicão continuam jogando muito bem, assim como Christian e Elias, gigantes. O novato volante Jucilei tem chamado atenção pela habilidade e boa visão de jogo. Tomara que confirme a expectativa.

Chamo atenção, por fim, para o retorno de Marcelo Oliveira aos gramados depois de dois anos afastado por contusão. Formado nas categorias de base do Timão, Marcelo estreou no time principal no início de 2007, junto com o meia William, fazendo boas partidas como volante e armador pela esquerda. Sofreu uma lesão no joelho, ficou meses parado e, quando estava iniciando a recuperação em casa, voltou ao hospital com dores: uma infecção hospitalar quase o faz perder a perna. A difícil recuperação ainda precisou de mais uma cirurgia. Depois de tudo isso, o rapaz retorna. Jogou improvisado na lateral esquerda, onde pode ser boa opção. É um jogador inteligente e de bom passe, de quem espero boas coisas.

Atléticos nas pontas da tabela

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Na partida entre o vice-líder e o lanterna do Brasileirão, deu a lógica, mas engana-se quem acha que foi um jogo fácil, como se supõe pelos 4 a 0 de ontem.


O jogo na Arena da Baixada é sempre difícil. O Galo entrou bem e nos primeiros 5 minutos perdeu duas ou três chances daquelas em que se passa a temer o "não faz, leva", um dos jargões mais antigos do futebol. Mas o gol, em lindo toque-de-letra do Tardelli e conclusão precisa do Júnior, abriu o caminho para a vitória no primeiro tempo. Ajudada, e muito, pela expulsão de Marcinho, depois de entrar com os cravos da chuteira na coxa do Thiago Feltri.

Depois, o Atlético Paranaense ainda perdeu algumas chances de gol, mas a cada minuto que passava ia aumentando o nervosismo. Ao final não acertava nenhum passe e abriu-se para o contra-ataque dos mineiros. Veja os principais lances.


Além da assistência e do gol, Tardelli voltou a jogar bem, o que faz toda a diferença nesse time do Galo. Marcos Rocha, um promissor lateral direito, também entrou bem substituindo Carlos Alberto e fez cruzamentos precisos para os gols de Éder Luís, outro que voltou a jogar.

No domingo, o Galo pega o Náutico no Mineirão, num jogo difícil. Até porque a principal arma do time de Celso Roth é o contra-ataque, que não funciona tão bem assim jogando no Mineirão, com a torcida pressionando.

Mas é na sétima rodada que será possível ver até que ponto esse time do Galo é competitivo, porque vai enfrentar o Santos, na Vila, confronto entre dois times que estão na ponta da tabela nesse início de campeonato.

Do outro lado da tabela, as luzes estão piscando no vermelho para o Atlético Paranaense. Nem tanto pelo último lugar na tabela, porque ainda faltam 33 rodadas. Mas sim pelo nervosismo e pela baixa qualidade dos jogadores mostrados em campo no domingo. O técnico que assumir no lugar do demissionário Geninho terá muito trabalho.

Jogando pior, de virada, Palmeiras passa pelo Vitória

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Os 2 a 1 do Palmeiras sobre o Vitória no Palestra Itália representou o reencontro do time com resultados positivos depois de cinco partidas ou quase um mês. A última vez em que o alviverde havia somado três pontos foi em 9 de maio, contra o Coritiba.



Foi de virada, já que o lateral-direito Apodi abriu o marcardo no primeiro minuto do segundo tempo. Era para o time baiano ter aberto o marcador ainda na primeira etapa, quando Marcos, o Goleiro, tirou uma bola de dentro do gol. Achei curioso que os atacantes do Vitória não reclamaram da arbitragem imediatamente, talvez pela envergadura da defesa do arqueiro adversário. Mesmo insuficiente para evitar que a bola passasse pela meta, foi um salto plástico e impressionante.

Aliás, foi só uma das diversas defesas que o camisa 12 foi obrigado a fazer durante a partida. Sim, porque não fosse a falta de capricho dos homens de frente dos visitantes, o Palmeiras teria perdido o jogo, porque não soube traduzir posse de bola em pressão antes de tomar o gol. Se no segundo tempo o Vitória era só contra-ataques, na primeira etapa os baianos dominaram o jogo, com saídas de bola rápidas.

O gol de empate de Coalhada Ortigoza saiu numa falha do zagueiro Wallace, que não se adiantou e tirou todo o ataque verde do impedimento, e do resto da zaga, que permitiu a facilidade do gol. Nos acréscimos, o zagueiro Maurício marcou de cabeça, garantindo a virada não merecida pelo que apresentou em campo.

Além de contar com ajuda do ataque do Vitória e de um erro do trio de arbitragem, o resultado mostrou um Palmeiras cheio de garra. E muito pouco além disso. É por isso que a torcida aplaude o peso de Obina e reclama de Keirrison. Isso quer dizer que o time depende Pierre, Souza ou Mouzart e Cleiton Xavier para marcar e também para o resto, porque sobra pouca gente para ficar com a bola na hora de ir para frente. E depende de Diego Souza, sozinho, para criar jogadas. Dois laterais competentes e um pouco mais de concentração do camisa 9 fariam desse modo de jogo algo eficiente. Sem alas com liberdade ofensiva, as limitações são maiores. Tudo bem que na partida de domingo estavam em campo os reservas Henrique e Jefferson, mas tampouco tem funcionado com os titulares Fabinho Capixaba e Armero.

Para o torcedor, se é para jogar pior do que o adversário, que pelo menos ganhe. O problema é que a aritmética do futebol tem essa dinâmica como a exceção que dá emoção ao jogo e não a regra.

domingo, junho 07, 2009

Brasil 4 X 0 Uruguai - ¿Cómo Lula, no éramos amigos?

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O leitor pode achar o Futepoca um blogue ranzina, e terá certa razão. É um mau resultado da seleção que pouco tempo depois se estampa nesse espaço um texto clamando Fora Dunga . Mas, quando se conquista uma vitória histórica, nada...

Ontem o 4 a 0 contra o Uruguai, em pleno Centenário , foi a maior derrota sofrida pela Celeste em seu estádio, mas poderia até ter sido pior se fosse marcado um pênalti em Luís Fabiano no primeiro tempo e se o mesmo não tivesse sido expulso de forma injusta. O Brasil teve menos posse de bola, mas não foi dominado pelo Uruguai em qualquer momento, ainda que tenha sofrido certa pressão quando estava com um menos. O time canarinho foi objetivo e mortal na saída rápida de bola e na movimentação na frente. Da partida, algumas notas.



Defesa - Júlio César, de novo, quando exigido, compareceu. A dupla de xaga também passa segurança. O problema começa nas laterais. Daniel Alves apoia bem e defende razoavelmente, mas Kléber Chicletinho, pela esquerda, é uma lástima. Ontem, as chegadas mais perigosas do Uruguai eram pelo seu lado e seu apoio ao ataque foi pífio. Seu reserva, André Santos, também não é exatamente inspirador. Vivemos uma crise de laterais esquerdos brasileiros?

Volantes - alguém com mais mobilidade que Gilberto Silva faria muito, mas muito bem. Felipe Melo fez até bem a saída de bola ontem, e marcou ainda melhor: foi responsável por quase metade das roubadas de bola do time (6 de 14), mas poderia apoiar mais o ataque. Por ora, é uma aposta de Dunga que vem dando certo.

Meias e atacantes - Elano é hoje peça fundamental no esquema de Dunga. Faz a cobertura no lado direito, chega bem ao ataque (ontem deu uma assistência e fez o cruzamento para um gol), dificultando bastante as descidas adversárias por aquele lado. Kaká e Robinho jogaram abaixo do que se espera deles, ainda assim o "abaixo" deles é suficiente.

Já Luís Fabiano marcou, se posicionou muito bem, e mostra que em um esquema armado como o de Dunga, que exige velocidade e movimentação constante na frente, é quase inviável que jogue um atacante mais pesado, do estilo Ronaldo atual ou Adriano. Sem dúvida é sua a vaga de titular.

Em suma: Dunga vai ser o treinador em 2010, algo cada vez mais evidente. Melhorando a saída de bola com um volante menos cascudo que Gilberto Silva, qualificando mais a marcação e a ligação com o ataque, e com uma lateral esquerdo mais confiável, a seleção pode fazer uma boa figura na África do Sul.

*****

Mesmo com o resultado, os uruguaios não perderam o bom humor, ainda que alguns considerem esta a "derrota mais humilhante da sua história". O jornal La Reppública perguntou, abaixo dos dizeres "Tristeza não tem fim: 4 a 0", perguntou: ¿Cómo Lula, no éramos amigos?, em referência a uma declaração recente do presidente brasileiro. Lula, que já foi responsabilizado por derrotas da seleção  e também por vitórias , não comentou a manchete.

sábado, junho 06, 2009

Memórias do Estádio Centenário

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Museu do Futebol e Estádio Centenário, agora em maio.

Fotos: Frédi Vasconcelos






















O Brasil joga hoje contra o Uruguai, no Estádio Centenário, quase 59 anos depois do Maracanazzo, a derrota na final da Copa do Mundo, em pleno Maracanã, que marca até hoje a história do futebol. E marca, principalmente, os uruguaios, que consideram o segundo gol daquela partida, de Ghiggia, o gol do século.

Estive a trabalho em Montevidéu em maio, e como não poderia deixar de ser, visitei o museu do futebol, que existe no Estádio Centenário. Esta final de 50 tem direito a três painéis enormes, ocupando quase uma parede inteira cada um, com o gol do Brasil e os dois da Celeste. Sem contar a foto do herói Obdulio Varella e a réplica da taça Jules Rimet.

E uma das características dos uruguaios é se apegar muito a esse passado. Quando você se identifica como brasileiro, é muito bem tratado, mas sempre há um riso no canto da boca. Logo depois estão falando de futebol e da fatídica (para nós) final. Quando respondi que depois disso ganhamos um "pouquinho" mais que eles, meu interlocutor respondeu de primeira. "Não interessa, ganhamos do Brasil e da Argentina, e isso é que importa".

A referência aos vizinhos argentinos é em relação à primeira Copa, em 1930, em que os uruguaios ganharam a final dos hermanos, no proprio estádio Centenário, construído para o evento. Aliás, ao conversar com os uruguaios, eles, como o Zagallo, dizem que são tetra, pois contam os dois mundiais mais as duas Olímpiadas que conquistaram antes da existência da Copa do Mundo, o que deu a eles até hoje o título de Celeste Olímpica.

Agora, vamos ver o que acontece no jogo desta tarde.

Cerveja ajudou músico a impressionar McCartney

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Outro dia escrevi sobre o único show que os Beatles fizeram em Dublin, Irlanda, em 1963. Curioso sobre o assunto, acabei encontrando na livraria pública "The Beatles and Ireland" (à esquerda), de Michael Lynch e Damian Smyth, sobre todas as possíveis relações da banda inglesa com o país vizinho - a comecar pelos antepassados de John, Paul e George, todos irlandeses. Depois de descrever os shows em Dublin e em Belfast, o livro fala sobre visitas esporádicas de cada beatle à Irlanda até 2003 e narra fatos pitorescos como a compra de uma pequena ilha do litoral irlandês por John Lennon, em 1967, chamada Dorinish. O local funcionou como acampamento hippie por dois anos, até 1971, e acabou sendo vendido pela viúva Yoko Ono em 1985.

Lá pelas tantas, os autores enveredam pela simpatia declarada de John e Paul, em 1972, pelo grupo paramilitar católico e reintegralista IRA (Irish Republican Army), que luta pela separação da Irlanda do Norte do Reino Unido e reanexação à República da Irlanda. Na época, Lennon lançou as canções "The Lucky of the Irish" ("A sorte dos irlandeses") e "Sunday Bloody Sunday" ("Domingo Sangrento Domingo") e McCartney, "Give Ireland Back to the Irish" ("Deem a Irlanda de volta para os irlandeses"). Foi exatamente nesta época que o guitarrista irlandes Henry McCullough foi chamado para a primeira formação dos Wings, a banda de Paul pós-Beatles.

E ele conta um segredo sobre seu teste para admissão: "Recebi um telefonema de Ian Horne, meu roadie, pedindo para eu ir a um ensaio no dia seguinte. Eu tinha bebido um monte de pints [copo padrao de 500ml] de Guinness [cerveja irlandesa] antes de ir lá pela primeira vez. Isso ajudou muito!". Segundo McCullough, depois de tocar alguma coisa do velho rock'n'roll, como "Blue Moon of Kentucky" (um dos primeiros hits de Elvis Presley) e "Lucille" (de Little Richard, ídolo de Paul), o teste partiu para o reggae e musicas de McCartney daquela época. Foi então que o ex-beatle comecou a tocar uma música inédita. "Eu perguntei a Paul o que fazer e ele apenas disse 'Estamos só tentando alguma coisa' - e continuou tocando. Nos o seguimos e, pouco depois, uma nova canção estava escrita. Ela foi feita naquele teste", lembra McCullough. Para ele, foi literalmente uma "prova de fogo", pois conseguiu improvisar e compor com "um monte de Guinness" na cabeca.

Wings, 1972. A partir da esquerda: McCullough, Denny Laine (guitarrista), Denny Seiwell (baterista), Linda (teclados) e Paul McCartney (baixo)

sexta-feira, junho 05, 2009

ONG inglesa atira: "Gente boa usa drogas"

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A ONG britânica Release pôs nos ônibus de Londres uma campanha publicitária favorável ao debate sobre legalização das drogas. Nos ônibus da cidade, lê-se a faixa: "Gente boa usa drogas" (tradução livre para "Nice people take drugs"). A organização luta, há 40 anos, por reformas na política de drogas no Reino Unido. Os motivos são vários. "Mais gente usou maconha do que votou para os trabalhistas na última eleição", sustenta a página da campanha.

Foto: Divulgação

"Gente boa usa drogas", estampa cartaz em ônibus

A estratégia é chamar atenção para o debate, porque eles acreditam que é a hora da mudança no debate por uma legislação mais segura e adequada para a questão. Segundo a página da campanha, um terço dos adultos da Inglaterra e da Irlanda usaram drogas ilícitas e 13 mil crianças e adolescentes foram presos por questões relacionadas às drogas em 2006 e 2007 – os autores do Futepoca nas terras da rainha garantem nunca ter sido consultados em qualquer pesquisa.

"Essa foi ousada", escreveu Marisa Felicissimo, psiquiatra radicada na Bélgica e pesquisadora da questão das drogas. "Imaginem se lançássemos uma campanha dessas no Brasil, seríamos todos presos por apologia às drogas?" Em maio, edições da Marcha da Maconha em nove capitais foram proibidas pela Justiça, acusadas de apologia ao uso de tóxicos ilícitos.

Na quinta-feira, 4, o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanicchi, pediu um "debate sem preconceitos" sobre a legalização ads drogas. A declaração ocorreu no lançamento de programas emergenciais do Ministério da Saúde para lidar com álcool e drogas ilícitas.

Antes dele, o próprio titular da pasta da Saúde, José Gomes Temporão, e o do Meio Ambiente, Carlos Minc, manifestaram-se favoráveis ao debate. Até Fernando Henrique Cardoso, aquele que fumou, tragou, mas não gostou, se posicionou favoravelmente à legalização regulamentada da questão.

Pelo plano lançado, há previsão de R$ 117,3 milhões na rede de atenção e saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS) para ampliação do acesso, capacitação e ações intersetoriais. Isso quer dizer 92 Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) no Distrito Federal e nos 26 estados brasileiros. Os centros são serviços extrahospitalares de base comunitária e atenção diária. Uma equipe multiprofissional – psicólogo, psiquiatra, assistente social, terapeuta ocupacional, clínico geral, enfermeiro e outros garantem a política de redução de danos. A promessa é chegar 200 CAPSad em todo o país – uma cobertura de apenas 57% da população brasileira.

É tudo jogada para aparecer ou há disposição mesmo para o debate?

Santo André 3 X 3 Santos - procuram-se culpados

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O Santos empatou com o Santo André em 3 a 3, na casa do adversário. Por um lado, foi um resultado ruim porque o time esteve três vezes à frente do placar e cedeu o empate, mesmo jogando com um atleta a mais durante quase metade do segundo tempo. Por outro, até ficou no lucro porque o árbitro não deu pênalti na jogada de Fábio Costa, o Menino Maluquinho, em Gustavo Nery (aliás, o comentarista maldoso pode dizer que o goleiro santista deu uma força ao time do ABC por tirar o lateral do jogo...).

Mas, durante a partida e depois dela, é interessante notar a reação dos torcedores peixeiros no chat do Santista Roxo. A procura por culpados foi geral. Sobrou pra Fabiano Eller, que estaria jogando com “má vontade”, para Luizinho, lateral fraco (de fato) cuja escalação seria prova de “burrice” de Vágner Mancini, e também espirrou lama no próprio técnico alvinegro.



Falta ao torcedor refletir um pouco. Mancini tem seus erros, mas acerta mais do que erra, dado que tem poucas opções no elenco como já dito outras vezes aqui. Luizinho, o lateral-direito que era reserva no Flamengo, foi contratado no fim do ano passado, na “gestão” Márcio Fernandes. À época, Ocimar Bolicenho, o chapa do “gênio” Luxemburgo, declarou: “O Luizinho se encaixa dentro do que falamos de situações de rápida resolução.” Grande resolução... Mas, por pior que o lateral seja, jogar estando à sombra de um atleta encostado que chega à Vila, Wagner Diniz, enquanto o Santos tenta contratar outro proscrito, Fabinho Capixaba, deve atrapalhar a cabeça de qualquer um. Além de limitado, não tem as melhores condições para trabalhar.

Fabiano Eller também não deve pular de alegria. Esteve em uma lista de dispensas e foi praticamente oferecido ao São Paulo, mesmo sendo titular do Santos. Sua imagem foi incinerada pela diretoria e ainda teve que negociar uma redução de salário para ficar. Qualquer um que enfrentar uma situação dessas no seu emprego não deve se sentir muito bem, acredito. O jogador não é nenhum craque, sempre foi deficiente na jogada aérea, não só ontem, mas merecia um pouco mais de respeito da parte de seus empregadores. Mas respeito parece ser uma palavra fora de uso no andar de cima da Vila Belmiro.

E Mancini, que tem um banco de reservas precário e ainda enfrenta uma diretoria que trabalha muitas vezes pelas suas costas, algo que ficou claro no caso Eller, tem que lidar com um time em formação e com o elenco aparentemente dividido. Nesse contexto, tem se virado como poucos, dirige a equipe com o melhor ataque do campeonato e ainda está invicto. Se pudesse, provavelmente mandaria embora alguns pseudo-ídolos que não tem rendido nada há tempos e não são bem quistos pelos colegas. Mas não pode.

Sinceramente, tirando o amor à camisa, a entrega e blablabla, quem se sentiria bem em trabalhar em um lugar assim? A propósito, o clube neste quesito está longe de ser uma exceção no futebol brasileiro, vai ver que é por isso que tem gente que prefere jogar no Qatar do que aqui...

quinta-feira, junho 04, 2009

Bêbados &/ou famosos

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E olha só quem é que compareceu ao Pacaembu, pra reforçar a Fiel contra o Vasco: o Skavurska. Segundo fonte segura, o Paulo Macari, que já pautou e já foi jurado do teste cego do Futepoca, o tiozinho levou uma garrafinha de uísque na meia e foi degustando durante a partida.

A foto é de Ken Fujioka.


Quais as fronteiras dos chavões?

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Já que temos discutido recentemente o jornalismo, e futebol é uma das três essências básicas deste espaço, gostaria de compartilhar uma indagação que tive esses dias. E é algo sobre o qual gostaria de ouvir a opinião de todos, jornalistas ou não.

Tenho uma amiga, também jornalista, que trabalha em um grande portal. Pelas decorrências da vida profissional, ela acaba tendo que escrever sobre tudo - inclusive futebol, assunto pelo qual ela nunca teve interesse e, por consequência, não tem nenhum domínio.

Invariavelmente ela me pede "dicas" para seus textos. O compreensível medo dela é cometer alguma gafe imperdoável aos olhos dos consumidores do jornalismo esportivo. Como tratar de pequeno um time grande (ou vice-versa) ou não dar o devido valor a um título conquistado por determinado clube, e por aí vai.
Esses dias ela me pediu ajuda novamente. E confessou qual é, na avaliação dela, a principal dificuldade que sente na hora de escrever um texto jornalístico sobre futebol: saber que chavão "pode" e qual "não pode" estar em um texto. Pondo na prática, ela disse que gostaria de usar a frase "todo brasileiro é um técnico" no texto. Eu disse que era horrível. Mas depois fiquei pensando em outros chavões que a imprensa esportiva - e tô falando também da imprensa de boa qualidade, antes que a crítica acabe caindo só nos maus profissionais, e que eu também uso - usa "livremente" para falar do futebol.

Esse é o primeiro gol dele com a camisa do... vejam bem, não é horrível falar dessa forma? Além de impreciso! Quem garante que o sujeito nunca vestiu a camisa do time quando era criança, num jogo comemorativo, ou sei lá o quê? Mas é uma frase que acaba caindo perfeitamente nos textos.

Com a vitória, o time foi para o G4. Esse é um chavão mais recente, típico do futebol da década atual. Mas que estamos usando a torto e a direito "G4" se tornou um resumo perfeito e prático para o grupo formado pelos quatro primeiros times da tabela. E também pode ser usado virando a classificação de cabeça para baixo, com os quatro da zona do rebixamento.

Fulano foi demitido, e Siclano será o técnico-tampão até a chegada de um novo treinador. Outro que volta e meia usamos por aí, e sem prejudicar a qualidade do texto.

E tem outros tantos... "torneio caça-níquel", "jogador coringa", "jogo pra cumprir tabela", a lista não acaba. Se pensarmos bem, ela também se verifica em outras áreas da sociedade. O noticiário sobre greves, por exemplo, sempre menciona que os trabalhadores "cruzaram os braços". É ou não uma piadinha boba que acaba se tornando uma boa construção para um texto?

E aí fica a pergunta aos leitores, e quero ouvir principalmente a opinião dos não-jornalistas: que chavão que você topa ouvir/ler em um texto, e qual que seria considerado "babaca"?

A imagem que ilustra esse post é o livro "Futebol é uma caixinha de surpresas", do saudoso Luiz Fernando Bindi, que ironiza justamente o mais famoso chavão do futebol nacional.

Beatles na Irlanda – com ou sem cerveja

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Descobri hoje que na Middle Abbey Street, a rua de trás da quadra onde fica minha escola de inglês, em Dublin, havia um cinema chamado Adelphi, que foi parcialmente demolido e hoje abriga um estacionamento. Foi ali, há 45 anos, em 7 de novembro de 1963, que os Beatles fizeram sua única apresentação na cidade (na foto acima, o show). No dia seguinte estiveram, pela primeira de duas vezes, em Belfast, na Irlanda do Norte. Passei em frente ao antigo cinema e fiquei imaginando a confusão que devem ter provocado naquela estreita rua. Dizem que, na saída, se mandaram para o hotel na van de um jornal, tomando uísque. Ou cerveja, sei lá...

O cinema Adelphi na década de 1960, no centro de Dublin

A fachada hoje, entrada do estacionamento da loja Arnotts

A insustentável leveza do desarme

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Um zero a zero justo.

Será que posso descrever assim um jogo em que no segundo tempo um time praticamente só atacou e o outro se defendeu, com alguns poucos contra-ataques que, embora perigosos, não romperam a virgindade das traves do adversário? Depois de um primeiro tempo bastante equilibrado, o Corinthians viveu um segundo tempo de pressão constante, com o Vasco da Gama no ataque buscando obstinadamente o gol. Nossa natural e cultivada admiração pelo jogo ofensivo nos levaria a dizer que o time carioca merecia o gol e a classificação à final da Copa do Brasil. Mas isso seria impreciso, pois deslocaria os méritos a quem também não foi capaz de marcar.

Na realidade, os maiores destaques em campos foram esses dois artistas do desarme, Chicão e William. Poucos times suportariam tanto tempo de jogadas incisivas nas franjas de sua área sem fazer faltas, sem aceitar provocações e sem deixar que a bola efetivamente ameaçasse o gol de Felipe. O arqueiro alvinegro fez uma grande defesa – numa cabeçada de Elton, se não me engano – e teve que sair do gol em mais um momento decisivo.

Fiquei pensando em como descrever a atuação dessa zaga, e me vieram à mente ideias do escritor italiano Italo Calvino.

"Logo dei-me conta de que entre os fatos da vida, que deviam ser minha matéria-prima, e um estilo que eu desejava ágil, impetuoso, cortante, havia uma diferença que eu tinha cada vez mais dificuldade em superar. Talvez que só então estivesse descobrindo o pesadume, a inércia, a opacidade do mundo – qualidades que se aderem logo à escrita, quando não encontramos um meio de fugir a elas." (Cia. das Letras, 1990, trad. de Ivo Barroso)

É a leveza do toque, da movimentação, a não-violência de seus zagueiros que mais admira neste time do Corinthians. Em nenhum momento o time vascaíno conseguiu impor o seu peso, fazer valer a força de sua pressão. Ao contrário, quem se impunha, não pela força mas pela precisão do desarme, foram os zagueiros. O ataque do Vasco foi criativo e veloz, mas a arte do desarme está aí, em superar a qualidade do atacante sem agredir, jogando com chuteiras de pelica. Pois, lembra Calvino, "A leveza (...) está associada à precisão e à determinação, nunca ao que é vago ou aleatório".

Que me acusem de comemorar um empate. O ataque do Corinthians foi medíocre, o meio campo não criou nada. A defesa, porém, fez por merecer, e não só pela garra, mas por sua qualidade. Ainda haveria que mencionar a garra do restante time, em particular de Alessandro e Cristian, e até os momentos de brilho de Dentinho. Mas quis falar dos zagueiros.

A inércia do mundo


Do lado oposto, o do peso e da inércia, poderia comentar a pança do Ronaldo. Muito acionado, perdeu gols feitos, errou nas decisões sobre chutar ou tocar a bola em momentos decisivos, criou jogadas pseudogeniais, na verdade pequenos delírios – penso no toque de calcanhar que deu pro Cristian "chegar chutando" quando o volante estava lá do outro lado, na frente do Ronaldo... Nada disso é o que se espera dele.

Acontece que, quando é "poupado", Ronaldo inexoravelmente ganha peso, e isso deveria ser levado em conta. É como jogar na altitude. Precisa de um tempo de adaptação. Sem dúvida, o centro de gravidade se deslocou, e Ronaldo precisa de um tempo de jogo para reencontrar seu equilíbrio. Atenção para esta dica, Mano.

Mas para mim, o mundo mostra seu peso, sua inércia, sua incapacidade de se renovar quando sabemos da notícia de que um torcedor corintiano foi morto a pauladas e facadas por torcedores do Vasco (segundo notícias, reforçados por torcedores do Palmeiras). Não quero com isso insinuar que "a torcida" corintiana seja uma vítima e os vilões, os seus adversários. O torcedor assassinado sem dúvida é vítima. Mas o que eu quero é só lembrar que passam os anos e não conseguimos reinventar nossas vidas e transformar em "uma fase do passado" a realidade de brutal violência das torcidas. Ao final do jogo, corintianos queimaram um ônibus vascaíno, na saída do Pacaembu. Aqui a reportagem do Globo.com.



Com uma visão cada vez mais opaca, esses jovens não conseguem ver o óbvio, que estão se matando por nada – não é pelo time, não é pela honra nem pela glória: é por nada. É bonito e emocionante sentir a vibração de um estádio que canta que seu time é "sua vida, sua história, seu amor". Mas quando isso se torna literal e completamente verdade, quando o time toma todos os ínfimos espaços da vida e da história de um bando de jovens, uma estranha "ética" se forma, de índole religiosa ou militar: a ética do homem-bomba, que se mata e morre por fidelidade cega a um símbolo – neste caso, até o símbolo está ausente, o que há é um distintivo que deveria significar outra coisa que não uma bandeira de guerra, um valor absoluto...

Seria preciso entender mais a fundo esse fenômeno, não sei se alguém realmente o fez. Comportamento de massa, desconsolo, falta de praia... tudo isso me parece perfumaria na compreensão do sentido essencial da violência que faz com que milhares de jovens joguem fora aqueles que deveriam ser os melhores e mais inventivos anos de suas vidas.