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Taquarão: aguardando ajuda da Prefeitura para disputa da Série B |
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Fúlvio Zupani (ao centro) e secretário Julio Santos (à direita) |
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Taquarão: aguardando ajuda da Prefeitura para disputa da Série B |
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Fúlvio Zupani (ao centro) e secretário Julio Santos (à direita) |
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"Ó aqui, ó: dois títulos! Dois!" |
Conforme antecipado aqui no Futepoca na semana passada, o Flamengo, que mais parece trabalhador em regime de escala (joga uma rodada e folga duas), está de técnico novo. Apesar de tudo indicar que o novo comandante seria o ex-técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, a realidade nua e crua é que o clube da Gávea não tem os 2 tostões furados necessários para contratar o 2º pior técnico que a seleção brasileira já teve (o pior foi o Leão). E, por isso, optou por um técnico cujos dois títulos que possui na carreira foram conquistados no forte futebol japonês, quando aqui já era madrugada e ninguém conseguiu ver. Agora é esperar para ver como Jorginho se sairá comandando um clube de massa - e pipoca.
Bola que será usada em treino do Vasco O Vasco teve mais uma atuação tenebrosa no domingo e conseguiu a façanha de perder, em casa, para o inexistente Volta Redonda, por 1 x 0. Entretanto, tolos foram os torcedores que, mesmo após as declarações de dois de seus principais jogadores, dadas antes de domingo, não previram a derrota do bacalhau. Na quinta-feira passada, em entrevista coletiva, Wendel disse que “o ponto fraco do Vasco hoje é bola”! Gozado! E eu pensava que, para a prática do futebol, era necessário utilizar a tal bola... Se a FERJ autorizar o uso de bola oval no Campeonato Carioca, quem sabe o Vasco sai da lama?
Pescaria é muito menos chato que gol! Se não bastasse a declaração de Wendel, o Febeavice (Festival de Besteiras que Assola o Vice Eterno) foi incrementado no dia seguinte, quando o atacante Eder Luis disse que “esse negócio de fazer gol é muito chato”! Pai do céu! Qual é mesmo o objetivo do futebol?!?!?? Pra quê serve mesmo um atacante??!?? Parece que, com a evolução da sociedade e do esporte, muitas coisas mudaram no mundo. Valores foram invertidos, tabus foram quebrados, regras foram alteradas. Mas uma coisa não mudou: o objetivo do futebol ainda consiste em deslocar um objeto esférico, mais conhecido como bola, através de um campo retangular, e colocá-lo dentro da baliza do time adversário. Ato conhecido como gol, principal atribuição de um atacante. E em São Januário um diz que o problema é a bola e o outro que o gol "é chato". Pobre Vasco...
Já o Botafogo antecipou a Páscoa e teve seu Sábado de Aleluia! O atacante Rafael Marques, depois de apenas 21 partidas , enfim marcou seu 1º gol pelo Glorioso. Aleluia! Foi o último da vitória por 4 x 0 sobre sobre o poderosíssimo Quissamã. Realmente, aquela tornou-se uma tarde/noite bastante atípica para o torcedor botafoguense. O time goleou, Seedorf jogou mal e perdeu gol feito, e Rafael Marques (o craque!), além de deixar o seu, deu assistência para outros dois gols.
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.E o Fluminense, que ainda não teve o seu Sábado de Aleluia, reza para que o ano passe rápido e o Natal chegue logo. Os dirigentes e Abelão já estão com as cartinhas prontas com o mesmo pedido para Papai Noel: um golzinho de Rhayner. Pode ser de pênalti, impedimento, mão, gol contra, enfim, de qualquer tipo está valendo. Um atacante que não marca um gol há 26 meses e ostenta a incrível marca de 3 gols na carreira deveria estar jogando no Clube Atlético Taquaritinga!
Agora é fato: do jeito que a coisa vai, Ney Franco não deve durar muito no comando do São Paulo. A vitória suada - e mesmo injusta - por 3 a 2 contra o Oeste de Itápolis hoje, no Morumbi, inaugurou a guerra declarada da torcida contra o técnico Ney Franco. Desde o primeiro tempo, o tradicional côro de "burro" ecoou forte no Morumbi, mostrando que, além de enfrentar oposição explícita de alguns atletas e ironias da diretoria, o treinador também terá que encarar guerra aberta da torcida. Quando chega nesse ponto, ou o time vira um Barcelona e começa a dar show, de um dia para o outro, ou a cabeça do técnico não demora muito pra rolar. Como a primeira hipótese é mais do que improvável...
Eu, de minha parte, não tenho nada contra Ney Franco. Não acho que ele seja pior do que os antecessores de 2010 pra cá - muito pelo contrário. Porém, na Ditadura Juvêncio, os técnicos já chegam ao clube sem poder. É nítido que Ney Franco nunca teria escalado Ganso como titular, em hipótese alguma, e que só o fez por pressão da diretoria. Lúcio é outro que chegou com status de titular, independente da opinião do técnico. Cobras criadas como Rogério Ceni (que afrontou o técnico num jogo no fim do ano passado quando contestou uma substituição), Luís Fabiano e o próprio Lúcio, como bem observou o Glauco no comentário de outro post, tornam o ambiente um campo minado para o treinador.
É fato, também, que o time não tem laterais que prestem. Isso é um absurdo num time do porte do São Paulo. E complica a vida de qualquer treinador. Em 2011, os técnicos tiveram que se virar com o horrendo Píris e o nulo Jean. De 2012 pra cá, Douglas é uma das maiores dores de cabeça que o São Paulo já teve: não marca, não ataca e deixa avenida para os adversários. Cortez, coitado, é esforçado. Só isso. E os volantes Wellington e Denílson não estão jogando NADA. Como um técnico, seja ele quem for, vai conseguir fazer omelete com ovos tão raquíticos? Mas, como sempre no futebol, fica mai fácil demitir um técnico do que o time todo. E o São Paulo terá que começar tudo do zero. De novo...
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Fazia tempo que Sheik não jogava bem (Foto: Eduardo Viana/Lance!Press) |
“Você esteve duas
frente à frente do goleiro Renan [e não fez os gols]. Ele
levou a melhor?”
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Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC |
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Retranca improvisada queimou o técnico |
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Alex chamou mais atenção que o Papa |
Um bom termômetro para saber se um campeonato de futebol tem algum prestígio são os comentários e gozações entre colegas de trabalho. Quanto mais se comenta mais se tem a sensação de que o torneio vale alguma coisa. E para minha surpresa, ontem, ao chegar no trabalho, se falava mais na sensacional vitória por 3 x 2 - e de virada! - conquistada pelo Resende sobre o Flamengo na noite de quarta-feira do que sobre a escolha do novo Papa. Foram duas “zebrassas”. Pra falar a verdade, o assunto em torno do Papa argentino já estava tão chato e repetitivo que acho que o Alex Silva (vulgo Pirulito), num momento de desespero, resolveu entregar o jogo para ver se o assunto perderia força na imprensa e, principalmente, nas redes sociais. E ele conseguiu! Falhou inúmeras vezes, deu uma de machão para cima do goleiro adversário e ainda arrebanhou seu companheiro de zaga, Gonzáles, que também falhou bisonhamente no lance do 1º gol do Resende. Meus sinceros agradecimentos ao Pirulito por nos dar uma opção de assunto para fazer piada!
Dorival quer embolsar um troquinho Há também que se considerar outra hipótese para a trapalhada que foi o time do Flamengo em campo: Dorival Jr. quer ser demitido antes de julho. Explico: atualmente, o treinador recebe a modesta quantia de cerca de R$ 450.000,00 mensais, e seu contrato prevê uma multa rescisória no valor de R$ 1.500.000,00 (1,5 milhão!!!) caso seja demitido até 30 de junho de 2013. A partir desta data, ele passará a receber R$ 750.000,00 por mês, porém, sem multa por rescisão. Ou seja, uma diferença de R$ 300.000,00, mas sem a garantia do farto seguro-desemprego. Ele sabe que a diretoria atual considera absurdos estes valores, mas o mantiveram no cargo por falta de opção. E sabe também que o diretor executivo do Flamengo, Paulo Pelaipe, é entusiasta da contratação de seu pobre amigo desempregado, Mano Menezes. Portanto, é mais vantajoso sair agora, garantindo o “seguro”, do que ser demitido em julho e sair “sem nada”.
Dava pra pedir algumas saideiras... Vamos fazer uma conta básica: se Dorival permanecer trabalhando até 30 de junho, receberá o montante de R$ 1.800.000,00 (1,8 milhão), o equivalente a 4 meses de salários. Se for demitido no final de de março, receberá R$ 1.950.000,00 (1,95 milhão), importância referente a um mês de vencimentos mais a multa, e sem trabalhar! E nós, assim como ele, sabemos que surgirá rapidamente outro clube disposto a contratá-lo, por valores exorbitantes. Será que a diretoria conseguirá suportar Dorival no comando do time até o meio do ano, correndo o risco de seu favorito, Mano Menezes, ser contratado por outra equipe?
Com Yoshi, vai ser difícil passar de fase Mudando de pato pra ganso (mas sem relação alguma com Corinthians ou São Paulo): no Fluminense, Thiago Neves se machucou no treino de quarta-feira e a torcida reza para que ele NÃO tenha uma pronta recuperação. Já em São Januário, depois de mais uma conquista para consolidar o maior vice do mundo, o Vasco ainda reservou duas surpresas para sua torcida: a contratação do zagueiro Gabriel Paulista (quem???) e a regularização, depois de TRÊS meses, do lateral-esquerdo peruano Yoshimar Yotún (idem primeiro parênteses). Com a pinta de Super Mario Bros que o René Simões tem, não é de se estranhar que ele tenha contratado seu fiel escudeiro, Yoshi, para a equipe. E a piada da semana foi que Franz Beckenbauer gravou um vídeo parabenizando o Botafogo pela conquista da Taça Guanabara. Provavelmente, ele nunca escutou falar do Botafogo, e tampouco sabe o que significa Guanabara, mas fez um favor a seu amiguinho Carlos Alberto Torres.
O Papa Francisco I foi eleito no dia 13 de março. De 2013.
Somando 13/03/2013, temos: 1 + 3 + 0 + 3 + 2 + 0 + 1 + 3 = 13.
E o Papa tem 76 anos. Somando: 7 + 6 = 13.
Além disso, "Papa Francisco" tem 13 letras.
Assim como "Papa argentino" tem 13 letras.
O PT já avisou que não tem nada a ver com isso.
Dilma Rousseff acrescentou que, se o Papa quiser vestir vermelho, o problema é dele.
O PSDB, por via das dúvidas, vai entrar com representação contra o Vaticano.
E o católico Mário Jorge Lobo Zagallo está exultante, sem dúvida...
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Renato Augusto mandou bem. Pato marcou, mas saiu machucado (Foto: Reuters) |
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"- Ó, ó, ó, ó, ó..." |
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Com muito esforço e brio, Vasco é vice de novo! |
E o Vasco é campeão! Campeão dos vices! Em seu torneio particular, após muito esforço e brio de seus jogadores, o clube conquistou mais um vice-campeonato, dessa vez o da Taça Guanabara. Assim, reina absoluto no Brasil neste quesito. Parabéns, Vice da Gama! Parabéns também ao Botafogo, que bateu o Vice por 1 x 0 e conseguiu reverter a desvantagem pelo segundo jogo consecutivo, pois seus adversários, tanto da semi quanto da final, jogavam pelo empate. Mas o jogo foi feio. O Vasco entrou apenas para se defender e sair no contra-ataque, tática que havia dado no certo no confronto da semifinal contra o Fluminense. Já o Botafogo, apesar de não apresentar um futebol de encher os olhos, pelo menos mostrou disposição de atacar - e foi premiado com o bonito gol de Lucas, após envolvente troca de passes.
'Em briga de marido e mulher...' Os vascaínos reclamam que o gol foi roubado pois, no momento do chute de Lucas, Vitinho estava em posição de impedimento. Pouco depois o Vasco marcou o que seria o gol de empate (e do título), mas o árbitro assinalou impedimento de Renato Silva no lance. Foi a gota d'água para o chilique de Bernardo, que bateu pezinho, fez biquinho, arrancou os cabelos, se jogou no chão e fez manha. Mas não foi o suficiente para convencer o bandeirinha, que manteve a marcação e garantiu o título do Botafogo. Entretanto, há que se relevar o comportamento do jovem jogador, pois, minutos antes, ele já havia brigado e “dado um tempo” na calorosa relação com Carlos Alberto, após este, ao invés de chutar, ter optado por driblar três adversários e devolver a bola para o primeiro, deixando-o então em impedimento. Que ninguém meta a colher!
Com furadeira, o 'brocador' não morre de fome Sobre o Flamengo, não temos muito a comentar, pois o time continua curtindo suas longas férias e tentando reabilitar seu artilheiro “brocador”, que, após a renovação de contrato, não marcou mais. A diretoria já pensa em reduzir o salário do jogador, para ver se a seca acaba. Mas de fome ele não morre: com uma furadeira em mãos, certamente vai arranjar muito bico por aí. Até porque, caneleiro como é, de bico ele entende...
Jogadores ainda curtem os louros (e morenos) Dizem por aí que o Fluminense ainda não se deu conta que o ano começou, pois os jogadores continuam curtindo os louros (e morenos também) obtidos no ano passado. Duas notícias de bastidores indicam os rumos do time das Laranjeiras. A primeira é que o time mais parece o Flamengo da era Ronaldinho: só badalação e nada de dedicação. A outra é que Abel está balançando, pois o Abramovich do Flu (leia-se Celso Barros) não está nada satisfeito. Aproveitando-se do momento, dias atrás o agente de Mano Menezes tentou emplacar seu cliente por lá. Além disso, Paulo Autuori está no mercado, e o preferido do Tio Celso, Renato Gaúcho, disse recentemente em entrevista que, após um duro ano sabático na praia de Ipanema, em breve voltará a trabalhar. A torcida tricolor provavelmente terá fortes emoções em breve...
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Ratzinger era um dos favoritos. Mas nem tanto |
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Cotação em tempo real |
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Lorscheider quese chegou lá |
De Muricy Ramalho, ontem, em entrevista coletiva, ao dissertar sobre para qual time ele preferia que Neymar fosse, caso o atleta saísse do Santos:
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Ivan Storti / Santosfc.com.br |
O Galo terminou o primeiro turno da Libertadores com 9 pontos em 9 jogados. Não é uma campanha perfeita por uns gols bobos tomados e porque o time ainda tem muito a evoluir para pensar em ganhar alguma coisa este ano. O jogo de ontem contra o Strongest foi sofrido, com o primeiro tempo terminando com apenas uma chance claríssima de gol para o Galo, num passe perfeito de costas de Ronaldinho para Jô, que o goleiro defendeu .
Os bolivianos também poderiam ter marcado em contra-ataque, mas a qualidade de conclusão de seus atacantes é bem inferior. Embora o time seja bem armado e marque muito. Galo e São Paulo vão sofrer na altitude de 3.660 metros de La Paz. Empate não seria mau resultado lá.
Já no segundo tempo o Galo teve mais espaço e jogou melhor, Bernard, mesmo mal na partida por ter perdido 3 kg na semana por conta de uma amigdalite, concluiu bem, tirou do goleiro e a bola bateu na trave. Tardelli fez gol anulado pela marcação de um impedimento discutível, e, para variar, Ronaldinho decidiu. Cruzou para Jô marcar e deu passe perfeito (olhando para o outro lado) para Marcos Rocha sofrer pênalti. Na hora de bater, mesmo tendo perdido as três últimas cobranças, pegou a bola e fez o gol. Comprovando o que dissera durante a semana, que sua confiança estava em 1000%.
E essa é a diferença do Galo para times como o São Paulo, tem bons jogadores como Marcos Rocha, Bernard, Tardelli e Jô, mas na hora que a coisa aperta Ronaldinho resolve, principalmente com passes e assistências. Foi assim nas três partidas da Libertadores até agora. No segundo turno será mais difícil, pois os times já viram como o Atlético joga, mas a classificação deve acontecer sem grandes sobressaltos. Se possível com a melhor campanha para pegar um adversário teoricamente mais fraco nas oitavas de final.
Brasileiros favoritos, argentinos naufragam – Um dos dados mais impressionantes desta primeira fase da Libertadores é a baixa performance dos times argentinos. Dos cinco que disputam, hoje apenas o Vélez Sarsfield se classificaria, com o primeiro lugar no grupo 5, com 6 pontos, mesmo número que Peñarol e Emelec. Se terminasse agora, seriam 5 dos 6 brasileiros classificados e apenas 1 dos 5 argentinos nas oitavas-de-final. O brasileiro fora seria o Palmeiras, que está em terceiro no grupo 2, com apenas 3 pontos em 3 jogos. Ainda é possível que argentinos e o time alviverde reajam, mas essa não é a lógica...
A canção popular reflete e respalda valores sociais de todas as naturezas. Assim acontece com questões de gênero. Em tempos de MC Katra, de sertanejos universitários que, se te pegam, ai, delícia, é curioso fazer um mergulho histórico na música brasileira e encontrar peças de um sexismo medieval estampado em cores vivas.
Diversas listas já foram feitas. A História Sexual da MPB virou até livro - e vai muito além desse aspecto, mas as questões de gênero são complicadas no universo musical desde antes do tempo do Estado Novo.
Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, um ano depois da polêmica sobre a lei antibaixaria na Bahia que pretendia proibir exibições públicas custeadas com dinheiro público que incluam músicas machistas, separamos algumas das acusadas, com ou sem razão, de propalarem ideias machistas.
Machismos escondidos em cenas de ciúmes e arroubos de possessividade masculina ficaram para outro post. Nas selecionadas, seja por retratar, seja por difundir esse tipo de concepção (em geral, o ouvinte é quem "decide" em qual das hipóteses enquadrar), elas são clássicas. Mas talvez não possam ser executadas em qualquer show na terra de Jacques Wagner e ACM Neto...
Gol anulado
"Gol Anulado", de João Bosco e Aldir Blanc começa com uma cena que, hoje, poderia ser enquadrada na Lei Maria da Penha. "Quando você gritou 'Mengo', no segundo gol do Zico tirei sem pensar o cinto e bati até cansar". A confissão sem remorso da agressão é seguida de uma explicação que, longe de querer excusar a violência, só tenta explicar as razões para tanta decepção. "Dois anos vivendo juntos, e sempre disse contente: 'Minha preta é uma rainha, porque não tem o batente. Se garante na cozinha e ainda é Vasco doente'". Além de não poder trabalhar, a mulher teria de se anular até na preferência clubística... Cantada por Elis Regina a história soa toda outra. Mas a cena de violência é a mesma.
Na subida do morro
Agressão também é descrita, em condição ainda mais inusitada, em "Na subida do morro", de Moreira da Silva. Nesse percurso, "me contaram que você bateu na minha nega, e isto não é direito: bater em uma mulher que não é sua". Strito sensu, se agredir uma mulher é crime, bater em uma "mulher que não é sua" certo não é. Mas a composição faz graça ao deixar no ar que tapas e sopapos na própria senhora seriam outro departamento. O malandro admite uma biografia cheia de malícia, sai para tirar a satisfação com o "amigo" que "deixou a nega quase nua". Por tudo isso, fica na lista.
Ai Que Saudades da Amélia
No Dicionário Aurélio, Amélia se tornou sinônimo de "mulher que aceita toda sorte de privações e vexames sem reclamar, por amor a seu homem". No Houaiss, "mulher amorosa, passiva e serviçal".
Considerando-se que "Adeus Amélia" é nome de bloco de pré-carnaval em São Paulo, está claro que "Ai Que Saudades da Amélia", de Mário Lago e Ataulfo Alves, não poderia figurar fora desta lista. Aquela que não tinha a menor vaidade, que passava fome ao meu lado e achava bonito não ter o que comer; que, ao contrário da atual parceira e interlocutora, não tinha saltada a veia consumista nem cobrava mundos e fundos do pobre rapaz...
A questão poderia dar-se por consagrada por maioria de votos, mas segundo uma singela e curiosa nota de 2001, a homenageada era Amélia dos Santos Ferreira, lavadeira de Almeidinha, irmão de Araci de Almeida. Consta que tinha dotes de cozinheira, arrumadeira e outras que tais, tudo sem achar ruim, e ganhando pouco. "Na brincadeira na roda de amigos do Café Ópera, no centro do Rio, vaticinou-se: tão perfeita, não poderia ser de verdade", segundo outra nota. Da empregada ultraexplorada para a desfeita com a namorada (ou esposa) foi liberalidade dos compositores.
Anos depois, Mario Lago disse que "todos nós somos Amélia ou Amélio", especialmente "quando se está apaixonado, sendo homem ou mulher, se aceita tudo, não se faz exigência". Mas a fama foi toda para a conta do machismo.
Emília
De Wilson Batista e Haroldo Lobo, "Emília" é muito mais subserviente do que Amélia, mas passou ao largo de virar adjetivo no dicionário. Sem poder viver sem a moça que lhe preparava café todo dia e era prendada nos afazeres do lar, escapava a informação de que ela já não estava mais lá, porque a letra diz que sem Emília "já não posso mais".
Mas, ao pedirem, em 1940, a Papai do Céu "uma mulher que saiba lavar e cozinhar, que de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar", talvez não imaginassem que ganhariam resposta, bem menos popular e conhecida. "Loucas pela boemia", de Bide e Marçal, do ano seguinte, saiu-se com "Emília diz que não é mais a mesma" e que "Emília enlouqueceu", porque "diz que vai viver sambando" e "saiu gritando: quem não pode mais sou eu".
Mulheres de Atenas
Provavelmente a mais injustamente acusada de machismo é um líbelo feminista. De Chico Buarque, o rei do eu-lírico feminino, e Augusto Boal - criador do Teatro do Oprimido -, Mulheres de Atenas data de 1976, como trilha sonora de peça homônima para o teatro. Consta que o próprio Chico Buarque, em uma entrevista à TV Cultura, teve de explicar a ironia: "Eu disse: mirem-se no exemplo daquelas mulheres que vocês vão ver o que vai dar. A coisa é exatamente ao contrário". (Venhamos e convenhamos que a camisa florida e aberta da gravação de 1976, abaixo, não ajuda a demover a ideia...)
Com açúcar, com afeto
Já que Chico Buarque foi para o alvo, outra acusada com frequência é "Com açúcar, com afeto", composta a pedido de Nara Leão. Segundo o compositor, a intérprete pediu uma "música sobre uma mulher daquelas, daquelas que esperam". Recebeu nos conformes. Uma das cenas descritas até coincide com a canção listada anteriormente. O mau-caráter enrola a esposa dizendo que tem que trabalhar duro, para no bar, canta samba, passa a tarde olhando rabos de saia, fala de futebol e chega em casa naquele estado:
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coraçãoE ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratadoAinda quis me aborrecer? Qual o quê!