Dava pra ver, pelos
primeiros cinco minutos de partida, qual era a proposta de cada um
dos times que jogavam no Pacaembu hoje. De um lado, um Santos sem
Dracena, Bruno Peres e Arouca procurando o ataque, principalmente
pelos lados, e, do outro, um São Cetano em situação agonizante no
campeonato com um esquema defensivo, esperando um vacilo do rival
para tentar a sorte na partida.
E o vacilo aconteceu
cedo. Em uma bola que voltou rebatida do meio de campo, Durval falhou
grotescamente deixando o caminho para o gol livre para Jael. O
defensor teve que fazer falta e o atacante, ex-Portuguesa e Flamengo,
vulgo “o cruel”, fez o tento com uma bela cobrança, ao lado da
barreira, mal montada por Rafael.
A partir daí, a toada
seguiu a mesma, com o Peixe pressionando e o Azulão recuando. Os
mandantes criaram inúmeras chances de gol, com Neymar mais de uma
vez, com Giva, chegando com Cícero... E nada de o gol sair. Um
domínio inconteste na etapa inicial, com o Alvinegro tento mais de
68% de posse de bola, e doze finalizações contra duas do São
Caetano.
O técnico Daniel
Martine resolve levar o manual do ferrolho muito a sério e
substituiu o meia Éder Marcelo pelo volante Moradei aos 34 minutos.
Foi contestado à distância pelo goleiro Fábio e, no intervalo,
pelo capitão Eli Sabiá, que disse à imprensa que discordava do
treinador. A decisão quase se mostrou errada em cinco minutos, tempo
no qual Moradei tomou um cartão amarelo e só não tomou o segundo
ao fazer uma falta por trás em Neymar porque o juizão preferiu a
advertência verbal.
Na segunda etapa, a
pressão deu resultado, com um belo gol de falta anotado por Neymar,
aos 7 minutos. O São Caetano até tentou sair mais para o jogo, mas
conseguiu no resumo da etapa final mais duas finalizações, enquanto
o Peixe, que tentou e criou muitas oportunidades, em especial até os
30 minutos, finalizou mais 15 vezes e não conseguiu a virada.
A troca feita por
Muricy no intervalo, de Giva por André, não surtiu o efeito
desejado pelo comandante. Apesar de o atacante ter feito uma função
diferente, fazendo mais o pivô, muitas vezes seus passes – muitos
de calcanhar, o que irritou um pouco o torcedor por serem mal feitos
– atrasavam o lance ao invés de aprofundar a jogada.
Apesar do empate em
casa, pode-se dizer que o time fez uma boa apresentação. O
destaque, pra variar, foi Neymar, que mandou na partida
principalmente no segundo tempo, fazendo as vezes de meia e deixando
Monitllo, Léo ou Pato Rodríguez na esquerda. Um resultado que não
faz muita diferença para o Santos, mas que afunda ainda mais o São
Caetano, agora um pouco mais perto do rebaixamento. Próxima parada,
Piauí, contra o Flamengo local, pela Copa do Brasil.
Danilo não jogou bem, mas salvou o time na hora do aperto (Guillermo Legaria/AFP)
O Corinthians venceu o Millonarios por 1 a 0 na Colômbia, é líder de seu grupo na Libertadores no saldo de gols e está garantido na próxima fase, mesmo que perca no Pacaembu do boliviano San Jose, o que é improvável. Tudo isso é verdade e muito positivo. Mas que jogou mal nesta quarta-feira, ah, se jogou.
Apertado pelo rival desde o princípio, assustou a incapacidade do time em trocar três passes certos consecutivos. A bola queimava nos pés de Danilo, Paulinho e Romarinho, que em tese deveriam ser os condutores da orquestra. O resultado: até os 35 minutos do primeiro tempo, com marcação forte e adiantada, o poderoso Millonarios barcelonizou o Timão, com uma posse de bola de 67%, ainda que com poucas chances mais claras de gol. Apenas a defesa alvinegra funcionava, com o time fechadinho em busca de um contra-ataque que morria de forma sistemática nos erros de passe da meia cancha e na pressão colombiana.
A coisa melhorou um pouquinho nos últimos dez minutos, com o ímpeto dos donos da casa arrefecendo e um pouco mais de acertos dos meias corintianos, mas nada que mudasse a partida. Que na verdade não mudou até o final, com a exceção do placar. Jorge Henrique entrou no lugar de Pato, no que eu critiquei como uma admissão de empate por parte de Tite, e após 10 segundos em campo tabelou com Alessandro e deu o passe para Danilo acertar um belíssimo chute de fora da área, no cantinho, salvando mais uma vez o time numa situação complicada. A pressão continuou, Cássio fez algumas defesas, Rentería perdeu gol num rebote do goleiro, mas ficou por isso, acabando com as chances do Millonarios.
Como frente ao São Paulo, as ausências de Renato Augusto e Douglas se fizeram sentir. A presença de um deles aliviaria os encargos de Danilo e Paulinho. Tanto Romarinho, aposta de Tite na armação central, quanto Sheik não são disso, preferem o drible. E Jorge Henrique, a opção direta, tem se conformado com o papel de dublê de lateral, buscando a marcação acima de tudo. Impressionante que um elenco tão caro e aparentemente bem montado como o do Corinthians sofra com desfalques, ainda mais de um jogador que chegou há tão pouco tempo como Renato. Talvez valesse a pena Edenilson pela direita, tem mais jeito de meia que os demais. Mas torço mesmo é para que Renato volte a jogar logo.
Isso não exime de culpa os meias que jogaram, especialmente Paulinho, bastante abaixo de sua média. Nem os laterais, que não ajudaram em nada na saída de bola. A boa notícia é que mesmo com tudo isso, jogando mal, ganhamos. É um bom começo.
Exemplo prático para observar a quem a Veja se dirige: "Você", o leitor próximo, que interessa à publicação da editora Abril, é um homem, branco, classe média/rico, tipo executivo - com cara de desconsolo por um "direito" (privilégio) perdido; "Ela", o ser distante, estranho e indesejável, é uma mulher, negra, nordestina, pobre, com pouco estudo - e a revista dá a entender que, por isso mesmo, decide errado (prejudicando "Você"). Ou seja, "A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes" (Karl Marx). Situe-se. E observe o discurso e sua direção.
Merecida comemoração palmeirenses (Foto: Nelson Almeida/AFP)
O Palmeiras recebeu o horroroso Tigres das Argentina e venceu por 2 a 0 na noite desta terça-feira, no Pacaembu. Vitória certamente facilitada pelo pouquíssimo futebol que os hermanos conseguiram passar pela fronteira disfarçado de pancadaria pura. Mas os principais elementos do triunfo alviverde foram a raça e a entrega do desfalcado time, que não perdeu nenhuma dividida.
O destaque foi o garoto Vinícius, que exemplifica a situação bizarra que o Palmeiras superou no jogo. Ele entrou no jogo logo no começo, após a contusão do titular Patrick Vieira. Quer dizer, titular é jeito de falar, já que o Verdão jogou com uma boa meia dúzia de desfalques. Mas o fato é que Vinícius entrou e, do alto de seus 19 anos, resolveu o jogo com duas assistências para os gols de Charles e Caio.
Na zaga, chamou a atenção de meus corintianos olhos a boa atuação do improvisado Marcelo Oliveira. Volante de bom passe quando apareceu na base alvinegra, tornou-se lateral-esquerdo pelas necessidades dos clubes onde passou. Agora, encontra nova função na zaga, com desarmes precisos e noção de cobertura.
A boa vitória acendeu as combalidas esperanças dos palmeirenses espalhados pelo mundo. Que dizer então dos perto de 20 mil que compareceram ao Pacaembu. Até grito de olé teve.
Mais uma rodada se passou e nada mudou para a dupla Flamengo e Vasco. Ambos continuam seu calvário no Campeonato Carioca. O primeiro conseguiu a proeza de ser o primeiro grande (???) a perder para o Audax, homônimo de time chileno que tem filial interestadual. O técnico Jorginho já jogou a toalha e, do jeito que anda a coisa na Gávea, o melhor a fazer é aproveitar as partidas restantes para preparar a equipe para a Série B do ano que vem. Com um elenco recheado de ex-jogadores e promessas que nunca se tornarão realidade, se cair, este time periga não voltar tão cedo para a primeirona. E por falar em promessa, ontem, dia 1º de abril, foi aniversário da maior de todas as promessas rubro-negras, Rafinha. Nada mais adequado, porque, em matéria de enganação, esse já virou realidade faz tempo. Aliás, se é pra citar outra coisa muito adequada, um jornal de Manaus ("A Crítica"), num arroubo de honestidade, estampou na tabela da Taça Rio a denominação "Flamerda":
O jornal amazonense ainda garantiu Resende e Fluminense na Libertadores...
Rato se diverte com treino do Vasco
Lanterna do grupo A com apenas 1 ponto em três partidas, sem marcar gols há quatro jogos e brigando cabeça a cabeça com o Flamengo para ver qual será o time mais zoado pelos rivais, o Vasco, que não tem dinheiro para pagar o salário de ninguém, resolveu virar a chacota da vez e abriu as portas de São Januário para uma invasão de ratos. Em entrevista ao diário Lance!, o vice-sem duplo sentido-presidente de patrimônio e especialista em comportamento de roedores, Manuel Barbosa, garantiu que o problema já está sendo tratado e soltou a seguinte pérola: “Como vocês mesmos puderam ver, ainda é possível encontrar alguns deles vivos, mas estes já estão tontos por conta do efeito do veneno”. Tontos estão todos no Vasco, do presidente ao faxineiro, seja por falta de dinheiro ou de tanta chacoalhada que o time vem levando no campeonato.
Rhayner: o recordista das Laranjeiras
O Fluminense, do "matador" Rhayner, apesar de ainda não ser nem sombra do time de 2012, começa a apresentar sinais de melhorias. Conseguiu engrenar duas vitórias seguidas e segue na vice-liderança do Grupo B. O time de Abel, que mostrou ainda lhe restar um pouco de moral ao barrar o aposentado Deco e autorizar a cobrança de um pênalti por Rhayner mesmo sabendo que este iria perder (agora já são 83 jogos sem marcar um gol!), se prepara para o duelo decisivo contra o Grêmio pela Libertadores, na semana que vem. Se Flamengo e Vasco estão fora da disputa pela Taça Rio e o Fluminense em evolução, o Botafogo que abra o olho, pois o time das Laranjeiras tem plenas condições de beliscar o bicampeonato.
Engenhão foi obra de engenheirinho
Com o fechamento do Engenhão após estourarem as notícias de que o estádio pode ser levado por um vento de 63 kph (não vou chover no molhado de comentar as obras públicas brasileiras), o jogo entre Botafogo e Vasco seria disputado em São Januário, mas o Botafogo não aceitou as imposições escabrosas do time da colina - ou então ficou com medo dos ratos - e decidiu mandar a partida em Volta Redonda, que sediará os clássicos e as finais do campeonato. Comenta-se que o acanhado estádio, com capacidade para 21 mil espectadores, não está a altura do torneio. Mas em quantos jogos deste campeonato o número de torcedores superou esta marca?!?? O Glorioso, que nunca deu uma volta olímpica de verdade no seu finado estádio, decidiu colocar os jogadores para ajudarem na reforma e tentar recuperá-lo antes do fim do estadual, pois os dirigentes sabem que a chance de ser campeão de alguma coisa neste ano é só no Cariocão, mesmo!
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um craque e brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.
Esse post bem
que poderia ser a continuação
de um anterior em um quesito: a diferença que pode fazer o apoio
ou não de uma torcida para o desempenho de uma equipe. Enquanto o
Santos foi vaiado no empate com o Mogi Mirim na Vila Belmiro, a
torcida que esteve presente no Alfredo de Castilho, em Bauru, na partida contra o Oeste (o
clube de Itápolis preferiu mandar a partida em outra cidade por
conta das condições de seu estádio e também da renda) apoiou a
equipe e soube reconhecer o empenho dos jogadores, mesmo eles não
indo tão bem em boa parte da peleja.
E quem sabe não tenha
sido essa atitude dos torcedores que tenha ajudado Neymar não só a
jogar bem e ser determinante para a vitória contra o Oeste, mas
também a marcar depois de seis jogos sem ir às redes. O atacante contou com assistência precisa de Montillo, que fez boa jogada pela esquerda e passou para que o garoto, mesmo escorregando, contasse com a sorte para acertar o ângulo de Fernando Leal. Na comemoração, a homenagem foi ao jamaicano Usain Bolt, que está no Brasil e, fã de futebol, disse que gostaria de conhecer Neymar.
Foi o
primeiro tento da partida, na segunda etapa, depois de um primeiro tempo sem nenhuma
chance efetiva para os dois lados. Àquela altura, o time peixeiro
não contava com o lateral direito Bruno Peres e tinha Felipe
Anderson como falso ala, o que deu um pouco mais de movimentação à
equipe. Dracena e Léo foram
poupados e nem viajaram, dando lugar a Neto e a Guilherme Santos. Arouca, com uma lesão na última hora, também não jogou, cedendo a vaga ao promissor Alan Santos. Com o Peixe passando a mandar na partida, Neymar tirou da cartola alguns dos lances mágicos de seu
repertório. E, curiosamente, em um lance no qual poderia ter marcado
um golaço, foi puxado por um adversário mas – vejam só – não caiu. Acabou
perdendo o gol e, na sequência, o Oeste empatou a partida.
O autor
do tento foi um ex-santista, o atacante Gilmar, que passou pela
Baixada em 2006, no glorioso pacote da “parceria” Santos/Marcelo
Teixeira-Luxemburgo-Iraty. Mais uma vez, assim como na partida contra o Mogi, o empate do rival veio no setor de Guilherme Santos, distante na marcação.
No entanto, bastaram
três minutos para o Peixe ir à frente no placar novamente. Gol de
Cícero depois de cobrança de escanteio pela esquerda do ataque. Foi
o sexto tento do meia no campeonato paulista, um a menos que o
principal goleador do time, Neymar. Aliás, o resultado foi o mesmo
da partida
de estreia do menino de ouro em 2009, no Pacaembu, e deixa o
Santos na terceira colocação do campeonato, com 32 pontos, três a
menos que o São Paulo.
O próximo adversário
é o São Caetano, na quinta-feira, desta vez no Pacaembu. Que os
peixeiros da capital tenham uma atitude parecida com a da torcida que
esteve hoje em Bauru, e não como a do pessoal da Vila no meio da
semana.
Dois chavões, daqueles bem batidos, servem para descrever com precisão o que foi a derrota do São Paulo por 2 a 1 para o Corinthians, no Morumbi: "quem não faz toma" e "clássico é decidido num erro". Sem vencer um clássico no ano (perdeu por 3 a 1 para o Santos e empatou sem gols com o Palmeiras), o time de Ney Franco desta vez jogou bem, com marcação consistente no sistema defensivo, boas subidas dos laterais e troca de passes envolvente no ataque. Melhor: foi assim o jogo todo, coisa muito rara de se ver no São Paulo. Infelizmente, como diz o primeiro chavão futebolístico, o Tricolor não conseguiu fazer o segundo gol ainda no primeiro tempo, após abrir o placar com Jadson e criar várias chances no ataque, e viu Danilo acertar um chute belíssimo, no ângulo, para empatar o clássico.
Nessa toada, de aguardar o São Paulo em seu campo e sair no contra-ataque, o Corinthians venceu o jogo. Pato sofreu pênalti (justo) e cobrou para definir o marcador. Esse foi o segundo chavão do jogo: um erro que deu a vitória ao adversário, numa partida equilibrada. Rafael Tolói, que atrasou na fogueira para Rogério Ceni, até poderia ser apontado como "vilão". Mas ele jogou muito bem e não merece a pecha. Acontece - simples assim. O tal "vilão", aliás, poderia ter sido o próprio Ceni, que deu uma furada bisonha num chute de perna direita, na pequena área, mas conseguiu consertar. Paciência. Se considerarmos que o resultado não altera a situação do São Paulo no campeonato, temos um terceiro chavão: "perdeu quando podia". Mas é claro que perder para o Corinthians sempre é ruim...
Buenas, entre mortos e feridos, além da boa atuação do time nas duas etapas e da segurança de Paulo Miranda e Carleto pelas laterais (setores mais fracos do time), salvou-se a bela exibição de Paulo Henrique Ganso. É claro que está a anos-luz daquele meia cerebral que encantou a torcida santista em 2010, mas essa foi, de fato, sua primeira ótima partida com a camisa sãopaulina. Correu muito, chamou a marcação, tocou de primeira, rápido, armando o jogo, procurando os atacantes. Parece que acordou pra vida - o que é uma ótima notícia, às vésperas de um jogo tão decisivo quanto o que fará contra o The Strongest, na Bolívia, pela Libertadores. Falta ao São Paulo, neste momento, maior poder de finalização. Se Luís Fabiano não jogará, Osvaldo e Aloísio precisam, com urgência, passar giz no taco.
Maratona majestosa - O primeiro Majestoso do ano - apelido do confronto entre Corinthians e São Paulo desde os anos 1940 - foi apenas aperitivo para uma série que pode atingir 9 partidas em 2013: três pelo Paulistão (se os dois times se cruzarem novamente na fase mata-mata), duas pela Libertadores (idem anterior, considerando, porém, que a situação do Tricolor está bem complicada nesta competição), duas pelo Brasileirão e mais duas pela decisão da Recopa Sulamericana (título decidido entre os campões da Libertadores e da Sulamericana). No histórico do Majestoso, segundo a Wikepedia, os dois rivais paulistanos se enfrentaram 313 vezes a partir de 1930, com 116 vitórias alvinegras, 100 tricolores e 97 empates. O Corinthians marcou 456 gols e o São Paulo, 439.
Depois de cinco
partidas na temporada na Vila Belmiro, todas vencidas pelo Santos, o
Alvinegro empatou com o Mogi Mirim em 2 a 2. Claro que não é o
resultado dos sonhos de ninguém, mas o adversário tem o melhor
ataque do Paulista, com 29 gols, e está à frente de Corinthians e
Palmeiras na tabela. Os donos da casa vacilaram em momentos cruciais
da partida e tomaram dois gols mesmo tendo o domínio da partida
durante a maior parte do tempo.
A torcida, além de
“marcar” alguns jogadores, vaiou o time ao fim dos 90 minutos. E
alguns deles vaiaram Neymar, algo que toma proporções anormais para
parte da mídia esportiva que sempre procura pauta em ovo. O garoto
deu assistência, se movimentou, mas não brilhou como costuma. Está
há seis jogos sem marcar, e ainda assim foi fundamental para a
equipe.
Em outro contexto, mas
no mesmo campeonato, vi o Santos perder por 3 a 1 para o Paulista, no
Pacaembu. Com Neymar. O gol de honra, dele, veio perto do final e,
quando estava 3 a 0, boa parte do estádio cantou, apoiando os
jogadores. Falo da diferença entre o comportamento santista ontem e
o daquele jogo para falar da necessidade de o Alvinegro mandar mais
jogos em São Paulo.
Na Vila, mesmo na época
de vacas magras, o Santos era soberano. O folclórico Viola dizia que
no estádio o adversário era como Miojo, entrava duro e saía mole
em função da pressão dos torcedores. Mas os tempos foram mudando e
há algum tempo o estádio e seus torcedores não têm cumprido seu
papel a contento, o de ser um caldeirão para os rivais. Aquela parte
da torcida que em outros clubes se chama de “turma do amendoim”
cada vez ganha mais relevo.
Lembro que em 2003,
quando Robinho passava por má fase após ser o principal
protagonista do título Brasileiro de 2002, tirando o time de uma
fila de quase 18 anos, era xingado por torcedores que esqueciam o que
havia acontecido três meses antes. Um cara que estava perto de mim
em um jogo disse que “Robinho é um enganador, que nem o Gil do
Corinthians”. O santista Renato conta outra passagem, de um
torcedor que xingou durante boa parte do primeiro tempo o meia Diego.
Cada vez que ele pegava na bola, era uma ofensa. O problema é que o
xingado era Preto Casagrande e o jovem sequer estava em campo naquele
dia. Muitos provavelmente pegaram no pé de Pelé e cia. também.
Saem alambrados, entram camarotes térreos
Esse tipo de torcedor
que mais xinga do que apoia e acha ruim até quando o time vai bem
sempre existiu na Vila, mas parece, como disse acima, que vem se
tornando mais importante, não só pelas mudanças pelas quais o
estádio passou, mas pelo fato
de, com públicos pequenos, sua voz se sobressair mais. E também se
sobressaem aqueles que querem conturbar o ambiente, movimentos
interessados em forçar ou criar clima para justificar saída de
jogadores cuja parte dos direitos federativos pertencem a empresas ou
empresários.
Na peleja contra o
Mirassol (alô, Palmeiras), o Santos
teve prejuízo e ontem o time, mesmo com a volta de Neymar e
Montillo, jogou diante de 6.054 pagantes. Ainda assim, o clube tem a
segunda melhor média de público do Paulista, mas certamente não é
por causa da Vila e sim pelos dois jogos que mandou na capital, conta
o Paulista, no Pacaembu, e contra o Corinthians, no Morumbi, ambos
com mais de 18 mil pagantes cada.
O bairrismo já foi
arma eleitoral na disputa entre Luís Álvaro e Marcelo Teixeira em2010 e volta à tona impulsionado também pela TV de propriedade da
Família Teixeira. Como querela política, impede a discussão sobre
o clube ampliar seus horizontes, já que estima-se que a torcida
santista seja pelo menos dez vezes maior do que a população da
cidade que abriga a equipe.
Para mim, que sou
santista de nascimento e vi jogos mais na Vila do que em qualquer
outro lugar, ela é insubstituível afetivamente. Mas é impossível
fechar os olhos às necessidades que regem um clube grande no futebol
de hoje. Para buscar visibilidade e torcedores o Santos precisa sair
mais da Vila. E, hoje, faria bem a torcida de Santos refletir mais
sobre seu comportamento nas arquibancadas, torcendo mais e chiando
menos.
A Globo anunciou que o onipresente Ronaldo Nazário - empresário, embaixador da Copa, cobaia de dieta do Fantástico, garoto-propaganda de um sem número de marcas... - vai comentar tanto a Copa das Confederações quanto o Mundial brasileiro. Tudo bem. Temos a opção de tirar o som da TV e ligar o rádio. Mas o que interessa sobre Ronaldo, para quem gosta de (bom) futebol, é o que ele fez com a bola nos pés. Mais do que vitórias ou títulos, o que nos encantava era a peculiar habilidade para entortar marcadores e passar por defesas inteiras sem tomar conhecimento. Quem puder perder 15 minutos pode relembrar, no vídeo abaixo, arrancadas sensacionais, dribles curtos, rápidos e imprevisíveis, rolinhos, canetas e elásticos a granel. Assistir Ronaldo Luís Nazário de Lima jogando é mágica pura. A ela:
Sim, o São Paulo venceu mais uma pelo Campeonato Paulista, com Luís Fabiano confirmando sua vocação para decidir apenas quando não interessa: 2 x 0 no Paulista de Jundiaí, fora de casa, com dois gols do camisa 9. De útil, a excelente atuação de Wallyson (que, apesar de ainda não estar totalmente em forma, já merece ser titular pela ponta-direita), a volta de Paulo Miranda na lateral e a surpreendente recuperação de Douglas, que, pela primeira vez, jogou bem. Fabrício, como volante, também correspondeu. Já Lúcio e Cortez continuam dando razão à Ney Franco para permanecerem no banco (com o perdão da rima involuntária). Falando no treinador, aliás, ele conseguiu ficar no cargo até essa Páscoa, ao contrário do que prenunciava o clima de fritura pós-vexames contra o argentino Arsenal pela Libertadores.
Três vitoriazinhas pelo Paulistão - contra São Bernardo, Bragantino e Paulista - garantiram o fôlego extra. Como eu já disse aqui, não sou favorável à demissão de Ney Franco. Muito pelo contrário. Demitir técnico por má fase ou botar culpa por derrota em goleiro são duas das maiores besteiras do futebol. Só que o Juvenal Juvêncio é louco (ou bêbado; ou os dois!) a ponto de ninguém botar a mão no fogo, no dia seguinte, por qualquer coisa que ele garantiu na véspera. Vejamos: há quatro anos, em outro período de Páscoa, Muricy Ramalho chegava às semifinais do Campeonato Paulista com moral, por ter sido o 2º melhor na primeira fase. Pegou o Corinthians. Levou um 2 a 1 (com comemoração polêmica de Cristian) no Pacaembu e um 2 a 0 no Morumbi (com arrancada hilária do gordo Ronaldo sobre o tosco Rodrigo).
A batata de Muricy começou a assar ali. Pouco depois, chegou às quartas-de-final da Libertadores e foi eliminado pelo Cruzeiro com placares idênticos: 2 a 1 e 2 a 0. E o técnico tricampeão brasileiro caiu. Guardadas as devidas - e imensas - proporções, vejamos a coincidência com a situação do Ney Franco. Pega o Corinthians, no próximo domingo de Páscoa. O time ainda não venceu um clássico no ano (perdeu por 3 a 1 para o Santos e empatou sem gols com o Palmeiras). Vai que, num desses dias trágicos, o Tricolor leva uma goleada humilhante do rival, com comemoração polêmica e/ou lance humilhante sobre a zaga. Imagine como seria o clima do embarque para a Bolívia, para enfrentar o The Strongest... E, mesmo se vencer lá, pega outro time mineiro na sequência da Libertadores, o Atlético, que, como o rival Cruzeiro naquele início de 2009, está "voando baixo" nessa temporada...
Na dúvida, Ney Franco já poderia sondar o vaivém dos técnicos nos outros clubes.
Nada de novo sob o Mirassol - Não poderia terminar esse post sem comentar a inacreditável goleada de 6 (SEIS!!!) a 2 do imponente Mirassol sobre o Palmeiras. Sim, o alviverde vive uma crise eterna há mais de dez anos, com dois rebaixamentos no Brasileirão e inúmeros vexames no período terra arrasada pós-Parmalat. Mas até má fase tem limite! O Mirassol estava na zona de rebaixamento e não vencia há cinco jogos! Perder para time fraco acontece. Mas perder por goleada já é mais complicado. Perder por goleada de 6 (SEIS!!!) é ainda pior. E perder por goleada de 6 (SEIS!!!) levando todos os gols logo no primeiro tempo (!) é fim de feira completo. Não há atraso de salário e de direitos de imagem, não há elenco sofrível ou técnico e diretoria idem que expliquem. A COISA TÁ FEIA. Aliás, pensando nessa música do Tião Carreiro (que o Glauco gosta de cantar), acho que o time do Palmeiras não é "filho de Deus", pois "tá na unha do Capeta" - e ele tem como número 666 (SEIS! SEIS! SEIS!)...
Comemora, Mirassol, que não é todo dia! (Foto: Caio Messias/Lance!Press)
Em sua atual fase, o Palmeiras tem perdido muita coisa, como mostra o sacode que levou do portentoso Mirassol na noite desta quarta-feira. Mas pelo menos uma coisa ele ganhou, e do Botafogo: nos últimos tempos, tem coisas que só acontecem com o Palmeiras.
É válido questionar se o Mirassol algum dia já marcou meia dúzia de tentos em uma única partida como profissional. Imagine então cumprir a conta logo no primeiro tempo? Tá certo que o primeiro foi obra do jovem zagueiro palmeirense Marcos Vinícius, de 21 anos, e logo aos 32 segundos de partida. Mas ainda assim...
No finalzinho, o Palmeiras ainda corria, Wesley forçou o goleiro Gustavo a duas defesas complicadas. Mas era nítido que ninguém dentro de campo acreditava no empate. Nem a torcida alviverde, que se dividia entre os que abandonavam o estádio e aqueles que ficavam para xingar o time e o técnico Gilson Kleina – que corre sério risco de não passar o Dia do Trabalho no Parque Antártica.
Já o lado mirassolense era só alegria, justificada pelo feito histórico. Dá pra imaginar, daqui uns 30 anos, quando o Paulistão não for mais que uma lembrança, o centroavante Caion contando para seus netos e vizinhos a respeito da noite em que marcou dois dos seis gols do Mirassol em cima do poderoso Palmeiras.
PS.: Na sequência da rodada, o Corinthians empatou em 1 a 1 com o Penapolense, em mais uma partida pra lá de chata. Mas quem se importa?
A segunda rodada da Taça Rio teve início com um jogo isolado na quarta-feira da semana passada, por imposição da TV Globo. Na insossa partida entre Vasco e Nova Iguaçu, que terminou com o placar de 2 x 0 em favor do time da Baixada, salvaram-se apenas os dois belos gols de Léo Salino. O melhor, mesmo, ficou para o final. Em mais um episódio de despreparo e desrespeito, o ex-técnico e agora dirigente René Simões demitiu o técnico Gaúcho ainda no vestiário. Uma demonstração explícita de que a diretoria come na mão das torcidas organizadas, que pediram a cabeça do treinador. Na realidade, Gaúcho era apenas o boi de piranha, pois quem dava as cartas no time era o diretor de futebol, Ricardo Gomes, que, no dia seguinte, em um ato de hombridade, entregou o cargo. Entretanto, a diretoria agiu rápido e contratou Paulo Autuori, considerado “top de linha”. O treinador, que recebia um dos maiores salários do mundo no Catar, decidiu encarar o desafio “por amor”, por ser vascaíno e acreditar no projeto. Vai receber a módica quantia de R$ 300 mil mensais (tadinho...). A única exigência que fez foi justamente a manutenção de Ricardo Gomes no cargo. Ao Renê, restou a pergunta do comercial de leite Parmalat: "Tomou?"
No plantel do Flamengo, só Jesus salva!
A estreia de Jorginho no Flamengo não foi o que a torcida esperava. O novo treinador, que prometera abolir os cabeças-de-área brucutus e escalar na posição jogadores técnicos, decepcionou. O time saiu jogando com o brucutu-mor Amaral na posição. Resultado: uma incontável quantidade de passes errados e um 0 x 0 com o fraquíssimo Boa Vista. É melhor Jorginho dar logo início aos cultos que costuma promover nos times por onde passa, porque com o plantel que tem em mãos, só Jesus salva!
Abel Braga quando resolvia sozinho a pontaria do Fluminense
E 0 x 0 foi também o placar de Fluminense x Duque de Caxias. O atual campeão Carioca continua jogando abaixo da crítica e nem conseguiu vencer um time que está brigando ferrenhamente para não ser rebaixado. O desfalque dos três jogadores que estavam com a seleção brasileira não serve como desculpa. Deco está rendendo muito menos do que se esperava e Abel credita os maus resultados à falta de pontaria dos atacantes. O problema não é apenas esse. Todos os setores da equipe estão desarrumados. De quem será a culpa?
Seedorf e Bennet: "Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor!"
O Botafogo, que não tem nada a ver com os problemas alheios, parece que vai receber o título no colo. Os outros grandes parecem estar fazendo uma força sobre-humana para entregar logo a Taça Rio para o alvinegro, o que, para o campeão do primeiro turno, consolidaria o título carioca por antecipação. Hoje, o Vasco é o lanterna de um grupo e o Flamengo o vice-lanterna do outro. Não fossem as trapalhadas do árbitro com nome pomposo, Philip Georg Bennet, não teria muito o que se comentar a respeito da vitória do Botafogo por 2 x1 frente ao Madureira, no último domingo. Ele desmarcou um pênalti assinalado por ele mesmo, após a bola já estar na marca da cal, sem que nenhum de seus auxiliares o tivessem passado alguma informação. Deve ter pensado que o Botafogo não precisa de pênalti para vencer o pequeno Madureira. Ainda expulsou Seedorf no último minuto de jogo, quando o jogador estava de costas para ele e se dirigindo ao banco de reservas para ser substituído. Não satisfeito com as lambanças em campo, o árbitro de nome inglês aprontou mais uma após a partida: a súmula entregue por ele à FERJ, redigida a próprio punho, exibe letra diferente na parte em que trata a expulsão do holandês por supostamente tê-lo ofendido com as seguintes palavras de baixo calão para os parâmetros de um lord inglês: “Você está de palhaçada!” Deve estar, mesmo...
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um verdadeiro craque e brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.
Pouco a falar sobre o jogo da Seleção Brasileira nesta segunda, frente à Rússia. Mais uma partida fraca, sem demonstrar organização coletiva e nem a qualidade individual dos principais jogadores. A Rússia apertou no começo, mas depois passou o jogo recuada e explorando os contra-ataques. Nesse período, o que posso ver de positivo no desempenho brasileiro: o time tocou bem a bola, manteve a posse e o controle do jogo. Legal, mas isso não resultou em quase nenhuma jogada realmente perigosa, só uns chuveirinhos meio esquisitos.
Felipão testou no primeiro tempo uma novidade que usou contra a Itália. Um tipo de 4-4-2 à inglesa, com Oscar e Kaká nas extremas e Neymar de segundo atacante, posição que, se a coisa funcionasse, lhe daria muita liberdade para circular pelo ataque todo e aproveitar seu considerável potencial. Mas os problemas impedem que isso aconteça: se for pra jogar assim, os volantes, especialmente Hernanes, precisam chegar mais para armar o jogo, o que não fizeram. E os dois meias precisam se movimentar mais, não só ficar parados nas pontas (o que, segundo o repórter da SporTV, foi recomendação do Felipão, vai entender...). Do jeito que foi, fica um buraco no meio da armação que Neymar tentou o tempo todo voltar pra preencher. O esquema parece o do Corinthians e, se for mantido, Paulinho, Ralph e Renato Augusto passam a ser nomes interessantes em futuras convocações – atendendo parcialmente a sugestão de Pelé.
No segundo tempo, Felipão mudou para um 4-2-3-1, com Kaká centralizado e Hulk no lugar de Oscar. E depois do gol da Rússia, tirou Kaká, o único meia, e botou um segundo centroavante, abrindo um tipo de 4-2-4 bem feliponesco, em que Neymar ficou esquecido na ponta direita e o super-herói verde jogou na esquerda - o que não deixa de ser, digamos, curioso, já que Neymar achou seu espaço no Santos jogando na ponta esquerda e Hulk teve seus melhores momentos no Porto na ponta direita.
Não sei se foi o desespero, a mudança do treinador ou uma descarga de concentração, mas Marcelo e Hulk passaram a jogar muito bem, trocando passes e construindo pela esquerda todas as jogadas. Até que saiu o gol de Fred, em bela tabela entre os dois.
Em termos de nomes, ninguém foi esplêndido. Marcelo fez jogadas muito boas nessa etapa final e Hulk entrou bem. Mas como não tinha jogado nada no outro amistoso, não sei o quanto isso conta em sua moral com o chefe. Thiago Silva voltou bem, dando qualidade na saída de bola.
Mas o fato é que o que temos de time está na defesa – mesmo que Daniel Alves não esteja acertando muito. Do meio pra frente, Neymar tem vaga, mas não tem jogado bem, e Fred vai consolidando seu nome. Oscar, que tinha muita moral com Mano Menezes, foi substituído nos dois jogos. Pode ser porque o treinador já o conhece, pode ser porque não gosta dele.
E sem definir os nomes não adianta falar muito de esquema, já que seleção (e time também, mas é diferente) tem que ter o esquema tático que melhor acomode os melhores jogadores. Feito isso, arranja-se o resto. Pergunto: quem são hoje estes jogadores brasileiros que deveriam servir de referência para a montagem do time? Pois é, já foi mais fácil.
Guerrero e Sheik estão se entendendo (Ary Ferreira/Lance!Net)
Cara, como é chato o Paulistão. O 1 a 0 sobre o Guarani em Campinas manteve o Corinthians bem posicionado para garantir sua classificação para a fase eliminatória do torneio. Em mais um jogo chato desta primeira fase interminável e sem sentido, o mais inusitado foi o final jogado sob chuva de granizo.
Entendam, não estou detonando o estadual em si. Somos um país continental, com diferenças regionais relevantes, é válido ter competições que valorizem essa diversidade. Mas essa fórmula beira o desvario – o que não chega a ser novidade nas criativas mentes da FPF.
Ninguém consegue me convencer de que isso faz sentido: você joga 19 partidas medíocres para classificar oito clubes para uma fase de mata-mata que, essa sim!, vai ser emocionante. Mas aí faz a eliminatória só com um jogo! Ora, diminuam a fase de classificação e ampliem o mata-mata.
Não entendo bem o que ganha a federação ou seu presidente, Marco Polo del Nero, com esse formato esdrúxulo, os estádios vazios, os jogos sem titulares. Compreendo que ele não esteja nem aí para nada além de seus interesses políticos, mas ter um campeonato tão mal organizado ajuda em alguma coisa suas ambições?
Enfim, de volta à partida, o Corinthians jogou bem no início, fez o gol com Guerrero em belo passe de Emerson (que mais uma vez jogou bem) e parou, o que também não é nenhuma novidade O Guarani não mostrou a menor força para empatar e ficou por isso mesmo.
Duas consequências funestas: Cássio e Renato Augusto saíram de campo machucados, ainda no primeiro tempo. Os dois não jogam na quarta-feira e preocupam para a sequência.
Ah, sim: o vestiário do Brinco de Ouro da Princesa alagou depois da partida, o que também foi novidade. Que beleza!
O São Paulo venceu o Bragantino por 2 a 0 no sábado, pelo Paulistão, num jogo que só valeu pelo primeiro tempo. Nenhuma novidade: tirando os quatro "grandes", a Ponte Preta e o Mogi Mirim, o os outros times que disputam esse campeonato são muito fracos. Sobre o Tricolor, boa atuação de Wallyson, que vem evoluindo a cada partida e pode, sim, ser titular pela ponta direita. Rodrigo Caio também merece ser titular. Jadson, pra variar, segue jogando "o fino" da bola. Ganso, se ainda não joga o que se espera, também está menos ausente do que antes. E Carleto deixa o técnico em dúvida sobre a lateral esquerda. Aliás, esse é o melhor alento para os torcedores: agora vemos opções viáveis para as duas laterais. Se Cortez não justifica a cega confiança que Ney Franco deposita nele desde o início e Douglas é aquela nulidade habitual, Carleto e Rodrigo Caio já mostram, pelo menos, mais vontade.
SUSPENSO - Mas o assunto principal, no São Paulo, é a suspensão por quatro jogos de Luís Fabiano na Libertadores, por ter xingado o árbitro após a primeira partida contra o Arsenal-ARG. É justo. Eu não acredito que o jogador faça isso por "cabeça quente". Pra mim, faz porque não quer jogar a partida seguinte. Então, que não jogue! Como eu dizia em outro post, o técnico Ney Franco tem que se cercar de quem realmente quer jogar. Como os já citados Wallyson, Rodrigo Caio e Carleto. Ou mesmo Edson Silva, na zaga, e Maycon, no meio. Ano passado, quando Luís Fabiano não pôde jogar, William José entrou e desandou a fazer gols. Por isso, chegou o momento crucial de Aloísio mostrar por qual motivo o São Paulo o trouxe do Figueirense. Os dois jogos decisivos pela Libertadores serão o "agora ou nunca" para o centroavante reserva. Vai que é sua, Aloísio! E assista - quietinho - pela TV, Luís Fabiano.
O oitavo disco do
Pink Floyd foi lançado em 24 de março de 1973 e chega hoje ao seu
40º aniversário, mas o álbum de meia-idade ainda reverbera nas
gerações posteriores de 80’, 90’ e 2000’. Reverbera porque
foi o primeiro e um dos únicos álbuns da história do rock que
ousaram tocar uma epopeia da modernidade num estilo psicodélico, da
loucura como uma produção social do nosso tempo, e conseguiu fazer
isso quase numa ópera rock, formato então inovador mesmo para o
próprio Pink Floyd.
Naquela época, o
antigo protagonista da banda, Syd Barrett, já havia saído do grupo,
após se viciar em LSD e desenvolver um comportamento esquizofrênico.
O problema mental de Barret – guitarrista que já inspirava muitos
contemporâneos seus – afetou o grupo todo, e levaram-se uns anos
para que Roger Waters tomasse a liderança do Floyd e decidisse
tratar desse problema diretamente em suas próprias composições.
Mas a decisão não poderia ter sido mais acertada: as músicas
serviram como uma catarse da banda para o sofrimento que
presenciavam, aliando o testemunho da loucura com reflexões
filosóficas sobre a resistência ao tempo, a ganância e outras
loucuras sociais, além de alcançar uma produção musical fora do
padrão de rock comportado, com longos solos de guitarra e baixo, com
pouca simetria, mas com uma harmonia que em algumas vezes se aproxima
da música clássica – o grupo já havia usado e abusado das
extensões de guitarra em Ummagumma (1969), mas naquele álbum as
letras ainda não estavam à altura das melodias.
Syd Barrett e Roger Waters
Quando falam do lado
escuro da lua, eles falam de todos os lados escuros de nossa alma, de
nossa humanidade. Aquilo que deixamos oculto, que tememos mostrar, e
que, quando nos é revelado, assusta, como a loucura, ainda que
saibamos que temos em nós os seus germes. As músicas jogam luzes
sobre os bichos-papões que estão sob as nossas camas e para os quais
preferimos não olhar, mas que, quando encaradas, podem nos revelar
um mundo que merece ser olhado – e deve ser. Relações possíveis
com a capa do álbum não são mera coincidência: um feixe de luz
branca (a reflexão, a música), atravessa o prisma (nosso
inconsciente) e se revela multicolorido (a consciência). Observação:
o significado dessa capa é discutido até hoje, e fala-se em
referência às pirâmides do Egito, sobre a revelação do lado
oculto do universo, entre outros. A interpretação que coloco é uma
entre várias possíveis.
Nas letras do disco,
Waters aproxima da obsessão comportamentos tidos como normais ou
inquestionáveis: “The paper holds their folded
faces to the floor/And every day the paper boy brings more” (Brain
Damage); “I'm in the high-fidelity
first class travelling set/And I think I need a Lear jet” (Money).
Ou ainda, inverte o diagnóstico, questionando a loucura como
patologia: “Very hard to explain why you're
mad/even if you're not mad” (Speak To
Me).
Em quase todas as
músicas do disco, o grupo abusa de recursos sonoros para além dos
instrumentos, como gravações de voz e locuções em um aeroporto.
Dois pontos altos são o badalar simultâneo de diversos relógios em
Time, e o som do cair de moedas e de caixas registradoras em
Money. Esses recursos aproximam o álbum de uma narrativa,
ainda que não linear, como se a forma chamasse a atenção do
ouvinte para o conteúdo.
Parênteses: Money
foi o sucesso inegável e mais do que justificado do disco, com uma
mensagem direta às contradições do dinheiro no capitalismo.
Contradição essa presente dentro da própria banda, que foi
duramente criticada por alguns por terem ganhado muito dinheiro
justamente fazendo crítica ao sistema, ainda que nunca tenham se
advogado como revolucionários (Roger Waters fala um pouco disso
nessa entrevista à Rolling Stone, disponível em
http://migre.me/dPdFR).
Apesar do peso musical de Money, creio que Time não
esteja atrás. Ao falar sobre a fugacidade do tempo, nos faz pensar
sobre o tempo que perdemos e se não é uma loucura querer controlar
esse tempo transcorrido (coincidência histórica ou não, as músicas
Money e Time foram compostas na época de expansão
global do sistema de produção Just-in-time, cuja máxima é “tempo
é dinheiro”).
Mesmo ao tratar dos
problemas mentais de Syd, Waters mostra as pressões que o dinheiro,
o tempo, as guerras (em Us and Them, por exemplo) e a
possibilidade da morte exercem sobre o indivíduo. Com isso, ele
consegue tratar de angústias também de todo o corpo social – e,
dessa forma, compõe praticamente uma epopeia da modernidade, cujos
problemas não apenas ainda não foram resolvidos como até
agravados.
The Dark Side of
The Moon fala de angústias, mas não busca saídas. Neste
sentido, pode ser considerada uma produção mais juvenil de Pink
Floyd, que seis anos, em 1979, lançou sua segunda maior obra-prima,
The Wall – um disco mais duro, mas também mais direto,
arriscando inclusive algumas palavras de ordem.
É tentador dizer
que o rock atual não busca mais compor narrativas históricas, não
se engaja mais nos problemas de seu tempo nem questiona mais a
realidade, mas uma hipótese para essa ausência de referência é
que as questões levantadas pelo rock dos anos 60’ e 70’
permanecem as mesmas, e as soluções, ainda distantes tanto da
música como da realidade. Ou ainda, que as soluções esperadas por
aquelas gerações não venceram nem corresponderam aos seus anseios.
Diante disso, o rock apenas espelha hoje a falta de grandes
alternativas, preferindo se recolher ao dia-a-dia, buscando escapar
do conflito.
Aos 40 anos, The
Dark Side of The Moon pode ter suas crises de meia-idade, mas
também é como um pai que tem muita história e ensinamento a passar
para seus filhos.
*Camila Souza Ramos é jornalista, sãopaulina não-praticante e acredita na socialização dos meios de produção, do rock progressivo e da cachaça. Presenciou os últimos anos das fitas K7 e, quando bebê, o pai tocava fitas do Pink Floyd para ninar a criança.
Santos e Palmeiras
disputam amanhã o chamado “clássico da saudade”, referência ao
confronto que era um dos maiores do país na Era de Ouro do futebol
nacional, a década de 60. E, pelos desfalques de cada um e pelo que
os times vêm jogando, deve sobrar saudades mesmo. O Santos não vai
poder contar com Neymar e Montillo, em suas respectivas seleções,
além de Emerson Palmieri, Patito Rodríguez, Marcos Assunção e
Felipe Anderson. Do outro lado, o técnico Gilson Kleina do Verdão
não vai contar com Henrique, Vilson, Leandro Amaro, Souza, Valdivia,
Maikon Leite e Kleber.
Mas o clássico tem história, e é nela
que se pode confiar para que um bom jogo aconteça amanhã. A
primeira partida entre os dois data de 3 de outubro de 1915 e foi
realizada no Velódromo de São Paulo. Goleada alvinegra sobre o
então Palestra Itália por 7 a 0, com três gols de Ary Patusca,
dois de Anacleto Ferramenta, um de Aranha e outro de Arnaldo Silveira, autor do primeiro gol oficial da história do Santos. O
Verdão devolveria a humilhante goleada em 1932, com um 8 a 0 em uma
peleja na qual o Peixe terminou com nove jogadores, com dois gols de
Romeu Pelliciari, dois de Imparato III, além de anotações de Lara,
Sandro, Avelino e Golliardo.
Desde aqueles idos
tempos, foram diversos jogos entre os dois, alguns eliminatórios e
muitos que decidiram títulos mas que não eram finais propriamente
ditas, com exceção das partidas extras que definiram o chamado
supercampeonato paulista de 1959, com vitória do Palmeiras (ver
abaixo).
Abaixo, algumas das
partidas memoráveis desses dois gigantes do futebol:
Santos 7 X 6
Palmeiras (Rio-São Paulo de 1958)
Talvez a partida mais
emocionante entre os dois clubes e uma das maiores da história.
Dizem que cinco infartos ocorreram por conta daquela peleja, com três
reviravoltas no placar. No Pacaembu, 43.068 viram Urias marcar o
primeiro tento do jogo aos 18 minutos. A reação peixeira não
tardou e o menino Pelé, 17 anos, empatou para Pagão virar, aos 25.
Nardo empatou somente um minuto depois e o que se viu a partir daí
foi um atropelo santista até o final do primeiro tempo.
O time palmeirense era
inferior tecnicamente a uma equipe que tinha uma linha ofensiva
espetacular: Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe,
responsáveis pela histórica marca de gols no campeonato paulista de
1958. Foram 143 tentos em 30 partidas, 58 só do adolescente Pelé.
Após o empate, Dorval, Pepe e Pagão fizeram 5 a 2 ainda nos
primeiros 45 minutos.
Nesta matéria
do Esporte Espetacular, Zito conta que desceu para o vestiário
dizendo que eles tinham que marcar o maior escore da história, e
Pepe conta que o bicho, pago à época com o dinheiro da renda da
partida, já estava sendo separado para os atletas santistas. Mazzola
recorda que o goleiro Edgar chegou chorando ao vestiário, se
recusando a voltar para a etapa final. Oswaldo Brandão colocou Vitor
e o Palmeiras voltou outro depois do intervalo.
E em 18 minutos, um
motivado Verdão virou a partida pra cima do Peixe com Paulinho, de
pênalti, aos 16; Mazzola, aos 20 e aos 28, e Urias, aos 34. Um 6 a 5
que parecia sacramentar uma reação impossível, mas o impossível
não queria descansar naquela peleja. Pepe voltou a empatar aos 38,
de cabeça, e, aos 43, consolidou a última virada da partida.
Palmeiras 2 X 1
Santos (Campeonato Paulista de 1959)
O campeão Américo delira com o peixe (Palestrinos)
Como as duas equipes
haviam empatado na liderança ao fim do campeonato, foi necessário
decidir o título em uma melhor de quatro pontos. A série foi
iniciada em janeiro de 1960 e, depois de dois empates no Pacaembu nos
quais o time da Vila não contou com Jair e Pagão, no terceiro
confronto no mesmo estádio o Verdão faturou a taça. O jogo teria o
recorde de renda da história do Paulista até ali, com mais de três
milhões de cruzeiros arrecadados.
O 2 a 1 alviverde teve
gols de Pelé, Julinho e Romeiro e o Verdão saía de uma fila de
quase nove anos sem conquistar títulos, algo que incomodava a
torcida à época. O destaque do jogo foi o meia Chinesinho, que
havia chegado ao Palestra em 1958, vindo do Internacional, em uma
das transações mais caras do futebol de então. Mais tarde, foi
vendido ao Modena, da Itália.
Santos 2 X 2
Palmeiras (Copa do Brasil 1998)
O Santos não
conquistava títulos importantes desde 1984, mas vinha batendo na
trave após recuperar a sua autoestima no Brasileiro de 1995. Aquele
ano confirmaria o retorno santista às disputas de título, com o
time do técnico Emerson Leão terminando em terceiro lugar em três
competições: Brasileiro, Rio-São Paulo e Paulista, além de ter
vencido a Copa Conmebol.
A conquista que geraria outra
Já o Palmeiras de
Felipão era um time moldado à sua feição, com a dupla Paulo Nunes
e Oséas à frente e Alex e Zinho no meio, guardados por Galeano e
Rogério “Pedalada”. Após um empate em 1 a 1 no Parque
Antárctica, o Verdão passou à final contra o Cruzeiro com um 2 a 2
na Vila Belmiro, se classificando pelo critério de gols marcados
fora de casa. Marcaram para o Santos, que saiu da competição
invicto, Viola e Argel; para o Palmeiras, Oséas e o ex-santista
Darci. O título daquele torneio assegurou aos palmeirenses a vaga
na Libertadores do ano seguinte, quando se sagraram campeões
pela primeira vez.
Palmeiras 2 X 3
Santos (Campeonato Paulista de 2000)
Gol não tão bonito, mas precioso
Sem chegar a uma final
de Paulista havia 16 anos, o Santos disputava a segunda partida da
semifinal no Pacaembu contra o forte Palmeiras. Na primeira peleja,
no Morumbi, o Verdão chegou mais perto da vitória, mas um então
jovem Fábio Costa evitou que a partida saísse do zero a zero.
A segunda partida
também foi no estádio da Zona Sul e o Alviverde, que tinha a
vantagem do empate, conseguiu se impor ao marcar com Argel, aos 32 do
primeiro tempo, e Euller, aos 8 da etapa final. Aquela partida
disputada pela manhã, contudo, se tornaria histórica para os
santistas.
Com uma bela
finalização, Eduardo Marques diminuiu para o Peixe aos 23 e
Anderson Luiz empatou aos 32. O Palmeiras recuou buscando manter o
empate que lhe bastava e o Santos partiu para cima, sem muita tática
ou técnica. E, após um cruzamento de Robert, Claudiomiro dividiu
com Marcos e cabeceou para o gol, com a bola ficando limpa para Dodô,
caído, marcar o gol da virada. O Peixe do técnico Giba chegava à
final, a qual perderia para o São Paulo.
Santos 2 X 1
Palmeiras (Campeonato Paulista de 2009)
Fez a diferença o baixinho (Nilton Fukuda/AE)
O Palmeiras era
favorito nas semifinais do Paulista, havia feito a melhor campanha na
primeira fase, e o Santos era uma equipe em formação. Vágner
Mancini já aproveitava Paulo Henrique Ganso como titular e tinha
promovido naquela competição a estreia de Neymar como profissional.
A equipe de Vanderlei
Luxemburgo havia perdido a primeira
na Vila por 2 a 1 e saiu perdendo também no Parque Antarctica
logo aos 17, com Madson, um dos destaques daquela noite, marcando
para os santistas. No segundo tempo, Mauricio Ramos fez pênalti em
Neymar, sendo expulso, algo não muito incomum para o atleta. Kléber
Pereira converteu e a vantagem peixeira se ampliou.
O Verdão ainda
respiraria com um gol de Pierre, uma
falha monumental de Fábio Costa. A peleja teria ainda a
inusitada confusão entre Diego
Souza e Domingos, resultando na expulsão dos dois. O Santos foi
à final, mas perdeu a decisão para o Corinthians.
Santos 3 X 4
Palmeiras (Campeonato Paulista de 2010)
O coreógrafo Pablo Armero
Esse jogo já foi tema
de post aqui
e aqui.
O Santos vinha embalado com o belo futebol jogado pelo time de
Dorival Junior. Antes desdenhados pelo antigo técnico Vanderlei
Luxemburgo, Neymar e Ganso começavam a se destacar, ladeados por
Robinho e tendo como coadjuvantes André, Marquinhos e Wesley.
Pará fez o primeiro
aos 10 e Neymar fez aos 30. Dava pinta de que poderia ser uma goleada
alvinegra e o Peixe desperdiçava chances até que o aguerrido
Palmeiras empatou ainda na etapa inicial com dois gols de Robert,
feitos em dois minutos, aos 41 e 42.
No retorno, o Alviverde
conseguiu a virada com um gol de Diego Souza. Madson empatou aos 35
mas, em seguida, o time da casa ficou com um jogador a menos, Neymar
foi expulso depois de falta dura em Léo.
A (re) virada
fantástica palmeirense veio mais uma vez com Robert, que aproveitou
falha no meio de campo de Arouca e definiu a vitória. Mas o destaque
da peleja foi o lateral Pablo Armero dançando o que ficaria
conhecido mais tarde como “Armeration”,
uma resposta aos santistas que comemoravam seus gols com dancinhas à
época.
Na última
partida entre os dois, pelo Brasileiro de 2012, o Santos levou a
melhor: 3 a 1, em noite de homenagem a Joelmir Beting.
Se você é santista e quiser ver só vitórias do Peixe, clique aqui.
A entidade beneficente inglesa Mind, dedicada a questões ligadas à saúde mental, ouviu 2 mil pessoas e concluiu em um estudo que a tensão provocada pelo trabalho pode levar ao abuso no consumo de álcool e de outras drogas. Sim, claro, não há qualquer novidade nisso. Mas sempre é bom reforçar uma obviedade dessas com a chancela de um estudo sério, para que os patrões não condenem, maltratem ou demitam aqueles supostos "vagabundos", "bêbados" e "irresponsáveis" que não conseguem suportar o "pau alado" sóbrios - afinal, já avisava Chico Buarque, na letra de "Meu caro amigo": "Porque senão, sem a cachaça/ Ninguém segura esse rojão".
E, apesar dos diversos males causados pelo álcool, a manguacice, muitas vezes, serve como válvula de escape para coisa pior. O estudo alerta, por exemplo, que o ambiente de trabalho seria responsável por
7% dos pensamentos ligados ao suicídio, subindo para 10% nas pessoas com
idades entre 18 e 24 anos. Mais de um terço dos adultos ouvidos apontam o trabalho como o aspecto mais estressante, mais do que preocupações com o dinheiro e saúde. Por isso, 57% desses pesquisados não dispensam um ou mais drinques após o expediente e 14% afirmaram beber mesmo durante a jornada de trabalho ("Opa! Traz mais meia dúzia!").
Cigarro e remédios para dormir também são consumidos como maneiras de lidar com o problema, segundo o estudo - embora nós, futepoquenses, continuemos priorizando o buteco (onde fumar geralmente é proibido). Tanta pressão e vício levam muitos a desistir: 9% dos pesquisados já pediram demissão de algum trabalho alegando estresse e 25% admitiram ter vontade de fazer o mesmo. "Um entre seis trabalhadores vive quadro de depressão, estresse e ansiedade. A maioria dos administradores não se sentem capacitados para dar apoio", diz Paul Farmer, diretor da Mind.
Agora chega, que isso já está me deprimindo. Melhor pedir a saideira...