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Pra quem for de São Paulo, fica aqui a dica: hoje (29), às 19 horas, no Bar Canto Madalena (ver endereço aqui), o lançamento do Anuário do Saci e seus Amigos. A obra é de Mouzar Benedito, com ilustrações de Ohi, projeto gráfico da eminência parda Carmem Machado e a meticulosa revisão do futepoquense Mauricio Ayer.
Às vésperas do anglo-saxônico Halloween, nada mais oportuno que lembrar o Saci, nosso candidato a mascote da Copa de 2014, e outros ilustres companheiros dele na mitologia brasileira. Aliás, no mesmo dia da festa gringa, comemora-se o Dia do Saci. Na obra de Mouzar, a cada mês, uma ou mais lendas têm suas histórias contadas e todos os dias acontecimentos históricos que lembram a importância da data são retratados. Sempre com o característico bom humor deste colaborador do Futepoca. Abaixo, um dos textos que fazem parte do anuário e que conta a história de duas figuras mitológicas das bandas de cá:
Mitos ligados ao Sol, Caipora e Anhanga são protetores dos animais de caça. Anhanga (ou Anhangá) protege os de grande porte e Caipora os menores.
O Caipora é confundido com o Curupira em alguns lugares. Em outros, principalmente no Nordeste, não é “o” Caipora, mas “a” Caipora, que por sinal até topa um namoro com humanos, mas é ciumenta pra chuchu. Se o namorado casa com outra, pode saber que vai levar dela
uma surra inesquecível.
A palavra Caipora, ou Caapora, nome dado em algumas partes do Brasil, tem a mesma origem de caipira, do tupi, e o mesmo significado: morador do mato. Em alguns lugares da Bahia, o chamam de Caiçara. Na Paraíba, existe a Flor-do-Mato, que nada mais é do que “a” Caipora.
Ele é pequeno, forte, peludo, e anda montado num cateto (também chamado de caititu e de porco-do-mato). Ele toca todo o bando de catetos para lugar protegido dos caçadores. Se um animal é morto por caçadores sem necessidade, basta o cateto montado pelo Caipora – o maior do bando – encostar o focinho nele que ele ressuscita.
Nas sextas-feiras, principalmente de lua cheia, mesmo havendo necessidade, os caçadores descansam: esse é o dia da caça, não é do caçador, dizem. Se forem caçar, serão punidos pelo Caipora. Ou, no mínimo, ele espanta as aves e os animais. Ele pune também caçador que mata fêmeas prenhas ou amamentando e filhotes. E também aves que estão chocando ou criando filhotes.
Ver o Caipora dá azar. Por isso, surgiu o termo “caiporismo” para pessoas que estão com muito azar. No Sertão do Nordeste é muito comum ouvir dizer que alguém está com “o Caipora”, quer dizer, está infeliz, nada lhe dá certo.
O Caipora, ou a Caipora, aprecia uma boa cachaça e fumo de corda. Os caçadores costumam colocar um pouco das duas coisas na entrada da mata para dar como oferenda a ele/ela e não serem incomodados.