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O Palmeiras é líder isolado do Campeonato Paulista. Nada para soltar foguete, mas uma situação que este torcedor pessimista não imaginava para o time. Conseguiu a ponta no mesmo dia em que o Corinthians caiu diante do Tolima e ficou de fora da Libertadores da América. E o Santos empatou com a Ponte Preta. Uma quarta-feira um tanto, esta do dia 2.
A vitória sobre o Mirassol ocorreu sem quatro titulares. Tudo bem que dois deles – Lincoln e Valdívia – já vinham fora. Marcos, o Goleiro, não entra nessa conta, já que é um meio-titular. Marcos Assunção, contundido, e Kléber, suspenso, não atuaram. Fizeram falta como referência – e jogador com noção nas finalizações – no ataque e como cobrador de faltas.
Sobrou a velocidade para o time criar jogadas. E sobrou para Dinei o desperdício das oportunidades. O primeiro tempo foi melhor do que o segundo, e faltou capacidade de fazer a bola passar a meta do goleiro Fernando Leal.
O time do Palmeiras continuou limitado, mesmo com três atacantes. Só ganhou a partida quando Patric entrou e fez o gol da vitória. Melhor assim.
Luiz Felipe Scolari admite que a boa fase surpreende. O time é tão limitado quanto aplicado taticamente, o que explica por que consegue marcar razoavelmente bem – contra times ainda mais fracos – e não se abalar quando a bola demora a entrar. Enquanto entrar, mesmo no final, tudo bem.
O futebol é o que interessa, ensinou o escritor uruguaio Eduardo Galeano, em uma das citações preferidas de três entre oito autores do Futepoca. Assim, ninguém pode dizer que o Congresso Nacional, cujos trabalhos durante a 54ª legislatura foram iniciados nesta quarta-feira, 2, esteja alheio aos problemas nacionais.
Tema de acaloradas mesas quadradas – normalmente de plástico ou de metal – nos botecos do Brasil, a presença entre os convocados para a seleção de jogadores que atuam no exterior é polêmica recorrente. Lembro-me de participar de uma dessas na Eliminatória de 1990. Depois, o mesmo aconteceu em todos os mundiais seguintes, até mesmo em 2002, quando o time de Luiz Felipe Scolari teve apenas 10 "importados".
Os críticos alegam falta de compromisso com a camisa canarinho – com ou sem faixa horizontal verde –, uma roupagem mais elaborada para o tradicionalíssimo xingamento de "mercenário", proferido em estádios para quem quiser ouvir.
Fosse toda verde, ficaria linda (do meu ponto de vista), mas a camisa da seleção brasileira anunciada pela fabricante de material esportivo que patrocina o escrete tem apenas uma a faixa verde horizontal no meio do peito. A divulgação ocorreu na tarde desta terça-feira, 1º, em Niterói-RJ. Ela revestirá os convocados de Mano Menezes que enfrentarão a França, os carrascos em copas do mundo, na quarta-feira da próxima semana, dia 9. Ah, o treinador não veio ver a peça, ficou em Lima, onde acompanha a seleção sub-20 como espectador.
No meio jornalístico brasileiro, um dos fatos mais bizarros foi a inacreditável série de 27 manchetes que o extinto jornal paulista Notícias Populares deu entre maio e junho de 1975, sobre um suposto "bebê diabo" que teria nascido em São Bernardo do Campo (curiosamente, no mesmo ano em que Luís Inácio Lula da Silva assumia a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, na mesma cidade). Fruto da audácia do secretário de redação, José Luiz Proença, e do editor de polícia, Lázaro Campos Borges, em um plantão de sábado em que não havia uma pauta sequer para salvar a edição do dia seguinte, a inacreditável matéria "Nasceu o diabo em São Paulo", que iniciou a série e triplicou as vendas do jornal, surgiu a partir de uma notinha da Folha de S.Paulo sobre um bebê que havia nascido com prolongamento do cóccix e duas pequenas saliências na testa em um hospital do ABC paulista.
Segundo o livro "Nada mais que a verdade", de autoria de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima, o repórter Waldemar de Paula, do NP, telefonou para alguns hospitais da região e, como não obteve informação, partiu para a imaginação e a cara de pau. No domingo, 11 de maio de 1975, a "reportagem" dizia que "o bebezinho (...) já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros". Mais à frente, o texto explicava: "parece que tudo começou na Semana Santa, quando o marido da mulher, que é muito religioso, convidou-a para ir à igreja, ver a procissão. A mulher grávida bateu com as mãos na barriga e respondeu, indignada: - Não vou, enquanto este diabo aqui não nascer".A lorota vendeu horrores e só restou ao jornal prosseguir com a farsa. Por quase um mês, publicou em manchete principal a saga do "bebê diabo", que mobilizou a população em São Paulo e em outros estados (minha sogra, que estava grávida na época, disse que no Rio de Janeiro também só se falava sobre isso). A série espetacular do NP teve capítulos esdrúxulos como "Bebê-diabo inferniza o padre do ABC", "Viu bebê-diabo e ficou louca", "Bebê-diabo nos telhados das casas do ABC", "Diabo explode o mundo em 1981", "Fazendeiro é pai do bebê-diabo", "Bebê-diabo foge para o Nordeste" e "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste", entre outros. Em 24 de maio, por exemplo, o jornal noticiava que "Bebê-diabo parou táxi na avenida" e, respondendo ao taxista qual seria o destino, teria dito: "Toca para o inferno".
Depois de tanto absurdo (e de milhões de exemplares vendidos), o NP resolveu encerrar o assunto quando o "bebê-diabo" havia se perdido nos sertões da Bahia e Pernambuco.
Guta, o "bebê atômico"
Porém, o departamento comercial pressionou e, pouco depois, o jornal apelaria novamente com a notícia de nascimento de um "bebê peixe" na floresta amazônica, com "pele escamosa e cauda de peixe nos membros inferiores". A segunda manchete foi: "Boto é pai do bebê-peixe", em que um médico explicava que a mãe tivera relações sexuais com um "cetáceo fluvial". Saturado pelo "bebê diabo", o público não deu bola e as edições encalharam. Aí, o NP decidiu esculhambar de vez. Em 11 de novembro de 1975, lia-se que "Bebê atômico nasceu em SP". A criança, chamada Guta, tinha o poder de controlar raios e relâmpagos, além de ficar invisível e transformar seu corpo em substância líquida e gasosa. Pior: ela morava no esgoto e passeava por bairros distantes porque, no Centro de São Paulo, as ondas de rádio e TV lhe faziam cócegas.
Segundo o jornal, o pai do bebê, um pedreiro, tivera contato com uma pistola de raios alimentada por urânio enriquecido, "a mesma fonte de energia dos submarinos nucleares". Assim, no dia 14 de novembro, a notícia era a de que a médica Vânia teria recebido uma visita de Guta, que saíra junto com o vapor do chuveiro e, sorridente, se materializara em sua frente (!). Em seguida, a garotinha nuclear parou em uma oficina para recarregar as energias com a bateria de um carro Galaxie azul. Mas a loucura chegou ao ápice quando a garota entrou em uma bar da Vila Prudente para beber todo o leite gelado do local (sua bebida preferida) e, ao mesmo tempo, ordenar: "Quando eu bebo, todo mundo bebe também. Aqui não vai ficar ninguém sem tomar pelo menos uma garrafa de pinga". O livro "Nada mais que a verdade" observa que, talvez, esse fosse o desejo inconsciente do repórter que escreveu essa pérola...
Sem o mesmo sucesso do "bebê diabo", a nova série acabou quando Guta levou um tiro de chumbinho do proprietário da lancha Tiririca, às margens da represa de Guarapiranga.
Os futepoquenses, esses pingagistos
Mas, falando em bar, em cachaça e em jornalistas manguaças, o livro comenta que o romeno Jean Mellé, mentor do Notícias Populares, não falava português direito, confundindo o idioma com uma mistura de alemão, francês e espanhol. Quando aprendeu que o indicativo do gênero masculino era a letra "o", passou a empregar a lição ao pé da letra. Por isso, para Mellé, todo jornalista do sexo masculino era "jornalisto", artista era "artisto", e assim por diante. Seus funcionários (que deviam frequentar o bar com certa assiduidade) lembram que, por associação "lógica" com o termo tabagista, o romeno tratava os bêbados de "pingagistos"...
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Elano: 5 gols em 3 partidas. (Divulgação-Santos FC) |
Antes tarde do que nunca, antes breve do que nada. E aliás, o assunto não permite muita ladainha: o Corinthians contra o Tolima foi abaixo de cu de cobra. O time colombiano é fraquíssimo, e ainda assim não conseguimos sequer dar um sustinho em nossa hipertensa torcida (única com mérito no estádio, pois cantou e apoiou sem pausa). Só me resta gritar: Fora Tite!
A coisa mais curiosa de se ver eram os tombos do Ronaldo. Gordo cai devagar, não é? Vai girando aquele monte de carne, as pernas se perdendo pra cima, aleatoriamente, até se acomodar meio de lado. A imagem mais precisa seria o aflorar de uma bosta de elefante (sem ofensa ao Ronaldo, a comparação é só com o seu aspecto em queda), caindo, caindo e se espalhando, aquele estrago. Ou se mexe nessa joça de time, ou a metáfora vai virar carapuça.
Ainda não comecei corretamente o ano. Mas faz bastante tempo que meu time não alcança a liderança de um campeonato. Desde 2009, se não me falha a memória. Parece mais tempo se eu pensar no que esse período significou para a nação alviverde.
O que importa é que, com a vitória por 3 a 1 sobre o Paulista no Pacaembu, o Palmeiras alcançou o Santos com 10 pontos ganhos na ponta da tabela. Tem oito gols marcados, contra 14 do alvinegro; sofreu dois, ante seis. A campanha do time da Baixada é bem mais exuberante, assim como o elenco de lá, que ainda tem Neymar na seleção sub-20.
Como São Paulo e Americana têm nove pontos cada, isso quer dizer que é preciso ir além das três vitórias concecutivas para se manter nas primeiras posições.
Como o Palmeiras é limitado, a expectativa é de que as coisas sigam bem contra as equipes mais fracas. Sem meias, Luan segue escalado de forma mais recuada para revesar com Rivaldo (o novo e de bem menor brilho) a função de servir de ala.
Se Valdívia e Lincoln voltarem, se os salários forem pagos, talvez o time possa sonhar com um Brasileirão tranquilo, sem sustos.
Nós aqui do Futepoca estamos super-acostumados (tem hífen, raios?) às acusações de esquerdice explícita. É tudo verdade, não negamos isso. Às vezes acham que a gente exagera na perseguição a tucanos, especialmente a um certo ex-governador de São Paulo. Pode ser. Mas eles pedem!
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Imagem por Abode of chaos |
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"No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes". Foto por New Media Center. |
Hoje me sinto muito velho. Muito mais velho do que me senti no início do mês, quando fiz (mais um) aniversário. Muito mais velho do que sou ou do que aparento. Porque, mais do que envelhecer, percebo que o mundo que conheci na infância está desaparecendo completamente. Seus cenários e personagens somem, como que por encanto, e nem se despedem de mim. É triste.Ontem, em minha cidade natal, morreu mais um pedaço desse mundo longínquo e cada vez menos recuperável. Morreu um personagem, um símbolo de uma época. O popular Cido Guarda-Chuva (foto) era um brasileiro padrão: negro, pobre, simples. Figura carimbada de uma cidadezinha do interior. E, para complicar ainda mais sua jornada neste planeta, tinha um leve retardo mental, que o congelou, a vida inteira, como uma criança, um ingênuo, um inocente. Vivia com o auxílio da igreja católica e dos habitantes mais caridosos da cidade. Vivia sorrindo, com os olhos bondosos e totalmente alheios à crueldade dos homens. As crianças zombavam dele. E ele só dava risada, sempre. Eu fui uma dessas crianças, mas sem maldade no que fazia. Espero que ele tenha compreendido isso. E que me perdoe.
Cido é mais uma figura de um tempo que não volta, de uma época que me parece, cada vez mais, ter sido apenas um sonho. O ano passado já tinha nos levado o Alemão Barbeiro, que brincava comigo quando eu era pequeno e que, nos últimos tempos, me fazia a barba reclamando das agruras de seu time do coração, o Palmeiras. Há alguns meses eu estava lá, conversando com ele. E agora ele não está mais. O salão da barbearia está fechado. Alemão morreu. Cido Guarda-Chuva morreu. E eu também morri um pouco com eles.
Não é possível. Nada disso aconteceu, foi tudo imaginação. Já não acredito que eu tenha vivido em uma época assim, com pessoas sem maldade, sem egoísmo, sem ganância, sem pressa. Um mundo que não existe mais, em lugar algum. E que eu desconfio, agora, que talvez nunca tenha existido.
Eu sei, nada justifica. Mas acho que é por isso que eu bebo.
A notícia de que o veterano Rivaldo (foto) já fechou contrato de 1 ano e será apresentado pelo São Paulo é surpreendente, mas nem tanto pela idade do jogador, que fará 39 anos em abril. Zizinho chegou ao clube com 35, Toninho Cerezo com 37 - e ambos tiveram boas passagens. Aliás, eu lamentei que a diretoria do São Paulo não tenha se mexido na época em que Edmundo pendurou as chuteiras. Gostaria de vê-lo encerrando a carreira no Morumbi, mesmo que não rendesse muita coisa. Era um baita jogador, assim como é Rivaldo. Mas o buraco, agora, é bem mais embaixo.
A exemplo dos ex-sãopaulinos Jamelli (foto) e Juninho Paulista, que encerraram suas carreiras de jogadores atuando também como dirigentes (o primeiro no Barueri, em 2008, e o segundo no Ituano, em 2010), Rivaldo é presidente do Mogi Mirim - clube pelo qual disputaria o Paulistão. Só que agora vai atuar por outro time, no mesmo campeonato, e já avisou que não pretende se licenciar da função de dirigente do Mogi. Atitude que, se for confirmada, levantará todo tipo de suspeita quando os dois times se enfrentarem e, bem pior que isso, se um precisar do outro para se classificar ou não cair para a segunda divisão. Isso abriria um precedente complicado no futebol.
Pois é, virou bagunça. Um exemplo é a promoção "Casa cheia", que o Mogi Mirim lançou para seus torcedores: 5 mil carnês com ingressos para os nove jogos do time no Estádio Romildo Ferreira (nome do pai de Rivaldo), ao preço de R$ 135 (inteira) e R$ 90 (meia). O carnê traz uma foto de Rivaldo com a camisa do time e a frase: "Eu voltei. Agora é a sua vez". Mas voltou pra onde? E quem comprou o pacote só pra ver Rivaldo jogando pelo Mogi? O mesmo Rivaldo que, como presidente do clube, negociou o próprio empréstimo para o São Paulo (!). Sim, palhaçada é o termo.
Muitas vezes, ao externar nossas posições políticas, somos taxados de "esquerdinhas", "petistas", "comunistas" etc. Sim, é fato: na própria apresentação do blogue, deixamos claro que, "sem tanta homogeneidade, todos pendem para a esquerda". Ou então poderíamos cravar, em resumo, que ninguém aqui apoia o campo conservador da direita. Mas tudo isso, no final das contas, é rótulo e reducionismo. O sentido é muito maior que isso. Porque nossa opção política, na verdade, é pelo social. Pelos valores coletivos e públicos, como alertou certa vez, com propriedade, a psicanalista Maria Rita Kehl.E foi exatamente dessa forma que o falecido cantor e compositor Gonzaguinha (foto) definiu, numa entrevista, seu posicionamento político e a disposição de seguir lutando, até mesmo contra a descrença. "A política, desde 1964, distanciou-se cada vez mais do povo e tornou-se algo repugnante. Mas sei que ninguém faz nada sozinho. O nós é mais importante do que o eu", diz o artista, em trecho do livro "Gonzaguinha e Gonzagão - Uma história brasileira", de Regina Echeverria (Ediouro, 2006).
E já que falamos sobre "antes o que nos une do que o que nos diferencia", Gonzaguinha comentava, sobre o PT: "O que eu acho importante é que não vejo dentro dele uma juventude de ideias conservadoras". Concordo. Prova disso foi a baixaria sem limites do campo da direita, nas últimas eleições presidenciais, com apêlo para o que há de mais retrógrado, arcaico e nojento - e principalmente na internet, território dos jovens. Por isso seguimos lutando do lado de cá, mesmo com todos os problemas, erros e dificuldades. E vamos à luta!
E VAMOS À LUTA
(Gonzaguinha)
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão (como é que não?)
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta é com essa juventude
Que não corre da raia à troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói a manhã desejada
Aquele que sabe que é negro o couro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha, entra no botequim
Pede uma Brahma gelada, e agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode e sacode a poeira
Suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira - e nós estamos pelaí...
A diretoria do Corinthians deve ter pensado que uma proposta irrecusável garantiria Ronaldinho Gaúcho no time, peça que a meu ver cairia como uma luva no time, mesmo que o seu prazo de validade fosse o mesmo de seu xará Gorducho: um semestre. O desenrolar do episódio foi, a meu ver, bem descrito pelo Marcelo do Vertebrais, aqui. Conversas para trazer Luis Fabiano, com a ajuda do celular do Roberto Carlos, também dispersaram ao vento. Tivesse sido bem sucedido nas duas “negociações”, o Corinthians teria resolvido suas principais lacunas, um meia criativo e um atacante decisivo. Palavras ao vento.
Após um bom brasileiro, em que o Timão esteve muito próximo do título, pode considerar sua base montada. E, de fato, o time não é mau: Julio Cesar é um bom goleiro, Chicão já não é um menino mas é um bom líder na zaga, Roberto Carlos continua rendendo bem acima da média dos laterais esquerdos em geral; Ralf e Jucilei formam uma excelente dupla de volantes, com características complementares; Bruno César é um bom meia-atacante, com rompantes geniais e com condições de crescer, Dentinho e Jorge Henrique são muito bons como "segundos-atacantes". Se pudéssemos de fato contar com Ronaldo, teríamos um time bem difícil de bater.
Mas o que todos veem (está em toda a mídia) é um time pesado, sem condicionamento físico para entrar num campeonato como a Libertadores. Nessa hora, a juventude faz falta, pois se a experiência e a qualidade sobram a Ronaldo, já não temos esperança de vê-lo desempenhar a sombra do que fazia, não digo cinco mas dois anos atrás. Assim, que se aprenda rápido com esse começo de ano lento, pois os campeonatos passam rápido...
Editorial do Estadão é sempre peça cômica. Ontem bradavam o "Colapso do ENEM", o exame nacional que agora, com o SISU, se tornou a ponte direta do estudante pobre à universidade. Na Folha, com seus truques de estilo, usaram o mesmo trocadilho que o Boris Casói (aquele!) para acusar de "Inépcia" o INEP, órgão responsável pelo exame; pro Casói, é "Uma verrrrgonha" o anúncio de que seria criado um órgão para cuidar apenas do ENEM, não vendo nisso o reconhecimento de sua importância e provável crescimento ao longo dos próximos anos.
Tenho folheado esses dois jornalões diariamente durante todo o último ano e não me lembro de neles ter lido qualquer análise sobre o significado do ENEM, o que ele representa para a educação no país. Não apenas porque agora, com o SISU, integra a rede universitária federal, que cresceu enormemente nos anos Lula, com a rede pública de ensino médio, dando materialidade ao discurso do excelente Fernando Haddad de que educação tem que ser pensada de forma sistêmica, envolvendo a valorização de todas as idades e todos os atores do processo (alunos e professores; gestores e financiadores; acesso e qualidade). Mas também pela qualidade mesma do sistema de avaliação, que é o maior exame de ensino médio do mundo, com 4 milhões de estudantes avaliados em 1.700 cidades.
Ao contrário, só se veem críticas, e pesadas, à aplicação dos testes ou ao sistema eletrônico de inscrições. O site do SISU ficou lento por três dias (mas o número de servidores foram dobrados e o problema solucionado), os candidatos podiam ver as notas de outros durante vinte minutos (vinte minutos!!!, e o problema foi solucionado), houve erro na prova do ENEM (em 0,25% das provas!!!!) e pedem que o exame inteiro seja refeito. Hoje, com a divulgação da lista de aprovados no SISU, a manchete focava nas 176 vagas (de um total de 83.125!!!!) que não despertaram interesse dos mais de 2 milhões de inscritos.
Tudo parece um grande fracasso quando numa geladeira cheia de Serra Malte o míope investigador só vê as três latinhas de Belco batendo nelas com o nariz. A educação no Brasil está, de fato, e os números mostram isso, encontrando um caminho de crescimento consistente, ampliando e democratizando o acesso e focando em qualidade, com valorização do professor e da infraestrutura.
Às vésperas do aniversário desta (chuvosa) cidade de São Paulo, parei em um restaurante próximo ao Largo da Batata, com minha noiva Patricia e minha filha Liz, e, nem terminamos de almoçar, caiu (mais) uma tempestade, que nos deixou ilhados por duas horas no local - e eu tive uma boa desculpa para experimentar, finalmente, a tal cerveja Paulistânia (sintomático esse nome). Foi um caos: a energia caiu várias vezes, os trovões eram ensurdecedores e a rua alagou. Como sempre, começamos a disparar telefonemas para desmarcar tudo o que havíamos planejado fazer naquele dia, véspera de feriadão. De fato, é uma cidade inviável.
Ou, como disse o poeta Antônio Risério, num programa da TV Cultura, é a cidade "das impossibilidades": tudo longe, tudo difícil, tudo complicado, tudo caro, tudo excludente. Cimento, cimento, cimento, cimento. E nem o clima ajuda! Porém, o mais curioso, naquele nosso "retiro" forçado no restaurante, foi a Patricia olhar na parede e reparar, entre dezenas de fotos antigas de São Paulo, emolduradas, a de uma enchente da década de 1940, com calhambeques submersos até quase o capô.
Ou seja, é tão comum que dá até nostalgia: "Olha, que legal, foi naquela enchente que meu bisavô morreu afogado!". "Não, não! Acho que foi aquela que derrubou a casa da vovó!". Só tomando uma(s), mesmo... Pra botar na parede: uma beleza de enchente no Túnel do Anhangabaú, em 1963
Encontro de santos hoje, no Morumbi: São Paulo e São Bernardo. Os dois times venceram na primeira rodada do Paulistão, o primeiro fez 2 a 0 no Mogi Mirim e o segundo, 3 a 1 no Grêmio Prudente. Muito cedo para qualquer diagnóstico, o São Paulo deve sofrer modificações no campeonato, com o retorno de Lucas e Casemiro do Sul Americano Sub-20 de Seleções e de Fernandão do departamento médico, além de alguma contratação discreta, como a do zagueiro uruguaio Coates. No mais, vendo os gols da partida de domingo, me deu uma sensação danada de déjà vu. São Paulo vencendo o Mogi Mirim com um dos gols de Marcelinho Paraíba e tendo Paulo César Carpegiani como técnico? Parece que já vi esse filme antes...
SÃO PAULO 4 x 0 MOGI MIRIM
Campeonato Paulista/ 24 de março de 1999
Estádio: Morumbi
São Paulo - Roger; Edmílson, Nem e Bordon; Jorginho (Belletti), Carabalí (Sídnei), Souza e Marcelinho Paraíba; Warley, França e Dodô. Técnico: Paulo César Carpegiani
Mogi Mirim - Anselmo; Paulão, Ronaldo e Fábio Paulista; Luiz Gustavo (Daniel), Rogerinho, Alexandre, Luiz Mário (Babau) e Misso (Lico); Márcio e Alex. Técnico: José Carlos Serrão
Gols: Bordon (2), Marcelinho Paraíba e Edmílson
Mas o jogo do último domingo foi esse aqui, ó:
Aqui no Futepoca, já registramos especialidades brasileiras como a cerveja de mel, produzida no Nordeste, a de chimarrão, (obviamente) do Sul, e outras feitas, entre outras coisas, com café e até rapadura, no Sudeste. Pois bem, o meu colega Luiz Otávio Alencar (foto), que conheci trabalhando na ONG Instituto de Tecnologia Social, nos manda agora mais uma invenção tupiniquim, lá de sua terra, Belém do Pará: a cerveja feita com o fruto bacuri. A Bacuri Beer é definida assim pelo fabricante: "Clara e suave, com aroma de bacuri. Vencedora do prêmio internacional Tecno Bebida Award. Uma princesinha deliciosa. Teor alcoólico: 1,8%".
Mas vamos direto ao texto enviado pelo Otávio, conhecido em terras paraenses como "Cabeça de Minhoca":
"Um antigo Galpão abandonado das Companhias das Docas do Pará foi transformado, pela administração da Cidade de Belém, em um dos melhores lugares para se conhecer as delícias do Estado, de tantas histórias encantadas, de tanta gente talentosa e de tanta riqueza natural. O lugar é a Estação das Docas, e nele fica a Amazon Beer (foto abaixo).
É um bar de frente para a Baía de Guajará, que banha diversas cidades do Estado do Pará, inclusive sua capital, Belém, e é formada pelo encontro da foz do Rio Guamá com a foz do Rio Acará (imensa...). Um lugar que assusta pela elegância e estilo, pois vem logo aquela impressão de que você vai ser assaltado pelos preços do ambiente. No entanto, fica só na impressão, pois os preços são bons. É possível levar a família e se divertir, comendo uma bela salada de camarão com mix de folhas e vinagrete de frutas da Amazônia.
A especiaria do Amazon Beer é a cerveja de bacuri, com baixo teor alcoólico, sendo possível sentir o leve gosto da fruta (foto) na cerveja. Para um paraense como eu, nascido em Belém, criado em Ananindeua e com ascendência acaraense, que comi bacuri no pé - e com farinha, ver e sentir cheiro e gosto de uma cerveja feita da fruta, confesso que é bem interessante. Meu avô, José Alencar, com certeza ficaria bem assustado! O bacuri é uma das frutas mais populares de toda a Região Amazônica. Tem um gosto suave, leve, mas marcante, bem diferente do cupuaçu, de sabor e cheiro forte.
Um abraço a todos do Futepoca!"
A estreia da seleção brasileira no Sul-Americano sub-20 foi um jogo com quase tudo que o futebol pode proporcionar ao torcedor. Grandes jogadas, muitos gols, tentos de placa, alternância de domínio, expulsões, quase brigas. Ótimo para o telespectador daqui que não fez esforço para ficar acordado na madrugada de terça.
Não foi um jogo fácil no início. Apesar de o Brasil quase ter marcado com Bruno Uvini, em cobrança da falta de Neymar, o Paraguai chegava bem à frente com Correa, atacante de área quase típico, porém com alguma técnica, e Ortega, atleta que os antigos chamariam de “liso”. Além disso, o sistema defensivo guarani estava bem postado, com jogadores que ganharam na base da força física muitas disputas com os avantes brasileiros.
Mas em uma partida equilibrada, às vezes é o elemento surpresa que ajuda a decidir. E assim foi. O volante Casemiro veio de trás e, com habilidade, força e muita vontade, conseguiu furar a retaguarda adversária e sofreu pênalti. Confesso que até agora não tenho muita convicção da marcação do árbitro, mas o lance pareceu de fato penalidade. Neymar deslocou o goleiro e abriu o placar.
Sete minutos depois, o fora de série da Vila Belmiro deu de novo o ar de sua graça. Lucas avançou e conseguiu tocar para o santista, que entrou na área, fugiu da marcação de dois rivais e finalizou no único lugar possível. Dois a zero. O atacante peixeiro ainda deixaria Lucas na cara do goleiro Ovando, mas o tento não saiu, e faria mais duas jogadas de efeito no lado esquerdo do ataque que dobraram a torcida no estádio, contrária ao Brasil.
A equipe toda se mostrava motivada, com o tal “comprometimento” que tanto pedem os técnicos. Mesmo quem não desempenhava bem sua função se destacava pela entrega. Mas excesso de vontade também pode ser contraproducente. Talvez isso justifique a tola expulsão do volante Zé Eduardo, que recebeu dois cartões amarelos em três minutos. Expulsão justa que complicou a partida. Quase na sequência, o goleiro Gabriel se atrapalhou e o Paraguai conquistou escanteio. Viera, livre na pequena área, diminuiu na cobrança.
Ney Franco sacou o apagado Oscar e colocou o volante Fernando. Mas o susto só passou quando, em uma bola disputada no ataque após um chutão da defesa brasileira, a bola sobrou para Neymar, que chutou em cima do goleiro, prosseguiu no lance e marcou de cabeça. Três minutos depois, uma pintura de gol. O lateral Galhardo, que substituiu o ansioso Danilo, lançou da intermediária e Neymar dominou, avançou e encobriu o arqueiro paraguaio com um classe ímpar. Com a esquerda. O quarto do Brasil e o quarto dele.
Mais jogadas de efeito do santista e, com a equipe já relaxada diante de um perdido Paraguai, dois lances ainda agitam a partida. Os guaranis chegam ao segundo gol aos 39, com Galhardo. E Henrique, de novo com o tal excesso de vontade, comete falta, toma o segundo amarelo e é expulso. Mesmo com dois a menos durante o fim da partida, o Brasil não é ameaçado.
A vitória por 4 a 2 sela um início promissor para a equipe de Ney Franco, mas traz também a preocupação com o rendimento e o preparo psicológico de alguns atletas. O ponto positivo é que o leque de opções à disposição é bom. E poder contar com Neymar é quase uma bênção.