Destaques

quinta-feira, setembro 25, 2008

Um 0 a 0 em grama sintética

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Nem para pasto serviria o gramado do estádio Nacional onde foi realizada a partida entre Palmeiras e Sport Ancash. O uso de piso sintético faz o campo adquirir coloração semelhante à que tinham os jogos do Desafio ao Galo. E é uma ótima desculpa para não apresentar futebol.

Da próxima vez em que eu me apresentar com a bola nos pés, vou exigir o gramado sintético pra dizer que a bola corre mais, que não estou habituado. Capaz que vão acreditar que não se trata de limitações do meu futebol.

Pelo menos a representação de verde limão siciliano não teve de colocar seu mistão para jogar nos 3.050 metros de altitude de Huaraz, à beira dos Andes.

A partida poucas chances claras de gol e Regalado, do Ancash, terminou expulso. "Jogão" pela Sétima edição da Sul-Americana, patrocinada por uma multinacional de automóveis.

Melhor empatar fora do que perder, como aconteceu com o Botafogo que trouxe uma derrota simples diante do América de Cali, dono do melhor ataque da competição, justamente ao lado da Estrela Solitária. Grave foi para o time de Quito, já que o Boca Juniors ensacou a LDU, campeã da Libertadores, por 4 a 0 em Buenos Aires. Já o atual dono do caneco da Sul-Americana, o argentino Arsenal, perdeu de 2 a 1 em La Plata, contra o Estudiantes.

A volta acontece na quarta-feira, dia 1º.

A premiação da Sul-Americana é estimada é de R$ 3 milhões, divididos entre campeão e vice. Foi assim em 2007. A Copa Mercosul, ao que consta, dava US$ 3 milhões para o campeão e outro milhão para o vice.

Para quem está disputando o título brasileiro, a viagem a Lima seguida de embarque para Recife, para enfrentar o Náutico, é um teste de resistência para parte do elenco. Depois de ver o jogo, me veio a dúvida com mais força: precisava?

quarta-feira, setembro 24, 2008

Praga do Zé: promoção já tem finalistas

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Depois de muito debate, saíram os finalistas da promoção Praga do Zé.

As sete mais elaboradas pragas enviadas pelos internautas agora disputam no voto para saber quais os ébrios leitores do Futepoca preferem. Dunga foi o preferido, mas também tem praga contra o Ricardo Teixeira, contra argentino e até contra as organizadas violentas.

Ricardo Teixeira e Branca de Neve

VOCÊ, RICARDO TEIXEIRA! VOCÊ que colocou o Dunga na Seleção! Irá encontrar a Branca de Neve, toda linda e virgem. Ela irá lhe chamar de "meu príncipe". Mas na noite de núpcias, você irá brochar!
Helbert Wagner – Belo Horizonte-MG

Pulgas nas nádegas dos argentinos

Que as Pulgas de mil camelos infestem as nádegas dos argentinos e seus braços sejam muito curtos para coçar. Muhahahaha!
Valeska dos Santos – São Paulo-SP

Soneca na rede

Você, você e somente você! Se não acordar para o que a Seleção está se tornando, terá seu nome mudado para o de outro anão: Soneca! E passará a eternidade dormindo em uma rede, entre as traves de um gol, durante uma disputa de pênaltis! Isso irá acontecer, se você não acordar pra nossa Seleção!
Rodrigo Cesar – São Paulo-SP

Hayden Christensen como Dunga no cinema

Dunga, sua criaturazinha abjeta, seu luciferiano da pior espécie, tua extirpe jamais vingará, e teus meias se chamarão todos Josué! Vai perder todos os jogos, mas, pior, nem tua mãe, nem o saudoso povo de BH, nem o Lula vão assistir! E quando forem fazer a versão hollywoodiana do tetra quem vai interpretar teu papel vai ser o Hayden Christensen!
Alan Vieira – São Paulo-SP

Dunga no Timão

Se voces não me derem esse exemplar, o Corintians será treinado pelo Dunga e passará a vida perdendo amistosos para Chipre, Ilhas Virgens, Ipatinga e outras grandes equipes do futebol mundial.
Daniel Pereira – Rio de Janeiro-RJ

Seleção na várzea

Que você, você e todos vocês da seleção brasileira de futebol, sejam obrigados a disputar campeonatos de várzea, sem receber salário, caso não comecem a deixar a preguiça de lado e a jogar o futebol que parecem ter esquecido.
Thomas Missfeldt – Sao Bernardo do Campo-SP

Torcidas organizadas violentas

Atenção ao grito que vem do precipício negro: lá, donde as profundezas guardam todas as dores infligidas pela danação, sairá um fogo tão grande e tão tremendo que queimará suas bandeiras, suas línguas arderão e suas mãos jamais segurarão coisa alguma. Assim será se quaisquer torcidas agirem novamente com violência. Assim será!
Rodrigo Sava – Iguaba Grande-RJ

Vote:

Qual é a melhor Praga do Zé?




As três mais votadas levam um exemplar do livro Prontuário 666.

Luxa e Muricy, reis dos pontos corridos. Leão, o "recuperador"

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A fórmula dos pontos corridos, regra do campeonato brasileiro desde 2003, vem mudando aos poucos a forma com que os times trabalham seu planejamento. Ou pseudo-planejamento, na maioria dos casos. E os treinadores também se adaptam, uns mais outros menos, a esse tipo de disputa.

Dois técnicos se sobressaem na era dos pontos corridos. Vanderlei Luxemburgo tem dois títulos: 2003, com o Cruzeiro, e o de 2004, com o Santos, além de um vice em 2007. Também classificou o time da Vila para a Libertadores em 2006 e não disputou uma das edições, o Brasileiro de 2005, período de sua fracassada experiência no Real Madri. Muricy Ramalho também foi duas vezes campeão com o São Paulo (2006 e 2007), além de ter obtido um vice no conturbado campeonato de 2005 (independentemente da questão do mérito ou da justiça da anulação dos jogos “viciados”, ninguém há de discordar que essa é a edição sui generis da série que se inicia em 2003).

Curiosamente, os dois comandantes se dão melhor com as competições de pontos corridos ou que misturam essa fórmula com uma fase final. Quando é mata-mata puro e simples... Muricy só venceu a Conmebol de 1994 com o expressinho do São Paulo e Luxa só obteve o título da Copa do Brasil de 2003 com o Cruzeiro e o pouco expressivo Rio-São Paulo de 1997 com o Santos. Libertadores, ambos perderam chances preciosas, sendo que o atual técnico palmeirense sequer chegou a uma final.

Leão, o “recuperador”

O vice-campeonato de 2003 com o Santos foi a melhor colocação alcançada por Emerson Leão nos Brasileiros desde então. Na verdade, de lá pra cá, seu trabalho em nacionais foi mais o de recuperar times no meio do caminho do que prepará-los desde o início, algo que tem se mostrado fundamental para times campeões ou que chegaram na Libertadores (ver quadro abaixo).

Em 2004, Leão pegou o São Paulo pós-Cuca na trigésima rodada e o time patinava na sétima colocação. O Tricolor terminou em terceiro, classificado para a edição da Libertadores do ano seguinte, da qual seria campeão. Em 2005, nova corrida de recuperação, desta vez com o Palmeiras. Assumiu o comando do Palestra na décima-terceira rodada, substituindo Paulo Bonamigo, que havia deixado para o sucessor uma equipe na décima-sexta posição. Leão classificou o time para a Libertadores com o quarto lugar.

Já em 2006 e 2007 a luta do técnico foi para tirar equipes do rebaixamento. No primeiro ano foi o caso do Corinthians, lanterna do campeonato com Geninho. Na vigésima rodada, Leão assumiu e conseguiu conduzir o time para a nona posição ao fim do Brasileiro. No ano seguinte, foi a vez do Atlético (MG), que o técnico Zetti havia deixado no décimo-sétimo lugar. Seu sucessor deixou o clube em oitavo.

Até agora, Leão é o único que classificou entre os quatro primeiros do Brasileirão três times diferentes: Santos, São Paulo e Palmeiras. Luxemburgo pode igualar a marca em 2008.

Intrusos no seleto grupo

De acordo com a atual classificação do Brasileirão, considerados os oito primeiros colocados, lá estão os “reis” Luxa, brigando pelo título, e Muricy, um pouco mais atrás e ainda na briga. Leão, agora no Al Saad, estará ausente pela primeira vez de um Brasileirão por pontos corridos. Tirando esses três nomes, nenhum outro técnico conseguiu por duas vezes classificar um time para a Libertadores nesse período do Brasileirão.
Caio Júnior, do Flamengo, já sentiu o gostinho de colocar uma equipe na Libertadores. Foi em 2006, com o Paraná, mas nunca disputou efetivamente o título da competição. Dorival Júnior, hoje no Coritiba, pode também repetir o feito que conseguiu com o Cruzeiro em 2007.

Os dois grandes intrusos desse seleto grupo até agora são Celso Roth, do líder Grêmio, e Adilson Batista, do terceiro colocado Cruzeiro. Nenhum deles conseguiu classificação para a Libertadores comandando uma equipe nesse formato da competição e o gremista tem como trabalho de destaque a campanha do Goiás em 2004, quando conseguiu levar o clube planaltino à sexta colocação. Assim como eles, Vagner Mancini (Vitória) e Ney Franco (Botafogo) também não levaram nenhuma equipe até a Libertadores. Pelo jeito, o seleto clube dos treinadores bem sucedidos nos pontos corridos vai ganhar novos adeptos. Difícil saber se permanecerão lá em 2009. Confira abaixo os classificados de cada ano.

2003

Cruzeiro – Vanderlei Luxemburgo
Santos – Emerson Leão
São Paulo – Roberto Rojas
São Caetano – Mário Sérgio (até a 20ª rodada), Nelsinho Baptista (até a 22ª) e Tite
Coritiba – Paulo Bonamigo


2004

Santos – Emerson Leão (até a 4ª), Vanderlei Luxemburgo
Atlético (PR) – Julio Piza (até a 2ª), Levir Culpi
São Paulo – Cuca (até a 29ª), Emerson Leão
Palmeiras - Jair Picerni (até a 6ª), Estevam Soares


2005

Corinthians – Daniel Passarella (até a 3ª), Márcio Bittencourt (até a 28ª), Antônio Lopes
Internacional – Muricy Ramalho
Goiás – Édson Gaúcho (até a 12ª), Geninho
Palmeiras – Paulo Bonamigo (até a 12ª), Emerson Leão

2006

São Paulo – Muricy Ramalho
Inter – Abel Braga
Grêmio – Mano Menezes
Santos – Vanderlei Luxemburgo
Paraná – Caio Junior

2007

São Paulo – Muricy Ramalho
Santos – Vanderlei Luxemburgo
Flamengo – Ney Franco (até a 15ª, mas com quatro jogos por fazer), Joel Santana
Fluminense – Renato Gaúcho (já classificado pela conquista da Copa do Brasil)
Cruzeiro – Dorival Junior

terça-feira, setembro 23, 2008

No butiquim da Política - Exceções expõem a regra

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CLÓVIS MESSIAS*

O deputado estadual Vanderlei Siraque, do PT (à esquerda), candidato a prefeito em Santo André, pediu licença não remunerada dos trabalhos na Assembléia Legislativa. Não receberá seu salário. O parlamentar argumentou que não é possível conciliar os compromissos da candidatura com as responsabilidades legislativas. E foi além, dizendo que o acúmulo acaba atrapalhando as duas agendas. "Como poderia justificar ao eleitor minha presença na rua, pedindo voto, quando deveria estar no plenário trabalhando?", observou.

O buteco e os corredores do Palácio 9 de Julho gostaram da atitude do deputado/ candidato, tema, aliás, muito bisbilhotado. A rapaziada diz não se tratar de ser mais ou menos ético. Mas, sim, de perceber que não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ou faz-se campanha para prefeito discutindo temas municipais ou trabalha-se no legislativo visando às necessidades do Estado. Dos 30 parlamentares candidatos a prefeito, somente mais cinco tomaram atitude semelhante à de Siraque: Carlinhos Almeida, do PT de São José dos Campos, Darcy Vera, do DEM de Ribeirão Preto, Roque Barbieri, do PTB de Birigüi, Marcos Bertaiolli, do DEM de Mogi das Cruzes, e Mário Reali, do PT de Diadema.

Aqui no butiquim, o pessoal acredita que transparência deveria ser construída assim, com atitudes iguais as que tiveram estes cinco deputado. Cada parlamentar ganha, na Assembléia Legislativa de São Paulo, uma verba de R$ 120.000,00 por mês, assim distribuída: R$ 14.600,00 como salário, R$ 18.600,00 para verba de gabinete e R$ 86.100,00 para contratar 16 funcionários. Por isso, perguntar a quem eles servem - ou o que priorizam - sempre é uma atitude necessária.

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino e dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo. Escreve a coluna "No butiquim da Política" regularmente para o Futepoca.

Celular é mais perigoso que dirigir bêbado

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Um estudo publicado recentemente em Londres, na Inglaterra, comprova a tendência de criminalização exagerada da manguaça: segundo a pesquisa da RAC Foundation, em parceria com o Laboratório de Pesquisas do Trânsito (TRL, na sigla em inglês), a troca de torpedos pelo celular atrapalha muito mais os motoristas do que se estivessem sob o efeito de álcool ou drogas. Na análise de comportamento entre 17 motoristas com idade entre 18 e 24 anos, as reações dos motoristas foram 35% mais lentas quando dirigiam enquanto escreviam ou liam mensagens de texto pelo celular. Além disso, a capacidade de controle no volante foi prejudicada em 91% e a habilidade em manter a distância com relação aos outros carros também caiu.

Resultados de pesquisas anteriores haviam demonstrado que as reações ficavam cerca de 21% mais lentas entre motoristas que dirigiam sob o efeito da maconha e 12% mais lentas entre os motoristas que haviam bebido além do limite considerado legal na Grã-Bretanha. Nick Reed, pesquisador do TRL, afirma que a distração com o celular "resulta em uma diminuição na capacidade de reação e de controle do veículo que colocam o motorista em um risco maior do que se estivesse consumido álcool no limite legal para direção". Já o diretor da RAC Foundation, Stephen Glaister, observa que, na opinião da maioria dos participantes do estudo, dirigir bêbado era a prática mais perigosa no trânsito. "No entanto, os resultados mostram que o motorista que envia torpedos enquanto dirige é muito mais incapacitado do que aquele que bebeu além do limite legal de álcool", desmistifica.

E aí? Por que não aprovam uma "Lei Surda"? Os manguaças do mundo denunciam: isso é preconceito! E discriminação!

segunda-feira, setembro 22, 2008

Cachaça, arroz, ovo e lingüiça: receita do Palhares

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Meu sobrenome tem origem ibérica. Digo isso porque, apesar de meu trisavô ter sido um legítimo português, do nome (Manoel) aos bigodes, já ouvi falar que os Palhares também têm seu ramo na Espanha. Aqui no Brasil, pelo o que sei, a família se dispersou primeiro por Minas Gerais. Meu pai conta que nossos ascendentes viveram um tempo na cidade mineira de Ouro Fino, antes de irem para o interior de São Paulo, onde nasci. Numa comunidade do orkut sobre os Palhares, a grande maioria dos participantes é de Minas - e isso com certeza tem a ver com minha espontânea e absoluta identificação com os mineiros e sua maneira de ver e viver o mundo. Pois bem, faço esse preâmbulo porque, apesar de (infelizmente) ainda não conhecer Belo Horizonte, um de seus redutos boêmios mais tradicionais é o Café Palhares, que neste ano está completando sete décadas de existência. E foi lá que surgiu uma das comidas de buteco mais famosas do país: o Kaol (acima, à esquerda) - sigla de cachaça (com "k", por uma questão de estilo), arroz, ovo e lingüiça.

Reza a lenda que o Café Palhares foi fundado pelos irmãos Antônio e Nilton Palhares Diniz em junho de 1938, na rua Tupinambás, quase esquina com a avenida Afonso Pena - onde funciona até hoje. Em 1944, foi vendido ao uberabense João Ferreira ("Seu Neném") e seu cunhado Aziz. Hoje, o lugar é administrado por João Lucio e Luiz Fernando, filhos de "Seu Neném". Quem chega ao estabelecimento já vê uma placa dependurada na parede com o seguinte dizer: "Ser mineiro é comer um Kaol". Batizado pelo radialista e boêmio Rômulo Paes, o prato foi incrementado com o passar do tempo e, a partir da década de 1970, adicionou à cachaça, arroz, ovo e lingüiça a farofa, couve e torresmo. Hoje, a lingüiça pode ser trocada por pernil, carne cozida, dobradinha, língua ou peixe. E ainda leva molho de tomate por cima, como toque final. De fato, uma ótima pedida antes de começar ou depois de enfrentar uma bebedeira.


Ah, e o melhor é que, além do Kaol, que inclui cachaça, o Café Palhares (foto acima) também tem a ver com o Futepoca pelos outros dois motivos: sempre foi um local de encontro político e futebolístico. Era freqüentado por gente como Juscelino Kubitschek e Magalhães Pinto e por lá sempre passavam os candidatos em campanha eleitoral. Quanto ao futebol, basta dizer que, antes de existir o Mineirão, eram vendidos lá os ingressos para os jogos do Atlético-MG e do Cruzeiro no estádio Independência. Ou seja: parada obrigatória para os futepoquenses e simpatizantes em BH.

Som na caixa, manguaça! - Volume 25

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Os melhores músicos sobem ao palco, os melhores músicos tocam num bar
(Oswaldo Montenegro)

Que canção se cantar num bar?
Pra quê?
Calendário sem data o bar
Me olhando assim tonto
Esperando a primeira emoção nascer
Gritar pra ir pro tombadilho
Em busca de ar puro
Me ama que eu juro que 'inda sei amar
Como amam nas catedrais
Os reis que não sabem cantar
E vós sabeis o que é ter a voz
E não ter mais a sensatez
De estar no momento propício
O ofício na voz é trazer benefício ao hospício de Deus
Que cantava entre as canções de adeus
Misturava talvez os sons
Dos seus com os nossos perdões
Me perdoa e não diz a Zeus
Que nós já não temos o Olimpo
E o nosso tesouro é garimpo sem ouro
E o coro de um bar
É a reza com fé sem Deus

(Do CD "Mulungo", Som Livre, 1992)

Só falta um ponto

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O empate do Grêmio com o Atlético-PR na Arena da Baixada e o repeteco de vitória palmeirense sobre o Vasco no Palestra Itália, desta vez por 2 a 0, incendiaram de vez a corrida pelo caneco do Brasileirão.

Curioso foi ver o Flamengo voltar ao G-4 com uma combinação curiosa de resultados. A magra vitória de 1 a 0 em casa diante do Ipatinga. Com isso, o favorito ao rebaixamento retoma a lanterna absoluta, porque a Portuguesa venceu o Botafogo no Canindé por 3 a 1. O São Paulo empatou, e tudo ficou bom para o Rubronegro.

O Cruzeiro, ao vencer o Figueirense com chuva de gols, manda avisar que não está tão morto quanto eu imaginava, apesar dos quatro pontos que o separam do líder e dos três do vice-líder. Com o 4 a 3 sofrido, o time de Florianópolis alcançou 55 gols sofridos.

A tabela montada pelo Globoesporte com o aproveitamento dos campeões nos últimos três anos em comparação com o Grêmio vale a pena ser analisada:






LíderAnoAprov.
Corinthians200564,1% - 50 pontos
São Paulo200664,1% - 50 pontos
São Paulo200771,8% - 56 pontos
Grêmio200864,1% - 50 pontos



É que, tirando o São Paulo de 2007, todos os outros tinham, à 26ª rodada, os mesmos 50 pontos do Tricolor Gaúcho. Isso é só pra lembrar que ainda faltam 12 rodadas de torcida (e secagem) para – se tudo der certo – o Grêmio não cumprir a escrita da era dos pontos corridos e deixar escapar o título.

O Empatador

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O São Paulo é um time esquizofrênico. Sem razão aparente, de um jogo para o outro muda a forma de jogar de uma maneira tão intensa que não parece a mesma equipe. Revisando todos os resultados até agora, o que se encontra é uma alternância entre ótimos jogos (contra o Atlético-MG e o Palmeiras no 1º turno e os dois contra o Flamengo, por exemplo) e empates modorrentos. Derrotas? Poucas, só 5, uma a menos que o líder Grêmio.

O problema é que os empates modorrentos estão quase empatando com as vitórias. Ao fim da 26ª rodada, são 11 contra 10. Ninguém empatou tanto. Nenhum time se arrisca tão pouco para vencer, como se a vitória ainda valesse 2 pontos.

O jogo de agora há pouco na Ilha do Retiro, contra o Sport, foi uma prova disso. No final do jogo, um empate em 0 a 0, Muricy Ramalho tirou Dagoberto, que até estava se esforçando e dando trabalho para a defesa do Sport, para a entrada de Richarlyson. Qualé, Muricy? Queria garantir o empate fora de casa?



É evidente que o São Paulo saiu da luta real pelo título, se é que um dia esteve nela. O que resta é a vaga na Libertadores, que também está bem difícil. Mas esse time realmente me intriga pela irregularidade. Eu entendo que contar com Éder Luis e André Lima para fazer gol é de chorar. O último acabou com TODOS os ataques do São Paulo que passaram por seus pés no jogo contra o Sport, porque não consegue dominar uma bola. E ainda perdeu um gol incrível no rebote do chute de Hugo, que bateu na trave.

Mas e o resto do time? O que pensar quando Jorge Wagner não acerta os cruzamentos, sua especialidade? Quando Hernanes erra boa parte dos passes? A defesa, que era porto seguro no ano passado, volta e meia faz suas lambanças. Essa resposta eu não tenho, só sei que o Muricy vai ter que rebolar para fazer o time ser mais regular. Enquanto isso, só me resta torcer contra os outros - e torcer para a Lusa, que devolveu a lanterna para o Ipatinga, não cair.

ps: só para registro: a arbitragem de Djalma Beltrame foi um desastre. Sorte dele que o jogo foi tão ruim e os jogadores estavam tão desinteressados que nenhuma porradaria mais forte aconteceu.

domingo, setembro 21, 2008

F-Mais Umas - Raikkonen turbinado

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CHICO SILVA*

A Fórmula-1 está às portas de um acontecimento histórico. No próximo final de semana, será disputada a primeira prova noturna da história da categoria. O palco da competição será Cingapura, ilha-estado espremida entre as gigantes Malásia e Indonésia, no Sudeste Asiático. Corridas disputadas à noite não chegam a ser novidade. Pilotos da MotoGP, Nascar e F-Indy já experimentaram a sensação de acelerar sob os efeitos da iluminação artificial. Mas, de toda a forma, será interessante ver Felipe Massa, Lewis Hamilton & Cia rasgando a noite asiática a 300 quilômetros por hora.

E eu estarei de olhos bem abertos em Kimi Raikkonen (foto acima). Nessa hora, o finlandês da Ferrari, que por seus gostos e hábitos é o piloto preferido desta coluna, costuma acelerar em outras pistas, digo, balcões. Fico imaginando a contrariedade do manguaça quando informado do horário da disputa, cuja largada está prevista para as 20hs locais. No Brasil, infelizmente, a prova começa, como sempre, às 9hs da manhã do domingo. Mas, como todo cachaceiro que se preze, creio que Raikkonen já esteja tramando algo para compensar as quase duas horas de bebedeira perdida.

Desconfio que a garrafinha de água que os pilotos levam no cockipit será abastecida com outros aditivos. Em decorrência do calor do lugar, que a noite costuma passar fácil dos 30 graus, a coluna sugere, além da vodca, o destilado favorito do cara, drinques que combinem com a temperatura da região, como caipirinha, dry martini e mojito. Só cuidado com o bafômetro...

Troque seu óleo composto por um "azeite de combate"
Em uma conversa com meu grande amigo e companheiro de copo, o também jornalista Eduardo Marini, estávamos lamentando a dificuldade de encontrar um azeite qualquer nos pés-sujos em que almoçávamos. Confesso que sou louco por esse divino suco de azeitona prensada. E, para a minha desilusão, os botecos são territórios dominados pelo chamado óleo-composto, aquele que vem com um 1% de azeite e 99% de óleo de soja. É o reinado do Maria (à direita), o mais famoso deles. Nada contra o simpático produto, que por anos irrigou as saladas lá de casa. Mas, de uns tempos para cá, os chamados "azeites de combate" - e nem estou falando de um badalado extra virgem da Toscana ou do Peloponneso - se tornaram mais acessíveis.

Os grandes atacadistas já dispõem de uma boa oferta de azeites de segundo escalão portugueses, argentinos e espanhóis. A diferença de preço diminuiu sensivelmente. Ao trocar o óleo composto por um azeite modesto, o dono do buteco, além de agradar a freguesia cotidiana, ainda poderia conquistar novos clientes, pois teria um algo a mais a oferecer em relação à concorrência. Deixo aqui meu apelo para os meus queridos Zés, Antônios e Raimundos. Façam as contas e entrem nessa campanha. Seus fregueses ficariam imensamente agradecidos.


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

sábado, setembro 20, 2008

Goiás, a pedra no sapato do Santos

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Não é de hoje que o Goiás é uma pedra no sapato do Santos. Contando com esse 4 a 1 sofrido no Serra Dourada, desde a primeira partida entre os dois, realizada em Goiânia no ano de 1968, foram 41 jogos, com 14 vitórias esmeraldinas, 15 empates e 12 triunfos alvinegros. Dentre as derrotas para o time do planalto central, uma é mais doída. A desclassificação sofrida na Copa do Brasil de 1999. O Peixe havia vencido o primeiro jogo por 2 a 1 e poderia perder até por 1 a 0 na Vila Belmiro para ir à frente na competição. Foi derrotado por 4 a 3, com dois gols de Araújo e outros dois de Aloísio, ex-São Paulo.

Mas nem mesmo esse histórico justifica um 2 a 0 logo nos três primeiros minutos de jogo. Paulo Baier estava sozinho para cabecear e abrir o placar a um minuto, com Fabiano Eller olhando a bola ao invés de marcar o goiano. Em um contra-ataque com a equipe totalmente desarrumada, saiu o segundo. Aos 13, Wendel falha incrivelmente e Fabão (no lugar do suspenso Domingos) fez o que já podia se esperar dele. Um pênalti infantil e, com menos de um terço do primeiro tempo, o Alvinegro já perdia por 3 a 0.

Ainda na primeira etapa Márcio Fernandes sacou Fabão e deslocou Rodrigo Souto para a posição, que terminou o jogo como o mais eficiente defensor da equipe. Mas o time goiano, com um esquema de três zagueiros, praticamente anulou Kléber Pereira, que não teve uma chance sequer nos primeiros 45 minutos. Cuevas, pra variar, se deslocou bastante e produziu pouco.

Na segunda etapa, novo gol aos nove minutos e a tentativa de pressão alvinegra ia por água abaixo. Com três atacantes (Lima entrou no lugar de Michael), o Santos melhorou, mas o caixão já estava fechado. Com assistência de Kléber Pereira, Pará descontou e Lima poderia ter feito o segundo em outro belo passe do artilheiro santista. Mas perdeu um gol feito e deve estar na lista de dispensas da Vila Belmiro.

Com um show de falhas individuais, não se pode creditar toda culpa do resultado nas costas do treinador. Até porque a equipe esmeraldina é boa, tanto que vem de quatro vitórias seguidas, com 12 gols marcados e dois sofridos, a melhor campanha do segundo turno. Mas Fernandes tem culpa em dois aspectos.

O primeiro foi a demora em colocar um terceiro atacante, deixando o adversário ter a sobra durante a maior parte do jogo. O segundo é manter como titular o ineficiente Kléber Chicletinho. Não acredito que a derrota e a perda da invencibilidade no nesse turno vá abalar o time, mas agora é praticamente obrigação vencer seus próximos dois confrontos na Vila: Portuguesa e Atlético (PR). Se o fizer, dá um passo importante para se afastar de vez da zona do rebaixamento, já que são dois rivais diretos. Mas o torcedor vai continuar tendo que ter paciência, ainda mais quando é obrigado a assistir a um jogador em péssima fase jogando com uma majestade de Pelé. Só que sem a técnica e o brio do Rei...

E o Fluminense? 

A derrota em casa para o Coritiba deixou o Fluminense com chances de segurar a lanterna no final dessa rodada. Claro que é preciso lembrar da responsabilidade do treinador que queria "brincar" no Brasileirão e também da saída de altetas fundamentais da equipe. Mas que a atitude de Cuca em repetir o discurso do "o time jogou bem, fomos prejudicados, merecíamos mais sorte..." não ajuda nada é a mais pura verdade.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Os melhores parlamentares do Brasil

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Cristovam Buarque (PDT-DF), senador, e Gustavo Fruet (PSDB-PR), deputado, são os dois melhores parlamentares do Congresso Nacional. A avaliação é resultado de pesquisa que o site Congresso em Foco fez com 204 jornalistas que cobrem a casa.

No "Top 5" de cada uma das casas, verifica-se uma interessante heterogeneidade entre partidos e estados de origem dos parlamentares. O PT tem dois senadores (Eduardo Suplicy-SP e Marina Silva-AC) e dois deputados (Maria do Rosário-RS e Maurício Rands-PE). Todos os outros seis integrantes do grupo dos dez mais cotados são de siglas distintas - DEM, PMDB, Psol, PV e os já citados PSDB e PDT.

Entre os estados, Rio de Janeiro tem dois nomes - os deputados Chico Alencar (Psol) e Fernando Gabeira (PV) -, assim como o Rio Grande do Sul: o senador Pedro Simon (PMDB) e a já citada deputada Maria do Rosário (PT). As demais unidades da federação lembradas trazem um representante cada: São Paulo, Distrito Federal, Acre, Goiás, Paraná e Pernambuco.

Cabem algumas interpretações nessa lista. Todos os parlamentares aí citados compõem o tal do "alto clero" da casa - ou seja, são políticos de certa influência nos trâmites do Congresso. O que é positivo. É bom saber que quem cobre diariamente o Legislativo nacional considere bom o trabalho de figuras que tanto aparecem nos noticiários.

É curiosa, para mim, a menção de Marina Silva. Não por demérito ao trabalho da senadora ou coisa parecida, mas simplesmente pelo pouco tempo que ela ocupa o cargo - só reassumiu sua cadeira no Senado há pouco menos de seis meses, quando deixou o Ministério do Meio Ambiente. Certamente pesaram a favor da senadora as ações de seu primeiro mandato (1994-2002).


E falando nisso, vale ressaltar que a quase totalidade dos parlamentares citados é de cidadãos que já estão no Congresso há algum tempo. Se se espera renovação na política, ela não está sendo feita com a devida qualidade.

O Congresso em Foco premiará, no final do ano, o melhor deputado e o melhor senador, eleitos por consulta popular.

Baú de campanha: as eleições paulistanas de 1985

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Em 1985, São Paulo vivia sua primeira eleição municipal após 20 anos sem a população paulistana ter direito a eleger seu prefeito. O alcaide à época era Mário Covas, nomeado pelo então governador Franco Montoro, ambos do PMDB. E era desse partido que surgia o favorito ao pleito daquele ano, o senador Fernando Henrique Cardoso.

Disputando com ele, estava Jânio Quadros, do PTB. Candidato derrotado ao governo paulista em 1982, o ex-presidente era tido como um político ultrapassado, que teria seu quinhão de votos mas não conseguiria superar o sociólogo e professor da USP. O outro postulante era o deputado federal Eduardo Suplicy, do PT, que encarava sua primeira disputa no Executivo. Também estavam lá figuras como Francisco Rossi (PCN) e José Maria Eymael (PDC).

O PMDB surfava na onda da redemocratização e, com a prefeitura e o governo do estado nas mãos, tudo levava a crer que o partido venceria. Chico Buarque chegou a gravar no horário eleitoral uma versão da música símbolo desse período, “Vai Passar”, cujo refrão era trocado por “É Fernando Henrique olerê/É Fernando Henrique olará”. Em entrevista a Fernando Barros e Silva, o compositor justificou. “Em 1985, na eleição à prefeitura de São Paulo, eu achava que o Fernando Henrique era o único candidato da esquerda capaz de derrotar o Jânio Quadros. O PT lançou o [atual senador Eduardo] Suplicy. O que eu briguei com gente do PT - e por causa do Fernando Henrique Cardoso (risos). A candidatura do Suplicy no fim ajudou a eleger o Jânio Quadros.”

De fato, a expressiva votação do petista (20,7% dos votos válidos) mostrou que ele fez a diferença. Não à toa vários emissários de FHC, principalmente na reta final, tentaram fazer com que o PT abrisse mão da candidatura. Mas não é lógico na política que alguém que tenha esse montante de votos renuncie, ainda mais em uma eleição de turno único. A criativa campanha do partido utilizou um expediente que seria repetido em outras ocasiões, como 1989. Mostrava apoio de artistas e personalidades como se pode ver no vídeo abaixo. Nele aparecem globais como Antônio Fagundes, José Wilker e Marcos Frota; militantes históricos como Lélia Abramo e Carlito Maia, além de familiares de Suplicy, como sua então esposa Marta e a mãe Filomena .


Tudo indicava que Fernando Henrique venceria. Chegou a posar para fotos na cadeira de prefeito. Mas em um debate, Boris Casoy perguntou a ele se acreditava em Deus e o peemedebista titubeou, dizendo ter combinado com o jornalista que esse tipo de pergunta não seria feita. Não se pode atribuir apenas a isso a derrota de FHC, mas certamente o fato, que repercutiu, serviu para mobilizar os conservadores a favor de Jânio.

No vídeo a seguir, FHC passa a maior parte do seu último programa negando ser ateu, além de dizer que não fumava maconha. E não é que Regina Duarte já estava lá? Curiosamente, com o mesmo discurso do medo que apareceria na eleição de Lula contra Serra. Para pregar o voto útil, dizia que “votar no Suplicy é ajudar o Jânio”, fazendo a comparação esdrúxula com a eleição que levou Hitler ao poder, atribuindo-a à divisão dos democratas. Comparar Jânio aos nazistas é levar o “medo” às últimas e inacreditáveis conseqüências...


No dia da eleição, a boca de urna do Datafolha dava a vitória ao PMDB. Luiz Carlos Azenha, então repórter da extinta TV Manchete, conta a angústia de alguém que cobria uma eleição com apuração manual e informações desencontradas. “Uma pesquisa não-científica da Rádio Jovem Pan, baseada em entrevistas nas ruas, dava vitória de Jânio. Porém, as primeiras pesquisas de boca-de-urna do Datafolha davam vitória de FHC. E eu enrolava o público, ao vivo, diante de resultados que não batiam com os da pesquisa Datafolha.
A certa altura, os números trombavam tanto que um diretor da TV Manchete me instruiu, por telefone: 'Entrevista o diretor do Datafolha, peça para ele explicar.' Foi o que fiz. E ele: 'É que a apuração começou primeiro em bairros onde Jânio é popular. À medida em que os votos forem chegando ao TRE, de outras regiões da cidade, nosso resultado vai se confirmar.'"

Mas a realidade parecia não bater com o que previa o instituto de pesquisa. “O tempo passou. E nada da pesquisa do Datafolha bater com o resultado da contagem dos votos. Até que o diretor da TV Manchete, Pedro Jack Kapeller, ligou de novo: 'Esquece o Datafolha. Dá o resultado da apuração que o Jânio vai ganhar.' Foi o que passei a fazer. Batata. Deu Jânio Quadros e ele reservou para a TV Manchete a primeira entrevista ao vivo, no estúdio da própria emissora, na rua Bruxelas, em São Paulo”. Eleito com 39,3% dos votos válidos contra 35,3% de FHC, Jânio tomou posse, não sem antes “desinfetar a cadeira”, dizendo que “nádegas indevidas” haviam sentado naquele lugar.

Jânio venceu com uma campanha modesta, sem grandes artistas e com uma propaganda eleitoral na televisão cujos caracteres lembravam os filmes de terror B dos anos 60. A mensagem era simples: contra a corrupção, em favor da segurança, o discurso de direita populista que sempre agradou muitos segmentos da cidade de São Paulo. De fato, conseguiu vencer em bairros da zona norte, leste e parte do centro, cativando principalmente a classe média baixa, aquela que não se identifica com os pobres por conta da sua condição econômica, mas também está distante dos bairros mais nobres da cidade, como mostra análise de Antônio Flávio Pierucci aqui. Foram vitórias com mais de 40% em bairros como Vila Maria - seu tradicional reduto -, Tatuapé, Móoca, Tucuruvi, Brás e outros.


Lances inusitados

Como em toda eleição, lances curiosos aconteceram naquele pleito. Um deles foi protagonizado por Eduardo Suplicy em um debate, quando levou um coelho e uma tartaruga de pelúcia para passar o recado a Fernando Henrique Cardoso que "devagar se vai ao longe" e que acabaria superando seu adversário. Foi muito devagar.

Entre os nanicos, um se destacou. Rivailde Ovidio, do PSC, costumava utilizar seu espaço no horário eleitoral para cobrar o governo do estado. Atacava sua suposta inação e perguntava sempre no final: “Ooooonde está você, Franco Montoro?”.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Por que beber? - Eis a questão

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Numa nova abordagem na campanha contra o alcoolismo, o Departamento de Saúde da Inglaterra definiu nove "tipos" mais comuns de manguaças. Para o governo inglês, é fundamental identificar as razões que levam ao abuso do álcool. A pesquisa foi feita com homens que bebem mais de 50 unidades semanais de álcool e mulheres que bebem pelo menos 35 - duas vezes acima do limite recomendado. Como já postamos aqui, uma unidade de álcool, para o governo da Inglaterra, equivale a um copo de cerveja ou vinho ou, alternativamente, meia dose de bebida destilada. Bom, é claro que classificar os manguaças em nove grupos sempre é mais um exercício de subjetividade do que outra coisa. Mas eu vi as categorias e me encaixei/ identifiquei em pelo menos três delas. Veja quais são:

1 - O deprimido: Está com a vida em um estado de crise - atravessando um período de dificuldade financeira, luto ou divórcio recente, por exemplo. Vê o álcool como uma forma de se reconfortar ou como uma automedicação para ajudar a lidar com as turbulências;

2 - O estressado: Leva uma vida sob pressão no trabalho, o que normalmente leva ao sentimento de não ter as coisas sob controle ou de estar sobrecarregado de responsabilidades. O álcool é uma forma de relaxar e de retomar a sensação de controle, ao traçar uma linha entre vida pessoal e profissional. Os parceiros normalmente reforçam este comportamento, ao preparar drinques para os bebedores;

3 - O "social": Têm uma agenda social carregada. O álcool é um meio de ligação que unifica a todos e os coloca em uma mesma sintonia;

4 - O conformista: Tipicamente, rapazes tradicionalistas que crêem que "homens vão ao bar todas as noites". O álcool faz parte do que definem como "meu momento". O bar é sua segunda casa, e eles se sentem aceitos e em casa neste ambiente;

5 - O bebedor comunitário: Bebe em grandes grupos sociais.
Motivações: Levado ao álcool pelo senso de comunidade criado pelo ambiente do bar. A bebida dá segurança e significado à vida, e age como meio social;

6 - O entediado: Tipicamente, mães solteiras ou mulheres recém-divorciadas, com vida social restrita. A bebida é uma companhia que substitui o casal. Beber marca o final do dia, talvez encerrando uma jornada de obrigações;

7 - O machão: Normalmente se sente subvalorizado, sem voz e frustrado em áreas importantes da vida. Seu lado bebedor é um alter-ego que gira em torno da sua capacidade de beber. A bebida é motivada pela necessidade constante de reafirmar sua masculinidade e seu status em relação a outras pessoas;

8 - O hedonista: Solteiros, divorciados ou com filhos crescidos. Beber em excesso é uma forma de expressar sua independência, liberdade e juventude para si mesmo. O álcool é usado para diminuir inibições;

9 - O quase dependente: Homens que moram "de fato" no bar - que, para eles, é quase o mesmo que a casa. Uma combinação de motivos, incluindo tédio, necessidade de se conformar e um senso de mal-estar existencial em suas vidas.


E então, você se encaixa/ indentifica em quantas categorias?

Sobriedade, proibição, porcarias e febre de consumo

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Li certa vez uma entrevista do John Lennon dizendo que, se todas as drogas fossem proibidas e destruídas no mundo, incluindo o álcool e o tabaco, as pessoas iam começar a se chapar com qualquer outra coisa, como pasta de dentes ou folhas de bananeira, por exemplo. Para o finado inglês, "ninguém suporta ficar muito tempo sóbrio". Concordo, pois, como diria Chico Buarque em "Meu caro amigo", parceria com Francis Hime, "sem a cachaça ninguém segura esse rojão". Da minha adolescência pra cá, a proibição das chamadas "drogas leves" mais comuns - chá de cogumelo, maconha (foto) etc - fez com que eu conhecesse ou ouvisse falar do consumo das coisas mais bizarras ou improváveis, como pó de aspirina no cigarro, baseado de folha de samambaia, xarope infantil na cerveja e até chá de fita cassete. Porcarias potencialmente prejudiciais à saúde - e ao cérebro.

Pois agora um amigo me manda um texto do The New York Times sobre a Salvia divinorum, uma planta que vem provocando bastante polêmica. Diz a matéria: "Christopher Lenzini, 27, de Dallas, tomou uma dose de Salvia divinorum, considerada a mais poderosa erva alucinógena do mundo, e começou a imaginar que estava em um barco com pequenos homens verdes. E não demorou a cair, às gargalhadas." E prossegue: "Há uma década, o uso de sálvia estava limitado a pessoas que buscavam revelações com xamãs em Oaxaca, no México. Hoje, esse membro alucinógeno da família da hortelã está legalmente disponível, nos EUA, pela internet e em lojas de produtos naturais, e se tornou uma espécie de fenômeno entre os jovens. Mais de 5.000 vídeos no YouTube documentam as jornadas dos usuários à incoerência e à perda da coordenação motora. Alguns já foram vistos 500 mil vezes." Tem maluco que planta o negócio no quintal (acima).

Sei lá. Ao mesmo tempo que esse tipo de coisa me dá curiosidade, também dá receio. Porque acredito no ensinamento do pai de uma amiga: "tudo em excesso é exagero" (que pode parecer redundância, mas não é). Fico com a impressão de que a raça humana dita "civilizada" sempre consegue complicar as coisas mais simples. Primeiro descobre as drogas e substâncias alucinógenas, depois proíbe (sem critério ou justificativa que convença) e, conseqüentemente, o que foi proscrito cai na propaganda boca-a-boca e desemboca numa previsível febre de consumo. Qual será a próxima onda? Pasta de amendoim mentolada? Condicionador de cabelos oleosos? Banha de porco-espinho javanês? Buenas, não sou do tipo de seguir a boiada. Vou ficar na minha, com manguaça e coisas mais sossegadas. E salvia-se quem puder!

Tipos de cerveja 16 - As Milk/ Sweet Stout

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Esse tipo de stout (cerveja escura produzida com malte torrado ou cevada), de origem inglesa, é historicamente conhecido como Milk ("leite") ou Cream ("creme"), devido à utilização de lactose como adoçante. Mas, curiosamente, a designação Milk não é usual na Inglaterra, apesar de ser corrente noutros países. Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo, dá mais detalhes: "Essa cerveja é de cor bastante escura, tendencialmente doce e possui um sabor com um toque de cereais torrados, o que faz com que se assemelhe a um expresso açucarado. É um estilo que produz uma espuma muito cremosa e duradoura, sendo que a presença de gás é baixa, tal como o volume de álcool, que ronda de 4% a 6%". O blogue Doctor Beer observa ainda que "as gravidades (específicas) são mais baixas na Inglaterra e mais altas nos produtos americanos e para exportação". As sugestões do Cervejas do Mundo para quem quiser experimentar uma Milk/ Sweet Stout são a Lion Stout, a Pelican Tsunami Stout (foto) e a Guinness Foreign Extra.

Poderia valer pelos dois campeonatos

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Essa já era minha proposta durante o dia. Como tanto o jogo pela Sul-Americana quanto o pelo Brasileirão entre Palmeiras e Vasco têm o Palestra Itália como palco, poderiam simplificar, fazer um jogo só e ter folga no domingo.

Mas eu nem achava que seria uma vitória com placar tão dilatado. É que havia o trauma dos reservas e não tinha avaliado o peso dos suplentes na partida de ontem. Fui fazer o dever de apuração pra saber quantos reservas entraram no Vasco ontem, e me surpreendi ao checar as escalações nos dois últimos jogos do Brasileirão e o número de variações é grande. No fim, parece o Vasco entrou em campo com uns cinco titulares. Melhor assim.



Thiago Cunha fez dois, o primeiro e o terceiro, e Denilson fez o segundo. O placar de 3 a 0 garantiu a vaga depois da derrota por 3 a 1 em São Januário. Mesmo assim, o resultado não mostra as – nas minhas contas quatro – defesas espetaculares de Marcos, o Goleiro. A última foi em um escanteio cheio de efeito batido por Madson, aos 45 minutos do segundo tempo. Perceba: um gol cruzmaltino àquela altura levaria a partida para os pênaltis.

Vale lembrar que o golaço de Thiago Cunha aos 32, num voleio que lembrou os que o Bebeto tentava, foi a primeira grande chance de gol. A objetividade e o oportunismo também são virtudes, claro. Senão, o Verdão não teria vencido o Cruzeiro no último domingo.

Kléber, o desgovernado, entrou muito bem na partida. Deu velocidade e acordou o lado ofensivo alviverde. No lance do segundo gol, a sensação é bem clara de que o atacante empurra o lateral Marquinhos. Mas na repetição fica claro que Kleber já está com os braços levantados (no procedimento "não fiz nada" que só quem os que acabaram de fazer besteira adotam) quando o defensor começa a cair. No replay não vi o braço empurrando, vi uma bela de uma ombrada. Como arbitro, eu marcaria, mas "futebol é jogo de contato" e o levantar de braços serviu para o árbitro Carlos Eugênio Simon concordar com a tese do atacante. Melhor assim.

E porque eu falei que Evandro tinha uma atuação às vezes mais para segundo (ou terceiro) volante, o jogador atuou bem mais avançado e foi bem quando entrou no lugar de Maicosuel.

Agora é encontrar o Vasco de novo no domingo. Que o placar se repita.

Na Sul-Americana, o adversário é xará de um clube que tem significado bicho-papão para o Palmeiras: Sport Ancash, da cidade de Huaraz, a menor cidade entre as representadas na primeira divisão peruana. Pelo retrospecto recente, ainda bem que não é o time de Nelsinho Baptista.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Enquanto isso, na Praia do Sossego...

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Gretchen, a eterna rainha do bumbum, já percebeu que se aproveitar da fama para fazer carreira política também tem seu preço. Candidata à prefeitura de Itamaracá (PE) pelo PPS, ela foi agredida na noite de ontem quando saía de um comício na Praia do Sossego (que de sossegada, como se percebe, não tem nada). "Tinha acabado o comício. Quando entramos no carro e andamos alguns metros, começamos a ser agredidos com várias pedradas, desferidas quando entramos na estrada do Sossego, que é cercada de mato e sem iluminação. Não tenho dúvidas que foi um crime político", disse a "cantora"/ "atriz" pornô/ candidata, que nada sofreu. Dois veículos tiveram os vidros destruídos e o motorista do carro de som machucou levemente o braço. Gretchen, que já sofreu outra agressão polêmica, foi à delegacia de Paulista, terra do Rivaldo, registrar a ocorrência.

Arranca-toco

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Segundo o programa de estatísticas Footstats, o Grêmio, líder do Campeonato Brasileiro, é o que mais cometeu faltas na competição (605). E o segundo colocado, Palmeiras, é o que mais recebeu cartões: 82. Como diria Kléber "Gladiador", atacante do alviverde paulistano que acumula três expulsões, recorde até aqui no Brasileirão, "se não quiserem contato que pratiquem outro esporte". Pois é...

terça-feira, setembro 16, 2008

Lei seca reduz homicídios em São Paulo

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Quem não dirige, como eu, não modificou sua rotina com a lei seca criada recentemente no país para reduzir acidentes de trânsito. Mas há uma mudança imediata muito importante: na cidade de São Paulo, onde moro, a medida diminuiu o índice de homicídios. Pesquisa do Departamento de Medicina-Legal da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o número de mortes por arma de fogo caiu de 85, em julho de 2007, para 60 em julho deste ano - mês seguinte ao início da vigência nova lei. Dado curioso: o porcentual de dosagem alcoólica encontrado nas vítimas assassinadas também diminuiu, passando de 45% para 28%. Ainda na comparação entre os meses de julho de 2007 e de 2008, as mortes no trânsito caíram de 55 para 35. Entre as vítimas que estavam alcoolizadas, houve queda de 45,45% para 28,57%.