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terça-feira, março 17, 2009

Bebida: união e resistência indígenas há 500 anos

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Por sugestão do amigo Alexandre Lahud, estou lendo o clássico "A religião dos Tupinambás", do antropólogo suíço naturalizado estadunidense Alfred Métraux (1902-1963), edição brasileira de 1979. Os Tupinambás, já extintos, representavam o conjunto de populações tribais que se estendiam do Rio de Janeiro ao Maranhão, na faixa litorânea – ou seja, os povos indígenas que travaram os primeiros contatos com os brancos invasores. A obra é um prato cheio (sem alusão à antropofagia, por favor) para quem se interessa pelas nossas origens, costumes e mitologia. E aborda um fator que muito interessa aos que, como nós, almejam uma sociedade onde o consumo de álcool não seja nocivo, mas, sim, um direito primordial à união, celebração e resistência.

Em determinado trecho, o autor se dedica ao costume da cauinagem, ou seja, as festas coletivas à base do cauim, a bebida alcoólica obtida a partir da fermentação da mandioca ou do milho. "Nada ocorria de importância na vida social e religiosa que não fosse seguido de vasto consumo de certa bebida fermentada conhecida pelo nome de cauim", diz Métraux, que apoiou seu trabalho em descrições de visitantes do Brasil nos séculos XVI e XVII, como o português José de Anchieta e os franceses Claude d'Abbeville, Yves d'Evreux, André Thévet e Jean de Léry, entre vários de outros países.

Nos relatos, fica claro que a cauinagem era extremamente importante na medida em que determinava o consumo de bebida alcoólica como agente aglutinador, cultural e de identificação da "pátria" Tupinambá. Os invasores perceberam isso – e trataram de combatê-la. "A exortação da força, da coragem e da guerra está entre os saberes que mais sobressaem nessas práticas. Antes dos rituais antropofágicos e das guerras os índios bebiam e relembravam os atos de bravura, exaltavam a vingança e a luta contra os inimigos", destaca Maria Betânia Barbosa Albuquerque, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), no trabalho acadêmico "Mulheres Tupinambá, beberagens e saberes culturais".

"Em função disso (mas não apenas), a prática das beberagens foi fortemente combatida pelos colonizadores católicos, posto que configurava-se como obstáculo ao processo colonizador. Desse modo, extinguir as cauinagens era o meio de viabilizar a catequese e a expansão da cristandade", prossegue o texto (dentro disso, as comparações utilizadas pelo inacreditável Reinaldo Azevedo em um inacreditável artigo sobre o PT na Veja - disponível aqui - ficam extremamente reveladoras sobre quem são e qual é o papel dos explorados e exploradores na sociedade brasileira atual). O que me chamou a atenção foi o fato de que os invasores brancos não proibiram a bebida alcoólica, mas sim a forma, o ritual e a finalidade com a qual os índios a consumiam. Daí, podemos fazer um interessante paralelo com os dias atuais.

Afinal, todos defendemos a bebida como celebração coletiva, ritual de aglutinação, amizade e exaltação de nossos valores, feitos e identidades culturais - o alicerce de integração proposto pelo Manguaça Cidadão. E não como um processo de degradação individual, os casos de alcoolismo crônico e gratuito de nossos tempos (sintoma de uma sociedade egoísta, consumista e segregadora). Quando acabaram com a cauinagem, os brancos exterminaram os índios, sua sociedade e seu mundo imaginário. "As beberagens tinham (...) uma finalidade essencialmente pedagógica, posto que transmitiam a memória coletiva, incutiam valores, perpetuavam a tradição e promoviam a resistência indígena aos ditames da colonização", reforça Maria Betânia Albuquerque, no trabalho acadêmico que citei acima.

Outro fator importante destacado pela pesquisadora é a importância atribuída às mulheres na sociedade Tupinambá, a partir do rito fundamental da cauinagem. Isso porque a matéria-prima do cauim era cozida, mastigada e recozida para a fermentação, para que as enzimas presentes na saliva humana pudessem quebrar o amido em açúcares fermentáveis. E esse trabalho era destinado exclusivamente às mulheres. Mais uma vez, podemos contrapor os valores de comunhão e papéis sociais dos indígenas ao mundo "globalizado" e "aberto" de hoje, pelo caráter extremamente masculino do mercado e da propaganda de bebidas, com a utilização da mulher como mero objeto.

Bom, melhor não escrever um post quilométrico. Quem quiser e conseguir encontrar o livro "A religião dos Tupinambás" (disponível em muitos sebos), certamente vai achar centenas de percepções ainda mais interessantes. Por fim, gostaria de destacar que a Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto (SP), desenvolveu o estilo Cauim (foto ao lado), que leva farinha de mandioca em sua fermentação. Uma digna e louvável homenagem à bebida que nossos ancestrais utilizavam para manter sua sociedade unida, feliz, saudável, consciente de seu valor e resistente. Bons tempos aqueles!

Ps.: Ao abordar o caráter social da bebida alcoólica, sempre é ocasião de recuperar o filósofo espanhol Javier Esteban, que defende o direito de ficar bêbado, e o poema do francês Arthur Rimbaud, que proclama: "Embriaguês sagrada/ Nós te afirmamos método". Clique nos links e confira.

O lançamento de Mauro Beting ou O que fazia um leão no meio dos porcos?

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O Futepoca* esteve presente ontem no lançamento do livro Os Dez Mais do Palmeiras**, do jornalista Mauro Beting, realizado na livraria Saraiva do Shopping Eldorado. Não só nós, mas outras 1,5 mil pessoas passaram por lá para prestigiar a obra, sendo que os 500 exemplares praticamente evaporaram.

Mas como esse blogue persegue sempre a “pauta ausente”, encontramos, dentre as diversas camisas verdes no evento, um torcedor do Sport. Mauricio Targino da Silva Filho, 29 anos declarados, não teve medo de arriscar sua integridade física diante da torcida rival. Jornalista formado e titular do BlogSport, fez questão de afirmar o favoritismo do rubro-negro na Libertadores, desdenhando a atenção da mídia. “Nós somos outsiders, somos um filme independente que concorre ao Oscar, Quentin Tarantino contra Walt Disney”, filosofou. Para ele, além do Leão, o Colo Colo será o outro classificado no grupo do Palmeiras no torneio continental.

Em um momento que caberia de forma mais adequada no Pânico, o Futepoca conseguiu furar a fila (imprensa tem prioridade, gente...) e levou o torcedor do Sport para a mesa de autógrafos de Mauro Beting. E o rubro-negro não se fez de rogado: “Mauro Beting, você é um gênio. Achar dez jogadores decentes na história do Palmeiras é um trabalho arqueológico.” A resposta não poderia ser outra que não uma gargalhada do anfitrião. Em função de problemas técnicos, não temos o registro imagético da cena (aceitamos doações de câmeras digitais e afins).
*****
Um enigma para a nação santista também foi revelado na noite de ontem. O repórter Fernando Fernandes negou ter dedurado o “não-gol” do Santos em 1998. Explico. Um dos confrontos das quartas-de-final do Brasileirão daquele ano envolveu o Alvinegro e o Sport. Na segunda partida, Vila Belmiro, Eduardo Marques chuta e a bola passa pela rede, do lado de fora. Viola grita gol, assim como toda a torcida atrás da trave, dentre eles este que escreve e Olavo Soares. Todos ali sabiam que a bola não tinha entrado, mas o árbitro validou. A conversa entre Fernando Fernandes e o bandeirinha teria feito o árbitro voltar atrás. O repórter levou a fama de dedo-duro e parte dos torcedores, mesmo com a vitória santista, se preparou para cumprimentá-lo de forma nada amistosa ao fim dos 90 minutos.

“Só perguntei para o bandeira se tinha sido gol”, contou Fernandes, negando ter entregado o ouro. Embora tenha dito que não houve qualquer problema com torcedores naquela data, ele confessou: “demorei mais de duas horas pra sair do estádio”. 

*Matéria feita com Olavo Soares.

**A lista elaborada por Beting junto com outros dez jornalistas traz: Ademir da Guia, Luís Pereira, Evair, Marcos, Oberdan Cattani, Waldemar Fiume, Julinho Botelho, Jair Rosa Pinto, Djalma Santos e Dudu.

Tipos de cerveja 31 - As Doppelbock

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Também conhecidas por Double Bock, são uma subcategoria das Bock, porém mais fortes e caracterizadas por um intenso sabor de malte, o que resulta num aroma e sabor algo adocicados - sendo esse fator contrabalançado com o uso de lúpulo, para dar um toque final azedo. A cor pode variar do âmbar ao castanho escuro e o nível de álcool é, em geral, elevado, variando entre 7% e 8%. As Doppelbock tiveram origem no mosteiro Paulaner, em Munique (Alemanha), como forma de complemento para as refeições dos monges. Segundo Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo, "a maior parte dos exemplos bávaros desse tipo de cerveja acabam no sufixo 'ator', em referência à primeira cerveja do gênero a circular comercialmente, a Salvator, produzida pelos monges Paulaner". Exemplos disso são a Ayinger Celebrator (foto), a Fish Tale Detonator e a Augustiner Maximator.

segunda-feira, março 16, 2009

No soccer for old men

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Quem assistiu ao filme Onde os fracos não têm vez, obra interessantíssima cujo título original é No country for old men (algo como “Não há país para os homens velhos”) pôde partilhar da aflição do personagem principal vivido por Tommy Lee Jones. Na película, o velho xerife sofre pra se adaptar a novos tempos (simbolizados pela Era Reagan, o início da consolidação do neoliberalismo) em que o dinheiro passa a ser absoluto e os antigos valores já parecem incompreensíveis para a maioria.

Ontem, no Pacaembu, um homem padecia de um incômodo semelhante ao do personagem ficcional. Aplaudido pela torcida adversária, do time que o projetou, e rejeitado pela diretoria desse mesmo clube, que lhe negou a chance de uma sonhada e digna aposentadoria, ele parecia pouco confortável em campo. Retribuiu timidamente aos afagos dos alvinegros, que gritaram seu nome e colocaram no estádio faixas que diziam “Giovanni, ídolo eterno”.

Fotomontagem sobre foto de André Lessa/Agência Estado e divulgação

Provavelmente, na cabeça dele passavam imagens como a do treinador que o escorraçou da Vila Belmiro há três anos. Nada mais simbólico, aliás, que seu algoz fosse o representante máximo do “novo” futebol brasileiro. O apologista do “profissionalismo” no esporte, o mesmo que deixou o Santos por três vezes para lucrar mais em outro lugar e para o qual o sentido de profissão não tem nada a ver com vocação, entrega, amor ou qualquer tipo de sentimento ou ideologia. Tem a ver com cifrões. E este é até hoje bem quisto pela diretoria do clube que lida tão mal com os mesmos cifrões. Giovanni não.

Jogo em andamento, o dez recebe a bola e a toca com a classe de sempre. Mas vai tocá-la para quem? Seu time, lanterna do campeonato, é lamentável. Ele está ali porque um amigo seu, Rivaldo, hoje está à frente do Mogi Mirim. Outro valor raro no futebol atual, a amizade, trouxe Giovanni a uma equipe que nem de longe está à altura da sua história.

Mas ele tenta jogar, se concentra na partida e chega a parecer ter raiva durante parte dos 90 minutos. Talvez seja a forma de se isolar de todo o clima de reverência e das lembranças de uma peleja inesquecível da qual foi o astro naquele mesmo palco. A certa altura, faz falta no jovem Paulo Henrique, meia trazido por ele mesmo à Vila Belmiro, como mais uma prova de afeto do ídolo ao time. Como se precisasse. E pensar que outros trouxeram para o Santos nomes como André Belezinha, Galvão, Magno e mancharam a camisa dez  ao entregá-la para um zagueiro medíocre, sem história no clube, e que na semana seguinte já trabalhava em um rival.

Ironicamente, é o garoto Paulo Henrique que abre o placar no segundo tempo contra a equipe em que o Giovanni joga. O dez ainda veria outro garoto, o cada vez mais promissor Neymar , marcar seu primeiro gol em sua terceira partida como profissional. Provavelmente um momento histórico, embora até mesmo seu significado será medido pela exposição midiática que vai ter. Quanto mais mídia, mais “histórico”o momento. Novos tempos.

O jogo termina, 3 a 0. O craque sai cabisbaixo do campo, talvez com a sensação de incompreensão em relação a essa época em que se pede tanto amor à camisa mas, quando alguém o manifesta, é ignorado por quem manda no futebol. No meio do caminho para o vestiário, seu trajeto é interrompido por um moleque que deixa de lado uma entrevista para a TV e corre para abraçar seu ídolo.

- Você jogou pra caralho - diz, parabenizando Neymar.

A imagem deixa a impressão de que, se o futebol dito moderno condena craques como Giovanni, ainda há lugar para eles não só na mente dos torcedores, mas também em garotos como Neymar, que ainda teimam em fazer do futebol um esporte menos previsível. Como era em outros tempos.

Tinha que ter um Marcão no meio...

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Triste fim: quatro jogadores do Princesa do Sul, clube do Piauí (distintivo à esquerda), deram bebida alcoólica para uma menor e foram presos. Depois de uma derrota para o Picos fora de casa, por 3 a 0, os atletas Robervânio, Marcão (nome fatídico...), Cipó e Fábio Sousa resolveram passar a madrugada em um bar da cidade de Floriano, em companhia de três garotas, uma delas com 14 anos. Quase desmaiados de tanta pinga, os manguaças foram denunciados por uma das moças. Com isso, a Policia Militar chegou ao local e levou todo mundo para o xilindró, onde foi lavrado o Boletim de Ocorrência. Agora, os jogadores serão indiciados no artigo 243 do Estatuto da Criança e Adolescente. Bebedeira bem inconsequente essa.

Explique-se, presidente

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Foto do chefe do executivo nacional, Luiz Inácio do Lula da Silva, divulgada na sexta-feira pelo Lancenet:


O presidente está usando um boné da Mancha (Alvi)Verde e segura nas mãos uma camisa da mesma agremiação. Como todos sabem, Lula é corintiano. Estaria o presidente virando casaca? Abalado pela lembrança do Taquaritinga? Ou são efeitos de uma sexta-feira 13 - dia do imprevisível, do sobrenatural e, como toda sexta, dia de uma boa cachaça?

Vitória em jogo com três golaços

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Contrariando o que escrevi outro dia, de que o São Paulo tinha jogado a toalha no Paulistão, o time voltou a vencer ontem, 2 a 1 sobre o Marília. Agora, o clube tem 29 pontos, na terceira posição, encostado no vice-líder Corinthians. Rogério Ceni voltou a frisar que a prioridade é mesmo a Libertadores, mas Muricy Ramalho observou que não pode perder uma partida sequer no torneio estadual, pois a torcida e a imprensa caem matando. Assim, o time jogou apenas para o gasto, poupando-se para o jogo contra o Defensor, no Uruguai, pela disputa continental. Todo mundo está falando do golaço de Hernanes (foto), que abriu o placar, mas o de João Vítor, do Marília, que fechou a conta, foi uma resposta na mesma moeda. E Washington, para variar, deixou mais um (são 11 gols em 13 vestindo a camisa do São Paulo) - outro dos três golaços da partida. Com Jorge Wagner e Júnior César tabelando na esquerda, Jean e Hernanes comandando o meio campo e a dupla Borges e Washington se entendendo no ataque, o time ganha um certo padrão. Resta à defesa parar de bater cabeça – Renato Silva é uma grata surpresa, mas Rodrigo e Miranda não estão no mesmo nível do ano passado. O lado direito continua sendo o mais fraco e Zé Luís se machucou. Confiram os três gols da partida disputada ontem no Morumbi:

Lembrança indelével

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Durante coletiva em Brasília, na sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou menosprezar o Manchester City, dos brasileiros Robinho e Elano, com uma comparação inusitada:

- Agora [o jogador brasileiro] não está mais indo para a Itália, para a Espanha. O pessoal está indo para a Sibéria. (...) Hoje tem jogador da seleção, como o Robinho, jogando num time equivalente a um time pequeno, a um Volta Redonda, a um Taquaritinga.

(Veja íntegra aqui)

Sem querer, o presidente acabou fazendo um grande elogio ao modesto Clube Atlético Taquaritinga, ou CAT, que disputa a Série A-2 do Campeonato Paulista (competição em que levantou o título em 1982 e 1992). Já o Manchester City ganhou duas vezes o Campeonato Inglês, em 1937 e 1968.

Mas a memória de Lula para o Taquaritinga, entre milhares de times pequenos que povoam o país, tem uma explicação. Em 1983, primeiro ano em que o CAT disputou a elite do Paulistão, houve o chamado "jogo dos campeões". Em 10 de julho daquele ano, no estádio Taquarão, o CAT (campeão da 2ª Divisão em 1982) recebeu o Corinthians (campeão da 1ª no ano anterior). A expectativa era de goleada do alvinegro paulistano, que tinha Sócrates, Casagrande, Vladimir, Zenon, Ataliba, Biro Biro e Leão - e seria bicampeão paulista no fim da temporada.

Só que o Taquaritinga venceu por 2 a 0, naquela que foi considerada uma das maiores zebras da loteria esportiva em todos os tempos. Os gols foram feitos por Edvaldo (que depois jogaria pela seleção brasileira e São Paulo) e por Carlinhos Maracanã (que também jogou no São Paulo). O resultado foi tão surpreendente que, 25 anos depois, o corintiano Lula ainda lembra o nome daquele time do interior paulista. E o homenageia involuntariamente, comparando-o ao clube atual de Robinho e Elano.

(Texto reproduzido aqui)

Não tem dúvida, Ronaldo ironizou

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Zapeando pela TV, aconteceu de eu cair no MultiShow, no programa Alta Horas, e qual não foi minha surpresa quando vejo que iam passar justamente o programa em que entrevistaram o Ronaldo. Parei pra ver.

Ronaldo não prima por falar bem, ao contrário, não tem grandes sacadas nem grandes ideias. Com o microfone, não é exatamente um tipo carismático, embora seja sim bastante simpático e tenha respondido não exatamente com desenvoltura mas sem dúvida com tranquilidade as perguntas que lhe fizeram. Lá pelas tantas, veio a tal pergunta que teria feito o Ronaldo escorregar, se enrolar, derrapar, entre outras possíveis descrições pejorativas. “Ronaldo, fazer sexo antes do jogo atrapalha?”

Agora que o programa foi ao ar, dei uma vasculhada na internet e vejo que a cobertura é bem mais amena, quando muito questionam se o jogador imaginava a repercussão negativa que teria sua resposta. Ronaldo brincou mesmo, estavam todos rindo. Quem levantou a bola pra piada do “passivo” foi o próprio Serginho Groisman. Em meio às chacotas, Ronaldo disse que “não se perde nem ganha nada”, e o apresentador retrucou que “depende, pode perder alguma coisa” ou algo que o valha. Depois de se resguardar cientificamente (“Não tem nenhum estudo comprovando que atrapalha”), Ronaldo emendou, seguro e com um sorriso no rosto: “Na dúvida, pode ser passivo”.

De fato, a piada causou constrangimento, e ao contrário de versões anteriores que incluíam um (risos) após a tirada, todo mundo parou de rir. Mas Ronaldo demonstrou que está tranquilo com o caso dos travestis em que se envolveu meses atrás, está até brincando com isso. Se é homossexual ou não, não se sabe, nem importa saber. Mas sem dúvida ele não é bambi.

Preconceito

Poderia questionar se a repercussão antes do programa ir ao ar – portanto, sem a possibilidade de se comprovar versões – não era só mais um caso de sensacionalismo barato. Mas me interessa mais entender esse constrangimento que se abateu no estúdio do programa.

Não acho que seja só o fato de serem jovens, sempre muito cruéis e muito afeitos a rir das derrapadas de pessoas em público, o que piora no caso de uma celebridade. Se envolve sexo então... e ainda mais se for homossexual. Na verdade, a fala do Ronaldo encontra a barreira de dois preconceitos (entre outros, claro).

O primeiro é o de brincar com um caso que se supõe que ele deva querer esconder, ou seja, quem tinha que ficar constrangido era ele, e aí cometer o terrível ato falho que se lhe imputou. O segundo é o de que, supondo que se pudesse brincar com um caso tão “delicado”, quem faria isso não seria o Ronaldo, um tipo que, novamente, se supõe não ser capaz de uma manobra verbal que envolva um pouco mais de inteligência.

Aí estão os fatos: ele ironizou, e ninguém encarou a onda dele.

domingo, março 15, 2009

No Corinthians, estamos por um joelho

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Eu não queria repetir o que corre pela mídia e eu já critiquei, que é falar do Corinthians a partir da ausência do Ronaldo, mas parece que o dentuço é mesmo o que de mais interessante acontece hoje no Timão. E vou deixar a narrativa do jogo contra o Santo André pro Nicolau, que é mais competente que eu na matéria. O que posso dizer é que, se o time chegou até aqui na vice-liderança do campeonato por suas virtudes (por assim dizer), com uma participação decisiva do Ronaldo só nas duas penúltimas partidas, o fato é que não irá muito mais longe se algo não derrubar esse clima de segunda divisão que ainda parece assolar o elenco. Só o atacante parece não ter trauma, não ter problemas de moral baixo ou de falta de autoestima. O resto do time está sempre se segurando, o empate nunca soa tão ruim assim, pelo nível do futebol. Estranho para um time que ainda não perdeu.


Entendo que o Mano Menezes tenha que ter cuidado e avançar passo a passo, na medida das pernas. Mas se não começar a puxar a responsabilidade da moçada de ganhar e bem os jogos, de mostrar que futebol se faz partindo pra cima e querendo o gol, vamos continuar patinhando em jogos terríveis como este. O Corinthians até marca, rouba bolas, faz a bola chegar no ataque, mas cada toque contém a imperfeição que vai destruindo pouco a pouco a virilidade do tiro final.

Se hoje é o Ronaldo que permite sonhar com um título paulista, todo corintiano sabe que não dá pra contar com ele, pois vai durar até a próxima contusão, e dela vai ser quase impossível voltar. Enquanto aguentar aquele joelho, a gente vai seguindo. A coisa só muda se a qualidade do nosso camisa 9 contaminar o resto do time e o povo começar a jogar futebol, em vez de garantir os resultados... Acho possível. Mas é uma esperança que é quase uma mentira, pois tem a perna curta, curta...

sábado, março 14, 2009

Até Pierre marcou na vitória sobre o Barueri

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O Palmeiras re-encontrou a vitória depois de dois empates no campeonato. Somada à derrota na Libertadores para o Colo Colo, eram três partidas sem sentir o sabor da vitória.

Ganhar do Barueri em casa seria obrigação para o líder, mas o primeiro tempo teve seus sustos e emoções. Pedrão perdeu dois gols feitos, mesmo número de chances de Keirrison na primeira etapa. O placar inteiro foi feito no segundo tempo.



A defesa palmeirense mostrou fragilidades aos contra-ataques e bobeou em bolas paradas. O time, desta vez, entrou com Pierre e Sandro Silva, mas apenas Maurício e Danilo como zagueiros. Não foi o 4-4-2 que resolveu, mas Vanderlei Luxemburgo gostou.

O ataque rendeu melhor, voltou a ser aquele especialmente porque Keirrison esteve mais acordado e Diego Souza jogou bola. Depois do início do campeonato em que Cleiton Xavier fazia gols em todos os jogos, foi o camisa 7 que tem puxado as melhores atuações alviverdes. Fez até o segundo gol. Que permaneça assim.

Willians, de novo, não fez grande coisa, tanto que foi substituído por Lenny, que deu o passe pro segundo gol. Com 2 a 0 no placar, até Pierre marcou, seu terceiro com a camisa do Palmeiras.

O time de Estevam Soares não é forte, mas é organizado. Com um pouco mais de bobeira da retaguarda, poderia ter dado até mais emoção.

Se não havia crise, os problemas – que existem de fato – tampouco foram sanados na vitória. Na terça, o Palmeiras acaba com essa história de ter um jogo a menos, ao enfrentar o Noroeste, com a liderança garantida.

sexta-feira, março 13, 2009

No butiquim da Política - Quieto, o 'troquinho' está chegando

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CLÓVIS MESSIAS*

Aqui no buteco os papos estão amenos. Como lugar comum, Ronaldo Gordo é o assunto da ironia. Mas, no meio da amenidade, alguém diz: "É bom acabarem de acertar, logo, a nova Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Nas lideranças partidárias só se discutem, a portas fechadas, cargos e mudanças das peças no tabuleiro administrativo. Afinal, os deputados estão quietos porque, em Brasília, debate-se um belo aumento de salário que, pelo efeito cascata, beneficiará todos os legislativos estaduais e municipais. Com base em uma estimativa incompleta que aponta economia aos cofres públicos, está em debate o aumento dos salários dos congressistas de R$ 16,5 mil para R$ 24,5 mil, em substituição à verba indenizatória de R$ 15 mil mensais.

Um outro butequeiro emenda: "Mas eles provavelmente dirão que a medida será de economia para os cofres públicos" (como cofres públicos entenda-se que está rolando o meu, o teu, o nosso dinheiro). "É uma confirmação necessária", prossegue o bêbado. Questão para análise. A verba indenizatória foi criada como medida salutar, segundo eles, por estarem longe de casa precisam de conforto, o que aumenta os seus gastos. Justificaram, na época, que assim não haveria efeito cascata, não mais atingiriam os estados e municípios. Balela. Como eles prostituíram as suas verbas indenizatórias, novamente, como efeito moralizador, mas de fraca memória, acharam nova forma de economia. Mais uma vez, estimativa incompleta e oportunista.

Os 513 deputados federais vão varrer o lixo para debaixo do tapete. Afinal, nós ouvimos os dois lados, mas sem memória histórica. Isto os parlamentares sabem e abusam. Pela Constituição, o teto salarial dos vereadores está vinculado ao salário dos deputados estaduais, cujo teto é ligado ao salário dos deputados federais. Quando há reajuste no contracheque dos congressistas, pode haver aumento nas Assembléia Legislativa e Câmaras Municipais. Nunca se deixou de lado o texto constitucional de vinculação salarial. É bom que se ressalte: no Brasil, existem 1.059 deputados estaduais e 52.007 vereadores. Segundo o 1º secretario da Câmara dos Deputados, Rafael Guerra, do PSDB (foto), autor da tese incorporatória, "defender salário de deputado em R$ 12,5 mil é defender que deputado seja bandido ou rico".

Pelo exposto, congressista tem preço. Bem que eles poderiam defender os nossos salários com a mesma veemência. Pela proporcionalidade, uma fortuna deverá sair dos cofres públicos para os ajustes salariais. Por estes e outros motivos é que você, ser comum, tem que pagar plano de saúde, escola particular, creche, segurança particular e etc. Pergunto: pra que serve mesmo o Estado?

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

Bandeirinha vestida: Maria Elisa Barbosa não será a Ana Paula 2

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Os fãs de Ana Paula Oliveira podem ficar tranquilos. A assistente de arbitragem Maria Eliza Barbosa afirmou ter recusado convite para posar nua em uma revista masculina. Ela não quer repetir a experiência de sua colega mais famosa (pelo menos até agora) de fazer a alegria de parte dos marmanjos e dos pauteiros sem assunto.

O valor teria sido de R$ 350 mil mais participação nas vendas, o que não seduziu a professora de educação física de 29 anos. Aliás, ela afirmou que não aceitaria o convite ainda que não estivesse atuando como bandeirinha.

Maria Eliza diz que admira a pioneira mulher de preto nos gramados, que se outra colega tirasse a roupa para as lentes das revistas masculinas ela não teria preconceito, mas está mais preocupada com a família. Não se pode ignorar, porém, que seu estatuto de "nível Fifa" e sua terceira posição no ranking de arbitragem da Federação Paulista de Futebol – apenas Edmilson Corona e Emerson Augusto de Carvalho estão mais bem cotados – também pesam. Vale lembrar que, em 2008, ela foi ao Mundial feminino sub-17.

O fato é que desde que Ana Paula Oliveira posou para a revista Playboy, em julho de 2006, ela não conseguiu mais voltar à elite da arbitragem brasileira. Mesmo tendo atuado em partidas de segunda e terceira divisões e outras comemorativas, ela nunca chegou a recuperar plenamente a forma. Foi reprovada em testes físicos em mais de uma ocasião. O tenente-coronel Carlos Marinho nega que exista discriminação, embora reconheça que "alguns colegas tentam se aproveitar da situação". Como é?

Isso não a impediu de fazer novos ensaios fotográficos nem de arriscar uns passos na passarela da moda. Atualmente, Ana Paula Oliveira apresenta um programa diário na Rede CNT ao lado de Leão Lobo e um programa de rádio sobre esportes na CBN da região de Campinas.

Se Maria Eliza não quer posar para revistas masculinas, isso é uma opção dela, claro. Uma opção a ser respeitada – senão comemorada, pela volta do assunto "futebol" aos programas que tratam de futebol. Mas gostaria de entender por que sempre que algum veículo se refere à moça, precisa usar a mesma foto. Será que nenhum jornal produziu outra imagem durante algum jogo?

Só Neymar valeu a pena ontem

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Esqueça aquelas frases feitas e pensamentos banais que se repetem no futebol: “Precisa ter cuidado pra lançar o garoto...”, “Melhor esperar um jogo fácil pra entrar” etc. etc. etc. Se alguns talentos precoces podem ser desperdiçados quando jogados na fogueira, a história parece ser diferente com o garoto Neymar.

Estava no Pacaembu quando a torcida pediu sua entrada, no início do segundo tempo. Não tardou para Mancini fazer um gesto em direção aos reservas e o burburinho da torcida começou. Quando o moleque tirou a camisa, todos comemoraram como se fosse um gol. Neymar entrou em uma situação adversa, um zero a zero encardido, e saiu vitorioso. Várias vezes quando tocou a bola, todos levantavam pra ver o que aquele menino franzino ia fazer com a redonda, que parecia tão íntima dele.

Ontem, contra o Paulista, o adolescente entrou no intervalo. O time perdia por um a zero e tinha pouca presença ofensiva. O time de Jundiaí tinha vindo com uma proposta de jogo semelhante à do Oeste no último sábado. Como fez a equipe de Itápolis, marcou a saída de bola santista, forçando o erro dos três zagueiros peixeiros. Assim, em menos de dez minutos Domingos e Fabão já haviam falhado perigosamente, enquanto as laterais alvinegras, graças ao posicionamento dos alas, eram avenidas onde o Paulista chegava com relativa tranquilidade. Na frente, Molina repetiu a atuação pífia da partida anterior, errando passes que poderiam ser decisivos. Madson, sem ter com quem jogar, tentava resolver sozinho, enquanto Roni não conseguia assustar a defesa do Paulista.

Mas Neymar entrou. E o jogo mudou. Se não fez uma exibição que garantisse a vitória, o Santos sufocou o Paulista durante todo o segundo tempo e, na sua 24ª finalização, fez o gol de empate. Era justo, ou o mínimo. A atuação do moleque fazia o Alvinegro não merecer a derrota. Fazia também com que o santista, algo desanimado, algo irritado com o desempenho da equipe, torcesse tanto ou mais pelo menino do que pelo Santos.

Sempre objetivo, seu repertório ontem foi variado. Chapelou e cruzou com precisão; deu passe por baixo das pernas do rival; pedalou, driblou e deu assistência. Não se intimidou e não parecia fazer somente sua segunda partida como profissional. Antes da metade do primeiro tempo, o técnico adversário, Giba, pedia marcação especial nele. Logo, virou referência em campo para os companheiros. Até peitar um zagueiro com o dobro do tamanho dele ele peitou.

Neymar é técnico, habilidoso e tem uma postura de quem não se intimida diante de ninguém. Em um time praticamente sem ídolos e em um futebol cada vez mais carente de talento, é uma joia raríssima. Só espero que não seja a única razão para o torcedor se animar com o time nas próximas rodadas. O Santos merece mais porque ontem, só Neymar valeu a pena.

Ronaldo Gordo escorrega na banana novamente

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Depois do nebuloso episódio dos travestis, Ronaldo Gordo, em sua fase inicial e idílica com o Corinthians, voltou a escorregar na banana. Ontem, durante a gravação do programa "Altas Horas", do intragável apresentador Serginho Groisman, na Globo, uma pessoa da platéia perguntou ao jogador:

- Sexo antes dos jogos faz bem ou prejudica o desempenho do atleta?

E o Gordômeno respondeu, de forma inacreditável:

- Não é bom se cansar. Na dúvida, melhor ser passivo.

Alguém falou em "bambi" por aí?

"Mesmo estilo não impede de jogar junto"

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Finalmente, comprei um par de pilhas e consegui ouvir uma partida do meu time pela rádio Jovem Pan. O adversário era tão fraco que quase emprestei o título de um texto do Glauco e escrevi "São Paulo empurra bêbado ladeira abaixo". Porém, como considero uma maldade fazer uma coisa dessas com qualquer pessoa, não só com os embriagados, resolvi destacar uma frase do técnico Muricy Ramalho logo após a goleada por 5 a 0 sobre o Mirassol, ontem à noite, no Morumbi. "Todo jogador bom tem lugar no time, mesmo se os dois têm a mesma característica", disse o treinador, em coletiva, referindo-se ao sucesso da dupla de ataque Borges e Washington (foto), que, teoricamente, têm o mesmo estilo e atuam mais próximos à grande área - e, por isso, não poderiam atuar juntos. Essa é uma questão que causou muita polêmica na Copa de 1970, quando diziam que Pelé e Tostão não poderiam ser titulares ao mesmo tempo, por terem o mesmo estilo e posicionamento - o que provou ser uma grande besteira. Ontem, Borges e Washington foram responsáveis por quatro dos cinco gols (o segundo fez três). Uma das apostas de Muricy, antes de efetivar a dupla atual, foi a manutenção de Dagoberto como titular, no lugar de Borges, caindo pelas pontas e jogando mais fora da área. No entanto, essa dupla com Washington, que fez sucesso no Atlético-PR, foi um fiasco logo na primeira tentativa: derrota por 2 a 0 para o Santo André, em pleno Morumbi.

Teimoso, Muricy resolveu rever seus conceitos. "A diferença é que no ano passado nós tínhamos apenas um pra botar a bola pra dentro, o Borges. Agora temos dois", comentou o técnico, após a vitória contra o Mirassol. "Mas, com essa dupla de atacantes parecidos, somos obrigados a fazer reajustes. No meio de campo, Hernanes e Jorge Wagner têm de encostar mais na frente e entrar com frequência na grande área, pois Borges e Washington não recuam tanto quanto Dagoberto. Pedi para eles fazerem isso no intervalo e, no início da segunda etapa, Jorge Wagner marcou de cabeça", completou Muricy. Para um time que vinha de duas derrotas, para o Santos e o Mogi Mirim, a goleada foi providencial para injetar ânimo (afinal, vai até o Uruguai encarar o Defensor, no meio da semana, pela Libertadores). Mas é bom ressaltar que, além da fragilidade, o Mirassol ainda teve um jogador expulso. De positivo, ficou a boa atuação de Júnior César na lateral esquerda, liberando Jorge Wagner - o nome do jogo - para o meio. O time começa a ganhar uma "cara" mais interessante. Resta saber o que esperar dessa temporada.

quinta-feira, março 12, 2009

Vá confiar em estagiário de jornalismo...

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É aquilo: o cara tem 18 anos, acabou de entrar numa faculdade que você nunca ouviu falar e tem no currículo duas notinhas no jornal mural da escola e um blogue sobre videogames. Só que você conheceu o cabra durante uma bebedeira num buteco podre, ele gosta de manguaçar, falar de futebol, torce pro teu time e parece ser gente boa. Pra completar, aceita ganhar R$ 200 por mês, sem carteira assinada, sem benefício algum e com um caminhão de serviço diário. Beleza, era isso mesmo o que você queria. Chegando na redação, você orienta, didaticamente: "Só precisa ler, editar e requentar o material das agências e mandar bala. Toma cuidado com as siglas, se não estiver por extenso, escreva. E publique o quanto antes no site, pra notícia não esfriar. Depois eu olho". Você ouve um sonoro "Pódexá, amizade!". E mais tarde, ao conferir o serviço, se depara com uma coisa dessas:

Dunga convoca Miranda e Kleber para jogos contra Equador e Peru

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O técnico da Seleção Brasileira e ídolo dos contos de fada Dunga anunciou hoje a convocação do time que enfrentará Equador e Peru pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2010. As novidades são os retornos do zagueiro sãopaulino Miranda e do ex-desafeto santista Kleber “chicletinho”, hoje no Internacional. Veja os nomes:

Goleiros:
Doni (Roma-ITA) e Júlio César (Inter-ITA)

Laterais:
Daniel Alves (Barcelona-ESP), Maicon (Inter-ITA), Kléber (Inter) e Marcelo (Real Madrid-ESP)

Zagueiros:
Lúcio (Bayern-ALE), Luisão (Benfica-POR), Miranda (São Paulo) e Thiago Silva (Milan-ITA)

Volantes:
Anderson (M.United-ING), Felipe Melo (Fiorentina-ITA), Gilberto Silva (Panathinaikos-GRE) e Josué (Wolfsburg-ALE)

Meias:
Elano (M.City-ING), Júlio Baptista (Roma-ITA), Kaká (Milan-ITA) e Ronaldinho (Milan-ITA)

Atacantes:
Alexandre Pato (Milan-ITA), Adriano (Inter-ITA), Luís Fabiano (Sevilla-ESP) e Robinho (M.City-ING)

Agora, uma ponderação. Como qualquer um, adoro cornetar o Dunga. Mas tirando as tradicionais duas ou três idéias fixas (sorte de Doni e Gilberto Silva), a lista é bastante razoável. O que você mudaria?

A Globo ama o Ronaldo

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Dizem por aí que a imprensa é corintiana. Eu sempre achei que isso só procede no quesito "excesso de pautas", porque acham que tudo o que tem a ver com o Corinthians vende. Então inventam crises que não existem, geram e ampliam outras crises, programam jogos que talvez não merecessem ir à TV. Mas minha impressão de torcedor é que gostam mais de falar mal do que bem do Timão. Ao contrário do que acontece com o São Paulo, de quem a mídia gosta de falar bem.

A chegada de Ronaldo inaugura uma nova fase, como já apontaram aqui no Futepoca e muita gente internet afora. Começou por um inusitado e insistente interesse pelo banco de reservas e – inovação – a narração esportiva do que acontece no banco. "Ronaldo sorri", "Ronaldo reclama, não concordou com a marcação do juiz", "Ronaldo está muito atento no jogo" e todas essas coisas que o Brasil tanto quer saber.

Agora que ele entrou em campo... O "carinho" que a Globo dedica ao Ronaldo é todo especial. Ontem, Palmeiras e Ituano na telinha, empate que ficou barato aos reservas do Palestra, Ronaldo se infiltrava na transmissão a cada 5 minutos e a fala do Cleber Machado se enchia de afeto. "Olha só esse lance do Ronaldo", "Ele parece que está bem, será que ele fica 60 minutos?".

Ainda no primeiro tempo, Ronaldo perdeu um gol na cara, fez até aquela careta, puxando os cantos da boca e mostrando a dentadura, como quem diz "olha a merda que eu fiz". Cleber, de sua tribuna, não foi tão duro como queria o atacante: "É, essa aí, olha, dá até pra dizer que ele perdeu". Mas o carinho pelo craque é tamanho, mas tamanho, que começa a contaminar a relação com o clube como um todo. Em seguida, numa sequência de boas defesas do Felipe, o narrador nem se abalou: "Olha só, deram algum trabalho ao goleiro Felipe" – parecia que nada podia de fato ameaçar o Corinthians, afinal, tem em sua linha o ungido, o abençoado, ou ainda o "guerreiro", como querem alguns.

Mas Felipe alterna grandes defesas com grandes falhas, e o São Caetano chegou ao gol numa saída um tanto quanto bizonha do arqueiro. Na narração, o São Caetano chegou "neutramente" ao gol numa bola cruzada. Mas quem se interessa? O que importa é o drible que o Ronaldo vai dar daqui a pouco, e os muitos gols que ele vai fazer nessa goleada certa. Ou então, se esse bravo guerreiro vai suportar ficar ali no jogo, se vai atuar por 60, 70, 73, 87, ou 90 minutos. A cada momento, queremos muito saber se o Ronaldo demonstra cansaço, se aparenta sentir-se bem, se está feliz, se não tem nada doendo...

Agora, pra pôr o link aí embaixo, que eu tirei do Globo.com, não são os melhores momentos do jogo, mas o gol e outros lances do Ronaldo.



Se ao contratar o Fenômeno, Andrés Sanches pensou no marketing, acertou. O Corinthians é agora notícia no mundo, pelos pés do atacante.

E acertou também pelo futebol, porque o cara é craque mesmo. Enquanto durar o joelho, vai fazer muitos gols para orgulhar a Fiel Torcida.

E pra Globo já é um dos maiores eventos da história do Corinthians. There's only one Ronaldo!

Corinthians vence São Caetano pela primeira vez num Paulistão. Ronaldo marca o da virada

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O Corinthians venceu o São Caetano por 2 a 1, nesta quarta-feira no Pacaembu. Cerca de 32 mil pessoas foram ver o primeiro jogo de Ronaldo no estádio que é considerado a casa do Corinthians e o atacante não decepcionou: deixou o seu e garantiu a vitória de virada do Timão sobre sua asa negra, a primeira válida por um campeonato Paulista. O outro tento alvinegro foi um golaço de André Santos de fora da área, lembrando que o Corinthians tem outras armas além do Fenômeno.

O jogo começou aberto, com o Corinthians tentando fazer valer o mando de campo e o São Caetano, a alcunha de asa negra. O Azulão abriu o placar aos 21 minutos, em saída esquisita de Felipe do gol. O goleiro já é alvo de críticas pesadas da torcida – ou pelo menos de blogueiros corintianos, como o nosso parceiro Ricardo do Retrospecto Corintiano, que disse que André Santos e Ronaldo ipediram "que o time perdesse mais pontos por causa do entreguismo do goleiro demo-tucano que habita a meta corintiana".

Pouco depois, aos 35 min, André Santos diminuiu num belo chute de fora da área. O lateral parece estar deixando a máscara que vestiu no começo desse ano um pouco de lado e está jogando bem novamente.

No segundo tempo, Mano Menezes tirou Boquita (que jogava no lugar de Morais, contundido) e colocou Dentinho, deixando o time com três atacantes. A mudança prendeu mais o São Caetano em sua defesa e o Corinthians começou a pressionar. Logo aos 5 minutos, Dentinho cruzou na área, Jorge Henrique deixou passar e Ronaldo, de primeira, colocou no canto do goleiro Luiz.

O time

O Corinthians está ganhando mais cara de time a cada jogo. André Santos está voltando a se apresentar bem e Fabinho está melhorando em sua improvisada função de lateral-direito. Duas peças ainda não se acertaram muito bem. Douglas melhorou, chamou mais o jogo, mas ainda está meio fora de foco.

O outro problema é Jorge Henrique, muito improdutivo. Cisca, cisca, e cai pra tentar arranjar uma falta. Deveria perder a posição para Dentinho, que tem mais estilo de atacante e ajuda a desequilibrar uma defesa com seus dribles. Será interessante vê-lo mais tempo ao lado de Ronaldo. A inteligência do centroavante pode fazer bem ao garoto e ao time, com tabelas inteligentes no ataque.

Uma terceira opção é jogar com três atacantes, esquema que tem rendido bem no segundo-tempo – e, em geral, saindo atrás no placar. Jorge Henrique e Dentinho trocam bastante de posição e confundem a defesa. A movimentação dos dois e de Ronaldo dá mais opções para os bons passes de Douglas e abrem mais espaço para as infiltrações de Elias e André Santos. A saber o que se passa na cabeça de Mano Menezes.

O Cara

Ronaldo mostrou mais uma vez que é o cara. Jogou quase o jogo todo, teve duas chances claras de gol e guardou uma, além de mais algumas boas jogadas. São dois gols em três jogos, com pouco mais de 130 minutos em campo. É um bom começo, sem dúvida.

Mano Menezes acena com a possibilidade de poupar o craque do jogo contra o Santo André, no domingo. Não entendo nada dessas coisas de recuperação física, mas confesso que queria que o cara jogasse, até porque pretendo ir ao glorioso Bruno Daniel, ali na Grande Mauá. Mas considerando que depois do Ramalhão vem o Santos, a prioridade é que o Gordo jogue dia 22. Seja agora ou no próximo domingo, espero ver logo a dupla Dentinho e Dentão em ação por um período maior. Vai dar samba.