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O Santos prometeu anunciar seu novo técnico, em primeira mão, pelo
Twitter oficial do clube. De fato, o anúncio veio pelo microblog, mas o time foi “furado”, não apenas pela imprensa. O próprio Vanderlei Luxemburgo disse no
seu Twitter que era o novo comandante santista, antes do clube fazê-lo.
O fato pode parecer insignificante, mas é simbólico: Luxa chega já estragando uma novidade do marketing alvinegro. O “gênio” atropelar decisões e diretrizes tomadas pelo clube que ele abandonou por três vezes para trabalhar no Corinthians, Real Madri e Palmeiras, respectivamente, sempre foi algo corriqueiro, principalmente em suas passagens com Marcelo Teixeira na presidência. Afinal,o proprietário do Santos Futebol Clube, vulgo chácara Santa Cecília, deixa o amigão sempre à vontade para passear pela propriedade, abrir a geladeira e pegar sua cerveja e dar ordens nos seus empregados. Nada indica que isso vá mudar.
Pra quem falou tanto em contratar o melhor técnico do Brasil, campeão brasileiro nos últimos três anos, e fechou com um treinador caro e que não tinha mercado em nenhum outro clube do Brasil (talvez somente no Fluminense, que tem dinheiro de patrocinador e diretoria igualmente incapaz como a do Santos). A impressão que dá é que Luxemburgo era a escolha feita desde antes da queda de Mancini e esse lenga-lenga de Muricy era tão-somente para ludibriar o pobre torcedor, enquanto se tramava e se acertava o retorno do técnico rejeitado pelo Palmeiras.
Mas há também outra questão, levantada pelo
Alex em seu blog: o acerto com Muricy teria pegado porque ele havia exigido uma “limpa” no clube. Muricy não queria trabalhar, por exemplo, com o irregular goleiro Fábio Costa, conhecido desagregador destemperado. Para quem não lembra, no São Paulo o treinador também teve dificuldades para lidar com Rogério Ceni, chegando depois a uma “coexistência pacífica”. Com o santista, o relacionamento prometia ser pior, até porque o arqueiro é um dos principais responsáveis pelo clima ruim no elenco, tendo brigado com jogadores e até com seu chapa preparador de goleiros.
Contudo, Fábio Costa é amigo do dono da chácara. Ele, assim como o técnico que volta agora, já deixou o Santos e enquanto esteve fora menosprezou o clube com comentários pra lá de desrespeitosos. Mas há sempre perdão para os amigos. Eles podem voltar, arranjar confusão, ficar acima do peso, atuar mal e com duas batidinhas no peito depois de uma defesa difícil os torcedores se derretem e o dono da chácara se emociona com tanta prova de amor. Prova de amor próprio, não ao Santos, já que o “apaixonado” é
incapaz de vibrar com gols de “seu” (em mais de um sentido) time quando está de fora. E dirigentes e torcedores se portam como uma típica “mulher de malandro”,correspondendo ao aceno do “ídolo”. Quanta carência...
E é assim que o dono do Santos e seus asseclas se reencontram. Podem, quem sabe, trazer alguma alegria para o torcedor? Claro, até pelo baixo nível da concorrência e pela carência do santista que, depois de flertar com o rebaixamento em 2008, vai ficar feliz com qualquer desempenho meia-boca que lhe for apresentado. “Chegamos em quinto lugar, como previsto no nosso planejamento”, bradará ao fim do ano o “gênio”. Mas a que preço virá um título paulista ou uma classificação na Libertadores? Já esquecemos das passagens recentes de Luxemburgo? Será que algum título de Dualib compensou o rebaixamento do Corinthians? Precisaremos chegar lá para acordar?
Espero estar menos ácido das próximas vezes, mas hoje sinto um desgosto profundo de torcer para o Santos, que não é meu nem dos torcedores com os quais me irmano em nome do manto sagrado. Ainda que muitos não percebam, tomaram o Santos de nós.