Não sou contra os estaduais, mas o Paulistão, definitivamente (e há muito tempo, aliás), deve ser total e completamente reformulado. Não que o Campeonato Carioca, por exemplo, seja modelo de alguma coisa - até porque, tirando os quatro grandes clubes daquele Estado, resta pouca coisa, enquanto aqui temos Ponte Preta, Botafogo e Mogi Mirim para embolar os primeiros lugares da tabela. Mas vejam a diferença: no mesmo fim de semana em que Santos e Corinthians fizeram um dos piores confrontos da História dos dois times, as semifinais do 1º turno do estadual do Rio proporcionaram aos torcedores dois jogaços, o movimentado Vasco 3 x 2 Fluminense, no sábado, e o eletrizante Botafogo 2 x 0 Flamengo, no domingo. Uma semana depois, a mesma coisa: enquanto São Paulo e Palmeiras repetiram o modorrento zero a zero de seus principais rivais, o Botafogo fez uma ótima partida contra o Vasco, pela decisão da Taça Guanabara, e venceu com um gol no final do segundo tempo, obrigando o rival a pressionar - e os torcedores a prenderem a respiração - até o apito final do juiz, literalmente.
O resultado disso? Aqui, o público some. Santos x Corinthians atraíram 17 mil torcedores e São Paulo x Palmeiras, 18 mil. Enquanto isso, no Rio, 39 mil acompanharam a final da Taça Guanabara - e, ainda que apenas 22,7 mil tenham pago para isso, esse número também é maior do que o dos clássicos paulistas. Bom, não adianta chorar o Estadual derramado - ou demorado. É nítido que Corinthians, Palmeiras e São Paulo estão muito mais interessados na Libertadores, o que só ocorre com o Fluminense no Rio. Mas isso não é desculpa. A Federação Paulista de Futebol faz com que os grandes daqui enfrentem o Estadual como um fardo, um incômodo, um obstáculo indesejável. Se pelo menos a fase de grupos fosse menor, passando para uma fase mata-mata tipo "melhor de três", a partir das oitavas-de-final, tenho certeza que veríamos jogos menos entediantes do que os dessa 1ª fase, que, a cada ano, aborrece mais. São Paulo e Palmeiras até tentaram mostrar algum serviço no segundo tempo, mas ficou nítida aquela postura, na cara dos atletas, de "Ah, isso não vale nada, mesmo...". Clássico com placar em branco é a cara do Paulistão. "Divirtam-se":
Ps.1: Totalmente justa a expulsão do Lúcio. Como disse o Glauco, ele está jogando só com o nome.
Ps.2: Totalmente injusta a reclamação de Ganso, ao ser substituído. Não está jogando nada. Nada.
Ps.3: Rodrigo Caio foi o melhor em campo, pelo São Paulo. Luís Fabiano perdeu gol feito e sumiu.
Alguns dos vídeos que você viu durante a semana, mas não lembrou de compartilhar...
O coreógrafo Chico Lang
Na onda do Harlem
Shake, o pessoal do TV Gazeta Esporte resolveu também fazer
o seu vídeo. O detalhe é que o comentarista Chico Lang está entre
os participantes e inventa praticamente uma versão mista inspirada
em Genival
Lacerda, na qual o ritmo não conversa com a dança. O jornalista
praticamente nos transporta para um baile de carnaval com sua
coreografia com os dedos levantados. Só que não.
Cantores da Vila
O Santos ostenta, com
sua Santos TV, o canal de clube de futebol no YouTube com maior
número de acessos no mundo. Certamente não são apenas as cenas de
bastidores de partidas ou os lances de Neymar que chamam a atenção,
mas também vídeos temáticos nos quais atletas e o técnico
costumam “se divertir” (ou pagar micos, conforme a versão). No
vídeo abaixo, produzido para o Dia Internacional da Mulher, além de
recorrer a esteriótipos comuns à data, atletas cantam a (coloque
seu adjetivo) canção de Roberto Carlos “Esse cara sou eu”.
Destaque para o diálogo entre certas partes da letra e a edição de
imagens e, sobretudo, para o zagueiro Durval, um gênio na arte.
Contusão mais que doída
A cena abaixo é forte,
mas jornalisticamente falando seria bom alguns comentaristas e
árbitros verem para saber o quanto um carrinho pode ser danoso ao
atleta em um jogo de futebol. Em partida disputada na semana passada
entre o Saint-Etienne e o Nice, o meia Valetine Eysseric fraturou a
tíbia e a fíbula de Jerémy Clément em uma dessas jogadas
grotescas. A comissão disciplinar do Campeonato Francês suspendeu
por onze partidas o meia do Nice. E tem gente que ainda critica
quando um atleta salta para fugir desse tipo de falta...
Dodô ainda brilha
Esse vídeo saiu
primeiro no Impedimento,
mas quem não viu, vale ver. O “artilheiro dos gols bonitos”,
Dodô, fez seu primeiro pelo Grêmio Osasco, time no qual também
está Viola – que ainda não estreou – e que é presidido por
Vampeta. Hoje, ele evitou a derrota da sua
equipe na Série A-2 do Paulista ao marcar o tento de empate
contra o Monte Azul, 2 a 2. O time segue na terceira colocação,
atrás do líder Audax e da Portuguesa de Desportos.
De Muricy Ramalho, ontem, em entrevista coletiva, ao dissertar sobre para qual time ele preferia que Neymar fosse, caso o atleta saísse do Santos:
Ivan Storti / Santosfc.com.br
"A gente torce por isso. Nós aqui no Santos, pelo menos. Pelo incrível
que pareça, nós ficamos fãs deles depois da derrota no Mundial. De como o
time joga e é administrado. Temos livros e tudo mais. Onde ele vai
jogar eu não sei, mas espero que seja lá porque é um futebol parecido com ele, um futebol técnico, um futebol que não privilegia tanto a parte
tática. Mas, volto a dizer, quem vai decidir isso é quem toma conta da
carreira dele.”
É isso, amigos. Para um dos treinadores mais reconhecidos e bem remunerados do Brasil, no Barcelona, não se privilegia muito "a parte tática". Ou ele se expressou muito, mas muito mal, ou por aí é possível perceber (mais) uma das razões do baile que o Santos tomou no Japão e também porque nas bandas de cá tem se praticado um futebol tão previsível.
O Galo terminou o primeiro turno da Libertadores com 9 pontos em 9 jogados. Não é uma campanha perfeita por uns gols bobos tomados e porque o time ainda tem muito a evoluir para pensar em ganhar alguma coisa este ano. O jogo de ontem contra o Strongest foi sofrido, com o primeiro tempo terminando com apenas uma chance claríssima de gol para o Galo, num passe perfeito de costas de Ronaldinho para Jô, que o goleiro defendeu .
Os bolivianos também poderiam ter marcado em contra-ataque, mas a qualidade de conclusão de seus atacantes é bem inferior. Embora o time seja bem armado e marque muito. Galo e São Paulo vão sofrer na altitude de 3.660 metros de La Paz. Empate não seria mau resultado lá.
Já no segundo tempo o Galo teve mais espaço e jogou melhor, Bernard, mesmo mal na partida por ter perdido 3 kg na semana por conta de uma amigdalite, concluiu bem, tirou do goleiro e a bola bateu na trave. Tardelli fez gol anulado pela marcação de um impedimento discutível, e, para variar, Ronaldinho decidiu. Cruzou para Jô marcar e deu passe perfeito (olhando para o outro lado) para Marcos Rocha sofrer pênalti. Na hora de bater, mesmo tendo perdido as três últimas cobranças, pegou a bola e fez o gol. Comprovando o que dissera durante a semana, que sua confiança estava em 1000%.
E essa é a diferença do Galo para times como o São Paulo, tem bons jogadores como Marcos Rocha, Bernard, Tardelli e Jô, mas na hora que a coisa aperta Ronaldinho resolve, principalmente com passes e assistências. Foi assim nas três partidas da Libertadores até agora. No segundo turno será mais difícil, pois os times já viram como o Atlético joga, mas a classificação deve acontecer sem grandes sobressaltos. Se possível com a melhor campanha para pegar um adversário teoricamente mais fraco nas oitavas de final.
Brasileiros favoritos, argentinos naufragam – Um dos dados mais impressionantes desta primeira fase da Libertadores é a baixa performance dos times argentinos. Dos cinco que disputam, hoje apenas o Vélez Sarsfield se classificaria, com o primeiro lugar no grupo 5, com 6 pontos, mesmo número que Peñarol e Emelec. Se terminasse agora, seriam 5 dos 6 brasileiros classificados e apenas 1 dos 5 argentinos nas oitavas-de-final. O brasileiro fora seria o Palmeiras, que está em terceiro no grupo 2, com apenas 3 pontos em 3 jogos. Ainda é possível que argentinos e o time alviverde reajam, mas essa não é a lógica...
A canção popular reflete e respalda valores sociais de todas as naturezas. Assim acontece com questões de gênero. Em tempos de MC Katra, de sertanejos universitários que, se te pegam, ai, delícia, é curioso fazer um mergulho histórico na música brasileira e encontrar peças de um sexismo medieval estampado em cores vivas.
Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, um ano depois da polêmica sobre a lei antibaixaria na Bahia que pretendia proibir exibições públicas custeadas com dinheiro público que incluam músicas machistas, separamos algumas das acusadas, com ou sem razão, de propalarem ideias machistas.
Machismos escondidos em cenas de ciúmes e arroubos de possessividade masculina ficaram para outro post. Nas selecionadas, seja por retratar, seja por difundir esse tipo de concepção (em geral, o ouvinte é quem "decide" em qual das hipóteses enquadrar), elas são clássicas. Mas talvez não possam ser executadas em qualquer show na terra de Jacques Wagner e ACM Neto...
Gol anulado
"Gol Anulado", de João Bosco e Aldir Blanc começa com uma cena que, hoje, poderia ser enquadrada na Lei Maria da Penha. "Quando você gritou 'Mengo', no segundo gol do Zico tirei sem pensar o cinto e bati até cansar". A confissão sem remorso da agressão é seguida de uma explicação que, longe de querer excusar a violência, só tenta explicar as razões para tanta decepção. "Dois anos vivendo juntos, e sempre disse contente: 'Minha preta é uma rainha, porque não tem o batente. Se garante na cozinha e ainda é Vasco doente'". Além de não poder trabalhar, a mulher teria de se anular até na preferência clubística... Cantada por Elis Regina a história soa toda outra. Mas a cena de violência é a mesma.
Na subida do morro
Agressão também é descrita, em condição ainda mais inusitada, em "Na subida do morro", de Moreira da Silva. Nesse percurso, "me contaram que você bateu na minha nega, e isto não é direito: bater em uma mulher que não é sua". Strito sensu, se agredir uma mulher é crime, bater em uma "mulher que não é sua" certo não é. Mas a composição faz graça ao deixar no ar que tapas e sopapos na própria senhora seriam outro departamento. O malandro admite uma biografia cheia de malícia, sai para tirar a satisfação com o "amigo" que "deixou a nega quase nua". Por tudo isso, fica na lista.
Ai Que Saudades da Amélia
No Dicionário Aurélio, Amélia se tornou sinônimo de "mulher que aceita toda sorte de privações e vexames sem reclamar, por amor a seu homem". No Houaiss, "mulher amorosa, passiva e serviçal".
Considerando-se que "Adeus Amélia" é nome de bloco de pré-carnaval em São Paulo, está claro que "Ai Que Saudades da Amélia", de Mário Lago e Ataulfo Alves, não poderia figurar fora desta lista. Aquela que não tinha a menor vaidade, que passava fome ao meu lado e achava bonito não ter o que comer; que, ao contrário da atual parceira e interlocutora, não tinha saltada a veia consumista nem cobrava mundos e fundos do pobre rapaz...
A questão poderia dar-se por consagrada por maioria de votos, mas segundo uma singela e curiosa nota de 2001, a homenageada era Amélia dos Santos Ferreira, lavadeira de Almeidinha, irmão de Araci de Almeida. Consta que tinha dotes de cozinheira, arrumadeira e outras que tais, tudo sem achar ruim, e ganhando pouco. "Na brincadeira na roda de amigos do Café Ópera, no centro do Rio, vaticinou-se: tão perfeita, não poderia ser de verdade", segundo outra nota. Da empregada ultraexplorada para a desfeita com a namorada (ou esposa) foi liberalidade dos compositores.
Anos depois, Mario Lago disse que "todos nós somos Amélia ou Amélio", especialmente "quando se está apaixonado, sendo homem ou mulher, se aceita tudo, não se faz exigência". Mas a fama foi toda para a conta do machismo.
Emília
De Wilson Batista e Haroldo Lobo, "Emília" é muito mais subserviente do que Amélia, mas passou ao largo de virar adjetivo no dicionário. Sem poder viver sem a moça que lhe preparava café todo dia e era prendada nos afazeres do lar, escapava a informação de que ela já não estava mais lá, porque a letra diz que sem Emília "já não posso mais".
Mas, ao pedirem, em 1940, a Papai do Céu "uma mulher que saiba lavar e cozinhar, que de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar", talvez não imaginassem que ganhariam resposta, bem menos popular e conhecida. "Loucas pela boemia", de Bide e Marçal, do ano seguinte, saiu-se com "Emília diz que não é mais a mesma" e que "Emília enlouqueceu", porque "diz que vai viver sambando" e "saiu gritando: quem não pode mais sou eu".
Mulheres de Atenas
Provavelmente a mais injustamente acusada de machismo é um líbelo feminista. De Chico Buarque, o rei do eu-lírico feminino, e Augusto Boal - criador do Teatro do Oprimido -, Mulheres de Atenas data de 1976, como trilha sonora de peça homônima para o teatro. Consta que o próprio Chico Buarque, em uma entrevista à TV Cultura, teve de explicar a ironia: "Eu disse: mirem-se no exemplo daquelas mulheres que vocês vão ver o que vai dar. A coisa é exatamente ao contrário". (Venhamos e convenhamos que a camisa florida e aberta da gravação de 1976, abaixo, não ajuda a demover a ideia...)
Com açúcar, com afeto
Já que Chico Buarque foi para o alvo, outra acusada com frequência é "Com açúcar, com afeto", composta a pedido de Nara Leão. Segundo o compositor, a intérprete pediu uma "música sobre uma mulher daquelas, daquelas que esperam". Recebeu nos conformes. Uma das cenas descritas até coincide com a canção listada anteriormente. O mau-caráter enrola a esposa dizendo que tem que trabalhar duro, para no bar, canta samba, passa a tarde olhando rabos de saia, fala de futebol e chega em casa naquele estado:
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança Pra chorar o meu perdão, qual o quê! Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida Pra agradar meu coraçãoE ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratadoAinda quis me aborrecer? Qual o quê!
Mulher e amor de malandro
Há diferentes composições com esse título. Na de 1932, de Heitor dos Prazeres, a "Mulher de malandro sabe ser carinhosa de verdade", porque "quando mais apanha, a ele tem amizade". É fato, admite a composição, que "ela briga com o malandro" e, "enraivecida, manda ele andar". Mas logo "ela sente saudade e vai procurar", porque "sempre apanhando e se lastimando, perto do malandro, (ela) se sente bem".
Por outro lado, gravado em 1980, a "Mulher de Malandro" de Geraldo Filme, mostra um pedido do trabalhador negro que, sem emprego e temendo o fiscal da prefeitura, desiste; decide ir embora. E pede à parceira que aguente, porque "mulher de malando não chora".
De outro monstro do samba, Ismael Silva, em coautoria com Francisco Alves e Freire Júnior, "Amor Malandro" estampa logo: "Se ele te bate é porque gosta de ti, pois bater em quem não se gosta eu nunca vi".
Só o Galo salva! A vitória do Atlético-MG por 2 a 1 contra o boliviano The Strongest, ontem, deu um breve respiro ao moribundo time do São Paulo, que, depois de empatar em casa por 1 a 1 com o medíocre Arsenal, da Argentina, já via a Libertadores deste ano ir para o caixão. Resta agora, ao limitado Tricolor paulista, tentar milagres em jogos no exterior e, principalmente, torcer para que o clube mineiro continue com 100% de aproveitamento na competição. Caso contrário, já era...
Assim como a sofrida e mesmo acidental vitória contra o The Strongest no Morumbi, o São Paulo "suou sangue" para arrancar um mísero empate no Pacaembu, ontem, contra o pior time do grupo (o Arsenal já havia sido derrotado pelo The Strongest e goleado pelo Atlético-MG em plena Argentina). Isso prova que o time do técnico Ney Franco ainda está longe de um nível que possibilite competir com os grandes. As derrotas para Santos (no Paulista) e Galo (na Libertadores) dizem tudo.
O maior problema continua sendo os laterais. Cortez até que é esforçado, mas se perde muito no esquema com dois pontas avançados. E Douglas é péssimo, terrível, inoperante. Com isso, a bomba estoura nos volantes e, principalmente, na zaga. Quanta diferença para o Atlético-MG, que conta com o - excelente - lateral-direito Marcos Rocha! Sem laterais marcadores, que fiquem mais fixos ajudando os zagueiros, e liberando os volantes para apoiarem os meias, nada funciona.
Eu acho que o São Paulo ainda não tem um time capaz de vencer um título como o da Libertadores. Portanto, se não cair agora, vai cair lá na frente. Mas, para o bem do elenco e do trabalho de Ney Franco, que é bom e merece reconhecimento e paciência, o time não pode cair na fase de grupos - porque aí ninguém segura, é crise na certa. E o lunático do Juvenal Juvêncio pode querer inventar outro Carpegiani, Adílson Batista ou Leão... Enfim, o jeito é rezar e torcer muito. Para o Galo.
Ps.1: O Luís Fabiano não fez gol e foi expulso. Mas, afinal, qual é a novidade nisso?!?!???
Ps.2: O Rogério Ceni culpou o juiz pela derrota e nunseiquelá nunseiquelá. Idem acima.
Ps.3: O São Paulo pareceu "imitar" o também tricolor Fluminense nas duas últimas rodadas da Libertadores: semana passada, o time do Rio venceu de virada o Huachipato, do Chile, por 2 a 1, enquanto o time do Morumbi também saiu perdendo e virou para o mesmo placar contra o The Strongest. Esta semana, o Fluminense saiu na frente do mesmo Huachipato mas acabou cedendo o empate dentro do Engenhão. E o São Paulo passou vexame igual no Pacaembu. Será que os dois clubes brasileiros terão destinos iguais na competição?
Quando o primeiro Fórum
Social Mundial, grande encontro de movimentos sociais e das esquerdas
em geral de todo o mundo, aconteceu em 2001, o que prevalecia era o
neoliberalismo e o pensamento único personificado pelo pensamento de
Francis Fukuyama, filósofo e economista quem em 1992 publicou o
livro O fim da história e o último homem, decretando a vitória do
neoliberalismo e o triunfo do capital e da tese do Estado mínimo.
Tempos difíceis, nos
quais esquerdistas eram chamados de “jurássicos” pelo presidente
brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Menem era o mandatário da
Argentina; Fujimori, o do Peru. Todos, mais tarde, julgados e
condenados, pela Justiça ou pelo povo de seus países. Apenas na
Venezuela um chefe de Estado destoava do resto do continente.
Essa introdução é só
para lembrar que as coisas precisam ser avaliadas em seu contexto.
Aquele era um país que até então tinha vivido sob governos que se
serviam da receita do petróleo para concentrar a renda, mas passava
àquela altura a ter outra direção. Hugo Chávez, eleito em 1998 e
reeleito três vezes, conseguiu dados sociais expressivos. No período
de seus governos, o desemprego caiu de 14,9% para 5,9%, e o índice
Gini, que mede a desigualdade social, em 1999 era de 0,46 e em 2012
chegou a 0,39. Conseguiu também praticamente erradicar o
analfabetismo, de acordo com a Unesco. Mesmo o candidato da oposição
em 2012, Henrique Caprilles, falou durante a campanha em manter as
conquistas sociais da Era Chávez. Nada pode ser mais sintomático do
legado chavista, ainda mais vindo de uma oposição que várias vezes
bateu abaixo da cintura do ex-presidente.
Como em 2002, quando
parte do empresariado, da classe política, e, principalmente, da
mídia venezuelana derrubaram Chávez por dois dias. Mas ele retornou
apoiado por parte da população, a mais pobre, que não admitiu
abrir mão dos avanços que havia obtido. Aqui no Brasil, vi um
jornalista “democrata” na televisão saudando o “golpe cívico”,
expressão usada para dizer que aquilo não era bem um golpe, quase uma revolução branca, do tipo burguesa, sabe? Nada
surpreendente tratando-se de um ex-membro do Comando de Caça aos
Comunistas. Mas estávamos no século 21...
Fora os avanços em
áreas sociais, o governo venezuelano também estimulou a
participação popular por meio de referendos e plebiscitos. O
próprio presidente submeteu seu mandato à avaliação popular e
chegou a perder duas votações, algo incomum para um “ditador”
como costuma(va)m chamá-lo alguns dos próceres da imprensa
brasileira.
E, voltando ao início,
impossível não enxergar a marca de Hugo Chávez na eleição de
todos aqueles presidentes de centro-esquerda e de esquerda que vieram
na América Latina depois dele, evidente principalmente em figuras
como Rafael Corrêa e Evo Morales. Mas ninguém pode definir melhor
Chávez do que Eduardo Galeano, no vídeo abaixo (provavelmente de 2004/2005 e que chegou por meio
do Twitter do Lino
Bocchinni), Confira a transcrição/tradução (mais ou menos
livre) em que o autor de As Veias Abertas da América Latina explica
Chávez.
O caso mais
escandaloso de manipulação da opinião pública mundial é o caso
da Venezuela. No grande teatro do bem e do mal há distribuição de
funções entre anjos e de demônios e Hugo Chávez é um dos
principais demônios. É um ditador, do ponto de vista da fábrica da
opinião pública mundial. Um estranho ditador, ganhou cinco eleições
em oito anos, e agora, recentemente, em um referendo, foi o primeiro
presidente da história da humanidade que pôs o seu cargo à
disposição do povo. E ganhou de 6 a 4, 60% a 40%, e em uma eleição
que assisti como observador e posso dar o testemunho de que foram
eleições transparentes, nas quais pela primeira vez se evitou que
os mortos votassem. Eles que na Venezuela tinham o mau hábito de
votar. E também se evitou que a mesma pessoa votasse várias
vezes... Por Mal de Parkinson, muitos colocavam os mesmos votos na
urna...
A Venezuela é um
país estranho em que ocorre isso e que, ao mesmo tempo, se assistem
denúncias sobre falta de liberdade de expressão. Vejo a televisão,
há um senhor que diz que não há liberdade de expressão; ligo o
rádio e uma voz clama “aqui não há liberdade de expressão”;
abro o jornal e há um título enorme que diz que na Venezuela não
há liberdade de expressão.
Um só meio de
comunicação foi fechado na Venezuela nos últimos cinco anos, o
canal 8 de televisão, mas não foi fechado por Chávez, e sim por
esses democratas que tomaram o poder por 48 horas e nessas 48 horas
fecharam tudo, a Assembleia Nacional, a Constituição... Estranha
ditadura e estranhos democratas.
Acredito que há aí
um divórcio exemplar entre a “realidade real” e a realidade
virtual que os meios mostram como a única possível. E qual a
explicação? Na Venezuela, havia cinco milhões de pessoas sem
direitos civis, porque não tinham documentos e os filhos não podiam
ir à escola porque não tinham certidão de nascimento. Porque em
pleno paraíso petroleiro, no que se chama a Venezuela saudita, havia
um milhão e meio de analfabetos que agora estão se alfabetizando e
isso explica a fúria dos grandes meios chamados de comunicação,
que não nos comunicam. E também explica o resultado desta eleição
e das anteriores porque há um povo que resume sua atitude
perfeitamente por meio de uma frase de um venezuelano pobre que foi
entrevistado recentemente, que é mais expressiva que qualquer
discurso: “Eu não quero que Chávez saia, porque não quero voltar
a ser invisível”.
Vai a lista de convocados de Felipão, com menos motivos pra eu reclamar do que a última. O excelente Diego Cavalieri ganha sua chance, bem como o bom volante Fernando, do Grêmio. São boas notícias, bem como a volta de Kaká e Dedé (momento infantilizado do post) e a manutenção de Jean ao lado de uma lista de volantes que sabem o que fazem com a bola. Boa também a chegada de Hernanes, pretendida pelo treinador já na pelada anterior.
Veremos também pela primeira vez os ofensivos laterais Daniel Alves e Marcelo juntos na Seleção – e sem nenhum volante limpa-trilho para proteger. Tá certo que no jogo que fez até aqui Felipão recuou o time e segurou mais os volantes, mas continua sendo uma experiência interessante – que eu preferia ver no estilo proposto por Mano Menezes.
A surpresa fica por conta de Diego Costa, seja ele quem for, atacante do Atlético de Madrid de quem eu nunca havia ouvido falar, dada minha ignorância sobre o futebol espanhol. Aparentemente, ele foi muito novo para a Europa e está indo muito bem nessa temporada. Quem souber mais, que conte outra, por favor.
Dessas de ir para a Europa, Felipão e Parreira deram declarações que vão aquecer os corações santistas. Segundo eles, não seria uma boa para o trabalho na Seleção se Neymar mudasse de endereço agora. Felipão disse que o importante é o moço jogar onde estiver feliz. Parreira, mais prolixo, disse que o período de adaptação profissional e pessoal tão perto da Copa poderia atrapalhar o jogador.
Cheguei
Vai a lista:
GOLEIROS
Julio Cesar - QPR (ING)
Diego Cavalieri - Fluminense
LATERAIS
Daniel Alves - Barcelona (ESP)
Marcelo - Real Madrid (ESP)
Filipe Luís - Atlético de Madri (ESP)
ZAGUEIROS
David Luiz - Chelsea (ING)
Dedé - Vasco
Dante - Bayern de Munique (ALE)
Thiago Silva - PSG (FRA)
VOLANTES
Paulinho - Corinthians
Ramires - Chelsea (ING)
Jean - Fluminense
Fernando - Grêmio
Luiz Gustavo - Bayern de Munique (ALE)
MEIAS
Kaká (foto) - Real Madrid (ESP)
Hernanes - Lazio (ITA)
Oscar - Chelsea (ING)
Lucas - PSG (FRA)
ATACANTES
Diego Costa (foto) - Atlético de Madri (ESP)
Neymar - Santos
Fred - Fluminense
Hulk - Zenit (RUS)
Misturando os princípios fundamentais defendidos por nosso blog, a diretoria do Santos adotou política contra a cachaça na publicidade aplicada ao futebol. Procurada pela fabricante da popular cachaça Pirassununga 51, que queria patrocinar o meia Pinga, o clube negou. A ação de marketing - muito apropriada, aliás - fixaria o número 51 como o da camisa do jogador. Iniciativas semelhantes, porém mais "sóbrias", já foram aceitas pelo clube: no clássico do último domingo contra o Corinthians, Edu Dracena jogou
com o número 21, por causa dos 21 anos da Corr Plastik, marca de tubos e conexões. E Neymar usou a 360, em
uma ação para divulgar a nova plataforma da CSU, empresa de máquinas de
cartão de crédito. Mas não julguemos a diretoria do Santos com olhares inquisidores neste caso Pinga/ 51: de acordo com Camila Mattoso, do site Lance!, "a Lei Brasileira não permite que os clubes façam propaganda de destilados em uniformes e estádios".
Enfim, o Cariocão começou! E já na “primeira rodada” o “Brocador” Hernane e o “Beijador” Fred deram adeus ao 1º turno. As semifinais foram, de fato, jogos muito bons, onde os favoritos perderam. No sábado, Vasco e Fluminense fizeram um duelo eletrizante, sobretudo no 2º tempo. O Vasco saiu na frente do marcador, o Fluminense virou e, em seguida, o Vasco “revirou”. No final, 3 x 2 para o time da colina. O jogo serviu para demonstrar o quão frágil é a defesa Tricolor. Os mesmos jogadores que, no Brasilerão do ano passado, sofreram apenas 33 gols em 38 partidas, este ano já levaram 15 em apenas 12 jogos. Lembro que, após o término do Nacional, quando não foi eleito para a seleção do campeonato, o Gum (não confundir com Ogum) disparou: "Para mim, fui o melhor da posição. Em jogos decisivos me comportei bem e fui importante. Se algumas pessoas votaram em outros jogadores, não posso fazer nada". Bem, agora sabemos por que ele não foi escolhido... Para os torcedores iniciados, bola na área do Flu é um “Ogum nos acuda”. Apesar do discurso contrário da comissão técnica e dos jogadores, o Flu está interessado mesmo é na Libertadores. De qualquer forma, há uma coincidência que carece de investigação: todas as vezes em que o Barcelona perde, o Fluminense também perde, e vice-versa...
"Altinho" do Vasco
O Vasco de Bernardo jogou acima da (sua) média e não sentou na vantagem do empate. Até porque, se tivesse sentado, o Carlos Alberto teria jogado seus 85 kg sobre seu mais novo “pupilo”. Mesmo tendo sido inferior ao adversário na maioria do tempo, encontrou a mina de ouro Tricolor e garantiu a vitória explorando esta jazida. Levantou bolas na área do Fluminense, o que é praticamente certeza de gol. A torcida certamente experimentou momentos nostálgicos após o gol do homônimo, porém “altinho”, Romário, que marcou em seu 1º lance na partida. Lembrou épocas nas quais o Vasco não era um azarão. A equipe enfrentará o Botafogo na final da Taça Guanabara, com a vantagem do empate. O alvinegro venceu por 2 x 0, na outra semifinal, o Flamengo - que, aliás, parece enfim ter voltado ao normal. O time jogou como um bando. Desorganizado taticamente, seus jogadores não repetiram as atuações dos últimos jogos. O “Brocador”, assim como nas últimas partidas, quase não apareceu, a não ser no lance em que perdeu o gol duas vezes na mesma jogada. Já Rafinha parece ter amarelado e sentido o peso de um jogo decisivo. Outro que nada fez foi o leiloeiro Carlos Eduardo, que recebe salário de estrela mesmo apresentando um futebol medíocre e ainda não tendo feito nada de relevante nos clubes pelos quais passou. E ainda usou a camisa 10 do Flamengo justo no dia do aniversário de 60 anos do maior ídolo do clube... Que Zico! Quer dizer, que Mico! (com M maiúsculo, mesmo!)
Felipe entregou o ouro ao Botafogo
O Botafogo mostrou logo com um minuto de jogo que desta vez não queria saber de "chororô". O limitado lateral esquerdo Julio Cesar fez boa jogada e marcou um bonito gol. A partir daí, marcou bem e passou a sair em contra-ataques perigosos, parando quase sempre nas mãos de Felipe - que entregou o ouro quando, no desespero, foi para a área alvinegra tentar um gol de cabeça nos acréscimos. Acabou sendo surpreendido pela rápida e precisa reposição de bola do goleiro Jéfferson, que armou o contra-ataque que originou o gol do ensaboado Vitinho, promessa botafoguense que entrou aos 29' do segundo para bagunçar ainda mais a já desorganizada defesa do Fla. O garoto não se intimidou e, antes de marcar, já havia perdido dois gols e deixado Léo Moura & Cia na saudade inúmeras vezes. Bom jogador, seria um excelente reserva para o Wellington Nem...
A final da Taça Guanabara será no próximo domingo. E o Vasco promete não perder a oportunidade de garantir mais um vice campeonato, mesmo se o Botafogo fizer força para repetir o "chororô". Antes, na quarta-feira, tem Libertadores. Mas só para quem fez o dever de casa no ano passado!
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.
Pois é. Assim como no episódio da cratera do metrô, em 2007, o governo estadual de São Paulo também se isentou de responsabilidade pelo deslizamento de terra na Rodovia dos Imigrantes, em 22 de fevereiro, que matou uma mulher e atingiu 23 veículos e uma carreta. Para reforçar, o governador Geraldo Alckmin anunciou que vai investigar a concessionária Ecovias. Mas vejam que curioso: em dezembro, dois meses antes do acidente, o governo tucano renovou a concessão da Ecovias por mais um ano e meio, em troca de algumas obras. O prazo da concessão terminaria em 2023 e vai se prolongar até 2025. A empresa já controla a Rodovia dos Imigrantes desde 1998, nos tempos do governo de Mário Covas, passando pelos também tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.
Em artigo publicado na coluna "Cidade S.A.", do site IG, Rubens de Almeida afirma que a Rodovia dos Imigrantes "enfrenta uma evidente crise de gestão, acompanhamento e prevenção de acidentes nas encostas da Serra do Mar". Sim, crise de gestão por parte da Ecovias, aquela na qual o governo do Estado confia para administrar a estrada há 15 anos, e confia tanto que prolongou o fim do contrato para daqui a mais 12. Governo do PSDB, aquele partido que gosta de arrotar sua "gestão eficiente". Mas um detalhe que a imprensa se esmera em desprezar - e que, óbvio, ninguém ressaltou após o deslizamento de fevereiro - é que a Rodovia dos Imigrantes, com apenas 58,54 km de extensão (segundo a Ecovias), possui o pedágio mais caro do Estado: R$ 21,20.
Considerando que cerca de 35 mil veículos passam pela rodovia diariamente, isso daria R$ 742 mil por dia, R$ 22,2 milhões por mês ou R$ 267,1 milhões por ano. Sim, existem dias de menor movimento, mas os diversos feriados durante o ano acabam engordando ainda mais essa conta. No Natal e no Carnaval, 400 mil veículos (chutanto baixo) descem da capital rumo ao litoral, o que daria faturamento de R$ 8,4 milhões em um só dia. Ou seja: se um governo concede negócio tão apetitoso a uma determinada empresa, e por tanto tempo, seria justo que fiscalizasse e cobrasse com rigor e frequência seus serviços de gestão, manutenção e prevenção de acidentes. E não DEPOIS que um acidente fatal tenha ocorrido. Pela Teoria do Domínio do Fato, a família da vítima fatal pode incriminar Alckmin.
Mais uma vez, para poupar os titulares, Ney Frnaco escalou o "Expressinho" contra o sofrível Penapolense, fora de casa, e obteve sucesso. O zagueiro Rhodolfo abriu o placar logo no início do jogo e Ademílson fechou o 2 a 0 na metade da segunda etapa. Cabe ressaltar, como no título do post, que a equipe do interior foi garfada dentro de sua própria casa pela arbitragem. No primeiro tempo, o (horroroso) zagueiro e dublê de lateral-direito João Filipe fez duas faltas importantes que não foram marcadas: uma foi pênalti e outra renderia o segundo cartão amarelo - o que deixaria o São Paulo com dez em campo. Fora isso, Maicon, que também já tinha cartão, empurrou um adversário e, no mesmo lance, usou a outra mão para mandar a bola na trave do Penapolense. O juiz só marcou impedimento. Para completar, na segunda etapa, o lateral-direito Lucas Farias cometeu outro pênalti. Para variar, não marcado.
Além de ser muito feio vencer dessa forma, essa ajuda da arbitragem desmonta o bla-bla-blá da imprensa esportiva sobre a eficiência dos reservas do São Paulo, pela invencibilidade de quatro jogos e coisa e tal. Conversa mole. A única apresentação convincente desse time foi contra o Corinthians, no fim do Brasileirão do ano passado. No mais, só pegou adversários fracos, como o Atlético de Sorocaba, Guarani e, ontem, o Penapolense. Mas, para não dizer que não houve destaques, aponto os volantes Maicon e Fabrício como possíveis alternativas para o time titular, no futuro próximo, bem como o lateral-direito Lucas Farias (que não pode ser pior que Paulo Miranda ou, principalmente, Douglas). Se Cortez continuar jogando mal, Carleto também se habilita a conquistar a lateral-esquerda. E Wallyson mostrou que, quando estiver recuperado, tem velocidade, inteligência e poder de finalização para disputar a lateral-direita. Quanto ao Ganso... Bem, deixa pra lá.
Percorrendo a Zona Leste de São Paulo de metrô, logo após o clássico entre Santos e Corinthians, vejo um rapaz com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, mas com o cabelo idêntico ao do Neymar. No banco ao lado, um menininho de uns 8 anos, com o mesmo penteado, cochila. Ao chegar na estação Pedro II, o rapaz acorda o menino:
- Levanta, Tévez!
(E depois o Neymar é que é chamado de "cai-cai"...)
Sem muito a acrescentar na análise do santista Glauco sobre o clássico deste domingo, abro com uma piada:
Era numa cidadezinha no interior de Minas, pros lados em que se faz cachaça da boa. O povo estava animado com a partida entre as seleções mineira e paulista, encontros que tinham boa fama naquelas priscas eras. Teriam lá um representante, o Nicodemo, lateral-esquerdo reserva do selecionado das Alterosas. Havia também uma preocupação: naquele tempo, numa cidade daquelas, rádio não havia. Bom, tinha um, na bodega do Armando, mas estava quebrado. Comunicação, só pelo telégrafo. Para não passar uma semana esperando, Dona Cotinha, mãe do Nicodemo, encheu o filho até ele concordar em correr logo depois do jogo para telegrafar o resultado.
O herói da cidade partiu uns dias antes para o jogo, sob aplausos. Chegado o dia da peleja, a tensão era enorme. Todo mundo fingiu o dia todo que trabalhou, mas ninguém resolveu nada. Com o jogo marcado para as quatro, lá pelas seis da tarde começaram as reclamações. "E o Nicodemo?" "Tá enrolando a gente!" e coisa e tal.
Levou mais umas duas horas pro cabra enviar a mensagem, curta e grossa como cabia ao meio da época:
"Joguemo. Não perdemo nem ganhemo: empatemo.
Ass.: Nicodemo"
Pois é
Renato Augusto deitou e rolou em cima de Galhardo
Meu pai conta melhor, admito. Mas o fato é que a mensagem caberia no jogo chato e esquecível deste domingo, fora dos padrões do confronto nos últimos anos. Além do que o Glauco falou, destaco umas coisinhas sobre o desempenho dos abençoados de São Jorge, que na hora do jogo devia estar lustrando a lança - no bom sentido, é claro.
Os atacantes e meias ficaram todos devendo, por óbvio, mas Renato Augusto jogou um primeiro tempo excelente. Aproveitou-se dos buracos deixados por Galhardo na lateral-direita santista e criou boas chances por ali. Na segunda etapa, Muricy trocou seu ex-flamenguista por Bruno Peres, o que pode ter a ver com a queda de produção do meia alvinegro. Pato também não resolveu e precisa se apresentar mais para o jogo. Mas sempre que apareceu, levou perigo, como na jogada em que deixou Paulinho na cara de Rafael, que saiu bem para impedir a finalização.
Gil esteve impecável na marcação. Ganhou todos os embates diretos de que me lembro, inclusive uns dois com o sempre perigoso mas hoje muito apagado (e deitado) Neymar. Vai se firmando e justificando a contratação. Outro que foi bem foi o garoto Igor na lateral-esquerda, sem deixar espaços e fazendo algumas boas tabelas em suas poucas descidas. A dupla de laterais de hoje deverá ganhar espaço no time ao longo da temporada - especialmente Edenilson, já que Alessandro até já andou falando em parar no fim do ano.
Jogo fraco, fraco...
Por mais que se diga que a marcação prevaleceu e numseiquelá,
numseiquelá, numseiquelá, a partida entre Santos e Corinthians no
Morumbi foi bem ruinzinha de ver, ainda mais (imagino eu) pra quem
não torcia pra nenhuma das duas equipes. O final de Flamengo e
Botafogo, transmitido pela Vênus Platinada, foi mais emocionante do
que os 90 minutos do clássico de São Paulo. Talvez isso faça com
que a Federação dominante hoje no futebol brasileiro reflita acerca
de seu campeonato. Bobagem, não vai mudar nada...
Bom, o Santos entrou
sem Renê Júnior, suspenso, e também sem Miralles, contundido. Já
os visitantes em sua cidade vieram sem os laterais Alessandro e Fábio
Santos, com Edenílson e Igor nos respectivos postos, com mais
obrigações defensivas do que ofensivas na maior parte da peleja.
Nos dez minutos
iniciais, só deu Santos, coisa rara em jogos do Timão, que costuma
pressionar os adversários no início. Algumas triangulações pela
canhota com Léo, Cícero e Arouca davam a impressão de que se
tratava de uma equipe portenha, tal qual o Boca nas priscas eras de
Bianchi, mas ilusão durou essa nona parte do jogo. Era o Alvinegro
Praiano desentrosado e dependente de jogadas individuais que tem
feito o peixeiro sofrer desde o segundo semestre de 2012.
Logo, o Corinthians
equilibrava as ações e o Peixe passava a postar nos passes longos,
nas bolas mal conduzidas por jogadores que têm como característica
justamente conduzir a bola. Arouca, Montillo, Neymar... Não, não dá
pra transpor um time que joga de forma compacta na intermediária,
como o Corinthians, assim, a não ser que um deles esteja inspirado.
Mas nenhum deles estava. Arouca, na fase regular de sempre; Neymar,
com atuação discreta como em todo o ano de 2013. Alguém vai
lembrar: “Ah, mas Neymar é o artilheiro da equipe no ano”.
Verdade, ele, como os filmes de Woody Allen, é bom até quando é
ruim. Mas hoje, como em outros jogos do Alvinegro no ano, foi só
ruim. Simulou uma penalidade e tomou cartão amarelo justamente,
tentou lances sozinho e não conseguiu ser diferente. Montilo é uma
desculpa para Muricy não ser crucificado em praça pública, já que
nenhum clube do Brasil (e de fora) desaprovaria a contratação do
argentino que vem jogando abaixo da crítica, não só do esperado.
Felipe Anderson entrou no segundo tempo e foi melhor que o portenho
no pouco tempo em que atuou.
Na etapa final, o
Corinthians chegou mais vezes perto do gol, mas Guerrero não
justificou a fama goleadora, perdendo uma oportunidade incrível
perto de Rafael, que até foi bem no jogo, ao contrário das partidas
pregressas. Mas foi Cássio que fez a defesa do clássico, em falta
de Marcos Assunção, que ainda pegou a trave.
André foi uma
nulidade, como vem sendo partida sim, quase outra também. Faltou
ousadia a Muricy para colocar Giva antes, mas vá lá, é
compreensível. Ambas equipes estavam mais preocupadas em não perder
do que em vencer, essa é a leitura que se pode ter da partida, cada
qual por seus motivos.
A essa altura do Paulista, que não vale muita
coisa, não dá nem pra dimensionar o valor de um clássico que vai
se tornar centenário no meio do ano. Aliás, hora dos dois clubes
combinarem ações em conjunto para valer a data, não?
Golzinho feio marcado por Marta na última quinta-feira, em amistoso entre o Tyresö FF, sua equipe na Suécia, e o Orebro KIF. Um pessoal comparou com o Ronaldinho Gaúcho dos bons tempos, mas sei não, acho que essa foi sem comparações:
Assim como Pôncio Pilatos, o ex-Bento XVI lavou as mãos e deixou para o seu sucessor o abacaxi de lidar com os escândalos sexuais e financeiros da igreja católica, entre outros assuntos embaroçosos (que ele definiu, simploriamente, como "tempos difíceis"). Hoje, ao passar por uma banca e ver a foto do ex-Bento na capa de um tabloide popularesco, sob a irônica manchete "Vá com Deus", me lembrei, sem querer, de uma historinha que ouvi lá em Fortaleza, no Ceará.
Num bairro central, uma solteirona de seus 50 anos vivia sozinha num apartamento térreo. Sempre de portas e janelas abertas, ela gostava de som alto e de receber os vizinhos para um bolo com café. Mas havia uma exceção: uma vez por semana, a alegre senhora recebia a visita de um padre do interior e, invariavelmente, trancava todas as portas e janelas, desligava a luz, o rádio e a TV e permanecia três ou quatro horas em "solilóquios íntimos" com o religioso.
À vizinhança, ela dizia que passava o tempo todo se confessando (o que causava estranheza, pois o único pecado que ela cometia era beber vinho licoroso). Bom, o que interessa é que, numa dessas visitas, a "confissão" foi muito forte e o padre passou mal. Desesperada, a beata pediu ajuda a um vizinho para levá-lo ao hospital. No caminho, para distrair e acalmar o pároco, o vizinho brincou: "Calma, seu padre! Pense no lado bom: se o senhor morrer, vai, finalmente, encontrar com Deus."
Assustado, o padre respondeu: "Meu filho, não diga uma desgraça dessas!"
(Ps.: O título do post é uma expressão cearense de satisfação extrema por algo.)
Ney Franco age bem quando promove o tradicional "abafa" nos 15 ou 20 primeiros minutos de uma partida. Já deu certo muitas vezes. Mas, quando a blitz falha e o São Paulo não consegue fazer ao menos um gol nesse período de pressão (e forçar o adversário a sair em busca do empate, abrindo espaços para contra-ataques), o caldo entorna. Porque o time cansa muito e, naturalmente, o adversário aproveita para fazer a sua própria blitz. Foi o que aconteceu ontem no Morumbi, no segundo jogo pela fase de grupo da Libertadores, contra o The Strongest. O Tricolor, que parecia um rolo compressor nos primeiros minutos, criando uma chance após a outra no ataque e não deixando os bolivianos pensarem, não conseguiu marcar, botou a língua de fora precocemente e levou um gol exatamente aos 20 minutos de jogo, em (mais uma) falha de marcação da defesa. O time se perdeu.
Só que, mais uma vez, como aconteceu contra o São Caetano, pelo Campeonato Paulista, o São Paulo conseguiu "achar" o empate mesmo jogando mal, no fim do segundo tempo, já no desespero. Isso o recolocou no jogo e deu chance ao técnico de pensar em alguma outra estratégia. E a solução foi melhorar o meio de campo, colocando Paulo Henrique Ganso no lugar de Denílson, deixando o setor defensivo com apenas um volante, Wellington, e mantendo o ataque com dois pontas abertos e um centroavante. Funcionou. Logo ao entrar, Ganso "pôs fogo" no jogo e, de cara, participou do lance em que Jadson mandou uma bola no travessão. Depois, Cañete entrou no lugar de Aloísio, pela ponta-direita, e iniciou a jogada que terminou com passe de Ganso para o gol da vitória marcado por Luís Fabiano, a dez minutos do fim. Moral da história: vai ser muito difícil vencer em La Paz...
Em mais um confronto pela Libertadores, o Fluminense venceu ontem o Huachipato, de virada, por 2 x 1, no Chile - e marcando o gol da vitória somente aos 31 do segundo tempo. Não precisava ter sido assim. O Flu dominou o fraco adversário, perdeu gols (um deles incrível, com Wellington Nem chutando na trave a três metros da meta vazia) e recuou no final, após a entrada do zagueiro Anderson no lugar de Thiago Neves. Os gols de W. Nem e Wágner, que marcou apenas 24 segundos após substituir o inoperante Deco, trouxeram alívio ao técnico e à torcida. A cada rodada, o time parece querer matar mais tricolores cardíacos... Porque Abel, mais uma vez, deu mostras que pretende utilizar a fórmula de sucesso de 2012: tornar difíceis jogos fáceis - mas vencendo. De qualquer forma, ele (ainda) tem crédito. O time volta agora suas atenções para o clássico de sábado contra o Vasco, pelas semifinais da Taça Guanabara. Há grandes chances do Flu entrar com o - cansado, porém reanimado - time titular completo, uma vez que o adversário tem a vantagem do empate.
Aquele olhar 43: "85 kg em cima dele"
Mas, falando em Vasco, registro aqui mais um episódio do tal "jornalismo fófis". Na versão carioca do diário Lance!, o "craque" Carlos Alberto fez elogios de caráter íntimo ao colega Bernardo, para suprema alegria dos adversários: "Eu tenho um grande carinho por ele. Eu falo para ele não sair do chão. Sempre que ele quer sair do chão, eu falo que vou colocar meus 85 kg em cima dele (risos). Eu estou feliz pelo resultado, pelo crescimento dele." Não vou nem comentar.
O patrocinador milionário do Botafogo
Já os demais times Rio, que não jogaram no meio da semana, pois não estão no nível da Libertadores, também seguem se preparando para as semifinais do 1º turno do Cariocão. O Flamengo, que renovou o contrato de suas duas bijuterias Rafinha e Rodolfo (jóia, só o Neymar!), promete reeditar o chororô alvinegro de 2008 no próximo domingo. Para isso, conta com o artilheiro “brocador” Hernane, aspirante à Souza (aquele mesmo do chororô). Mas o Botafogo se adiantou e já começou a chorar antes da partida. A diretoria e seu principal patrocinador, o Guaraná Mendigão, reclamam que a TV Globo não transmitiu nenhuma partida do time na fase de classificação da Taça Guanabara. Dizem que isso é um "absurdo", uma "injustiça". Também prefiro não comentar.
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.
O Corinthians se incomodou menos com o Millonarios e mais com todo o resto que cercou a vitória por 2 a 0 desta noite no Pacaembu. O vazio do estádio, quebrado por quatro pessoas garantidas pela Justiça, parecia ser um adversário mais temível. De todo modo, ganhamos e vamos pra frente.
A formação imaginada aqui, aconteceu nesta quarta, com Tite sendo ajudado pela contusão de Jorge Henrique e os atrasos de Sheik. Os dois deram lugar a Renato Augusto e Pato, mudando pra valer a cara da equipe campeã do mundo.
O meio campo com Renato e Danilo tem mais toque de bola e cadência, ajudando a manter a posse. Conta com o auxílio constante de Paulinho pelo meio para armar as jogadas de ataque. Danilo jogou muita bola, especialmente no primeiro tempo. A liberdade para trocar de lado com Renato Augusto caiu como uma luva para sua inteligência tática. Renato começou bem, mas sumiu durante a partida. Merece novas chances.
Na frente, Guerrero fica mais parado na área, enquanto Pato fica livre para se movimentar – e os dois invertem posições. O ex-milanista mostrou bom futebol, com chances, passes, dribles e um gol. No meu time, é titular sem discussão. Ao lado, Guerrero fez mais um, mostrando a presença de área que o trouxe até aqui. Fora da área erra mais e mostra que habilidade não é seu forte, mas tem passe bom o bastante para criar alguma coisa.
Pato fez um e teve mais duas chances claras. Além disso, deu bons passes (uma tabela com Danilo se destaca) e ajudou bastante as tramas do ataque. Pensemos que ele jogou apenas seu segundo jogo completo com o time titular. O rapaz tende a evoluir bastante ainda, o que quer dizer mais gols e mais assistências.
No cômputo final, o Corinthians ganhou com autoridade. Refletiu a frieza dos estádios vazios em um estilo de jogo metódico e numa dupla de ataque mortal. Um time que tende a melhorar.
Tratemos hoje de tema recorrente na viciada cobertura política dos jornalões: eleição de 2014. Não passa um dia desde que a última urna se fechou na eleição do ano passado sem que alguém lance ou deslance um novo candidato, uma nova leitura, uma nova visão sobre a disputa. Sempre presente entre os citados está Eduardo Campos, bem avaliado governador pernambucano e presidenciável do PSB. O partido saiu fortalecido das eleições municipais e vislumbra fortalecer sua hoje pequena bancada no Congresso. Com isso, ensaia voo solo, deixando a barca de Dilma. Aspiração legítima tanto de Campos quanto de seu partido, que pode tanto ser fato quanto jogo de cena para valorizar o passe na coalizão a ser liderada pelo PT, disputando (como azarão) a vaga de vice hoje do PMDB.
O governador vive os últimos tempos de manter o suspense: ora insinua que é candidato, ora é Dilma desde criancinha. A última veio durante o seminário “Nordeste – Como Enfrentar as Dores do Crescimento”, promovido pela Carta Capital, em Recife. Campos disse, segundo a revista, que é preciso parar de falar em eleição e “discutir o Brasil da próxima década”, fala bem no estilo citado: não quer falar do assunto, mas quer mostrar que pensa num projeto para o país.
Outros dois movimentos mostram o estilo de Campos. Enquanto a maioria dos governadores e prefeitos esperneou contra a proposta defendida por Dilma, destinando 100% dos royalties do pré-sal para a educação, o pernambucano passou uma lei garantindo que, pelo menos em seu estado, é praí que vai esse dinheiro. Aproveitou a briga de Dilma e bota uma bandeira social em seu palanque. Por outro lado, levou seu PSB a se movimentar contra o PMDB nas eleições da Câmara e do Senado e, jogo jogado, contra a investigação sobre o procurador-geral da República, que segurou por dois anos uma denúncia contra Calheiros que vazou oportunamente uma semana antes das eleições do Senado, onde apoiava o senador e procurador Pedro Taques (PDT). Aqui, Campos puxa para si a bandeira da ética, único refúgio da oposição a um governo bem avaliado.
Sua provável candidatura teria, no mínimo, duas consequências. Aumentam as chances de segundo turno, imaginando cenário com Campos, Aécio e Marina, além de Dilma. Esta, porém, mantém o favoritismo desde que o emprego e a renda dos trabalhadores continuem bem – e a Copa não for um desastre completo em termos de organização. Outra: fica mais forte a possibilidade de um tucano não estar nesse segundo turno pela primeira vez desde 1994.
Pato marcou o primeiro, Guerrero o segundo (Luis Moura/Gazeta)
Neste domingo, contra o
Bragantino, o Corinthians conseguiu seu quinto empate consecutivo
entre Paulistão e Libertadores. Foi também o terceiro 2 a 2
consecutivo na competição estadual, o que é ainda mais curioso.
Muita gente tem lamentado a volta da “Empatite” que vitimou a
equipe em tempos idos. Mas, se bem me lembro, a doença trazia uma
penca de zeros nos placares, o que não tem sido a tônica. O mal
pode ser o mesmo, mas o vírus causador sofreu uma mutação que trouxe novos sintomas.
O ataque tem funcionado
razoavelmente, com seis gols em três jogos (e 1 nos trocentos mil
metros da Bolívia, que dificulta avaliações) e mais um punhado de
chances criadas (na altura, Sheik perdeu dois que mostraram porque
ele me parece em marcha acelerada rumo ao banco). Mas a defesa começa
a preocupar. Pode ser a combinação de falta de ritmo e má condição
física de Paulo André e Fábio Santos, os dois mais velhos (sem
contar Alessandro, que não jogou ontem), com
o desentrosamento de
Gil e Edenilson. Ou talvez seja só a ruindade de alguns
destes personagens, que vinha sendo escondida pelos méritos
coletivos de uma equipe bem armada e determinada. Duas outras
possibilidades. Uma, que Gil e Paulo André têm características
parecidas, mais para os antigos quarto-zagueiros. Funcionarão melhor
com Chicão, que leva mais jeito para camisa 3. Estes três problemas
podem ir na conta da diretoria, pela montagem do elenco – e pela
perda do promissor Marquinhos – que ficou com poucas opções no
miolo.
Outra possibilidade,
mais tática, parte do reconhecimento de uma tentativa de Tite que
mudou um pouco o posicionamento do meio-campo. Ralph tem aparecido
mais no ataque, o que parece ser encorajado pelo chefe. Contra o
Braga, a transmissão televisiva diz que Tite cobrou os meias para
ajudarem mais na marcação na meia cancha, ajudando a cobrir o
volante. Os frequentes erros na zaga podem ser resultado dessa
mudança na organização coletiva – ou pode ser tudo um pacotão
de problemas.
Essa mudança, se não
se tratar de um delírio provocado pela súbita diminuição de
álcool em meu sistema após o carnaval, pode indicar experiências
para encaixar no time titular as contratações para o meio e ataque
– onde a diretoria trabalhou muito e bem. Imaginei um time num tipo
de 4-4-2 inglês, com Renato Augusto e Danilo marcando pelos lados
sem a bola e armando e trocando de lugar na transição ofensiva
(vimos os dois juntos por alguns minutos em Oruro, mas a altitude
destruiu Danilo antes que conclusões fossem possíveis). Nessa
formação, os dois volantes teriam mais companhia na marcação e
mais espaço para avanços – que eu imaginei utilizado
só por Paulinho, mas pode ser que Tite queira tentar incluir
Ralph no revesamento ofensivo. Com isso, caberiam Guerrero como
referência e Pato como segundo atacante, se movimentando pelo
ataque, voltando para buscar a bola e achar espaços para partir em
velocidade, o que faz muito bem. No papel, parece bom.
No entanto, minha
fértil imaginação foi desmentida por Tite no final do jogo de
ontem. Quando vi que Guerrero entraria no lugar de Douglas (que foi
bem, mas cansou), imaginei o time exatamente desse jeito, mas o que
se viu foi Renato Augusto ocupando a faixa central do 4-2-3-1 e
Guerrero e Pato revesando de forma muito descordenada entre a
centroavância e o lado do campo. Não rolou bem e o gol de empate só
saiu pelo vacilo de um zagueiro do Braga que achou por bem botar a
mão a bola na área.
Um destaque para a
eficiência do Bragantino em bater: a certa altura, eram 20 faltas
contra 5 do Corinthians, número realmente pitoresco.
Tragédia de Oruro
Andei totalmente sem
vontade de escrever sobre futebol desde a imbecilidade que ocorreu na
Bolívia e vitimou um garoto de 14 anos. Resumo de minha opinião
sobre o fato, sempre com o foco de encontrar a melhor maneira de
impedir que esses tipo de coisa aconteça novamente:
- Há uma dimensão
coletiva e uma individual que devem ser abordadas. A tragédia só
acontece porque existe conivência com a violência por parte da
Conmebol e dos times. Logo, as punições coletivas são importantes
para abordar este aspecto. Mas acho fundamental dar destaque ao
aspecto individual da coisa: um ou um grupo de cretinos levou bombas
para uma multidão, com ou sem o intento de dispará-las contra
outras pessoas. Eles devem pagar de acordo com a lei, ou haverá
impunidade. Se realmente foi o rapaz que se entregou à Justiça em
Guarulhos, ele tomou uma atitude corajosa. Mas merece as penas
cabíveis.
- Que todos os
envolvidos paguem e que isso se torne padrão em todas as competições
da Conmebol. Isso inclui o Corinthians, pela torcida, mas também o
San José, como mandante e responsável pela segurança. Nenhuma
punição será questionada por mim se tornar-se regra a ser
obedecida por todos. E, como dito acima, o imbecil (ou imbecis) que se
tornou assassino também deve estar na conta.
- O aspecto punitivo é
importante, mas também é fundamental que se modifiquem as condições
de segurança. Em nenhuma aglomeração humana deve ser permitida a
entrada com materiais potencialmente mortais. Precisamos parar de
tratar o futebol como uma dimensão a parte e exigir medidas de
segurança.
- Qualquer ataque ou insinuação ao Corinthians ou corintianos como "assassinos", como um torcedor do Bragantino chamou o Tite, é injusta e altamente escrota. O mesmo vale para o San José.
Após oito longas e chatas rodadas, chegou ao fim a fase de classificação do primeiro turno do Cariocão. Aconteceu aquilo que ninguém sabia nem jamais poderia prever: os quatro grandes disputam as semifinais, e com grande possibilidade de termos um Flamengo x Vasco na final, pois ambos têm a vantagem do empate contra Botafogo e Fluminense, respectivamente. É tudo o que a TV quer, mas o que eu não acredito que venha a acontecer. É bem verdade que a última rodada teve um pouco mais de emoção. Os últimos minutos geraram nos torcedores tanta expectativa quanto o Conclave Papal vai gerar nos agnósticos. Fluminense e Botafogo empataram suas partidas com relativa dificuldade e perigaram ficar de fora. Se tivessem perdido, teríamos Madureira e Boavista nas semi. Até aqui, o Flamengo sobrou, o Vasco rateou, o Botafogo bobeou e o Fluminense brincou (já escutei isso antes...).
Veríssimo, jogador do Flamengo
Como tudo parece andar bem na Gávea, a notícia mais importante é o inquérito instaurado pela Polícia Civil de São Paulo contra o “ex-jogador” Gasparzinho, vulgo Rodrigo Veríssimo - que, apesar de ninguém conhecer, garante já ter jogado no Fla. Tendo em vista o péssimo time e a bagunça generalizada que era a gestão passada, somadas a um caso de assassinato, não é de se assustar que houvesse um fantasma por lá.
iPad japonês seria mais útil ao Botafogo
E por falar em fantasmas, no Botafogo Oswaldo de Oliveira ressuscitou o Rafael Marques, atacante que ainda não marcou gol pela equipe. E o resultado foi o mesmo: mais uma vez não jogou nada e ainda assustou Seedorf, que teve sua pior atuação com a camisa do Glorioso até hoje. Segundo a torcida, ao invés de trazer o Rafael Marques do Japão, era preferível que Oswaldo tivesse trazido um iPad.
Craque?!? A coisa tá feia...
Já o técnico do Vasco ainda segue pensando se deve ou não escalar o instável Bernardo no time titular, pois acha que ele funciona mais como coringa. Não é craque, mas é um bom jogador. Num time onde o Carlos Alberto é o "fora-de-série", deixá-lo no banco é um atentado. O técnico Gaúcho tem de ter em mente que "em terra de cego quem tem um olho é rei".
Abelão tá de olho na rescisão e FGTS
No Fluminense, Abel Braga mais parece funcionário insatisfeito. Aquele que faz um monte de “M” para ser demitido e então receber os direitos trabalhistas. Depois do “castiguinho” que aplicou a Thiago Neves, que se queixou da torcida e mais uma vez não jogou nada (e ainda perdeu pênalti), resolveu prestigiá-lo elogiando sua postura tática. Dizem por aí que o “Tio Celso” não anda nada satisfeito com o técnico e o desempenho da equipe, e que, por ele, o mesmo já teria sido demitido. Aposto duas cocadas e um quebra-queixo como o nome preferido dele para assumir a equipe é o desempregado Renato Gaúcho. Te emenda, Abelão!
Para a torcida arco-íris carioca, quero lembrar-lhes que quarta-feira tem Libertadores. E que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar!
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.