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quinta-feira, agosto 20, 2015

Carlos Gardel: pé-frio involuntário ou infiltrado?

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O coronel uruguaio Carlos Escayola e Gardel: seriam pai e filho?
Assim como no Brasil ainda pairam dúvidas sobre o cantor e compositor Gonzaguinha ter sido ou não filho biológico do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, nas duas margens do Rio da Prata a polêmica eterna é a verdadeira nacionalidade do Pai do Tango, Carlos Gardel. Uns dizem que nasceu em Toulouse, na França, e outros cravam Tacuarembó, no Uruguai. Algumas vezes, quando questionado sobre o assunto, o próprio Gardel se esquivava, preferindo reforçar suas raízes argentinas e elegendo como "nascimento" a data em que desembarcou naquele país: "Nasci em Buenos Aires aos dois anos e meio de idade". O mistério teria sido conservado de propósito, pois a real origem do cantor seria um escândalo de grande proporção. Como conta o recente documentário "El padre de Gardel", Carlos teria sido fruto, na citada Tacurarembó, da relação proibida entre o poderoso coronel Carlos Escayola com uma de suas cunhadas, María Lélia, de apenas 13 anos - e há suspeitas de que ela também era sua filha, pois o coronel era amante da sogra (!!!). Por tudo isso, o menino teria sido criado escondido até ser dado a uma francesa, Berta Gardes, que o registrou com seu sobrenome e partiu definitivamente com ele para a capital da Argentina.

Gardel em Amsterdã, com o violão, cantando para a seleção argentina
A dúvida sobre a veracidade desses fatos, nunca esclarecida, teria um desdobramento curioso: a ambiguidade de Gardel como torcedor de futebol. Para todos os efeitos, até meados da década de 1920, não havia dúvida alguma: o cantor era argentino, representante máximo dos porteños e dos símbolos culturais daquele país, os costumes criollos (do campo), o dialeto lunfardo (de Buenos Aires) e, acima de tudo, o tango. Essa identificação fez com que, em 1928, durante os Jogos Olímpicos de Amsterdã, Gardel, em turnê pela Europa, decidisse visitar a seleção de futebol da Argentina. E consta que participou de uma festa noturna com os jogadores em um quarto de hotel, quando cantou pela primeira vez o tango "Dandy". Resultado: pouco depois disso, os argentinos perderam a medalha de ouro na decisão contra o time do Uruguai, por 2 a 1 - título máximo do futebol de seleções naquela época, quando não havia Copa do Mundo. E o uruguaio Eduardo Galeano, em seu livro "Futebol, ao Sol e à Sombra", diz que, dois anos depois, no primeiro Mundial da Fifa, Gardel repetiu a visita à concentração da seleção argentina, e cantou a mesma música.

Traíra? Gardel e os jogadores do Uruguai campeões em 1930, com a taça
Resultado: foram derrotados novamente na final pelo Uruguai, o anfitrião e primeiro campeão de uma Copa. "Muita gente crê que é a prova de que Gardel era uruguaio", escreveu Galeano. Devido aos dois episódios, os jogadores da Argentina teriam apelidado o cantor de "mufa", que significa "pé-frio". Mas a verdade pode ser que, como crê Galeano, Gardel tenha sido mesmo um "pé-frio" infiltrado. Porque, no meio da disputa da própria Copa do Mundo, em 13 de julho de 1930, o cantor deu uma polêmica entrevista ao jornal uruguaio "El Imparcial", afirmando que havia nascido no Uruguai (!). Se isso caiu como uma bomba atômica em Buenos Aires e em toda a Argentina, imagine como ficou o moral dos jogadores argentinos. Pior: além de serem derrotados na decisão, em 30 de julho, justamente pelo time da "nova" pátria assumida por Gardel, ainda viram o cantor visitar os campeões no Estádio Centenário e sorrir para a Taça Jules Rimet...

Gardel, com cachecol, na partida Brasil x Iuguslávia
"Un artista, un hombre de ciencia, no tiene nacionalidad. Un cantor tampoco, es de todos, y su patria es donde oye aplausos. Pero ya que insiste: soy uruguayo, nacido en Tacuarembó" ("Um artista, um homem de ciência, não tem nacionalidade. Um cantor tampouco, é de todos, e sua pátria é onde ouve aplausos. Mas, já que insiste: sou uruguaio, nascido em Tacurembó"), teria reafirmado Gardel, em 1933, ao jornal "El Telégrafo", de Paysandú, no Uruguai. Apesar de tudo isso, nada garante que seja verdade, pois pesquisas realizadas na Argentina concluíram que o cantor poderia ter encoberto sua verdadeira nacionalidade, francesa, porque teria antecedentes criminais por fraudes. Seja como for, tanto para argentinos como para nós, brasileiros, a fama de "pé-frio" futebolístico é justificada. Em 14 de julho de 1930, um dia após o jornal ter publicado a polêmica entrevista em que revelava ser uruguaio, Gardel foi ao estádio Parque Central para assistir a estreia do Brasil em Copas do Mundo, contra a Iuguslávia. Resultado: 2 a 1 para nossos adversários. Assim, o Pai do Tango teria sido nosso primeiro Mick Jagger!


quarta-feira, agosto 19, 2015

Mais pra lá que pra cá

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Gabiru e Perdigão, mais pra lá que pra cá
Já tem uns dias que isso deu repercussão, mas um blogue como o Futepoca não pode deixar de registrar a forma física (de barril) do ex-meiocampista Perdigão, 38 anos, em foto publicada numa rede social, em companhia do atacante Adriano Gabiru, 37 anos, que até o primeiro semestre ainda defendia uns trocos no Panambi, da segunda divisão gaúcha. Ambos empunham os indefectíveis copos de cerveja, em descontraída esbórnia etílica. Nada contra, muito pelo contrário! Mas espanta a pança de Perdigão, que se aposentou em 2011, depois de passar por clubes como Corinthians, Vasco e Internacional. Ele tá parecendo o personagem Hurley, do seriado estadunidense de televisão Lost. Já Gabiru aparece de "olho baixo", "meio barro, meio tijolo", quase que se escorando nos amigos pra não cair... Bem que eu digo que rede (anti)social só serve pra gente passar vergonha alheia...

Há menos de nove anos, Adriano Gabiru foi o herói da conquista do título mundial pelo Inter de Porto Alegre, ao substituir o (já falecido) Fernandão e marcar, aos 36 minutos do segundo tempo, o gol da vitória sobre o Barcelona. Apesar de não  ter entrado na partida, Perdigão integrava aquele elenco. Pois é, como disse alguém que já não me lembro o nome (amnésia alcoólica?), "o tempo é um criador de monstros". No meu caso, não precisei nem jogar bola profissionalmente e me aposentar para inflar a sempre generosa barriga. Mas lanço aqui meu grito de guerra: menos rede social, mais cerveja! Ao bar.

Gabiru e Perdigão, na linha de frente da comemoração em Yokohama, no Japão, em 2006

terça-feira, agosto 18, 2015

'Nossa vida no teu seio mais AMORES...'

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"A lhaneza no trato, a hospitalidade, e generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro." - Sérgio Buarque de Holanda


Licor de Merda

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Sim, é isso mesmo. Quando nos deparamos com essa inusitada bebida em um mercadinho de Óbidos, Portugal, tivemos que, óbvio, comprar. Segundo o site "Papo de Bar", a bebida surgiu em 1974, na época da Revolução dos Cravos, e o nome "foi criado para 'homenagear' algumas autoridades que então governavam Portugal". Aliás, falando em política (e políticos) de merda, o tal licor configura piada pronta porque é produzido na cidade de CANTANHEDE, o mesmo nome daquela "jornalista" tucana (e esposa de marqueteiro do PSDB) que - muito apropriadamente - cunhou a expressão "Massa CHEIROSA"...

segunda-feira, agosto 17, 2015

Manifestação justificada

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Depois de o São Paulo passar - mais um - vexame no sábado, sendo goleado por 3 a 0 pelo provisoriamente rebaixado Goiás em pleno Morumbi, nas fuças de 25 mil torcedores (e nem é a primeira vez que isso acontece, leia esse post aqui), vejam a cena que percebi num comercial de cerveja que está sendo exibido atualmente na TV:



Tipos de cerveja 83 - As Oktoberfest/ Marzen

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Antes da refrigeração artidicial, era quase impossível produzir cerveja no verão, devido às infecções bacterianas provocadas pelas altas temperaturas. Desse modo, a produção acabava na primavera e só recomeçava no início do outono - motivo pelo qual março (märz, em alemão) era um mês de grande importância. Estas cervejas (que ganharam, por causa do mês, o nome de marzen) eram produzidas de modo a que aguentassem o calor do verão sem perder as suas qualidades, sendo armazenadas em locais secos e frios. "Em termos de aspecto", analisa Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo, "têm cores que variam do âmbar até ao acobreado, enquanto que o aroma e o sabor revelam  forte presença de malte, o que lhes dá uma característica doçura. A presença do sabor do lúpulo é pequena, pelo que não se trata de uma cerveja com tendências muito azedas". Nas marzen, o álcool varia entre os 4% e os 7%. O nome oktoberfest foi acrescentado devido à grande festa da cerveja que tem lugar todos os anos em Munique, e que possui similar brasileira em Blumenau (SC), e onde a cerveja preferida é justamente a marzenbier. Se alguém quiser experimentar as marzen, as mais indicados pelo site Cervejas do Mundo são a Paulaner Oktoberfest Marzen, a Alley Kat Ein Prosit! (foto) ou a Burgerbrau Wolnzacher Oktoberfest-Bier.

domingo, agosto 16, 2015

Velório carioca

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Blanc: compositor, vascaíno, bebum e,antes de tudo, carioca
No prefácio de "Brasil passado a sujo" (Geração Editorial, 1993), Sérgio Cabral diz que o autor, o vascaíno Aldir Blanc, é um dos expoentes da chamada "literatura carioca", com tipos, personagens, subúrbios, bares e situações na linha de Nelson Rodrigues e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. "O Rio de Janeiro é isso que está nestas páginas; é a cabeça e o coração desse extraordinário Aldir Blanc", resume Cabral. De fato, a obra é uma ode à carioquice, com tudo de "bom" que a esculhambação local possui - e aqui rememoro a resposta do também carioca Tom Jobim quando perguntaram por que, morando nos EUA, ele passava a maior parte do tempo em sua cidade natal: "Estados Unidos é bom, mas é uma merda. E o Brasil é uma merda, mas é bom!". No livro de  seu conterrâneo Aldir Blanc, um dos capítulos, "Até Morrer", fala especificamente sobre futebol. "Hei de torcer", explica o vascaíno nesse texto, "porque conheci um bebum que apelidou a própria amásia de Paulo Isidoro: 'Ela dormia na ponta, mas embolava pelo meio'." E prossegue:
O Lindolfo havia morrido. Vó Noêmia fez uns trinta sanduíches de carne assada, os homens encheram vidros vazios de eparema com traçado e partimos pro velório. Na saída, alguém lembrou:
- Cadê o rádio? Hoje tem Vasco x Botafogo.
Mas, aparentemente, ninguém se atreveu a levar. A mulher do Lindolfo, Dona Marcelina, era tão séria que já estava de luto muitos dias antes da morte do marido. Amanheceu um domingo de comemorar com batida de maracujá.
Naquele tempo, o jogo começava às três e quinze da tarde. Os enterros saíam por volta das cinco. No Caju, a viúva parecia de granito. Luto fechado, um buço que deve ter influenciado o Sarney, cabelos cinzentos cobertos por um lenço negro, leque também negro fechado nas mãos em garra, uma viúva de Lorca.
Waldir Iapetec, com seu faro inigualável, descobriu um buteco nas imediações com rabada e cervejotas superlampoticamente geladas. Mandaram arrebite. Mais ou menos na hora da peleja começar, Ceceu Rico, cheio de goró, lavando a cabeça com azeite Galo e botando aristolino na maionese, sacou um radinho do bolso das acumuladas. O Iapetec riu:
- Sabia que tu não ia aguentar.
- Tenho minha reputação. Não quero que digam que Ceceu Rico deu balda com medo de viúva.
O pessoal ficou ouvindo o jogo no tal buteco. De vez em quando, um batedor partia pro front do velório. E tome chá-de-macaco. O clima de jogo aumentava a vontade de biritar. Um zero a zero cheio de lances dramáticos. Faltando uns quinze minutos pro fim do segundo tempo, pressão do Vasco, meu avô Aguiar apareceu, deu um tapa de bagaceira nos beiços, e avisou, com toda cortesia de seus quase dois metros de cutucro nascido em Póvoa de Varzim:
- Vamo pagar a conta que o palhaço de saias chegou pra encomendar o corpo. Ceceu, enfia o rádio na ombreira do paletó e finge que tá com torcicolo, meningite, um troço desses.
Provavelmente sentindo a exuberância dos bafos, a viúva lançou a todos um olhar assassino. O padre, com a batina salpicada de proverbial caspa, começou a arenga:
- Nosso irmão Lindolfo já não está no estádio, digo, no mundo. Encontra-se na Glória!
O Iapetec sussurrou:
- Provavelmente na taberna. Ele adorava.
Olhar rambo-rocky da viúva em nossa direção. Vários gulps e pigarros.
- Bem aventurados aqueles...
Nesse instante, Ceceu captou no radinho uma investida vascaína:
- Lá vai o Vasco! Bola pra Walter Marciano na entrada da área! Driblou o primeiro, driblou o segundo, vai marcar...
O desgraçado do radinho ficou mudo. Desesperado, Ceceu catucou os botões pra baixo e pra cima. Nada. Teria sido a pilha? Ceceu sentou a porrada no spika, método quase infalível para engenhocas enguiçadas, e uma palavra, altíssima, como que irradiada pela sublime voz do Todo-Poderoso, elevou-se na capela:
- PÊNALTI!
Ceceu baixou de um golpe todo o volume. Um silêncio aterrador. Possessa, a viúva urrou:
- Contra quem? Pênalti contra quem? Aumenta, babaca!
À beira de uma de suas famosas crises de asma, Ceceu estertorou:
- Pênalti contra o Botafogo.
A viúva tava comandando o tradicional corinho de "casaca, casaca, casaca - saca-saca...", quando o padre abandonou o recinto.
Meu avô gritou:
- Hei, seu padre! Volta aqui! Futebol enlouquece qualquer um! Não foi desrespeito, não.
Sintam a resposta do padreco:
- Aqui, ó! Eu sei que não foi desrespeito. Foi roubo no duro! Tô farto de ver o Vasco vencer com gol de pênalti no último minuto. Vão todos pros quintos dos infernos. Ladrões!
Mas seu protestos foram abafados pelos gritos de gol e pelo espetacular choro da viúva. De alegria.

quinta-feira, agosto 06, 2015

"Até nas 'trompa' de lata de cerveja"

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Mick Jagger, Marianne Faithfull, Anita Palenberg e Keith Richards no Brasil, em 1968
Relendo "Vida", a autobiografia de Keith Richards (já citada neste post aqui), cheguei ao trecho em que o guitarrista fala sobre a viagem que fez ao Brasil, em dezembro de 1968, acompanhado por Mick Jagger e pelas namoradas Anita Pallenberg e Marianne Faithfull, esta última com o filho pequeno Nicholas. Foi durante a viagem de navio que fizeram de Lisboa ao Rio de Janeiro que os dois rolling stones adotaram o apelido de Glimmer Twins. Havia uma passageira, aristocrática, que eles chamavam de "Mulher-Aranha". Tanto ela como os outros ricos a bordo começaram a fazer perguntas para tentar descobrir quem eles eram. "Nunca respondemos, e um dia a Mulher-Aranha deu um passo à frente e pediu: 'Oh, nos deem uma pista, nos deem um vislumbre [a glimmer]'. Mick se virou para mim e disse: 'Somos os Gêmeos Vislumbre'", lembra Keith. "Batizados no Equador, os Gêmeos Vislumbre [Glimmer Twins] foi o nome que mais tarde usamos como produtores de nossos discos".

Os Glimmer Twins desembarcando no Rio de Janeiro, 16 dias após o decreto do AI-5
Segundo o jornal "O Estado de S.Paulo" (leia aqui), o grupo desembarcou no porto do Rio de Janeiro no dia 29 de dezembro de 1968, apenas 18 dias depois de terem gravado, em Londres, o malfadado - e abandonado por 27 anos - filme "Rock and Roll Circus", com John Lennon, Yoko Ono, The Who, Eric Clapton, Taj Mahal e Jethro Tull. E exatamente 16 dias após o decreto, pelos ditadores militares, do nefasto Ato Institucional nº 5. Naquele exato momento, ali, na capital do então Estado da Guanabara, por conta exatamente do AI-5, os tropicalistas Caetano Veloso e Gilberto Gil estavam presos num quartel da Polícia do Exército, no bairro da Tijuca, depois de terem sido detidos, dois dias antes, na cidade de São Paulo. Alheios a tudo isso, os dois rolling stones e suas acompanhantes se instalaram no tradicional Copacabana Palace. Não demorou para que a imprensa os descobrisse e começasse o assédio - do qual eles queriam exatamente fugir naquelas "férias".

Mick, Keith e suas namoradas são flagrados na beira da piscina do Copacabana Palace
Hotel Jaraguá, na década de 1960
No Rio, Anita Pallenberg tratou de folhear uma lista telefônica em busca de um médico e, assim, confirmou suas suspeitas: estava grávida de Marlon, o primeiro filho dela e de Keith Richards, que nasceria em agosto de 1969. Depois de passarem o Ano Novo no Rio, assistindo os fogos em Copacabana, os cinco seguiram de carro para São Paulo, onde se hospedaram no Hotel Jaraguá, no Centro. Mas ficaram pouco tempo, pois havia outro destino planejado: a Fazenda Boa Vista, do amigo e banqueiro Walter Moreira Salles, em Matão, no interior paulista. "Ficamos alguns dias numa fazenda, onde Mick e eu compusemos 'Country honk', sentados numa varanda como caubóis, pés no parapeito, fazendo de conta que estávamos no Texas. Era a versão country do que se transformou no single 'Honky tonk women' quando voltamos à civilização", esculhamba Keith, em sua autobiografia. Confira a"Country honk" original:


Rara foto de Mick e Keith em Matão
Os 15 dias que passaram naquela região viraram folclore e renderam, em 2013, o documentário "Aliens 69: Quando os Rolling Stones invadiram Matão" (clique aqui para assistir), produzido por Diego Gibertoni, Fernanda Vilela, Gianfrancesco Barian, Matheus Carvalho e Rafael Zocco como trabalho de conclusão do curso de jornalismo na Uniara, em Araraquara (SP). Nos arredores do casarão da Fazenda Boa Vista, Keith Richards e Mick Jagger não só compuseram o que seria "Honky tonk women" como zanzaram pelados pelo meio do mato, espalharam dezenas de pires de papelão boiando com velas coloridas na piscina, soltaram todo o estoque de fogos de artifício que compraram em uma lojinha local e improvisaram uma festa junina, com fogueira, sanfona, crianças (!) e, lógico, regada a muitas substâncias - lícitas e ilícitas. E entre as lícitas, uma absoluta novidade em terras brasileiras: cerveja em lata.

Latas de cerveja: novidade que os Glimmer Twins trouxeram ('até nas trompa') ao Brasil
"Do nada, à tardinha, chega uma Land Rover, aquelas peruona monstro, 'até nas trompa' de lata de cerveja, de tudo que cê pensar", narra, em fluente "caipirês", no documentário "Aliens 69", Wanderley Zanoni, o funcionário da fazenda encarregado de atender os convidados famosos e supri-los, diariamente, com jornais. Ele lembra que a maior bebedeira aconteceu na tal festa junina improvisada em pleno janeiro, ao som de um sanfoneiro de 12 anos de idade. O menino emprestou o instrumento a Mick e Keith e diz que eles souberam tocá-lo. "Tomaro a noite interinha, sortaro todos os fogos que cê pensar", diverte-se Zanoni. "O que bebêro foi brincadêra aquela noite", acrescenta, no dialeto que eu, caipira de Taquaritinga, cidade vizinha a Matão, também "cunhêço dimais da conta". No fim do documentário dos estudantes, Zanoni garante que, depois que os rock stars foram embora, havia em um dos quartos ocupados por eles rastros de sapato que iam do chão até o alto da parede, como se alguém tivesse tentado andar no teto (!). "Ô, povo loco!", espanta-se.

O caipira de Matão fala sobre os Rolling Stones à EPTV, retransmissora regional da Globo
Na Plaza San Martin, em Lima
Mas a loucura não terminou em Matão. "Marianne voltou para a Inglaterra para tratar do filho, Nicholas, que tinha adoecido no navio e passado a maior parte da viagem na cabine. Assim, Mick, Anita e eu pegamos o caminho de Lima, no Peru, e daí para Cusco", relata Keith, em seu livro. No hotel, como a descarga não estava funcionando, a (gestante) Anita Pallenberg sentou-se na pia do banheiro para urinar. Prossegue Richards: "No meio da mijada, a pia desabou, caiu no chão e a água começou a jorrar de um cano enorme. Uma verdadeira comédia dos irmãos Marx". Depois de viverem mais aventuras mascando folhas de coca e assistindo o namorado gay do cônsul britânico se contorcendo em uma estranha dança no chão da casa do diplomata, Keith e Mick foram até Urubamba, uma aldeia próxima a Machu Picchu, típico "fim de mundo no meio do nada" (o blog "Andarilhos do Mundo" registraria, já em 2013: "A estação de Urubamba é bem fora de mão para a maioria das pessoas"). Segundo o relato de Keith, em janeiro de 1969 a aldeia não estava nos mapas de turismo nem dispunha de um hotel.

À imprensa peruana, os stones disseram: 'Viemos ver o efeito destruidor da cultura europeia'
Livro sobre a vinda dos Stones ao Brasil
"Conseguimos achar um bar e tivemos uma boa refeição", narra Richards, sobre um local em que, compreenderam rapidamente, ninguém fazia a menor ideia de quem eles eram. "E agora, alguma chance de dormir um pouco? No princípio, ouviu-se na sala uma porção de nãos, mas eles notaram que tínhamos um violão conosco. Cantamos para eles por cerca de uma hora, tentando apresentar qualquer coisa antiga que a gente lembrasse. Parecia que tínhamos de obter o voto da maioria para sermos convidados a dormir no local. (...) Toquei alguns trechos de 'Malagueña' e mais umas coisas que pareciam ter um tom vagamente espanhol (...) Finalmente, o senhorio avisou que podíamos ficar em dois quartos no andar de cima. Foi a única vez que Mick e eu cantamos em troca de hospedagem". Do Peru de volta para a Inglaterra, depois de tantas aventuras e desventuras, Richards e Jagger gravaram o álbum "Let it bleed" - "Deixa sangrar", sacanagem com "Let it be" ("Deixa estar"), dos Beatles -, que incluiu a versão roqueira de "Honky tonk women".

Mas faria todo sentido, ao menos pra eles, se tivessem incluído no disco a valsa tradicional "Saudades de Matão", música de João Galati e letra de Pedro Perches de Aguiar (que, quando a escreveu, residia na minha cidade natal - leia aqui). Encerro o post, abaixo, com a clássica versão gravada por Tonico e Tinoco. I know, it's only moda de viola, but I like it.



P.S.: No livro "Magical Mystery Tour" (Editora Seoman, 2005), Tony Bramwell, um dos assessores do Beatles, dá um motivo diferente para a viagem de Jagger e Richards ao Brasil. Segundo ele, a dupla estava fugindo das artimanhas do empresário Alen Klein, que já os havia enganado (e que, muito tempo depois, seria preso por crimes contra a receita federal nos Estados Unidos). Um ano após a aventura na América do Sul, quando souberam que Klein estava tentando se tornar o empresário dos Beatles, os Stones correram para alertar John Lennon. "Fiquem longe dele. Ele sacaneou a gente, cara", disse Mick Jagger, segundo Bramwell. "Tivemos que fugir para a porra de Matão para escapar", frisou Keith Richards. Bramwell conta que o guitarrista prosseguiu (os grifos são meus): "Foi lá que surgiu Honky Tonky Women. Estávamos em uma fazenda no meio do inferno em Matão, no Brasil, e havia mais caubóis do que no Texas. Eu e Mick estávamos em frente à varanda fazendo aquelas coisas de fazenda que adoro fazer. Seguimos a linha Hank Williams, bebendo caixas de Jack Black e cerveja e usando os trajes. Toquei para ele uma coisa que chamei de 'Country Honk'. Tocamos bem devagar e trabalhamos nela até que dissemos, meu Deus! Não podemos mostrar isso para os Stones. Vão rir de nós. O quê? Charlie? Bill? Nunca! Eles vão largar os instrumentos e correr para o bar. Mas mostramos. Arriscamos e talvez tenham sido as palavras, sei lá, mas eles gostaram da batida e ela ficou mais alta, mas ainda era country". Foi então que Jagger fez uma observação para Lennon que guarda muita relação com o preconceito sofrido pela música caipira em terras brasileiras: "Mas só nos Estados Unidos entenderam. Eles não se importavam. Aceitaram a música e gostaram, mas se fosse na Inglaterra, se dissesse que estava fazendo uma música country, ririam na sua cara. Ainda riem". Tony Bramwell completa: "É engraçado, mas eu ainda adoro essa música. Escrita pelos dois talentos de Dartford Kent [Mick & Keith] enquanto bebiam e brincavam de serem vaqueiros no fim do mundo, em fuckin' Matão. Este é o mundo da música".


terça-feira, agosto 04, 2015

'Podia ter um bar por aqui...'

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No programa "Espelho", apresentado pelo ator Lázaro Ramos no Canal Brasil, o mítico Luis Carlos Miele é entrevistado em um bar (veja aqui, se tiver senha de assinante) e conta sobre a época em que estava ensaiando a peça de teatro "Ménage à trois", com Rogéria e Chico Caruso, e vários de seus amigos morreram naquela época, em sequência, como Millôr Fernandes, Ivan Lessa e Chico Anysio. A série trágica fez até com que o nome da tal peça teatral mudasse para "Homenagem à trois". E, numa dessas (muitas) idas e vindas ao Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Miele encontrou o cartunista Jaguar - que, como ele, é um pé-de-cana "profissional" e "militante":

- Ô, Jaguar, a gente tá vindo tanto aqui que devia montar um bar do outro lado da rua e já ficar sentado lá, esperando o próximo enterro!

- Boa ideia, Miele! A gente abre conta e paga por mês.

- Pois é. E quando chegar nossa hora, é só atravessar a rua!

- Isso! E eu já tenho até o nome do bar.

- Qual é, Jaguar?

- SAIDEIRA.


sexta-feira, julho 31, 2015

'Crise' ou 'bonança' no noticiário econômico depende do preço

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Já tô com os pacová cheio dessa conversinha sobre "crise econômica" no Brasil, principalmente depois de viajar a Portugal e testemunhar hordas e hordas de milhares, quiçá milhões, de brasileiros passeando, comendo e bebendo do bom e do melhor e gastando "os tubos", sem limite ou preocupação com o dia de amanhã. Vários portugueses e espanhóis comentaram, de forma agradecida (e sem que eu perguntasse nada), que somos nós que estamos salvando a economia deles. Um amigo que trabalha com emissão de passagens aéreas diz que, todo dia, na primeira hora de expediente, seus colegas fazem mutirão para dar conta da demanda. Conheço dezenas de pessoas (inclusive familiares) que, nos últimos meses, trocaram de carro (para modelos caríssimos), compraram imóvel ou fizeram viagem ao exterior. Fora os (altos e permanentes) gastos com cães e gatos, salões de beleza, roupas caras, almoçar e jantar fora, cervejas importadas, comidas gourmet, academias de ginástica etc etc etc. Quanto mais os supermercados aumentam os preços, mais eles gastam; e quanto mais eles gastam, mais aumentam os preços. Realmente, essa "crise" até a Grécia quer... Mas eu sei, a onda é "fora, Dilma", "morra, Lula", "petrolão", "crise", "inflação", bla-bla-bla-blá. Se deu no Jornal Nacional ou na Veja, é "fato". Será?

Em 16 de maio do ano passado, o camarada D.Sartorato alertou em uma rede social: "O alvo agora é o Brasil, e já está rolando com toda força o festival de más notícias na mídia internacional (na nossa aqui não precisa nem comentar, nada mudou), com o objetivo de criar receio entre os investidores internacionais (...) A Petrobras já está na mira dos parasitas". E agora, 14 meses depois, leio notícia do Portal Fórum sobre desenvestimento na Petrobras por pressão internacional... Mas voltando lá atrás, em 22/05/2014, sob o comentário "começou a baixaria", Sartorato fazia novo post na rede social com a seguinte nota do blog de Fábio Alves, do caderno "Economia & Negócios", do Estadão: "Dólar sobe se Dilma vencer e cai se ela perder, diz consultoria". "A palavra-chave dessa história é confiança e o mercado financeiro hoje não tem mais confiança na presidente", opinava ao jornal Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências - ou, mais apropriadamente, TENDENCIOSA, pois sempre esteve alinhada ao PSDB (veja aqui, aqui, aqui e mais aqui).

Pois bem: lendo o interessante "1929 - Quebra da Bolsa de Nova York, a história real do que viveram um dos eventos mais impactantes do século", de Ivan Sant'Anna (Editora Objetiva, 2014), cheguei à conclusão de que o autor batizou o capítulo 19 de "Espertos e otários" referindo-se, exata e respectivamente, aos meios de comunicação e aos leitores. Antes, no capítulo 5, Sant'Anna explica que, nos negócios na Bolsa, grandes especuladores se unem para fazer pools de compra de ações, enganando todo mundo e lucrando horrores. Explica ele (e o grifo é meu): "Poderíamos definir como 'puxadas', vários corretores se reuniam, adquiriam grandes lotes de determinado papel e começavam a espalhar notícias favoráveis a respeito dele, inclusive subornando jornalistas. Isso atraía levas de compradores gananciosos, em busca de um lucro fácil. Os preços então subiam e os integrantes do pool se desfaziam de maneira ordenada de seus títulos, deixando para a manada de investidores que vinha atrás o prejuízo quando sobreviesse a inevitável baixa, numa espécie de jogo das cadeiras". Manada de investidores = manada de leitores crédulos.

Voltando ao capítulo 19, o autor do livro narra uma dessas maracutaias, digo, um desses pools feito em março de 1929, às vésperas da quebra da Bolsa de Nova York, para "alavancar" ações da RCA, e detalha: "Restava (...) aos puxadores o mais difícil em qualquer pool: vender seus papéis para uma nova onda de compradores. (...) Tal mágica só era possível porque Michael Meehan, Tom Bragg, Ben Smith e seus parceiros [do pool] tinham a seu soldo uma equipe de jornalistas conceituados. Conceituados aos olhos do público, que era o que interessava". A seguir, lista alguns jornalistas da época que escreviam para os "otários": Richard Edmondson, do Wall Street Journal; William Gomber, do Financial America; Charles Murphy, do New York Evening Mail; J. F. Lowther, do New York Herald Tribune; William White, do New York Evening Post e W. F. Walmsley, do The New York Times. Segundo Sant'Anna, todos eles "aceitavam suborno para divulgar notícias falsas a respeito da empresa que os participantes de pools queriam puxar ou derrubar".

O livro conta que "as notícias foram tão exageradas que em 13 de março, graças a um artigo do Wall Street Journal, a [ação da] RCA fechou a 94 dólares" e que em 16 de março o valor subiu para 109 dólares, quando, "embora ninguém soubesse, a não ser seus integrantes, o pool se livrou de suas últimas ações". Restou aos "otários" que acreditaram nos jornais arcar com o rombo em 23 de março, quando o preço da mesma ação da RCA despencou para 87 dólares. E os "espertos" faturaram alto: "O lucro líquido do pool concebido por Michael Meehan foi de 4.924.078,68,00 de dólares", diz o livro. Mas Ivan Sant'Anna lembra-se de uma honrosa exceção na classe jornalística, Alexander Noyes, editor financeiro do The New York Times, que "continuava convicto de que a alta da Bolsa se aproximava do fim e o dizia abertamente em seus comentários no jornal". "Derrotista é o que ele é. O jornal deveria despedi-lo", acusavam seus detratores. Algo como destacar aspectos econômicos favoráveis do governo Dilma (aos assalariados ou aos mais pobres, por exemplo) em meio à tormenta - o que pode render não só bate-boca como violência física, hoje em dia, no Brasil.


terça-feira, julho 28, 2015

Pra fazer a economia (ou a cabeça) girar

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segunda-feira, julho 27, 2015

Pato emPata com Paulo Lumumba

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Lumumba também fez 29 gols pelo São Paulo
Informação "relevante": com a confirmação de que o gol da vitória do São Paulo sobre o Cruzeiro ontem foi mesmo de Alexandre Pato (depois de o 4º árbitro ter apontado Carlinhos como autor e voltado atrás), o atacante chegou a 29 tentos marcados com a camisa do Tricolor e empatou, na 80ª posição do ranking histórico dos artilheiros do clube, com Paulo Lumumba. Para quem nunca ouviu falar nesse jogador (o que é mais do que provável), o gaúcho Paulo Otacílio de Souza (1936-2010) jogou pelo time do Morumbi nas temporadas de 1960 e 1961 e também atuou por Grêmio e Fluminense. Assim como Pato (até agora), Lumumba não ganhou título algum pelo Tricolor.

Bicampeão brasileiro, Hugo hoje está sem clube
Atleta pertencente ao Corinthians, Alexandre Pato está emprestado ao São Paulo até dezembro deste ano e, assim, pode alcançar outros jogadores que passaram pelo clube recentemente no ranking dos artilheiros do Tricolor: Hugo, bicampeão brasileiro em 2007 e 2009, e que está livre no mercado depois de passagem pelo Vitória, fez 31 pelo time do Morumbi, e está logo a frente, em 79º lugar. Lucas, atualmente no Paris Saint Germain, fez 33 e está empatado com o hoje comentarista Caio Ribeiro na 75ª colocação. Outra figurinha carimbada, Souza, campeão paulista, da Libertadores, Mundial e tri-brasileiro na década passada, e que também está sem clube após abandonar o Caxias-RS, marcou 35 gols pelo São Paulo é o 67º no ranking.

Reinaldo, que estava no Inter de Lages
Em atividade tem ainda o hoje corintiano Danilo, com 36 gols pelo São Paulo (63º colocado no ranking do clube), o Hernanes, da Internazionale de Milão, que, assim como Dario Pereyra, marcou 38 vezes pelo time do Morumbi (ambos estão na 58ª posição), o Diego Tardelli, que está na China, e o Grafite, que voltou agora ao Santa Cruz, ambos com 39 gols (empatados com Cafu no 55º lugar), e Reinaldo, ex-Santos e Internacional, que jogou pelo Inter de Lages-SC no 1º semestre, com 41 gols com a camisa sãopaulina (52º lugar). Um pouco mais a frente tem Kaká (que passou pelo São Paulo em 2014, a caminho do Orlando City) e Marcelinho Paraíba (Joinville), ambos com 51 gols pelo São Paulo, na 39º colocação; o Borges, da Ponte Preta, com 55 gols (32º); e o Dagoberto, do Vasco, com 61 (30º lugar).

Rogério Ceni: mais 7 gols para alcançar Maurinho
E dois jogadores que estão fechando o ciclo no São Paulo ainda podem avançar nesse ranking até o fim do ano. O primeiro é Rogério Ceni, que fez 129 gols e é o 10º maior goleador da história do clube - e, com muita sorte, poderia alcançar Maurinho (1933-1995), que fez 136, ou o lendário Leônidas da Silva (1913-2004), que marcou 144 vezes. O segundo é Luis Fabiano, atual 3º colocado no ranking, com 205 gols, e que - muito dificilmente - alcançará o 2º, Gino Orlando (1929-2003), que fez 233 gols, ou o artilheiro máximo do São Paulo, Serginho Chulapa, que fez 242. Como hoje é muito raro um jogador - que não seja goleiro - passar dez temporadas no mesmo clube, como Chulapa, é bem provável que sua marca se eternize. Afinal, Luis Fabiano "subiu no telhado"...

DA SÉRIE 'MAS... JÁ VAI?' - Depois de ir e não ir, o atacante Jonathan Cafu acabou "fondo" para o portentoso Ludogorets, da Bulgária, numa transação em que o São Paulo ficará com menos da metade do valor apurado. A debandada de atletas do Morumbi neste meio de ano reflete a crise financeira enfrentada pelo clube e sugere que todos no elenco, de titulares a reservas, estão acionando seus empresários para tentarem pular fora do "barco furado". No entanto, para além da falta de grana, a saída do Cafu (genérico) é mais um exemplo inegável das "cabecices" da diretoria quando tenta reforçar o ataque da equipe. Além de Jonathan Cafu, que fez apenas 12 jogos (e 1 gol), o clube acabou de emprestar o prata-da-casa Ewandro (que jogou só 22 vezes e fez 2 gols pelo profissional do São Paulo) e, no ano passado, teve passagem-relâmpago de Pabón (18 jogos e 2 gols). Agora a aposta é em Wilder Guisao, que estava encostado no mexicano Toluca. Ou seja: nada de novo no front...


quarta-feira, julho 22, 2015

É o que tem pra hoje

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Notícias "alvissareiras" do São Paulo Futebol Clube:





Como diria o camarada De Faria...



terça-feira, julho 21, 2015

Tipos de cerveja 82 - As Mead/ Hidromel

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Tal como as cider, as mead não  são exatamente cervejas, apesar de também passarem por um processo de fermentação. De caráter forte e alcoólico, utilizam o mel para ajudar a fermentar e o seu sabor. Será que viria daí a folclórica expressão - ou mézis - do São Mussum? Pois prestem atenção no que nos conta Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo (o grifo é nosso): "Extremamente antiga, é bem provável que a sua produção e consumo se fizessem num período onde ainda não existisse vinho e, de uma forma mais certa, cerveja. (..) Constata-se que várias civilizações conheciam e apreciavam este néctar, nomeadamente os gregos, que a chamavam melikraton, os romanos, que a designavam por água mulsum (apesar de, neste caso, poder ser igualmente uma variante feita com vinho de uva adocicado com mel) e mesmo os maias, que tinham uma bebida em tudo similar".  Mulsum? Bebida feita de "mé"? Muita coincidência... Mas prossegue o camarada Aquino: "A primeira menção histórica ao hidromel foi feita num dos hinos do Rigveda, o documento mais antigo da literatura hindu, escrito por volta de 1700-1100 a.C. Também Aristóteles, na Metereologica, e 'Plínio, o Velho', na sua História Natural, relatam fatos relacionados com esta bebida". E completa: "No entanto, os maiores apreciadores de hidromel eram os povos nórdicos e eslavos, sendo que para a mitologia dos primeiros, esta bebida aparecia como a favorita dos deuses. Outras culturas antigas consumidoras desta beberagem foram os celtas, saxões e vikings" - e o bom desse blog, como diriam os futepoquenses, é que a gente aprende. Buenas, com tanta tradição, até que bate curiosidade. Pra quem quiser se arriscar (e conseguir encontrar algum lugar que venda), o site Cervejas do Mundo recomenda marcas como a Apis Poltorak Jadwiga, a Dansk Mjod Vikingernes Mjod (foto) ou ainda a Triumph Honeymoon Braggot.


sexta-feira, julho 17, 2015

Coincidência macabra: Ghiggia morre num 16 de julho

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O adeus do último atleta que entrou em campo em 16/07/1950
Se 52 milhões de brasileiros choraram no dia 16 de julho de 1950 (principalmente os 200 mil que estavam no recém-inaugurado estádio do Maracanã), quando sua seleção de futebol perdeu a Copa do Mundo em casa, de virada, dependendo de um mero empate para ser campeã, 3,5 milhões de uruguaios também choraram ontem, exatos 65 anos após a inacreditável conquista de sua seleção no Brasil, com a morte daquele que fez o gol consagrador da vitória na ocasião: Alcides Edgardo Ghiggia, o herói do "Maracanazzo". A coincidência macabra leva muitos céticos a reconsiderarem seu desprezo pelo tal "destino". Foi num 16 de julho que Ghiggia, 23 anos, virou celebridade eterna do futebol mundial; e foi na mesma data, aos 88 anos, que morreu. E morreu, simbolicamente, de ataque cardíaco. Quantos brasileiros devem ter sofrido esse mesmo colapso no momento do segundo gol uruguaio, aos 34 minutos do segundo tempo, naquela decisão no Maracanã?

Um chute forte, de perna direita, e a bola passou entre Barbosa e a trave: 'Maracanazzo'

Mais simbologia: Ghiggia, justamente o protagonista, era o último atleta vivo dos 22 que entraram em campo naquela fatídica decisão. Além dele, o Uruguai jogou com o goleiro Máspoli (morto em 2004), Andrade (1985), Gonzalez (2010), Tejera (2002), Gambetta (1991), Obdulio Varela (1996), Julio Pérez (2002), Schiaffino (2002), Míguez (2006) e Morán (1978). Pelo Brasil, os infortunados que disputaram a partida foram o - mais infortunado de todos - goleiro Barbosa (morto em 2000), Augusto (2004), Juvenal (2009), Bigode (2003), Bauer (2007), Danilo Alvim (1996), Zizinho (2002), Jair Rosa Pinto (2005), Friaça (2009), Ademir de Menezes (1996) e Chico (1997). O regulamento da época não permitia substituições, portanto só estes jogadores pisaram o gramado naquele jogo.

A Roma indispôs Ghiggia com o Uruguai
O que muita gente não sabe é que, apesar de herói máximo do título uruguaio de 1950, Ghiggia fez a última partida pela seleção de sua pátria logo em seguida, em 1952, aos 25 anos. É que naquele ano ele se transferiu para a Roma, da Itália, e, para a Copa de 1954, a Associação Uruguaia o chamou, mas, surpreendentemente, o clube italiano não o liberou - mesmo o Mundial sendo disputado na vizinha Suiça. Apesar da responsabilidade ter sido do clube, o episódio fechou as portas para Ghiggia na seleção de seu país. Por isso, aproveitando sua ascendência italiana (a pronúncia original de seu sobrenome é "Guídja", ao contrário de "Jíjia"), decidiu jogar pela Squadra Azzurra. Curiosamente, como companheiro, teria o outro uruguaio que também marcou gol na decisão de 1950: Schiaffino, que fez sua última partida pelo Uruguai na Copa da Suiça, transferiu-se para Milan e Roma e também decidiu atuar pela seleção italiana. Porém, mesmo com ambos na linha de ataque, a Itália não conseguiu se classificar para a Copa da Suécia, em 1958.

Vã esperança: imprensa tupiniquim tentou forçar um 'tapetão' pra anular título uruguaio

Polêmica: uruguaio ou argentino? - Outra coisa que caiu no esquecimento foi a tentativa da mídia esportiva brasileira (ah, a mídia esportiva brasileira!) de usar Ghiggia e outro uruguaio campeão, Morán, para "anular" a partida que decidiu a Copa de 1950. Três dias após a tragédia brasileira no Maracanã, o Jornal dos Sports, do jornalista Mário Filho (que depois daria nome ao estádio), insinuou que os dois atletas, na verdade, teriam nascido na Argentina - o que tornaria irregulares suas atuações pelo Uruguai.  "Ontem as últimas horas da tarde”, dizia o jornal, “foi divulgado que o encontro Brasil x Uruguai seria anulado, em virtude de não ser uruguaio o ponteiro direito Ghiggia, por sinal fator preponderante na vitória dos 'celestes'. Segundo as aludidas versões, Ghiggia seria argentino de nascimento e estaria portanto em situação irregular na seleção oriental. O mesmo se daria com Morán, seu companheiro da ponta oposta." Como MUITAS coisas publicadas ainda hoje pela imprensa tupiniquim, comprovou-se depois que nada disso era verdade.

Frame do vídeo no exato momento da mentira
Talvez para se vingar, Ghiggia acabaria topando, em 2013, uma brincadeira proposta por uma editora uruguaia e levada a cabo por quatro jornalistas locais: publicar que Obdulio Varela, o mítico capitão da conquista no Maracanã, era na verdade brasileiro. "Quatro meses, milhares de reuniões e mais de milhares de cervejas depois, o livro estava pronto. E o título também: 'Obdulio era brasileiro'. Impactante", conta Héctor Mateo, no texto de contratapa do livro "Obdulio era brasilero – Cuentos de fútbol". Para sua surpresa e de todos os envolvidos, ao entrevistarem Ghiggia e contarem sobre a molecagem, o herói de 1950 topou na hora - e gravou um vídeo atestando categoricamente a mentira sobre Obdulio, que, postado na internet, gerou repercussão avassaladora. "Foi uma loucura. Diário, canais de televisão, rádios, ATÉ A GLOBO, sabe a alegria que tinha minha mãe quando saímos na Globo? Éramos maiores que o Rei do Gado!". Temerosos das consequências, os mentores da brincadeira teriam ainda mais uma surpresa."Teríamos que saber até quando aguentaria Ghiggia sem nos mandar à prisão. Ligaram quinhentas vezes ao velho. E quinhentas vezes mais também. E bancou a história. Bancou como um duque", acrescenta Héctor Mateo.

Com Jairzinho, 'Furacão da Copa' de 1970: 'Amo o Brasil e torço pelo país', disse Ghiggia

Credencial de Ghiggia para a Copa de 2014
De toda forma, mesmo tendo sido o "carrasco" da maior tragédia futebolística brasileira, Ghiggia dizia ter apreço pelo país vizinho. "Amo o Brasil e torço pelo país. Se o Uruguai não puder ganhar, quero que ganhe o Brasil. Depois do que fiz, sou 'hincha' (torcedor) brasileiro. É uma terra linda, abençoada", comentou, ao jornal Lance!, às vésperas da classificação da Celeste para a Copa de 2014. "Sou sempre muito bem tratado e penso: se tratam assim quem lhes fez mal, imagine como tratam quem lhes fez bem?", completou. Ano passado, por ocasião da Copa, Ghiggia veio ao Rio de Janeiro como um dos convidados de honra da inauguração da Casa Coca-Cola, instalada ao lado do estádio do Maracanã. Junto dele, o ex-atacante da seleção brasileira Jairzinho, tricampeão em 1970. Na coletiva de imprensa, Ghiggia declarou: "Ganhamos, eu e meus companheiros, aquela Copa e demos alegria ao nosso país. Mas lamento que tenha deixado o Brasil inteiro triste". Uma grandeza que permite que nós, brasileiros, também fiquemos tristes, agora, com a morte dessa lenda do futebol.


quinta-feira, julho 16, 2015

O último desejo da falecida...

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...deve ter sido que a família enviasse um texto pra seção de obituário com sacanagem contra o próprio jornal nas iniciais de cada parágrafo:


Ps.: Pra quem duvida, as mesmas iniciais de cada parágrafo estão aqui na versão da internet.


quinta-feira, julho 02, 2015

É hora, é hora, é hora... de cerveja!

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Ps.1: Indagaria, não sem razão, o sr. De Massad: "Mas quem é que aguenta esperar meia hora pela próxima rodada de cerveja?";

Ps.2: Clique no nome do mitológico estabelecimento para saber mais: PONTO CHIC.


segunda-feira, junho 29, 2015

Um gol para cada mês de atraso de grana. Coincidência?

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Leandro Pereira chuta; Souza, Dória e Rogério Ceni 'assistem'; 1 x 0
Opinião de um torcedor do São Paulo: se o time do Palmeiras fosse pouca coisa melhor e não tivesse jogado apenas no contra-ataque, esperando as (quatro) falhas do oponente, o clássico de ontem teria sido um atropelo da magnitude dos 7 a 1 que a Alemanha enfiou no Brasil ano passado. O fraco, inoperante e inofensivo time (time?!?) de Juan Carlos Osorio foi à casa do adversário sem sistema - ou qualquer tipo de planejamento - defensivo. E sem zagueiros, se considerarmos que nem Dória nem Rafael Tolói merecem a alcunha. Pior: o São Paulo jogou - mais uma vez - com um a menos, pois Paulo Henrique Ganso, como diria o Padre Quevedo, "non ecziste" (ou dois a menos, se considerarmos a participação "efetiva" de Luís Fabiano). Repito: se o time do Palmeiras tivesse se empolgado e "partido pra cima", com sua torcida empurrando, teria feito 7 ou 8 gols, fácil fácil.

Victor Ramos sobe sozinho e comemora após testar para a rede: 2 x 0
Mas os sonoros 4 a 0 - que se estendem para 7 a 0 se considerado o Choque-Rei anterior - já servem para a torcida alviverde gargalhar por um bom tempo, e para os ingênuos que ainda bravateiam o tal "forte elenco do São Paulo, um dos melhores do Brasil" pararem de acreditar em Papai Noel, digo, na mídia esportiva (ah, a mídia esportiva!). Nem vou fazer comentários sobre o técnico colombiano, suas (polêmicas) anotações em caderninhos, escalações, substituições ou expulsão no clássico de ontem, pois considero que nem José Mourinho, nem Pepe Guardiola e nem Jesus Cristo conseguiriam transformar esse catado do São Paulo em uma equipe realmente competitiva. Enquanto a diretoria forçar as escalações de Ganso, Luís Fabiano e Pato, sonhando com futuras (e improváveis) transações, a torcida tricolor terá que se conformar com derrotas e vexames.

Rafael Marques faz 3º - no jogo e dele sobre Rogério Ceni neste ano
E não só esses três: quando vi a dupla de zaga ontem, Dória e Tolói, já previ uma tarde de pesadelo. Aliás, eu sempre considerei o (mediano e esforçado) Paulo Miranda melhor do que o (abaixo de mediano e entregador de rapadura) Tolói. Isso se confirmou com a venda do primeiro (que, bem ou mal, tinha alguém interessado nele), enquanto ninguém quer o segundo. Dória é uma enganação, e é melhor que vá embora. O superestimado Souza, idem. Os laterais Bruno e Carlinhos, "reforços" deste ano (ha!ha!ha!, riem os adversários), são ótimos para o banco de reservas - onde já "residem" outros três recém-contratados,Thiago Mendes, Centurión e Johnatan Cafu. E quem sobra? Michel Bastos. Que não é nenhuma Brastemp. E Rogério Ceni, em - triste e constrangedor - fim de carreira. Osorio já deve estar se dando conta da roubada em que se meteu...

Cristaldo cabeceia livre e completa o 'chocolate' do Palmeiras: 4 x 0
E se o time (time?!?!??) do São Paulo oferece "tantas" "opções" e "tantos" "talentos" para o técnico, ou qualquer técnico, seja ele quem for, quem é responsável? A diretoria, lógico. A mesma que, em certos nichos da mídia esportiva (ah, a mídia esportiva...), é elogiada como "moderna", "eficiente". A mesma que alardeou a venda de Rodrigo Caio para o Valencia... SÓ QUE NÃO! (clique aqui para ler sobre o fiasco) A mesma que, nesta segunda-feira de gozação palmeirense e cabeça inchada sãopaulina, nos proporciona mais uma prova de sua "eficiência" e "modernidade": a notícia de que o "São Paulo não vai pagar elenco no dia 10; serão quatro meses de atraso". Não é curioso? QUATRO meses: o mesmo número de gols sofridos ontem no estádio do Palmeiras. Imagine o que teria acontecido no jogo se a diretoria estivesse devendo nove ou dez meses de grana!

PS.: E o técnico do Palmeiras nos 4 x 0 era Marcelo Oliveira. AQUELE MESMO.


sexta-feira, maio 22, 2015

Nossa irrestrita solidariedade ao Araújo

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Segura na mão de Deus... Mas serve uma com a outra mão, por favor.


quarta-feira, maio 13, 2015

O risco de Marcelo Fernandes se tornar Claudinei Oliveira

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O empate entre Avaí e Santos mostrou, como no segundo jogo da final do Paulista contra o Palmeiras, o Santos caindo de produção e de intensidade no segundo tempo. Com a vantagem, conseguida na etapa inicial pelo gol de Robinho, o Alvinegro mais uma vez mostrou uma certa acomodação e aceitou a mudança de postura do adversário sem reagir, mesmo tomando o empate.

Na partida decisiva do estadual, Oswaldo de Oliveira colocou Cleiton Xavier em campo após perder Dudu expulso, passando a explorar as laterais do campo. O Peixe, que teve Geuvânio punido com o cartão vermelho, não conseguiu acertar sua marcação pelos lados, lembrando que o onze santista era responsável por barrar o avanço do lateral adversário pelo lado direito. Resultado da inação santista: Ricardo Oliveira estava na marcação do lateral Lucas no tento do adversário, mostrando que a equipe demorou a responder à mudança do rival.

Mais uma vez a lateral foi o calcanhar de Aquiles peixeiro na etapa final. Desta vez, no segundo tempo Gilson Kleina colocou Roberto, que atuou no lado esquerdo da defesa santista, forçando a jogada individual e fazendo com que os donos da casa por vezes tivessem superioridade numérica no setor. A pressão era evidente e, mais uma vez, o Santos pouco fez para responder à alteração tática do Avaí. 

É pelos lados o mapa da mina. Do Santos e do adversário

Marcelo Fernandes precisa treinar para que o Peixe possa sair dessa situação de jogo. Treinadores adversários já perceberam que o potencial ofensivo santista depende da subida de seus laterais/alas, que apoiam o ataque dando opções para os meias e os homens de frente. Quando o técnico adversário ocupa esse setor, prega na defesa Victor Ferraz e Chiquinho. Com uma deficiência quase crônica dos dois volantes de fazerem a cobertura pelos lados – defeito em especial de Valencia – a pressão se intensifica e o gol passa a ser questão de tempo.

Para voar mais alto no Brasileirão, Peixe precisa ter ousadia
Uma alternativa para ser utilizada nesse tipo de cenário é justamente explorar as costas da defesa rival pelos lados. E aí entra a coragem e a vontade de vencer do treinador. Ontem, por exemplo, o Alvinegro usou pouco os lados na etapa final, mesmo quando um jogador chegava ao ataque, Robinho, por exemplo, fechava no meio em vez de abrir pela ponta esquerda. Atuava assim também porque não adiantaria ele fazer a jogada pela ponta com apenas Ricardo Oliveira na área contra dois ou mais defensores. Sem a chegada dos homens do meio ou do lateral, a jogada pelo lado, em um campo de grandes dimensões, tem grandes chances de não dar em nada, daí a tentativa do Rei das
Pedaladas de jogar perto do centroavante.

Sobre Ricardo Oliveira, aliás, outro pecado do técnico. Ele jogou mal o tempo todo, mesmo assim atuou até o final da partida. Perdeu lances preciosos, chegou a travar contra-ataques matando errado a bola. Estava em um dia ruim, até aí, todos nós temos os nossos. Mas não foi sacado. Fernandes preferiu abrir mão de Geuvânio, que também não tinha boa atuação, e colocar Gabriel fora de seu habitat natural, a área. A alteração foi inócua, ainda mais por ter sido feita aos 34, como tem sido o costume do técnico. Sempre um pouco tarde demais.

Quanto Claudinei Oliveira assumiu o Santos depois da saída de Muricy Ramalho em 2013, dirigia um time que sentia a falta de Neymar. Conseguiu arrumar o sistema defensivo alvinegro, a equipe jogou bem algumas partidas e chegou quase perto de brigar pelo G4. Mas, quando teve oportunidades de ganhar partidas que poderiam mudar a situação do clube na tabela, preferiu não ousar e se satisfazer muitas vezes com um empate, não tentando vencer. Achou que assim, com um desempenho mediano, conseguiria manter o cargo. Não percebeu que um técnico novato precisa na verdade mostrar mais do que os “medalhões”, sendo diferente. E, por que não, ousado.

Marcelo Fernandes não pode repetir o erro de Claudinei. Como já dito aqui, tem um elenco acima dos que o Peixe possuía nos últimos dois anos e, com o relativo enfraquecimento de alguns adversários no Brasileiro, sonhar com o G4 não é nenhum absurdo ainda mais se vierem alguns reforços. Mas precisa saber que deve ter coragem em determinados momentos e situações de jogo. Arroz com feijão não seguram um treinador em início de carreira no banco.

No final das contas, foi o Avaí, que perdeu dois gols inacreditáveis na etapa final, quem deixou de vencer. Não pode ser assim contra um candidato ao rebaixamento.

Gustavo Henrique e Vladimir

Desnecessário dizer que Gustavo Henrique, que entrou no lugar de Werley, dono da imagem do jogo, teve uma atuação ruim. Fez a falta desnecessária que gerou o gol de Marquinhos, ex-Santos, e, ao cometer outra falta similar, tomou o segundo amarelo e foi expulso. Mas é preciso destacar também que, nas duas ocasiões, estava bem longe da área, e só teve essa atitude por conta da inação santista com a blitz que o Avaí promoveu no lado canhoto da intermediária do time. Entrou em uma fria e não foi bem. Mas a culpa não é só dele.

Já Vladimir tomou um gol em uma cobrança de falta bem feita por Marquinhos. Não, não era uma bola indefensável. Além disso, repôs mal a bola em mais de uma ocasião, colocando em risco a defesa ao despachar a redonda no próprio campo. Na partida contra o Palmeiras, ensaiou o erro que cometeu contra o Maringá, ao tentar encaixar a bola e soltá-la em duas ocasiões. É um goleiro que tem um reflexo apurado, fazendo defesas à queima-roupa, mas não adianta ter essa virtude se falha em outros fundamentos.