Destaques

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Experiências (no Paranaense)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Rodrigo Ponce Santos*

Como todos os regionais, o Campeonato Paranaense vive um momento de experiências e mudanças.

No Alto da Glória, não existe uma só pessoa que não chore ao ver os gols do Keirrison no Palmeiras. O Coritiba é o pior ataque da competição com apenas 2 gols em 4 partidas. Agora o atacante Hugo vai ter sua chance contra o Paranavaí, depois de marcar o gol da vitória contra o Foz. Além desta experiência, o time sofre três alterações: Ariel, Paraíba e Dinélson estão no Departamento Médico. Melhor para Renatinho, meia da base que foi emprestado ao Londrina no ano passado e agora tem a oportunidade de compor o elenco principal do Coxa. Outro atleta da base deve retornar para ajudar o time. Tiago Real, que disputa o Paranaense pelo Iguaçu, deve retornar como opção para o lugar de Marlos, outra revelação que migra para “os grandes” depois de Maio.

Também por falta de gols, Abuda deixa o Paraná Clube. Sem marcar durante cinco jogos, o ex-corintiano rescindiu o contrato e deverá disputar o Paulistão pelo Marília. Os paranistas esperam agora a estreia do atacante Osmar e do lateral-esquerdo Fabinho. Além do retorno do zagueiro Luis Henrique, que pode tomar o lugar de Jonathas se Paulo Comelli decidir manter o atual esquema de dois zagueiros. Diante de tantas possíveis alterações, o que já mudou no Paraná foi o salário e a multa rescisória do meia Elvis, de apenas 18 anos e destaque neste início de ano.

Fora de campo, o tricolor quer ainda mudar a arbitragem. Depois da derrota contra o Londrina dentro de casa (1x2), o clube protocolou junto à Federação Paranaense de Futebol (FPF) um pedido de afastamento do trio que apitou a partida e anulou dois gols do anfitrião. Parece que a Federação já havia decidido pelo afastamento do bandeirinha José Amilton Pontarolo, mas isto não é o bastante, na opinião de Aurival Correia, presidente paranista. Além da punição, o Correia apela: “Não façam mais laboratórios conosco”.

Enquanto isto, tudo vai “muito bem, obrigado” para o Londrina, que fez 2x1 no Foz do Iguaçu. Com a segunda vitória fora de casa, o Tubarão alcançou os 10 pontos e a terceira colocação. Pertinho de Londrina está a cidade de Maringá. A rivalidade entre as duas estrelas do norte é tradicional dentro e fora de campo. Mas, neste ano, os maringaenses ficaram sem time e o campeonato sem o clássico Tubarão x Galo. Agora surgem boatos de que o J. Malucelli – futuro Corinthians do Parque Barigui – pode se mudar para Maringá. O presidente desmente a mudança imediata, mas confirma que o time deve mandar jogos no interior. Provavelmente serão como testes da recepção do novo produto pelo público consumidor, para ver até onde pode chegar a expansão do negócio. Diante da hipótese, fica a pergunta: para quem vão torcer os milhares de corintianos que vivem em Londrina?

Também perto de Londrina, mas na tabela do campeonato, está o Toledo. O time – que tem uma parceria muito mais digna com o São Paulo FC – empatou com o Atlético nesta quarta-feira e mostrou que tem boas chances de se manter nas primeiras colocações. Apesar de Rafael Moura (foto) afirmar que o Atlético ficou “abaixo da crítica”, a verdade é que o jogo foi difícil e do outro lado tinha um time muito bem montado e com alguns destaques individuais, caso do veterano Marcos Aurélio (ex-Flamengo), dos jovens Rafael, Bruno, Hernani e principalmente do goleiro Fabiano, principal responsável pelo empate.

As experiências do Geninho já estão mostrando alguma coisa. Como o próprio técnico afirmou, “a zaga titular é o Valencia, o Ferreira e o Rafael pelos gols que fez também”. As duas alas seguem em versão beta. Zé Antônio foi bem ontem pela direita, mas apresenta defeitos típicos da improvisação. Já Alex Sandro entrou meio desligado. Nas suas costas o Toledo fez suas principais jogadas no primeiro tempo e quando subiu pro ataque o moleque foi meio displicente. Deu pra ouvir aqui de casa o Geninho gritando: “Joga sério! Você não está sozinho”.Ele melhorou, mas não o bastante pra tomar o lugar do Netinho. Pelo meio, apesar de uma apresentação mediana contra o Toledo, acredito que Marcinho seja o titular no lugar de Julio dos Santos.

Agora o Furacão tem duas partidas em casa. Primeiro, o Nacional de Rolândia, e depois o Paraná. Com duas vitórias o time dá largos passos em direção ao primeiro lugar nesta fase classificatória, o que significa dois pontos de lambuja na próxima fase. A outra vantagem, esdrúxula, foi alterada ontem pela FPF e a Rede Globo. É isso ai mesmo: o regulamento do Campeonato Paranaense foi alterado assim, no meio da competição. O artigo 9 previa que o time campeão da primeira fase jogasse todos os jogos em casa. Ok, era uma norma ridícula. Mas isto é hora de experiências?


*Rodrigo Ponce Santos é torcedor do Atlético-PR, escreve sobre o futebol do Paraná para o Futepoca e é autor do blogue Pretexto.

Afogando as mágoas na cerveja

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Pouco antes do pé na bunda: Pete Best, George, Paul e John

Outro dia comentei aqui, num post sobre os Beatles, como o empresário Brian Epstein despachou o baterista Pete Best da banda, substituindo-o por Ringo Starr. Historicamente, como o próprio guitarrista George Harrison dizia, essa teria sido uma "grande maldade". Afinal, foi a partir da entrada de Pete, em agosto de 1960, que a banda cristalizou-se como a melhor de Liverpool e conseguiu seu primeiro contrato de gravação com a EMI-Parlophone. Dizem que o produtor George Martin não gostou da batida do baterista. Dizem que Paul McCartney não ia com a cara dele e fez campanha para tirá-lo. Dizem que Epstein era apaixonado por Pete e, sem correspondência, vingou-se. Seja o que for, em 16 de agosto de 1962, o baterista recebeu um telefonema do empresário, demitindo-o (ao lado, reprodução da notícia em jornal da época). Quando a beatlemania explodiu no mundo e o quarteto - já com Ringo - ficou milionário, em 1964, Pete começou (lógico) a ter problemas de depressão, culminando com uma tentativa de suicídio no ano seguinte, ao vedar um dos cômodos de sua casa e abrir o gás (seu irmão o salvou). Curiosamente, naquela época, os Beatles lançavam no cinema o filme "Help!" - "Socorro!"...

Mais tranquilo, casado e com duas filhas, Pete trabalha desde 1969 numa agência pública de empregos, em Liverpool. "Passei a viver o que podemos chamar de uma vida normal: ir ao trabalho, voltar, sair para tomar uma cerveja, coisas assim", conta. "Mas, lá no fundo, ainda existe aquela sensação: 'Meu Deus, se eu tivesse continuado como um beatle!'. Hoje, penso que não faz diferença. Quando chego em casa, encontro as contas a pagar que o correio deixou embaixo da porta. Vem alguém e me diz: 'pague!'. E vou vivendo, afinal, todas essas coisas normais que todos vivem", acrescenta. Numa extensa entrevista de 2007 para o site Geneton, Pete contou a um repórter brasileiro o que aconteceu quando recebeu a notícia de sua exclusão dos Beatles. Aparentemente, ficou sem entender, pois o clima era bom entre eles. "Bem na época da minha saída, logo antes, nós estávamos todos bebendo juntos e parecíamos os melhores amigos do mundo", recorda o ex-baterista. E se foi bebendo que ele conversou com John, Paul e George pela última vez, foi também na manguaça, naturalmente, que tentou afastar o atordoamento. Veja o trecho em que ele fala sobre o dia fatídico:

Geneton - Que sensação ficou até hoje do dia em que você recebeu a notícia de que já não era um beatle? Deve ter sido um dia doloroso...
Pete Best - Não chegou a ser exatamente, porque foi como se uma bomba caísse na minha cabeça, assim, de repente. Só no dia seguinte é que tudo começou a entrar na minha cabeça, quando entendi que tinha acabado. Já era. É aí que a dor começa. Não se tem como voltar. Aquele terminou se transformando no dia mais doloroso, no sentido de que mudou a minha vida. Tive outros tempos duros, desde então. Mas aquele foi o dia que mudou todo o curso de minha vida. Eu me lembro bem. Era agosto de 1962.

Geneton - O "Times" recontou a história há pouco tempo. Você foi a um pub beber umas cervejas...
Pete Best - Umas? Muitas! (ri). Eu tinha acabado de falar com Brian Epstein, às 10 e meia da manhã. Um amigo estava me esperando do lado de fora. Recebi a notícia de que tinha saído dos Beatles e fui para fora. Meu amigo notou algo diferente. Perguntou: "o que foi que houve?". Eu disse: "Eu saí! Não sou mais um beatle!". Ele respondeu: "Meu Deus! Não pode ser verdade! O que é que aconteceu?" Eu disse: "Tudo o que quero fazer é tomar uma cerveja, afundar a minha cabeça!". Fomos para um pub. Derrubamos um bocado de cerveja. Chegou um momento em que eu disse: "Ok! Vamos para casa!". Quando fui para casa é que senti a pancada. E comecei a chorar. Chorei a noite inteira. É o tipo do choque de efeito retardado. Bem aí é que entendi: tudo tinha acabado.


Bebedeira em Hamburgo, Alemanha. Da esquerda para a direita: Stuart Sutcliffe (baixista, que morreria em 1962), John Lennon, Helmut (garçom), George Harrison, Paul McCartney e Pete Best

Distinção de vogais

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O colega Luiz Otávio me conta sobre uma brilhante entrevista de Carlos Santos (foto), governador do Pará em 1994, para a TV local:

Repórter - Governador, estamos prestes a sediar uma convenção muito importante. O que o senhor pensa sobre a OEA?

Carlos Santos - Olha, o que eu posso dizer é que o Ó é Ó e o A é A!

Um 3 a 2 de Diego Souza

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Em uma boa apresentação do camisa 7 palmeirense, Diego Souza, o líder do campeonato passou pelo Mirassol por um placar apertado. Sob chuva, não repetiu a boa atuação de partidas anteriores e claramente pisou no freio quando chegou ao terceiro gol, com direito a substituições dos três principais homens de frente (Keirrison, Willians e Diego Souza). Para alguns, foi um treino.

O primeiro gol saiu de falta, em um chute direto e forte do meia que passou pela barreira e o goleiro não pegou. A infração foi assinalada na sequência de um lance em que Cleiton Xavier fez falta no meio de campo, mas o árbitro não marcou.



Também de falta, o Mirassol empatou e, ainda na primeira etapa, com passe do nome do jogo para o 9 Keirrison, o Verdão voltou à frente do marcador. Na segunda etapa, aos 15, Diego Souza de novo açucarou a bola para o lateral Jefferson fuzilar o terceiro gol dos visitantes. O Mirassol diminuiria aos 44 e Lenny perdeu dois gols e foi parado com falta em outra oportunidade.

Quem para?
O Palmeiras chegou à oitava partida oficial na temporada com 100% de aproveitamento. Em 2006, sob a regência de Emerson Leão, o time chegou a sete partidas assim. Em 2008, fez seis. Antes, só em 1920 o Palestra Itália foi além da marca: fez 11 vitórias para começar o ano.

É levemente falsa a pergunta "quem para o Palmeiras". A atuação de quarta-feira mostrou que o time sabe ser objetivo, que não é totalmente dependente de um único jogador na frente, mas que tem uma defesa que ainda carece ajustes, mesmo tendo o cirúrgico Pierre à frente da zaga.

Contra o Paulista no Pacaembu quem joga é o time reserva, já que os titulares vão a Quito se ambientar na altitude. Contra a LDU, Vanderlei Luxemburgo deve armar um time mais recuado, mas não dá para saber se vai resolver a defesa. O fato de o time ser eficiente nos contrataques é uma arma mortal. Se acertar a retaguarda, eu passaria a considerar a pergunta mais pertinente.

Mesmo com poder de reação e boas opções para fazer gols, o Palmeiras não teve um adversário com uma apresentação consistente pela frente. O Santos pressionou por algum tempo e conseguiu finalizações muito boas, que não entraram por méritos e sorte do goleiro Bruno. Mas no geral não foi o adversário que se esperava.

É bem verdade, porém, que o time foi capaz de atropelar adversários como o Mogi Mirim que foram uma pedra no sapato de rivais como o Corinthians. Que tem um ponto a mais do que o segundo colocado com um jogo a menos. Mas por mais empolgante que tenham sido algumas das apresentações, como contra o Real Potosí, a de ontem contra o Mirassol foi boa pela vitória e por ver Diego Souza jogando bem.

Delay ao contrário

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem presenciei um fenômeno muito estranho (não, não era o Ronaldo Gordo). Quando fui me deitar, perto de meia-noite, ouvi o barulho da torcida no Pacaembu e lembrei que, naquele momento, ainda rolava a rodada do Paulistão. Explico: moro num prédio em que a janela do meu quarto está de frente para a Avenida Angélica, a um quilômetro (ou menos) do estádio municipal. Por isso, ao ouvir o barulho, liguei o radinho de pilha para saber o que estava acontecendo. O jogo que estava sendo transmitido era exatamente o do Pacaembu, onde o Corinthians empatava por zero a zero com o Mogi Mirim, aos 35 do segundo tempo.

Logo em seguida, porém, o alvinegro abriu o placar, com Boquita (leia post do Nicolau abaixo). O esquisito foi que ouvi a torcida gritando, pelo rádio, e só dois ou três segundos depois a gritaria in loco chegou até a minha janela. Fiquei confuso. Geralmente, quando a gente está assistindo um jogo pela TV e acompanhando ao mesmo tempo pelo rádio, notamos o chamado delay - ou seja, a gente ouve primeiro pelo rádio o que a TV mostra com alguns segundos de atraso. Mas o que eu percebi ontem era que o rádio também adiantava o som da torcida que estava a algumas quadras da minha casa.

Pensei que tinha me enganado, mas tirei a prova dos nove quando, no final do jogo, Chicão cobrou o pênalti e fez 2 a 0. Mais uma vez, ouvi a torcida explodindo pelo rádio e, dois ou três segundos depois, chegou o barulho que vinha diretamente das arquibancadas do Pacaembu até o meu prédio. Alguém pode me explicar o que acontece? Observação: eu não estava bêbado.

Corinthians vence Mogi Mirim e segue na vice-liderança

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Corinthians venceu o Mogi Mirim por 2 a 0, em mais um joguinho maleta de assistir. Dessa vez menos pelo time da capital e mais pela postura absolutamente defensiva do visitante. O jogo foi na prática um treino de ataque contra defesa.

Mano Menezes entrou com André Santos (que jogou melhor) de meia aberto na esquerda, fazendo dupla com o estreante Escudero – que me deu a impressão de ser meio cavalo, mas tocou bem a bola e não comprometeu. Creio que a idéia do treinador era que Morais ficasse mais pelo meio e Jorge Henrique pela direita, com o auxílio de Elias e Diogo. Mas como o Mogi desencanou de atacar, o esquema ficou tão aberto que se tornou comum ver Chicão chegando para armar o jogo.

Mesmo assim, o Timão colaborou com a falta de emoções pela falta de competência em furar o bloqueio do adversário. O primeiro gol saiu aos 40 minutos do segundo tempo: após um cruzamento na área, a bola sobrou para Morais, que deu um passe rápido para Lulinha que evitou a saída e conseguiu cruzar rasteiro. Elias desviou de calcanhar e o garoto Boquita fez seu primeiro gol no time principal. O segundo saiu de pênalti, quatro minutos depois. Lulinha foi derrubado e Chicão, sempre ele, botou pra dentro.

No segundo tempo, Mano Menezes realizou o sonho de boa parte da torcida e sacou Souza do time. Entrou Otacílio Neto, deixando o ataque mais rápido e móvel, mas sem referência na área. Não fez grande diferença, pra falar a verdade: o time continuou pressionando e não conseguindo criar oportunidades agudas de gol.

Banco nele?


Tenho defendido que a torcida tenha paciência com Souza, mas talvez o técnico esteja esgotando a dele. O problema é que não tem mais ninguém no elenco corintiano que cumpra o papel de pivô – o que Souza tem feito até que bem, convenhamos –, que Mano Menezes considera importante no seu esquema de jogo. Lembremos que Souza é um mezzo reserva: foi contratado para dar uma opção de bom nível (sic) para quando Ronaldo não puder jogar.

É possível imaginar um time com Otacílio Neto e Jorge Henrique no ataque, Morais e Douglas como meias, mas o conjunto tem características bem diferentes, mais rápido e móvel. Se Ronaldo entra nessa, como se adapta? Quem sai? Um amigo do trabalho vislumbra jogar com três atacantes, colocando os dois mais rápidos como pontas e Souza no meio. Mas fatalmente seria sacrificado um dos meias, provavelmente Morais. Não sei qual a melhor opção. É hora de Mano Menezes mostrar a que veio.

Cartão amarelo

Para não perder a mania, relato trocadilho cometido pela equipe de transmissão do PFC. O jogador Vela realizou a façanha de ficar apenas dez minutos em campo: entrou durante o segundo tempo, fez duas faltas violentas e foi expulso. A palhaçada levou o comentarista (acho que é Maurício Noriega o nome da fera) a soltar: "Esse Vela tem pavio curto". Sem se abalar, o narrador (cujo nome eu não sei mesmo) completou: "Queimou rapidinho!"

Começa o campeonato

Depois de Palmeiras e Santos, é a vez de São Paulo e Corinthians esquentarem o Paulistão com o que todo mundo está esperando: os clássicos. As diretorias trataram de apimentar o clima com a desavença pública a respeito do número de ingressos disponibilizados para a Fiel. Os sãopaulinos decidiram reservar só 10% dos ingressos para os corintianos, que declararam que a atitude é de time pequeno. O São Paulo está na sua de fazer o que bem entende com seu mando e jogo , segundo o Paulo Vinícius Coelho, tem motivos claros para isso: vendeu boa parte do Morumbi em parecerias com empresas, pelas quais já teria recebido R$ 12 milhões. Mas mesmo assim deixou a polêmica crescer, em vez de acalmar os ânimos. Enfim, faz parte.

O fato mesmo é que será o primeiro teste de verdade para o time do Corinthians em 2009. No Brasileirão e na Copa do Brasil enfretaremos times bem mais fortes do que Oeste e Mogi Mirim. Até agora,o Timão ganhou sem encantar em jogos contra times fracos. Vamos ver se tem bala para desafios maiores.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Só de cueca, jogadores protestam contra salários atrasados

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O mundo todo se solidariza. Na partida válida pela terceira divisão do Campeonato Espanhol contra o Real Madrid C, os jogadores do Galáctico Pegaso, de Três Cantos, em Madri, abaixaram o calção, ficando só de cuecas e camisa do time por alguns segundos. O motivo: protesto contra a diretoria do clube que não acerta contas com seus atletas há três meses. A partida ocorreu no estádio Ciudad Deportiva Valdebebas, no domingo.

Antes de o jogo começar, todos os futebolistas do Galácticos entraram com camisetas onde se lia: "Nos han dejado con el culo al aire" ("Deixaram-nos com o cu à mostra", na tradução livre do português Augusto Correia). "Culo", em espanhol, está mais para "traseiro" ou "bunda". O resto já ficou mais do que claro.

Depois, com tudo acertado com os adversários, deram o pontapé inicial, foram para a frente da grande área e, perfilados, os onze abaixaram os calções e se abraçaram, para posar para fotos de cuecas.

Assista:


O Real Madrid C devolveu a bola e a partida transcorreu normalmente. E que ninguém diga que eles fizeram corpo mole por causa dos salários atrasados, já que o placar final foi de 1 a 1. Na 17ª posição, permanece na zona de rebaixamento para a quarta divisão.

O espanhol Marca comemorou o fato de o protesto ter rompido fronteiras, a ponto de ganha destaque em outros países.

O Pegaso Galáctico se declara o primeiro clube espanhol administrado pela internet e todo o conteúdo disponível no site é restrito a sócios. Aparentemente isso não resolveu os problemas de gestão. No material acessível ao público em geral, nada consta sobre a situação de atraso salarial.



Atualizado às 14h36

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Na arquibancada

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

60 mil pessoas
Lá pelas 19h20 e mero 1º C na gélida Londres, chego ao Emirates Stadium - estádio para qualquer um babar - para assitir à minha primeira partida da Seleção Brasileira ao vivo. Não dá para não reclamar. Tive que vir para Londres para conseguir ver a Seleção jogar. E não foi por falta de jogo em São Paulo, foi culpa da maldita raça dos cambistas. Odeio cambistas (e, com o perdão da digressão, ainda tenho o azar de ver o Radiohead tocando em São Paulo e não em Londres no período da minha estadia aqui... tá tudo ao contrário).

O clima no estádio era bem mais comum para mim do que nos jogos do Arsenal. Todo mundo bebendo, cantando, vendedores de bandeiras e camisetas mil. Quando o jogo é do Arsenal não tem festa nenhuma do lado de fora, e nenhum camelô, claro. Imagina, vender produto pirata na frente do estádio. Isso aqui deve dar cana na hora.

Mas como faltam poucos minutos para o início da partida, não tomo nenhuminha lá fora e corro para meu portão. No caminho, vários grupos de brasileiros pulam, gritam e fazem festa loucamente, no melhor estilo "Galvão, filma eu". Faz parte.

Nos estádios aqui, é permitida a venda de cerveja, menos nos jogos da Champions League, creio que por questões de patrocínio. O problema é que não pode carregar a cerveja para as cadeiras, tem que tomar tudo nos corredores de acesso. Mais uma vez o tempo urgia e não deu pra ter o prazer de beber uma no estádio (quase meio litro de breja em menos de cinco minutos não ia dar). Mas... não poder assistir ao jogo com o copo na mão também não é tanta vantagem assim.

O início do jogo atrasou um pouquinho - creio que por isso o hino brasileiro foi grotescamente cortado - e, quando começou, tivemos que implorar para a galera do "filma eu" abaixasse as faixas. Triste.

O jogo, como o Glauco já escreveu, começou quente. Logo no comecinho, gol anulado da Itália. Na hora me pareceu impedimento - eu estava na lateral do campo, bem de frente para o lance -, mas os portais dizem que o gol foi legal. Azar da Itália, e meu prazer em gritar "chuuuuuuupa" para os italianos atrás de mim. Delícia!

Logo depois, aos 12, uma bela jogada entre Ronaldinho e Robinho culminou no gol de Elano. Mais provocações aos italianos, mais diversão. Depois, veio a ola. Pode parecer banal, mas os ingleses perto de mim se divertiram a valer. Eu até perguntei para o que estava ao meu lado se eles não tinham ola nos estádios. Não, não têm.

replay na hora
Mas o melhor veio depois, com a pintura que foi o gol de Robinho. (E o melhor é que revimos os gols na hora, por todos os ângulos, pelo telão do estádio. Sem essa história de que não pode passar lance do jogo no estádio). Os gringos simplesmente não acreditavam no que aconteceu. Os espanhóis na minha frente (torcedores do Real Madrid, devem ter ficado um tanto arrependidos) e os ingleses ao lado davam gargalhadas. Mesmo, sem exagero. O que foram aqueles dribles?

man of the match
Aliás, o que é o Robinho quando joga pela Seleção? Mesmo com o relativo sucesso de sua passagem pelo Manchester City, quando ele entra em campo pelo Brasil o nível é outro. Ele se compromete em campo, está sempre atrás da bola que nem um maluco. Dá gosto de ver. Dunga agradece, certamente. E eu, que presenciei, também.

No geral, o primeiro tempo foi muito bom. O Felipe Melo jogou muito bem, o meio se movimentou e a defesa segurou as jogadas pelas laterais da Itália - redundância, porque a Itália só tem jogada pelas laterais e chuveiro para a área. Medíocre.

Já o segundo tempo foi diferente. O Brasil deu aquela acomodada e não importunava muito a defesa italiana. Já a Itália subiu a marcação e foi aquele deus nos acuda de chutão pra frente. Assim, a Azzura conseguiu algumas boas chances. Os atacantes, no entanto, não fizeram a sua parte. Luca Toni chegou perto, mas seu gol foi anulado por ajeitar a bola com a mão. Na hora eu nem soube o motivo, mas não importa, foi bom importunar novamente os italianos.

Que, diga-se de passagem, depois de verem o jogo perdido, começaram a gritar "Robinho estuprador". Ao que os brasileiros perto de mim responderam na lata: "Robinho is fucking Itália". Gritos espontâneos de torcida são ótimos.

No final, substituições protocolares. Achei que o Dunga podia ter colocado o Pato antes, já que Adriano não é opção de saída de bola quando o adversário marca em cima. Ele até tentou, mas correr com a bola pela lateral não é sua melhor característica.

Sem mais emoções, com um olé aqui e outro lá e alguns toques de efeito, o jogo acabou. Agora, o Brasil tem vantagem na série histórica de jogos contra a Itália, o que não é lá muito importante. O que importa agora é importunar os meus vizinhos italianos!

Brasil 2 X 0 Itália: Felipão vai ter que esperar...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Um dia depois de ter seu cargo ameaçado pela demissão de Felipão do Chelsea , Dunga de novo se saiu bem, como já havia acontecido no amistoso contra Portugal. Os seis "italianos" da equipe titular do Brasil fizeram no primeiro tempo o resultado que o time precisava, tomaram pressão no segundo, mas, no geral o resultado foi justo.



Ronaldinho Gaúcho se movimentou bastante, deu opções ao time e puxou a marcação, além de ter sido o alvo predileto das sarrafadas do pessoal da Bota (sem trocadilho). Das apostas do comandante brasileiro, o lateral-esquerdo Marcelo foi bem e Felipe Melo surpreendeu. Defendeu e também apoiou o ataque com competência, e não se intimidou diante dos campeões do mundo. Aliás, Robinho também não se mostrou nem um pouco acanhado frente aos brutamontes do Calcio. No segundo gol, uma pintura que já entrou para a história do confronto das duas seleções, o atacante roubou a bola como fazia muitas vezes em seus tempos de Santos, chamou Zambrotta pro baile e fez um golaço.

Outro ex-santista, Elano, além do primeiro gol, também quase repetiu a curva na bola do tento que fez contra Portugal . Desempenhando a função que Leão o incumbiu no Santos de 2002, fez as vezes de ponta e também cobriu o meio pela direita. No segundo tempo, Dunga o substituiu por Daniel Alves, exatamente como fez na final da Copa América de 2007 contra a Argentina. Desta vez a substituição não surtiu o mesmo efeito e o ex-peixeiro mostrou de novo que é peça-chave no esquema atual da seleção.

Se foi um jogo de dois tempos distintos em que cada equipe jogou melhor em uma etapa, palmas para quem foi efetivo e competente. E Felipão, pelo jeito, vai ter que esperar outra oportunidade...

*****
Em relação à equipe que disputou a final contra a França em 2006, sete jogadores italianos que estiveram em campo hoje também disputaram a final vencida nas penalidades. Vendo a Itália hoje, percebe-se como a Copa do Mundo é um torneio, diogamos, peculiar. Afinal, como esse time chegou ao título?

Fazendo essa pergunta à blogueira Bia , ela respondeu que "na Copa, os zagueiros não cruzaram com muitos Robinhos dançando na frente deles". Faz sentido. A defesa italiana, louvada como o grande ativo da equipe desde tempos imemoriais, já sofreu com atacantes e meias habilidosos diversas vezes. Que o diga a seleção que foi goleada pelo Brasil em plena final da Copa de 70. Ou seja, a vitória da Azzurra, ainda que nos pênaltis e com um jogador a mais na prorrogação - algo que ficará apagado da História no futuro -  representa uma certa "falência" da ousadia dos jogadores de frente, menos criativos e atrevidos que em outras eras. Por isso, é no mínimo alentador que a vitória brasileira hoje tenha resgatado, de alguma forma e pelo jeito que ocorreu, algum sentido de um futebol menos previsível e mais agradável de se assistir.

*****
E a companheira Thalita, que estava no Emirates Stadium em Londres, vai contar aqui no Futepoca como foi ver o jogo in loco

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Uai, vamo falá de Minas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

As más línguas podem até dizer que esperei a primeira vitória do meu Galo para escrever sobre o campeonato mineiro deste ano, mas a realidade é que não estava vendo os jogos por motivos variados. Neste final de semana me submeti à tortura de acompanhar Galo X Social de Coronel Fabriciano no sábado e Cruzeiro X Villa Nova de Nova Lima no dia seguinte.


Nos dois jogos, a única constatação óbvia e possível é que os dois times da capital estarão entre os oito classificados para as quartas-de-final depois de um primeiro turno que conta com doze times. O fato de esta fase inicial não valer quase nada também ajuda a explicar a falta de entusiasmo com os jogos.

É melhor falar dos dois times. O Cruzeiro manteve a boa base do ano passado, com destaque para Ramires e Wagner, e trouxe reforços para o ataque como Wellington Paulista e Kléber, que estava no Palmeira no ano passado.  Mesmo assim teve um pouco de trabalho para ganhar do Villa por 3 a 2, principalmente por vacilos de sua defesa, embora tenha ocorrido uma pequena ajuda do juiz, que expulsou jogador do time do interior no começo do segundo tempo.

No jogo do Galo, embaixo de um calor infernal em Ipatinga (o jogo foi transferido para lá por falta de condições em Coronel Fabriciano), o primeiro tempo só deu raiva e vontade de cancelar o pay-per-view. Ninguém fez nada. No segundo, depois de puxão de orelha dado por Leão, o time ainda deu sorte de achar um gol de falta batida por Diego Tardelli logo aos 3 minutos, o que fez o Social abrir-se e tomar contra-ataques.  

Falando sobre o time deste ano, e repetindo que sou torcedor e suspeito para dar opinião, é um bem melhor que o do ano passado. Não sei se ganha do Cruzeiro no domingo que vem e na final do campeonato, mas pelo menos não deve perder feio todos os jogos como em 2008. No Brasileiro e na Copa do Brasil também deve se sair bem, com detaque para Diego Tardelli, que fez 7 gols em 5 jogos este ano (4 no mineiro e três no torneio de Verão no Uruguai). 

Dos outros times, nota para o América, que voltou da série B de Minas e está invicto até agora (1 empate e duas vitórias), com uma equipe em que constam vários veteranos, e para o Democrata de Governador Valadares, que tem três vitórias em três jogos, mas deste último nada posso falar porque ainda não vi jogar. 

Em busca do marafo perdido - Capítulo 1

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

MARCÃO PALHARES

Mas como foi que isso aconteceu, meu Deus? O que eu estava fazendo naquele pagode? Ah, agora me lembro: era sábado e eu não tinha dinheiro pra comer. Fui procurar o Peixoto no pagode, pra ele me arrumar um trocado. Mas o maldito não deu as caras. E eu lá, desconsolado, observando as gringas que tentavam requebrar as cadeiras. Por que eu não fui embora depois de duas horas de campana? Por que raio de motivo eu fiquei? Sem comer nada, sem beber. Taí, o problema foi exatamente esse: eu não conseguiria ir embora sem beber nada. E foi aí que aquela senhora de óculos fundo de garrafa, cabelo tingido de violeta com raízes brancas e batom manchado pra fora dos lábios me convidou para sentar. Contou que era aposentada. Viúva. Dois netos. Gostava do Agepê. "Deixa eu te amar/ Faz de conta que sou o primeiro". A senhora me ofereceu cerveja. E mais cerveja. E muitas, muitas mais.

Acordei no domingo, meio-dia, pelado e estendido numa cama de casal, feito o Homem Vitruviano do Leonardo da Vinci. Náusea, tontura, dor de cabeça lancinante. Nunca tinha visto aquele quarto em toda a minha existência. Uma penteadeira cheia de talcos e cremes, com folhetos de santos presos no espelho. Olhei ao redor e lembrei da música do Roberto Carlos: "Travesseiros soltos/ Roupas pelo chão". Um barulho infernal de crianças gritando e cachorros latindo, televisões e rádios com o volume nas alturas. Vizinhas se xingando. Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou? Sensação de torpor. Melhor dar no pé.

Ao catar a bermuda e a camiseta do chão, ouvi o toca-discos sendo ligado e a agulha descendo sobre o vinil. A estática das ranhuras. De repente, a voz da Alcione, a Marrom: "Garoto maroto/ Travesso/ No jeito de amar/ Faz de mim/ Seu pequeno brinquedo/ Querendo brincar". E aquela senhora que me pagou cerveja no pagode entrou no quarto, de penhoar, com uma cerveja preta Caracu e dois copos nas mãos. Os seios flácidos, quase saltando para fora. O penhoar tinha um desenho de duas araras vermelhas. "Já descansou, meu tesouro?", fez biquinho, com a boca murcha. Juro. É tudo verdade. Foi assim mesmo.

A mulher tava tão contente que tinha enchido a geladeira de cerveja e cozinhava um porco no quiabo só pra me agradar (detesto quiabo – e o cheiro da panela de pressão só aumentava meus engulhos). Tinha bobes no cabelo e a prótese dentária mal feita, com uma emenda amarelada. "Vem amor!/ Vem mostrar o caminho/ Da doce ilusão", cantava, junto com a Alcione. E me olhava como um náufrago olharia um frango assado. Inventei uma mentira daquelas bem esfarrapadas - que tinha que trabalhar, que meu avô estava no hospital, que deixei a torneira do banheiro aberta, que não pus a ração do peixe no aquário, que o dólar subiu, sei lá, um troço desses. Eu custava a acreditar que tivesse acontecido qualquer coisa de mais íntimo entre eu e aquela anciã. Ainda hoje tenho dúvidas, mas devo ter tomado muita cerveja, pois não lembro de nada (por sorte!). Bom, de algum jeito, me preparei para a fuga desesperada.

A senhora compreendeu, me passou as mãos no cabelo e estalou um beijo que deixou nos meus lábios uma mistura de espuma de cerveja preta com batom melado da Avon. Tive algum tipo de vertigem e pedi uma lata de cerveja. Ela atendeu e ainda me descolou três passes de ônibus, explicando didaticamente o tortuoso caminho que eu faria no retorno à civilização. Aquele conjunto habitacional dos demônios ficava depois do fim do mundo, em algum lugar desconhecido pela cartografia moderna. Foram três ônibus e duas horas e meia até a cidade. Mas antes, na saída, peguei outra lata de cerveja, dei um beijo nos bobes da velha e tropecei num cachorro manco que se esfregava no corredor. A senhora me escreveu seu telefone no verso de um bilhete de loteria, que joguei fora assim que cheguei na rua de terra, cheia de mato e lixo. Um caminhão passou vendendo pamonha. Duas crianças remelentas me atiraram um bagaço de milho nas costas. Corri. Alcancei o ponto de ônibus com mais vontade de beber.

Pensei em voltar lá na casa da velha, mas refleti um pouco e o bom senso falou mais alto. Me aboletei no ônibus desconjuntado e jurei: essa foi a última vez. Ah, como os bêbados são otimistas...

(Continua quando o autor estiver sóbrio o suficiente para escrever...)

Resultado injusto

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Finalmente consegui assistir a uma partida do São Paulo, a vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo de Ribeirão Preto. Resultado injusto - e preocupante. Digo injusto porque o adversário fez 2 a 1 primeiro, de cabeça, num lance absolutamente legal. Mas o juiz anulou. Menos de um minuto depois, Washington definiu o placar. Se o Botafogo tivesse feito 2 a 1 ali, jogando muito melhor que o time da capital, ia ser goleada. Porque iria recuar e jogar no contra-ataque, com uma defesa sãopaulina das mais generosas. O primeiro gol do Botafogo, numa troca de passes com direito a toque de calcanhar, comprovou que nem Miranda é mais aquele. A coisa tá feia. E, injustamente, o time sai de campo com três pontos. Não concordo. Às vezes, é melhor perder antes do que chorar depois. O São Paulo não tem padrão de jogo, continua sem laterais, sem saída de bola, com uma defesa perdida e um ataque atabalhoado. Com isso aí, não passa da primeira fase na Copa Libertadores. A não ser que a arbitragem continue camarada...

E o Santos não passou no teste...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Antes do clássico de hoje, a imprensa falou que essa seria a partida-teste para o Palmeiras, já que enfrentaria um adversário à altura. Mas, na verdade, o time da Vila Belmiro foi um sparring pobre e para os peixeiros foi de fato um teste para suas pretensões no ano. Teste no qual eles não passaram e em que ficaram evidentes as falhas de planejamento (sic) da diretoria local (e bota "local" nisso).

Com 11 minutos, o Palmeiras tinha chegado ao gol com chances claras de marcar por três vezes. O Santos, sequer tinha finalizado ao gol. O primeiro chute só viria aos 33, com o volante Germano. Pra fora. Vanderlei Luxemburgo fez o óbvio contra um time com dois zagueiros pesados, um tosco lateral improvisado como Adriano e Leo ainda fora de forma: colocou sua equipe para marcar pressão e tirar a saída de bola do Santos. Se Márcio Fernandes poderia até ter dado mais mobilidade no ataque com o meia Róbson no lugar de Roni, o que aconteceu na prática foi que Kléber Pereira ficou isolado, contra dois ou três zagueiros, enquanto o meio de campo peixeiro tinha três atletas que não marcavam: o próprio Róbson, Madson e o inoperante Lúcio Flávio.

Ficaram desnudas as deficiências do Alvinegro. Sem jogadores de marcação no meio, sem lateral direito de ofício e também sem Pará, expulso de forma infantil na partida do meio de semana, restou ao Palmeiras deitar e rolar. Isso, sem contar com a falha de Fábio Costa no primeiro gol e a grosseria de Adaílton no segundo.

Como nenhum time no mundo aguenta fazer marcação-pressão o tempo todo, nos últimos dez minutos o Santos pressionou. Mas as poças do terrível gramado do Palestra, uma defesa sensacional do goleiro Bruno e os zagueiros alviverdes fazendo milagres não permitiram que o time tivesse melhor sorte. No intervalo, restou a esperança, reforçada pela lembrança do clássico do Paulista de 2007, quando o resultado era o mesmo no final do primeiro tempo, mas o final foi um belo 3 a 3.

Mas, com menos de um minuto, vem outro gol de Keirrison, o nono contra o Peixe nas últimas três partidas. E o Santos perde uma, duas, três chances. O Palmeiras, recuado, conta com a sorte, além de tudo. Mas Kléber Pereira, em jogada de Madson, faz o dele. O torcedor teve esperanças, mas o jogo foi decidido em 46 minutos. Uma soma de fatores, a saber: elenco carente em algumas posições, um adversário mais bem entrosado, melhor tecnicamente e jogando em casa, mais contratações que não renderam decretaram a derrota santista. O quarto gol foi a pá de realidade na cova santista. Dessa vez, a culpa menor foi de Márcio Fernandes. Mas ele deve pagar o pato, justa e também injustamente.





Individualidades santistas
Quando o técnico Leão tirou Fábio Costa da partida contra o Barueri, em 2008, muitos chiaram. Claro que o treinador é chegado em confusões, mas será que ele estava errado? O goleiro voltou, como sempre volta, acima do peso, na ocasião, com cinco quilos a mais. E demora pra se recuperar, o que afeta a olho nu seu desempenho. Começo de Paulista é sempre garantia de falhas do arqueiro.

Lembra da partida contra o Marília em 2006? Do jogo contra o Mirassol ou mesmo contra o São Caetano, quando rebateu bolas para o meio da área? Hoje, nova rebatida que resultou no terceiro tento palmeirense, fora a falha no primeiro gol. Claro que o arqueiro tem crédito, mas é profissional voltar sempre com quilos a mais e demorar pra se adaptar e render para a equipe? Acredito que não.

Madson deu uma assistência, correu muito e, ao contrário de outras ocasiões em que foi bem improdutivo, dessa vez se salvou em meio à mediocridade. O triste é lembrar que era o único que se salvava no temerário Vasco do ano passado. Mau sinal.

Pra resumir, Adriano, que não consegue dar um passe de dois metros, não tem condições de ser titular do Santos nunca. Cães de guarda existem aos montes por aí. Não precisamos de mais um.

E como perguntar não ofende, algum santista, vendo o Lúcio Flávio jogar, não tem uma pontinha de saudades do Tabata?

sábado, fevereiro 07, 2009

Kantuta: união entre o povão da Bolívia e do Brasil

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Recentemente, estive por duas vezes na Praça Kantuta (à direita), reduto da comunidade boliviana que vive em São Paulo - em breve, a revista Fórum publicará a reportagem que fiz. A feira dominical mantida naquele espaço há 6 anos e meio é frequentada, maciçamente, por imigrantes bolivianos das classes mais populares (muitas vezes em situação irregular), que foram atraídos pelos empregos e subempregos da indústria de costura e confecção. O cônsul da Bolívia em São Paulo, Jaime Valdivia, me disse textualmente que a Kantuta é freqüentada pelo "povão". Talvez por isso eu tenha me identificado logo de cara.

Alguns indícios, na feira, me fizeram traçar um paralelo interessante entre os gostos e opções do povão de lá e o do Brasil: futebol, política e cerveja. De origem indígena e humilde, o presidente Evo Morales é celebrado em todos os cantos, em fotos, calendários e cartazes de apoio - assim como Lula no Brasil, que também tem origem pobre e goza de muita popularidade entre as classes econômicas mais baixas. E, tal como no Brasil, o futebol é onipresente entre os bolivianos. Na Kantuta, além dos campeonatos (masculino e feminino) que se desenrolam todos os domingos na quadra central da praça (foto acima), é nítida a ligação de todas as pessoas com o esporte mais popular do mundo.

Mesmo nos cartazes de Evo Morales, o chefe da Nação aparece muitas vezes envergando a camisa do Litoral, time da segunda divisão pelo qual jogou em 2008, ou mesmo abraçado ao ídolo Maradona (reprodução ao lado). Entre as camisas de times bolivianos vendidas nas barracas, mais que os uniformes dos tradicionais Bolívar, The Strongest ou Jorge Wilstermann, a camisa exposta com maior destaque é a do San Jose (acima, à direita), time de coração do presidente vizinho. Da mesma forma, o que não falta entre os fequentadores é a camisa do Corinthians, time de Lula e de torcida predominante na Zona Leste de São Paulo, onde se concentra a maior parte dos 100 mil bolivianos que habitam a cidade.

Quanto à bebida, apesar de muitos bolivianos gostarem de singani, algo semelhante à cachaça, nossa mania nacional, a pedida na feira geralmente é cerveja - o combustível do povão. E penso, particularmente, que eles fazem a melhor Pilsen que já provei na vida: Paceña (foto à esquerda). Conheci essa cerveja em 1989, quando Lula disputou pela primeira vez a Presidência. Um de meus cunhados, que trabalhava em São Paulo, costumava levar para o interior cervejas importadas que só eram encontradas na capital, para que meu pai e eu experimentássemos. Foi nessa época que conhecemos a holandesa Heineken, a estadunidense Budweiser e a mexicana Tecate, entre muitas outras. Mas a boliviana Paceña, de forma unânime, tornou-se nosso "padrão" de cerveja boa.

Encorpada, com cheiro e gosto de chope (só que mais acentuado), boa espuma e paladar que permanece. Sempre que bebo Paceña fico mal acostumado, torcendo a língua para as Brahma e Skol da vida. Pois é isso: todo domingo, das 11h às 19h, na Praça Kantuta, bairro do Pari (rua Pedro Vicente, a 700 metros da estação de metrô Armênia), o povão brasileiro pode se confraternizar com o povão da Bolívia, no melhor clima de descontração e amizade. Orgulhosos de nossos presidentes (detalhe de calendário acima) e prontos para celebrar o futebol com uma cerveja estupidamente gelada. E com democracia, lógico! Afinal, nem todo mundo torce para o San Jose ou para o Corinthians. A Kantuta recebe todos com o mesmo aconchego e respeito. Até lá!

Ps.1: Amanhã, 8 de fevereiro, haverá na praça a tradicional festa de carnaval "Diablada".

Ps.2: Não percam a reportagem sobre a Kantuta na próxima edição da revista Fórum , que destacará ainda o Fórum Social Mundial de Belém (PA).

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Bom senso OU nunca é tarde

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No ano passado, chamamos a atenção aqui para a infeliz ideia da Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, de batizar com a sigla SECAG (isso mesmo) a recém-criada Secretaria de Coordenação e Assessoramento Governamental. Agora, a nova gestão decidiu consertar o deslize ao reduzir o nome para Secretaria de Coordenação Governamental. Mas não ainda não se sabe com que sigla...

Corinthians: um time de frangas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Bem humorado, Ronalbucho confessou agora que o elenco do Corinthians já "perdeu o respeito" com ele, inclusive lhe pregando um indecoroso apelido. Questionado sobre qual seria, o Gordo Travequeiro não revelou: "Eu não, já tenho muitos problemas para mim". Mas a imprensa fuçou e o atacante Otacílio Neto acabou "soltando a franga":

"Durante as brincadeiras, a gente fica gritando e colocando apelidos. O Lulinha é a 'franga baixa', eu sou a 'índia', o Dentinho é a 'franga bicuda' e o Ronaldo é a 'franga fenômena'. Ele agora é mais uma das frangas".

Sem comentários. Ou aliás: campanha Richarlyson na Fazendinha?

Os apáticos e os ansiosos. E Leo.

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem o Santos voltou a apresentar problemas similares aos das suas apresentações anteriores. A falta de padrão tático, com mudanças no posicionamento dos jogadores a cada instante, pode até ser atribuída ao início de temporada e ao desentrosamento natural de um time ainda em fase de ajustes. Mas o que preocupa é o comportamento desigual dos jogadores em campo. Oscilam da apatia à ansiedade com muita facilidade, deixando evidente que o treinador Márcio Fernandes vai ter muito trabalho para nivelar esse grupo.

Vejamos: ali na Vila tem a turma do Lexotan. Parece que entram sonados na partida, dispersos, parecem devanear pensando na crise econômica, em um filme do Bergman ou em livro do Proust. Lúcio Flávio é o símbolo desse grupo. Ontem, de novo não fez uma boa partida, cadenciando demais o jogo, evitando procurar os lances agudos. Rodrigo Souto foi outro que se mostrou fora de sintonia, errando passes fáceis e cometendo faltas desnecessárias, bem longe das suas grandes apresentações. Triguinho, outro nobre exemplo dessa trupe, nem no banco sentou, deixando o torcedor aliviado. Pode ser que o problema seja de falta de preparo físico, mas o estreante Leo também não está na sua plena forma e mesmo assim impressionou pela disposição. Ok, ok, o Leo não conta...

Existe também o grupo do fio desencapado, elétrico demais e que não deixa muita esperança de que vá resolver. Ao contrário, a torcida é para que não faça nenhuma bobagem comprometedora. Pará, ontem, era o retrato disso, a ansiedade em pessoa. Afoito, protagonizou o último lance do jogo, uma estúpida falta que resultou em sua expulsão e comprometeu o Santos para o clássico, já que o time havia perdido por contusão o titular da lateral-direita, Luizinho. Madson, apesar do passe para o segundo gol (valeu, zaga do São Caetano!), correu mais do que o necessário, pra variar. Em boa parte às vezes, foi pouco objetivo. Pode ser que o problema seja falta de adaptação ao elenco ou ao time titular. Bom, mas o Leo estreou ontem e parecia que nunca tinha deixado de jogar no Santos. Ops, esqueci que não dá pra utilizá-lo em qualquer comparação...







Equilibrado mesmo, tranquilo e preciso, mas também rápido quando exigido, foi o meia Róbson, que entrou no lugar de Lúcio Flávio. Se a torcida discutia se a equipe titular devia ter o ex-botafoguense ou o colombiano Molina como camisa 10, Márcio Fernandes tirou o jovem meia da cartola. Resultado: ele fez os dois gols que asseguraram a vitória santista. Méritos para o treinador, que ainda está na corda bamba e depende de um bom resultado no clássico contra o Palmeiras.

E precisa avaliar a volta do Leo? Se sim, só resta dizer: como é bom ver alma naquela camisa branca depois de tanto tempo...

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Ideia de bêbado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Muita gente que gosta de rock'n'roll torce o nariz para os Beatles, por causa da imagem inicial da banda, certinha, de terno, gravata e aparência de "meninos bons". O que nem sempre é levado em conta é que eles mesmos detestavam aquela imagem falsa e marqueteira, construída cirurgicamente pelo empresário judeu Brian Epstein. Sua primeira exigência, para promovê-los, foi que abandonassem o estilo selvagem de topetes, roupas de couro apertadas, botas de caubói (acima) e comportamento delinquente - como tocar com assentos de privada no pescoço, fumar, beber e imitar gorilas no palco, o que faziam nos cabarés de Hamburgo, na Alemanha. Epstein mandou todos ao alfaiate, para que se vestissem como ele, e chegou ao requinte de exigir que trocassem de marca de cigarro, para uma que não fosse proletária. Pete Best, o baterista na época, recusou-se a cortar o topete e a "se enquadrar". Epstein o substituiu por Ringo Starr com o aval mudo de John Lennon, Paul McCartney e George Harrison.

Porém, depois que eles tomaram o mundo de assalto e ficaram muito mais poderosos do que seu empresário, passaram progressivamente a abandonar o visual "limpinho". A guinada veio em 1967, com o mergulho na psicodelia e nas roupas hippies. Antes disso, porém, a insatisfação com as entediantes e ridículas sessões de fotos promocionais, sempre trajando os odiosos terninhos, já provocava revolta, principalmente em Lennon. Foi por isso que, em 15 de março de 1966, eles chamaram o fotógrafo oficial da banda, Robert Whitaker (o mesmo que faria a célebre capa do LP Sgt.Pepper's Lonely Hearts Club Band), para uma brincadeira que acabaria em grande confusão. Os quatro imaginaram o que fariam se tivessem o poder de planejar, dirigir e executar uma sessão de fotos. O propósito central seria destruir a imagem de "bonitinhos e ingênuos", a partir do choque e do nonsense. Por isso, a sessão foi batizada por eles como "Aventura sonâmbula". Cada um dos quatro sugeriu uma situação para ser registrada, como a da foto acima, em que mostram gomos de linguiça para uma fã assustada.

Mas a ideia de Whitaker, apoiada com gosto por Lennon, foi a mais chocante. Ele sugeriu que os quatro posassem com aventais de açougueiro, segurando pedaços de carne e ossos - e rodeados por bonecas decapitadas, mutiladas e com várias dentaduras e olhos de vidro espalhados (foto à esquerda). Durante muitos anos, especulou-se que isso teria sido feito para provocar a gravadora Capitol, que prensava os discos dos Beatles nos Estados Unidos. Isso porque, em vez de reproduzir fielmente a discografia que saía na Inglaterra, ela mutilava os discos e lançava todo ano dúzias de coletâneas que misturavam músicas de diversas fases, sem o menor critério, para multiplicar a oferta e o lucro. Quando os Beatles pisaram pela primeira vez na terra do Tio Sam, ficaram confusos e indignados com a quantidade de discos deles que nunca tinham visto ou ouvido falar. Lennon, no famoso show no Shea Stadium, em Nova York (agosto de 1965), apresentou assim uma das canções que iam tocar: "Essa é do Beatles 4 ou do Beatles 5, sei lá, não conheço esse disco".

Ou seja: a Capitol fazia um serviço de "açougueira" retalhando a "carne" (obra) da banda de Liverpool - e a sessão de fotos denunciaria sutilmente isso. Segundo o fotógrafo, porém, as imagens foram feitas por brincadeira e não seriam utilizadas como material promocional. Algumas acabaram saindo, discretamente, no verso da capa de algum compacto obscuro ou em revistas sobre música, sem destaque. Mas a bomba explodiu quando, em junho de 1966, algum manguaça teve a brilhante ideia de escolher uma das fotos do "açougue humano" para a capa de mais uma coletânea caça-níqueis da Capitol para o mercado estadunidense, "Yesterday and today". Ao chegar às lojas, a capa (no alto, à direita) provocou forte reação negativa dos consumidores, levando a gravadora a recolher o que pôde e substituir, cinco dias depois, por outra capa, mais comportada (foto de baixo). Hoje, as capas originais, com a carne e as cabeças decapitadas, chegam a ser compradas por até 10 mil dólares (mais de 20 mil reais) por colecionadores de todo o mundo. Pode parecer loucura, mas é um ótimo investimento: a cada década, as raras cópias dobram de preço.

Na época, os Beatles não disseram uma palavra sobre o assunto. Vinte anos depois, Paul McCartney comentou apenas que a carne utilizada na sessão parecia "apetitosa". Passadas quatro décadas, fica a dúvida sobre quem bebeu mais: se Lennon (acima), que incentivou a sessão, se o fotógrafo Whitaker, que teve a ideia do "açougue", ou o manguaça da Capitol que escolheu uma das imagens para capa de disco. Só o que sei é que essa "bebedeira" desaguou numa das maiores ousadias plásticas da história do rock.

Diálogo no restaurante

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

- Os meus sogros me deram um par de tênis caríssimo.

- Pô, que legal.

- Legal nada. Não gosto dessas frescuras. Preferia que tivessem me dado uma garrafa de pinga.

- Pinga?!??

- É, o problema é esse: a família da minha mulher quer me elitizar. E eu quero me etilizar!

Corinthians vence Paulista com dois gols de Chicão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Corinthians foi ontem a Jundiaí e bateu o Paulista, por 3 a 2, em mais um jogo difícil de assistir. Os primeiros minutos do Timão foram mais interessantes, com bola na trave e corta-luz de Lulinha, que resultou no gol de Elias.

Depois disso, o time sofreu o gol num bate-cabeça da defesa (William esteve em noite muito ruim) e acabou se desesperando. Ainda no primeiro tempo, levou a virada: Alessandro deu “belo” passe para Zé Carlos chutar no canto direito de Felipe, em bola defensável que o goleiro aceitou (imagens mostram que o pé esquerdo dele escorregou na hora de pular).

No segundo tempo, a boa notícia do jogo: a boa estréia do garoto Boquita, recentemente campeão da Copa São Paulo. Ele entrou no lugar de Fabinho – que, voltando de contusão, sentiu muito a falta de ritmo e não ganhou uma bola – e deu criatividade ao meio campo. Elias voltou para a posição em que rende mais, de segundo volante, ao lado de Túlio – que parece ter mais fé em seu futebol do que a realidade recomendaria.

O garoto deu o passe para que Souza sofresse o pênalti que determinou o empate, cobrado por Chicão com categoria. E foi ele também que deu o passe para Otacílio Neto no lance em que ele sofreu a falta que gerou o gol da virada, também cobrada por Chicão. Essa é outra boa notícia: o zagueiro está jogando bem e cobrando as faltas com muita confiança. Temos um cobrador, enfim.

Uma das várias más notícias é o desempenho de André Santos. Não vem jogando bem e está ficando muito fominha. A saber se é mascar mesmo ou se o cara está se sentindo pressionado para mostrar o bom futebol do ano passado. De qualquer forma, alguém precisa conversar com o rapaz e colocar a cabeça dele no lugar.

Retornos - A diretoria conseguiu converter o restante da pena de Morais em cestas-básicas e o meia volta a campo já no clássico contra a Portuguesa, no sábado. Além dele, Jorge Henrique já está recuperado de lesão e à disposição do treinador. O efeito das bruxas está começando a sumir e a qualidade do jogo do Timão deve começar a melhorar. Pelo menos, é o que eu espero.

Falha nossa -Não falei sobre o jogo de sábado, contra o Oeste de Itápolis por dois motivos: não consegui assistir o jogo e nem tive como postar no fim de semana. Mas, segundo relatos como o do Ricardo do Retrospecto, o jogo foi fácil e dava para a goleada ter sido maior.

Calma - Falando no jogo contra o Oeste, um dos fatos mais comentados foram os inúmeros gols perdidos por Souza. Um monte de corintianos estão sentindo saudades de Herrera e reclamando da contratação do centroavante. Acho que convém lembrar do início do argentino no Corinthians, no Paulistão do ano passado, que foi simplesmente sofrível. Não sei se foi uma boa trocar Herrera por Souza, mas entendo porque isso aconteceu. E agora não adianta chorar: deixa o Souza lá fazendo seu pivô, deslocando a marcação, que isso ele parece que sabe fazer, e dêem um tempo pro cara calibrar o pé. Se o nível não subir em mais alguns jogos, eu entro no coro: banco nele.

Momentos históricos (re)vividos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Quando se vive um momento histórico, é quase inevitável sentir o peso de cada gesto, a força de cada imagem, e aquilo cria um vinco indelével no curso do tempo, um marco ao qual se vai retornar sempre. É o que contam os que viveram os episódios de 68, por exemplo. Lembro também que no dia 12 de setembro de 2001 já se falava no 11 de Setembro.

Assim também foram os inesquecíveis anos 80, com toda a sua profusão cultural, em particular na música pop. Quando Oswaldo Montenegro cantava "Condor", com seus versos fortes e sonhadores, numa voz cheia de arestas, com deslizes desafinados de emoção e acompanhado de um coro negro ad hoc, quem não percebia que se lembraria daqueles momentos por muito, muito tempo?

Ontem, Glauco e eu resolvemos puxar na memória coletiva (Google) alguns dos maiores clássicos desses anos 80 que formaram a nossa geração. Aliás, se os anos 80 servem para alguma coisa é para manter viva na memória a chacota universal. Novas décadas virão, mas duvido que alguma renda tanto. Em busca do melhor do pior da poesia pop nacional, fizemos uma única restrição, considerado-os hors concours de saída: os Engenheiros do Hawaii. Seria fácil demais.

Mas outros gaúchos vieram liderando as lembranças, tabelando Kleiton e Kledir com a clássica dobradinha "Quando eu ando assim meio down / vou pra Porto e, bah!, tri-legal!" e fazendo a assistência mortal para Nenhum de Nós com "O astronauta de mármore". Mas o hoje esquecido Dalto mostra que dá pra chegar muito mais longe no sentimento... Ainda que não tanto quanto o inigualável Fábio Júnior que, com um dos mais belos versos da música brasileira, define — como ninguém mais antes enm depois — nada menos que a felicidade: "uma gota d'água descobrindo que é o mar azul" (não percam esse clipe-slide-show assinado por Gislaine Borba).

Precursor de várias gerações de boyzinhos brasileiros que foram viver amores fugazes nas vibrantes e loucas metrópoles europeias, o já então surpreendente Supla chega com sua "Garota de Berlim". Mas às vezes as viagens mais distantes são feitas na própria alma, em perigosas egotrips. E Guilherme Arantes nos saúda com "Um dia, um adeus".

Dá pra passar uma vida revivendo os 80. Mas um mestre maior nos levou aos 90, mostrando-se a síntese antropofágica de todo esse movimento artístico misturado com a tradição cearense das canções de duplo sentido: ninguém menos que Falcão. A crônica social, psicanálise, teoria do conhecimento, releitura do folclore, poesia lírica, nada escapou à verve do gênio.

Com a ajuda do camarada Paulo Macari (que já me indicou um furo do (então) são-paulino Adriano com o (talvez já) come-traveco Ronaldo), recuperei esta foto, tirada num circo em Maceió, nos idos de 1994 ou 95... O Macari é naturalmente o autor da(s) foto(s).



A cara vermelha não nega, mas não consigo nem calcular quanto eu já tinha bebido naquele momento. Na viagem, basicamente eu bebia e circulava de praia em praia, na bela Maceió. Mesmo assim, lembro como se fosse hoje. O circo pegou fogo. Falcão entrou com seus trajes cuidadosamente escolhidos, o girassol na lapela e uma banda que parecia mesmo uma charanga. O mestre cearense empunhava as mãos em chifres, como um metaleiro, e bradando ao povo com sua voz potente e calma: "ô seus cornudo, é tudo corno", arrancando gargalhadas de outros bêbados.

É, mais engraçado que tudo isso, só mesmo o frangaço do Rogério Ceni, que interrompeu nossas investigações com mais um gesto histórico... e depois o cara de pau (sem trocadalho) pede pra sair... é ridículo. Sentiu uma "velha lesão", dá pra imaginar onde... Hahahahah

De Soninha a Leivinha, bate-papo no teatro

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O colega jornalista Mauro Mello me envia o seguinte convite:

Nos próximos dias 5 e 12 de fevereiro, sempre às 21h, jornalistas esportivos, jogadores e um dirigente de clube de futebol vão participar de bate-papos no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em São Paulo. Os encontros vão acontecer após a apresentação de Chapetuba F.C., peça que narra a trajetória de um pequeno time de futebol do interior prejudicado por empresários e jogadores corruptos. Tendo o futebol como pano de fundo, Chapetuba F.C discute as relações sociais e humanas que, de uma forma ou de outra, continuam se fazendo presentes na nossa realidade.

Participarão do evento André Santos, do Corinthians, os ex-jogadores Dudu e Leivinha, o ex-técnico Rubens Minelli, o diretor de Planejamento e presidente eleito do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, e os jornalistas Celso Cardoso, Oscar Ulisses, Roberto Avallone (ponto de exclamação!) e Soninha (hoje subprefeita da Lapa). A nova montagem de "Chapetuba F.C.", de Oduvaldo Vianna Filho, reinaugurou em novembro o Teatro de Arena, reformado pela Funarte como parte do Projeto Arena 2008. Está em cartaz até 13 de fevereiro no Teatro de Arena (rua Teodoro Baima, 94, Centro), às quintas, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). Bora lá?

PROGRAMAÇÃO DOS BATE-PAPOS

5 de fevereiro
Boleiros: André Santos, Dudu e Rubens Minelli
Jornalistas: Celso Cardoso e Oscar Ulisses

12 de fevereiro
Boleiro: Leivinha
Jornalistas: Roberto Avallone e Soninha
Dirigente: Luiz Gonzaga Belluzzo

Que venham Colo Colo, Sport e LDU

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



A vitória por 2 a 0 sobre o fraquíssimo Real Potosí, a 4 mil metros, garantiu a vaga do Palmeiras na Libertadores da América. Em seu grupo tem a campeã LDU, o chileno Colo Colo e o algoz Sport, de quem não ganha desde 2001.

O mais importante foi que, depois de golear por 5 a 1 no jogo em casa, o Verdão fez mais 2 a 0 contando com oportunismo de Cleiton Xavier e Keirrison. O time só não sofreu tanto com os efeitos de jogar no teto do mundo, pelas limitações do adversário. Que ainda mandou bola na trave.

Em Quito, no Equador, tem mais altitude, uns 2.800 metros, já no dia 17 de fevereiro.

O treinador Vanderlei Luxemburgo não tem bons resultados no continental para exibir, nem o time é experiente nesse tipo de competição. Nesse sentido, o retrospecto não necessariamente é tão bom, mas o início de temporada anima. Como vale apenas o que acontece durante os jogos, fica a torcida para que o ritmo se mantenha.

No fim de semana, contra o Santos pelo Paulista, o Palmeiras tem uma partida bem mais difícil do que as disputadas até agora. É um clássico.

No butiquim da Política - Um olho na sardinha...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

CLÓVIS MESSIAS*

Como era de se esperar, o ano legislativo começou com a fisionomia de 2010, ano de eleição para a Presidência da República. Assim foram as aberturas nas Assembléias Legislativas, onde os trabalhos foram orientados para a montagem de palanques para o pleito maior. Um olho na sardinha e outro no gato. Foi assim a instalação da 3ª sessão legislativa por aqui.

O chefe da Casa Civil do Estado, Alyisio Nunes Ferreira, trouxe o plano de governo ao Palácio 9 de Julho. O presidente da Casa, deputado Vaz de Lima (PSDB), recebeu a peça e, momentos depois, suspendeu a sessão e se retirou. Uma hora depois, embarcou para o Chile em companhia do vice-governador, Alberto Goldman. O governador José Serra também viajou ao exterior.

Tudo seguiu o manual pré-estabelecido e o desembargador Roberto Antonio Vallim Bellocchi (foto) assumiu o governo do Estado. A rapaziada do buteco ficou de olho nesta mexida dos legislativos estaduais, mas de ouvidos em Brasília, onde o quadro se compeltou. O PMDB, dono de tudo. Assim quis o presidente Lula.

A meta do plano de governo do Estado de São Paulo não foi analisada. As preocupações rotineiras com o social foram desprezadas, azar nosso. Lula está acima do bem e do mal. No momento, ele pavimenta uma rodovia para a sua sucessão - ou não. Espera-se no planalto que a ministra Dilma Rousseff venha a toda velocidade. Se houver acidentee de percurso, essa mesma estrada pode ser usada para uma reforma política.

Mas, se a carga estiver pesqada, o preço do "pedágio federal" poderá subir. Sem pestanejar, os tucanos agradecem e pagam. No meio da igualdade fisionômica partidária (tá tudo parecendo irmão gêmeo), o PT necessita de um carro-chefe, em São Paulo, para puxar votos de legenda. É a conclusão dos butequeiros. Aí entra a conclusão de um plastificado frequentador: "-Prestem atenção: todos estão incensando o administrador, ex-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia".

Alguém rebate: "-Marta Suplicy e Aloizio Mercadante estão em situação difícil no partido". Enquanto isso, Chinaglia tem feito reuniões com vários prefeitos de siglas diversas. Em Brasília, ele e o PT cumpriram o acordo, mas desejam de Lula uma contrapartida. Se em 30 dias não prosperarem os compromissos, haverá uma obstruação na pauta do legislativo federal.

Fica então a pergunta: "-Será que o Ministério de Assuntos Institucionais ou o da Saúde que caberá a Chinaglia?". Estes ingredientes todos, num copo, são tão interessantes quanto a loira gelada. Mas olhe bem a sardinha, que alguém vai olhar o gato...

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

E o técnico adversário era Nelsinho Baptista...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Outro dia abri um livro dos tempos de adolescência e, como marcador de página, estava o canhoto do ingresso da primeira partida que assisti no Morumbi. Hoje faz exatamente 22 anos que isso aconteceu: em 4 de fevereiro de 1987, meu pai me levou ao estádio para assistir a vitória do São Paulo por 3 a 0 sobre a Internacional de Limeira, na segunda partida decisiva das oitavas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1986. Vencemos com um gol do Careca e dois do Silas (foto). Que timaço! O técnico do Tricolor era Pepe, que havia levado a mesma Internacional de Limeira, no ano anterior, a ser o primeiro clube do interior a conquistar o Campeonato Paulista, numa decisão contra o Palmeiras. E Pepe venceria o Brasileirão com o São Paulo, derrotando o Guarani na emocionante final. Nesse jogo que presenciei no Morumbi, vejam só, o técnico da Inter de Limeira era ninguém menos que Nelsinho Baptista...

Mas aquela quarta-feira ficará marcada não só pela partida do São Paulo. Eu tinha 13 anos e não conhecia a capital, de onde havia saído aos três anos e posto os pés, pela última vez, aos sete. Meu pai estava reunindo a documentação para a aposentadoria e, nos tempos pré-internet, isso tinha que ser feito diretamente nas empresas (pois a carteira de trabalho dele havia sido roubada). Pra mim, capiau de Taquaritinga, tudo era novidade: foi a primeira vez que vi uma Pepsi na vida e também uma loja do McDonald's, onde meu pai teve a sabedoria de não me levar. Conheci o centrão de São Paulo, os camelôs, o trânsito infernal. Comprei dois discos dos Beatles que não fazia a menor ideia de que existiam. Quando bateu o cansaço, meu pai me levou ao metrô para dormir em várias viagens de uma estação final à outra da linha azul. No final da tarde, pegamos um ônibus que levou mais de uma hora até chegar ao estádio. Aquele jogo atraiu um público pagante de 34 mil pessoas. Infelizmente, só pudemos assitir o primeiro tempo (e o primeiro gol, acho), pois tínhamos que pegar o último ônibus no Terminal Tietê. Mas não me esqueço daquela aventura - e está aqui o post para comprovar.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Antillanca: "sabor de verduras estragadas"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Estou numa fase de provar cervejas latinas e, nessa pesquisa, trombei com uma tal de Antillanca, cerveja chilena dita "artesanal". Me pareceu atrativa, visto que a lata, vermelha, é parecida com a da boliviana Paceña - que pretendo comentar em breve, aqui no Futepoca, como a melhor Pilsen que já provei em toda a minha vida. Mas continuei fuçando mais um pouco sobre a Antillanca e encontrei posts em dois blogues chilenos que me fizeram rir muito. E depois, consequentemente, abandonar de vez a ideia de provar essa cerveja.

No blogue "Sin destino no hay futuro", Augusto Astudillo conta que sua desventura começou ao escolher a cerveja "mais barata" (sempre indício de mau negócio...). "(Era) uma chamada Antillanca e dizia em sua introdução: cerveja artesanal elaborada pelos grãos mais finos, blá-blá-blá. (...) Comprei com gosto e me perguntava por que tão barata - 850 pesos chilenos (hoje, pouco mais de R$ 3,00) o vasilhame de 1,5 litro...", relatou Astudillo.

"Enfim, abri sua tampa rosca, peguei um copão e o enchi. Me preparei para sentir esse manjar. E...diabos e raios!!! Muito vagabunda! O primeiro gole que bebi tive que tragar a duras penas. Foi uma brincadeira? Como é possível que exista uma cervejinha tão asquerosamente ruim?", reclamou o desafortunado degustador. Porém, resignou-se a acabar com a garrafa e, no dia seguinte, segundo ele, acordou com "uma dor de cabeça insuportável...de mil e um duendes fornicando meu cerébro".

Mas o chileno não desistiu tão fácil. Pensando que o problema fosse o invólucro de plástico, decidiu provar uma lata. Ele diz que, quando pediu novamente a marca, o dono da bodega pensou que ele tinha gostado e tentou empurrar uma caixa. "Eu lhe disse que não, que era um experimento etílico", safou-se. Daí, comprou a solitária latinha e bebeu: "As papilas gustativas me disseram: '-Puta imbecil, outra vez provando essa m., quando aprenderá alguma coisa esse inadaptado f.d.p?!??'. E tinham razão, o sabor era o mesmo!", lamentou Astudillo.

Eu já olhava com medo para a tal Antillanca, mas, como o chileno também esculhambava a Brahma, resolvi tirar a prova dos nove. E, dessa vez, com um blogue gabaritado no assunto, o Buena Cerveza, escrito por um tal "Catador". "Cerveja indecifrável, sobretudo porque se diz artesanal", começa, desanimadora, a avaliação do blogue. Mas o melhor estava por vir: "Tem um aroma estranho, como de verduras estragadas, rançosas. (...) É muito leve, pouco encorpada e quase não tem amargor. Muito doce, mas duvido que venha de malte, pois quase não se sente, e termina finalmente nesse sabor de verduras estragadas".

Sabor e aroma de "verduras estragadas"? Ana Maria Braga nos defenda! E "Catador" prossegue: "O único que poderia salvar desta cerveja é a espuma, que engana muito no princípio. De bom tamanho, mas um pouco aquosa. O problema é que o gás se vai muito rápido e é preciso ter cuidado, porque, se já é de baixa qualidade, vai baixar muito mais - como tive a pouca sorte de comprovar. (...) Antillanca: pouco recomendável. (...) Ácida, intomável". É preciso dizer mais alguma coisa? Vou ficar com a minha Paceña...

Futebol paranaense: para o Zênite ou Nadir?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Rodrigo Ponce Santos*

Depois de três rodadas dá pra sacar que teremos uma boa disputa no Paranaense 2009. No meio da semana, durante a transmissão de Iguaçu (de União da Vitória) e Coritiba, Raul Plasmann destacou a qualidade que vem apresentando algumas equipes do interior. Sem dúvida a vontade de aparecer marca a participação de clubes com calendários que se resumem à disputa estadual. Além de garra e da correria, aqui e ali aparecem também um bom planejamento tático e alguns destaques individuais. Mas esta não é uma grande novidade. Nós é que esquecemos muito rápido das coisas ou temos esta mania muito paranaense de desvalorizar o que aparece por aqui.

Naquele jogo, o Iguaçu deu uma canseira no Coxa e se a zaga tivesse dado um chutão ou evitado o cruzamento do Marlos aos 48 do segundo tempo, o clube da capital não estaria hoje nem entre os dez na tabela. Aliás, na rodada seguinte o Iguaçu (que fez apenas dois jogos) conseguiu seu primeiro pontinho contra o J. Malucelli e impediu que o time alcançasse o Atlético na liderança. Com o empate no clássico deste domingo (Coxa 0 x 0 Atlético), o rubro-negro garantiu o primeiro lugar com dois pontos de vantagem sobre o rival. Mas entre eles estão Foz do Iguaçu, J.Malucelli e Toledo. Logo atrás vem o Nacional, Cianorte (também com dois jogos), Engenheiro Beltrão e só depois o Paraná Clube.

A próxima partida do Atlético é contra o J. Malucelli. E não adianta querer mudar de nome, porque vai ser sempre o Malita, o Jotinha, irmão mais novo, chato pra caralho. Mas agora, pra piorar, aquele irmão rebelde que não quer ser ele mesmo, foge de casa e muda de identidade. Ora, eu sempre achei legal você ter o direito de mudar de nome quando alcança a maioridade. Afinal, ninguém merece a má sorte de ser batizado com um nome escroto. O nome de J. Malucelli é sem dúvida um dos maiores erros de batismo da história do futebol mundial. Seria absolutamente compreensível se este fosse o único motivo da mudança. Afinal, como é que você pode conquistar torcedores para um clube que carrega o sobrenome de uma família? Até ditadores como Franco e Berlusconi foram espertos o bastante pra comandarem clubes de futebol sem emprestarem suas alcunhas.

O Malita já tinha uma tarefa difícil: ser o quarto maior clube de uma cidade. É só olhar para a Portuguesa em São Paulo ou o Vasco no Rio (gostou, Yuri? hehe). Que força de vontade, que disposição, que empenho para manter um clube e uma torcida nestas condições. Mas os dois exemplos ainda carregam toda a tradição da colônia portuguesa. E o Malita? Bom... Agora ele quer carregar a história de um dos maiores clubes do país. Assim, de lambuja. De uma hora para outra, deixar de ser um time quase sem apoio para se transformar em uma paixão. O Corinthians Paranaense. Mas não é bem assim... Aqui em Curitiba, pelo menos, o que estão conseguindo é perder a simpatia dos rivais.

Li em algum lugar o presidente Malita chorando porque o time não tinha torcida. Mas se eles tem a estrutura, porque não investir em uma parceria e montar um time realmente forte no interior? Lá, infelizmente, a maior parte de quem gosta de futebol prefere acompanhar apenas os times de São Paulo e Rio de Janeiro. Isto ficou evidente na pesquisa que aponta o Corinthians como clube de maior torcida no estado. Assim... de boa... é uma vergonha. Entre as dez maiores torcidas, apenas três são do Paraná. Sei que a informação é antiga, mas olhe a lista:

1 – Corinthians, 12,5%
2 – Atlético-PR, 9,6%
3 – Palmeiras, 7,6%
4 – Coritiba, 7,5%
5 – São Paulo, 6,5%
6 – Flamengo, 6,2%
7 – Santos, 4,3%
8 – Paraná, 3,2%
9 – Grêmio, 2,6%
10 – Internacional, 1,4%

Considerando que os números que apontam os três clubes de Curitiba são, em sua grande maioria, de curitibanos, fica evidente que pelo menos no futebol o interior do Paraná não é paranaense. E onde é que estão os clubes do interior? Não é brincadeira não! Em Londrina, segunda maior cidade do Estado com mais de 500 mil habitantes, o clube da cidade fica atrás de cinco clubes paulistas e cariocas na preferência dos torcedores. O diretor de marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosemberg, que classificou o negócio como uma “grande tacada mercadológica”, expôs com todas as letras o provincianismo do nosso Estado: “O norte paranaense é paulista”.

Não pensem que estou defendendo algum tipo de bairrismo ou segregação. De jeito nenhum. Direita pra mim é apenas uma posição dentro do campo, não na esfera política. Mas a subserviência é uma posição política. E quem invoca a posição de “democrático, liberal e livre de preconceitos” para defender um negócio cujo único objetivo é o lucro, está de fato defendendo apenas um “direito comercial”. Mas ok, pra terminar, vou dar o braço a torcer. O J. Malucelli nunca foi nada diferente disto, quer dizer, como Linhares Junior – defendeu hoje em sua coluna, um “clube” que nasceu pra ser uma empresa, revelar jogadores e dar lucro para seus empresários. Eu ainda acho que embora o futebol possa ser comprado e vendido, não se pode dizer o mesmo da relação de uma torcida com seu clube ou sua cidade.

*Rodrigo Ponce Santos é torcedor do Atlético-PR, escreve sobre o futebol do Paraná para o Futepoca e é autor do blogue Pretexto.