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DIEGO SARTORATO*
Repercutiu na Folha, no Estado e no portal de notícias da Globo, entre outros: o lançamento do plano de governo do ex-ministro e atual candidato a prefeito Luiz Marinho, do PT (à esquerda), em São Bernardo, terminou com briga entre militantes e estudantes da Universidade Metodista. O evento ocorria no salão nobre da instituição, onde estavam presentes também a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o senador Aloizio Mercadante, ambos do PT.
A baixaria começou quando Mercadante falava sobre o desenvolvimento do país durante o governo Lula. Um grupo de estudantes de Filosofia – cerca de dez deles, capitaneados por Glauber Leite, 20 anos – resolveu interromper o discurso com gritos insistentes de "ladrão" e "mentiroso". Não precisa de muita criatividade para imaginar como a militância petista reagiu (havia mais de 500 pessoas para o ato): os alunos, em especial Leite, foram expulsos a empurrões e pontapés pela escadaria curva do salão de gala. No calor do momento, especulou-se que o aluno seria um infiltrado a mando de Orlando Morando, candidato tucano à Prefeitura de São Bernardo.Embora o candidato da direita seja citado por rivais como adepto da prática de usar apoiadores para tumultuar reuniões alheias, não foi o caso. Leite já é apontado por três fontes do movimento sindical do ABC Paulista ouvidas por este jornalista como "cavalo de tróia" do PSTU, partido que está coligado com o PSol nas eleições de São Bernardo. Não seria, segundo essas fontes, sequer a primeira vez que ele provoca "os instintos mais primitivos" dos militantes do PT: há cerca de quatro anos, durante uma visita do então ministro da Fazenda Antônio Palocci ao Sindicato dos Metalúrgicos, o estudante teria protagonizado a mesma cena – e recebido o mesmo tratamento.
Nos comentários do artigo, Glauber Leite nega de forma veemente os fatos, alegando não pertencer a agremiações políticas e contestando o episódio de 2003.
Para completar, o tumulto envolvendo estudantes e militantes do PT "coincidiu" com o tiroteio envolvendo o candidato a vice de Morando em São Bernardo, Edinho Montemor (acima, à direita), do PSB.Os episódios, com certeza, não vão puxar o gatilho da vitória de Aldo Santos (à esquerda), candidato da coligação PSol-PSTU, que tem apresentado resultados entre 0% e 2% nas pesquisas eleitorais da região. Talvez – e apenas talvez – propulsionem a candidatura do PSDB, que já comanda a cidade há quase 20 anos. A candidatura de Marinho é a primeira desde 1988 com condições reais de tirar a cidade das mãos da direita. A esquerda radical diz não ver diferença entre PT e PSDB, mas quem viveu neste país (e partircularment no ABC, como eu) nos últimos seis anos sabe que não é bem assim. E quem conhece o perfil de Morando sabe melhor ainda.
Pergunta que não quer - e não deve - calar: se for pra servir de bucha de canhão de um dos dois na disputa eleitoral (que o PSTU diz sequer reconhecer como legítima, aliás), a escolha natural não seria pelo outro lado?
*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

































Fui convidado para escrever sobre Fórmula-1 neste site. Mas peço licença a vocês e ao Felipe Massa, que venceu sem contestação o GP da Europa (prova chatíssima disputada no belo circuito de rua de Valência), para falar um pouco sobre a campanha olímpica do Brasil em Pequim. Como alguns de vocês sabem, no último ano, por questões profissionais, mergulhei nas entranhas da estrutura que administra o esporte olímpico brasileiro. E dessa imersão tirei algumas conclusões que talvez ajudem a explicar o nosso desempenho apenas razoável na China (aliás, em todos os jogos anteriores), como bem definiu o presidente Lula (acima) no "Café com o presidente" de hoje.
Vamos a elas: nunca o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) recebeu tantos recursos e investimentos, sejam eles privados ou estatais, num ciclo olímpico. No total, passaram pelas mãos de Carlos Arthur Nuzman (à direita), presidente do COB, & companhia (leia-se: presidentes de confederações), cerca de R$ 1,2 bilhão. A maior parte desse dinheiro veio da Lei Piva, que destina 2% da arrecadação das loterias para COB, para as confederações de cada modalidade esportiva e para o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) - se bem que este último leva apenas 15% do bolo.
Como se nota, o problema deixou de ser a falta crônica de recursos e passou a ser a gestão deles. O COB, que tem como fonte própria apenas as verbas dos seus patrocinadores, administra esse dinheiro alheio como bem entende. O resultado disso é que esportes sem muita expressão e visibilidade acabam recebendo migalhas. São modalidades como tiro esportivo (à esquerda), lutas, levantamento de peso e tênis de mesa, só para citar algumas, que, para outros países, são verdadeiras usinas de medalhas. Por isso, se quiser ser uma potência olímpica, o Brasil terá que olhar mais para os esportes nanicos.
Como maior financiador do esporte de alto rendimento no país, o governo federal não pode se omitir da tarefa de fiscalizar e acompanhar o uso dos seus recursos, sejam eles diretos ou indiretos. Mas peralá: longe de mim defender uma intervenção federal na atividade. O que sugiro é a participação de todos os segmentos envolvidos, governo, COB, confederações e atletas, na decisão de como e onde aplicar esse dinheiro. O que não dá para aceitar é alguém administrando os bônus e repassando os ônus. Aí a vara quebra, o cavalo refuga, o uniforme encolhe e o país anda para trás na conquista de medalhas olímpicas (acima, à direita).









