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quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Brasileiros na Libertadores: O que Cruzeiro e Grêmio têm

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Por Matheus, do Blá Blá Gol.

O time Azul chega pra sua 4º Libertadores seguida após queda nas oitavas-de-final em 2008, um vice-campeonato em 2009 e queda nas quartas-de-final em 2010. Em 2008, não houve surpresa de forma geral, em 2009 a boa campanha deu status de grande time à base formada por A.B. e em 2010, o time que era favorito caiu pros dois melhores jogos do São Paulo na temporada. Para 2011 o Cruzeiro mantém a base, finalmente tem um camisa 10 que pode decidir e algumas deficiências preocupantes.

Aonde o pão-de-queijo tem mais sabor:
Gol de costas nunca mais
  • O melhor meio-de-campo do Brasil: Nenhum outro time brasileiro tem tantas opções e um meio-de-campo tão bem entrosado quanto o Cruzeiro. Além da trinca de volantes, que foi deixada de lado enquanto Marquinhos Paraná e Fabrício se recuperam de lesão, existe Walter Montillo. Henrique também vem se destacando desde 2009. Se jogar com 2 armadores, o time conta com Gilberto ou Roger para dividir as atenções na criação. Se não, ainda tem Leandro Guerreiro e o polivalente Éverton que podem substituir bem os volantes titulares. Sem falar na promessa de Dudu, que fez boa temporada pelo Coritiba em 2010 e, quando entrou no Cruzeiro esse ano, correspondeu bem.
  • O goleiro da competição: Fábio tem sido São Fábio já há muito tempo. Melhor goleiro do Brasil na temporada passada, muito dos sucessos do Cruzeiro se devem à regularidade com que o guardião das metas azuis tem jogado desde o fatídico gol de costas. O Santo da camisa 1 azul-estrelada passa tranquilidade pro time, pra torcida e pro técnico. Pode ser o diferencial.
  • Sistema defensivo de respeito: Léo é um bom zagueiro e Victorino, até onde sei, é um grande xerife. Além disso, o Cruzeiro possui embaixo das traves, São Fábio. Com os volantes dando proteção, o Cruzeiro teve, ainda que contando com Gil e Edcarlos ano passado, a 2ª defesa menos vazada do Brasileiro. Com Léo e Victorino, a tendência é melhorar ainda mais.
  • Entrosamento, experiência e camisa: Sim, senhores, são três elementos fundamentais para se conquistar a América. Principalmente, os dois primeiros. A base do time vai pra 4ª temporada junta e passou por uma série de provações em todas Libertadores que disputou. Além disso, times de menor expressão tendem a enfrentar o Cruzeiro com maior respeito do que outros brasileiros nem tão conhecidos no exterior (alô, Corinthians, aquele abraço). O mesmo acontece com Grêmio e Santos, principalmente. É o tipo de situação que, ainda que subjetiva, dá mais ânimo e tranquilidade pros jogadores.
Aonde se pode temperar ainda mais:
  • Arena do Jacaré e Torcida: A torcida do Cruzeiro compra o boi do time, como era de se esperar, quando o assunto é Libertadores. O Mineirão, apesar de ser, tradicionalmente, a casa do Cruzeiro, não tinha o aspecto de Alçapão. Os 20 mil malucos (eu, incluso) que devem comparecer aos jogos do time na Libertadores são os mesmos que vão em todos os jogos. Se no Mineirão, que comporta públicos de 65 mil pessoas, essa cambada pode não fazer diferença, na Arena, se usada a favor do Cruzeiro, pode criar um clima muito hostil ao adversário, principalmente nas horas de pressão. O problema é que a torcida azul não tem o perfil de apoiar incansavelmente. Se alguma coisinha dá errado, o caldo pode desandar pro lado que devia ser apoiado. O Estádio, por sua vez, é longe de BH, mas o campo é do tamanho do Mineirão e o gramado está em perfeitas condições. Não existe motivo pra reclamação nesse ponto.
  • Ataque: A situação do ataque titular do Cruzeiro já foi melhor. T. Ribeiro é esforçado e tem uma importante função tática, mas falta habilidade pra ser um bom ponteiro. Dabliupê (o famoso W. Parede) não sabe jogar bola. Até faz seus gols, mas é peça nula quando o assunto é dominar, tranquilizar, tocar a bola. O “Parede” não é a toa e o 9 azul, pra piorar, anda sem sorte. O Cruzeiro está à caça de um camisa 9 de respeito, algo como Fred, por exemplo. Mas pra primeira fase, não vai poder contar com o mesmo. E ir à caça é muito diferente de caçar. Ortigoza, Farías e Wallyson ainda precisam mostrar futebol e não são jogadores que podem mudar, num primeiro momento, o perfil de uma partida.
"Mas eu tava indo tão bem..."
Aonde o caldo pode desandar:
  • Cuca: O técnico do Cruzeiro é uma figura complicada. Depois da rusga entre Gilberto e Roger, onde o chefe da casa-mata comprou a briga do meia-lateral e deixou o Chinelinho de lado, Cuca aprontou mais uma. Depois do clássico, praticamente deu uma de Renato Gaúcho e mandou a culpa “nas principais peças”. Ainda que tenha sido, de fato, culpa dos melhores jogadores que se omitiram, Cuca deveria contemporizar, até porque sua fama, nesse ponto não é das melhores. Na hora de passar tranquilidade, o comandante pode se dar mal e prejudicar o time todo.
  • Lateral-esquerdo: Diego Renan tem sido consistente em não ser um jogador que faz diferença em momentos de tensão. É um bom lateral-esquerdo ambidestro, mas, com um pouquinho de boa-vontade, caberia um jogador melhor naquele lado do campo. O Cruzeiro já foi vice com Gérson Magrão (!), mas foi vice exatamente com duas bolas nas costas desse lateral. E Diego Renan também não prima pela absoluta marcação. Seria interessante ter mais opções naquele setor.
Aonde o bolo de fubá acabou:
  • Lateral-direita: Essa não existe no Cruzeiro. E não existem boas opções de mercado. O Cruzeiro, ao que tudo indica, vai penar com Rômulo e Pablo durante toda a primeira fase, a não ser que Cuca tire um coelho da cartola e faça ajustes com as peças que já tem. Rômulo, o senhor piada, é triste. Pablo, que fez um grande jogo contra o Galo no último clássico, marca muito bem, mas é ineficiente no apoio. Pra quem contava com Jonathan, é digno de desespero. O jogo do Cruzeiro passa muito pelas laterais e não ter um bom jogador pela direita é extremamente preocupante.
  • Ataque fortíssimo: É outra coisa que o Cruzeiro não vai ter. Com sorte, será contratado um goleador pra vir e assumir a camisa 9 azul sem discussão, mas um ataque forte com bons reservas é praticamente impossível. Resta se contentar com o esforço de T. Ribeiro, a velocidade de Wallyson e com os brigadores Farías e Ortigoza. W. Parede? Bom, melhor deixar pra lá.



Promessa de novas avalanches
Por que ter esperanças?  

Estádio Olímpico: O Olímpico, em si, como a grande maioria dos grandees estádios brasileiros, é absolutamente neutro. A diferença não é o efeito que causa no adversário, mas no próprio time do Grêmio. Os jogadores passam a achar que podem ganhar de qualquer um. E naquele típico “dilema Tostines”, fica difícil saber se é o time que levanta a torcida, ou se é a torcida que carrega o time. Mas os dois juntos vão no embalo, e é dificil segurar. Ademais, o estádio estará lotado.

O que pode impulsionar o Grêmio

Mentalidade: O grupo está embebido em Renato. Isso significa que “‘tá todo mundo se achando”! Esqueceram de avisar os jogadores do Grêmio que eles são ruins, que o elenco é limitado, que eles estão abaixo do nível dos times realmente favoritos para a Copa. Eles têm a mais absoluta certeza que nasceram para serem campeões da América, que são imortais e que a camisa do Grêmio é “feiticeira”. E farão de tudo para mostrar ao Mundo que certos estão eles.
Fase de Grupos: O sorteio foi muito favorável ao Grêmio. Não que os adversários sejam aquele “mamão-com-açucar”, será difícil jogar fora seja em Huánuco (o mais fraco dos oponentes), em Santa Cruz de la Sierra (caldeirão, torcida apaixonada) e em Barranquilla (longe, quente e úmido), mas poderia ter sido muito pior. Uma boa campanha nessa fase pode aumentar ainda mais o moral do grupo para o resto da Copa.
Gabriel: joga muito esse nosso lateral-direito. É o jogador mais constante do time, temn forte chegada à frente e não compromete defensivamente.
Victor: goleiro de Seleção brasileira. É frio, seguro, falha pouco e faz milagres de vez em quanto. Na meta, o Grêmio está muito bem servido.

As apostas

Ataque: Sem Jonas, a certeza de um setor ofensivo eficiente fica abalada. Não se sabe se Borges e André Lima podem jogar juntos, e os reservas andam abaixo do que jogaram em 2010. As chegadas de C. Alberto e D. Escudero de forma alguma trazem confiança imediata. Há chances de o setor ofensivo funcionar, mas não há nenhum sinal concreto de que isso ocorra.
Vê se você faz isso, Ronaldo
Douglas: O Grêmio depende dele. Não há reserva à sua altura, e ele, apesar de ser muito bom jogador, é daqueles “craques” que desaparecem nos jogos ou durante a temporada. Numa competição em que uma partida pode decidir tudo, isso é muito pouco.


O que pode emperrar o Grêmio

Renato: Confesso que não vejo nele um treinador ainda pronto. Apesar de ex-jogador e rodado, ele ainda parece não ter todas as credenciais para ser um grande treinador. Fez um excelente e inacreditável trabalho quando chegou no Grêmio no ano passado, mas parece ter dificuldade em lidar com a diretoria e em arrumar a bola parada (tanto ofensiva quanto defensiva). Se mostrar crescimento profissional, aumentam as chances do Grêmio.

Setor Defensivo: Chegou Rodolfo, que parece ser melhor do que os jogadores que estão aí.  O problema é a dificuldade em encontrar-lhe um colega no miolo-de-zaga, já que nem Paulão, nem Vílson reproduzem o futebol do final do ano passado. Ademais, a marcação na meia-cancha ainda não se reencaixou, prejudicando a defesa. Se o Grêmio voltar a se defender como no segundo turno do Brasileiro, o time crescerá junto com a defesa.

Por que se desesperar?

Bagunça Administrativa: A atual direção para um pouco um tanto sem rumo. E quando não se encontra firmeza na diretoria, se algo sair dos trilhos é difícil evitar o descarrilamento. A direção de futebol pode levar o time ao abismo junto com ela, se as coisas não começarem a se acertar na parte de cima da hierarquia. A impressão é que o pior já passou, mas com as decisões da Taça Piratini a caminho, em que nenhum tropeço é admissível, o bolo pode desandar novamente. E agora pode ser de vez…

Lateral-Esquerda
: Na direita, está tudo certo. Já do outro lado… Não que se sinta saudades do Fábio Santos, porque não se sente, mas o fato é que dos quatro laterais-esquerdos da relação (Gílson, Collaço, Neuton e Lúcio) nenhum transparece ser a solução para o setor. Aliás, o fato de ter quatro jogadores listados na posição (se bem que Neuton e Lúcio são polivalentes) já demonstra o quanto há dúvida nessa questão.

Bola Aérea
: Sempre que cruzam alta a bola na área é um “deoznozakuda”; seja em bola parada ou lance construído de jogo. E não há sinais de que vá melhorar logo.
T.R.G.: A Torcida Raivosa Gremista (apelido carinhoso da Social) vem dando sinais de que o reinado da Geral está para acabar. Importaram um estoque considerável de vuvuzelas da África do Sul, e tocam a corneta sem menor pudor ou critério. Considerando que as forças do Grêmio são justamente a mentalidade e o “fator casa”, os corneteiros podem colocar o campeonato no lixo.

Passei raiva: 2h40 para percorrer trecho que deveria levar 50 minutos

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Segundo o Google Maps, eu deveria ter levado 49 minutos para o trajeto. Foram consumidos 2h40. Choveu em São Paulo durante a tarde, houve pontos de alagamento e muito congestionamento. Do Largo do Paissandu até a Consolação, trecho percorrido em cinco minutos, foram gastos 35.

Passei raiva para sair do Centro de São Paulo para a Vila Sônia, na região sudoeste da capital. Sem livro, sem fone de ouvido, de pé.

Tudo bem, todo mundo sabe que se chove, São Paulo para.
Mas não está tudo bem.

Ao meu lado, também de pé, uma passageira completou a leitura das 50 ou 60 páginas que faltavam na fruição do primeiro livro da série O Crepúsculo, de Stephenie Meyer – com a edição de capa especial. Depois de encerrado o volume, ficou mais 30 minutos sem ter o que fazer. Contive-me para pedir o exemplar para experimentar, em um ato desesperado, algum passatempo.

Sentada duas fileiras à frente, uma moça tentou de tudo para fazer prosperar um flerte com um japonês, que seguia impassível. Apesar de nada acontecer a despeito de ajeitadas no cabelo e retoques na maquiagem, ela relatava os "avanços" (que fantasiava) a uma amiga, por mensagens de texto no celular. Sugeria à interlocutora à distância que o pretendente a estaria "secando", quando na verdade o oriental matinha o fone nos ouvidos e os olhos fixos no celular de outro passageiro, que transmitia a primeira etapa de São Paulo e Treze da Paraíba. É feio ler mensagem de texto alheia, eu sei.

Ao meu lado, um senhor de uns 60 anos tentava controlar, por telefone, a ansiedade de sua senhora, que o aguardava no Shopping, mesmo quando já era mais de 22h. A cada trinta minutos, perguntava para mim quantas paradas haveria entre distâncias variadas. Da Faria Lima até a Francisco Morato. Da Brasil ao Eldorado. E assim por diante.

Outros passageiros tentaram arrumar o que fazer. Muitas cabeças pendidas para frente, para o lado, para trás em uma soneca que não durava dois minutos de cada vez.

Dureza. Tudo isso por uma tarifa de R$ 3, reajustada pela gestão de Gilberto Kassab (DEM, futuramente, quem sabe, no PMDB). E nem tinha um bar no coletivo pra melhorar o clima.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Copa do Brasil 2011: Rogério Ceni vai pra Macapá?

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Rogério Ceni treinando com astro internacional
Foi depois de um empate com o Atlético-MG no Campeonato Brasileiro de 2008 que o arqueiro tricolor Rogério Ceni disparou contra a Copa do Brasil, torneio que começa hoje: "Com todo respeito à Copa do Brasil, mas eu não consigo me ver jogando em Macapá [capital do Amapá], e sim em Maracaibo".

Mas como diria um antigo anúncio publicitário, o tempo passa, o tempo voa, e hoje a opinião do goleiro já é um pouco menos desdenhosa. "Lógico que tem uma abrangência diferente, é um torneio nacional, enquanto o outro é continental. Mas os estilos são parecidos, porque também é mata-mata. Precisamos nos adequar às coisas que temos na vida. Por isso, (a Copa do Brasil) se torna a nossa Libertadores do primeiro semestre. Vamos jogar para que possamos voltar à competição original no ano que vem, mas temos que fazer o resultado".

O fato é que a Copa do Brasil começa hoje e o Tricolor enfrenta o Treze-PB. Galhofa à parte, o São Paulo é favorito, assim como Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG e Botafogo (não necessariamente nessa ordem). E, ainda que não conte com as equipes brasileiras que disputam a Libertadores, é uma competição mais que interessante, competitiva e cheia de zebras. Sem dúvida, poderia ser um torneio melhor, se mais bem pensado, e um dos exemplos é uma proposta oportunista, já que surgiu em função de uma desclassificação: a ideia de um time eliminado antes da fase de grupos da Libertadores ir para o torneio nacional. Novamente deixando as pilhérias de lado, o Corinthians (e qualquer outro clube que tivesse se classificado para essa fase) engrandeceria a Copa do Brasil.
Os jogos de hoje:

16/02/2011 - 17:00 - Bangu/RJ x Portuguesa/SP
16/02/2011 - 17:00 - Ceilândia/DF x Caxias/RS
16/02/2011 - 22:00 - Fast/AM x Fortaleza/CE
16/02/2011 - 21:00 - União Rondonópolis/MT x Guarani/SP
16/02/2011 - 21:00 - Horizonte/CE x ASA/AL
16/02/2011 - 21:00 - Iraty/PR x Grêmio Prudente/SP
16/02/2011 - 21:00 - Botafogo/PB x Vitória/BA
16/02/2011 - 21:00 - Santa Helena/GO x Uberaba/MG
16/02/2011 - 21:30 - Naviraiense/MS x Santo André/SP
16/02/2011 - 21:00 - Gurupi/TO x Paraná/PR
16/02/2011 - 21:00 - Vitória/ES x Goiás/GO
16/02/2011 - 22:00 - São Domingos/SE x Bahia/BA
16/02/2011 - 22:00 - Murici/AL x Flamengo/RJ
16/02/2011 - 22:00 - Treze/PB x São Paulo/SP
16/02/2011 - 19:30 - Ypiranga/RS x Coritiba/PR

Ah, sim. A chance do goleiro do São Paulo ir pra Macapá existe, caso o Trem-AP, que enfrenta o Náutico no dia 23, chegar até essa fase da competição. Atual campeão do estado, o time enfrentou ontem em um amistoso a seleção da Serra do Navio e venceu por 2 a 0, gols de Ari e Lessandro (é sem o "a" mesmo). Vai, Trem!

Santos estreia com o empate que Adílson queria

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Depois de testar inúmeras formas de jogar no Paulista, umas mais e outras menos ofensivas, Adílson Batista, na estreia do Santos na Libertadores, resolveu... testar mais uma vez. E optou por uma formação defensiva que desde a época do “profexô gênio” não via no Santos. À frente, Neymar e Diogo, este quase um meia-atacante, enquanto Zé Love e Maikon Leite esquentaram o banco em Táchira. No meio, Arouca, Possebon e o sub-20 Danilo, que atuou na meia quase como um terceiro volante, revezando às vezes com Pará na lateral direita.

Elano também jogou mais atrás e o Peixe, sem criatividade, pouco fustigou o Deportivo Táchira. Na verdade, teve dois lances, um no primeiro tempo com Neymar e Danilo, e outro no segundo, em uma cobrança de falta. O time venezuelano, nem isso. A diferença técnica entre os dois times era notável (mesmo assim, a equipe parece melhor que a maioria dos times do Paulista, se é que isso é parâmetro) tanto que a torcida da casa gritou “olé” por volta da metade do segundo tempo quando seus atletas conseguiram trocar meia dúzia de passes no campo alvinegro. De fato, os venezuelanos também não tinham nada a comemorar...


Além do esquema “inovador”, nas substituições Adílson mostrou que o empate era o resultado que estava no “planejamento” da comissão técnica. Trocou Diogo por Zé Love, que se esmerou em tentar cavar faltas (o rapaz não conhece arbitragem de Libertadores, vai aprender) e depois retirou os dois laterais, Pará e Léo (atente para os pontos fracos do sistema defensivo do Santos nesse post) e colocou Adriano e Alex Sandro. Terminou com três volantes uma peleja pouco inspirada e que, também pelo horário, fez o torcedor penar para assistir até o fim.

Outro ponto incompreensível de Adílson: Neymar e os outros três meninos deixaram Arequipa, no Peru, na manhã de domingo. Isso depois de mais de um mês em um torneio longo e cansativo. Fizeram escala em Lima antes de chegaram em Caracas, contaram com atrasos, tiveram que dormir na capital venezuelana. Depois, tomaram voo para San Cristobal, que fica a 840 km de Caracas. Fácil né? E Neymar e Danilo jogaram todos os 90 minutos. Arouca, que faz seu segundo jogo depois de contusão, também. Sinceramente, não consegui entender qual o critério. Seria castigo para os moleques?

O 0 a 0 final não foi nada animador e bastante frustrante pras possibilidades e pelo elenco que o Santos tem. Faltou coragem, mas sobrou “criatividade” para o comandante santista.

Tipos de cerveja 60 - As Imperial Stout

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Também conhecidas por Russian Imperial Stouts, estas cervejas são consideradas as "rainhas" das Stouts. A origem do nome remonta à época em que as cervejeiras inglesas faziam produtos fortes, com intenso sabor de malte torrado e lúpulo, destinadas aos países bálticos e à Rússia, onde eram muito apreciadas pela Côrte Imperial. Para suportar as viagens, essas bebidas tinham elevado teor de álcool, variando entre 8% e 12%. Como características, têm pouco gás, forte sabor de chocolate amargo e malte torrado e cor muito escura. "Uma Imperial Stout é excelente companhia para um prato de queijo, chocolate negro ou melão", opina Bruno Aquino, do site Cervejas do Mundo. "Apesar de poder alterar o aroma e sabor da cerveja, pode-se também experimentá-la com uma boa cigarrilha ou charuto", acrescenta. Para experimentar: Three Floyds Dark Lord Russian Imperial Stout, Victory Storm King Imperial Stout ou a Stone Imperial Russian Stout (foto).

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Brasileiros na Libertadores: o que Santos e Fluminense têm

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Calma, leitor, que são dois posts em um. Primeiro, as visitas: 


O que tem o Fluminense para a Libertadores

Por Victor, do Blá Blá Gol

Ele tem a força. (Wallace Teixeira / Photocamera)
Fluminense chega na Libertadores com status de favorito. Status conferido pelo seu recente título de Campeão Brasileiro, elenco caro e qualificado e jogadores que efetivamente podem vir a desequilibrar em favor do time como Fred e Emerson.

O Fluminense tem a sua disposição:

    * Ataque decente: Rafael Moura, Araujo e Ruimdriguinho podem jogar e tornar o time do Fluminense competitivo apesar de normal. O recente histórico de contusões das estrelas de ataque tricolores torna bastante plausível variações de ataque com esses jogadores
    * Meio campo forte e versátil: O trunfo de Muricy na Libertadores será a gama de opções para montar o meio-campo com qualidade, sempre em função de Conca. Muricy pode variar do muito defensivo ao muito ofensivo com jogadores já testados na equipe.
    * Laterais fortíssimos: Mariano passa por fase esplendorosa. Carlinhos não é tão regular quanto seu colega mas resolveu a lateral do time e a falta de apetite de Julio Cesar, jogador que ao menos foi recuperado por Muricy para compor o elenco.

O que o Fluminense pode vir a ter:

    * Ataque poderoso: Fred e Emerson são muito acima da média. Quem não os viu em campo, basta ver a média de gols dos dois em suas carreiras. Nenhum dos dois é melhor que Neymar, mas são dois. Todavia, são dois que em muitas oportunidades viram zero pelas contusões frequentes.
    * Goleiro: Diego Cavalieri chegou barrando a solução caseira Ricardo Berna, goleiro que cumpriu seu papel com brilhantismo ao fim do Brasileiro de 2010. Mas sabe-se lá quais as reais condições do titular. Como Muricy não é maluco para barrar o goleiro que ele promovera de graça, bem deve estar.

O que o Fluminense pode vir a não ter:

Ingresso caro resolve?
    * Torcida: O Fluminense valorizou a competição ao elevar os preços dos ingressos. Não é intenção deste tópico discutir o acerto ou não da atitude e nem seus porquês, porém, cabe levantar que os preços mais elevados nas fases iniciais podem afastar a torcida do estádio. Se vier ocorrer, tal problema seria atenuado em fases mais avançadas com aumento da demanda ou mesmo possível reajuste de preço calibrando a relação oferta/demanda (os jogos da primeira fase já tem valores pré-definidos)

O que o Fluminense não terá:

    * Uma grande defesa: A dupla de zaga campeã brasileira parece ter jogado em seu limite no Brasileirão ainda que tenha ido bem. O Fluminense não tem um zagueiro que coloque a bola no bolso e chame-a de sua. O volante Edinho pode vir a auxiliar a zaga como Diogo fez com propriedade em 2010, mas será para correr atrás e não para sair na frente como o Monstro em 2008 ou como Dalton em 2009. O reserva André Luis deixa a zaga consideravelmente mais fraca quando entra.
    * Um reserva para Mariano: Se as laterais do Flu são fortíssimas, pode ficar fraquíssima. Basta que Mariano não possa jogar, já que o lateral é o único jogador do time sem reserva para a posição.


O que é que o Santos tem?
Depois de dois anos fora da Libertadores, o Santos volta ao torneio continental com boas perspectivas. Mas, sabe como é, torneios com fase de mata-mata nem sempre privilegiam o melhor time ou aquele com futebol mais vistoso. Às vezes o que ajuda a definir um campeão é a tal da raça, o algo a mais, o acaso, um lance genial, um acidente, um erro de arbitragem ou o sobrenatural de Almeida. Mas ter um bom time é um bom começo. E isso o Santos tem, além de outros motivos que podem fazer o torcedor acreditar no Tri da Libertadores.

O que deixa o torcedor animado

Neymar – contar com o craque do Sul-Americano Sub-20, com 19 anos recém-completados nesse mês e evoluindo não é pouca coisa. O moleque amadureceu depois do sinistro episódio que resultou na demissão de Dorival Júnior e, no Santos, vai ter um ambiente e companheiros de equipe que devem deixá-lo ainda mais à vontade do que na seleção que conquistou a vaga nas Olimpíadas.
Mesmo quando está apagado, o mocinho cobiçado pode decidir num lance ou mesmo cavar uma expulsão dos adversários. No torneio pré-olímpico, já teve uma amostra de como (não) será camarada a arbitragem sul-americana, assim como já sabe que os adversários não serão nem um pouco benevolentes. Já tem conhecimento também que projeções similares a saltos ornamentias não vão resolver. Como tem personalidade e aprende rápido, deve voltar mais preparado pro embate continental. Sem dúvida, via se destacar.

Além da técnica, Elano é o "pé de coelho". ( Ricardo Saibun/SantosFC)
Elano – antes de se contundir (na verdade, ser “contundido”) na Copa da África do Sul, o meia era a melhor figura da seleção brasileira. Muitos, aliás, atribuem parte do fracasso canarinho a sua ausência. Curioso, porque antes do Mundial muitos torciam o nariz para Elano. Mas é indubitável sua inteligência tática e o fato de conhecer todos os fundamentos, podendo fazer um passe, um lançamento, um drible e gols de fora da área ou de cabeça. Deve ser decisivo, entretanto, em uma de suas especialidades que resultaram em inúmeros gols da seleção de Dunga, como o que definiu o título da Copa das Confederações: a bola parada.
Além de tudo, o jogador é considerado um “talismã” pela torcida peixeira, por ter feito o segundo e decisivo gol da vitória que tirou o time da fila, contra o Corinthians, em 2002, e o segundo da vitória alvinegra contra o Vasco, que garantiu o título brasileiro de 2004. Na final da Libertadores contra o Boca, em 2003, Elano não jogou e o Peixe foi vice. Coincidência?

O que deixa o torcedor ressabiado  

Ganso – muitos santistas vão me xingar por colocar o camisa 10 como um motivo incerto para animar o torcedor, mas é só ponderar. O jogador andou reclamando do tratamento oferecido pela diretoria do clube e o grupo DIS, camarilha do mundo da bola que tinha negócios quase familiares com o ex-presidente santista Marcelo ex-Eterno e que detém 45% dos direitos econômicos do atleta, andou oferecendo o mesmo a clubes rivais (curioso, aliás, que Ganso precise ser “oferecido” a alguém...).
Mas, fora isso, existe outro ponto: o atleta passou por uma cirurgia delicada e a Libertadores não é conhecida por apresentar marcadores clássicos como Falcão e Clodoaldo, mas tem na sua galeria de herois eméritos açougueiros como Dinho, Pintado e Galeano. Ou seja, ninguém vai ter dó de acertar o atleta que estará voltando depois de um período razoável longe dos gramados. Em suma, são várias questões: ele vai conseguir voltar a jogar plenamente no primeiro semestre? A readaptação será rápida? A recuperação física será completa? Torço que sim, mas certeza não é possível ter...  

A grande chance do técnico. Vai aproveitar?
Adílson Batista – o treinador chegou no clube e não se viu ninguém fazendo festa com a sua contratação. Dentro das opções disponíveis no tal mercado, achei a escolha até interessante e saudei como uma possibilidade de se retomar o futebol ofensivo de Dorival, obscurecido quando o clube escolheu um interino para dirigir a equipe em quase metade do Brasileiro de 2010. Até agora, Adílson está invicto, em que pese ter enfrentado somente uma equipe digna de nota, o São Paulo. Nesse meio tempo, testou várias fórmulas e esquemas táticos, tem vários desfalques mas ainda não passa segurança à torcida. A Libertadores começa como o seu real teste. Pelo lado positivo, Adílson já tem uma final do torneio no currículo, coisa que pretensos gênios como o “profexô” não tem até hoje, mesmo tendo dirigido legítimos esquadrões.


O que faz o torcedor rezar

Sistema defensivo – o Santos estonteante do primeiro semestre de 2010 não tinha uma das defesas mais confiáveis do futebol tupiniquim. Mas o ataque compensava e fazia com que o rival muitas vezes abdicasse de atacar para não sofrer placares elásticos. Quase um esquema kamikaze que se baseava, principalmente, em talento.
No entanto, havia carregadores de piano no meio que eram fundamentais para que tudo funcionasse: Arouca e o multifuncional Wesley. O primeiro está voltando de contusão e o segundo foi substituído por Rodrigo Possebon, volante que não tem a velocidade e as características que faziam de Wesley peça importante no esquema de Dorival. Pará na lateral direita é uma temeridade, mas o veterano Léo tem sido útil na canhota. Contudo, se não tiver cobertura não consegue encarar um atacante veloz. Idem para a dupla de zaga com Dracena e Durval, que parece muito dispersiva em algumas partidas, quase irresponsável, mas brilha em outras, como no clássico contra o São Paulo.
Adílson espera o retorno do lateral-direito Jonathan e pode colocar alguns dos laterais da Sub-20 no time titular até como meias. Mas, por enquanto, é bastante claro que ele não conseguiu construir uma defesa consistente. Em competições eliminatórias, isso pesa. Que ache a fórmula logo...

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Valeu, Gordo!

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Destaque na capa dos maiores jornais do país, chamada nos principais esportivos do mundo. A repercussão do anúncio de aposentadoria de Ronaldo Nazário dos campos de futebol, como quase tudo relacionado ao jogador, impressiona.

Este post coube à ala corintiana do Futepoca por motivos óbvios, mas não de todo verdadeiros. Quem se aposenta não é apenas o centroavante do Corinthians, seja o craque que destroçou Santos, São Paulo e Inter no Paulistão e Copa do Brasil de 2009, seja o jogador gordo que viveu de lampejos no fim de 2010 e nem isso mostrou nesse começo de ano. Quem hoje pendura as chuteiras é um patrimônio do futebol brasileiro.

Seus 15 gols em Copas do Mundo, quatro contusões nos joelhos, três eleições para melhor jogador do mundo, sua genial participação na Copa de 2002, os gols pelo Corinthians, Cruzeiro, Barcelona, Real Madrid, Milan, Inter de Milão o fazem uma figura realmente fenomenal. O diário espanhol Marca estampou em sua página na internet “Adiós al mejor delantero de la historia”. Se é ou não exagero é tema para debates no fórum adequado (e para a caixa de comentários, claro) - adianto que só me lembro de Romário no mesmo nível, e voto no Gordo.

Para este corintiano, fica na lembrança o primeiro gol pelo clube, de cabeça, contra o Palmeiras, a queda do alambrado. O corte no zagueiro e a o golaço de cobertura em Fábio Costa, na Vila Belmiro, na final do Paulistão. A corrida contra o zagueiro Rodrigo na semifinal do mesmo torneio. O segundo gol contra o Inter, na Copa do Brasil. E o fato de ter visto aquele que talvez seja o maior craque do futebol brasileiro desde a década de 1990 no Parque São Jorge.

Valeu, Ronaldo! Saudações Alvinegras!



Agora falando sério

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Aqui neste blogue, sou eu quem costuma brincar, frequentemente, com pesquisas sobre o hábito de manguaçar - como aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e mais aqui. Mas tem hora que é preciso falar sério: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de álcool mata mais que Aids, tuberculose e violência. Materinha da Reuters registra que cerca de 2,5 milhões de pessoas morrem anualmente por causas relacionadas ao álcool, ou 4% das mortes no mundo todo, segundo o"Relatório Global da Situação sobre Álcool e Saúde".

O texto observa que "as políticas de controle do álcool são fracas e ainda não são prioridade para a maioria dos governos, apesar do impacto que o hábito causa na sociedade: acidentes de carro, violência, doenças, abandono de crianças e ausência no trabalho, de acordo com o relatório [da OMS]". "O uso prejudicial do álcool é especialmente fatal em grupos etários mais jovens e beber é o principal fator de risco de morte no mundo entre homens de 15 a 59 anos", afirma o relatório.

Na Rússia e na Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma em cada cinco mortes ocorre devido ao consumo prejudicial, a taxa mais elevada do planeta. A OMS acrescenta que tal comportamento tem aumentado no Brasil, Cazaquistão, México, Rússia, África do Sul e na Ucrânia. Além disso, cerca de 11% dos consumidores de álcool bebem bastante em ocasiões semanais e os homens adotam comportamento de risco em níveis muito mais elevados do que as mulheres, em todas as regiões.

Sem comentários. Os dados falam por si. Portanto, consciência!

domingo, fevereiro 13, 2011

Dois comentários sobre o São Paulo F.C.

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Primeiro: O meia Lucas marcou três gols e deu duas assistências na goleada do Brasil sobre o Uruguai por 6 a 0, ontem, quando conquistamos o título do Sulamericano Sub-20. Resta saber se a promessa vai virar realidade ou se é só fogo de palha.

Segundo: O atacante Dagoberto participou dos três gols na estreia de Rivaldo, quando o time venceu o Linense, depois ficou fora na derrota contra o Botafogo e, hoje, deu passes para dois gols na vitória sobre a Portuguesa. Coincidência?

Revista da Editora Abril chama Chico Buarque de 'moleque' por defender Lula, Dilma, Chávez e Fidel

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Depois do despropósito de enfiar uma foto de José Serra no encarte de um CD de Chico Buarque, a Editora Abril volta a fustigar o artista carioca. Chico está na capa da edição de fevereiro da revista "Alfa Homem" (à direita), o que me convenceu a comprá-la. O mote da reportagem, que visitou o entrevistado em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, é a sua volta à música: ele deve entrar em estúdio até abril, para gravar um novo álbum, depois do jejum imposto pela produção do (muito premiado) livro "Leite derramado". Até aí, tudo bem. A materinha conta trivialidades curiosas, como o fato de hoje Chico só beber moderadamente, com uma tacinha de vinho ou de grappa (cachaça italiana) após o jantar, depois de livrar-se do consumo forte de álcool nos anos 1980, ao ingerir ervas amazônicas do "bruxo" Lourival; e também sua paixão pelo futebol, que o levou, certa vez, a identificar-se como "um famoso jogador" no aeroporto de Paris. "E aquela caixa de violão na esteira?", perguntou, cético, o funcionário. "É o disfarce para as minhas chuteiras", respondeu o artista.

Porém, o texto de Regina Zappa guarda um certo tom de "desagravo", uma linha condutora que leva a crer que a reportagem louva Chico Buarque "apesar de alguma coisa". E essa "alguma coisa", lógico, é sua posição política. Chico se engajou publicamente na campanha de Dilma Rousseff, em 2010 (contra José Serra, o candidato da família Civita, proprietária da Editora Abril). E nunca deixou de defender Fidel Castro e as transformações em Cuba ou mesmo Hugo Chávez e os avanços sociais na Venezuela. Isso, para a revista Alfa Homem, é pecado. "(Chico) É amado, respeitado, invejado, celebrado - e odiado, muitas vezes por causa de suas posições políticas de esquerda", opina o texto de Regina Zappa. "Deixou claro, várias vezes, seu apreço a Lula e apoiou Dilma Rousseff durante a campanha. 'Dilma é uma mulher corajosa', declarou no programa eleitoral. Para o bem ou para o mal, nunca causou surpresa nessa área. Chico sempre foi de esquerda", prossegue a matéria.

Mas o acusatório "para o bem ou para o mal" não foi suficiente. Os editores resolveram agregar um "desagravo" ainda mais contundente para o "hediondo defeito" de Chico Buarque. Escalaram um tal de Caco de Paula para escrever um breve - e inacreditável - textinho para ser agregado à reportagem, sob o singelo título de "Não chute o poeta". Diz um trecho (o grifo é nosso): "Sua obra tem grande importância, independentemente de suas opiniões favoráveis aos dinossauros de Cuba e da Venezuela. Por crença pessoal, estilo, molecagem, necessidade de seguir contra a corrente, ou tudo isso junto, Chico se mantém fiel ao ideário romântico e utópico que em alguma esquina da história acabou fulanizado nas imagens patéticas de Fidel e Chávez". E mais: "Chico tem o direito de expressar sua opinião sobre os 'comandantes' e pode perfeitamente ser criticado por quem os considera, estes sim, os verdadeiramente imperdoáveis" - como se Chico precisasse ser "perdoado"...

Tá, eu também tô careca de saber a posição política da Editora Abril e de suas publicações, de seu conservadorismo, fascismo ou o que seja. Basta dar uma olhada nas capas da Veja, não precisa nem abrir para ler. Mas dessa vez eles estão usando (repito: usando) alguém que não compartilha de suas opiniões, mas que é simplesmente Chico Buarque, para dizer que "sim, ele é legal, mas não devemos odiá-lo por apoiar essa corja esquerdista; você deve considerá-lo apenas um genial artista, mas, em política, é uma besta". E, para fazer essa patifaria, eles vão até a casa do cidadão, partilham de sua privacidade e boa vontade, colocam sua cara na capa para vender mais revistas e, depois disso tudo, enxertam um textinho classificando de "molecagem" sua militância e postura política. Quando a gente acha que já viu de tudo, eles conseguem se superar. Ô, racinha, essa tucanada "iluminada"...

sábado, fevereiro 12, 2011

Tarde de Tardelli e a maldição da torcida única

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Como atleticano, estou gostando muito dessa história de torcida única nos jogos Atlético e Cruzeiro. Primeiro porque prova quem vai mais ao estádio. Sozinhos, os cruzeirenses não enchem meio estádio, foram menos de 10 mil almas.


Segundo que, pela segunda vez, só com cruzeirenses presentes o Galo ganhou de 4 a 3, com três gols de apenas um jogador. No Brasileirão foi a vez de Obina. Agora, a tarde foi três vezes de Tardelli.

E foi um jogo extremamente corrido (mesmo com um sol para cada jogador) e emocionante. Se o primeiro gol de Wellington Paulista animou os cruzeirenses, logo em seguida veio a virada com dois gols do inspirado atacante alvinegro.

Para não fugir de polêmica, mas fugindo, não consegui ver se foi pênalti ou não no lance marcado pelo árbitro a favor do Galo. Houve um pênalti no segundo tempo para o Cruzeiro que não foi marcado no Roger, que se jogou tanto que deve ter cansado os olhos do juiz. Além de duas bolas na trave dos azuis.

Mas além de Tardelli vale destacar a tarde inspirada do goleiro Renan Ribeiro, que fez três a quatro defesas importantíssimas. Mostrou que não treme em clássico. Além da boa estreia do zagueiro Leonardo Silva, muito vaiado pela torcida azul por ter trocado de lado, mas que não se intimidou e fez grande jogo mesmo sendo a primeira partida depois de seis meses sem jogar. Com a volta de Réver, que está machucado, o Galo tem tudo para ter uma das melhores zagas do Brasil.

Mas o grande destaque da tarde mesmo foi Dorival Júnior. Improvisou um jovem meia (Jackson) na lateral direita porque não tinha nenhum especialista, pôs para jogar quem está bem fisicamente sem se importar com o nome do jogador (Diego Souza e Jobson estavam na reserva) e quando estava 4 a 2 trocou atacantes e meias por atacantes e meias, sem medo, sem a estratégia de botar mais um zagueiro . Pela segunda vez seguida venceu Cuca e a torcida única azul.

Vamos ver agora no próximo jogo com mando do Galo se a escrita de ganhar o time sem torcida se mantém ou se o Atlético encaçapa a terceira vitória seguida.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Bela estreia

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O estreante Liédson roubou a cena e foi nome da bela vitória corintiana sobre o Ituano, na noite desta quarta, no Pacaembu. Ele marcou dois dos quatro tentos alvinegros, se movimentou, tabelou, pressionou a zaga adversária e, imaginem, chutou a gol. A comparação com as últimas atuações do fenomenal titular da camisa 9 do Parque São Jorge é vexatória pra o obeso atacante.

Tambem causa estranhez comparar o desempenho do time contra o Tolima e mesmo na apertada vitória contra o Palmeiras, em que o Timão foi apertado o jogo inteiro e só saiu vitorioso por conta da fraca zaga verde.
A mudança não é da tal da raça, vontade e outros termos tão na moda (cabe uma pesquisa sobre isso, porque diabos o pessoal começou a acreditar que futebol não tem mais nada a ver com tática, técnica, preparo físico, basta apenas ter “vontade”).
Pergunto aos oráculos por que diabos Tite escalou nenhum meia contra Tolima, quando utilizou em tese força total, e dois na partida seguinte. Saíram Paulinho e Dentinho e entraram Danilo e Cachito Ramires. Com eles, o time prende mais a bola na frente, tem mais toque de bola, essas coisas de meio-campistas. Morais, outro meia, entrou muito bem no segundo tempo e deu novo passe para gol.

A troca do veteraníssimo Roberto Carlos por Marcelo Oliveira deu uma excelente opção pela esquerda. Aqui, cabe uma explicação. Nem todos os velhinhos não necessariamente devem ser descartados. A questão é que demora bem mais para um cabra de 38 anos entrar em forma física e técnica do que para um rapaz de vinte e poucos, caso de Oliveira.
O time melhorou, mas o Ituano pareceu fraquinho e convém manter as barbas de molho. Tite ainda não parece saber bem o que quer da equipe e os ânimos seguem acirrados. E o Gordo pode querer voltar...
PS.: Estou curioso para saber o que Bruno César fez com quem lá no Corinthians. O artilheiro do time na temporada passada nem ser relacionado para os jogos é bizarro.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Hernanes para baixinhos

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Crianças, quando estiverem jogando bola na rua e tomarem um chapéu, podem fazer falta. Mas não façam isso, por favor...



PS 1: Evitamos fazer a comparação com Anderson Silva porque já tinham feito antes.
PS 2: Zidane não gostou. Afinal, até quando foi expulso na final da Copa de 2006 foi mais elegante...

Por não ser dono de bar, jornalista é cliente assíduo

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Muita gente não entende o motivo de a maioria dos jornalistas beber tanto. Já elocubrei sobre isso aqui no blogue, mas vejo que o assunto gerou até análises acadêmicas. No livro "Jornalismo freelance - Empreendedorismo na Comunicação", de João Marcos Rainho (Summus Editorial, 2008), o autor afirma que três caminhos surgem quando um jornalista está desempregado. Primeiro, óbvio, é procurar e arrumar outro emprego. Segundo, profissionalizar-se como freelance. E, terceiro, continuar desempregado e mudar de ramo - e Rainho observa que "esta última possibilidade está se tornando muito comum nos últimos anos!" (e deve ser, mesmo, ainda mais depois que acabaram com a necessidade de diploma para exercer a profissão). Pois bem, mais algumas páginas à frente há um trecho interessante sobre os que renegam ou pretendem renegar o ofício (os grifos são nossos):

"Pesquisando sobre o modo de vida dos jornalistas para sua tese de mestrado, Isabel Siqueira Travancas entrevistou dezenas de profissionais no Rio de Janeiro [trabalho publicado no livro 'O mundo dos jornalistas']. Ela descreve que o sonho da maioria dos jornalistas dos grandes centros urbanos é ser dono de um jornal - ou ter um bar, para se libertar do esquema empresarial do grandes jornais e do próprio anonimato."

Taí: na impossibilidade de ter um bar, o jornalista vira cliente. Ou melhor: verdadeiro devoto e militante da causa! E o problema do anonimato acaba quando ele passa de alcoólatra anônimo para bêbado conhecido...

Tudo errado

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Na madrugada de hoje, o atacante manguaça Adriano teve a carteira de habilitação apreendida durante blitz da Lei Seca, na Avenida das Américas, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O motivo já diz tudo: o "imperador" recusou-se a fazer o teste do bafômetro. Agora, será julgado pelo Detran e poderá ser proibido de dirigir por um ano. Que Adriano bebe, é irresponsável, inconsequente, pouco profissional e que sempre se mete em encrencas ridículas, o mundo inteiro já está mais careca do que ele de saber. O que impressiona, no caso de hoje, é a sequência de coisas erradas. Jogador do Roma, Adriano está no Rio para se recuperar de uma cirurgia no ombro; logo, por causa da lesão, não deveria estar dirigindo. E, se estava dirigindo, não devia estar bebendo. Ou então que não vestisse a carapuça, ao recusar o bafômetro. Enfim, mais do mesmo. Literalmente.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Som na caixa, manguaça! - Volume 66

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LÁGRIMAS ALCOÓLICAS
(Composição: Dee Diedrich)

Pelebrói Não Sei?

Tens mesmo certeza que essa angústia vai passar
Que serás feliz tendo dinheiro pra gastar
Um Corsa usado e sujo em frente ao portão
Missa aos domingos, ver televisão
(HA, HA...)

Conquistar o mundo sem sair do teu sofá
Ser bem conhecido, ter piadas pra contar
Visitar parentes, casamentos, batizados
Décimo terceiro pra curtir o feriado
(de Natal)

Tudo é tão legal, basta não olhar
E seguir fingindo sonhos encontrar
Futebol na quarta, férias no verão
Lágrimas alcoólicas pra pedir perdão
(HA, HA...)

Conquistar o mundo sem sair do teu sofá
Ser bem sucedido, ter bobagens pra falar
Visitar parentes, funerais e batizados
Décimo terceiro pra curtir o feriado
(em Natal)

Tudo é tão legal, basta não sonhar
Sonhos são pra loucos que querem amar
Futebol na quarta, férias no verão
Lágrimas e cólicas pra pedir perdão
(HA, HA...)

(Do CD "Lágrimas alcoólicas", Barulho Records, 2003)

O ônibus tá barato em São Paulo

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Foram dois os passageiros de dois ônibus diferentes em um só dia a mesma frase os autores da frase que intitula este post. Um, ouvi pela manhã de quinta-feira da semana passada. O outro, à noite. Os contextos vão a seguir.

O cobrador recebe o pagamento da passagem quando o coletivo entra na Xavier de Toledo rumo à Praça Ramos. O passageiro sem Bilhete Único separa R$ 2,70 mas se dá conta de que o preço já subiu há umas três semanas. Tira cincão da carteira e reclama com uma das pérolas da sabedoria popular mais repetidas em toda a história inflacionária tupiniquim:

– Três reais. O ônibus aumenta, só o salário é que não.

– É. Aumentou o ônibus, mas pergunta se o nosso salário aumentou – corrobora o cobrador, referindo-se a um dos custos que compõe a planilha usada para definir o preço. Ele próprio responde sem que ninguém aceite o desafio: – Aumentou nada.

Na sequência, um passageiro de uns 50 anos surge na catraca e discorda:

– Não é caro, por R$ 3 o cabra pega três ônibus por três horas... Sai R$ 1 por condução, tá barato.

Na realidade, pelo valor de uma passagem, usando o Bilhete Único, o passageiro pode tomar até quatro ônibus diferentes em um intervalo de três horas. Se tomar um carro só, pagará o mesmo valor. Desci antes de ouvir se alguém tinha arriscado um contra-argumento.

* * *

Na volta, depois de um dia de trabalho, o ônibus sobe a rua da Consolação e cruza com uma manifestação do Movimento pelo Passe Livre que pede a revisão do aumento na capital paulista. Em meio a gritos como "quil-pariu, é a maior tarifa do Brasil", os estudantes tinham o apoio de quem passava na rua, menos os motoristas dos carros engarrafados atrás da marcha.

Dentro do coletivo em que este autor encontrava-se (sóbrio até então), surge uma voz no esperado tom reacionário, muito comum ao se presenciar protestos:

– Tudo cambada de vagabundo. O cidadão trabalhou o dia todo, quer chegar em casa e não pode porque essa cambada de vagabundo fica aí tapando a rua. Como se fosse caro R$ 3... Passou dois anos sem aumentar, agora aumentou – justificou.

Ninguém respondeu, aparentemente ninguém concordou.

Até porque, o meliante enganava-se, já que a tarifa ficou congelada apenas em 2009, o primeiro ano da gestão de Gilberto Kassab. Era promessa de campanha. No ano seguinte, o preço subiu de R$ 2,30 para R$ 2,70 e, deste valor, para os atuais R$ 3.


* * *

Gente reclamando que tudo está caro é comum, normal. O contrário é atípico, sinal de que o pessoal tomou umas e outras ou que está ganhando bem demais.

A sequência de episódios, em um mesmo dia, me lembrou do memorável esquete dos Trapalhões em que Mussum explica para Dedé os motivos porque considera que o governo de então fazia bem de reajustar os preços dos mais variados insumos. Os valores eram tabelados e o governo tornava-se alvo de qualquer um que precisasse pagar as contas. Mussum defende o governo e os aumentos sem desfaçatez. A coisa só muda quando... Bom, aí quem não assistiu, precisa fazê-lo.



Governozinho danadis.

domingo, fevereiro 06, 2011

Santos só empata com Santo André e perde chance de voltar à liderança

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Ontem, o Santos empatou com o Santo André, no Pacaembu (apesar do mando de campo ser do Ramalhão) em 1 a 1. Sem Elano e o goleiro Rafael, suspensos, e com Durval “poupado”, o Peixe pressionou durante quase todo o tempo, mas não conseguiu a vitória em cima do atual vice-campeão paulista que, muito provavelmente, não vai repetir o desempenho em 2011.


O fato é que a partida mostrou que o Santos, que já vinha jogando desfalcado dos jogadores da Sub-20, de Arouca e Jonathan, além do recém-contratado Charles e de Ganso, que ainda não atuaram em 2011, sentiu principalmente a ausência forçada de Elano. A equipe ficou sem referência no meio de campo já que seu substituto, Felipe Anderson, tem características bem distintas e nem ele, nem Róbson, conseguiram fazer o mesmo papel tático que a melhor figura alvinegra deste começo de ano.

A partida em si, na maior parte do tempo, foi quase ataque contra defesa. Se levarmos em conta o critério do quase comentarista esportivo e de arbitragem Rogério Ceni, o Santos deu bem mais que um “chocolate” no adversário. O Santo André fez o seu gol aos 4 minutos e voltou a finalizar (com perigo, mas para fora) aos 39. Do segundo tempo. Foram 17 finalizações peixeiras contra 3, 14 escanteios contra 2. Mas a falta de qualidade técnica - e de entrosamento, diga-se - do meio pra frente, foi determinante para que os santistas não saíssem como vencedores.

Como na peleja contra o São Paulo, o lateral-esquerdo Léo foi o mais acionado e quem mais trabalhou na transição da defesa para o ataque. Poupado na partida contra a Ponte, ele mostrou mais uma vez que estando bem fisicamente é um jogador imprescindível. E a acefalia do meio campo peixeiro, como naquela vez, ficou ainda mais evidente com a ausência de Elano. Ver Adriano “armando” o jogo e notar que Possebon pouco pode fazer como apoiador (a despeito do belo gol) desanima qualquer torcedor.


Mas são justamente todos esses desfalques que fazem o futuro ser mais promissor do que aparenta hoje para o time que pode perder a vice-liderança do Paulistão no fim da rodada. Adílson está testando a equipe e já tem uma razoável noção a respeito dos atletas com que pode ou não contar. Felipe Anderson fez uma apresentação razoável pra boa ontem, oscilando bastante, e Diogo mostrou que pode render na equipe. 

E é bom lembrar que no ano passado, a essa altura, o Santos que se formava já havia perdido do Mogi Mirim e, coincidentemente, empatado com a mesma Ponte Preta. Paciência, torcedor... 

sábado, fevereiro 05, 2011

Tipos de cerveja 59 - As Ice Beer

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Como o próprio nome sugere, a elaboração das Ice Beer implica baixar a temperatura da cerveja até que se formem cristais de gelo. Posteriormente, o líquido é filtrado e, como a água congela antes do álcool, o resultado é uma bebida com maior teor alcoólico. Como o gelo também se forma em volta das células do fermento e das partículas de proteínas, estas ficam igualmente retidas na filtragem - sobrando, no fundo, uma cerveja com menos componentes mas, teoricamente, com mais sabor e volume alcoólico. Este processo não é novo na indústria cervejeira, já que as Eisbocks são elaboradas segundo um método semelhante. A produção das Ice foi iniciada pela Labatt, empresa que serviu de exemplo para muitas outras cervejeiras, especialmente dos Estados Unidos. "A diferença é que uma Ice Beer nunca será melhor do que a cerveja que lhe deu origem e, infelizmente, as cervejas que são utilizadas para isso nunca são de grande qualidade", adverte Bruno Aquino, do site parceiro Cervejas do Mundo. "Já as Eisbock têm origem em cervejas de qualidade e de forte caráter, pelo que o resultado final continua a ser bastante bom", completa. Exemplos de Ice Beer para experimentar: Labatt Ice, Genny Ice Beer e Carlsberg Ice (foto).

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Estreia, gosto bom e esperança

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Por Moriti Neto (visão de outro sampaulino)

Teve quase de tudo na noite desta quinta-feira, no Morumbi. A partida entre São Paulo e Linense, que mostrou a primeira apresentação de Rivaldo com a camisa Tricolor, não foi um desfile de exuberância técnica no todo, mas certos ingredientes garantiram a estreia marcante.
Pra começar, o novo camisa 10 são-paulino, aos 38 anos, mostrou disposição de garoto. Desde a etapa inicial, chamou o jogo e tomou conta do time. Armou, finalizou e ficou responsável pelas bolas paradas. Só no primeiro tempo – que não teve lá grandes emoções, além da presença de Rivaldo – bateu, a maioria com veneno, todos os dez escanteios que a equipe conquistou.

Virada

Mas, o melhor estava por vir. Início do segundo tempo. Não demora e o Linense faz 1 x 0, com Eric. O São Paulo marcava mal, continuando com o problema dos volantes pesados, sem mobilidade e pegada, como Rodrigo Souto. Porém, tinha Rivaldo. E, cinco minutos depois de sair perdendo, o meia fez mais do que este escriba esperava, ao menos pra ontem. Dagoberto fez bom lançamento e o pernambucano, com uma matada na coxa, tirou o marcador do lance e tocou na saída de Paulo Mussi. Golaço e 1 x 1 no placar.

Daí pra frente, o São Paulo foi todo ataque e, novamente em jogada iniciada por Dagoberto, Marlos, pela esquerda, invadiu a área em velocidade e chutou no ângulo, anotando outro belo tento.

Bate-boca

O Tricolor ganhava, Rivaldo ia bem, mas Dagoberto, apesar de atuação interessante, não parecia estar no clima de festa. Rebateu orientações de Carpegiani sobre posicionamento e arrumou uma discussão desnecessária. Isso não é novidade na carreira do atacante, que já se desentendeu com Muricy Ramalho e Ricardo Gomes. O problema do atleta é simples: inteligência limitada, que não o permite perceber, inclusive, ser bem menos jogador do que ele próprio imagina.
Uma passagem curiosa. Durante a desinteligência, o técnico são-paulino chamou Dagoberto de “bobalhão”. Já ouvi muitas coisas em jogos de futebol, algumas quase impublicáveis, mas “bobalhão” é a primeira vez.

Espectador privilegiado

Passado o chilique, Dagoberto participou da trama que originou o terceiro gol. Ele fez passe a Jean, que sofreu falta na entrada da área. Rivaldo se aproximou da bola, mas foi somente espectador privilegiado da cobrança magistral de Rogério Ceni. Paulo Mussi nem saiu do lugar e o goleiro artilheiro marcou o terceiro do São Paulo e o incrível de número 97 na carreira. Ainda haveria tempo de Alessandro Cambalhota (que tomou chapéu de Rivaldo durante a peleja) diminuir, após bate-rebate na área Tricolor, fechando o placar da noite em 3 x 2.

Deu gosto e esperança

Em tempos de escassez de talentos, de muito marketing e mecanização no futebol, foi legal demais ver Rivaldo de volta aos campos. Claro que não dá pra usar o jogo de ontem como parâmetro, o adversário era frágil e é importante conferir qual vai ser o comportamento do atleta ao longo de uma sequencia de atuações. Contudo, é bom levar em consideração que o cara ficou em campo e correu os 90 minutos, tempo em que fez gol, deu chapéu, caneta, toque de letra e ainda contribuiu na marcação, principalmente depois da entrada de Fernandão em lugar de Zé Vítor, quando passou a jogar de segundo volante.

Com Rivaldo trazendo, finalmente, a qualidade de um grande camisa 10 ao time, mais as voltas dos garotos da seleção sub-20 e algumas contratações que estão chegando, pelo menos é possível sonhar com bons jogos do São Paulo este ano.

Quem sabe, sabe

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No dia 13 de dezembro de 1953, o São Paulo foi ao interior enfrentar o Linense e sofreu uma sonora derrota: 4 a 1. O resultado, de tão inesperado, foi comemorado como um título pelas ruas de Lins, com os torcedores desfilando com um enorme elefante, símbolo do time. E o São Paulo, do técnico argentino Jim Lopes e da goleadora linha de ataque Maurinho, Albella, Gino, Negri e Teixeirinha, levantaria a taça do Paulistão dali a 40 dias, em 24 de janeiro de 1954, após uma vitória por 3 a 1 sobre o Santos, em plena Vila Belmiro.

Ontem, passados 57 anos daquela histórica partida (e inesquecível, principalmente em Lins), as duas equipes voltaram a se enfrentar numa disputa de Paulistão, dessa vez no Morumbi. O jogo marcava a estreia do craque Rivaldo no time da capital, aos 38 anos e cercado de todas as expectativas e desconfianças. O São Paulo jogou mal, errou muito, levou (mais) um gol besta logo no início da segunda etapa e tudo levava a crer que desperdiçaria outros três pontos como mandante. Mas o veterano estreante resolveu mostrar serviço. E como!

Rivaldo chamou o jogo pra si, correu, bateu uma falta em que a bola quase entrou, chapelou bonito um adversário, driblou, deu passes e, para coroar sua atuação, marcou um senhor golaço. Claro que é pra lá de cedo pra dizer que ele vai resolver tudo ou, no mínimo, manter o mesmo nível. O Linense é fraco, o São Paulo continua com os mesmíssimos e velhos problemas de falta de marcação, de ausência de lateral direito, de lentidão na ligação com o ataque e da falta de um matador. Mas, pelo menos, agora, tem um camisa 10. Um Senhor Camisa 10.

Salve, Rivaldo! Vida longa nessa temporada!

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Nome (im)próprio

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No país da piada pronta, o colega João Paulo diz que encontrou hoje um conhecido, corintiano fanático, que se chama Roberto Lima...

Três jogos para esquecer

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Não tem nada que se salve da noite passada para o Corinthians. Eliminação inédita para um time brasileiro, desde que a tal Pré-Libertadores começou a ser disputada, em 2004. Eliminado sem marcar nenhum gol. Eliminado jogando mal de doer os olhos do torcedor, tanto em casa quanto na Colômbia.
Tudo isso em dois jogos que nem deveriam ter acontecido. Bastava ter vencido o Goiás na última rodada do Brasileiro que estariam garantidos o segundo lugar e a vaga na fase de grupos. Com isso, perde o torcedor, que vai aguentar um bom tempo de piadas dos rivais, e perde até o tal do marketing, apontado como culpado por muitos: são pelo menos três jogos como mandante com casa cheia no Pacaembu, mais cota de TV e outros bichos de perda financeira, sem falar na diminuição da exposição da marca, que impacta em acordos de patrocínio.
Voltando a ontem, nada funcionou. O técnico (fora!) Tite montou uma espécie de 4-3-3 sem meias, com Jucilei e Paulinho de volantes-armadores, Dentinho e Jorge Henrique de pontas-armadores. Na prática, ninguém armava, e todos tinham prejudicadas suas outras funções, fosse marcar ou atacar. Quando vi a notícia, imaginei que Dentinho ou Jorge Henrique jogariam livres, bem próximos de Ronaldo. Na vida real, via-se Dentinho dando botinadas na defesa corintiana e JH correndo atrás dos meias. Retranca da braba.
Na defesa, o desentrosado Fábio Santos deixava espaços que o fraco, pra dizer o mínimo, Leandro Castán não tinha qualquer condição de cobrir. A dupla não ganhou uma jogada sequer contra o ataque do Tolima e (fora!) Tite demorou a mexer no posicionamento dos volantes para dar mais segurança por ali.
Mas esses são meio que detalhes no cenário mais amplo de um time desarrumado, sem organização, sem criatividade. Presa fácil para um time que se não é tão ruim quanto imagina a cabeça futebolisticamente auto-centrada de nós brasileiros, está longe, muito longe de ser uma brastemp.
Tite tem muita culpa no cartório, não tenho dúvida, e por mim nem teria vindo. Mas o buraco é mais embaixo. Desde o ano passado, talvez antes, o Corinthians tem que se espremer para acomodar o principal nome de seu elenco. Ronaldo não vai jogar nada muito diferente do que fez ontem ou na reta final do Brasileiro do ano passado. Parado, com piques de no máximo três metros, sem brigar pela bola, mas com lampejos de inteligência em passes e finalizações acima da média. Dessa forma, pode até contribuir, mas a equipe precisa se armar em torno dele. Não é possível uma renovação ampla do jeito de jogar sem que Ronaldo saia da equipe.
E o Corinthians hoje precisa de renovação. Este campeonato Paulista é a hora perfeita para começar a colocar alguns jogadores com potencial, mas que ficaram encostados na reserva, e garotos que se destacaram na base. E aí aparece outro problema do tal do planejamento. Na primeira categoria, temos Edno, que voltou de empréstimo, mas teríamos também Defederico, emprestado sei lá pra quem. Na segunda, temos um atacante, Elias, mas teríamos William Morais e Dodô, também despachados para “ganhar experiência”.
Enfim, depois de dois anos de futebol em bom nível e altas expectativas, entrando com chances reais de ganhar os torneios que disputou, o Timão começa 2011 em baixa. Para completar, hoje torcedores invadiram o CT e quebraram carros de jogadores e funcionários (espero que o clube ajude estes últimos, que não ganham nem de longe o salário dos boleiros). E Roberto Carlos tira o seu da reta, dizendo que sua ausência no jogo de ontem não foi causada por lesão, mas decisão de Tite. Ah, e tem eleição no final do ano. Jogue-se com um barulho desses...

Com quatro desfalques, mesmas limitações, mas agora líder

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O Palmeiras é líder isolado do Campeonato Paulista. Nada para soltar foguete, mas uma situação que este torcedor pessimista não imaginava para o time. Conseguiu a ponta no mesmo dia em que o Corinthians caiu diante do Tolima e ficou de fora da Libertadores da América. E o Santos empatou com a Ponte Preta. Uma quarta-feira um tanto, esta do dia 2.

A vitória sobre o Mirassol ocorreu sem quatro titulares. Tudo bem que dois deles – Lincoln e Valdívia – já vinham fora. Marcos, o Goleiro, não entra nessa conta, já que é um meio-titular. Marcos Assunção, contundido, e Kléber, suspenso, não atuaram. Fizeram falta como referência – e jogador com noção nas finalizações – no ataque e como cobrador de faltas.

Sobrou a velocidade para o time criar jogadas. E sobrou para Dinei o desperdício das oportunidades. O primeiro tempo foi melhor do que o segundo, e faltou capacidade de fazer a bola passar a meta do goleiro Fernando Leal.

O time do Palmeiras continuou limitado, mesmo com três atacantes. Só ganhou a partida quando Patric entrou e fez o gol da vitória. Melhor assim.

Luiz Felipe Scolari admite que a boa fase surpreende. O time é tão limitado quanto aplicado taticamente, o que explica por que consegue marcar razoavelmente bem – contra times ainda mais fracos – e não se abalar quando a bola demora a entrar. Enquanto entrar, mesmo no final, tudo bem.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Uma lei contra "estrangeiros" na seleção

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O futebol é o que interessa, ensinou o escritor uruguaio Eduardo Galeano, em uma das citações preferidas de três entre oito autores do Futepoca. Assim, ninguém pode dizer que o Congresso Nacional, cujos trabalhos durante a 54ª legislatura foram iniciados nesta quarta-feira, 2, esteja alheio aos problemas nacionais.

Tema de acaloradas mesas quadradas – normalmente de plástico ou de metal – nos botecos do Brasil, a presença entre os convocados para a seleção de jogadores que atuam no exterior é polêmica recorrente. Lembro-me de participar de uma dessas na Eliminatória de 1990. Depois, o mesmo aconteceu em todos os mundiais seguintes, até mesmo em 2002, quando o time de Luiz Felipe Scolari teve apenas 10 "importados".

Os críticos alegam falta de compromisso com a camisa canarinho – com ou sem faixa horizontal verde –, uma roupagem mais elaborada para o tradicionalíssimo xingamento de "mercenário", proferido em estádios para quem quiser ouvir.

Foto: Xavier Marit/Getty Images
Kaká, um dos alvos da ira dos adeptos da "xenófobia"
apliacada à seleção brasileira

Cadê a proposta?

O deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) ouviu o clamor de parte dos interlocutores da mesa do bar e propôs o que, no jargão do Legislativo, recebe a carinhosa alcunha de "contrabando". Na tramitação das medidas provisórias, é possível inserir emendas a leis variadas, que eventualmente tratam de medidas completamente diferentes daquelas discutidas pelo texto original.

Foto: Divulgação
Na medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro do ano passado, altera-se o repasse de recursos para atletas atendidos pelo Bolsa-Atleta, além de se criar novas categorias, como o Atleta Pódio, por exemplo.

Arantes (foto), torcedor do Atlético-GO, disse ao Marca que pretende propor uma emenda que limitaria as vagas para quem atua no exterior a 20% dos convocados.

Dos 23 convocados de uma Copa do Mundo, 4,4 poderiam jogar no estrangeiro. Como não se pode convocar 0,4 de jogador, resta saber se o arredondamento seria para baixo ou para cinco

"Quando chega a Copa, 20, 21 convocados atuam em times estrangeiros. Aí, quando ganha, vem para o Brasil desfilar. Quando perde, fica lá, envergonhado. Não tem identidade com a seleção. Não tem comprometimento com os clubes ou os torcedores brasileiros", critica. Arantes calcula que a mudança poderia incentivar a repatriação de jogadores.

O parlamentar acredita que a medida não comprometeria a qualidade do escreve canarinho por considerar que existem, "no máximo", quatro nomes capazes de comer a bola que exibam seu talento longe do relvado tupiniquim. "Aí você pretere um Rogério Ceni, que está há anos jogando no São Paulo e é um dos melhores do mundo, e não é convocado", exemplifica Arantes, sem muita felicidade na escolha.

Projeção de debate

Ninguém especula sobre as possibilidades de a emenda ser votada e ainda menos sobre o que sairia dos resultados de uma eventual discussão pelos excelentíssimos parlamentares. O que com certeza seria um debate profícuo seria pôr os nobres congressistas para escalar a seleção – de preferência no bar do plenário. Dá para imaginar o calor do debate:

– (...) Já não se fazem mais pontas como o saudoso Esquerdinha...
– Um aparte, excelência. Hoje em dia, no futebol moderno, sequer é empregado o ponta-esquerda no estilo clássico... Vossa excelência não entende patavina do ludopédio nacional.
– Vossa excelência me respeite!

Faria um sucesso na TV Câmara.

Escalação

E aí, alguém se arrisca a montar um time só com 20% de jogadores "estrangeiros".

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Camisa canarinho com uma faixa verde. Não rolou

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Fosse toda verde, ficaria linda (do meu ponto de vista), mas a camisa da seleção brasileira anunciada pela fabricante de material esportivo que patrocina o escrete tem apenas uma a faixa verde horizontal no meio do peito. A divulgação ocorreu na tarde desta terça-feira, 1º, em Niterói-RJ. Ela revestirá os convocados de Mano Menezes que enfrentarão a França, os carrascos em copas do mundo, na quarta-feira da próxima semana, dia 9. Ah, o treinador não veio ver a peça, ficou em Lima, onde acompanha a seleção sub-20 como espectador.

Foto: Divulgação

Assim como na camisa da Copa de 2010, o tecido é integralmente feito de material reciclado. Leia-se de garrafas pet. Calções e meias têm o mesmo material como base. Se eram necessárias oito garrafas de dois litros para cada camiseta, o jogo completo deve precisar de uma dúzia.

Como (felizmente) não se embalam cervejas nem quaisquer bebidas alcoólicas de qualidade nestas embalagens, a seleção pode dizer que veste a camisa do refrigerante. Deve ser melhor ainda para outros contratos de patrocínio, não para o Futepoca.

Ainda segundo a fabricante, a inspiração da faixa é "a pintura de corpo dos guerreiros", o que faria da tal faixa um "símbolo da proteção e do fechamento do corpo de um atleta", nas palavras do diretor de marketing Tiago Pinto.

O lado bom para quem tampouco achou a faixa legal é que um uniforme novo será produzido a cada ano até 2016, ano dos Jogos Olímpicos sediados no Rio de Janeiro.

Alguém aí gostou?

Bebê atômico mandava todo mundo tomar pinga

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No meio jornalístico brasileiro, um dos fatos mais bizarros foi a inacreditável série de 27 manchetes que o extinto jornal paulista Notícias Populares deu entre maio e junho de 1975, sobre um suposto "bebê diabo" que teria nascido em São Bernardo do Campo (curiosamente, no mesmo ano em que Luís Inácio Lula da Silva assumia a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, na mesma cidade). Fruto da audácia do secretário de redação, José Luiz Proença, e do editor de polícia, Lázaro Campos Borges, em um plantão de sábado em que não havia uma pauta sequer para salvar a edição do dia seguinte, a inacreditável matéria "Nasceu o diabo em São Paulo", que iniciou a série e triplicou as vendas do jornal, surgiu a partir de uma notinha da Folha de S.Paulo sobre um bebê que havia nascido com prolongamento do cóccix e duas pequenas saliências na testa em um hospital do ABC paulista.

Segundo o livro "Nada mais que a verdade", de autoria de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima, o repórter Waldemar de Paula, do NP, telefonou para alguns hospitais da região e, como não obteve informação, partiu para a imaginação e a cara de pau. No domingo, 11 de maio de 1975, a "reportagem" dizia que "o bebezinho (...) já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros". Mais à frente, o texto explicava: "parece que tudo começou na Semana Santa, quando o marido da mulher, que é muito religioso, convidou-a para ir à igreja, ver a procissão. A mulher grávida bateu com as mãos na barriga e respondeu, indignada: - Não vou, enquanto este diabo aqui não nascer".

A lorota vendeu horrores e só restou ao jornal prosseguir com a farsa. Por quase um mês, publicou em manchete principal a saga do "bebê diabo", que mobilizou a população em São Paulo e em outros estados (minha sogra, que estava grávida na época, disse que no Rio de Janeiro também só se falava sobre isso). A série espetacular do NP teve capítulos esdrúxulos como "Bebê-diabo inferniza o padre do ABC", "Viu bebê-diabo e ficou louca", "Bebê-diabo nos telhados das casas do ABC", "Diabo explode o mundo em 1981", "Fazendeiro é pai do bebê-diabo", "Bebê-diabo foge para o Nordeste" e "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste", entre outros. Em 24 de maio, por exemplo, o jornal noticiava que "Bebê-diabo parou táxi na avenida" e, respondendo ao taxista qual seria o destino, teria dito: "Toca para o inferno".

Depois de tanto absurdo (e de milhões de exemplares vendidos), o NP resolveu encerrar o assunto quando o "bebê-diabo" havia se perdido nos sertões da Bahia e Pernambuco.

Guta, o "bebê atômico"
Porém, o departamento comercial pressionou e, pouco depois, o jornal apelaria novamente com a notícia de nascimento de um "bebê peixe" na floresta amazônica, com "pele escamosa e cauda de peixe nos membros inferiores". A segunda manchete foi: "Boto é pai do bebê-peixe", em que um médico explicava que a mãe tivera relações sexuais com um "cetáceo fluvial". Saturado pelo "bebê diabo", o público não deu bola e as edições encalharam. Aí, o NP decidiu esculhambar de vez. Em 11 de novembro de 1975, lia-se que "Bebê atômico nasceu em SP". A criança, chamada Guta, tinha o poder de controlar raios e relâmpagos, além de ficar invisível e transformar seu corpo em substância líquida e gasosa. Pior: ela morava no esgoto e passeava por bairros distantes porque, no Centro de São Paulo, as ondas de rádio e TV lhe faziam cócegas.

Segundo o jornal, o pai do bebê, um pedreiro, tivera contato com uma pistola de raios alimentada por urânio enriquecido, "a mesma fonte de energia dos submarinos nucleares". Assim, no dia 14 de novembro, a notícia era a de que a médica Vânia teria recebido uma visita de Guta, que saíra junto com o vapor do chuveiro e, sorridente, se materializara em sua frente (!). Em seguida, a garotinha nuclear parou em uma oficina para recarregar as energias com a bateria de um carro Galaxie azul. Mas a loucura chegou ao ápice quando a garota entrou em uma bar da Vila Prudente para beber todo o leite gelado do local (sua bebida preferida) e, ao mesmo tempo, ordenar: "Quando eu bebo, todo mundo bebe também. Aqui não vai ficar ninguém sem tomar pelo menos uma garrafa de pinga". O livro "Nada mais que a verdade" observa que, talvez, esse fosse o desejo inconsciente do repórter que escreveu essa pérola...

Sem o mesmo sucesso do "bebê diabo", a nova série acabou quando Guta levou um tiro de chumbinho do proprietário da lancha Tiririca, às margens da represa de Guarapiranga.

Os futepoquenses, esses pingagistos
Mas, falando em bar, em cachaça e em jornalistas manguaças, o livro comenta que o romeno Jean Mellé, mentor do Notícias Populares, não falava português direito, confundindo o idioma com uma mistura de alemão, francês e espanhol. Quando aprendeu que o indicativo do gênero masculino era a letra "o", passou a empregar a lição ao pé da letra. Por isso, para Mellé, todo jornalista do sexo masculino era "jornalisto", artista era "artisto", e assim por diante. Seus funcionários (que deviam frequentar o bar com certa assiduidade) lembram que, por associação "lógica" com o termo tabagista, o romeno tratava os bêbados de "pingagistos"...

domingo, janeiro 30, 2011

Elano decide e Santos bate São Paulo

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Elano: 5 gols em 3 partidas. (Divulgação-Santos FC)
Um San-São mais uma vez como primeiro clássico paulista do ano. Assim como em 2010, a Arena Barueri foi o estádio que sediou o duelo, desta vez com o Alvinegro como mandante, já que a Vila Belmiro está com seu gramado em obras. E, como no ano passado, o Santos levou a melhor.

Sem Neymar, na seleção sub-20, e Ganso, em fase final de recuperação, e ainda sem Arouca e o lateral-direito Jonathan, que se contundiu contra o São Caetano, a condição de estrela recaiu naturalmente sobre Elano, que fez seu terceiro jogo em sua volta ao futebol nacional. E ele não decepcionou. Fez o primeiro gol logo aos 11 minutos de partida e, quando o Tricolor pressionava no segundo tempo, arrematou de longe e Ceni rebateu para Maikon Leite marcar o segundo.

Elano desponta como artilheiro do time e do Paulista juntamente com Maikon Leite, ambos com 5 gols. Tem sido decisivo mas, ainda assim, tem errado muitos passes (só no clássico foram 11) e apresenta um certo cansaço na segunda etapa. Isso mostra que seu futebol ainda pode e deve evoluir, mas o que sempre me impressionou em Elano foi seu senso de colocação, o que serve tanto na hora de defender e fechar espaços no meio como de ataca. Ontem, foi o elemento surpresa que aproveitou o belo passe de Róbson. Aliás, era ele também que veio de trás para fazer o gol de cabeça que deu o título brasileiro ao Santos em 2004 (confira aqui).

Voltando à peleja, o resultado não quer dizer que a parada foi tranquila. Durante a maior parte dos 90 minutos o São Paulo manteve a posse de bola e teve uma chance de ouro com Jean no segundo tempo, que mandou uma bola na trave de Rafael, desperdiçando a chance de empatar. Mas também é verdade que esse domínio territorial esbarrou na falta de qualidade do ataque tricolor. Para se ter uma ideia, a equipe do Morumbi finalizou 20 vezes, sendo 6 bolas em direção o gol. O Santos, que teve 13 finalizações, mandou 9 delas para o gol de Rogério, ou seja, 3 a mais que o adversário. O arqueiro sãopaulino fez duas grandes defesas em cabeçada de Rodrigo Possebom no primeiro tempo e em uma bela jogada de Léo no segundo.


Mas o comportamento do Santos na partida deixa evidente uma deficiência do time nesse início de temporada. O meio de campo com Adriano, bom e rápido marcador mas que tem sérias dificuldades de passe assim como seu parceiro Rodigo Possebom, faz com que a saída de bola do time seja ruim e a equipe sofre com uma marcação no seu próprio campo como a feita pelo São Paulo. Mesmo com times menores o Alvinegro passou aperto em determinados momentos, sendo salvo pela eficiência do veloz ataque. Em vista disso, no clássico, o atleta mais acionado do Santos para levar a bola ao ataque não foi alguém do meio, mas o lateral-esquerdo Léo, que fez talvez a sua melhor partida, taticamente falando, desde que retornou à Vila Belmiro.

Esse problema no meio fez com que a defesa fosse exigida e, ao contrário do que aconteceu contra o São Caetano, a atuação foi exemplar, exceção feita a uma lambança de Durval no primeiro tempo dentro da área. Com a volta de Arouca e a entrada de Charles, o problema pode ser resolvido. Mas como futebol é dinâmico, como diriam os filósofos, ninguém duvide que os laterais que hoje estão na seleção sub-20, Danilo e Alex Sandro, possam eventualmente ocupar uma vaga no meio de campo peixeiro. Com mais opções, Adílson Batista pode ter uma formação que passe menos aperto e deixe o torcedor mais calmo. Tomara.

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Ah, sim, na preliminar houve futebol feminino, Santos contra Juventus. E Marta fez um gol de placa, que vale ser visto.Sobre o jogo (5 a 1 pro Alvinegro), leiam quem sempre cobre o futebol feminino.