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60 mil pessoas
Lá pelas 19h20 e mero 1º C na gélida Londres, chego ao Emirates Stadium - estádio para qualquer um babar - para assitir à minha primeira partida da Seleção Brasileira ao vivo. Não dá para não reclamar. Tive que vir para Londres para conseguir ver a Seleção jogar. E não foi por falta de jogo em São Paulo, foi culpa da maldita raça dos cambistas. Odeio cambistas (e, com o perdão da digressão, ainda tenho o azar de ver o Radiohead tocando em São Paulo e não em Londres no período da minha estadia aqui... tá tudo ao contrário).
O clima no estádio era bem mais comum para mim do que nos jogos do Arsenal. Todo mundo bebendo, cantando, vendedores de bandeiras e camisetas mil. Quando o jogo é do Arsenal não tem festa nenhuma do lado de fora, e nenhum camelô, claro. Imagina, vender produto pirata na frente do estádio. Isso aqui deve dar cana na hora.
Mas como faltam poucos minutos para o início da partida, não tomo nenhuminha lá fora e corro para meu portão. No caminho, vários grupos de brasileiros pulam, gritam e fazem festa loucamente, no melhor estilo "Galvão, filma eu". Faz parte.
Nos estádios aqui, é permitida a venda de cerveja, menos nos jogos da Champions League, creio que por questões de patrocínio. O problema é que não pode carregar a cerveja para as cadeiras, tem que tomar tudo nos corredores de acesso. Mais uma vez o tempo urgia e não deu pra ter o prazer de beber uma no estádio (quase meio litro de breja em menos de cinco minutos não ia dar). Mas... não poder assistir ao jogo com o copo na mão também não é tanta vantagem assim.
O início do jogo atrasou um pouquinho - creio que por isso o hino brasileiro foi grotescamente cortado - e, quando começou, tivemos que implorar para a galera do "filma eu" abaixasse as faixas. Triste.
O jogo, como o Glauco já escreveu, começou quente. Logo no comecinho, gol anulado da Itália. Na hora me pareceu impedimento - eu estava na lateral do campo, bem de frente para o lance -, mas os portais dizem que o gol foi legal. Azar da Itália, e meu prazer em gritar "chuuuuuuupa" para os italianos atrás de mim. Delícia!
Logo depois, aos 12, uma bela jogada entre Ronaldinho e Robinho culminou no gol de Elano. Mais provocações aos italianos, mais diversão. Depois, veio a ola. Pode parecer banal, mas os ingleses perto de mim se divertiram a valer. Eu até perguntei para o que estava ao meu lado se eles não tinham ola nos estádios. Não, não têm.
man of the match
Aliás, o que é o Robinho quando joga pela Seleção? Mesmo com o relativo sucesso de sua passagem pelo Manchester City, quando ele entra em campo pelo Brasil o nível é outro. Ele se compromete em campo, está sempre atrás da bola que nem um maluco. Dá gosto de ver. Dunga agradece, certamente. E eu, que presenciei, também.
No geral, o primeiro tempo foi muito bom. O Felipe Melo jogou muito bem, o meio se movimentou e a defesa segurou as jogadas pelas laterais da Itália - redundância, porque a Itália só tem jogada pelas laterais e chuveiro para a área. Medíocre.
Já o segundo tempo foi diferente. O Brasil deu aquela acomodada e não importunava muito a defesa italiana. Já a Itália subiu a marcação e foi aquele deus nos acuda de chutão pra frente. Assim, a Azzura conseguiu algumas boas chances. Os atacantes, no entanto, não fizeram a sua parte. Luca Toni chegou perto, mas seu gol foi anulado por ajeitar a bola com a mão. Na hora eu nem soube o motivo, mas não importa, foi bom importunar novamente os italianos.
Que, diga-se de passagem, depois de verem o jogo perdido, começaram a gritar "Robinho estuprador". Ao que os brasileiros perto de mim responderam na lata: "Robinho is fucking Itália". Gritos espontâneos de torcida são ótimos.
No final, substituições protocolares. Achei que o Dunga podia ter colocado o Pato antes, já que Adriano não é opção de saída de bola quando o adversário marca em cima. Ele até tentou, mas correr com a bola pela lateral não é sua melhor característica.
Sem mais emoções, com um olé aqui e outro lá e alguns toques de efeito, o jogo acabou. Agora, o Brasil tem vantagem na série histórica de jogos contra a Itália, o que não é lá muito importante. O que importa agora é importunar os meus vizinhos italianos!