Destaques

quinta-feira, março 24, 2011

Timão, o Rei, e a liderança

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Depois de alguns anos de Butantã, fui conferir o óbvio quando o assunto é assistir jogo no boteco: o Rei das Batidas, reduto de uspianos, estudantes e professores, e clássico absoluto da região. Eis que o bom bar tinha não uma, mas logo três televisões ligadas, uma delas com o jogo do Timão – nas outras passava o São Paulo.

Em minha jornada solitária, consumi duas cervejas e vi um Corinthians bastante aguerrido no primeiro tempo. Marcação adiantada, pressionando a saída de bola. Faltava um pouco saber o que fazer com ela depois de tomá-la, isso é fato. Mas foram bem umas duas chances mais ou menos – uma boa, com chute de Dentinho, que jogou bem – até o gol de cabeça de Paulinho, em escanteio batido por Morais.

Vantagem adquirida, surpresa das surpresas, o Timão recuou e assim permaneceu até o fim da primeira etapa. Postura triste para quem mostrou que podia mais, ainda que o Oeste não tenha construído nenhuma chance clara de gol – deixando para minha Serra Malte a maior parte das atenções.

No segundo tempo, novo período de animação. Aos cinco minutos, Dentinho tinha chutado outra perto da trave pouco antes de dar o passe para o belo gol de Liedson, o grande, que empatou com Elano na artilharia da competição, com impressionantes 10 gols em nove jogos disputados.


Feito o gol, feito o recuo, conforme a lei de Tite. E lá se vão mais uns bons minutos em que mesmo a Original meio sem graça que me foi servida após o trágico término das Serra Maltes levava vantagem sobre a partida. Tite, então, trocou Morais por Ramires e Jorge Henrique por Bruno César. O dois entraram acesos e, logo na primeira disputa, Bruno rouba a bola e passa para Liedson que não sei se chuta ou passa. O importante é que a bola cai para Dentinho fazer, meio de barriga. Ainda entrou William no lugar de Liedson, e em boa jogada pelo meio quase sai o quarto – mais uma participação decente do rapaz.

Nas TVs ao lado, o São Paulo levava 3 a 2 do Paulista de Jundiaí. Em parte, o resultado teve amplo protagonismo de Rogério Ceni, autor de um dos gols são-paulinos (o de número 99 do arqueiro) e responsável por falhas nos três sofridos. Com isso, o Timão passou à liderança isolada da pouco útil primeira fase do Paulista. Tal condição, no entanto, será colocada a prova no confronto direto exatamente com o Tricolor, no qual, fatalmente, Júlio César será a vítima do centésimo gol de Ceni – o Corinthians adora ajudar os rivais nessas. Mas isso não quer dizer que perderá a partida, que promete equilíbrio.

Adriano

Tem muita gente falando que o Imperador da Manguaça pode vir para o Corinthians vender mais camisas e aumentar a raiva da torcida flamenguista. O contrato seria “de risco”, com um (gordo) salário fixo de R$ 300 mil e valores variáveis que podem elevar os vencimento do cabra para mais de R$ 500 mil, caso o jogador cumpra alguns requisitos, como jogar bola e treinar. Quando esteve no Flamengo, treinando quando queria e se acabando na Cidade maravilhosa, Adriano foi artilheiro do Brasileiro e campeão. Como dirigente, não sei se contrataria. Se vier, comemoro aqui da mesa do bar e imagino uma dupla com o rápido Liedson num 4-4-2.

quarta-feira, março 23, 2011

'Exemplo pra políticos que ficam em cima do muro'

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Programa "Fábrica do Som", TV Cultura, 1983. Cena rara da banda paulistana Ultraje a Rigor com o carioca João Barone, dos Paralamas do Sucesso, na bateria. Ele substituía Leospa, que, segundo o vocalista Roger, havia aberto o pulso após cair de um muro (o baixista Carlinhos grita, no fundo: "Tava bêbado!"). Diante do infortúnio, Roger alerta que "isso sirva de exemplo para alguns políticos que ficam sempre em cima do muro". E foi cinco anos antes da fundação do PSDB!

Eu e mais 12

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Por Paulo Silva Junior

Por esses dias percebi que minha lista de grandes jornadas futebolísticas era um tanto quanto pacata: fugir da escola pra ir na Javari, quase apanhar no Primeiro de Maio, tentar arrombar um portão pra ver um jogo da Copinha de 94, ir a um treino do Guarani, o primeiro Choque-Rei sozinho, chuva de granizo num Come-Fogo, se passar por corintiano. Boas lembranças, com um pouco de verdade e um tanto de lenda, ganham agora a companhia da epopeia do último sábado. Galway, Oeste da Irlanda.

No meu último final de semana aqui na ilha, depois de dezenas de adiamentos e imprevistos, finalmente encaixei um tempo pra ir a um jogo de um dos times locais. Aqui, são dois os principais: o Galway United, da elite, e o Salthill Devon, da segunda divisão - do meu bairro e o meu escolhido pra gastar a voz. Dei uma passada no site pra pegar o caminho que me levaria ao Drom Club House, local da partida diante do Athlone Town, time também do lado de cá do país. Além das rotas, um telefone: ‘ligue e esclareça suas dúvidas sobre como chegar ao Drom’. É, não ia ser fácil achar a pelada.

Do portão da minha casa até a bilheteria, o marcador contou 13 quilômetros. Tá, nada mal, a bicicleta anda barulhenta, mas os pneus são novos, freios idem, vamos embora. Saí exatamente uma hora antes da partida, e em coisa de dez minutos tinha vencido a área urbana, cerca de metade do caminho. A chuva apertou, eram seis e pouco da tarde e começava a escurecer. A partir daí, me perdi muito. Sabia que estava a uns quatro, cinco quilômetros, mas não havia sinal do estádio. Placas, nada. Uma sequência de ruas iguais, gigantescas sequências de subidas e descidas sem nenhum horizonte pela frente, estreitas, de mão única, uma ou outra casa – vazias, sempre – a cada 100 ou 200 metros.

Os carros que passavam, poucos, algo como uns cinco em meia hora, não respondiam aos meus sinais em busca de informação. Até que passou uma dupla de bicicleta (uma bicicleta, um cara pedalando e outro na carona). Gritei um ‘onde é o campooooo?’, e, na descida veloz, só deu tempo de ambos apontarem o braço pra mesma direção. Bingo. Segui a indicação. Uns 40 minutos depois do previsto, cheguei no tal Drom. A entrada tem uma porteira típica de fazenda, impossível entender que é por ali. Segui uns carros e tive sorte, era lá mesmo:

- Veio de bicicleta? Corajoso, hein?

- É, minha primeira vez aqui, não tinha ideia que era difícil chegar...

- Ingresso é dez euros, mas vou fazer por cinco.

- Pô, valeu. A volta vai ser pior, né?

- Não tem luz, cara. Deixa a bicicleta aí e volta de carona, busca amanhã.

- Não! E aí, como busco amanhã? A pé?

- Ééé... Bom, vai lá, cinco minutos de partida, já. Bom jogo!


Ingresso número 13. Eram 13 os pagantes, meu recorde negativo. Eu e mais 12, fiquei pensando nisso enquanto caminhava pelo estacionamento e achava um lugar pra amarrar a magrela. Comecei a lebrar de alguns jogos "desabitados" do Palestra São Bernardo... Não, sempre dava uns 100 torcedores, pelo menos. E aqueles jogos pela faculdade, sábado, às 15 pras 8 da manhã? Umas seis namoradas, uns cinco amigos, uns três pais, um primo, um irmão. Sem dúvida, 13 pagantes era muito, muito pouco. A conta geral só aumentou porque tinha funcionários do clube, garotos da categoria de base, alguns sócios, os gandulas, os seguranças, equipe médica, funcionários da cafeteria, fotógrafos e umas crianças correndo. Tinha umas 50 "testemunhas", vai.

O cenário era uma mistura de várzea brasileira bem organizada – jogo bastante gritado, torcida formada majoritariamente pelos corneteiros-boleiros, aqueles de agasalho do clube e boné, que mais se parecem com jogadores que acabaram preteridos no vestiário -, e uma noite de happy hour no society, com mulheres falando sobre a vida no lugar protegido da chuva, peladeiros profissionais repetindo as mesmas piadas de sempre num gramado perfeito, com aquela iluminação bem forte e uns carros estacionados atrás dos gols.

Nas laterais, placas indicando as posições das torcidas, local e visitante: uns seis pra cada lado (essa é a parte que me lembra os terrões paulistas). Atrás de uma das balizas, os vestiários e uma escada pra lanchonete (café e chá por 1 euro, bolachas à vontade e TV ligada no jogo do Barcelona, o que levou alguns mortais a ignorarem o jogo in loco para ver Messi e cia.); lá de cima, boa visão para o gramado, bancos confortáveis e nada de chuva ou frio (aqui, sim, o futebol dos engravatados, o society de terça-feira).

O jogo foi bom. Muito rápido, muito pegado, muito balão, pouco espaço. Um futebol inglês com menos técnica, pouquíssimos lances bem armados ou tabelas limpas numa coleção de divididas e chegadas atrasadas e estalos de caneleiras e gritos. É jogo duro e um dezinho mais habilidoso sofreu bastante nas mãos (e pés) do quarto zagueiro. No meio do segundo tempo a chuva parou, finalmente, e decidi tomar o rumo de casa. Pedi licença e desculpas aos deuses do futebol, logo eu, tão contrário e tão crítico da turma dos 42 minutos, aquela galera que vai descendo os degraus do Parque Antártica quando ainda tem jogo, só esperando um derradeiro chute loooooooooooonge do gol pra xingar um último camisa 18 e ir embora. Mas fui pra casa antes do melão parar de rolar.

A volta foi tensa. Naqueles dez, quinze minutos na estrada escura e estreita, tive de me deitar junto das vacas e ovelhas por duas vezes. Era impossível de ser visto pelos carros, e então quando eu ouvia um motor roncar e uma luz chegando láááááá no fundo. A única opção era jogar a bicicleta no mato, pular o que parecia um primeiro nível de grama e ficar agachado ali, esperando passar. Choveu um pouco mais, nem mais forte nem mais fraco, só aquela chuva irlandesa de sempre, que mantém a mesma frequência por horas e mais horas e mais horas.

Foi um bom sábado, que terminou em pizza de microondas, cerveja barata e sorriso de canto de boca. O futebol é mesmo fascinante, e tem uma capacidade de nos tirar do estado normal de emoção que ainda me surpreende a cada final de semana.

Ah, o jogo foi 1 a 1. Mas quem ganhou fui eu.


* Paulo Silva Junior é bernardense, palmeirense e jornalista. Colabora, de forma bissexta e imprevisível, com o Futepoca. Gosta tanto de futebol quanto de cachaça. Não fosse o bastante, ainda exilou-se na chuvosa República da Irlanda.

Magoou e fez beicinho

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"Ronaldo tem o privilégio de ser carioca. Se eu fosse carioca, talvez tivesse essa despedida. Estou tranquilo, não me preocupo com isso, outros jogadores que foram muito mais do que eu na Seleção não tiveram despedida.(...) Mas o Ronaldo é carioca, a CBF fica no Rio. (...) É que ele parou agora e já marcaram despedida. Cada um é cada um, eu particularmente não preciso e nem espero essa despedida. (...) Um jogo de despedida pela Seleção não significaria nada."

- Rivaldo, sobre o amistoso de despedida de Ronaldo Nazário que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) marcou para 7 de junho, no Pacaembu, entre a seleção brasileira e a da Romênia. Em abril de 2005, Romário, outro carioca, teve sua despedida pela seleção no mesmo estádio, contra a Guatemala.

terça-feira, março 22, 2011

E se o pessoal da redação também recebesse notas?

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Por Vitor Nuzzi

Arrisco dizer que a maioria dos boleiros não gosta de ver aquelas notas que saem nas páginas de esporte após as rodadas. Eles estão certos. Nota para atuação de jogador é a mesma coisa que avaliação de jurado para escola de samba no carnaval. O fulano dá 9.4 para a escola x, enquanto beltrano manda 8.8 para a mesma escola, no mesmo quesito. Quem pode explicar essa diferença de 0.6?

Para nota de jogadores, então, é pior. Um dá 9 e fala que o sujeito arrebentou e outro garante que o mesmo jogador pouco produziu (como se tivesse índice de produtividade em jogo de futebol) e dá 6. Isso quando a crítica dá a impressão que você viu outro jogo.

Chegou, então, a hora da vingança dos boleiros. Como diria Vandré, o cipó de aroeira de volta no lombo de quem mandou dar. É a vez de os jornalistas serem avaliados. E não adiantar chiar na coletiva!

Revisor: ficou tão preocupado com vírgula que deixou passar uma "paralisação" com z. Sem contar aquela concordância, a maioria "foram"... Foi mal. Nota 3.

Redator 1: como diria o poeta, abusou da regra 3. Tanto acostumou no recorta-e-cola que copiou um trecho inteiro escrito de um outro jogo. Merecia expulsão. Zero.

Redator 2: falou que o centroavante estava sumidão no jogo, mas sem ninguém pra tabelar e com três zagueiros em cima, queria o quê? Olha melhor na próxima. Nota 4.

Repórter 1: não prestou atenção no que rolava na entrevista e fez a mesmíssima pergunta que o colega havia feito dois minutos atrás. Pede pra sair! Nota 2.

Repórter 2: derrubou a pauta, perdeu as anotações, chegou atrasado... Já levou cartão amarelo e não se emenda. Quer ganhar o Troféu Balada? Nota 1.

Repórter 3: não quis passar informação pro colega? Passa a bola, fominha! Nota 4.

Comentarista 1: treino é treino, jogo é jogo. Futebol é caixinha de surpresas. Não tem mais time bobo no futebol. Nem ouvinte, que não aguenta mais ouvir chavão. Hora de reciclar. Nota 5.

Comentarista 2: o time A dominava até os 15 minutos, quando sofreu o gol e se desestruturou. Ou: o time B insistia no jogo aéreo... Ou ainda: o time C precisa justificar o favoritismo em campo. Fala sério, quantas vezes você já ouviu isso? Troca o disco. Nota 5.

Editor: trocou uma palavra-chave na matéria especial e cortou a matéria pelo joelho. Para arrematar, pôs um título nada-a-ver. A galera vaiou na arquibancada. Nota 4.

Arte/foto: trocou as fotos, as legendas... Reclamou da fotografia, que reclamou da arte, que reclamou do técnico. O time se perdeu em campo. Nota 2.


* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 45) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo que viu jogar é Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

Tipos de cerveja 63 - As Roggenbier/ German Rye Beer

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Esta cerveja especial, originária da cidade alemã de Regensburg, na Baviera, é uma variante de luxo das Dunkelweizen mas, em vez de utilizar trigo, usa malte de centeio, o que as torna mais saborosas. "A aparência vai da cor de cobre até ao castanho e a espuma costuma ser volumosa e algo duradoura", observa Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "Quanto ao álcool, não é muito pronunciado, variando entre os 4,5% e os 6%. A característica que mais se salienta neste tipo de cervejas é mesmo o seu sabor a centeio, sendo que por vezes pode parecer que estamos a beber pão liquido!", acrescenta. Marcas recomendadas: Paulaner Roggen, Burgerbrau Wolnzacher Roggenbier (foto) e Schremser Roggenbier.

segunda-feira, março 21, 2011

Liédson e Luís Fabiano entre os 10 maiores artilheiros

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Na edição deste mês, a revista Placar trouxe a sua lista dos maiores artilheiros brasileiros que ainda estão em atividade (outras fontes mostram contagens diferentes). Os números da publicação vão até 20 de fevereiro, por isso, atualizamos até 20 de março:

1 - Túlio Maravilha, 41 anos, Botafogo-DF --- 777 gols
2 - Marcelo Ramos, 37 anos, Madureira-RJ -- 436
3 - Rivaldo, 38 anos, São Paulo-SP ------------- 409
4 - Jardel, 37 anos, sem clube ------------------- 358
5 - Dodô, 36 anos, Americana-SP --------------- 335
6 - Alex, 33 anos, Fenerbahçe-TUR ------------- 331
7 - Kléber Pereira, 35 anos, sem clube --------- 319
8 - Magno Alves, 35 anos, Atlético-MG -------- 280
9 - Liédson, 33 anos, Corinthians-SP ----------- 274
10 - Luís Fabiano, 30 anos, São Paulo-SP ------ 266

Convite tentador

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Na ânsia de contratar imediatamente o técnico Muricy Ramalho, que insiste em ficar mais 20 dias "de férias", o presidente do Santos, Luís Alvaro de Oliveira Ribeiro, resolveu apelar:

"Quando ele quiser, acertamos isso tomando caipirinha e comendo um camarão. Sei que precisa de descanso, mas desejo que a gente acerte, por mim, pelos jogadores, pelo Brasil e por você [Muricy]. Não dou palpite em escalação e o treinador merece nossa confiança, ainda mais você. Por mim, começa hoje", disse o mandatário, nesta segunda-feira, à Rádio Globo.

Será que o treinador vai resistir à tentação? Se Muricy acertar com o Santos daqui para amanhã, vai ficar com fama de cachaceiro...

Empate ruim, mas não tão ruim para o Palmeiras contra o São Caetano

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Sem Valdívia, contundido e no Chile para tratamento, o Palmeiras só empatou em 1 a 1 com o São Caetano, na cidade do ABC. Os gols saíram apenas no primeiro tempo mas o visitante verde criou realmente pouco sem nenhum meia de ofício, apesar de entrar em campo com três atacantes.

Kléber, autor do gol de pênalti logo aos seis minutos, permanece garantido no ataque, Adriano Michael Jackson, em baixa, e Luan – em alta com Luiz Felipe Scolari, em baixa com a torcida – formaram o trio à frente. Foi bom no começo, com movimentação plena, mas durou muito pouco.

Tinga foi colocado no intervalo para reforçar o meio de campo de quatro volantes quando estava claro que o Azulão estava melhor no jogo. Luan também foi sacado e teve de ouvir vaias da torcida. Dificilmente a opção 4-3-3 será repetida por Felipão. Um fazedor de gols para atuar com Kléber faz falta, assim como meias no elenco.

A melhor defesa do campeonato mostrou que tem falhas, especialmente em bolas aéreas, como a que resultou no gol do São Caetano. A nota mais triste da partida foi o arranca-rabo entre Thiago Heleno e Aílton, cujo colega e zagueiro Anderson Marques foi tomar satisfação. Cenas de briga de rua (e cartão vermelho).

Deola, substituindo Marcos, o Goleiro, salvou o time, junto das traves da meta alviverde. Os planos de aposentadoria do camisa 12 porém titular indicam que Deola terá bastante trabalho na temporada.

O time está em terceiro, pega a Linense e convive com as limitações.

Contaram o milagre, não o santo

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Disposto a ver o golzinho do São Paulo que recolocou o time na liderança do Paulistão, marcado por Henrique, contra o Grêmio Prudente, liguei a TV no programa "Mesa Redonda", da Gazeta. Particularmente, detesto essas rodas de "debate", onde se palpita muita asneira e se mostra muito pouco do que interessa: os melhores momentos e os gols da rodada. Mas, logo que sintonizei, disposto a cortar o som e ler alguma coisa, de tocaia no momento em que o gol fosse transmitido, começou a passar uma matéria que me interessou, sobre as recentes repatriações de atletas que estão muito bem e que poderiam continuar fazendo uma boa grana lá fora, caso do santista Elano, do flamenguista Ronaldinho Gaúcho, do corintiano Liédson (foto) e do sãopaulino Luís Fabiano, entre outros.

A edição da reportagem não concluiu nada sobre o motivo dessas repatriações, digamos, "improváveis". Foi uma coisa mais relatorial, citando o êxodo maciço após a Copa de 1982, de Zico, Sócrates e Cerezo (Falcão tinha ido em 1980), e a volta de alguns, ainda no auge, a partir da década de 1990, como Romário (foto). Mostraram o Elano dizendo que poderia ter feito um contrato três vezes melhor na Europa, mas que o mais importante para ele é jogar e blá, blá, blá. Só quando abriram para os comentários de quem estava no estúdio é que disseram o óbvio, que a materinha se eximiu de dizer: a volta dos "filhos pródigos" tem como principal motivo a ótima situação econômica que o Brasil ostenta hoje, enquanto vários países ainda sofrem a a grande recessão detonada pela crise de 2008.

"Quando um atleta vai para o exterior, está pensando em resolver sua independência financeira, mais do que qualquer coisa. E hoje, pela nossa situação econômica, o jogador consegue voltar para ganhar quase o mesmo que ganhava lá", resumiu o zagueiro Paulo André, do Corinthians, que jogou três anos na Europa. "O futebol brasileiro vai ganhar muito mais investimentos com a Copa do Mundo, muito mais vitrine", observou o goleiro Deola, do Palmeiras (foto). Questionado sobre como pagar salários de nível europeu não tendo a mesma receita dos clubes de lá, o presidente do Santos, Luís Álvaro, foi incisivo: "As empresas hoje estão ganhando muito mais dinheiro aqui no Brasil e, por isso, tem mais para investir".

Conclusão: o festejado retorno de nossos craques, no auge de suas carreiras, é "culpa" do Lula, sim! Só não disseram com todas as letras.

Negociações - Falando em Luís Álvaro, o dirigente confirmou que Robinho (foto) poderá voltar no centenário do Peixe, ano que vem. Os salários e outros acertos com o jogador já estariam combinados, só falta a liberação da multa por parte do Milan. Hoje, segunda-feira, o presidente do Santos encerrará a discussão sobre a questão do técnico, se Marcelo Martelote será oficializado no cargo ou se outro será anunciado. Segundo ele, Muricy Ramalho não é o único nome em debate. O medidador do programa, Flávio Prado, por sua vez, afirmou que Lugano estaria negociando seu retorno ao São Paulo. E Vanderlei Nogueira observou que Kaká também quer voltar. Já Chico Lang disse que conversou com o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e que este lhe garantiu que desistiu de vez do ex-imperador Adriano.

sábado, março 19, 2011

Bragantino 2 X 1 Santos - sem técnico e sem técnica, o retrato do caos

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Sem esquema tático e com incríveis vazios de um meio de campo que não marca e apóia mal, o Santos foi derrotado pelo Bragantino por 2 a 1. Derrota mais que merecida, já que o time do interior fez a lição de casa: contra-atacou, aproveitou o espaço que os volantes santistas davam à frente da área, finalizou muito a gol e se defendeu, às vezes de forma violenta, mas nada que surpreenda por se tratar de uma equipe inferior tecnicamente ao adversário.

O que surpreendeu de fato não foi apenas a má partida alvinegra, mas o fato de que os jogadores, perdidos em campo e sem um técnico que orientasse ou pudesse alterar o panorama da partida no banco de reservas, também apelassem para a deslealdade. Elano já merecia ter sido expulso no final da partida contra o Colo Colo e, desta vez, além de Adriano (como é doído vê-lo com a camisa do Santos), Ganso poderia ter ido para o chuveiro mais cedo.

Edu Dracena, mais uma vez falhou, fazendo praticamente um corta-luz para o atacante do Bragantino Léo Jaime marcar o primeiro gol da partida. Aliás, as falhas algo bizonhas do zagueiro peixeiro fazem o torcedor lembrar de momentos marcantes de defensores do naipe de Camilo, Maurício Copertino, Marcelo Fernandez e tantos outros, alguns ex-companheiros de elenco de Marcelo Veiga, hoje treinador do Braga, nos tempos de fila do Peixe. No segundo gol da equipe do interior, Pará estava marcando um jogador mais alto que ele, mas sequer subiu junto com Marcelinho para atrapalhar seu cabeceio. O que fazia ali mesmo?

Martelotte já tinha dado sinais do que poderia fazer pelo clube no último Brasileiro. Ou seja, muito pouco. Insistir nele é uma ato de quase suicídio praticado pela diretoria.


****
Muricy Ramalho saiu do Fluminense reclamando das condições do clube. A ausência de um centro de treinamento decente foi um dos fatores que o técnico mencionou como grave para o rendimento da equipe, já que favorecia o surgimento de contusões. O tempo de permanência de atletas no departamento médico também perturbava Muricy. 

No Santos, nessa partida, estavam contundidos Léo, Alex Sandro, Jonathan, Diogo e Arouca. Charles foi contratado por recomendação de Adílson Batista e sequer jogou. Outros que, de memória, lembro que passaram pelo departamento médico na (curta, por enquanto) temporada de 2011: Alan Patrick, Maikon Leite, Róbson, o goleiro Aranha, e Elano, que até hoje não tem a mobilidade apresentada no ano passado. Houve equívocos na preparação física, nas contratações, no tratamento de atletas ou é toda mera coincidência?

*****
Em 2010, Santos e Bragantino fizeram um jogo bem diferente...

A cachaça na prosa de Voltaire de Souza

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Imagine-se abrindo um jornal e encontrando o seguinte texto:

O FRIO CASTIGA
Faz frio em São Paulo. Osvaldo tinha uma solução. "-A caninha. A cachaça". Ele tomava todas. A mulher reclamava. "-Pára, Osvaldo". "-A pinga. É meu cobertor". Ele caía na cama. Na maior inconsciência. Foi quando Osvaldo teve um pesadelo. Ele estava no pólo Norte. Um urso branco dava urros. Osvaldo viu um disco voador. Saiu do disco o falecido presidente Castelo Branco. "-Pára de beber, Osvaldo". "-Sim, senhor presidente. Sim, marechal". Osvaldo nunca mais bebeu cachaça. Mas faz frio em São Paulo. Osvaldo foi encontrado na rua. Morto. Caído no chão. De frio. Durinho. Foi levado para o IML. Onde faz mais frio ainda.


Esse é apenas um entre centenas de textos que foram publicados diariamente, entre os anos 1980 e 1990, pelos jornais Notícias Populares e Folha de S.Paulo, e assinados por um fictício Voltaire de Souza. O livro "Nada mais que a verdade - A extraordinária história do jornal Notícias Populares", de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima (Summus Editorial, 2ª edição, 2011), conta que, quando o jornalista Leão Serva (foto) assumiu como novo diretor de redação do Notícias Populares, teve a ideia de publicar uma coluna com sexo e sangue em forma de ficção, na linha de Nelson Rodrigues. Foi aí que "um famoso colaborador" da Folha topou a empreitada, desde que assinasse com pseudônimo. Serva criou a alcunha Voltaire de Souza. "Definido como 'um imbecil' por seu próprio criador, Voltaire destilaria uma preciosa mistura entre as sandices do universo rodriguiano (sic) e as sinédoques de Dalton Trevisan, sempre coroada com uma desconcertante moral no fim da história". Como no texto a seguir:

A CULPA DE UM ÉBRIO
Osvaldo bebia bastante. E tinha o mau hábito de dirigir o carro quando estava embriagado. Uma noite, ele estava com seu Monza na 23 de maio. Completamente alcoolizado. Sentiu um baque no carro. Uma coisa voou na avenida. Osvaldo levou o maior susto. "-Atropelei alguém. Puta merda". Acelerou o Monza. E foi-se embora do local. No dia seguinte, Osvaldo acordou de ressaca. Lembrou-se da noite anterior. "-Puxa, atropelei um cara". Osvaldo ficou muito assustado. "-E agora? Matei um homem". A culpa de Osvaldo era grande. "-Sou um assassino. Sou um bêbado. Sou um canalha". Osvaldo abriu uma garrafa de uísque. Na terceira dose, ele estava chorando. "Não mereço viver. Sou um assassino". Pegou uma faca de cozinha e enterrou-a no peito. Morte instantânea. Só que ele não tinha atropelado ninguém. O Monza só tinha batido num saco de lixo. Deviam manter as ruas de São Paulo limpas.


O livro sobre o Notícias Populares conta ainda que, para manter o anonimato do autor, a coluna recebeu a foto de um cúmplice, o repórter Manoel Victal, que usou óculos escuros. Mais tarde, outra foto de Victal seria usada, mostrando o "dublê" diante de um computador. "O sucesso foi tão grande que o escrachado Voltaire de Souza ganharia, no final da década de 1990, um lugar no caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo (...). Ainda que seus textos acabassem saindo de lá algum tempo depois, em virtude de um corte de gastos da empresa, aquela promoção só alimentaria a já inflamada discussão a respeito da verdadeira identidade do literato", conta o livro "Nada mais que a verdade". As suspeitas recaem sobre o colunista Marcelo Coelho (foto), integrante do Conselho Editorial da Folha: "Publicamente (...), o respeitado jornalista prefere não confirmar nem desmentir a informação. Em conversas reservadas, entretanto, Coelho assume com orgulho a paternidade do escriba". Se é ele ou não, pouco importa. Fiquemos com mais um texto sobre cachaça, publicado no livro "Vida bandida - Voltaire de Souza" (Editora Escuta, 1995):

CACHAÇA E CASAMENTO
Estava começando a chover. Um friozinho de abril. Túlio esfregou as mãos. "-Tempo bom para uma cachaça". A mulher suspirou. "-Quando faz calor, você diz que é sede. No frio, é para esquentar". Túlio não ligou. Foi ao bar da esquina. Duas horas depois, estava completamente bêbado. A mulher foi procurá-lo. "-Túlio. Que é isso". O homem já não dizia coisa com coisa. "-Bruff... arrh... muorm...". Elizete começou a chorar. "-Você não era assim, Túlio. Você mudou". "-Wai a merza. À budza gui o bariu". Elizete gritava. Tremia toda. Estava tendo um treco. Alguém teve a idéia. "-Dá um cinzano para ela se acalmar". Elizete tomou o primeiro. E outro logo em seguida. Ficou bêbada como o marido. Deitados na sarjeta, os dois se deram um longo abraço de amor.

sexta-feira, março 18, 2011

Trabalhador festeja salários com cerveja mais cara

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Agora pela manhã peguei um jornal gratuito, na rua, e uma das chamadas de capa já alarmava: "Cerveja, água e refrigerantes vão ficar 10% mais caros". Na materinha interna, Milton Seligman, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), explica que o índice leva em conta a inflação acumulada desde o último aumento, em janeiro de 2009. E elogia o governo federal: "O governo contribuiu para o setor nos últimos anos e agora chegou a hora de fazer a correção".

Ou seja, além de não reajustar os impostos para o setor cervejeiro por dois anos, o governo também contribuiu com o aumento do poder de compra do consumidor. Prova disso é que, no mesmo jornalzinho que li, há uma outra matéria muito mais eloquente, mas que não mereceu chamada de capa: "Salários tiveram maior alta em 14 anos". Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 89% dosw reajustes concedidos em 2010 foram acima da inflação.

Não por acaso, o portal R7noticiava, na metade do ano passado, que "Aumento da renda do trabalhador eleva consumo de cerveja do brasileiro". Na época, o mesmo Sindicerv já prenunciava que 2010 deveria fechar com um aumento de 12% no consumo da bebida em todo o país. Dizia o texto: "No ano passado [2009], o consumo nacional de cerveja cresceu 10,9%, contra 10,4% no ano anterior, apesar da crise econômica internacional. O mercado somou 10,91 bilhões de litros de cerveja fabricados e comercializados em todo o país, gerando um faturamento bruto de R$ 31 bilhões em 2009".

Já o jornal Valor Econômico informava, em dezembro, que "as estimativas do mercado são de que o volume vendido no País ultrapasse os 126 milhões de hectolitros, ou seja, 14 milhões de hectolitros a mais do que em 2009. Além de mais gente comprando cerveja, o brasileiro passou a beber mais. De acordo com o instituto Euromonitor, o consumo per capita de cerveja passou de 54 litros em 2007 para os atuais 64,4 litros. Um crescimento de 19,2% no volume por habitante, o que fez o Brasil passar de 48º colocado no ranking global de 2007 para a 23ª em 2010".

Pois então, o trabalhador manguaça está com dinheiro no bolso e mandando muito bem no consumo da loira gelada. O que leva a crer que nem um aumento de 10% no preço poderá aplacar sua sede. Saúde!

Metáforas de Dilma

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A presidente do Brasil, Dilma Rousseff teve publicada, na quinta-feira, 17, sua primeira entrevista como mandatária do país em um jornal da terra. As respostas ao Valor Econômico marcaram também as duas primeiras metáforas oficiais de Dilma em português depois da posse. Antes, ela havia sido entrevistada pelo Washington Post, mas as metáforas traduzidas do inglês não poderiam ser contabilizadas.

O exercício dessa figura de linguagem tão profícua quando bem usada era uma das marcas registradas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com preferência em alusões ao futebol, ao bar, à cachaça e ao estilo de vida dos bêbados – eventualmente da mulher dos embriagados, que sofrem as mazelas do álcool – Lula tem no recurso uma das melhores armas para se comunicar tão bem com virtualmente qualquer público. O recurso é tão exímiamente empregado que José Serra (PSDB) tentou mudar de estilo para usá-las mais.

Fotos: Ricardo Stuckert/Pr 27/04/2007 e Roberto Stuckert Filho/Pr 17/03/2011


Dilma não é Lula. Estilos diferentes, tudo bem. Só deu saudade. Nas fotos, Lula de guitarra em punho em pose rock'n'roll com os mexicanos do RBD em 2007 e Dilma quiçá ensaiando uma versão banquinho e violão do sucesso da Copa do Mundo da África do Sul, o Waka waka, com Shakira. 

Dilma falou sobre inflação, crescimento econômic salário mínimo, preservação de direitos dos trabalhadores, aeroportos, entre outros temas. Mas foi sobre corte de gastos públicos que teve origem a primeira metáfora presidencial da Era Dilma. Às palavras:
É como cortar as unhas. Vamos ter que fazer sempre a consolidação fiscal. Na verdade, temos que fazer isso todos os anos, pois se você não olhar alguns gastos, eles explodem. Se libera os gastos de custeio, um dia você acorda e ele está imenso. Então, você tem que cortar as unhas, sempre. Nós estamos cortando as unhas do custeio, vamos cortar mais e vamos fazer uma política de gerenciar esse governo. Estamos passando em revista tudo o que pode ser cortado e isso tem que ser feito todos os anos.
Fosse o Lula, provavelmente a metáfora seria com um time de futebol que não pode só atacar, mas tem de defender. Ou com um trabalhador que, de tanto tomar cervejinha depois do expediente, passa a criar barriga e precisa cuidar de moderá-la para não ter problema de saúde. Ou algo assim. Mas valeu a tentativa.

A segunda metáfora oficial vem do momento em que Dilma rechaça a hipótese de prescindir do controle da inflação. Ela deixa claro que não tergiversa com alta de preços, lançando mão do seguinte:
É aquela velha imagem da pequena gravidez. Não tem uma pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem.
Alguém pode até questionar se a estratégia não poderia levar o interlocutor a estender a brincadeira. É que inflação ainda tem meta – com centro e margem de dois pontos para mais ou para menos. Gestação pode até terminar prematuramente, mas fica complicado levar tão pormenorizadamente a figura de linguagem.

Contra-metáfora

Por fim, Dilma mostrou um lado que Lula não tinha, o de destruidora de imagens. E saiu-se melhor assim.

A repórter Claudia Safatle mencionou a pecha de "dovish" que paira sobre Alexandre Tombini, presidente do Banco Central. O termo anglófono remete a frouxidão de um pombo, que se contrapõe ao rigor de um "hawkish", em alusão a um falcão.

À pergunta se Tombini é um pombinho, Dilma respondeu: "E eu sou arara (risos)". Depois ainda falou que o mercado reclama do Banco Central porque não tem diretor oriundo do mercado por lá. Quem sabe ela está ainda achando seu estilo?

quinta-feira, março 17, 2011

Colo Colo 3 X 2 Santos - vitória do lugar comum

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Tudo bem, tudo bem. Quando um time perde, a larga via dos lugares comuns está aberta. É culpar o técnico, falar do cara que você não gosta e que insiste em errar pra que você comprove, no íntimo das suas certezas, a sua tese particular, falando pra si mesmo, “viu, sabia que esse %#$@#@$ ia fazer $%#$@%$. Mas você escreve pra um blogue, tem meia dúzia de leitores e tenta se convencer de que não deve cair nessa cilada. “Vou ver a partida por outros ângulos”, pensa.

Aí você percebe que não dá. Não, não dá. Então esse texto é pra cair na vala comum, por um certo aspecto. Mas não de forma incoerente. Falei aqui que Martelotte não é treinador para o Santos. O que fica mais evidente quando se percebe uma mudança sutil, quase não percebida pelo torcedor, mas que fez a diferença na partida contra o Colo Colo. Adriano tornou-se titular com a contusão de Arouca, colocando Possebon na reserva. Como já disse outras vezes também, ele é esforçado, corre, mas não é atleta de nível. Corre, corre, corre.... pra que mesmo?

Todo mundo já viu numa pelada aquele cidadão que toma um drible e depois marca o rival a oito metros de distância, com medo de tomar outra finta. Foi assim que Adriano se portou no primeiro gol da equipe chilena. No segundo, marcou tão longe quanto. Culpar a defesa pode ser o mais fácil, mas quando o meio de campo deixa estourar o tempo todo a bola em cima da zaga e do goleiro, não tem ninguém que aguente. Não que Danilo tenha sido muito melhor, mas ao menos sabe dar um passe. Possebon falhou no terceiro gol do Colo Colo? Sim, mas era pra ele estar ali? Alguém reparou que na cobrança de falta havia dois atletas rivais livrinhos na área? Tem treino? Quem marca quem?

Sem coordenação, com uma instabilidade evidente, o Santos abriu o marcador e tomou três gols em menos de quinze minutos, terminando a primeira etapa perdendo por 3 a 1. Fez o segundo logo no início do segundo tempo. Esteve perto de tomar o quareto gol mas empurrou o Colo Colo para sua intermediária. Hora de ir pra cima, não é? Pra Martelotte, não. Trocou Zé Eduardo por Maikon Leite, e tirar o queridinho da torcida há pouco tempo merecia até manifestações do presidente do clube. E depois sacou Ganso para colocar Keirrison. Boa troca, hein?

Aliás, Ganso jogou parte do primeiro tempo praticamente como um segundo atacante, recebendo a bola de costas e rendendo muito pouco. Se foi uma opção do técnico pela condição física do meia, era melhor tê-lo colocado em campo depois do intervalo. O meia, quando jogou na armação, inclusive buscando a bola no campo peixeiro como é de seu feitio, criou e foi dele assistência para o tento de Neymar.


O Santos está com dois pontos, o Cerro Porteño, na segunda colocação, tem cinco. A situação é menos desesperadora do que a do Fluminense, mas não é nada boa. Sem um técnico de fato, fica difícil pensar em classificação, mesmo com o investimento feito e os valores que o Santos tem.

Se tudo mais falhar, que venha Muricy para tentarmos o título brasileiro. Mas, na Libertadores, deixar um time à deriva, sem comando, é jogar dinheiro fora. E desperdiçar a alegria que o santista quer sentir com boleiros acima da média dentro do gramado.

quarta-feira, março 16, 2011

Cachaça influenciou o canto 'suave' da Bossa Nova

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Lendo "Mário Reis - O fino do samba", de Luís Antônio Giron (Editora 34, de 2001), mergulhei no universo musical da década de 1920, quando as gravadoras começaram a contratar cantores brancos e orquestras regidas por europeus para "domesticar" e popularizar o samba que negros como Sinhô, Ismael Silva, Cartola e Nilton Bastos produziam nos morros cariocas. Entre esses cantores estavam Francisco Alves, Jonjoca e, principalmente, o biografado por Giron, Mário Reis (foto), que sintetizou um novo jeito de cantar, de forma "falada" e sussurrante (ou crooner), antecipando em 30 anos o estilo Bossa Nova de João Gilberto e criando uma contraposição aos vocais "gritados" e operísticos de cantores como Vicente Celestino. Dessa forma, o sotaque malandro do morro pôde ficar palatável para os ouvidos aristocráticos do público consumidor de discos.

Curioso é que a cachaça deu sua contribuição para a modernização de nossa música popular. O livro conta que foi o violonista e compositor José Barbosa da Silva, o Sinhô, quem orientou Reis na nova maneira de cantar e quem escreveu as canções adaptadas para suas primeiras gravações no estilo vocal (ouça o sucesso "Jura", de 1928, no vídeo abaixo). "Sinhô vivia em grandes dificuldades", contou, em 1971, o jornalista Brício Abreu. "Ria constantemente e isso era uma aflição para mim: ele tinha um único dente, grandalhão, na boca. Os outros, dizia que a cachaça tinha levado", acrescenta. Além de ter ficado banguela, Sinhô ainda teve, como consequência da bebida e da boemia, uma tuberculose que encurtava seu fôlego. Assim, preferia "dizer" a canção, em vez de soltar um vozeirão que não tinha. E Mário Reis, ao ouvi-lo cantar, adaptou para si essa forma "suave" de interpretação.



A entrevista que virou porre
Determinante no início, a cachaça também marcou presença no retiro de Mário Reis. Em 1971, quando lançou o último disco e fez três shows de despedida da vida artística no Golden Room do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o veterano cantor foi entrevistado pelo jovem repórter Silio Boccanera, do Jornal do Brasil (que mais tarde ficaria conhecido pelo público como repórter do programa Fantástico, da TV Globo, com uma barba comprida - o que inspiraria o personagem Túlio Bocanegra, no programa humorístico Chico Anysio Show). Boccanera tinha 23 anos e não sabia absolutamente nada sobre Mário Reis, que vivia recluso e longe da mídia desde os anos 1930. O encontro, como não poderia deixar de ser, aconteceu num bar. "Fomos enchendo a cara juntos: esvaziamos uma garrafa de Vat 69 [uísque], calibrado com Oppenheimer Goldenberg, um destilado alemão", contou o repórter.

Segue o livro: "Repórter e entrevistado estavam no maior porre. Silio, que na época era fã de rock, lembrava de Mário falando algo como: 'Há muito barulho por aí. Muita música de neurose'. À medida que a noite avançava, os dois foram ficando, além do garçom. 'Ele me deixou muito à vontade e, para mim, a qualidade do restaurante do Country [Club, no Rio de Janeiro] era uma novidade'. E Mário não parava de falar. A impressão de Silio foi de a conversa não mais terminava. 'Saí de lá trocando as pernas e ele me acompanhou até meu Fusca. Era um gentleman'.", finalizou Boccanera. A gravação feita em cassete naquele dia é o depoimento mais importante de Mário Reis jamais documentado. O cantor faleceria em 1981, aos 73 anos. No vídeo abaixo, um dos únicos registros filmados de uma interpretação sua, nos anos 1930:



Ps.: Ah, e quase ia esquecendo de incluir o futebol: Mário Reis jogou pelo América, seu time do coração, e foi vice-campeão do Torneio Juvenil Interclubes do Rio de Janeiro, em 1924. Foi o artilheiro da competição, com seis gols.

Se gritar 'pega ladrão'...

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O arranca-rabo aconteceu numa manhã de domingo, no estádio Adail Nunes da Silva, o Taquarão, em Taquaritinga (SP). Disputa entre CAT e Francana pela série A-2 do Paulistão (segunda divisão). Lembro que a cena do policial abrindo e/ou segurando o portão no alambrado, enquanto os torcedores invadiam o gramado, foi mostrada com alarde no programa Fantástico, da TV Globo. Enfim, "coisas" lá da terrinha...

terça-feira, março 15, 2011

Tremei perante Zangief Kid

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Não é futebol, não é política, mas a despeito das questões etárias, esse baixinho devia estar bêbado quando se meteu a besta desse jeito. A vingança de todos os gordinhos que foram zoados no primário já tem site e um criativo verbete nesse site que eu desconhecia (em inglês), e que diz que o nome do herói é Casey.


(a indicação foi do colega @mariocpereira)

Gordinho dá uma de zangief - MANOLAGEM por PeaShrek no Videolog.tv.

O fim da vergonha alheia de si mesma nas redes sociais

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A primeira iniciativa veio do Google, com o email anti-bêbado. Mas quem é que manda emails comprometedores em tempo de Twitter e Facebook? Quem poderia proteger os bêbados de vexames homéricos em ferramentas de publicação que são mais rápidas que emails e, pior, chegam a um número muito maior de leitores?

Pois as dificuldades dos ébrios mais conectados foram analisadas pela Webroot, empresa que atua na área de segurança virtual. Daí, saiu o Social Media Sobriety Test. Essa abençoada ferramenta testa as habilidades motoras do bêbado em horário pré-determinados pelo usuário. Se não passar no teste, o programa posta uma mensagem alertando que usuário está bêbado. O tutorial mostra como a coisa rola em detalhes.

A ferramenta está disponível para usuários do Google Chrome, Firefox e Internet Explorer. O próximo desafio será criar um aplicativo que faça o mesmo com celulares, que representam hoje a maior ameça à integridade das declarações públicas feitas pelos bêbados.

(via Marcelo Katsuki)

segunda-feira, março 14, 2011

Dose cavalar

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Outro dia citei aqui um tal de "Coice de mula", policial que matou um jornalista. Pois vejam a marca de cerveja que existiu no século passado em minha cidade natal:

Vitória suada de um time sem brilho

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O Corinthians deu mais uma vez aos jornalistas com pouca criatividade a chance de usar como título algo como “vitória com a cara do Timão”, ao bater o Mirassol por 3 a 2 com gol de Bruno César aos 48 minutos do segundo tempo. Para aumentar o sofrimento, o time do interior havia empatado dois minutos antes, num chute meio despretensioso de longe que desviou em Wallace e enganou Júlio César.

Antes disso, o time mostrou coisas boas e problemas. O atacante William jogou no lugar de Liedson e foi muito bem: marcou dois gols, teve mais uma ou duas boas chances, se movimentou bastante. Não sei se o rapaz vai jogar sempre assim, mas se o fizer, vira boa opção par ao elenco.

O volante Paulinho, que apareceu mais no ataque do que em outras ocasiões, protagonizou o lance mais aflitivo da partida, ao se arrebentar na trave depois de uma dividida com o bom goleiro do Mirassol. O rapaz ficou absolutamente grogue e teve que ser substituído. Em seu lugar, outra boa novidade: o peruano Ramires entrou e cumpriu bem a função, melhorando a saída de bola e dando passe para o gol salvador de Bruno.

Se esse pessoal foi bem, o contrário pode ser dito de Fábio Santos. Para se ter uma idéia do desempenho do rapaz, houve mais jogadas de ultrapassagem pela lateral direta, com o improvisado Moradei – que nem em sua posição é lá grandes coisas. A zaga continua complicada. Aguardemos a volta dos titulares Chicão e Paulo André pra ver como fica.



Para não perder a mania de palpitar taticamente, esse 4-2-3-1 de Tite não funciona muito bem. Para fins de comparação, com Mano, os laterais apoiavam (especialmente André Santos), os volantes apoiavam (principalmente Elias, mas também Christian colaborava na armação) e os atacantes pelos lados trocavam mais de lado. Hoje, Jorge Henrique é um meia, quase um segundo lateral, não chega na área nunca. Os laterais são aquilo lá e Ralph tem na destruição seu ponto mais forte.

Talvez fosse o caso de assumir um 4-4-2, com dois meias e dois atacantes mais próximos. Isso, além de mais honesto, abriria espaço para Bruno César no time titular, o que é uma boa.

Táticas a parte, e em que pesem os desfalques de Alessandro e Liedson, no geral, a impressão é que o Corinthians é hoje um time mais ou menos. Brigador, esforçado, arrumadinho até, mas sem aquele cara que dê um toque diferenciado, um drible. No Paulista, tem bala pra brigar no mata-mata. Agora, num campeonato longo e de nível técnico bem superior como o Brasileirão, fica bem mais complicado.

domingo, março 13, 2011

Dagoberto entre os 40 maiores artilheiros do São Paulo

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Ano passado fiz um post sobre o ex-jogador Washington, o "coração valente", quando ele marcou seu último gol com a camisa do São Paulo, completando 45 pelo clube em duas temporadas. Pois na tarde de hoje Dagoberto (foto: site SPFC) fez mais um, na vitória por 3 a 0 sobre o Santo André, e superou o ex-companheiro. Com 46 gols, o atacante, que está no time desde 2007, igualou-se ao ex-meia Pita - e ambos dividem, agora, o 39º posto entre os maiores artilheiros da história sãopaulina. O maior goleador do clube é Serginho Chulapa, que jogou entre 1973 e 1982 e anotou 243 gols. Depois dele vem outro camisa 9, Gino Orlando, que atuou entre 1953 e 1962 e fez 237. Teixeirinha, ponta-esquerda entre 1939 e 1956, é o 4º no ranking, com 183. A partir daí, entre os maiores artilheiros do clube (contando apenas os jogadores que ainda estão em atividade), temos:

4º - França (atualmente, está sem clube) - 182 gols
11º - Luís Fabiano (voltou ao São Paulo) - 118 gols
17º - Rogério Ceni (São Paulo) - 98 gols*
19º - Dodô (acertou com o Americana-SP) - 94 gols
29º - Borges (Grêmio-RS) - 55 gols
35º - Marcelinho Paraíba (São Paulo) - 51 gols
38º - Kaká (Real Madrid, Espanha) - 48 gols
39º - Dagoberto (São Paulo) - 46 gols
47º - Reinaldo (Figueirense-SC) - 41 gols
51º - Diego Tardelli (Anzhi Makhachkala, Rússia) - 39 gols
- - - - Grafite (Wolfsburg, Alemanha) - 39 gols
54º - Hernanes (Lazio, Itália) - 38 gols**
58º - Danilo (Corinthians) - 36 gols
63º - Souza (Fluminense-RJ) - 35 gols
74º - Hugo (Al Wahda, Emirados Árabes) - 31 gols

* A Fifa não reconhece 2 desses gols, marcados em 1998 e 2000.
** Contando 3 gols marcados em amistosos na Índia, em 2007.


Tipos de Cerveja 62 - As Porter

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Muitas vezes confundidas com as Stout, as Porter são bem distintas. Um documento do século XVIII já dizia que elas eram o resultado da mistura de três tipos de cerveja: uma Old Ale, uma New Ale e uma Weak One (Mild Ale). Desta combinação resultaria uma bebida a que os ingleses chamavam de "Entire Butt" ou "Three Threads", produto de gosto forte que tinha como objetivo agradar a um vasto público, priincipalmente a massa de operários surgida com a Revolução Industrial. Apesar do expressivo sucesso que atingiu naquela época, pouco depois, no início do século XX, era quase um estilo em vias de extinção, muito ultrapassado, em termos de consumo, pelas Stout. "O seu regresso só se deu durante os anos 1970 e 1980, quando houve um grande surgimento de pequenas industrias produtoras de cerveja artesanal, principalmente nos Estados Unidos", conta Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "De cor escura e bastante maltadas, as Porter podem possuir um caráter algo doce, mesmo que não muito acentuado", complementa. Para experimentar, ele sugere a Fuller's London Porter, a Samuel Smith's Famous Taddy Porter e a Meantime London Porter (foto).

sábado, março 12, 2011

Santos 2 X 1 Botafogo - Ganso volta, marca e dá vitória ao Alvinegro

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Santos e Botafogo fizeram uma partida que poderia ter tido só 45 minutos, a etapa final. Foi após o intervalo que saíram os três gols do jogo e nos dez primeiros minutos que Paulo Henrique Ganso, sete meses afastado dos gramados, decidiu a vitória santista.

O cenário para o retorno era o ideal: a Vila Belmiro, um adversário fraco e um Santos que buscou o gol quase todo o tempo, embora tenha tido dificuldades no primeiro tempo. Ganso deu o lindo passe para Zé Eduardo dar a assistência a Elano, artilheiro do Paulista, marcar seu nono gol no campeonato. E Pará, no mesmo lado direito, deu um passe de camisa dez para Zé Love, que tocou para o gol do armador paraense.

Ganso mostrou disposição durante os 45 minutos. Foi perigoso sempre quando foi à frente, recuou para buscar a bola quando foi necessário, protegeu a bola como sempre costumou fazer, atuou de cabeça erguida o tempo todo. Deu passe de calcanhar por baixo das pernas do rival e causou uma expulsão no fim do jogo ao dar um passe de classe que irritou Fernando Miguel.



Só vendo o retorno de Ganso pode-se ter uma noção de como ele fez falta durante esse tempo não só para o Santos, mas para o futebol brasileiro. Hoje, é quase um dos únicos armadores presente nops gramados e vê-lo atuar remete aos meias clássicos e outros nem tanto que faziam tal função nos campos tupiniquins, mas esse tipo de jogador foi sendo deixado de lado e preterido por esquemas que privilegiam marcadores, velocistas e carregadores de bola. O pensador, o organizador do jogo, só pode sobreviver no futebol atual se tiver muito talento e participar sem a bola, fechando espaços e marcando. Ganso faz isso como poucos e mostrou isso de novo pra quem teve o privilégio de ver o seu retorno. Bem vindo a sua casa, camisa dez.

sexta-feira, março 11, 2011

Milagres acontecem!

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"Dinheiro não é tudo na vida e nada paga a felicidade que sinto por voltar a vestir a camisa do meu time de coração. Devo tudo que tenho ao São Paulo, tenham certeza que suarei muito essa camisa e irei fazer muitos gols. Faz tempo que fico me imaginando saindo do túnel do Morumbi para entrar em campo olhando nossa torcida maravilhosa."

Luís Fabiano, ao acertar, hoje, contrato para jogar mais quatro temporadas pelo São Paulo, que pagará 7,6 milhões de euros - cerca de R$ 17,6 milhões - ao Sevilha (o acerto será feito em parcelas durante os próximos quatro anos). O atacante abriu mão do valor que teria direito a receber do clube espanhol no final da temporada. Na primeira passagem pelo São Paulo, entre 2001 e 2004, Luís Fabiano marcou 118 gols e já é o 11º maior artilheiro da história do clube. Seja muito bem vindo!

São Paulo 2 x 0 Ituano. Falta 'só' vencer clássicos

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O São Paulo venceu o Ituano por 2 a 0 (gols de Jean e Dagoberto) na noite desta quinta-feira, no Morumbi, e assumiu a liderança do Paulistão, com os mesmos 25 pontos dos rivais Corinthians, Palmeiras e Santos, mas com uma vitória a mais. O jogo foi monótono e confirmou que, fora os chamados "quatro grandes" do futebol paulista, só a Ponte Preta, que venceu São Paulo e Corinthians em jogos na capital, pode dar algum trabalho. O resto, infelizmente, é resto.

Por isso, a vitória sobre o fraco Ituano não diz muito sobre as chances reais do Tricolor no campeonato. Derrotado facilmente pelo Santos e tendo suado para empatar com o Palmeiras, com um homem a menos, o São Paulo passará por seu grande teste no próximo dia 27, contra o Corinthians. Afinal, se passar para a próxima fase da competição (o que deve acontecer), terá de encarar os rivais no mata-mata. E isso tem sido um pesadelo para o time nos últimos anos.

Perdeu na semifinal para o Palmeiras em 2008, depois para o Corinthians, em 2009, e para o Santos, ano passado. Sintomaticamente, os três adversários foram campeões estaduais na sequência dessas vitórias - título que o São Paulo não vê há seis anos. Desfalcado de Lucas, que foi convocado para a seleção brasileira, carente de um centroavante de área (não é bem o caso de Wiliam José) e com a eterna fragilidade defensiva pelo lado direito, o time de Carpegiani vai mostrar no clássico contra o Corinthias o que, de fato, se pode esperar - ou não - nesta temporada. A ver.

quinta-feira, março 10, 2011

Santos 3 X 0 Portuguesa - o carnaval de Neymar

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Já havia dito aqui que Neymar merecia um descanso. Conseguiu. Três dias de folga, paradas em Salvador e Rio de Janeiro junto com a família, que esteve distante dele durante mais de um mês no início de 2011. Bom pra arejar a cabeça e “mudar o foco”, como dizem os boleiros.

O resultado do descanso se viu contra a Lusa. Não que Neymar não tenha jogado bem contra o Cerro Porteño e tido lampejos nas outras três pelejas que disputou pelo Peixe no ano. Mas não havia marcado nenhum gol, o que incomoda o atleta e o torcedor. Na vitória por 3 a 0, Neymar marcou em dose dupla, com dois belos gols. Além dos tentos, uma assistência igualmente bonita para Léo, que também não tinha marcado em 2011, fazer o terceiro.

Foi um Santos diferente daquele que bateu o Oeste. Claro, contou com a volta de Neymar, Elano e Léo e, ao invés das trocas de passe, o time foi mais incisivo, jogando principalmente pelos lados do campo. O maior volume ofensivo peixeiro foi evidente durante os 90 minutos e se não fosse a marcação à distância na frente da área alvinegra, a Portuguesa pouco teria chegado. Mesmo assim, conseguiu uma bola na trave na primeira etapa e exigiu três defesas de Rafael quando o jogo já estava 3 a 0.

Mais que falar, vale ver os gols de Neymar. Bem que o ano poderia ter mais uns quatro carnavais pelo menos...


quarta-feira, março 09, 2011

Lacerda virou 'Corvo' no velório de um manguaça

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Carlos Lacerda (1914-1977) foi jornalista e político de destaque entre as décadas de 1930 e 1960, quando chegou a governar o extinto Estado da Guanabara e, não fosse o golpe militar de 1964 (que ele próprio apoiou e insuflou), teria grandes chances nas eleições presidenciais do ano seguinte. No jornalismo, acabou criando no Brasil um tipo de atuação que ainda hoje presenciamos e lamentamos, de total falta de escrúpulos e da falta de cerimônias em difamar, caluniar, distorcer, mentir e insuflar a população contra regimes democraticamente constituídos. Sua campanha virulenta contra Getúlio Vargas no jornal Tribuna da Imprensa fez com que sofresse um atentado à mando do capanga presidencial, Gregório Fortunato, o que aceleraria a crise política e desembocaria no suicídio de Vargas, na tentativa de golpe para impedir a posse de Juscelino Kubitschek após as eleições de 1955, na renúncia de Jânio Quadros em 1961, no golpe do parlamentarismo contra João Goulart e, finalmente, na ditadura militar que assolou o país por mais de 20 anos.

Por tudo isso, Lacerda ganhou o apelido de "Corvo", alusão à sua figura sinistra que sobrevoava ameaçadoramente o panorama político do país naqueles tempos (como na charge à esquerda). Mas a história por trás desse apelido tem uma curiodade jornalística - e "cachacística", por assim dizer. No conturbado ano de 1954, que culminaria na tragédia do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto, uma outra morte causou comoção nacional. O livro "Histórias de um repórter" (Editora Record, 1988), do excepcional - e já falecido - jornalista cearense Edmar Morel, recorda o desenrolar daqueles acontecimentos no Rio de Janeiro, então capital federal: "O repórter Nestor Moreira, de A Noite, em seu natural estado de embriaguez, teve uma discussão com um motorista de táxi. Ambos foram parar no 2º Distrito Policial, em Copacabana. Horas depois, Nestor se internou no Hospital Miguel Couto, entre a vida e a morte. O que acontecera?".

Prossegue o livro: "Estava apurando o assunto na delegacia quando um preso me confidenciou: 'Foi o Coice de Mula'. Consegui penetrar no hospital e tive a sorte de encontrar Nestor Moreira num momento de lucidez. O moribundo confirmou. Estourava o escândalo, que ganhou todos os jornais. 'Coice de Mula' era o sugestivo apelido do policial Paulo Peixoto, que agredira o jornalista a pontapés, causando grave hemorragia. Nestor Moreira morreu a 22 de maio em consequência dos ferimentos, causando comoção nacional. O enterro foi uma verdadeira consagração. Mais de duzentas mil pessoas acompanharam o cortejo". E, segundo o livro escrito por Morel, foi justamente nessa ocasião que Carlos Lacerda ganhou seu apelido indesejado, criado por outro jornalista presente ao velório, seu ferrenho inimigo Samuel Wainer (foto acima), dono do jornal getulista Última Hora.

No livro de memórias "Minha razão de viver" (Editora Record, 1988), Wainer relembrou o episódio: "Lacerda estava vestido de preto dos pés à cabeça, aspecto solene, rosto compungido, ar sofredor. Era o retrato da revolta humana à violência cometida contra um humilde jornalista, vítima da arbitrariedade política. Quando vi a cena, senti-me enjoado. '-Vou embora', disse a Octávio Malta. 'Não aguento ver a cara desse corvo na minha frente'. Sempre que ocorria alguma morte interessante, lá estava Carlos Lacerda. Era um corvo". "Nesse momento", relatou Edmar Morel, "surgia o apelido de 'Corvo', que passaria a ser largamente usado pelos inimigos de Lacerda". E foi assim, no enterro de um jornalista cachaceiro (pleonasmo), que um das figuras mais nefastas do jornalismo e da política no Brasil ganhou sua alcunha definitiva. Infelizmente, porém, seu estilo carniceiro e mau caráter de fazer "jornalismo" ainda é praticado em alguns dos "grandes" jornais e revistas do país...

Wikileaks: Para cônsul, crise econômica e eleições ampliaram influência de sindicatos no Brasil

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Na análise da estrutura diplomática dos Estados Unidos no Brasil, os sindicatos viram sua influência crescer nos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A superação da crise econômica de 2008-2009 e a perspectiva das eleições presidenciais indicavam expansão dessa ascendência, ainda na visão dos estadunidenses em missão no país.

Em telegrama do quinto lote vazado pelo Wikileaks para blogues, Thomas White, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, relata encontros entre Ron Kirk, representante comercial do governo Barack Obama, e membros de sindicatos e centrais sindicais. O documento é datado de 13 de outubro de 2009, pouco menos de um mês depois da visita de Kirk ao país, em 16 de setembro.

Apesar dos atuais desafios econômicos globais e de uma rodada de greves recentes nos bancos, indústria automotiva e nos Correios, o sentimento expresso pelos sindicalistas no contato com Kirk e em reunião posterior (de follow-up) no consulado, demonstrou que, sob o governo Lula os sindicatos organizados tiveram sua voz sendo ouvida em questões sociais, políticas e econômicas. "À medida que o Brasil sai da crise econômica e move-se para eleições nacionais em 2010, os sindicatos terão maiores oportunidades para expandir sua influência", diz o texto.

Quem participou da reunião, na ordem elencada pelo telegrama, foi

  • Ivan Gonzalez, coordenador político da Confederação Sindical das Américas (CSA) – à qual são filiadas CUT, Força Sindical e UGT
  • Braz Agostinho Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp)
  • Joao Carlos Goncalves, o Juruna, secretário geral da Força Sindical
  • Ortelio Palacio Cuesta, secretário de assuntos internacionais da Força Sindical
  • Lourenco Ferreira do Prado, vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
  • Caninde Pegado, secretário Geral da UGT
  • Maria Silvia Portela de Castro, assessora internacional da CEntral Única dos Trabalhadores (CUT) – "Sole Center of Workers", na tradução livre; e
  • Brian Finnegan, diretor para o Brasil do Centro de Solidariedade da AFL-CIO.

Protecionistas mas limpinhos
A imagem não é fácil de ser imaginada, sindicalistas na mesma mesa com um representante comercial dos Estados Unidos. Sem nenhuma reivindicação nem qualquer belicosidade no ar. Mas é assim que é descrito o encontro.

Os sindicalistas no Brasil têm, na definição de White, "visões protecionistas/pró-política industrial". No entanto, ainda segundo o cônsul, eles mostraram-se dispostos a encontrar e se envolver com o representante comercial – "um sinal que vemos como positivo", relata White.

Na perspectiva da embaixada, o contato entre o membro do governo dos EUA e os sindicalistas foi quase toda positiva, com exceção de algumas demandas por saber mais sobre a política de Obama para a área comercial.

De olho na cana
A inclusão do representante da Fetaesp, um dos sindicatos relacionados a trabalhadores rurais do setor sucroalcooleiro, pode indicar interesse comercial dos Estados Unidos sobre a questão. As denúncias internacionais de superexploração dos boias-frias são motivo de preocupação dos usineiros, a ponto de a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única) ter assinado um protocolo com garantias de fim da intermediação de mão de obra.

O etanol produzido do milho é um concorrente internacional do obtido a partir da cana. O impacto social do cultivo da cana (além do dano relacionado às queimadas para permitir a entrada dos trabalhadores no corte) sempre aparece entre os aspectos negativos do álcool combustível produzido no Brasil. Em telegrama divulgado anteriormente, há menção à informalidade na contratação dos boias-frias.

No telegrama em questão, relata-se que Albertino considera que a forma preferida por empregadores para a remuneração, o pagamento por peso cortado – e não por hora trabalhada –, é um dos vilões. O texto cita leis estaduais e acordos entre usineiros comprometendo-se a mecanizar toda a produção até 2014 e a consequente onda desemprego de trabalhadores de baixa qualificação profissional.

"Expressando a frustração de alguns dos cortadores (de cana), ele (Albertino) reclamou: 'há mais leis regulando a proteção dos animais criados na pecuária do que dos cortadores de cana'", completa o cônsul.

Parceria
No final da conversa, tanto Juruna quanto Silvia Portela teriam cogitado a possibilidade de a estrutura consular dos EUA oferecer, em algum tipo de parceria com os sindicatos ou com as centrais sindicais, cursos de inglês ou programas de intercâmbio para jovens em cursos profissionalizantes. Nenhuma resposta consta no documento. Mas mostra que o pessoal não perde tempo.

Leia também sobre o quinto lote de telegramas:

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Wikileaks: Bolsa Família é "quase direito sacrossanto" no Brasil, diz telegrama

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O programa Bolsa Família virou parte da infraestrutura da política brasileira, "quase um direito sacrossanto" no debate eleitoral, segundo a análise da embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Em telegrama assinado por Lisa Kubiske, ministra conselheira da embaixada, o programa Bolsa Família é analisado, para discutir sua eficiência e seus impactos políticos, econômicos e sociais.

O documento é apenas um do quinto lote de telegramas vazados do Wikileaks para blogues, cujo recorte é Eleição 2010. São 23 mensagens, de 2009, ocupando 51 páginas. Da articulação de alianças à crise no Senado, quando José Sarney (PMDB-AP) foi bombardeado por denúncias envolvendo a fundação que leva seu nome e os atos secretos na Casa, tem história a rodo.

"Independentemente da habilidade ou do desejo do Brasil de enfrentar as condições degradantes que atingem a população pobre do país, o Bolsa Família é politicamente popular e, como resultado, nenhum candidato na eleição presidencial do próximo ano (2010) vai se dispor a mudá-lo", previa a funcionária em 2009. "O programa parece ter se tornado uma parte permanente da infraestrutura política do Brasil – quase um direito sacrossanto – assegurando que está aqui para ficar", completa.

O conjunto exposto é embasado em dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) – aquele aparelhado ideologicamente pela esquerda, sabe? – e do Banco Mundial, além de quatro conversas-entrevistas. Neste último grupo, os interlocutores citados foram o economista da Fundação Getúlio Vargas, Andre Portela Souza, a coordenadora da Fundação Tide Setubal Paula Galeano, Alexandre Marinis, colunista da Bloomberg no Brasil sobre política econômica, e um assistente social não nominado. Bem mais embasado do que a média dos telegramas (que faz relatórios do que sai na mídia) e até do que muita reportagem que se lê por aí.

Datado de 1º de setembro de 2009, o texto cita avanços do país na redução da desigualdade, com a melhoria do coeficiente de Gini, mas também alguns desafios. Além de questões operacionais, como garantir que as crianças das famílias atendidas estejam, de fato, matriculadas em escolas, há a qualidade do ensino. A evidência para trazer o tópico no telegrama é um estudo do Ipea, com base em dados do escritório no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que conclui que a pobreza teria sido diminuída em apenas três pontos percentuais (de 25% para 22%) se o programa tivesse sido implantado há 30 anos.

A necessidade de uma "reforma educacional" é apresentada como um imperativo para o Brasil. Os detalhes ou direções dessas mudanças não são desenhadas pelos diplomatas – nem, tampouco, nenhum "interesse americano" aparece citado no caso (ufa!). Mudanças promovidas pelo Ministério da Educação estariam buscando a melhoria da qualidade, diante da inclusão de crianças antes marginalizadas.

Apesar de citar estudos que apontam pouca evidência de que o programa estivesse ajudando a reduzir o trabalho infantil, o telegrama dá crédito a empregadores do setor de cana-de-açúcar de Pernambuco e Alagoas (usineiros) que dizem estar difícil contratar boias-frias, que prefeririam ganhar o Bolsa Família a trabalhar. Quer dizer, corrobora a ideia (em grande medida preconceituosa) de que o programa cria grupos avessos ao trabalho, devido a seu caráter assistencialista ou algo assim. Isso se choca com o teor da própria exposição de todo o telegrama, que não toma a política pública como tal. Mas está lá.

O resumo da análise:
"O Bolsa Família melhorou as condições de vida cotidiana para os brasileiros mais pobres. A transferência de renda, no entanto, não vai resolver os significativos problemas estruturais – principalmente o fraco sistema público de educação – que continua a prejudicar objetivos de mobilidade e oportunidade sociais e econômicos de longo prazo. O PBF também sofre de desafios operacionais que podem ser mais facilmente resolvidos, incluindo: construir um registro mais completo, criar um sistema de gerenciamento moderno e mais adequado, e eventualmente propor uma estratégia de saída para os beneficiários. No entanto, para avançar nas metas chave do PBF em longo prazo de ascensão social, uma reforma educacional aparece como uma necessidade crítica."

Jájá tem mais.

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