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O Inter bem que pressionou no começo, mas o Corinthians segurou a onda colorada com a tranqüilidade e a aplicação que são talvez as principais marcas desse time montado por Mano Menezes. Se defendeu, botou a bola no chão e já aos 30 minutos do primeiro tempo a fatura estava na prática liquidada, com 2 a 0 no placar, gols marcados pelos dois melhores homens em campo, Jorge Henrique e André Santos.
Honestamente, e até por respeitar o Inter, achei que ia ser mais difícil. E essa talvez tenha sido outra marca do Corinthians nessa sua ressurreição pós-Série B. Sempre tem um “mas” nos comentários, mesmo de corintianos. Todo mundo fala que o time até é bom, mas não é pra tudo isso. Que o Ronaldo é craque, mas está gordo. Que Elias e Dentinho são bons, mas que Guiñazu e Tison são bem melhores. Que Mano Menezes até é um treinador, mas é retranqueiro.
Isso quando não é caso mesmo de descaso, como eu fazia com Jorge Henrique, decisivo nos dois jogos contra o Inter. E como muitos fazem ainda com Alessandro, de constância absurda na defesa e na saída de bola pela direita, ou William, sempre transmitindo segurança para os companheiros, como ao fugir das toscas provocações de D’Alessandro com um sorriso nos lábios, com quem diz “ah, até parece que eu vou cair nessa...”
Foi assim, respeitado, mas nunca favorito, que o time do Corinthians se impôs como campeão Paulista invicto, passando por Santos e São Paulo, e agora campeão da Copa do Brasil, em cima do Inter apontado, esse sim, como o melhor time do Brasil no momento.
Acho que agora todo mundo deve perceber, inclusive os corintianos, que o Timão não está pra brincadeira nesse ano. O time é, como Jorge Henrique, melhor do que parece: todo mundo sabe suas funções e se entrega a cumpri-las com empenho e paixão. Outros times podem ter mais talentos individuais, mas talvez nenhum tenha hoje o jogo coletivo do alvinegro de Parque São Jorge, a tranqüilidade e a frieza de impor seu jogo quando necessário e de poupar o gás quando possível, seja no Beira Rio, no Maracanã ou no Pacaembu lotado. Essa frieza que fez com que o time não tenha levado nenhum gol em casa na Copa do Brasil e tenha marcado em todos os jogos como visitante.
Agora, o Brasileirão começa de verdade para o Mano Menezes e cia. Vamos ver nos primeiros jogos como a equipe vai se comportar: se vai se acomodar (de forma consciente ou não) na classificação antecipada para a Libertadores ou se vai para cima do terceiro título do ano. Se conseguir manter a pegada, o Timão vai para disputar o título.
Isso e se não se desfigurar na famigerada janela de transferências. O selecionável André Santos é quem parece mais perto de cruzar o Atlântico e teria recebido sondagens de Juventus, Roma e sei lá mais quem, com oferta de até 6 milhões de euros por seu passe. Além dele, já houve comentários fortes sobre Dentinho, Chicão, Elias e Felipe, ou seja, a espinha dorsal da equipe. Andrés Sanches diz que não quer vender ninguém, mas que não tem como garantir isso. Espero que garanta no mínimo o bom senso de vender só um ou dois e buscar reposição do mesmo nível, pelo menos.
Nessa dos reforços, já foram citados Zé Roberto, Edu, Deco, Sylvinho, Carlitos Tevez e mais recentemente Lucas, volante do Liverpool. Destes, o ex-lusitano parece já ter se acertado pela Alemanha, o naturalizado português avisou que não volta agora e o argentino é só um delírio. Dos ex-corintianos, o volante teria acertado salários com o Timão e só dependeria de liberação do Valência, e o lateral-esquerdo desempregado toparia vir, mas quer salários muito altos. O ex-gremista parece ser só especulação, alimentada pela proximidade do jogador com Mano Menezes (que o dirigiu) e o empresário Carlos Leite.
Juntando as informações sobre idas e vindas, Sylvinho seria uma opção interessante para a saída de André, assim como Edu se ficarmos sem Elias. Deco no lugar de Douglas seria uma melhoria brutal, assim como Tevez no lugar de Dentinho. Na minha opinião, se for pra procurar titulares, eu daria prioridade a um meia dos bons (isso ainda existe?), um zagueiro, um lateral-direito (alguém tem?) e um atacante pra jogar com Ronaldo.
Depois disso, ano que vem, o do centenário, começa tudo de novo, e com Libertadores na parada. Mas até lá, tem muita coisa. O momento agora é de comemorar, depois pensar no Brasileiro e depois nos reforços, passo a passo, como tem sido tudo nessa etapa da vida corintiana. De certo, dois campeonatos na sacola e muita alegria. Agüenta, galera, que o Coringão voltou mesmo e foi direto pro topo!
(Atualizado às 19h04)