Destaques

quarta-feira, novembro 05, 2008

O pior campeão brasileiro (dos pontos corridos)

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Independentemente de quem ganhe, embora com grandes chances para o São Paulo, o campeão brasileiro deste ano deve ser o pior time da era dos pontos corridos, pelo menos o que fez menos pontos.


Na comparação com 2006 e 2007, que tinham 20 times (antes eram 22), no ano passado o mesmo São Paulo fez 77 pontos, o máximo que pode conseguir neste ano se ganhar os cinco jogos que restam, o que duvido. Em 2006, o mesmo time fez 78 pontos.

A diferença entre o primeiro colocado e o último também é a menor levando em consideração os três campeonatos. Neste ano, o último, o Ipatinga tem exatamente a metade dos pontos do líder até esta rodada (62 a 31). No ano passado, o América de Natal fez 17 pontos contra os mesmos 77 do (ok. foi um caso à parte), mas, em 2006, o Santa Cruz fez 28 contra 78 do campeão SP.

Números não querem dizer nada, odeio os cabeça de planilha do futebol, estilo Folha de S.Paulo, mas os desta edição do CB acabam confirmando a falta de futebol que se vê em campo, sem nenhum time que se destaque.

Para terminar, palpite para o rebaixamento: para mim caem Ipatinga, Figueirense, Vasco e Portuguesa, coincidentemente os de pior saldo de gols. 

Obama

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Obama ganhou. Podem os idiotas da objetividade, que não estão restritos ao futebol, dizerem que ele não tratou de temas raciais na campanha ou, indo mais longe, que sua eleição significa um momento “pós-racial”. Pode ser também que faça muito pouca diferença para os latino-americanos, para os asiáticos, para o resto do mundo enfim. Mas a vida é feita de simbologias. E um negro chegar à presidência dos EUA é uma daquelas muito fortes.
Percebe-se isso quando se lê o sempre excelente texto do Idelber Avelar. Seu encontro com uma senhora negra na noite da eleição do democrata, “aquela mulher, que quando menstruou pela primeira vez não podia sequer usar os mesmos bebedouros, banheiros públicos e piscinas dos brancos”, é emocionante. Foi talvez pensando nisso que Jesse Jackson chorou.

É impossível não lembrar do discurso do operário que chegou à presidência da República e na avenida Paulista dizia que a sua vitória era para que “ninguém duvidasse da capacidade da classe trabalhadora do país”. E é inevitável recordar a batalha diária do tal presidente contra o preconceito, travada de forma doída, mas que traz um gosto de vitória partilhado por muitos.

Que Obama atenda seu colega brasileiro e acabe com o bloqueio a Cuba e que se empenhe na busca pela paz com o Oriente Médio. Duvido que chegue a tanto, mas o momento é de sonhar. E não é sempre que a política nos permite isso.
PS: a fotomontagem acima já foi publicada em um Separados no Nascimento e é uma homenagem a dois legítimos campeões.

terça-feira, novembro 04, 2008

São Paulo dificulta a vida de seus fãs de esquerda

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O São Paulo deu mais uma razão de constrangimento para seu torcedor de orientação político-ideológica mais à esquerda. O prefeito reeleito da capital paulista Gilberto Kassab (DEM) recebeu da diretoria tricolor uma camisa do time comemorativa de sua vitória (aqui, em matéria do Terra). A peça, produzida especialmente para o prefeito, leva o seu nome às costas e tem o número 60,72%, referente ao número de votos válidos recebidos no segundo turno da eleição, quando derrotou a petista Marta Suplicy.

No mesmo pleito, o superintendente de futebol do clube do Morumbi , Marco Aurélio Cunha, elegeu-se vereador, também pelo DEM de Kassab. Segundo achei neste blog sãopaulino, Marco Aurélio disse em nota que só decidiu ser candidato “após conversas e pedidos do Prefeito Kassab, São Paulino, e de trabalho destacável”, nas palavras do dirigente.

Voltando um pouco mais no tempo, o ídolo sãopaulino Rogério Ceni, em entrevista ao programa Roda Viva, assumiu seu voto em Geraldo Alckmin (PSDB) em 2006, por avaliar que Lula “não conseguiu fazer um grande mandato”. Uma das críticas do goleiro foi feita ao Bolsa Família. Segundo ele, o programa “é muito legal se for o complemento do salário de um cidadão brasileiro”, mas estaria sendo um incentivo para que a população pobre não procure emprego. Veja o trecho: “Então, o que o cidadão quer, [o que] ele deveria querer? Ele deveria querer um emprego e, logicamente pela situação precária econômica que o nosso país tem, isso deveria servir como um complemento salarial. Hoje a gente vê muitas... hoje, um emprego é tão difícil de conseguir em cidades do interior, de você conseguir gente para trabalhar, porque a pessoa raciocina assim: ‘Não, mas eu tenho Bolsa Família, Bolsa Escola. Isso me dá cento e tantos reais [gesticulando]. Eu prefiro ficar em casa do que arriscar ter que trabalhar’. Então, assim, eu vejo que seria muito legal tudo isso que é feito, é uma idéia louvável, mas como um complemento salarial. Porque eu vejo isso como um fator determinante para o não crescimento do nosso país.”

O goleiro contradiz fatos que o companheiro Glauco levantou neste excelente e completo comentário. Ceni é o mesmo que, em entrevista num programa do Jorge Kajuru, se bem lembramos eu e o Anselmo, disse que era muito importante para um presidente da república saber falar inglês, no que foi prontamente detonado pelo Dr. Sócrates, ali presente. Enfim, o pessoal não facilita a vida do sãopaulino esquerdista.

PQFMTMNETA 1 - Santos, Bragantino e a drenagem do Morumbi (2007)

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No meu blog pessoal, o Mais ou menas, eu mantinha, tempos atrás, uma série chamada Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim. A idéia era discutir episódios do chamado passado recente, que geraram repercussão em sua época e depois caíram no pleno esquecimento.

Agora trago essa série ao Futepoca. Apresentarei assuntos ocorridos há, no máximo, cinco anos e que sumiram em definitivo da memória coletiva - mas, que em sua época de acontecimento, despertaram paixões e geraram polêmicas respeitáveis.

Não falarei, por exemplo, da anulação dos jogos do Brasileirão de 2005, ou do fracasso da seleção na Copa de 2006. Esses são assuntos que ainda aparecem nas discussões por aí. A idéia é meio que tirar temas do fundo do baú.

Isto posto, vamos à primeira edição de...

Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim - Santos, Bragantino e a drenagem do Morumbi (2007)

A rivalidade entre São Paulo e Santos esteve em alta nos últimos anos. Por questões puramente esportivas, como a eliminação do favorito Tricolor no Brasileiro de 2002, e também por assuntos extra-campo, como as acirradas disputas pelas contratações de Zé Roberto, Tcheco (!) e Lenílson (!!).

Nos primeiros meses de 2007, essa contenda ganhou novos capítulos com a definição das semifinais do Paulistão. Santos e São Paulo, respectivamente primeiro e segundo colocados na fase inicial do Estadual, apareciam como os principais favoritos para a disputa do título do certame. E muito antes de se confirmarem como finalistas do Campeonato já travavam uma verdadeira guerra nos bastidores - onde seriam jogados os clássicos san-são que decidiriam o título?

O Santos requisitava a Vila Belmiro, seu alçapão, e apresentava como justificativa o fato de ter tido a melhor campanha na fase primeira do Paulista. Já o São Paulo dizia que o Morumbi era o estádio mais seguro do estado e o único em condições de receber uma final de grande porte. A FPF, por sua vez, mantinha-se em cima do muro com um impreciso regulamento que dizia que as finais teriam "mando de campo da Federação". Pois é.

O "detalhe" é que todos se esqueciam que Santos e São Paulo ainda teriam que superar Bragantino e São Caetano, respectivamente, para chegar à final do torneio. Coisa que o Tricolor não conseguiu - com um incontestável 4x1, o Azulão, comandado pelo hoje corintiano Douglas, despachou o São Paulo em pleno Morumbi e garantiu-se na final do campeonato.

Era a vez do Santos fazer a sua parte. Peixe e Bragantino se enfrentaram em 22 de abril de 2007, pelo segundo jogo das semifinais do Paulista, no Morumbi. Na primeira partida, 0x0, o que decretava que um novo empate seria o suficiente para o elenco comandado por Vanderlei Luxemburgo. O Santos tinha um ótimo meio-campo, em que se destacavam Zé Roberto e Cléber Santana, e discutia se jogaria pelo resultado ou se faria jus ao renomado elenco e atropelaria o Bragantino.

Mas o futebol acabou ficando em segundo plano. A capital paulista foi castigada, naquele domingo, por uma chuva agressiva que deixou o Morumbi em condições impraticáveis. Nunca, ao menos na minha pequena memória, o gramado do estádio são-paulino esteve tão ruim em um jogo.

E aí começaram as acusações. Os santistas diziam que o São Paulo havia desligado a drenagem do estádio, para dificultar a vida do Peixe; já os tricolores diziam que a drenagem era automática e rebatiam afirmando que o Santos não cuidara bem do Morumbi. Um episódio nos camarotes envolvendo o presidente Marcelo Teixeira só fez aumentar a ira dos praianos.

No fim das contas, o Santos repetiu o 0x0 com o Bragantino e foi a final do estadual. Semanas depois, acabaria superando o São Caetano (também fazendo uso da vantagem do empate) para ser bi-campeão paulista, no mesmo Morumbi que anteriormente amaldiçoara.

E, de lá pra cá, o gramado do Cícero Pompeu de Toledo nunca mais apresentou condições tão péssimas quanto naquele 22 de abril de 2007.

Foto: Sports Magazine

segunda-feira, novembro 03, 2008

Pé redondo na cozinha - Mumu, o guerrilheiro, e sua Kripto-Caponata

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MARCOS XINEF*

Mumu é um conhecido bêbado da região do ABC, na Grande São Paulo, além de ser coordenador de um paint ball (guerrilheiro das bolinhas de tinta). Após os combates de todas as noites, lá pelas 23h, meu sócio Bruno me pergunta: "-E aí, o Mumu já tá vindo aqui pro bar?". No que respondo: "-Deve estar escolhendo a viatura". Ele sempre aparece de forma inesperada, um dia de moto, no outro de bicicleta. Até aí, normal. Quando vem de bicicleta, ele toma algumas latinhas e vai pedalando praticamente em zigue-zague pelas ruas. Já quando vem de moto, teoricamente deveria conseguir chegar em casa mais rápido, mas demora em torno de 20 minutos ou 50 pedaladas, mais ou menos, para ligar a máquina, que não tem partida elétrica.

Mas o grande problema é quando ele vem de "caveirão" (um Citröen velho, pintado de preto fosco, com um decalque de guerrilha nas portas). Nessas noites, ele já chega meio torto e, quando termina de se encharcar, pede: "-Marcão, manda aquela caponata de berinjela pra dar uma curada". Aí, lascou-se, pois nossa receita de berinjela tem cerveja preta e um leve toque de rum. É a mesma coisa que dar kriptonita ao Super Homem, pois o prato pulveriza o Mumu no mesmo instante. Por isso, batizamos a receita de Kripto-Caponata. Vamos a ela:

KRIPTO-CAPONATA DO MANGUAÇA MUMU

Ingredientes
150g de berinjela
50g de abobrinha italiana
50g de cebola
50g de pimentão vermelho
50g de pimentão amarelo
20g de uva passa sem caroço
20g de azeitona sem caroço
30ml azeite extra virgem
1 lata (350ml) de cerveja preta extra forte
100 ml de rum ouro
3 ml de vinagre de vinho branco
pimenta do reino a gosto
sal a gosto
orégano a gosto

Preparo
Corte os legumes em cubos médios. Arrume-os em uma assadeira e tempere com azeite, sal, pimenta do reino, orégano, cerveja e rum. Cubra com papel alumínio e leve ao forno pré aquecido a 180ºC e asse até estarem macios. Retire do forno, adicione o vinagre e misture bem. Resfrie e sirva frio. Dica: compre um pão italiano, corte em fatias e coma junto com a caponata.


É isso aí, moçada. E vamo que vamo no The BOBs! Abraços!



*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcoólicas entre seus ingredientes.

Dunga veste as sandálias da humildade (que falta a Maradona)

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Nem bem assumiu o comando da seleção argentina e Maradona (à esquerda) já partiu pra cima dos "inimigos" brasileiros. "-Se minha equipe vai jogar como a de Dunga? Não, não jogo como Dunga. Ele dava botinadas e eu me esquivava delas", disse o ex-jogador, que gostava mesmo era de dar botinadas com o nariz. Tudo bem que ele não está mentindo completamente ao relembrar as pauladas do ex-volante Dunga. Mas também não é pra sair chutando o balde assim, do nada - o que leva a crer que as últimas derrotas da Argentina para o Brasil ainda estão doendo.

Ao saber da provocação, Dunga (à direita) foi humilde: "Sem dúvida, o Maradona foi um dos mais importantes da Argentina e torcemos para que ele se dê bem. E quanto à comparação, Deus fez uns com talento e outros com menos talento. Com a liberdade de expressão, cada um se coloca da sua forma", disse o treinador da selecinha. "Em termos de seleção, ganhei tanto quanto ele, mesmo tendo um talento menor", arrematou.

Mas, para não perder a chance de rebater o cutucão, Dunga lembrou que durante sua carreira de jogador um dos principais trunfos era a parte física, diferente de Maradona, que costumava ter problemas de sobrepreso e, principalmente, com o uso de drogas. "Tive que cuidar muito do meu corpo, da minha carreira, da minha postura ", completou o ex-volante. Pensando bem, falar de "postura" para o Maradona também não deixa de ser uma botinada...

F-Mais Umas - Santo Deus!

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CHICO SILVA*

Timo Glock (foto) é um piloto alemão nascido em 18/03/1982, na pequena cidade de Lindenfels, no estado de Hesse, no Oeste do país de Goethe e Rainer Werner Fassbinder. Segundo dados do último censo, de dezembro de 2006, o município abriga 5.220 habitantes. Algumas avenidas de São Paulo certamente têm população maior do que a dessa tranqüila cidade alemã. Como todo companheiro de profissão, Glock se apaixonou cedo por carros e corridas. Mas, ao contrário de Lewis Hamilton e Felipe Massa, começou tarde na profissão. Inspirado pelas conquistas do compatriota Michael Schumacher, fez sua primeira temporada de kart apenas aos 15 anos, em 1998. Dois anos depois, veio seu primeiro título, na ADAC Fórmula BMW Júnior. Nos seguintes faturou mais uma temporada na ADAC, dessa vez na categoria principal, foi terceiro na F-3 alemã e quinto na F-3 Euroséries. Em 2004 teve o seu primeiro contato com um F-1. Foi contratado para ser piloto de testes da extinta equipe Jordan. Ainda teve a oportunidade de disputar algumas corridas pela escuderia do irlandês Eddie Jordan, substituindo o italiano Giorgio Pantano, então titular do time.

Em 2005, Glock foi se aventurar na América profunda, onde disputou um campeonato na finada Champ Car, categoria genérica da F-Indy. Conseguiu a proeza de terminar a temporada em oitavo. Mesmo assim, lhe deram o título de "estreante do ano". De volta à Europa, tentou a sorte na GP2, categoria que se transformou na divisão de acesso para a Fórmula-1. Se deu bem e conquistou o título de 2007. O título foi seu passaporte de regresso para a principal categoria do automobilismo mundial. Foi escolhido para ser um dos pilotos da Toyota. Nem quando está sem luvas e capacete Glock consegue se desligar das pistas. Nas folgas, gosta de tirar "rachas" de kart com os amigos. Solteiro, o alemão tem a Austrália como destino preferido de férias. No quesito preferências pessoais, ele gosta de massas, é fã dos Red Hot Chilli Peppers e Guns'n'Roses e tem como vício jogar poker. Seu grande ídolo é o pai. Em linhas gerais, esse é o perfil do homem que, involuntariamente, definiu o título da temporada 2008 da F-1.

Ao ceder o quinto lugar para Lewis Hamilton a 500 metros da linha de chegada do enlouquecido GP de Interlagos, Glock se transformou no mais novo vilão dos brasileiros. Tudo porque insistiu em se manter na pista com pneus para pista seca quando um dilúvio desabava na pista nas voltas finais da corrida. É óbvio que Glock não teve nenhuma responsabilidade pelo motor estourado de Massa na Hungria, na estratégia equivocada da Ferrari no encharcado GP da Inglaterra, nos erros de Massa nas primeiras provas da temporada e na incrível trapalhada ferrarista no pit-stop do brasileiro no GP de Cingapura (acima, à esquerda). Falhas que tiraram pontos vitais na batalha de Massa contra Hamilton. Mas, de toda a forma, Glock acabou pagando a conta. Ainda nos molhados pit-lanes de Interlagos, torcedores insinuavam que ele e a Toyota haviam levado um troco para entregar o campeonato para Hamilton e a McLaren. E só para botar um pouco mais de pimenta nesse vatapá, Glock e Hamilton são grandes amigos desde os tempos da GP2.

O novo e também mais novo campeão mundial tentou encaixar o amigo na vaga aberta por Fernando Alonso quando este saiu brigado da McLaren no fim do ano passado. Mas Ron Dennis, o chefe da equipe, preferiu trazer o chocho finlandês Heikki Kovalainen. É claro que uma coisa pode não ter a ver com a outra. Mas fica a informação.

Interlagos, 02/11/2008 - Acompanho a Fórmula-1 desde 1980. E nesses anos todos posso afirmar com segurança que nunca vi uma decisão como essa de Interlagos. Houve grandes finais como Adelaide 1986, quando Alain Prost (foto à direita), Nigel Mansell e Nelson Piquet chegaram à última prova brigando pelo título da temporada. Prost acabou levando a melhor, depois de uma batalha que teve Mansell estourando pneu a 290 quilômetros por hora e Piquet rodando quando era líder e rumava para o tricampeonato. Ou então nessa mesma Adelaide em 1994, ocasião em que Schumacher e Damon Hill protagonizaram um duelo suicida pelas retas e curvas do circuito de rua australiano. E quem não se lembra de Jerez 1997, em que num ato desesperado esse mesmo Schumacher jogou sua Ferrari contra a Williams do rival Jaques Villeneuve?

Mas, para usar uma frase que caiu na boca do povo, nunca antes na história deste esporte se viu um piloto cruzando a linha de chegada como campeão do mundo para 38,9 segundos depois ver o título escorrer como água da chuva pelo S do Senna. Foi realmente eletrizante! Quem esteve em Interlagos pode, daqui a anos ou décadas, contar para filhos e netos que assistiu a um dos maiores capítulos da história da F-1. Voltando um pouco no tempo, algumas colunas atrás eu disse que não enxergava em Massa um campeão mundial. E uma das razões era justamente a falta de sorte do brasileiro. E ela apareceu de novo. Na hora errada, no lugar errado e na circunstância errada. Claro que a perda do título não pode ser apenas creditada na conta do piloto. O erro da Ferrari em Cingapura, quando tirou uma vitória certa de Felipe ao autorizá-lo a sair do boxe antes do final do abastecimento, foi crucial para a perda do campeonato.

Mas a sorte é um ingrediente fundamental na receita de um campeão do mundo. Lewis Hamilton não me deixa mentir. A Fórmula-1 viu, pela primeira vez em sua história, um negro conquistar um título mundial. Tomara que ele inspire os eleitores americanos a eleger o primeiro presidente negro de sua história. O mundo agradecerá.


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

Santos e Palmeiras, do primeiro ao último minuto

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No dia de Finados, logo depois no dia de Todos os Santos, um empate parecia das melhores coisas. Quando vi que Marcos, o Goleiro santificado pela torcida, não entraria em campo, achei que era um mau presságio. Com gols no primeiro e no último minuto, o Palmeiras quebrou uma sequência de quatro anos sem vencer na Vila Belmiro.



O jogo foi tenso, com muita pressão do Santos. Mas os gols foram, no mínimo, inusitados. A um minuto e trinta da primeira etapa, a um da segunda e no último minuto do tempo regulamentar.

Kléber abriu o placar em contra-ataque bem armado. Aliás, o jogador foi muito bem no primeiro tempo apesar de estar tenso como de costume. Se a dividida dura com o xará nem falta foi marcada, ele logo garantiu o amarelo que lhe tira da partida contra o Grêmio. Com um pouco mais de cabeça fresca (e menos desinteligência) seria um atacante para disputar vaga na seleção. Mas pelo desfile de braços abertos e o sangue nos olhos na hora das divididas, isso fica só no condicional.

O arqueiro Bruno foi escalado porque Marcos, o Goleiro, foi ao enterro do pai, morto em Marília. Ao tentar espalmar um escanteio de Molina, a bola foi para dentro na cobrança. A trombada com Kléber Pereira foi polêmica e poderia ser considerada falta. Mas Bruno salvou a nação alviverde em outros lances.

Foi a "ajuda" involuntária do defensor que mostrou que a opção de Vanderlei Luxemburgo no intervalo do jogo havia sido um erro. Sem contar que o treinador foi ainda expulso na hora da reclamação do gol adversário, ainda disse que entrou para ajudar o árbitro. Então tá.

É que sacar Evandro (o autor do passe para Kléber) para pôr o terceiro volante Sandro Silva significava retranca. Com o empate, teve que mexer de novo. E, convenhamos, o gol da vitória no último minuto dos pés de Leo Lima, é muita sorte. Em uma jogada pela lateral-esquerda que trouxe a bola para a área, o volante fez uma das primeiras coisas úteis com a camisa verde no Brasileirão. Desde sua contusão no Paulista, que o tirou da partida final, o atleta não ia bem.

A próxima partida é contra o Grêmio, no Palestra. Agora, tanto tricolores gaúchos quanto alviverdes paulistanos vão secar o São Paulo.

domingo, novembro 02, 2008

Minha seleção de todos os tempos

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Por Fredi

Sem nenhum motivo, resolvi escalar hoje minha seleção de todos os tempos unindo duas paixões, música brasileira e futebol. Notem, joga no 4-4-2, com quatro meias criativos no meio de campo. Aboli os volantes por opção.

No gol, o Santo Pixinguinha. É a posição que mais precisa de milagres e também por conta do preconceito que havia (ainda há?) com goleiros negros desde Barbosa. Com ele no gol, o jogo acaba pelo menos 1 X 0 para nós, título de uma deliciosa composição de Pixinguinha em homenagem a Friedenreich depois de ele marcar aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação o gol que nos deu o título de campeão da Américas em 1919.

Na lateral direita, Luiz Gonzaga. Para Gilberto Gil, Gonzagão seria o Pelé da música, deveria entrar com a 10. Mas por no período militar falar bem de generais e saudá-los em shows, fica aqui na lateral direita. Mas não achem que o Velho Lua fosse reacionário ou qualquer dessas bobagens. Queria tocar sua sanfona como ninguém, seu mundo era outro. Vai também na lateral pelo fôlego e a longevidade da carreira. Como não conheço nenhuma música sua sobre futebol, vou de Assum Preto mesmo, que adoro:
Assum preto, o meu cantar
É tão triste com o teu, Também roubaram o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meu
.

De zagueiros, vão Tim Maia e Benjor, basicamente porque prefiro um zagueiro forte para agüentar o tranco e outro magrinho e mais técnico. Preparo físico? Hum, sei lá, mas ninguém teria coragem de encarar o síndico Tim Maia. E Benjor saberia jogar bem, conhecia do riscado, afinal compôs e gravou:
Arrepia, zagueiro
Zagueiro
Limpa a área, zagueiro
Zagueiro
Sai jogando, zagueiro
Zagueiro
Lateral esquerda, essa fica com Paulinho da Viola, a enciclopédia do samba, criador da Velha Guarda da Portela, por analogia com Nilton Santos, a enciclopédia do futebol. Também porque prefiro um jogador criativo, técnico, capaz de inventar pelos lados do campo. Mesmo sendo vascaíno fanático, nunca escreveu que eu saiba sobre futebol, vão versos sobre a sinuca, de Pelos 20:
Você me deixou pelo vinte
No golpe da sorte
Entre a rosa e a preta
Na mesa da vida
Você me deixou sem saída
Sinuca de bico
A preta e a rosa
Na noite perdida
.
No meio de campo, como já disse serão quatro meias criativos, sem volantes. Os dois pela direita são Caetano Veloso, perdido há muito tempo por aí, mas que já bateu um bolão em outras fases, e Adoniran Barbosa, com suas jogadas geniais de malandro italiano do Bixiga. De Caetano, versos de Tieta:
Por debaixo do lençol
Nessa terra a dor é grande
E a ambição pequena
Carnaval e futebol
Quem não finge
Quem não mente
Quem mais goza e pena
É que serve de farol
.
Pela esquerda, vão Chico Buarque e Gilberto Gil. Chico diz que joga bem pelada e tem das mais belas músicas sobre futebol como:
Para estufar esse filó
Como eu sonhei

Se eu fosse o Rei
Para tirar efeito igual
Ao jogador
Qual
Compositor
Para aplicar uma firula exata
Que pintor
Para emplacar em que pinacoteca, nega
Pintura mais fundamental
Que um chute a gol
Com precisão
De flecha e folha seca.
Gil completaria a jogada, com:
Prezado amigo Afonsinho
Eu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeito
Dando tempo, dando um jeito
Desprezando a perfeição
Que a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiro
Que joga na seleção
E eu não sou Pelé, nem nada
Se muito for eu sou um Tostão.
O ataque fica para dois gênios, Tom Jobim e Dorival Caymmi, ataque bem mais técnico e criativo que corredor, óbvio. Tom jogava com classe a cada nota. Como curiosidade a Bossa Nova começou a ganhar o mundo mais ou menos na época em que ganhávamos a primeira Copa do Mundo, em 1958, na Suécia. Tom compôs Radamés y Pelé, melodia maravilhosa, mas sem letra.

Caymmi, que morreu neste ano, até onde conheço, não compôs sobre futebol nos mais de cinqüenta anos de muitos gols, inclusive internacionais, sendo responsável por várias composições que fizeram o sucesso de Carmem Miranda nos Estados Unidos. Para terminar uma analogia com o samba:
Quem não gosta de samba [e de futebol?]
bom sujeito não é
É ruim da cabeça
ou doente do pé...
Na reserva ainda ficam gênios como Noel Rosa, Cartola, João Gilberto, João Bosco, Milton Nascimento e outros, até porque só posso escalar onze.

Abaixo a arte de Carmem Machado para ilustrar o escrete da música brasileira.

Montagem: Carmem Machado

Por Fredi

sábado, novembro 01, 2008

Momento do Mé: Vale Verde

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A cachaça degustada na entrevista com Luiz Gonzaga Belluzzo foi a Vale Verde. E desde então este post está incubado.

Eleita em 2007 a número 1 do ranking da revista Playboy, a bendita é envelhecida por três anos em tonéis de carvalho. Ela desbancou a mitológica Anísio Santiago/Havana.

Realmente é interessante, daquelas que descem leves, mas tem o traço do carvalho que não é meu preferido (sou da amburana). Mas é uma danada responsa.

Curioso que tenho um exemplar em casa engarrafado em 2003, herdada já aberta. O primeiro dado curioso: a tampa era de plástico, e não de metal como as atualmente vendidas. Segundo detalhe: pode até ser que o armazenamento não tenha sido dos melhores, mas é fato que o sabor é completamente diferente. Será que desde então o paladar foi modificado? Não consegui descobrir. Preciso de outro espécime da mesma época.

As receitas da venda são revertidas para projetos de sustentabilidade. Isso porque o alambique fica dentro do Parque Ecológico homônimo, em Betim (MG) onde há também um museu da marvada. Até casamentos podem ser realizados no local, na capela de São Miguel Arcanjo, mas não há informações a respeito de restrições de oferta da que matou o guarda para os noivos.

Do mesmo alambique vem outra marca, a Minha Deusa, uma branquinha que faz jus ao apelido, que fica em dornas de grápia depois de descansar menos de dois meses em carvalho.

sexta-feira, outubro 31, 2008

No Dia do Saci, Pelé e Maurício de Sousa querem Pelezinho como mascote

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Em pleno 31 de outubro, Dia do Saci, a colunista Mônica Bergamo sustenta que Maurício de Sousa e Pelé querem fazer do personagem Pelezinho o mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014, programada para o Brasil.

Personagem do desenhista criador da Turma da Mônica, Pelezinho tinha sua turma em meados da década de 70, mas a série parou na década seguinte, quando terminou o contrato com o rei do futebol, em quem o personagem foi inspirado.

Divulgação

Amigos influentes
Em junho de 1990, o personagem se "encontrou" com o estranho mascote da Copa da Itália, o Ciao, um boneco palito com as cores da bandeira do país.





Divulgação
Outra revida do personagem aconteceu em 2005, quando Pelé foi entrevistado pelo então apresentador de TV e hoje técnico da seleção argentina de futebol. Dieguito era um desenho inspirado em Maradona, criado na década de 80, mas não foi para frente.

Saci
As amizades influentes preocupam, mas o Saci não se abala. O mais trágico é que a notícia surge no dia do Saci. No estado de São Paulo, a lei 11.669/2004 garante: dia 31 de outubro é do Saci. O projeto de lei 2.762/2003, de autoria de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), propõe que a data seja instituída nacionalmente.

O lançamento da campanha de Saci para mascote aconteceu em agosto. A Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci) foi a responsável, com manifesto assinado pelo saciólogo (e cachaceiro) Mouzar Benedito. Vai, Saci!

Tipos de cerveja 20 - As Scotch Ale

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Apesar do nome, não é comum encontrar muitos exemplares desse tipo de cerveja na Escócia, terra natal do ex-James Bond Sean Connery e do manguaça David Coulthard, conhecida também pela sua produção de uísque. Já nos Estados Unidos ou no Canadá, as Scotch Ale são mais acessíveis, geralmente com a designação de Strong Scotch Ale ou Wee Heavy. Segundo Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo, são cervejas fortes, escuras, maltadas e com teor alcoólico variando entre 6,5 e 8,5% ABV. "Elas têm a particularidade de serem fermentadas a temperaturas mais baixas do que a maior parte das Ales e, além disso, possuem caráter maltado e com pouco lúpulo", observa Aquino. "Isso faz com que sejam cervejas não aconselháveis para todo tipo de refeição, apesar de podermos bebê-las como se fossem uma sobremesa", completa. O álcool têm, em geral, presença acentuada no sabor, o que ajuda a equilibrar o possível excesso de malte e de açúcar. Exemplos: McEwan's Scotch Ale (foto), Bitter End Whiskey Wee Heavy e Stoudts Scotch Style Ale.

O Vaticano quer saber: você é casado? Tem filhos?

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Depois do questionamento que desanimou boa parte da militância petista em São Paulo e fez muita gente tomar Dramin até o dia da eleição, a imprensa deixou de dar destaque a manifestações mais ou menos homofóbicas que aparecem discretamente no noticiário.

Claro que é muito mais fácil bater no PT do que no Vaticano. Mas o politburo de Bento XVI anunciou nesta quinta-feira, no documento "Orientações para o uso das competências da psicologia na admissão e formação dos candidatos ao sacerdócio", que irá recorrer a psicólogos para avaliar se os seminaristas são homossexuais.
 
Dentre os “sintomas” que os psicólogos deverão detectar estão "as dependências afetivas fortes", a "identidade sexual incerta" e "a tendência arraigada à homossexualidade". Contudo, o documento ressalta que, democraticamente, os candidatos a padre só serão submetidos ao teste psicológico com "o consentimento prévio, livre e explícito". Fico imaginando o que pode acontecer com que se negar a participar de tal teste...

Como tudo na cúpula da Igreja Católica, o documento foi elaborado com rapidez. Demorou apenas seis anos para ser confeccionado, uma ano a mais do necessário para finalizar a estátua do Cristo Redentor. Tais medidas datam da época em que João Paulo II ainda habitava o reino dos vivos e a idéia, na prática, é evitar que novos escândalos envolvam sacerdotes da Igreja de São Pedro.

O curioso é que a deixa para tais atos seja os casos de pedofilia envolvendo padres. Ora, há uma equivalência pra lá de equivocada entre homossexualidade e pedofilia, esta última entendida, de acordo com a OMS, como "preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes ou não". Ou seja, tal prática criminosa não é restrita a homossexuais, como até os coliformes do Tietê sabem. Fazer esse tipo de relação é tão absurdo como dizer que todo padre é pedófilo ou asneira semelhante.

Aliás, deveras curiosa a relação da Igreja Católica com os homossexuais. O Catecismo pondera que a tendência à homossexualidade não é pecado, mas a prática – ah, a prática -, essa sim. É uma “depravação grave”, ato “intrinsecamente desordenado e contrário à lei natural”. E segue dizendo que “um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais inatas. Não são eles que escolhem sua condição homossexual; para a maioria, pois a maioria, pois, esta constitui uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta”.

Como se vê o catecismo é bem respeitoso com os homossexuais dizendo ser contra a discriminação. Mas, logo em seguida, os chama à “castidade”. Ou seja, a Igreja admite que uma pessoa possa ser homossexual, mas “praticar” não pode. Se bem quem nem os heteros podem fazê-lo antes do casamento. Como não existe casamento homossexual, resta a opção pelo celibato. E, pior: nem se for celibatário ele pode ser padre. Vida difícil que vive o católico gay...

Em tempo: não é só na Igreja Católica que existe uma confusão a respeito de homofobia. Aliás, já vi um belo presépio em exposição no Mosteiro São Francisco, em São Paulo, onde lá estavam representados homossexuais e outros segmentos excluídos e/ou discriminados da sociedade. Nem sempre a base segue a cúpula. Ainda bem.

Mas realmente é de arrepiar quando se vê que em um lugar onde deveria estar – ou se acha que está – a “nata” da intelectualidade paulista, ocorre um episódio como esse. Pra quem não quiser ler o link, trata-se de um casal homossexual que foi expulso de uma festa na Veterinária da USP. Pobre Iluminismo brasileiro...

quinta-feira, outubro 30, 2008

Base para as expectativas corintianas em 2009

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A Futebol Brasil Associados (FBA), que organizou a Série B desse ano, divulgou a lista dos indicados ao prêmio de melhor jogador do campeonato. O Corinthians emplacou Douglas e André Santos na lista de doze, gerando reclamações de parte do elenco, que acha injusto o esquecimento de William, Chicão, Felipe e Dentinho. Quer dizer, o povo queria metade da lista, quase nada abusados.

O prêmio não me interessa em nada, e creio que para a maioria dos leitores também não. Mas a lista dos outros indicados chama a atenção: além de André Santos e Douglas, Marquinhos e Válber (Avaí), Marcelinho Carioca (Santo André), Túlio (Vila Nova), Adrianinho (Brasiliense), Giuliano (Paraná), Nunes (Bragantino) e Saulo (América-RN).

Ter Túlio Maravilha, Marcelinho Carioca e, pasmem, Adrianinho, aquele da Ponte e do Corinthians, como possíveis melhores da competição da uma idéia do nível das equipes que disputaram com o Corinthians. Ainda acho que o time não é pior que 80% das equipes da Série A desse ano, mas convém ter os pés bem plantados no chão quanto às expectativas alvinegras para 2009.

Kalil é novo presidente do Galo

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Acabou agora a apuração da eleição do novo presidente do Galo. Alexandre Kalil foi eleito por 271 votos contra 130 de Sergio Bias Fortes.


Para quem não sabe, Alexandre é filho de Elias Kalil, presidente do Galo no começo dos anos 80, quando o time disputava títulos, não rebaixamentos.

Num time fraco, com mais de 200 milhões de reais de dívidas, disputando rebaixamentos no ano do centenário, é a única boa notícia de 2008.

Alexandre tem pavio curto, mas parece honesto e anunciou na posse que a maior contratação vai ser a volta da torcida ao estádio e que o futebol será a prioridade.

Agora é torcer para dar algo certo.



Eles adoram o GP Brasil

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Foto: Reuters

No confronto de alviverdes, 1 a 0. Marcos é o cara

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A partida entre Palmeiras e Goiás, dois alviverdes, no Palestra Itália terminou 1 a 0 para o time da casa. O placar foi definido no primeiro tempo com um pênalti batido por Alex Mineiro.

A falta dentro da área foi bizonha, o defensor goiano aplicou sobre Kléber o que, no futebol americano, seria um tackle.

Não, a atuação não foi boa. Foi razoável para o primeiro tempo e retrancada para o segundo.

Marcos
Além de salvar a vitória simples, Marcos, o Goleiro, mandou avisar que não é porque falta empenho que ele não vai se dedicar. Salvou o time em duas defesas espetaculares, incluindo um lance em que o atacante Iarley saiu cara a cara com o arqueiro. Vale notar que o goleiro do Goiás, quase xará do citado atacante, Harlei também fez uma defesaça em cobrança de falta do sempre criticado e sempre "quase", Evandro.

O mais divertido foi ouvir, na substituição de Diego Souza, a torcida num misto de vaia e gritos de "Marcos, Marcos". Quem mandou reclamar.

E outra: Marcos tinha razão, na visão do torcedor, como se demonstrou nesse caso e na pichação na porta do Centro de Treinamento do clube, na Barra Funda pedindo "Raça verdão".

Pierre, o maior ladrão de bolas do Brasil, e Kléber com seu estilo desgovernado, foram os destaques de ontem, depois do Goleiro. São os dois que mostram mais disposição para o jogo (ok, no caso do Kléber a disposição se confundiu com cotovelos durante o Brasileirão).

Crise versus raiva
Que não tem motivo para crise no Palmeiras, eu até concordo. Mas dá muita raiva de torcedor pensar em dois ou três vacilos no mínimo evitáveis na trajetória do Verdão.

Aí o Vanderlei Luxemburgo joga o Marcos na fogueira, compara-o com Rogério Ceni – dando moral para o capitão tricolor em vez de ao santos de todas as horas – o Diego Souza permanece instável, e a arbitragem começa a funcionar para fazer o tricampeão.

O motivo porque São Paulo e Cruzeiro aparecem mais cotados agora do que o Palmeiras e até do que o líder Grêmio tem a ver com ascensão no campeonato. Embora todos tenham passado por momentos difíceis, os times de Muricy Ramalho e de Adilson Batista são os que parecem crescer. Parecem, porque a cada rodada muda um pouco. E porque minha função de secador é torcer para não ser de fato.

O próximo jogo, contra o Santos na Vila Belmiro, vai ser um jogo difícil como qualquer partida diante da torcida do time da Baixada. Nem quero pensar no que acontecerá se faltar a raça que Marcos e a torcida pedem.

A narração do fim do mundo

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No exercício do nada pra fazer, eu e meu amigo Barão começamos a elencar as sete bestas do Apocalipse da TV brasileira. Depois de muita divergência, fechamos em Gugu Liberato, Luciano Huck, Jorge Kajuru, Amaury Júnior, Ronaldo Esper, João Kléber e Serginho Groissman (Sílvio Santos foi considerado o próprio Anticristo e Fausto Silva, Datena e Ratinho, seus serviçais). Mas, para não sermos acusados de machismo, elencamos também o time das bestas femininas: Xuxa, Hebe Camargo, Luciana Gimenez, Regina Duarte, Angélica, Ana Maria Braga e Miriam Leitão. Como sempre vai ficar muita "gente boa" de fora, de repente nos lembramos do glorioso Galvão Bueno (acima). Daí, o Barão saiu com a solução perfeita: "Bom, se o Galvão não é uma das bestas do Apocalipse, com certeza ele vai narrar o fim do mundo!". Nisso, imaginamos como seria essa transmissão:

- Olha lá, olha lá! Eu não falei? O Belzebu só marca infração contra a gente! Contra os argentinos, nada! Cadê a CBF que não toma uma providência nesse Julgamento Divino? Aquele anjo tocando trombeta estava completamente impedido! Um absurdo! Não é verdade, Arnaldo? (não, Arnaldo, não precisa responder, fica quieto!) Eu cansei de falar que nesse Juízo Final ia ter marmelada. Já começa que hospedaram a seleção no Sétimo Círculo do Inferno. Assim não dá! E pode apostar: o Dunga vai tirar o Apóstolo João! E quem vai entrar? Sim, porque tem que entrar alguém no lugar dele. No futebol, quando você faz uma substituição, tem que botar outro no lugar! Não é, Arnaldo? A regra é clara! (não, Arnaldo, fica aí, cala a boca!) Olha lá: de novo! O Cramunhão tá mal intencionado! Um inferno isso! Mas vamos a um rápido intervalo e já voltamos com a cobertura exclusiva do Apocalipse. Globo e você, todo mundo vai morrer!

"Não conseguíamos lembrar de nada"

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Leio no Lance! que o piloto David Coulthard (à esquerda) vai se aposentar da Fórmula 1 no GP brasileiro do próximo domingo. Aos 37 anos, ele já disputou 246 provas, fez 535 pontos e venceu 13 vezes - inclusive no Brasil, em 2001, naquela que considera a maior vitória de sua carreira. Mas Coulthard, como bom escocês, é conhecido pela dedicação à manguaça, assim como os finlandeses Kimi Raikkonen e Mika Hakkinen. Questionado sobre as farras, Coulthard não fez cerimônia: "Olha, nas festas a gente costumava ficar tão bêbado que não conseguíamos lembrar de nada do que acontecia". Realmente, é impressionante imaginar que um bêbado tão militante tenha conseguido passar 14 anos acelerando a mais de 200 quilômetros por hora e nunca tenha provocado um acidente mais grave - para ele ou para outros pilotos. E agora, aposentado, ninguém segura o cabra. Haja uísque escocês!

Botafogo e São Paulo: o jogo dos sete erros

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Botafogo e São Paulo fizeram ontem uma partida bem interessante, com muitas variações e emoções a rodo. Mas, o que acabou sobressaindo foram os erros. Foi a partir de lances algo infantis que os gols aconteceram e, quando não houve nenhuma falha de atleta, quem resolveu pisar na bola foi o árbitro, junto com um medíocre auxiliar. Aguarda-se a punição dos mesmos. Ou não. Ao jogo de sete erros:

1 – Aos 16 do segundo tempo, Renan vai repor a bola e pega mal na dita cuja. A bola sai curta e fraca para os pés do rival Jean, que faz um belo gol. A imagem desnecessária da transmissão da mãe do goleiro de 19 anos, reserva de Castillo, chorando no Engenhão resume a lambança.

2 – Fábio divide bola com Rogério Ceni, mas a bola sobra para o zagueiro Miranda. O normal é o são-paulino dar um chutão. O que ele faz? Ajeita a bola e perde para Wellington Paulista, que chuta direto para o gol. E esse é o defensor dos sonhos de metade da imprensa paulista... A outra metade agora incensa André Dias, como se tivesse descoberto ontem o (mediano) atleta. Paciência, tem mais erros.

3 – Bola perdida pelo Botafogo no campo adversário, o São Paulo tenta armar um contra-ataque mas, no meio de campo, Leandro Guerreiro tira. Mas tira mal e...

4 – ...Diguinho não domina a bola. Mascada, mas era possível dominar. O atleta botafoguense, dizem que quase flamenguista, acha que joga mais do que sabe. Um chazinho de humildade lhe faria bem.

5 – Lucas Silva chuta, a bola desvia levemente em André Dias e Rogério Ceni não segura. O Tricolor parecia conformado com o empate, mas o auxiliar Renato Miguel Vieira marca impedimento de Wellington Paulista no lance. O alvinegro, diga-se, até faz menção depois que bola passa por ele de dar um calcanhar. Só que a redonda passa muito longe do atacante. Impossível ele interferir no lance. Marcação absurda...

6 - ... mas o árbitro Sérgio da Silva Carvalho aceita o erro. Logo ele que, perto do lance, viu que o atacante botafoguense não fez nada. Jogou a responsabilidade para o inepto bandeira e errou também. Mas erraria de novo...

7 - ... ao aceitar a cera de Rogério Ceni em dois lances nos quais o arqueiro caiu e saiu pimpão e tralalá, mostrando que só queria mesmo gastar tempo e esfriar o adversário. É bom ter moral com a arbitragem.

No frigir dos ovos e pelo que jogaram, o empate seria o mais justo. Mas a arbitragem não deixou, como lembra revoltado o Victor do Blá Blá Gol. Quando um erro crasso desses acontece na fase decisiva, dá margem a muitas teorias conspiratórias. Ainda mais que, na última partida do São Paulo contra o Vitória, a equipe baiana saiu reclamando de um pênalti não marcado de Rodrigo em Rodrigão. Erros como o de ontem não estragam, mas embaçam a imagem de um campeonato emocionante....

quarta-feira, outubro 29, 2008

O roubo do futebol-arte e os alemães

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O meia pega a bola, avança pela intermediária. Vem o volante adversário pra dividir. Dividido fica o rival, e a bola sobra nos pés do defensor. O narrador é só elogios para o marcador. No bar, alguém, em tom saudosista e quiçá conspiratório, dispara:

– Tá loco, só tem brucutu. E esse cara ainda acha bonito: acabaram com o futebol-arte...

Robinho fazia a festa em 2002, quando o goleiro Danrlei, à época no Grêmio, avisou sobre o "risco" de "um jogador quebrar a perna dele" se os dribles continuassem. A habilidade era classificada como "antifutebol" pelo arqueiro. Até corintianos saíram em defesa de quem? Do futebol-arte.

Em setembro, quando a seleção brasileira de futebol feminino perdeu para a Alemanha, a imprensa alemã explicou: "A vitória da raça contra o futebol-arte".

Futebol-o-quê?
Eis que a mídia do país de Angela Merkel louva agora o Hoffenheim, líder e sensação da Bundesliga. Promovido da segunda divisão neste ano, o time vai bem, e o último trunfo foi atropelar por 3 a 0 o terceiro colocado Hamburgo, numa exibição (de que? De que?) de futebol-arte.

Foto: Carlosalberto.mutango.com.br
Será que o ex-gremista Carlos Eduardo (foto) tem algum papel nisso?

Deve ter corintiano se enchendo de esperança, mas que escreva depois. Minha preocupação é com esse substantivo composto empregado no título da matéria do Deutsche Welle. Na definição deles, nada de molecagem, nada de dribles: "alta velocidade e toque de bola".

O futebol-arte como símbolo brasileiro – pelo menos de 1930 até 1974, segundo Gilson Gil – é constantemente dado por morto por saudosistas de plantão. O que pode ter nascido por má-interpretação da regra tem seu abandono considerado como irremediável por pragmáticos de plantão. Neste grupo também estão os treinadores que se sucedem no comando da seleção brasileira, seja no discurso, seja na prática.

A Era Dunga, do futebol-força de Sebastião Lazaroni, foi continuada pela Era Cafu, do futebol-preparo-físico de Carlos Alberto Parreira. O processo é o de manter poucos jogadores habilidosos escalados com trombadores e muitos volantes. O que, no mínimo, reduz a lampejos as jogadas de habilidade. Antes lampejos que apagão, dirá alguém.

Se não está mais no Brasil, quem sabe tenha mesmo sido apropriado por outro país?

Bom, foi só depois de escrever tudo isso que encontrei a notícia original, em alemão, bem como a versão em inglês. Não há menção à tal arte nelas. Foi ajuste do tradutor para o português brasileiro para facilitar: é futebol bem jogado.

terça-feira, outubro 28, 2008

Maradona é o novo técnico da seleção argentina

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A seleção Argentina tem um técnico novo: Diego Armando Maradona, melhor jogador argentino de todos os tempos e segundo ou terceiro do mundo, dependendo da colocação que você der a Garrincha, substitui Alfio Basile no comando do time portenho. O ex-jogador já vinha sendo cogitado para o cargo pela imprensa, mas outros nomes disputavam a vaga, como Carlos Bianchi, Miguel Angel Russo e Sergio Batista.

Maradona tem pouca experiência como técnico, tendo comandado apenas o Racing e por pouco tempo. O fato torna sua escolha comparável com a de Dunga pela CBF, com a pequena diferença da estatura dos dois enquanto jogadores e ídolos. Mas se Maradona acertar e trouxer para sua prática de técnico o mesmo estilo e postura que o consagraram como jogador (como tragicamente faz Dunga...), os brasileiros podem começar a ficar preocupados.

Efeitos da crise

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Recebi de um amigo de trabalha em um banco de investimento multinacional, com sede em Nova York, recém-vendido na bacia das almas, segundo fontes.



As obras que viraram papel reciclado são Structured Products, de Roberto Knop, e Structured Credit Products, de William Perraudin.

Não há informações conclusivas a respeito do que teria feito Alan Greenspan com seu arcabouço de idéias. Vida de ex-guru deve ser dureza.

Miragem (e desolação)

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Amanhã fará quatro meses que o Bar do Vavá fechou. Às vezes, acho que é tudo mentira e que um dia ainda vou passar lá em frente e encontrá-lo aberto, como na foto acima. Que vou entrar, me esgueirar pelo estreito espaço entre o balcão e a parede, abrir a geladeira com seu pôster do Papa João Paulo II colado, pegar a cerveja e usar o abridor pregado na esquina do balcão com um barbante milenar. Que o João vai explicar mais uma jogada do Pelé. Que vou ouvir mais um trocadalho do Vavá. Mas não. (...) Eu mesmo, com meus próprios olhos, vi os pedreiros destruindo tudo o que havia restado naquele recinto. Nem uma lasca de ladrilho consegui aproveitar. É uma desolação. Ou, como diriam João Nogueira e Paulo César Pinheiro, mais ou menos isso:

Anoiteceu
Outra vez vou sair
Sem nada a esperar
Sem ter pra onde ir
Vou caminhar por aí a cantar
Tentando acalmar as tristezas por onde eu passar

A minha vida boêmia de bar em bar
É o meu amor sem paz
Por um amor vulgar
Que me abandonou
Chorando os meus ais
Me deixando também por maldade
Saudades demais...

Criminalização dos pichadores OU "Fora Serra"

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Durante a abertura da 28ª Bienal de São Paulo, no domingo, dia 26, um grupo de 40 pichadores decidiu "arrombar a festa" dos culturetes e afins no Parque do Ibirapuera. Munidos com tinta em spray, eles invadiram o segundo andar do prédio rabiscaram nas paredes símbolos e frases como "Fora Serra" (acima) e "Isso que é arte" - em resposta á decisão da a curadoria da mostra de reservar aquele espaço para discutir a "crise da arte". A polícia baixou e pegou como bode expiatório uma jovem de 23 anos. "É o protesto da arte secreta", disse ela. As portas da Bienal foram fechadas, causando tumulto, mas metade do grupo conseguiu se misturar aos freqüentadores e escapar. A outra metade quebrou vidros e também zarpou fora.

É fato que muita gente não gosta dos pichadores ou do que eles fazem. Mas não quero, aqui, tratar da questão estética. Historicamente, a pichação sempre foi usada para protesto político (vide foto à esquerda, dos tempos da ditadura militar). O "Fora Serra" confirma isso. Não por outro motivo, como ocorreu no domingo, os governantes sempre mandaram a polícia em cima. Daí, a criminalização generalizada é inevitável. Recentemente, em Brasília, a Secretaria de Segurança Pública lançou um programa que pedia para os pais vigiarem os filhos para identificar potenciais pichadores. Um policiamento amedrontador.

Vejo muito exagero nisso tudo. Claro que ninguém tem o direito de sair pichando qualquer coisa em qualquer lugar, e há legislação para punir isso. Mas, como disse antes, há o contexto político. Na primeira versão de "Como vovó já dizia", Raul Seixas resumiu: "Quem não tem papel dá o recado pelo muro/ Quem não tem presente se conforma com o futuro" (o trecho foi censurado e ele teve que mudar para "Quem não tem filé come pão e osso duro/ Quem não tem visão bate a cara contra o muro). Na foto à direita, vemos outro exemplo de alguém que "deu o recado". Não sei até que ponto a propaganda eleitoral nos muros, painéis, bandeiras e outdoors espalhados aos milhares pela cidade é menos agressiva ou poluidora. E não deixo de respeitar a ousadia dos que foram à "festa dos contentes" na Bienal para cuspir no bolo. Se os bem nascidos chiam, é porque "Narciso acha feio o que não é espelho". É hora de debater melhor essa manifestação popular.

No butiquim da Política - A eleição na capital

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CLÓVIS MESSIAS*

Todo mundo sabe que os candidatos Geraldo Alckmin, do PSDB, e Marta Suplicy, do PT (fotos à direita), foram os grandes derrotados nas eleições municipais de São Paulo. E essa também é a avaliação da maioria dos deputados e assessores aqui no Palácio 9 de Julho. Segundo se afirma, o remédio principal para os dois será o tempo. As projeções de um mês atrás não servem para mais nada, devido os resultados atuais. Aqui no buteco especulam-se nomes para as futuras eleições majoritárias. Os partidos não rejuvenesceram, não apareceram novos líderes. As agremiações, em nome dos debates internos, sufocam novidades administrativas. Os militantes votam em cima do convencionalismo partidário e, conseqüentemente, o novo desaparece. Nesse momento, as conversas vão do céu ao inferno num estalar de dedos.

Amuados, os perdedores estão retornando com a impressão de que a Assembléia Legislativa não os projeta, não lhes dá destaque. Mas os culpados são eles mesmos, já que não sabem politizar os debates sócio-econômicos (afinal, o poder se destaca através dos seus membros). A verdade é que as convenções partidárias, com ou sem acordos, deixaram hematomas que não desaparecerão tão cedo. Dessa vez, a omissão das direções partidárias não foi o senhor da sabedoria. No PSDB, como se nada estivesse acontecendo, Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governador José Serra, continua acertando os ponteiros com o PTB, PV, PR e PMDB. Ninguém faz contraponto, mas o partido está em notória ebulição.

Do outro lado, com sua forma descontraída de participar da eleição, votando em Luiz Marinho (foto à esquerda) para prefeito de São Bernardo do Campo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, projetou um novo líder petista estadual. Agora, com quase todos os nomes desgastados no PT, Marinho surge como um nome forte para futuras eleições. Numa das mesas alguém comenta que ele é um sindicalista vencedor. Como líder metalúrgico, por hábito, ouve bastante antes de tomar atitudes. Está na hora do partido voltar às origens, mas com novas lideranças. Na capital, o PT perdeu nas zonas Leste e Sul da capital e também nos bolsões da classe média. As propostas, aqui no buteco, são de reestruturação total. Lógico, isso é um pouco de exagero. Mas o novo é a construção.

Já os DEMocratas, vencedores na capital com Gilberto Kassab, não se abalam. Continuam compondo chapas. Estão contentes aqui no Legislativo de São Paulo.


*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Futepoca indicado para o The BOBs

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Há pouco menos de um ano o Futepoca ganhava sua primeira premiação. Em dezembro, era eleito o melhor blogue esportivo de 2007 pelo Best Blogs Brazil, com 38% dos votos. Entre os concorrentes, só sites de alto nível, uma disputa pra lá de difícil.

Desde essa época, ficamos mais conhecidos. O post a respeito do "marketing viral" e a Nike repercutiu em veículos como Folha de S. Paulo (para assinantes), Lance! e uma infinidade de blogues. Fomos citados também pelo programa Cartão Verde, da TV Cultura, e o ex-jogador Sócrates ficou impressionado com a história do prefeito que salvou sua cidade enchendo a cara. Fora isso, menções no Blag (não é erro de ortografia não) do Mauro Beting, do José Roberto Torero (aqui e aqui) e a recomendação de leitura do Ricardo Noblat. Tudo aliado a um crescimento no número de acessos e de assinantes de feed, leitores fiéis que às vezes, com um único comentário, fazem o nosso dia genuinamente mais feliz.

Hoje descobrimos outro motivo pra sorrir. O Futepoca foi indicado como um dos onze melhores weblogs em língua portuguesa pelo The BOBs, principal premiação de blogues do planeta. Motivo pra comemorar, mas também pra sonhar um pouquinho mais querendo, quem sabe, levar o prêmio do júri popular.

Reprodução

Tela do prêmio descreve o Futepoca

Para quem quiser dar uma forcinha pra esse blogue, tocado a duras penas por gente que tem que cavar tempo no dia-a-dia para fazê-lo, a gente agradece a força, o apoio, a divulgação. Agradece até a cerveja, se você quiser contribuir dessa forma.

E à vitória.

Ou, se não for possível, pro bar...

Ah, sim: Pra votar na gente

Vote:

Futepoca no The Bobs

E, se quiser, comente lá também.

F-Mais Umas - O "GP Brasil" perdido. Mesmo!

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CHICO SILVA*

Entramos na decisiva semana do GP Brasil. Como sempre nessas ocasiões, TV Globo, sites e jornais começam a inventar de tudo para prender a atenção da audiência. E nesse ano há um fato novo para esquentar o noticiário e deixar as amígdalas do Galvão Bueno quase tão irritadas quanto eu com o seu forçado patriotismo: a improvável possibilidade de Felipe Massa conquistar seu primeiro título mundial. Se esse milagre acontecer, pela primeira vez um piloto brasileiro comemorará um mundial do lado da sua torcida. Mas peço a permissão dos meus leitores para tratar deste GP na próxima coluna, com o campeão definido. Volto 34 anos no tempo para relembrar uma história que alguns fãs mais novos de F-1 talvez desconheçam. Estou falando do infame GP Presidente Médici, como infortunadamente foi chamada a "prova" que inaugurou o Autódromo Internacional de Brasília (acima, à direita), em 1974.

No auge do chamado "milagre econômico" e também da crise do petróleo, Médici e seus asseclas pressionaram os organizadores do legítimo GP do Brasil para levar o circo à Brasília após a disputa da prova em Interlagos. A milicada queria inaugurar mais um de seus brinquedinhos, só que em grande estilo. E para isso não se contentava com um provinha de F-2 ou Fórmula Super V qualquer. Desejavam a maior categoria do automobilismo mundial. E conseguiram - ao menos em parte. A prova foi disputada em 3 de fevereiro de 1974, uma semana após a corrida em Interlagos. Foi considerada extra-campeonato, pois não contou pontos para o Mundial. O então campeão mundial Emerson Fittipaldi (foto à esquerda), em seu primeiro ano de McLaren, foi peça chave na realização do evento. Ele trabalhou nos bastidores para convencer seus colegas e donos de escuderia a ficar mais uma semana no País e participar do espetáculo armado pelos chefes da temida equipe verde-oliva.

Mas nem todos cederam aos seus argumentos. Apenas oito equipes e 12 pilotos foram à capital federal. Ferrari e Lotus, duas das maiores equipes da história da F-1, recusaram o convite da farsa vencida por Emerson em 1 hora, 15 minutos e 22 segundos. Na seqüência, chegaram Jody Scheckter, da Tyrrel (foto à esquerda), e Arturo Merzário, da Iso-Williams. No Youtube, há um vídeo assinado pela TV Cultura que mostra a volta da vitória e os três primeiros subindo ao palanque no qual receberam os troféus das mãos ensangüentadas de Médici e de seus colaboradores. Mas nem tudo se perdeu nesse GP. Foi ali que o tri-campeão mundial Nelson Piquet teve o seu contato inicial com a categoria. Além de ter pulado o muro e se escondido nos boxes, Piquet conseguiu fazer um bico na corrida.

Ele ficou segurando o guarda-sol que protegia o argentino Carlos Reutmann, então na equipe Brabham. Quem poderia imaginar que, sete anos depois, Piquet, ao volante dessa mesma Brabham, conquistaria seu primeiro título mundial? E justamente contra Reutmann? Aquela foi a última vez que tricampeão precisou pular o muro do circuito. Hoje, o autódromo leva o seu nome. Coisa que só um Piquet é capaz de fazer.



*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

O Timão subiu!

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A Fiel já sabe e já contou pro resto do povo, mas eu vou dizer outra vez: o Corinthians já está classificado para disputar a Série A de 2009. Com seis rodadas de antecedência, abre 19 pontos de vantagem sobre o quinto colocado (o primeiro fora da zona de classificação) e não pode ser mais ultrapassado.

No resumo do meu pai, seu Manoel Ribeiro, após o apito final do jogo contra o Ceará, ocorrido sábado, no Pacaembu, e que acompanhamos pelo rádio: “Arrebentamos com os caras, filho!”

Pois é, a tal da Série B se mostrou bem fácil para o Corinthians, para tranqüilidade da Fiel e dissabor da ampla, vastíssima massa de secadores que o clube arrebanhou nestes anos todos. Meu já citado pai provavelmente vai poder dizer que foi por muito pouco que não ganhou a ambiciosa aposta que fez logo no início do campeonato com um sãopaulino freqüentador do mesmo boteco que ele, de que o Timão subiria sem perder nenhum jogo. Até agora, foram só dois, contra Bahia (0 x 1 no Pacaembu) e Vila Nova (2 x 1 em Goiânia). Aliás, é possível que se confirme o prognóstico feito pelo santista Glauco num boteco, acho que no segundo ou terceiro jogo da Série B: “Fica tranqüilo, Corinthians de zero a três derrotas na Série B”.

Não segui a princípio o conselho do camarada. Fiquei bastante apreensivo e por um bom tempo. Aprendi em 1993, depois do gol-porquinho de Viola, que cantar vitória antes da hora não faz bem a ninguém. Pois cantemos agora, todos juntos. Pode ser a música escolhida pela diretoria para celebrar o retorno, “O Portão”, de Roberto Carlos. Mas quem não gostar, que escolha sua canção de redenção, retorno, vitória. O Timão merece.

Futuro
Sei que o momento é de festa, mas já começo a me preocupar com a temporada de 2009. A primeira pergunta é se o time montado pelo Mano Menezes segura a onda da Série A. A outra é se será esse time mesmo que vai disputá-la.

Sobre o time, acho que não fica devendo tanto para outros elencos da primeira divisão desse ano. Com mais uns dois ou três reforços segura bem a onda e pode disputar uma vaga na Libertadores. Eu diria que um lateral-direito, um zagueiro e um meia melhorariam o elenco. Mas a principal carência é no ataque, de preferência um centroavante. Para o setor, o Lance! de hoje afirma que o time procurou o Botafogo para tentar trazer Jorge Henrique. Antes disso, falou-se em Deivid, o que seria uma excelente opção.

Essa é a visão otimista. Cabe aqui lembrar que algumas das peças principais do Corinthians, como Douglas e Morais, já disputaram a Série A e seus times não tiveram desempenhos grandiosos. Se Douglas estava no pequeno São Caetano, Morais estava no Vasco. A saber como se comportarão juntos.

Isso nos leva ao outro ponto: será que eles estarão juntos? Matéria da Folha de hoje fala, com um inegável tom de torcida contra, da situação dos jogadores. Felipe, André Santos, Dentinho e Douglas estariam sendo oferecidos pela diretoria para negociações com o futebol europeu. O que considero burrice, pois os caras podem se valorizar muito mais disputando a elite do que na Série B. Além disso, há jogadores que não têm contrato com o clube e que podem ser levados por seus reais “proprietários”, como Elias (fatiado entre Traffic e o agente CarlosLeite), Morais (emprestado pelo Vasco) e Herrera (do clube argentino Gimnasia y Esgrima, ao San Lorenzo e ao agente Raul Delgado, que pedem US$ 3 milhões pelo passe do rapaz).

Também deverão sair outros, como Denis, Marcel, Perdigão (da lista dos que já vão tarde), Bebeto, Careca, Alves, Rafinha, Almeida (da lista dos que eu nem sei o que estiveram fazendo ali) e, segundo a Folha, o lateral direito Diogo, contratado há cerca de um mês junto ao Sport Recife. Se for verdade, será o negócio mais ridículo da história. Quer dizer, depois de “doar” o Dinelson para o Coritiba. Ah, sim, tem ainda Lulinha, que pode ser emprestado para ganhar experiência, ausência que seria comemorada por boa parte da torcida.

Enfim, ainda há um longo caminho até o ano que vem. Com a volatilidade dos elencos de hoje, é difícil prever qualquer coisa. Só podemos rezar (e cobrar) para que a diretoria faça um planejamento decente.

Seleção palestina joga em casa. Pela primeira vez

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Foto: AFP
Foto: AFP/Fifa

Jogadores antes do jogo.

Um estádio novo, de grama sintética, com 6,5 mil lugares foi o palco da volta de apresentações da seleção palestina de futebol a seus territórios. O empate em 1 a 1 entre o time da casa e a equipe da Jordânia não deve ter tido lances de muita emoção durante os 90 minutos, mas tem um grande significado.

Foi a primeira partida da equipe em seu próprio território desde sua filiação à Fifa, em 1998. Pela organização, é o primeiro jogo oficial da Palestina nessas condições. Aqui há uma galeria de fotos. No Ynet tem outras.

Antes, para jogar com o uniforme verde e branco, os palestinos iam à Jordânia ou ao Egito. Muitos atletas eram barrados nas saídas dos territórios, controladas pelo exército israelense. Na partida realizada em Al-Ram, próximo a Ramallah, mesmo boleiros da Faixa de Gaza puderam comparecer.

O gol palestino saiu em um contra-ataque aos 6 do primeiro tempo. O empate da Jordânia, na segunda etapa, não encontrei.



O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, o da Fifa, Joseph Blatter, e outras lideranças prestigiaram a peleja.

O estádio Faisal Al-Husseini foi erguido com doações da Fifa e de outras organizações da França, da Arábia Saudita, do Comitê Olímpico da Ásia, do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, dos Emiratos Árabes Unidos. E, nas palavras de Nadia W. Awad, em artigo no Miftah.org, sobre futebol e paz, "esperamos que Israel não decida destrui-lo pelo interesse da 'segurança nacional'" (o artigo vai muito além da partida em si).

Rumo à África do Sul? Quem sabe ao Brasil?

Cheiro de sabão

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Domingão de calor incessante na capital paulista, sem futebol e com o Kassab dando uma sova na Marta Suplicy. Depois de votar junto com minha filha Liz, de 6 anos, passei na casa do compadre Luciano e, automaticamente, fomos para o bar molhar a goela e observar a profusão de moçoilas em trajes mínimos nessa temperatura infernal (tinha até gente de biquini!). O problema é que o companheiro está tomando antibiótico e, por isso, atravessa o deserto desses dias apenas com cerveja sem álcool. Pior: ele está acostumado a beber a marca Kronembier e o buteco só tinha Liber (foto). Sem opção, resolveu encarar. Como eu nunca tinha tomado cerveja sem álcool na vida, e também por solidariedade, resolvi experimentar um copo. Apesar de estar bem gelada, não passei do segundo gole: acho que foi uma das coisas mais ruins que já bebi. Pedi uma cerveja "normal" no mesmo instante, pra tirar o gosto horrível da boca. E o copo cheio de Liber ficou ali, abandonado e pegando sol. Chegou uma hora que o treco esquentou e começou a exalar um odor nauseabundo, nos obrigando a virar o copo na sarjeta. Quando voltei pra casa, minha filha Liz falou pra mãe dela: "-O papai tomou uma cerveja que tinha cheiro de sabão". Definição perfeita - e não era só o cheiro, mas o gosto também! Viáfara nos defenda!

domingo, outubro 26, 2008

Vitória tranqüila do Santos. Até certo ponto.

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"Taticamente é um time que tem condições melhores de jogar fora de casa. Temos uma marcação forte, uma bola aérea muito boa e vamos jogar em campos maiores que o nosso. Tudo isso soma." Era assim que o treinador do Figueirense, o retranqueiro assumido Mário Sérgio, justificava a preferência por atuar fora de casa. Afinal, foi assim que ele empatou com o Palmeiras no Palestra, por exemplo. Ao contrário do que mostra a tabela, a equipe catarinense é “encardida”.


Contra o Santos, o Figueirense começou bem. Pressionou e deu pouco espaço no meio de campo, conseguindo tocar bem a bola no campo peixeiro. A zaga reserva santista, desentrosada, parecia que iria entregar o ouro em algum momento. E quase entregou. O clube catarinense teve a grande oportunidade de sair na frente com uma penalidade. Mas Fábio Costa defendeu.

A partir daí o time da Vila foi outro. Com mais movimentação e aproximação dos homens de meio na área, o Santos pressionou e, em dois minutos, fez dois gols: o primeiro com Molina e depois outro com um belo lance de Bida, após um lançamento perfeito de Rodrigo Souto. A vantagem fez a equipe da casa ir mais tranqüila para o vestiário, mas o time não atuava bem.

Na segunda etapa, o Figueirense tentou vir pra cima, com Mário Sérgio colocando Rodrigo Fabri – aquele – em campo. A toada seguiu igual, mas, aos 13 minutos, Márcio Fernandes substituiu Róbson, que apanhava da bola o tempo todo, por Michael. E aos 16, após cobrança de escanteio, Rodrigo Souto fez o terceiro, um gol mais que merecido. Ele vem se firmando a cada partida como um belo meia, um segundo volante que marca lealmente e também tem capacidade de armar muito bem, algo raro nos gramados tupiniquins.

Daí em diante, partida morna. O que o Santos tentava era fazer com que o artilheiro Kléber Pereira fizesse o seu, após ter estado ausente na vitória contra o Botafogo. Perdeu três chances incríveis e não marcou. A zona do rebaixamento está mais distante e a perspectiva para 2009 parece ser melhor.


Na última rodada, Grêmio e Botafogo escalaram atletas que haviam recebido punições severas pelo STJD graças ao famoso efeito suspensivo. O Corinthians havia tido seu pedido em prol do zagueiro Chicão negado, mas uma semana depois conseguiu a liberação do mesmo para a partida contra o Ceará. Houve nesse caso uma incrível redução de pena de 120 dias para dois jogos, já cumpridos.

Até aí, tudo normal. Há comissões no STJD que são rigorosas e, quando se recorre ao pleno do Tribunal, as penas são revistas ou surge o famoso efeito suspensivo. Fica tudo bem. Menos para o Santos, clube que tentou e não conseguiu liberar Domingos e Fabiano Eller para a peleja contra o Figueirense.

Isso, somado à inabilidade da diretoria que, em dado momento de 2008, deixou o clube quase sem zagueiros, fez com que o Peixe entrasse no gramado com Adaílton e Fabão. O primeiro já havia se posicionado mal em lances simples e cometeu um pênalti infantil que quase complicou a vida peixeira. Algo normal para quem vem de um período longo de inatividade. Mas, dada a situação, fica a pergunta: quais são mesmo os critérios do STJD?