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Pelo menos para mim, com o Galo não correndo mais risco de rebaixamento, juro que no próximo final de semana nem ligo a TV para ver nada.
Pelo menos para mim, com o Galo não correndo mais risco de rebaixamento, juro que no próximo final de semana nem ligo a TV para ver nada.
Os titulares do time que não conseguiu segurar o empate contra o penúltimo colocado do campeonato perderam para o líder, neste domingo, 28. O Palmeiras foi derrotado por 2 a 1 do Fluminense nas Laranjeiras, mas escapou de uma goleada histórica. Com o resultado, uma vitória contra o Guarani no próximo domingo deixa o caneco nas mãos de equipe de Muricy Ramalho.
O Palmeiras realmente dificultou. Ao final do jogo, o prejuízo ficou para o Corinthians. Mas durante a partida, não se pode dizer isso. O pior: o Palmeiras saiu na frente (assim como no meio de semana quando foi desclassificado pelo Goiás da Copa Sul-Americana).
Aos quatro minutos, o atacante Dinei acertou um chute como ele nunca mais vai acertar enquanto durar seu contrato com o clube. No ângulo de Ricardo Berna, que pulou atrasado e meio desengonçado, já que a bola parecia dirigir-se para a linha de fundo até fazer uma curva incrível.
Talvez tenha sido um gol mais comemorado pelos corintianos do que o segundo do Goiás na quarta-feira.
A virada aconteceu depois de um massacre do Fluminense. Foram dezenas de lances de perigo até que um chute de Carlinhos, aos 18, da entrada da área foi inalcançável para o adiantado Deóla. O goleiro fez um monte de defesas em outros lances.
O segundo ocorreu na etapa final, numa rebatida do arqueiro que voltou para Tartá dentro da grande área, já aos sete minutos.
Alguém pode dizer que o time do Palmeiras fez corpo mole. Pode até ser. Mas em comparação aos jogos anteriores, a defesa foi pior do que o normal, e o ataque não funcionou como já não vinha operando mesmo. E, convenhamos, o Fluminense é muito mais time do que o Goiás, de modo que mais pressão tende a representar mais erros do que a média para qualquer retaguarda (ou pelo menos para as frágeis).
Foi a terceira derrota seguida no campeonato.
Torcida ao contrário
Contra um "momento Grafite", a partida teve pelo menos dois lances curiosos do ponto de vista da torcida. Um torcedor com a camisa palmeirense parece ter virado a casaca para evitar que o maior rival do alviverde paulistano se beneficiasse de um eventual revés do Fluminense. Ele empunhava uma bandeira do Tricolor carioca, ao lado de outro torcedor do Flu (aqui).
Quem preferir enxergar a versão otimista (ou o "copo meio cheio"), poderia ser um torcedor do time do Rio de Janeiro tentando um agrafo não ortodoxo aos adversários, sonhando com uma moeda de troca dentro de campo. Meio improvável, é verdade...
O outro lance bizarro foi a torcida vaiando uma descida ao ataque do Palmeiras, quando tudo estava empatada, no fim do primeiro tempo (aqui). Pela qualidade do futebol, o estranho seria aplaudir...
Se o meu time estivesse apresentando melhor futebol nas partidas anteriores, eu poderia me dedicar a argumentar sobre motivos para entregar ou não entregar para o Fluminense. Pela bolinha praticada, foi o time carioca que, por vários momentos, parecia pouco disposto a guardar os três pontos no bolso.
Pelo menos o martírio verde da temporada está a uma rodada do fim.
As probabilidades não são as maiores do mundo, mas fica a torcida.
Polad Bülbüloglu foi um ídolo da música jovem soviética nos anos 1960, trasnformando-se depois num expoente da música romântica - uma espécie de Roberto Carlos dos comunistas, mais ou menos. Curioso é que, após a extinção da URSS, tornou-se político e embaixador do Arzebaijão na Rússia. Na foto acima, aparece cumprimentando o primeiro-ministro russo Vladimir Putin. Mas gostaria de registrar aqui um vídeo de 1967 com sua hilária interpretação da não menos hilária "Shake", musiquinha estilo "jovem guarda" (expressão que, ironicamente, foi criada por outro Vladimir russo, o Lenin). Polad se esmera na dancinha, nos gritos "ô-ô-ô-ô" e num intraduzível "arabá-papêrebê-pepepê", ou coisa que o valha. Porém, o mais bizarro é o velhinho manguaça que aparece lá pelo 01:22, com sua garrafa de vodka e batendo palma sem saber pra onde ou por quê. No finzinho do vídeo, ele nem espera a música acabar para abastecer o copo novamente:
Ps.: E pra quem ainda conjectura sobre a origem da expressão "trololó", comumente usada por José Serra, vai uma pista na voz do "feliz" barítono russo Eduard Khil, o "Senhor Trololó", em performance incrível, indescritível, inenarrável e inacreditável de 1976. Absolutamente imperdível:
Passados 24 dias da onda antinordestina nas redes sociais de internet brasileiras – e também fora delas – a capital paulista será palco de uma festa baiana. Ou melhor, do Bahia.
Em frente ao metrô Anhangabaú, recebi um panfleto da campanha Invasão Esquadrão de Aço, que convoca os torcedores desgarrados pela pauliceia desvairada a comparecer ao Morumbi neste sábado, 27, às 17h, para assistir o time de Márcio Araújo carimbar, diante do Bragantino, a passagem para a primeira divisão do Brasileirão.
Quando o derrotado José Serra apareceu no Congresso Nacional em Brasília, anteontem, a irritação dos tucanos que são aliados do senador eleito Aécio Neves foi visível. Sem compromissos programados, Serra deu as caras "aparentemente em busca de espaço na mídia", conforme o jornal Valor Econômico. Depois das eleições presidenciais, como era de se esperar, o racha no PSDB se aprofundou ainda mais. Os aliados de Serra e de Aécio trocam farpas publicamente. Quando Aécio criticou a hegemonia paulista e propôs uma "refundação" do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa de Serra, ao negar que o PSDB seja "muito avenida Paulista" ou precise ser refundado. Agora, a proposta de recriação da CPMF cava um novo abismo entre as duas facções tucanas.
Há três anos, quando a CPMF foi derrubada no Congresso, o partido já havia se dividido. Serra liderava a ala dos governadores tucanos favoráveis à continuidade da CPMF, enquanto senadores do PSDB e do DEM a combatiam. No cenário atual, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, defende a volta da CPMF. Já Serra, agora sem cargos e de olho apenas na oposição, apelou para que o PSDB marche em bloco contra a volta do imposto, sob o risco de "quebrar" o partido. Para um dos principais deputados aliados a Aécio, Serra tenta, de forma "autoritária" e "à base de cotoveladas", liderar a fragilizada oposição. Até a serrista Folha de S.Paulo considerou a "visita-supresa" ao Congresso como o "primeiro passo do ex-governador de São Paulo para tentar ocupar a presidência do PSDB a partir de 2011".
O Valor Econômico publicou que "a postura de Serra, subindo o tom das críticas a Lula, foi interpretada pelos companheiros de partido como manifestação da intenção de comandar a oposição. Os tucanos que o acompanharam no Congresso dão como certo que Serra tentará disputar a Presidência da República novamente — projeto que não encontra entusiasmo no partido". Nisso, o deputado aecista Nárcio Rodrigues, presidente do PSDB mineiro, mandou um recado aos tucanos paulistas: "Vão ter que nos engolir. Fomos extremamente respeitosos à fila, concordando que em 2006 era a vez de Geraldo Alckmin e, em 2010, de Serra. Agora é a nossa vez". Das duas, uma: ou Aécio atropela Serra no PSDB ou sai e funda outro partido. Façam suas apostas.
Tipo de cerveja de trigo (wheat beer ou weissbier) surgido no sul da Alemanha, com forte presença de frutos no aroma e sabor, como banana e maçã. O volume alcóolico de 5% a 7%, sendo que as Hefeweizen são bastante refrescantes apesar de não muito ácidas. O prefixo "Hefe" significa algo similar a "com fermento", pois estas cervejas, em geral, são opacas e não filtradas. Se servidas num tradicional copo de Weizen, as Hefe produzem abundante espuma e ficam com excelente aparência. "Relativamente a este tipo de cerveja há que ter um aspecto em atenção: é habitual servirem-nas com uma rodela de limão, seja isso para cortar o sabor do trigo ou do fermento. Recuse uma cerveja servida desse modo, pois o limão apenas altera o sabor desta, para além de dificultar a formação de espuma", recomenda Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. Quando fui pra Irlanda, durante a escala no aeroporto de Frankfurt, pude provar uma cerveja desse tipo no Goethe-Bar (foto acima), a Paulaner, tirada em torneira. Uma delícia! Não senti gosto de fruta nenhuma, só o azedo (na medida) do trigo. Além da Paulaner Hefeweissbier, vale experimentar a Franziskaner Hefe-Weissbier e a Weihenstephaner Hefe Weissbier.
Foi na edição do Jornal Hoje que a âncora Sandra Annenberg resumiu o que se viu durante o dia nas redes de TV noticiosas.
– Parece um filme, só que ao vivo, né? 10 milhões de brasileiros assistiram Tropa de Elite 2, a gente vive falando dessas invasões de favelas, e estamos acompanhando ao vivo.
Tá logo no comecinho. Vale assistir (apesar do comercial).
O noticiário virou um reality show, com notas de Tropa de Elite. Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), roteirista do filme, foi fonte obrigatória tanto para a Globo (promovido a assessor de segurança da emissora), como para outros veículos. Ele foi assertivo em todas as suas falas, apesar de dizer que a operação "superou a ficção", porque José Padilha não poderia ter imaginado algo assim.
A história deve ter garantindo ibope gordo à atração da emissora, porque a edição se estendeu e foi monopolizada pelo tema.
As cenas foram mesmo impressionantes. O deslocamento de pessoas, a maioria de homens, entre a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão, mostrava uma ação de formiguinha dos supostos traficantes, que estariam levando armas e sabe-se lá mais o quê.
Em toda a cobertura televisiva de todos os canais, mais do que nunca, a terminologia "bandidos" predominou. "Criminosos" e "suspeitos" por pouco não desapareceram. Estes últimos só eram mencionados ao referir-se aos mortos. Todos foram julgados, condenados e taxados da forma mais pejorativa que poderia ser publicável.
Reality show e o retrato jornalístico
O mais curioso foi a sequência da ter se dado no mesmo dia em que JB Oliveira, o Boninho, diretor do Big Brother Brasil, o reality show de ofício mais visto da TV brasileira, ter se pronunciado sobre o programa. Primeiro, disse, pelo Twitter, que valeria tudo "até porrada" e bebida alcóolica ("chega de bebida de criança") etc.
Depois, mais a noite, ponderou: "BBB11 não será um ringue".
Ufa.
Mas não consigo parar de pensar que ele passou o dia assistindo à GloboNews e percebeu que se o Capitão Nascimento virasse reality show, o BBB ficaria sem graça.
Na Holanda, o time do Ajax tinha que devolver a bola para o time de amarelo, num lance de fair play. Mas o manguaça, na tentativa de jogar para o goleiro adversário, fez um golaço. Daí, eles tiveram que deixar o time de amarelo marcar um gol, para empatar e consertar a mancada. Mesmo sem marcadores, a dificuldade que encontraram pra anotar esse tento é digna de registro:
O Palmeiras conseguiu o que parecia o mais difícil. Perdeu, na Copa Sul-Americana, para o penúltimo colocado no campeonato nacional. O Goiás venceu o alviverde paulistano por 2 a 1, de virada, em pleno Pacaembu.
Vergonha.
No encontro de times frágeis, quebrou-se a equipe que acreditou que um gol na partida de ida e outro na de volta garantiam a vaga na final. Não foi o que aconteceu.
Luan abriu o placar aos 33 minutos do primeiro tempo. O empate veio aos 47 da etapa inicial, com Carlos Alberto, em uma sobra de falta. Ernando selou o placar , aos 36 do segundo tempo.
Escrever de cabeça quente é mais difícil.
O ano de 2010, que começou com Muricy Ramalho, teve Antonio Carlos e terminou com Luiz Felipe Scolari, termina na lata do lixo. Uma temporada que não serviu nem para revelar atletas, nem para formar time para o próximo período, nem para trazer alento ao torcedor.
As falhas cantadas nos posts anteriores vinham sendo contornadas na competição continental, mas não é todo dia que a sorte de Felipão, os chutes de Marcos Assunção ou o bom trabalho de Deóla salvam a pátria.
Muito trabalho para a formação do elenco em 2011.
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Encontro de blogueiros progressistas: a cachaça, bordeaux e o óleo de rícino
Toda cachaça é de esquerda.
Na lista de vexames da diretoria do São Paulo nos últimos anos, que incluiu o Roberto Justus entrando em campo com o time e o Gilberto Kassab recebendo uma camiseta personalizada, podemos agora listar mais um: segundo o diário Lance!, "durante o show de Paul McCartney no Morumbi, Juvenal Juvêncio recebeu em seu camarote o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador José Serra e o atual governador, Alberto Goldman". Aproveitando a nostalgia beatlemaníaca, os três patetas, digo, políticos, que fizeram um esforço "hercúleo" para manter o Morumbi na Copa de 2014, devem ter dito a Juvêncio: "o sonho acabou". E, com o estádio recebendo tais figuras em um camarote, virou pesadelo. Mas, como diria Sir McCartney, "deixa estar". Sua hora chegará, Juvenal. Pode apostar nisso.
Só repassando: o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de São Paulo iniciou ontem seu primeiro curso de Sommelier de Cervejas, na unidade da Barra Funda. O curso, uma parceria com o centro de estudos alemão Doemens, abrange a história da cultura cervejeira, os pratos que podem ser combinados com a bebida e seus derivados e - melhor de tudo - degustações de diversos tipos de cerveja."As pessoas que se formam no curso, além de otimizar o tempo de uma cerveja na mesa, aprender a degustá-la e conhecer as possibilidades gastronômicas, passam a ser embaixadores do assunto e divulgam que é melhor beber menos, mas beber melhor", diz a professora Cilene Saorin (que aparece na foto com o engenheiro alemão Michael Zepf, doutor em Tecnologia de Cervejas e Bebidas e diretor técnico do centro Doemens).
Segundo Cilene, o mercado das cervejas "especiais", que necessita muito desse tipo de profissional, cresce 11% ao ano, enquanto o de cerveja comum cresce 5%. O curso custa R$ 2.100 e tem carga horária de 100 horas. O candidato deve ter ensino médio completo e ser maior de 18 anos. A próxima turma tem inscrições previstas a partir de março de 2011. A primeira edição do curso de Sommelier de Cervejas do Senac atraiu 40 alunos com perfis diversificados, entre profissionais da área, proprietários de cervejarias e bares, jornalistas de gastronomia e curiosos.
Encostado no balcão do buteco, traçando uma costelinha de porco com limão e pimenta, observo o manguaça que chega e pede um pingado (leite com café). Pouco depois, o atendente destampa uma garrafa da temível cachaça Riopedrense e passa a completar um vidrão com umas cascas velhas indefiníveis e a inscrição "carqueja" - um daqueles recipientes que já trazem acoplada uma torneirinha, estilo filtro de água (à direita). Os olhos do manguaça brilham. O rapaz vai enchendo o vidrão até a tampa, depois pega a garrafa com um restinho de pinga e faz que vai guardá-la num caixote.
- Ô, amizade! Num desperdiça, não. Bota aqui esse restinho.
Ato contínuo, o atendente do buteco despeja o finzinho da temível pinga (à esquerda) no pingado do manguaça. Que, não contente, ainda resolve pedir também uma costelinha igual a que eu degustava. E come a engordurada iguaria acompanhada do café com leite e cachaça, lambendo os beiços. Mais um daqueles momentos em que, como diz o Glauco, se diferenciam os homens dos meninos...
Depois de sete temporadas seguidas, o São Paulo não disputará a Libertadores da América em 2011. Talvez seja até bom - para a necessária reformulação do elenco, fique claro, pois economicamente é óbvio que será um desastre. De minha parte, acho natural essa queda. É impossível manter-se no topo durante tanto tempo. Se lembrarmos da última passagem de Telê Santana como técnico (à esquerda), o período mais vencedor do clube, veremos que foram quatro temporadas disputando em alto nível, de 1991 a 1994. Na temporada de 1995, ainda com Telê no comando, o São Paulo não disputou as finais de nenhum dos torneios que enfrentou, Paulistão, Copa do Brasil e Brasileirão. O time foi do excelente ao sofrível de uma temporada para outra. E demorou para se reerguer.
Lentamente, ao custo de várias reformulações de elenco e trocas de técnicos, o clube foi beliscando alguns vice-campeonatos (Paulistão de 1996 e 1997, Supercopa de 1997, Rio-São Paulo de 1998 e 1999) até que conquistou um Paulista, em 1998, ano em que quase foi rebaixado no Brasileirão, e outro em 2000, mais um Rio-São Paulo em 2001. Mas sempre sem montar nenhum esquadrão ou emplacar um técnico por mais de uma temporada. Quando finalmente conseguiu apresentar um bom time e fazer ótima campanha no nacional, em 2002, foi atropelado pelo Santos de Robinho & Cia, entrando em novo período de crise.Surpreendentemente, a última grande fase do São Paulo começou com uma solução caseira, o preparador de goleiros e técnico interino Roberto Rojas (à direita), que classificou o time para a Libertadores da América depois de dez anos. Mas ficou chupando o dedo, pois a disputa da competição já trazia Cuca como técnico, esse mesmo que hoje está no Cruzeiro. Ele adotou o esquema 3-5-2 e deixou a base pronta para o sucessor, Emerson Leão, que levantou a taça do Paulistão de 2005 e entregou o time para Paulo Autuori conquistar a Libertadores e o Mundial. Depois disso, Muricy Ramalho assumiu e venceu três Brasileiros seguidos, sempre com o mesmo esquema e quase os mesmos atletas.
Mas o fantasma de quatro desclassificações na Libertadores o apeou do cargo e, ao fim dessas quatro temporadas vencedoras, de 2005 a 2008, exatamente como na Era Telê, o time começou a despencar em queda livre. É natural, faz parte de um novo ciclo. Agora é juntar os cacos dessa fase ruim e rezar para que o próximo bom período não demore mais uma longa década de intervalo. Porém, para os próximos dois anos, eu não espero títulos. Se conseguir priorizar a base, manter um treinador, um esquema tático e voltar à Libertadores, já será uma vitória e tanto. O clube é o da fé e, por isso, sabemos que um dia ressurgirá como uma das maiores forças do continente. Sem dúvida. Vai, São Paulo!
É comum, entre jornalistas proletários, bêbados e de esquerda (qualquer coincidência com a gente é mera realidade), usar o termo "pau alado" para situações extremamente difíceis - em português claro, que vai ferrar tudo e não tem jeito de evitar. Pois ouvi hoje de uma fonte insuspeita, muito próxima ao nosso estimado presidente Lula, que ele sempre costumava dizer (com o perdão do palavrão):
- Em chuva de caralho, a melhor arma é um pote de vaselina!
Mais uma rodada completada da reta final do Brasileirão, vulgo o torneio do mimimi e do chororô, tão presentes nas três últimas rodadas e que ainda vão ser a tônica nas próximas vinte partidas. Agora, o Fluminense volta a estar na frente depois da goleada sobre o São Paulo, o Corinthians está um ponto atrás após o empate com o Vitória em 1 a 1 e o Cruzeiro voltou à briga ao vencer o Vasco por 3 a 1.
Embora volta e meia alguns dos jornalistas desse blogue praguejem contra as agruras da profissão, é indubitável que ela proporciona experiências e encontros que nos fazem ampliar e muito nossos horizontes. Um deles, para mim, foi uma entrevista com o antropólogo da USP Kabengele Munanga, realizada junto com a amiga Camila. À época, havia uma polêmica entre ele e Demétrio Magnoli sobre o racismo no Brasil e era também recente uma brincadeira mais que infeliz do humorista (sic) Danilo Gentili, qua havia feito uma piada que ele negou ser de cunho racista. O professor deu, de fato, uma aula a respeito.
Abaixo, um trecho que fala da relação entre o futebol e o racismo e sobre como a questão racial é tratada em sala de aula (aproveitando hoje o gancho da "polêmica" sobre livro de Monteiro Lobato), além de um trecho em que comenta as posições ocupadas por negros na política. A íntegra da entrevista está aqui.
O Partido Socialista Catalão (PSC) despertou a ira dos setores conservadores espanhóis com um comercial em que uma mulher aparenta ter um orgasmo ao depositar a cédula com seu voto na urna (veja vídeo abaixo). Nesse contexto, a expressão "boca de urna" ganha nova - e indecorosa - conotação...
Dilma Rousseff agradeceu, na manhã desta sexta-feira (19), a três figuras-chave do PT em sua campanha. José Eduardo Dutra, presidente nacional da legenda, José Eduardo Cardozo, secretário-geral do partido, e Antonio Palocci foram chamados de "três porquinhos" pela presidente eleita.
Sem qualquer coloração de time de futebol, a alusão ao trio foi a forma mais carinhosa que ela parece ter formulado para se referir às figuras que permanecerm mais próximas a ela durante a campanha. Com isso, ela já descarta a possibilidade de ser o Lobo Mau nessa história. Poderia ter recorrido a outros trios consagrados em fábulas, contos de fada ou histórias clássicas da literatura, como "três mosqueteiros", quiçá arvorando-se ao posto de d'Artagnan.
Se fosse em termos futebolísticos, haveria uma crise no governo. Dutra é botafoguense doente. Nascido em Caratinga (MG), estudou no Rio de Janeiro e fez sua carreira política em Sergipe. Torce tanto que, em dia de jogo, larga mão de qualquer pudor e se comporta, no Twitter, por exemplo, como um apaixonado. Responde a outros amantes do futebol, a ponto de só faltar xingar o juiz.
Antonio Palocci é são-paulino. Natural de Ribeirão Preto (SP), é o homem forte da transição. Quem confirma é o jornalista Vitor Nuzzi com suas fontes no Palácio do Planalto sobre times para que torcem os titulares da Esplanada dos Ministérios.
O mesmo Tricolor paulista é o time de predileção de José Eduardo Cardozo, deputado federal. Ele próprio já revelou a condição à imprensa, embora não exercite a condição com frequência (pelo menos não com seus assessores, que não sabiam da questão). Mas há quem diga que ele seja, sim, fanático.
Não chega a ser uma gafe da parte de Dilma, porque a conotação foi toda outra. Para quem torce para o Internacional, mas também gosta do Atlético Mineiro, não é tão grave.
Palmeirenses em baixa?
Fosse destinado a Ricardo Berzoini, deputado federal e ex-presidente nacional do PT, a Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, a Carlos Gabas, titular da pasta da Previdência Social, o termo viria mais a calhar. Os três são torcedores do Palmeiras.
Isso sem falar em outras figuras do universo político, como José Serra (PSDB), candidato derrotado à Presidência, Soninha Francine (PPS), coordenadora de campanha do tucano, e Aldo Rebelo (PCdoB), deputado federal e comunista mais querido pelos ruralistas.
Em tempo
Sem qualquer conotação futebolística, Cardozo escalou o time de porquinhos de Dilma. Ele é o Cícero, o da casinha de palha. Dutra é Heitor, o da residência de madeira. Palocci, o Prático, preocupado com os fundamentos da casa própria. Segundo consta, o apelido decorre da semelhança entre as barrigas e de como cada um funcionava dentro da coordenação da campanha.
Não houve contestação. O Lobo Mau tampouco foi apontado.
Nos tempos da famigerada (e fracassada) Lei Seca nos Estados Unidos, um grupo de mulheres posa sob um cartaz que alerta: "Lábios que tocam o álcool não tocarão os nossos (lábios)". Pela cara das cidadãs, muito ianque manguaça deve ter se animado a aumentar consideravelmente o consumo clandestino...
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Dia de jogo do Corinthians no Pacaembu. O jogo já havia começado, o que garante uma quarta-feira de pouco movimento dentro do ônibus. Melhor para um casal na faixa dos 50 que permanece sentado do Centro da cidade até o cruzamento da rua da Consolação com a Paulista.
A importância da acomodação em local seguro só poderia ser percebida depois. Para desembarcar na parada do Hospital das Clínicas, o homem avisa a esposa que o desembarque deles é no próximo ponto. Ele se prepara para se levantar.
É só aí que se nota em seu colo uma garrafinha pet de cachaça de meio litro. Com uma das mãos ocupadas, ele agarra-se com a outra às barras do veículo para manter-se em pé. Mesmo sem solidez alguma, ele não deixa de ajudar sua senhora a se erguer. Ela também tinha sua garrafa no colo. Mas ao contrário dele, abandona-a, já vazia, no banco. Com auxílio daquele braço firme do esposo e companheiro de boteco, também se posta e caminha em direção à porta.
O equilíbrio é dificultado pela sinuosidade natural do trecho. Descidas em curva são a diversão de motoristas desejosos por encurtar a viagem.
O casal chega à porta, com o ônibus ainda em alta velocidade. A mulher quase perde o equilíbrio e faz menção de se aproximar de outra das barras internas de apoio para quem viaja de pé. O marido, com reflexos levemente embargados, tem a nítida impressão de que ela tensiona voltar a se sentar, e adverte:
– Não senta de novo, porque já é o próximo.
A mulher não responde, como que para economizar energias preciosas, consumidas na manutenção do corpo sobre dois pequenos e frágeis apoios sobre o piso. Balançam a cada saculejo do veículo, seguram-se como podem.
Finalmente chega-se à parada. O ônibus para. Mas os dois continuam balançando por alguns instantes, possivelmente indicando que o mundo continuava a se mexer para eles. Com a confiança dos que querem um chão estático, eles deixam o veículo, trocando palavras de incentivo:
– Vai, mulher!
– Vamô, homem!
Sãos e salvos em terra firme eles seguem passo a passo até a faixa de segurança. Não há bares ao alcance da vista.
O coletivo segue viagem, permitindo que os passageiros, que a tudo assistiam, passassem da contemplação silenciosa à galhofa maledicente e às risadinhas sobre desgraça alheia. O cobrador adere:
– Cada uma que me aparece. É mole?
A passageira que passa a catraca dirime a dúvida no ar:
– Firme não é... São dois pudins de pinga, ora.
O cobrador não discorda.
O Palmeiras venceu o Goiás na primeira partida da semifinal da Copa Sul-Americana. Com o resultado de 1 a 0 no Serra Dourada, o time paulista pode empatar na próxima partida, quarta-feira, que ainda garante a vaga. De camisa verde-limão-siciliano, os visitantes passaram pelo alviverde do Centro-Oeste, que amarga um rebaixamento quase certo no campeonato brasileiro.
Marcos Assunção marcou seu quarto gol na competição. Ao contrário dos outros três, não foi de falta. A exemplo dos anteriores, foi de fora da área. Um chutaço de longe, no alto, sem chances para o adiantado goleiro Harlei.
O jogo foi morno, até chato. Sem grandes oportunidades nem possibilidades de praticar o futebol. Enquanto Kléber e Luan e Lincoln cavavam faltas no campo ofensivo para o volante palmeirense chutar a gol, o Goiás apostava em alçar bolas para a área de Deola em escanteios e faltas.
O excesso de faltas dos goianos – quiçá inspirados pelo Sandro Goiano – favoreceu a esse tipo de estratégia.
Tinga não é o meia que o Palmeiras precisa (só de vez em quando) e Lincoln rende pouco isolado. Sem Valdívia em forma, sobram poucas opções no elenco. O Palmeiras conseguiu emplacar duas jogadas de contra-ataques durante os 90 minutos.
Rafael Moura rendeu pouco pelo time goiano. O mesmo pode ser dito dos homens de frente do time visitante.
Até bate um pouco de pena de ver Kleber em campo. Ele corre, tromba, mas não tem muito de onde esperar uma bola nem para onde encaminhar a rendonda. Resultado: ele também rende pouco, apesar das trombadas e da correria.
Não é a toa que o atacante tem 10 gols desde que voltou, o mesmo número de tentos conferidos por Marcos Assunção.
O Brasil x Argentina desta quarta-feira foi um jogo legal de ver. O time de amarelo começou bem, marcando a saída de bola e encurralou os Hermanos a maior parte do primeiro tempo. Rolaram algumas chances de gol, a melhor delas na bomba de Daniel Alves no travessão. O passe foi de Ronaldinho Gaúcho que jogou centralizado, como meia de ligação, e foi bem. Os argentinos levavam perigo no contra-ataque, especialmente quando a bola caia com Lionel Messi.
No segundo tempo, a Argentina adiantou um pouco a marcação e conseguiu sair mais. A partir daí, a formação com três volantes – mesmo que todos eles saibam jogar com a bola no pé – se mostrou insuficiente para encontrar opções e o meio-campo recuou demais.
Na verdade, mesmo no primeiro tempo o time sentiu falta de penetração na área. Talvez fosse a ausência de um centroavante, talvez a noite pouco inspirada de Robinho. Neymar foi bem no que deu, mas pegou a bola isolado na frente muitas vezes e brigar com zagueiros não é a dele.
O jogo caminhava para um 0 a 0 quando o recém entrado Douglas perdeu a bola no meio campo e ela sobrou para Messi – o lance rendeu uma merecida ofensa do técnico, que pode ser ouvido logo no comecinho do vídeo abaixo. Ele tabelou com um companheiro, passou pela defesa e meteu no cantinho de Victor. O maior craque presente em campo resolveu.
O jogo serviu para três coisas para Mano Menezes. Primeiro e menos importante, ver como os jogadores encaram um jogo contra um rival tradicional. Sem problemas aqui, creio. A segunda era testar Gaúcho e Douglas na função de Paulo Henrique Ganso. O ex-gremista foi bem, o atual nem tanto.
Por fim, testar essa nova formação, com o losango no meio e sem centroavante fixo. Aqui, não rolou muito bem, pelos motivos expostos acima. A mudança deu a entender que Mano não achou ainda opção para Alexandre Pato no ataque. André, pelo jeito, não goza ainda da confiança plena do comandante. Será que não poderia ser Nilmar?
Quem nasceu para Ronaldinho Gaúcho não chega a Lionel Messi.
Sendo na Jamaica, a moleza e a vontade de dar risada devem ser ainda maiores...
A terça-feira após feriado, um dia de trabalho normal, leva ao fim do expediente com um inusitado bom humor. É o caso, avalio com meus botões, de comparecer com flores lá em casa, aproveitar o momento pós-eleitoral em que o mundo é melhor e mais bonito do que quando havia campanha.
Foto: Jardineiro.net
TIOZÃO DE BAR
(Érika Machado/ Cecilia Silveira)
Érika Machado
Tive tempo pra desenvolver
Incríveis qualidades
Fui funcionário do mês
Campeão de xadrez
Tanta gentileza até me fez perder freguês
Quando ninguém mais está por perto
Exercito habilidades
Com os canudinhos do bar
Faço esculturas pra quê
Pra bater o recorde de espera por você
Não me preparo para o que vem vindo
Segunda-feira é a mesma coisa que domingo
Sempre colado aqui nesta cadeira
Tão só, tão só, tão só, tão só
Tive até vontade de pular de pára-quedas
Mas fiquei com medo de morrer
Meu escritório é o bar
Minha razão pra viver
E eu ainda tenho tantas latas pra beber
Eu me preparo assim desta maneira
A mesa o copo o isopor e a saideira
Estou colado aqui nesta cadeira
Tão só, tão só, tão só, tão só
(Do CD "Bem me quer mal me quer", Tratore, 2009)
Este mapa foi divulgado no Blog do Escrevinhador. Achei oportuno, por toda a discussão que houve em torno da "divisão" do Brasil entre eleitores de Dilma e Serra e que ainda precisa ser melhor compreendida. Foi elaborado pelo ilustrador Bruno Barros.
Nele as cores dos estados são nuançadas conforme o percentual de vermelho (votos em Dilma) e azul (votos em Serra). É interessante notar que praticamente não há diferença de tonalidade entre Mato Grosso e Pará, por exemplo. Ao mesmo tempo que as regiões onde o azul realmente predomina não são em estados tidos como emblemas do "desenvolvimento" e do Brasil "rico e educado", mas sim dois estados amazônicos e majoritariamente rurais, que são Acre e Roraima.
Antes de reclamar que o centroavante do seu time perde gols, veja esse cidadão aí embaixo no jogo válido pelas quartas de final dos Jogos Asiáticos, entre Uzbequistão e Catar. Fahad Khalfan perde o tento e sua seleção perde a partida na prorrogação para os usbeques. O tricolor Washington perde para ele também.
(Via Twitter do @charlesnisz)
A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez este ano, nas eleições presidenciais, conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós. Como nunca antes na História desse país, a xenofobia entre compatriotas esteve tão explícita, orgulhosa e falando em tão alto e bom som.
Depois do revelador manifesto "São Paulo para os paulistas", que diz muito sobre o PSDB perpetuar-se no Palácio dos Bandeirantes desde 1995 (ou desde 1983, considerando que é praticamente o mesmo grupo que chegou ao poder com Franco Montoro), presenciamos a lamentável sequência de barbaridades no Twitter e a escalada oficial do preconceito em plena mídia de informação.
O mais recente (e triste) exemplo vem de Santa Catarina. No jornal da RBS, retransmissora da TV Globo no Sul do país, o comentarista Luiz Carlos Prates afirmou, sobre a alta incidência de mortes nas estradas no feriadão que se estendeu até segunda-feira (grifos nossos): "Antes de mais nada, a popularização do automóvel. Hoje, qualquer miserável tem um carro. O sujeito jamais leu um livro, mora apertado numa gaiola que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade vida, mas tem um carro na garagem".
Depois de dizer que o tal "miserável" ainda tem problemas matrimoniais e por isso desconta suas frustrações abusando da velocidade no trânsito, o comentarista volta à carga: "Popularização do automóvel, resultado deste governo espúrio, que popularizou pelo crédito fácil o carro para quem nunca tinha lido um livro. É isso".
Ou seja, o Lula é culpado por ter distribuído renda e dado o direito ao consumo e ao lazer aos "miseráveis analfabetos", culpados por todo e qualquer acidente de automóvel. Pelo o que dá a entender, os ricos, esses iluminados, nunca morrem nem matam ninguém no trânsito. Será?
Parabéns, José Serra. Colha com prazer o que você semeou:
Ps.: É sintomático que os lamentáveis comentários tenham vindo de Santa Catarina, estado que, a exemplo de São Paulo ("dos paulistas"), de Minas Gerais e do Paraná, também elegeu governador do PSDB. Vejam aí mais um exemplo da xenofobia que a campanha repulsiva dos tucanos fez emergir:
Só complementando:
É isso o que eu vou fazer com quem topar fazer uma reconstituição do lance, eu no papel do Gil e o desafiante no papel de Ronaldo. Vou até fechar o olho para ser mais verossímil.