Destaques

terça-feira, abril 06, 2010

Subindo e descendo ladeiras

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Como faz mais de 15 dias que o Futepoca falou pela última vez sobre as divisões inferiores do futebol paulista, segue aí um apanhado do que vem rolando nas Séries A2 e A3.


Série A2
O segundo nível do futebol bandeirante está em sua fase semifinal. Agora, são oito times divididos em dois grupos. As equipes jogam entre si dentro das chaves, em turno e returno, e primeiro e segundo de cada grupo irá à A1 em 2011.

No Grupo 2 estão São José, Guaratinguetá, Noroeste e União São João; o 3 tem Pão de Açúcar, São Bernardo, Linense e União Barbarense (antes que alguém pergunte "e o grupo 1?", esclareço que "grupo 1" foi o nome dado ao conjunto de todas as equipes na primeira fase).

O favoritismo ao acesso, em tese, vai para União São João, Linense, Pão de Açúcar e Noroeste, os quatro melhores colocados na primeira fase. Mas é difícil prever. O União mostrou fama de cavalo paraguaio em anos anteriores, quando também arrebentou no início e pipocou na hora de subir de divisão.

As semifinais terminam em 2 de maio.

Na ponta de baixo da tabela, o Guarani escapou. O alviverde campineiro, que jogará a elite do Brasileirão, finalizou sua participação na A2 em 14º lugar, com 23 pontos, seis acima da zona do rebaixamento. Caíram Osvaldo Cruz, Taquaritinga, Flamengo de Guarulhos e Grêmio Osasco. Duro golpe no futebol metropolitano.

Série A3
Lembram da Portuguesa Santista, que até 2006 estava na primeira divisão do Campeonato Paulista, incomodando os times grandes? Pois é. A Briosa está virtualmente rebaixada para a quarta divisão estadual (chamada de "Segunda Divisão" pela FPF).

Falta uma rodada para o término da primeira fase da A3. Para a Santista escapar do rebaixamento, precisa vencer, em casa, o Força e torcer para que dois entre Batatais, Itapirense e Sport Barueri percam. É pauleira.

Falando em Barueri, o time novo da cidade de Rubens Furlan pode iniciar sua história já com uma queda. Entre os três a quem a Portuguesa Santista precisa secar, o Barueri é quem tem o duelo mais difícil - contra a Francana, fora de casa.

Olímpia e o folclórico Bandeirante de Birigui já estão rebaixados.

Em contrapartida, falando de quem quer ter maiores horizontes a partir do ano que vem: Red Bull, Comercial, Ferroviária, XV de Jaú, Palmeiras B e XV de Piracicaba já estão classificados para as semifinais (que terão formato igual às da A2).

Toda essa cambada de times tem chance de ficar entre os oito e, portanto, ainda sonhar com o acesso: Penapolense, Lemense, Juventus, Atlético Araçatuba, Francana e Taubaté.

92% dos jornalistas aprovam governo Lula. Será?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois da pesquisa suspeita da Datafolha, que distanciou Dilma Rousseff quase dez pontos do José Serra (curiosamente, às vésperas do tucano deixar o governo de São Paulo para disputar a presidência da República), outro resultado nos surpreende agora, no início de abril. Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), realizada durante três semanas no mês de janeiro, 92% dos profissionais de imprensa do país aprovam o governo Lula. O estudo, intitulado "A cabeça do jornalista: opiniões e valores políticos dos jornalistas no Brasil", ouviu 212 jornalistas de 70 veículos, distribuídos em 42 municípios de 22 estados, mais o Distrito Federal.

A iniciativa dos pesquisadores Daniel Marcelino, Lúcio Rennó, Ricardo Mendes e Wladimir Gramacho apontou que 44% dos jornalistas consideram o governo Lula regular, 40% bom, 8% muito bom, 4% ruim e 3% muito ruim (o 1% que fica faltando deduz-se que seja dos que não sabem ou não quiseram responder). Entre os 212 profissionais ouvidos, a cobertura jornalística do governo tem sido adequadamente crítica para 46%, muito crítica para 35% e pouco crítica para 19%. A distribuição dos veículos de imprensa por setor foi: 69,3% de jornais impressos, 10,4% de TVs, 9,9% de rádio, 6,6% de internet e 3,8% de revistas.

Relevante é a conclusão dos pesquisadores de que "essa avaliação revela que prevalece uma visão pouco crítica por parte dos jornalistas sobre a atuação dos meios de comunicação no Brasil, principalmente sobre vieses ideológicos e erros nas coberturas". E pondera ainda que "o único senão é a visão preponderante de que o processo de influência sobre o conteúdo da cobertura é excessivamente centralizado em donos de empresas e diretores e editores de redação, reduzindo o número dos que participam no processo decisório sobre a pauta e conteúdo das reportagens".

"Também é interessante perceber que há uma ampla visão de que anunciantes e políticos são muito influentes nas decisões internas dos meios de comunicação", assinala o trabalho acadêmico. Sobre o posicionamento ideológico dos jornalistas entrevistados, 52% deles se declaram de esquerda ou centro-esquerda. Apenas 12% se dizem de direita, e 23% se posicionam como de centro. Dos entrevistados, 13% não conseguiram ou preferiram não se posicionar. Devem ser os tucanos enrustidos.

Edison Lobão relata pré-sal à lá Didi Mocó

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA) renunciou ao cargo na semana passada. Parte do lote de demissões de olho no prazo limite da desincompatibilização de mandatos de primeito escalão do Executivo, o maranhanse reassumiu seu posto no Senado. Aliás, é para lá que ele pretende ser reconduzido pelo eleitorado em outubro.

Foto: José Cruz/ABr

Quando era ministro, além de ser protagonista das explicações sobre o blecaute (apagão) de 10 de novembro, ele também teve participação na formulação do marco regulatório do pré-sal. Eram quatro projetos de lei entregues ao Congresso Nacional. Aprovados na Câmara, os textos rumaram com alterações – poucas segundo alguns, erradas para outros – para o Senado.

Chegando lá, um dos projetos, o do Fundo Social, encontra quem para a função de relator? Edison Lobão, sempre ele. Garibaldi Alves (PMDB-RN) é sacado da vaga para a entrada do ex-ministro.

Ele ajudou a redigir o texto do Executivo e agora relata a matéria em uma das casas do Legislativo. É bem verdade que, depois da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde Lobão pega a criança (no mais metafórico e bom sentido que o leitor puder encontrar), o texto vai para outras comissões.

É como se ele tivesse lançado a bola em profundidade para a Câmara dos Deputados que, não se sabe se com ou sem intenção, devolveu bola, a meia altura, pronta para o sem-pulo, de primeira.

Comentando a comparação com o também jornalista João Peres, ele foi bem mais preciso na analogia. Seguindo os passos de Didi Mocó, ele bateu o escanteio, correu para a área e cabeceou para marcar.



Em Os Trapalhões e o Rei do Futebol, Didi interpreta Cardeal, roupeiro do Independência Futebol Clube. Por conta de umas questões paralelas, ele é escalado para jogar no time. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, vive o jogador Nascimento, e está debaixo das traves no momento do gol antológico para a história do cinema brasileiro.

O detalhe é que, após bater o escanteio, a regra da Board, órgão da Fifa que define as regras do jogo, Didi não poderia tocar novamente na bola. Mas a licença poética do filme deve ser respeitada.

No caso de Lobão, nenhum impedimento consta no regimento do Senado, mas é questionável a opção. Mas foi inevitável para mim a comparação.

Seu Bilão e o caixão cravejado de tampinhas de cerveja

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A sugestão foi da leitura Neide.

Deu no obtuário da Folha de S.Paulo, no Cosmo e em outras páginas. a história de Abílio Dias dos Santos, o Bilão, de Mogi Guaçu, a 166 km da capital paulista. Ele ficou conhecido por ter fabricado um caixão de tampinhas de cerveja consumidas gole a gole, a custa de noites mal dormidas por 21 anos e, é claro, da deterioração de seu fígado, este órgão bendito.

Foto: Reprodução

Na véspera do dia 1º de abril, depois de 13 dias internado na Santa Casa da cidade, o feirante aposentado, ex-industriário e membro da guarda civil de Mogi não resistiu. Corintiano fanático, o ébrio contumaz pôde estreiar definitivamente seu leito eterno cravejado de 2,5 mil tampinhas. Antes, ele treinava e passeava com o caixão pela cidade.

A morte foi provocada por complicações de uma cirrose hepática. No velório, mil pessoas compareceram para conferir o caixão. Segundo um dos três filhos do aposentado, Salustiano Dias dos Santos, o Salú, de 27 anos, depois de 15 anos de acúmulo de tampinhas é que foi revelada a intenção de seu Bilão.

Foto: Reprodução
Ele dizia que era promessa e que teria de ser as cervejas bebidas por ele sozinho, sem ajuda de ninguém. Tarefa inglória, que ele realizou ardorosamente e sem pestanejar. Quando tomava com os amigos, não entrava para a lista. E nem é preciso dizer que o fermentado de cevada e cereais não-maltados não era a única opção etílica enfrentada pelo fígado de seu Bilão. No mínimo, ele também tomava Cinar, como revela a foto.

Para se certificar de que não teria sua vontade desrespeitada por incompreensão, registrou o desejo em cartório pagando uma fortuna de R$ 1.600 em 1994. “A cirrose foi gerada pela bebida e até neste aspecto foi cumprida a vontade do meu pai, que, direta ou indiretamente, morreu de tanto beber”, analisa o filho.

"Respeitamos a vontade dele o tempo todo, embora muitas vezes tenhamos achado tudo aquilo muito esquisito. Mas fazer o quê? Ele se sentia feliz", destaca Salú. Há quem diga que seu último desejo, porém, não tenha sido atendido pelos familiares. A encomenda era de uma churrascada com cerveja. Mas a família sabe que fez o que lhe cabia.

segunda-feira, abril 05, 2010

Goleada dá esperança, mas Ceni vacila de novo

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Por Moriti Neto



Não vi o jogo todo. Só acompanhei lances de São Paulo e Botafogo de Ribeirão Preto, disputado ontem, no Morumbi, pelo Paulista. Porém, pude reparar em alguns detalhes que merecem destaque.

São cinco os itens que me permito ressaltar. O espírito mais coletivo, em comparação à média mostrada em 2010, dos jogadores são-paulinos, especialmente no segundo tempo. A maior agressividade de Hernanes, que chegou à frente com mais constância e fez dois belos gols, aliás, coisa que o meio campista ainda não havia conseguido com a camisa do Tricolor. Leveza e bom toque de bola no setor de criação, com a entrada de Marlos, que realizou ótima partida, marcando o tento de abertura, puxando contra-ataques e dando ótimas assistências. E, finalmente, uma goleada, o melhor placar conquistado pela equipe no ano. Cinco chances anotadas e outras tantas criadas (lembrando que o Botinha deu trabalho para a maioria dos adversários na competição, empatando com Corinthians e Palmeiras e ganhando da Lusa, por exemplo).

Dá pra sair comemorando e dizendo que o time encontrou o caminho, que o bom futebol deu o ar da graça no Morumbi? Não. Contudo, considerando a escassez de gols e o baixo nível nas apresentações recentes, é possível respirar um pouco de esperança que, quem sabe, se torne confiança. Isso, a depender do desempenho nos próximos jogos. Bem, mas e o quinto item? Situação à parte. Tratamento idem.

Sequência de vacilos

Não dá pra deixar passar mais uma vacilada recente de Rogério Ceni. E, desta vez, não foi embaixo das traves. Aos 13 minutos, Dagoberto sofreu pênalti. Como de costume, o goleiro se apresentou para cobrar. Ele chutou e perdeu a décima primeira penalidade da carreira. Até aí, normal para alguém que é titular do São Paulo há 14 anos e marcou 89 vezes. O problema é que o arqueiro utilizou a paradinha, expediente que tanto criticou quando tomou o gol de Neymar, no clássico entre São Paulo e Santos. Enfim, Capitão, cadê a coerência?

'Vamos à praia tomar 20 caipirinhas cada um'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Não sei qual emissora de televisão ou programa era esse, mas deve ter acontecido há mais ou menos 12 anos, logo após o acidente de ultraleve que o ex-piloto Emerson Fittipaldi sofreu no interior de São Paulo, junto com o filho mais novo Luca, com os dois escapando milagrosamente. O grande amigo George Harrison, padrinho de seu filho Jason, aparece fazendo uma paródia de "Here comes the sun", um dos sucessos do guitarrista no tempo dos Beatles. Harrison trata Fittipaldi pelo apelido Emmo, deseja melhoras e diz que todos da família estão com saudades do brasileiro. E, manguaça que era, convida: "So let's go to the beach, drink twenty 'caiparinas' each", algo como "Então vamos para a praia, beber vinte caipirinhas cada um". E prometia: "Da próxima vez que sairmos de férias, vamos tomar um monte de caipirinhas e nos divertir muito". De fato, nosso produto nacional conquistou um beatle.

Timão vence, mas classificação depende do ABC Paulista

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Em um jogo mais sofrido do que necessário, o Corinthians venceu o Ituano por 2 a 0 e manteve as esperanças de conquistar uma vaga para as semifinais do Paulistão 2010. Agora, o Timão precisa vencer o Rio Claro no Pacaembu, o que é obrigação, e torcer para que São Paulo ou Grêmio Prudente não vença seu adversário na rodada final – respectivamente, Santo André e São Caetano.

O Corinthians começou meio devagar e deu boas chances aos donos da casa, defendidas pelo golerio Rafael. Depois disso, controlou o jogo praticamente o tempo todo e teve boas chances de abrir o placar bem antes do gol de Jucilei, já no fim. Jorge Henrique, Moacir, Chicão e Ronaldo perderam gol, seja pelas boas defesas do goleiro do time de Itu.

Durante a segunda etapa, Moacir se machucou e Mano mudou o jeito da equipe, colocando Iarley, Defederico e Tcheco em campo e deslocando Jucilei para a lateral. Jorge Henrique recuou para ajudar a armação. A pressão funcionou e saíram os dois gols, um de Jucilei com passe de cabeça de Iarley e outro de Ronaldo, em presentaço dado por Tcheco.



A volta do argentino me fez imaginar um time com ele na meia direita, Danilo na esquerda, Dentinho como segundo atacante mais perto de Ronaldo, e Elias de volta como segundo volante. Talvez tivesse mais proximidade do meio com o ataque, o que me parece ser um dos problemas do time. Mas sei lá se funcionaria.

O destaque do time novamente foi Roberto Carlos. Está jogando muito. Quatro chutaços de fora da área levaram a belas defesa do inspirado Éder.

Agora, resta ao Corinthians fazer sua parte e ganhar do Rio Claro. Mas, sinceramente, acho difícil que São Paulo e Prudente deixem escapar a vaga frente aos dois times do ABC paulista. O Tricolor pega o Santo André classificado e pouco interessado – sem contar o fator camisa, que pesa muito em decisões. E o Prudente joga em casa com o Azulão, que só faz figuração, estando tão longe do rebaixamento quanto da classificação.

Planejamento...

O presidente do Corinthians Andres Sanches deu delcarações após o jogo falando do planejamento do time, que segundo ele, visa só até depois da Libertadores. Terminado o torneio continental, o mandatário acha difícil manter o elenco e crê que o time deve perder "de dois a quatro jogadores", sendo os mais assediados Dentinho, Elias, Jucilei e Ralph, e que a diretoria já estaria buscando peças de reposição.

Bom, há várias formas de se avaliar a declaração. Primeiro, podemos questionar o tal do planejamento em si. Estaremos então fadados a desempenhos medíocres no Brasileirão? Faz sentido vender jogadores já adaptados e contratar outro mais caros? Não parece ser a melhor opção - avaliação feita sem olhar as contas do clube, claro.

Por outro lado, podemos até dizer que é interessante o presidente adiantar o tal do planejamento para a torcida já se preparar, podemos chamar isso de transparência. Mas, como disse o companheiro Edu Maretti, do Fatos etc, era esse o momento para essas declarações? Pode afetar o desempenho dos caras e, com certeza, diminui o entusiasmo da torcida. Enfim, preferia Sanches quieto nessa.

Da maconha para o high society

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Triste fim de Policarpo Quaresma

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Hilário, pra dizer o mínimo, o texto de Dora Kramer no Estadão de hoje. Depois que o jornal deu um passa-moleque em José Serra, chamando-o de "candidato clandestino" em pleno editorial, a "jornalista" faz hoje um "desagravo" ao coitadinho do Fernando Henrique Cardoso, que foi proibido de aparecer no lançamento da candidatura presidencial do PSDB. Sob o título "Gente insolente" (sério, ela escreveu isso mesmo!), Dora reclama que "o tucanatinho acha que ele não fica bem na fotografia do vigoroso partido onde vicejam próceres cuja capacidade de distinguir credibilidade de popularidade é nenhuma". E prossegue, indignada: "Sabe o cunhado que vive dando vexame? Pois é. Os tucanos agora resolveram tratar Fernando Henrique nessa base. Segundo eles, 'pesquisas internas' indicam que FH não é benquisto pelo eleitorado. Atrapalha quando fala" (a mais pura verdade). Injuriada com o tratamento que o sociólogo recebe hoje, Dora Kramer chega a xingar no melhor estilo "bobo, feio e cara de mamão": "Esse pessoal lê umas pesquisas, ou vê um boboca de um analista, se assusta com os arreganhos de meia dúzia de adversários e acha que is só os autoriza a jogar no lixo o respeito devido a quem permitiu que o partido iniciasse sua trajetória de vida pela rampa do Palácio do Planalto". E ainda faz uma comparação absurda com o PT, que nunca quis esconder o Lula (mas por que catzo deveria???), e dá outro puxão de orelha no ex-governador paulista. "Se é sobre esse tipo de caráter que o candidato José Serra falou quando se referiu a brio, índole e solidariedade em seu discurso de despedida do governo de São Paulo, há incoerência no conceito".

Mas o curioso é que, no mesmo dia em que Dora nos empurra esse amontoado de patacoadas, Emir Sader publica na Carta Maior o artigo "O Farol acha que você não tem memória". E vai direto ao assunto: "Triste figura a do FHC. Rejeitado por seus correligionários, considerado como alavanca para a oposição pela rejeição que sofre do povo brasileiro, funciona como clown, como personagem folclórica, lembrança de um passado que o governo luta para terminar de superar e a oposição para tentar esquecer e apagar da recordação dos brasileiros. Escondido pelos seus, repudiado pelos seus adversários, enterrado em vida pelos seus, tomado como anti-exemplo por seus adversários". Não contente, Sader faz questão de dar um recado às "viúvas" como Dora e de jogar a pá de cal no ex-presidente tucano: "Agora FHC tenta novo brilhareco, contra a opinião dos seus correligionários (nas palavras de uma de suas tantas viúvas nas imprensa, tratado como genro que a família quer esconder, porque só comete gafes, que favorecem o inimigo), francamente na onda anticomunista. Já tinha apelado para o 'sub-peronismo', para a denúncia do papel dos sindicatos no governo, agora ataca o desenvolvimento da China. Prefere seu neoliberalismo dos Jardins, aquele que quebrou o país três vezes no seu governo, que levou a taxa de juros – que seu candidato considera que hoje é alta, – a 48%, sem que este tenha protestado. Que fez o Brasil entrar em uma profunda e prolongada crise, de que só saiu no governo Lula". E ponto final. De fato, triste esse fim de Fernando Henrique, o neobobo de Higienópolis. E que papelão, hein, Dora Kramer! Faça o favor...

Orelhadas de bar (2)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Pontal do Maceió, litoral cearense, sábado de aleluia. Na mesa ao lado, cinco mulheres de meia idade bebem (muita) cerveja e conversam animadamente.

- Ela disse que ia fazer um macarrão e que podia levar meus amigos, se quisesse. Eu levei doze pessoas.

- A gente acabou com toda a comida da casa.

- O que eu não gosto de Carnaval é isso, essa gente toda. Tem que ter o espírito da brincadeira, senão vira bagunça.


Desce um menino do morro, correndo, e atrás dele segue uma vaca, chacoalhando o sino no pescoço. A Dona Biteca começa a picar o coentro pra temperar a peixada. O sol bate forte nas pedras do mar.

- Red Bull acaba com a vida de uma mulher. Eu acordei três da manhã, provocando. Quase morri.

- Eu gosto de Campari. Com pedaços de pêssego.

- Ontem eu fiquei bêba que só a peste. E quando fui pegar o mototáxi o homem tava mais bêbo que eu.

- O Ari? Aquilo é um pudim de cana!

- Eu conheço a tia dele. Ela é benzedeira. Você sarou daquela coruba nas costas?

- Sarei na cachaça! Secou tudo!


Chega o prato de camarões e dois caranguejos cozidos. A cerveja esquenta muito rápido. Meus óculos estão cheios de sal. As mulheres dão gargalhadas. São felizes. Ao menos neste momento.

sábado, abril 03, 2010

Tipos de cerveja 47 - As Abbey Tripel

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A expressão Tripel ou Triple refere-se a uma parte do processo de fabricação da cerveja no qual o mestre cervejeiro utiliza, aproximadamente, três vezes mais malte do que uma cerveja trapista "simples". Tradicionalmente, vão do amarelo claro ao dourado, isto é, ligeiramente mais escuras do que uma pilsner. A espuma tende a ser densa e cremosa e o volume de álcool oscila entre 8 e 12%. O aroma e o sabor são complexos, com forte presença de frutos, especiarias e álcool. "Têm um caráter ligeiramente adocicado que lhes é dado não só pelo álcool, como também pela adição de pequenas quantidades de açúcar. Apesar disso, são cervejas muito bem equilibradas devido ao uso criterioso de lúpulo e de fermento", comenta Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "Este é um estilo que aprecio particularmente, até mesmo quando comparado com as Dubbels. Todavia, não nos devemos esquecer que estamos na presença de uma bebida que pode ter 12% de volume alcoólico, pelo que se aconselha alguma moderação", adverte. Para experimentar, Aquino inica a Tripel Karmeliet, a De Dolle Dulle Teve 10º (Mad Bitch) e a St. Feuillien Triple (foto).

sexta-feira, abril 02, 2010

Corinthians perto da classificação na Libertadores

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Está definido o time titular do Corinthians: Felipe; Moacir, Chicão, William e Roberto Carlos; Ralph, Jucilei, Elias e Danilo; Dentinho e Ronaldo. Foi com essa escalação que ganhamos do São Paulo no domingo e do Cerro Porteño nesta quinta-feira, no Pacaembu.

O time tem suas virtudes. É um meio-campo muito pegador e que sabe tocar bem a bola. Danilo na meia-esquerda cumpre o papel de cadenciar o jogo, Elias se infiltra pelo meio e Jucilei fica de segundo volante, mas com alguma liberdade para atacar.



Ontem, essa característica de pegada foi a que mais se viu. Jogo muito marcado no meio, com o time paraguaio chegando junto. Ganhamos o setor e por ali construímos a vitória. O que falta é criatividade. O jogo é sólido, mas não se veem jogadas ofensivas mais inspiradas. Talvez falte mesmo é Ronaldo jogar alguma coisa – está devendo muito, mesmo com o gol.

Bom, de qualquer jeito, são 10 pontos em 12 disputados na Libertadores. Ganhando do Racing, em Montevidéu, no dia 14, fica garantida a classificação - mas o empate não chega a ser mau resultado. Vencendo também o Independiente de Medellín em São Paulo, dia 22, ficamos também com o primeiro lugar geral da primeira fase, e com as vantagens que isso representa.

'Coluna do meio é opção'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Mesmo para quem entende de futebol, opinar sobre o possível resultado de Uberaba x Vila Nova é uma coisa complexa...

Som na caixa, manguaça! - Volume 52

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

COISAS DA VIDA
(Benito Di Paula)

Benito Di Paula

Olha, que a vida é essa, eu sentado sozinho
E pensando, o que pensa essa gente
Que olha e desolha
É palavra cruzada
Eu decifro, e repasso
E no passo eu já vou

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É a feira acabada, é a festa no fim
É o copo, cheirando a bebida
Quem foi que bebeu
Que caiu por aqui
E chorou, e dormiu
E no sono partiu

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o menino que chega na escola chorando
E confessa por quê que apanhou
Na noite passada, ele ouviu dizer "Eu já vou!"
Respondeu, sem saber, respondeu

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o carro do ano, é a nave que acopla
É a crise, o petróleo, a geada, o café
É a viola cansada
É meu samba já todo enfeitado, dizendo "Eu já vou!"

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o livro já lido, futebol consumido
É Pelé, que se foi, ninguém disse "Ele vem"
Essa grana refresca qualquer cuca quente
Eu também vou cantar, é com esse que eu vou!

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o meu paraíso, é Adão enfeitado
É a Eva sorrindo, o desejo, o pecado
Mas nem sempre é azul
A amor que se faz
Quem não fez, não faz mais
Eu não fico pra trás

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o jornal atrasado, é o charuto fumado
É o classificado, é o crucificado
É a prece, é a chama, é a minha oração
Na igreja de portas abertas!

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

Eu também quero ir, eu também quero ir,
Ah, eu também ...

(Do LP "Benito Di Paula e seus amigos", Copacabana, 1975)

quinta-feira, abril 01, 2010

Esse eu vou contratar para o meu velório!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Sensacional: um padre bêbado deu um vexame antológico durante um velório em Toulouse, na França. "O padre cambaleava e disseram a ele que não podia trabalhar em tais condições. Então, voltou ao seu automóvel. Como foi impedido de dirigir, saiu correndo e caiu. Um amigo de meu sobrinho quis ajudá-lo a se levantar, e o padre deu um soco na cara dele", afirmou Gerar Tillier, irmão da morta. "Um padre que bate em seus paroquianos é algo nunca visto, e que apareça bêbado, melhor nem falar", emendou Tillier, escandalizado. A família chamou as autoridades, que prenderam o manguaça, de 46 anos, nascido em Burkina Fasso, na África. Pra piorar a emenda e o soneto, o arcebispo de Toulouse, Robert Le Gall, soltou o seguinte "comunicado oficial" nesta quinta-feira: "O padre Bonaventure, apesar de ser respeitado e apreciado nas paróquias de Muret, se apresentou para um funeral em um estado incompatível com esse trabalho. Mais uma vez apresento minhas desculpas à família". Épico, simplesmente épico. Me lembrou um amigo de meu ex-sogro, que também tomou todas antes de ir a um velório lá em Fortaleza e, logo ao chegar, acendeu o cigarro em uma das velas ao lado do morto.

Neocompanheiros de primeira hora

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Duas notícias de fontes bem diferentes desta quinta-feira, 1º de abril, são muito curiosas. Se alguém me contasse sem os links, eu acusaria o dia da mentira na hora. Primeiro:

Foto: Masao Goto Filho/CNI

Do Visão Oeste: “Possibilidade de ser vice de Mercadante nunca existiu”, diz Skaf
A entrevista com Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) ia conforme manda o protocolo. Lá pelas tantas, Leandro Conceição pergunta o que o Brasil – ou pelo menos eu – queria:

Por que o PSB? O senhor se define como um empresário socialista?
Skaf - O PSB é um excelente partido, de pessoas honestas, limpo e um empresário moderno, uma empresa moderna, são um bom exemplo de socialismo. Veja que a preocupação com a educação, a formação profissional, em dar condições de igualdade para as crianças desde muito cedo [no Sesi e no Senai]. Tudo isso tem a ver com a modernidade e uma visão socialista, sem dúvida. Temos que pensar no momento que estamos, não estamos em 1930. (grifos ébrios nossos)
Então a "empresa moderna" é socialista? E ser socialista é bom para o Skaf? é o primeiro neocompanheiro identificado neste 1º de abril.

Foto: Reprodução R7
Do R7, da Record: Mentir em economia se aproxima do crime. A matéria critica o "economês" – chavões e contas que os diplomados em ciências contábeis e economia usam – para formar uma matéria. Se fosse livro do Luis Fernando Veríssimo, o título seria "Mentiras que os economistas contam". Mas a coisa melhora.

Um infográfico refresca a memória das mentiras em questão.

Bernardo Maddof, acusado por fraudes de US$ 500 bilhões, o Caso Enron e o Plano Collor eram previsíveis em qualquer lista do gênero. Mas de repente:

Grandes mentiras da economia
  • Autorregulamentação do mercado
    Conceito que tem sua base na ideia de um "equilíbrio natural" dos mercados; para isso, seria preciso reduzir a interferência do governo a um mínimo e deixar que o mercado, e as próprias instituições financeiras, zelem por seu funcionamento.
  • Pontocom
    (...) Uma febre apareceu: multiplicaram-se as empresas de tecnologia. Ninguém sabia, no entanto, se dariam lucro. A farra durou até 2001, quando a "bolha" estourou.
  • "Desta vez é diferente"
    Lema de quem se deixa levar porprocessos de especulação, conhecido também como "movimento de manada", quando quem tem dinheiro para investir segue a maioria (...) A cada vez que uma bolha surge, esse lema ocupa a mente dos investidores, que acreditam nas avaliações positivas dos analistas e ficam cegos para o risco de perder tudo.
  • Consenso de Washington
    Conceito surgido nos anos 80, entre o FMI, o Banco Mundial e o governo dos EUA, abseado em três pilares: redução de gastos públicos (que costuma afetar duramente programas sociais); privatização (venda de empresas públicas, para reduzir o tamanho do governo); e liberalização (ou desregulamentação) de mercado (...). Essa receita caiu em descrédito depois, por exemplo, de seu fracasso na Argentina – que chegou a ser conhecida como "aluna modelo" do FMI.
  • Classificação de Risco
    Nota de risco – ou "rating" – é uam avaliação feita por agências de classificação de risco, que analisam a capacidade de uma empresa ou país honrarem seus compromissos (...). As agências que fazem essa análise, segundo os críticos, falharam em avaliar corretametne o risco de aplicações financeiras que jogaram a economia mundial na crise.

Recapitulando: Autorregulamentação do mercado, Consenso de Washington, Classificação de Risco e a possibilidade de o capitalismo não ter crises profundas de tempos em tempos são, todas, mentiras. O material não é editorializado, mas assinado por Vinicius Albuquerque. Uma análise assim não é comumente vista em outros veículos de um grupo de mídia grande. Caberia em publicações alternativas, de esquerda e tal.

Assim, ao ver o infográfico, identifiquei outro neocompanheiro neste 1º de abril: os empresários da Record e, por extensão, a Igreja Universal do Reino de Deus. Tudo bem que boa parte da bancada evangélica integra a base do governo no Congresso Nacional, mas jamais de modo tão programático.

Empresário companheiro e companheiro pastor. Aprendi mais essa.

O cerco é por etapas. Mas constante

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois da proibição do cigarro no bar e da possibilidade de sermos obrigados a desembolsar 20% do valor da conta para o garçom, mais uma medida anti-manguaça na cidade de São Paulo: a Câmara Municipal começou a debater um projeto que reduz de 1h para meia-noite o limite para o fechamento dos bares sem isolamento acústico. "Quero fechar os botecos que ficam com mesas nas calçadas e atrapalham os moradores vizinhos", brada o autor do projeto, vereador Jooji Hato (PMDB). "A noite foi feita para dormir", acrescenta o político. Pô, se é assim, proibam os caminhões de lixo e as britadeiras da Comgás de me atrapalharem o sono de madrugada!

Pelo menos, dessa vez, alguém levantou a voz contra mais esse ataque moralista. Percival Maricato, diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), resumiu bem o cenário: "A sociedade está em um momento conservador (...) E alguns políticos aproveitam esse filão conservador, no embalo do anti-tabagismo e da lei seca, para tentar ganhar atenção com projetos contra os bares". Falou e disse. Quanto a nós, manguaças (ou "inconvenientes"), só nos resta a desobediência civil. Ou o anarquismo, como sugere o colega jornalista Paulo Gilani (na foto, à direita). "Temos que ter ações consistentes", comanda, sem revelar o que tem em mente. Alguém tem alguma outra estrategia para a resistência manguaça?

Quase definidas as oitavas da Copa do Brasil 2010

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A rodada desta quarta-feira, 31, da Copa do Brasil definiu quase todos os confrontos das oitavas de final da edição 2010 da competição. Todas as partidas foram precedidas por um minuto de silêncio em homenagem a Armando Nogueira.





Faltam apenas quatro times. O invicto Grêmio deve confirmar o favoritismo diante do Votoraty, já que venceu a partida de ida por 1 a 0. O Botafogo está na mesma condição ante o Santa Cruz. Enquanto o Atlético-PR só precisa de uma vitória simples sobre o Sampaio Correia-MA em Curitiba, o homônimo de Minas Gerais precisa reverter a derrota para o Chapecó, em Belo Horizonte.

Os destaques do dia foram o Goiás de Rafael Quatro-gols Moura e Jorginho, que bateu o São José-AP por 7 a 0, e o Vitória, que passou por 4 a 0 sobre o Náutico. As equipes goleadoras enfrentam-se na próxima fase.

O Coritiba, em preparação para disputar a série B, foi desclassificado pelo Avaí, em casa, por 1 a 0. E teve pênalti perdido.

O maior calor da rodada foi imposto pelo Asa de Arapiraca sobre o Vasco. Depois de empatar na partida de ida, a equipe cruzmaltina abriu o placar, sofreu a igualdade, mas depois conseguiu vencer por 3 a 1.

Outro aperto foi o da Portuguesa, que empatava com a Ponte Preta por 1 a 1 até os 46 minutos do segundo tempo. O uruguaio Gustavo Biscayzacu fez 2 a 1 e levou a Lusa para a próxima fase, quando enfrenta o Fluminense.

Além do tricolor carioca, apenas o Santos conseguiu eliminar a partida de volta. Enquanto o time das Laranjeiras passou pelo Uberaba por 2 a 0, o Peixe bateu o Remo por 4 a 0. Como a partir das oitavas acaba essa chance de classificação na primeira partida caso o visitante vença por mais de dois gols de diferença, poucos times vão sentir falta do recurso.

Outros classificados foram Ceará, Atlético-GO, Sport e Palmeiras.

Oitavas de final da Copa do Brasil 2010
Na distribuição dos jogos, está respeitada a ordem das chaves e atualizado com os mandos dos primeiros jogos (o time da coluna 2 decide em casa).

Corinthians-PR x Vasco
Vitória x Goiás

Botafogo ou Santa Cruz x Atlético-GO
Atlético-PR ou Sampaio Corrêa x Palmeiras

Portuguesa x Fluminense
Grêmio ou Votoraty x Avaí

Santos x Guarani
Atlético-MG ou Chapecó x Sport

A ordem dos confrontos deve ser definida por sorteio nesta quinta-feira, 1º, às 14h, antes das partidas que faltam. Passado os jogos que faltam, fica mais fácil de fazer apostas.

Palmeiras vence o Paysandu, mas ainda precisa melhorar

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Palmeiras venceu o Paysandu pela segunda fase da Copa do Brasil. Eliminado do campeonato Paulista, o Verdão tinha trazido um 2 a 1 de Belém e era favorito para seguir na competição.

Como atrasou a cerimônia de renúncia do governador de São Paulo José Serra (PSDB), ele não pôde comparecer ao Palestra Itália, evitando pôr a prova os atencedentes de pé-frio.



O gol foi de Robert, mas o melhor em campo foi Armero. O lateral-esquerdo foi à linha de fundo fazer o único passe certo da partida para garantir a cabeçada do camisa 20. Mas ele foi o símbolo da atuação da equipe, esforçada, mas ainda sem um refinamento necessário para tornar a vida mais fácil. Foram muitas chances de gol, mas chutes tortos, para fora. Muito contra-ataque na base do chutão, e poucos construídos com trocas de passes.

Diego Souza esteve melhor do que em partidas anteriores, mas ainda oscila momentos de disposição com outros que parecem displicência. Sem Cleiton Xavier nem Lincoln, contundidos, Ivo compôs o meio de campo, e o volante Márcio Araújo improvisado na direita. Time manco de uma lateral.

O estreante Bruno Paulo foi bem, com muita vontade, mas excessiva ambição de fazer gol logo na primeira partida. Com um pouquinho mais de passes na chegada à área adversária, quem sabe, as coisas melhoram para o lado alviverde?

O Paysandu tentou avançar depois de sofrer o gol, mas criou apenas duas jogadas de perigo. O time da casa aproveitou menos do que precisaria a abertura para contra-ataques.

Bora trabalhar, Antonio Carlos Zago.

Na próxima fase, o adversário é, provavelmente, o Atlético-PR, que enfrenta o Sampaio Corrêa em Curitiba. Na partida de ida, foi 1 a 1.

quarta-feira, março 31, 2010

Promotores contra Maluf

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O deputado federal e ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, não hesitou ao responder por que seu nome e sua foto foram parar na lista de procurados pela Interpol. É tudo retaliação ou até vingança por parte de procuradores de Justiça, preocupados com seu projeto de lei 265/2007. O texto prevê que um promotor que apresente denúncia temerária ao Judiciário seja responsabilizado criminalmente.

Foto: Reprodução

A apresentação da propositura é, por seu lado, uma resposta de Maluf aos processos judiciais movidos contra ele. Tudo artimanha de quem quer se promover, segundo sua peculiar visão de mundo.

Esse contexto envolvendo ainda a "Lei da Mordaça" ao Ministério Público, que é natural e essencialmente polêmica, deveria transformar o título do post no inverso. Algo como "Maluf contra promotores". Ou, no mínimo, levar um "vice-versa". Mas as coisas são curiosas.

O protesto e o release
Os procuradores são contrários ao projeto. Por isso, prometem um ato em 6 de abril em São Paulo na Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3). Até aí, tudo normal, desde 2009, entidades de promotores promovem campanhas nesse sentido.

Só que foi muito, mas muito curiosa a sequência de releases do evento que atingiram minha caixa de entrada. Ambos enviados pelo departamento de imprensa da PRR-3, um era correção do outro.

(Parênteses para quem, por graça divina ou bom senso mesmo, não é jornalista e não é bombardeado por avisos de pauta e divulgação para a mídia. Release é a redução de "press release", eventualmente traduzido pra lá de livremente como "comunicados de imprensa". É a forma mais comum de as assessorias de imprensa de empresas, governos, órgãos públicos, ONGs etc. avisarem os jornalistas sobre o que acreditam que os profissionais de comunicação precisam saber. Mais comum do que jornalista errar ao redigir uma reportagem é um release ter uma informação incorreta, o que demanda um novo envio da mensagem, com títulos que avisam "correção" em que se pede para "desconsiderar o anterior".)

O curioso é notar as diferenças. A começar pelo assunto:

Original:
PRR-3 sedia ato em SP contra “Lei da Mordaça” de Paulo Maluf

Corrigido:
Vale este - "PRR-3 sedia ato em SP contra 'Lei da Mordaça'"

A correção pega um pouco mais leve com o pai da matéria e não escancara o alvo da movimentação. Mais adiante, o juridiquês que parecia dar razão à "Lei do Maluf" cedeu vez.

Original:
Iniciativa do deputado federal Paulo Maluf, o projeto de lei prevê sanções aos autores de ações civis públicas, populares e de improbidade promovidas contra agentes públicos quando ajuizamento tiver sido temerário, de má-fé, para promoção pessoal ou por perseguição política. O projeto de lei atinge não apenas o Ministério Público, mas o cidadão ou associações que tiverem promovido, nas mesmas circunstâncias imprecisas e indeterminadas, ações populares e ações civis públicas. A mobilização visa mostrar à sociedade que o projeto de lei restringe independência do Ministério Público e o intimida a não cumprir, com autonomia, deveres previstos na Constituição.

Correção:
Iniciativa do deputado federal Paulo Maluf, o projeto de lei prevê a responsabilização pessoal dos autores de ações judiciais contra agentes políticos consideradas “temerárias”, de “má fé”, com a “finalidade de promoção pessoal” ou de “perseguição política”.

Na sequência, uma nova tentativa de ampliar o horizonte e tirar do "procurado" doutor Paulo o centro de tudo. Assim, consta da versão final:
O ato não é voltado apenas contra o ex-prefeito de São Paulo, réu em inúmeros processos movidos pelo MP de São Paulo e pelo MPF por sua gestão à frente do município e autor do projeto de lei, mas à Câmara Federal, que aprovou em sessão do dia 16 de março a urgência na apreciação do Projeto de Lei pelo plenário.
A "aliviada" com Maluf só fez explicitar o quanto o evento aproveita as polêmicas declarações de Maluf para se posicionar na discussão pública.

Foto: Reprodução

O debate é bom
Depois de toda essa digressão, vale registrar que o debate é bom. Na lista de quem acusa promotores federais ou estaduais de oportunismo está gente de todo tipo. O primeiro exemplo que me ocorre é o de Eduardo Jorge, ex-assessor especial do presidente Fernando Henrique Cardoso, réu em denúncia apresentada por Luiz Francisco Fernandes de Souza. Ele foi inocentado e processou Folha de S.Paulo, O Globo, Veja, Ciro Gomes e mais metade do mundo.

Luiz Francisco foi alvo de queixas de outras pessoas, incluindo o Opportunity de Daniel Dantas. Ele foi acusado de apresentar denúncia que teria sido redigida em um computador de Roberto Demarco, ex-sócio e atual desafeto do banqueiro, além de contar com ajuda de advogados da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Em sua defesa, o procurador alega que gostou da tipologia (fonte) do documento recebido dos advogados de Demarco. Abriu o arquivo, foi em Editar, Selecionar tudo e pressionou o delete, começando a redigir com a simpática fonte – isso ele me declarou em entrevista por telefone em 2008. Nenhuma pendência consta na corregedoria do Ministério Público Federal, mas Luiz Francisco mantém uma atuação bem discreta, se comparada ao estrelato alçado durante a década de 1990.

Neste ano, o tesoureiro do PT e ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários, João Vaccari Neto, critica José Carlos Blat, do Ministério Público Estadual de São Paulo. Blat corre atrás do inquérito sobre a cooperativa desde 2005 e, até hoje, não formalizou a denúncia à Justiça. Mas sempre que o tema volta, é entrevistado em reportagens em diversos veículos sobre o caso, declarando que a Bancoop é uma organização criminosa. Se é ou não, um juiz poderia avaliar, caso uma denúncia fosse concluída e apresentada.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Gente como Silvio Pereira (ex-PT, sem partido), José Serra (PSDB-SP), Yeda Crusius (PSDB-RS)  a Rede Record, além de Paulo Maluf e de metade dos advogados de defesa de pessoas acionadas por promotores, também já recorreram a disparar contra os acusadores. As queixas são de busca por projeção em cima de acusados "famosos" ou de irresponsabilidade.

Há casos como o de Fernando Capez, membro do MPE-SP que ganhou notoriedade ao mover ações contra torcidas organizadas em 1995, quando conseguiu decisão judicial que extinguia essas torcidas. Foi eleito deputado estadual pelo PSDB de São Paulo em 2006.

Em janeiro, Fernando Grella, procurador-geral de Justiça de São Paulo, em entrevista ao Estadão, em janeiro, declarou que "o ministério público está isolado", porque antes, o organismo "tinha apoio de alguns partidos políticos", mas hoje, nem tanto. Grella admite erros pontuais de promotores, e atribui a falhas no sistema processual "em termos de provas".

No caso de agrupamentos políticos, a denúncia do ministério público é como um gol: só é ruim quando é contra o patrimônio. Isso não quer dizer que eventualmente não haja erros e abusos.

Em artigo ao Jornal do Brasil, o jurista Dalmo Dallari tocou a questão, ao defender a independência do ministério público para cumprir seu papel constitucional. "No seu conjunto o desempenho do Ministério Público pode ser considerado altamente satisfatório", escreveu. "Têm ocorrido situações em que uma iniciativa do Ministério Público sugere a influência de fatores políticos, como se tem verificado em regiões nas quais os conflitos sociais são mais agudos, mas qualquer iniciativa de um órgão do Ministério Público está sujeita a um estrito controle de legalidade, podendo ser anuladas pelo Poder Judiciário aquelas que não tiverem embasamento em fatos concretos e não se enquadrem em alguma hipótese legal". Sua conclusão é de "veemente repúdio" à "lei Maluf".

Outras modalidades de mordaça impostas por lei, herdadas do período autoritário no Brasil (cujo colpe ocorreu há exatos 46 anos, em 31 de março de 1964) contra outros servidores vêm sendo extintas. Foi o caso das peças no estado e município de São Paulo. Nesse contexto, soa trágica a ideia de restrições por lei aos procuradores. O que não torna importante o debate sobre o papel da instituição.

No estádio em Istambul

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois de visitar estádios em Buenos Aires e Londres, eis que me vejo em um jogo de futebol numa cidade um pouco mais, digamos assim, exótica para futebolistas: Istambul. Viajei para a Turquia por conta do meu mestrado, mas claro que eu tinha que tentar ver um joguinho.

Eu fui mais escolhida pelo confronto entre Besiktas e Eskisehirspor do que o escolhi. Como não entendo uma palavrinha sequer de turco - ô língua difícil! - tive que pedir ajuda à pessoa mais próxima de mim nessa viagem, no caso o professor da universidade que nos acolheu em Istambul, Murat. Como torcedor do Besiktas, ele disse que poderia ir comigo ao jogo. Achei ótimo, pois sabe-se lá se tem mulher nos estádios turcos, e tal. Ir sozinha seria um pouco de aventura demais para mim... eu pensava. Enfim, nem cogitei a possibilidade de ir a outro jogo, e não sabia que no dia seguinte Fenerbahce e Galatasaray se enfrentariam. Perdi o clássico!

No dia do jogo, Murat teve um compromisso e não pôde ir. Quase desisti, mas uma amiga, Joanna, uma americana que até jogava futebol mas nunca tinha ido a um estádio, queria fazer um programa diferente e resolvemos arriscar. Como estávamos em pontos diferentes da cidade, combinamos de nos encontrar no estádio. Cheguei cedo, comprei os ingressos - ponto positivo, sempre tem alguém que fale inglês pra te ajudar, impressionante -, tudo dando certo. Inclusive avistei algumas mulheres na parte de fora do estádio, o que me deixou mais tranquila. Minha amiga demorou um pouco e perdemos o começo do jogo.

Quando entramos, por um segundo pensei: ai, eu não deveria estar aqui. A lotação do estádio era impressionante. Tinha um policial em um dos corredores dizendo "aqui não que já está cheio". Mas cheio é cheio mesmo. Imagino que a sensação seja algo do tipo Morumbi com 100 mil pessoas. Subimos mais um lance de escadas e ficamos espremidas em um dos corredores. Em todos os lances da arquibancada tinha duas fileiras de pessoas em pé. Eu via bem pouco do que se passava em campo. É uma sensação impressionante. Como o ingresso para aquela partida estava muito barato - o Murat havia me dito que o preço partia das 50 liras turcas (60 reais, mais ou menos), mas pagamos 20 liras - a lotação é até justificável. Mas que não é seguro, não é. Ou o time vendeu mais ingressos do que deveria ou as regras de lotação da federação turca não são rigorosas.

No vídeo, um pouco do clima do jogo


Bom, o jogo foi ruim, pra falar a verdade, mas emocionante. Quando chegamos, por causa do atraso, a partida já estava 2 a 1 para os visitantes. O Besiktas jogava mal demais, não conseguia atacar e o goleiro quase entrega um lance patético - por algum motivo ele resolveu dar combate como se fosse um zagueiro, fora da área. Quase entrega o terceiro gol - ridículo. Nisso já tinha colado um turco que fala inglês do nosso lado, explicando que o goleiro Rüştü Reçber estava muito velho e tinha que se aposentar. A idade? Quase 37. Me pareceu que esse goleiro não é tão ídolo quanto Marcos e Rogério, os que falham mas continuam com crédito.

No segundo tempo, o jogo continuou chato. Joanna me diz que parece que não está acontecendo nada. Disse que futebol é bem chato a maior parte do tempo. Exagerei de propósito, mas de fato, quando não é nosso próprio time, tem jogo que é dureza de aguentar. Enfim, poucas chances para o Besiktas, e agora nenhuma para o adversário, encurralado na defesa. Até que ele, o ex-corinthiano Bobô, apareceu e fez o gol de empate, de cabeça, aos 15 minutos. O estádio explodiu. Na verdade não sei se a reação foi assim tão eufórica, mas tanta gente junta sempre provoca uma reação intensa. Tanto que tive que me segurar na minha amiga pra não cair, já que um torcedor cedeu o lugar dele em cima da cadeirinha por pena da minha altura, e se manter em pé na cadeirinha não é mole.

Mas isso era só a preparação para o que estava por vir.

A torcida acordou e passou a cantar seus hinos, a pular, a xingar a torcida adversária, que até então estava dominando, apesar de serem bem poucos e estarem confinados num curralzinho atrás de um dos gols. Aliás, a Joanna me perguntou o motivo da separação. Bom, na verdade eu nem tive que responder.

Aos 28 minutos, Holosko fez o gol da virada do Besiktas. Não me perguntem como foi a jogada. Eu até lembro que foi uma bola bem trabalhada, mas a cotovelada que eu levei na comemoração fez minha atenção mudar de foco. É, rapaz, eu disse que não era seguro. Eu já estive no Morumbi lotado algumas vezes e nunca tinha passado por algo parecido. Levei a pancada na cabeça, me desequilibrei e caí no degrau da frente. Caí em pé, tudo bem, mas no caminho ainda dobrei uma das unhas pra cima, deu aquela descolada da carne. Putz, doeu. OK, está tudo bem, não foi nada grave, mas eu não consigo nem imaginar um princípio de tumulto naquele lugar.

Logo em seguida resolvemos ir embora, para evitar a multidão da saída. Corremos para pegar o barco que nos levaria para perto do albergue. Aliás, uma parte considerável do transporte coletivo de Istambul é feito por balsas, adorei.

Pontos curiosos a destacar: a pronúncia do nome do time. Eles falam Bexictaxxxxxx, uma coisa assim meio Xou da Xuxa. E o estranho caso do "desparecimento" das torcedoras. Elas existiam fora do estádio, mas não vi NENHUMA lá dentro. Acabamos virando atração turística, um cara até tentou disfarçar e tirar uma foto da gente com o celular, tipo assim "não falei que tinham duas gringas no estádio? Tá aqui a prova!". Engraçado. E não tem cerveja no estádio, só chá. Bom, a bebida quente faz sentido, Istambul é bem fria. Já a falta de cerveja... bom, é aquela coisa de sempre.

Bom, o Besiktas fez sua parte, aproveitando a derrota do líder Bursaspor no dia anterior e diminuindo a diferença para 3 pontos. Com a vitória no clássico sobre o Galatasaray, o Fenerbahce tem o mesmo número de pontos, mas leva vantagem no critério de desempate. Faltam 4 rodadas para o fim do campeonato e está tudo embolado. O final vai ser interessante.

Orelhadas de bar (1)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Nove da noite de sexta-feira. A moça pede para eu esperar no buteco enquanto vai ao apartamento dar comida para o cachorro. Peço uísque. E minha antena auricular capta os primeiros sinais da mesa ao lado:

- Pede mais uma, larga a mão de ser chato.

- Pode ser. Mas me fala uma coisa, você continua casado?

- Há 24 anos. Casei em 85.

- Tá tudo bem em casa?

- Olha, vou te contar uma coisa... De Reinaldo pra Reinaldo: é foda.

- É. Eu sei. (...)


Baixa um silêncio sepulcral. Passa uma gostosa fazendo cooper. Um ônibus vira a esquina e derruba o cone da parada de táxi. Uma criança aparece vendendo chicletes. O papo anexo reflui.

- Mas você ainda tá jogando tênis?

- Só enganando. Hoje eu ia, mas fui ver meu sogro. Tá em coma.

- Ih, rapaz, nem fale. O meu sogro também tá ruim, teve um AVC.

- É foda.

- O véio não dura seis meses. Mas você já vai? Senta aí!

- Preciso ir. Minha mulher ligou duas vezes.

- Fica aí, rapaz!

- Não dá. Dessa vez não dá, meu irmão.

- Vou pedir a última.


Minha moça volta ao bar. Com o cachorro. A antena se distrai por um momento da frequência alheia. A moça vai ao banheiro e me deixa segurando o cão pela coleira. Tento sintonizar o fim da conversa vizinha. Só silêncio. Resta um na mesa. Calado. O outro Reinaldo arribou.

Sem beber a saideira.

terça-feira, março 30, 2010

Pilsen brasileira tá no mesmo nível das sem álcool

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ao passar o olho por uma materinha do Jornal da Tarde sobre mais uma pesquisa envolvendo cerveja, não foi o resultado que me chamou a atenção. Segundo a Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cervejas brasileiras têm vitamina B9, importante no combate à anemia e doenças cardiovasculares. Entre os três tipos analisados, a malzbier foi a que apresentou melhor resultado. E aí que está o detalhe: com mais que o dobro de vitamina B9 do que as cervejas pilsen e sem álcool nacionais. A pesquisadora e engenheira de alimentos Ana Cecília Poloni Rybka, coordenadora da pesquisa, observou que "a cerveja sem álcool apresentou teor abaixo, porém similar ao teor encontrado em cerveja pilsen, tanto de folatos como de compostos fenólicos". É isso mesmo: "abaixo, porém similar".

Concordo que ter mais ou menos vitamina B9 não faz a menor diferença para nós, manguaças, que combatemos a anemia com os mais variados "frutos do bar" (batata frita, manjuba, linguiça, costelinha, salsicha, ovo cozido, Calafrango, dobradinha do Tom Cat, X-Elvis etc). Mas a similaridade entre as pilsen brasileiras mais consumidas (Brahma, Skol, Antarctica etc) e as sem álcool (Lieber, Kronenbier) nesse quesito não deixa de ser curiosa. Porque, cada vez mais, parece tudo a mesma coisa...

segunda-feira, março 29, 2010

Visão corintiana: Timão faz melhor partida do ano

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A vitória sobre o São Paulo foi a melhor partida do Corinthians esse ano e mostra o estilo de jogo do time, ainda em fase de consolidação. A boa notícia é que, se o Timão não teve o domínio amplo que transparece no tom catastrófico da visão sãopaulina sobre o clássico, jogou melhor que o São Paulo, especialmente no primeiro tempo e enquanto Dentinho esteve em campo.

A formação do meio campo tem Ralph, Jucilei (agora ele é titular, Maurício!), Elias e Danilo. Enquanto o primeiro se desdobra na destruição das jogadas adversárias, os outros participam tanto da criação quanto da marcação. Elias ocupa a faixa central do campo, mas com características diferentes de Douglas: enquanto esse se esmerava no passe e cadencia do jogo, o camisa 7 dá velocidade ao time, num jogo mais vertical, como no primeiro gol alvinegro.

A cadência do passe passa a ser função primordial do ex-sãopaulino Danilo, autor do segundo gol. Ele ainda ocupa o lado esquerdo do campo, mas se mexeu mais, ficando menos isolado do que em partidas anteriores. O entrosamento com Roberto Carlos – que, já é razoável dizer, está jogando muita bola – está melhorando, criando uma boa opção.

Jucilei participa mais da marcação sem a bola, cumprindo função semelhante à de Elias no esquema de 2009. Marca e saí para jogar mais pela faixa direita, com Moacir – que é bom lateral e acho que já merece a vaga de Alessandro no time titular (ainda que não saiba cruzar).

Com mais gente que marca e joga no meio campo, Dentinho tem mais liberdade para flutuar nos dois lados do ataque e está indo muito bem. Participou dos dois gols e de outras jogadas importantes até ser expulso – numa jogada que, pra mim, não valia o barulho que o árbitro fez. Com essa formação, o time tocou a bola com ciência e controlou o jogo até abrir 2 a 0.



Os maus momentos vieram, além dos méritos tricolores, da mania de Mano Menezes de recuar o time quando está ganhando, buscando atrair o adversário e jogar no contra-ataque. Jogando a convite no campo do alvinegro, o São Paulo conseguiu as faltas que levaram aos dois gols de Rodrigo Souto. A estratégia só foi desmontada depois do empate.

Outro erro do treinador foi a manutenção de Ronaldo no time durante quase toda a segunda etapa. A lentidão do centroavante o deixa quase sem função num esquema voltado ao contra-ataque. Isso sem considerar a má fase do Gordo – apesar do passe para Elias no primeiro gol.

E o adversário?

Sobre o São Paulo, não entendo como Ricardo Gomes não coloca Cicinho no time titular. O time melhorou bastante quando ele entrou – apesar da inexplicável saída de Hernanes, o mais lúcido sãopaulino até então (os técnicos estavam inventivos ontem...).

Para mim, está claro que ele e Júnior César têm de jogar. Com aquela quantidade de volantes no elenco, deve ter dois que consigam cobrir os avanços dos dois. Eu escalaria Rodrigo Souto e Jean, por exemplo, ambos marcadores e com bom passe.

Outra dúvida é como Léo Lima ainda tem moral para ser titular de um time grande. E jogando de meia, não na invenção luxemburguiana de colocá-lo de segundo volante. O cara é lento e não tem habilidade o bastante no passe para compensar. Bota Hernanes e Marcelinho Paraíba na armação, com Dagoberto/Fernandinho na frente ao lado de Washignton.

Se o São Paulo não foi a negação que o Marcão pintou – tanto que fez três gols... –, continua dependendo demais de jogadas aéreas e bolas paradas. O primeiro gol, em bela jogada de Dagoberto, foi uma exceção.

E a classificação?

O Corinthians pega o Ituano fora e Rio Branco no Pacaembu nas duas últimas rodadas, dois times já sem pretensões e nem muito medo do rebeixamento. Mas não depende só de si mesmo para se classificar.

Grêmio Prudente e São Paulo ocupam nesse momento a terceira e quarta colocações, respectivamente. O time do interior joga contra o Bragantino na terra da lingüiça e recebe o São Caetano, times também na zona intermediária – apesar do Azulão, com 27 pontos, poder até sonhar com uma vaga.

O São Paulo em tese pega os adversários mais difíceis: Botafogo, ainda na briga pela vaga, no Morumbi e Santo André no ABC. Mas o Ramalhão já garantiu a vaga e pode tirar o pé.

De quatro

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Que o São Paulo vem jogando mal, não é novidade pra ninguém. Mas a falta de tudo no time (padrão tático, técnico, vibração) fica mais visível quando pega adversário forte pela frente. Vencer Rio Claro, Paulista, São Caetano, Mogi Mirim, Ituano, Ponte Preta, Monte Azul, Monterrey ou Nacional do Paraguai não significa absolutamente nada. Quando enfrentou os quatro adversários mais tradicionais no Campeonato Paulista, o São Paulo foi derrotado, com toda justiça, pela Portuguesa (3x1), Santos (2x1), Palmeiras (2x0) e, ontem, Corinthians (4x3) - foto de Rubens Chiri/SPFC. Na Copa Libertadores, o único jogo realmente importante, até o momento, foi contra o Once Caldas, fora de casa. Outra derrota (2x1). Esse retrospecto diz mais do que qualquer análise de comentarista ou palpite de torcedor.



No clássico que manteve o tabu de nove partidas do Corinthians sem derrota para o time do Jardim Leonor, o São Paulo caiu de quatro de forma humilhante: tabelinha com toques de primeira pelo meio da zaga no primeiro, de Elias; falha de Miranda e golaço de pé direito do ex-sãopaulino Danilo no segundo; cobrança de falta magistral de Roberto Carlos, sem atitude da barreira e falha de Rogério Ceni no terceiro; e, por fim, Iarley entra na área sem marcação e chuta para um belo gol de cabeça do zagueiro Alex Silva, definindo o placar. Fora o baile, apagão de Hernanes (de novo), falhas mil de Miranda (idem), ruindade de Léo Lima, papelão e expulsão boba de Washington, erros e mais erros de Júnior César. E por que Cicinho é reserva?

Nem vou relembrar a paradinha humilhante de Neymar, a chaleira de Robinho, os dois gols do palmeirense Robert e os outros dois de Heverton para a Lusa. E as falhas seguidas e constrangedoras de Ceni. É muito ridículo para nem três meses de competições. O São Paulo não caiu de quatro ontem. O São Paulo caiu de quatro na temporada. E dá medo pensar nas próximas fases de mata mata. Haja cachaça...

Maluf é são-paulino

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Já ouvi insinuações de que ele seria corintiano, mas o deputado federal mais votado do Brasil tratou de dirimir dúvidas: "Eu me chamo Paulo, nasci na Maternidade São Paulo, torço para o São Paulo Futebol Clube, fui prefeito e governador de São Paulo." E aproveita para comparar-se a outro ilustre tricolor: "Gilberto Kassab fez Escola Politécnica como eu, é bom gestor e não tem culpa da chuva que caiu este ano. Mas ninguém investiu mais em São Paulo do que eu." Deu no Estadão deste domingo, no caderno "Aliás".

Em tempo, Maluf figura agora na lista de procurados da Interpol, o que significa que, se sair do Brasil, pode ser engaiolado. A acusação? "(...) teria movimentado, por meio de um doleiro, US$ 11,68 milhões de uma agência do Safra National Bank na Quinta Avenida para contas secretas no paraíso fiscal da Ilha de Jersey. (...) A quantia teria sido desviada das obras da Av. Águas Espraiadas, atual Av. Roberto Marinho, entre janeiro e agosto de 1998." O deputado diz que vai processar o promotor nova-iorquino que o acusa.

domingo, março 28, 2010

O governo de São Paulo deve explicações

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A cena de uma policial sendo carregada por um suposto manifestante foi sem dúvida uma das imagens mais marcantes do protesto dos professores em frente ao Palácio dos Bandeirantes, que foi recebido com truculência pela Polícia Militar. Para desfazer o valor simbólico da imagem, a assessoria de imprensa da corporação divulgou nota dizendo que a pessoa que carregava a ferida era um “policial à paisana”.

Do fato, surgem algumas questões. Primeiro, qual é a intenção da polícia ao infiltrar um policial em meio a uma manifestação de professores? Tal ação lembra os regimes autoritários que esse país viveu e, já que a polícia expôs um de seus agentes, o mínimo que se poderia esperar é uma justificativa sobre tal operação.

Curioso também o fato não causar estranheza à mídia comercial. Imaginem, por exemplo, se alguém descobrisse em meio ao protesto do Cansei, algum policial federal à paisana “tomando conta” da manifestação? Provavelmente fariam alusão à URSS, à Cortina de Ferro, aos nazistas, ou a Cuba, que infiltra (e assume isso publicamente) agentes na manifestação das Damas de Branco que ocorreu na Ilha. No caso, o governo cubano justificou dizendo que faz isso para evitar confrontos entre simpatizantes do regime e os manifestantes. Mas, repito, qual a justificativa do governo estadual para infilitrar agentes, ainda mais em um país democrático?

No entanto, denúncias graves relacionadas à ação policial e à atitude de “infiltrados” vieram à baila. Leonardo Severo, da CUT, relata que um professor de Filosofia de Jundiaí, Fernando Ribeiro, teria presenciado quando um dos policiais à paisana “tentava atear fogo em um veículo, buscando incriminar os manifestantes”. Professores e estudantes teriam evitado o ato e o falso manifestante buscou refúgio entre os policiais militares. “Tentaram colocar fogo no carro para culpar o protesto. Como agiram com muita força, numa ação desproporcional, queriam uma justificativa”, disse o professor.

É inadmissível que não haja qualquer resposta da PM ou do governo do estado. É bom lembrar, aliás, que a infiltração de agentes por parte da polícia em manifestações democráticas já foi comprovada em outra gestão do PSDB, no Rio Grande do Sul. Um homem usou um crachá da Agência Carta Maior para se infiltrar em protesto de servidores públicos contra Yeda Crusius, em Porto Alegre, fazendo fotos dos manifestantes.

Com a palavra o governo do estado que, ao que parece, prefere usar cassetetes ao invés do verbo.

sábado, março 27, 2010

Minas pode criar bancada de cachaceiros no Senado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A depender dos resultados das eleições de 2010, o estado de Minas Gerais pode iniciar uma nova frente parlamentar no Congresso, a bancada dos cachaceiros. Ninguém está chamando os ilustríssimos postulantes ao parlamento nacional de beberrões nem de irmãos-da-opa.

Ocorre que o governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) e o vice-presidente José Alencar (PRB), ambos cotados para concorrer ao Senado, não têm como negar a alcunha, como explica qualquer alambiqueiro. Ocorre que o termo "cachaceiro" aplica-se, neste caso, aos produtores da marvada. Outro nome cotado, o do ex-presidente e ex-governador Itamar Franco tem outros elos com a malafa

Foto: Divulgação

Aécio e Alencar, criaram marcas próprias da molha-goela. A Mingote é apenas o rótulo mais recente da Fazenda da Mata, na cidade de Cláudio. Trata-se de uma homenagem a Domingos da Silva Guimarães, tetravô do governador de Minas Gerais, cujo retrato está no rótulo. Seu apelido era Mingote e foi ele quem reativou a atividade alambiqueira na propriedade. Consta que Aécio tem sociedade no empreendimento, fruto da união entre a família Guimarães Tolentino e a dinastia dos Neves em virtude do casamento entre dona Risoleta, pela primeira, e Tancredo, pela segunda.

Até 1985, o carro-chefe era a chambirra que respondia pelo nome de Mathusalem. Se o personagem bíblico chegou a 969 primaveras, a branquinha homônima foi descontinuada depois do falecimento de Tancredo Neves. Outras marcas de menor qualidade também são produzidas, mas sobre essas o governador nega qualquer ingerência.

Foto: Divulgação
Rótulos da Fazenda Cantagalo, que produz os isbeliques de José Alencar

Alencar se encarrega da Maria da Cruz, produzida na Fazenda Cantagalo, em Pedras de Maria da Cruz (MG). A proximidade da região de Salinas, no norte do estado, favorece. A propaganda boca-a-boca é feita pelo próprio empresário, até junto a garçons, segundo fontes. A propriedade ainda engarrafa com outras três marcas – Sagarana, Caninha 38 e Porto Estrela.

Assim como há diferenças políticas entre esses mineiros, as divergências também aparecem na forma de se envelhecer aquela-que-matou-o-guarda. A de Aécio descansa de cinco a dez anos em amendoim. A do vice-presidente, em amburana, madeira típica do semiárido brasileiro.

Não é à toa que Aécio ampliou a certificação de alambiques artesanais e incluiu a rapadura na merenda escolar da criançada.

Mas é bem verdade que quem tornou a caninha bebida oficial do estado foi seu antecessor, Itamar Franco, que também estuda concorrer ao Senado. Se tirar uma das vagas dos cachaceiros citados, também será bem-vindo à bancada da cachaça, além de instituir o 21 de maio como data comemorativa para a mata-velho.

A formação da bancada da cachaça – ou dos cachaceiros – depende  da formação das chapas, dos resultados das urnas e, claro, da disposição das figuras de abraçar a causa. Consta uma experiência sem grande repercussão a assembleia legislativa do Rio Grande do Norte. Muito diferente da bancada da cana-de-açúcar e do setor sucroalcooleiro.

Ministro
Foto: Divulgação

Os mineiros envolvidos na política valorizam as golos há algum tempo. O porta-voz de João Figueiredo e ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Carlos Átila, abriu, depois da aposentadoria, seu alambique próprio. A Cachaça do Ministro dorme por cinco anos em carvalho ou jequitibá (foto), a depender do rótulo – ouro e prata.

Entre empresários, segundo reportagem da revista Época de 2008, o baiano Emílio Odebrecht, da empreiteira que leva seu nome, e o paulista Ivan Zurita, presidente da Nestlé, também se debruçam sobre uma boa pinga. São donos da Itagibá e da do Barão, respectivamente.

sexta-feira, março 26, 2010

Porque o Santos toma gols

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem, o Santos venceu o Botafogo por 4x2, na casa do adversário, em Ribeirão Preto. A vitória garantiu matematicamente o Peixe na próxima fase do Campeonato Paulista - ao lado do surpreendente Santo André, que fez 3x0 no Monte Azul e, assim, impediu que o Paulista tenha os quatro grandes nas semifinais, como ocorreu no ano passado.

O Santos atuou com um time praticamente igual ao que fez 9x1 no Ituano. Ou seja, estava sem as estrelas Neymar (suspenso) e Robinho (contundido). Mais uma vez, assim como contra o Ituano e em outros tantos jogos, a estrela foi Paulo Henrique Ganso. Um golaço, passes precisos e atuação em todos os setores do campo. Marquinhos fez dois gols - se mostrando cada vez mais útil e carbonizando a língua desse que vos escreve, que considerou ridícula sua contratação - e Zé Eduardo, mais uma vez, deixou o seu. É ótima opção para o banco do Santos. Muito bom ver o Santos com um elenco forte.



Mas aí o Santos levou dois gols. Assim como levara quatro do Palmeiras, três do Bragantino, e assim por diante.

O futebol que o Santos tem demonstrado nesse 2010 tem despertado muitos sentimentos fortes - seja de paixão, seja de raiva. A ponto de fazer, por um lado, corintianos vibrarem com a derrota santista para o Palmeiras e torcedores de uma série de times rivais derramarem elogios como "esse é o único time que dá gosto de ver jogar".

As análises sempre vão na mesma linha: é um time alegre, que vai pra cima, e que por isso toma seus gols - mas faz um monte, para compensar.

Partidas como ontem e como a contra o Palmeiras deixam claro que o Santos não toma gols por "alegria", por "opção", por ser "praticante do futebol alegre". Toma gols, sim, porque não é perfeito.


Vejamos os dois gols de ontem: o primeiro ocorreu por conta de um pênalti dos mais indiscutíveis da história, cometido pelo Edu Dracena. E o segundo, porque a zaga marcou bobeira e deixou o adversário cabecear sozinho. Contra o Palmeiras, os gols vieram principalmente por falhas do goleiro Felipe.

"Opção pela alegria" ou falhas daquelas que todo time tem?

O Corinthians quer passaporte. Da Alegria.

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Desavidado, tomo um susto ao receber o seguinte release:

Comunicado oficial: Em relação a noticia do suposto interesse do Corinthians em construir seu estádio na área do Playcenter, esclarecemos desconhecer sua origem. Nunca mantivemos nenhum contato com ninguém do clube ou empresas ligadas a ele sobre esse assunto. (...) O Playcenter continuará o seu desenvolvimento, consolidando-se como a melhor opção de diversão da família paulistana.

Os corintianos do blogue sabiam disso? Manifestem-se!

Fala, FHC, que eu te escuto

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Prosseguindo com nossa campanha para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fale o máximo que puder à imprensa nesse ano de eleições, ao contrário da vontade tucana, vamos à nova pérola do sociólogo que fala francês (o grifo é nosso):

- Nós temos que pensar: qual Brasil vamos inventar? Está faltando neurônio. O Brasil será grande no mundo quando fornecer conhecimento. No conjunto desses desafios, que são grandes, o importante na universidade, além de produzir modelos culturais, é começar a discutir o futuro, disse o "iluminado" político do PSDB, na quarta-feira (24/03), durante a palestra "Ensino Superior como área crítica e estratégica para o Futuro do Brasil", na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Essa conversa de neurônio me lembra a análise de um reitor baiano sobre o berimbau. Mas FHC não foi convocado a dar pitaco sobre o ensino brasileiro de graça. Para quem não sabe, há uma greve de professores em São Paulo, território do (des)governador e pré-candidato à presidente da República José Erra, digo, Serra. E FHC aproveitou o assunto para defender a famigerada meritocracia tucana, pois em São Paulo, em vez de Serra dar aumento de salário, escolhe os professores mais "bonzinhos" e "comportadinhos" para "merecer" um troquinho a mais.

- Hoje se tem uma greve em São Paulo em parte contra isso. Até hoje não se aceita que haja incentivo pecuniário para quem for melhor. Não acredito que a meritocracia possa substituir a democracia, mas acho que é preciso prestar atenção, pois ela pode significar um grande desafio: além de ter uma força econômica, baseia suas grandes decisões num sistema de mérito, defendeu FHC.

Palmas para o "iluminado" que ele merece! E o Futepoca aproveita para lançar aqui, a partir desse post, uma campanha que mobilizará a nação:

FALA MAIS, FHC!

Marcos pode

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Diz-se que fuma e que bebe. Quando termina o jogo, reclama nos microfones da imprensa que o companheiro não voltou para marcar e que o outro fez corpo mole. Nem diz com todas as letras e deixa no ar um monte de possibilidades que vão fomentar as especulações de mesa de bar. Se o time está perdendo por falta de empenho generalizado, põe o pé no freio. Vai à festa e posa para fotos com antebraços cruzados, punho cerrado e o dedo médio em riste, numa inconfundível paródia do gestual característico de uma organizada do São Paulo.

Escrevendo assim, é o perfil de um mau elemento, um bad boy dentro do futebol. Daqueles caras que desagregam elenco, têm pavio curto e gastam tempo demais com um comportamento inadequado a um profissional da bola.

  
"Saint Marcos and a bird in a peaceful time of the soccer game",
diz a legenda da foto original (algo como "São Marcos
e um pássado em um momento de paz de um jogo de futebol"


Mas Marcos é o Goleiro. Não falta em treino – embora fuja de atividades mais pesadas e do que não é coletivo –, joga com dor (e uma placa) no punho esquerdo há anos. É torcedor. No Palmeiras desde 1992, jogou 485 partidas. Foi pentacampeão mundial pela seleção, um dos maiores responsáveis pela Libertadores de 1999 – o último título de monta do clube – além de um dos momentos mais sensacionais a que um palmeirense poderia assistir.

Na libertadores do ano passado, quando salvou a pátria diante do Sport nos pênaltis, o fez pela sétima vez em sua carreira. Em nove disputas assim, defendeu dez cobranças; foi derrotado apenas em duas decisões de pênaltis.

Muito antes disso, no segundo semestre de 2002, não quis jogar no Arsenal, porque a família queria mesmo era morar em Oriente (SP). No mesmo ano, quando o Palmeiras rumava para a série B, Marcos foi o melhor em campo em boa parte dos jogos, sinal de que a retaguarda não prestava. Em goleadas, desistiu de ir para as bolas.

Um ano depois, na segundona, Marcos continuava lá. A campanha foi suficiente para terminar a fase de turnos em primeiro, mas era o camisa 12 quem garantia boa parte dos jogos.

Ele não é bonzinho nem certinho. Gente boa, vá lá.

Por esse conjunto, Marcos pode. Pode dar margem pra polêmica, discutir, falar mais do que a boca...

Mas não deve.

Turras
Mesmo sendo ídolo da torcida – pelo menos deveria ter essa condição permanente, apesar de uma parcela dos alviverdes o culparem pelos males de qualquer formação do escrete – tem cada vez mais gente querendo ver Marcos na função para-raio.

Na segunda-feira, ele abandonou o treino em que Diego Souza e outros atletas ignoravam os apelos do arqueiro para que todo mundo voltasse para marcar. Ficou p. da vida, disse até que não jogava mais. O time foi a campo contra o Rio Branco e, bom, faltou mais gente marcar a sério para evitar os dois gols.

Quando o Palmeiras estava na pior fase do campeonato – não que agora esteja em boa situação, mas enquanto se tentava ostensivamente derrubar o técnico – prometeu parar de jogar no fim do ano para livrar o torcedor do sofrimento com ele.

O problema do Palmeiras não está embaixo das traves. No entanto, Marcos 2010 representa menos soluções do a versão de dez anos atrás. É mais do que seus reservas podem proporcionar. Mais jogador palmeirense do que qualquer outro do atual elenco.

Como ele não vai durar para sempre, precisa só cuidar de não passar tão perto do centro do turbilhão de crises nas quais se enfiou o Palmeiras. Dizer que está com raiva de perder e só.

Talvez mais idas ao bar ajudem a acalmar.

Tudo desculpa pra beber

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No livro "1808", de Laurentino Gomes (Editora Planeta, 2007), que narra a vinda e a permanência de Dom João VI por 13 anos no Brasil, uma descrição interessante das condições de viagem de navio da Europa até aqui, pelo Oceano Atlântico, há 200 anos:

A dieta de bordo era composta de biscoitos, lentilha, azeite, repolho azedo e carne salgada de porco ou bacalhau. No calor sufocante das zonas tropicais, ratos, baratas e camundongos infestavam os depósitos de mantimentos. A água apodrecia logo, contaminada por bactérias e fungos. Por isso, a bebida regular nos navios britânicos era a cerveja. Nos portugueses, espanhóis e franceses, bebia-se vinho.

Taí, já dá pra entender o que impulsionou as navegações...