Destaques

segunda-feira, abril 13, 2009

Pé redondo na cozinha - Nêgo Rato, o batera

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MARCOS XINEF*

Tudo começa em Amsterdan (na Holanda) e com um rato apelidado de Osbourne (na boca de alguém). Reza a lenda que Ozzy Osbourne, o roqueiro, comia morcegos no palco, mas eles eram de plástico. Um dia, um fã atirou um de verdade, o cantor mastigou e se transformou no todo poderoso rock star. Já não se pode dizer o mesmo do nosso personagem, batera de uma banda brasuca que foi tentar a sorte em Amsterdan. O local escolhido para morar, ou seja, a residência da banda, era tão "bom" que um dia nosso querido Nêgo estava dormindo e um rato entrou em sua boca, ficando só o rabo para fora. Ele acordou e, esbaforido, foi correndo lavar a boca - mas é logico que não foi com água, pois, segundo o mesmo, isso enferruja. Ele desinfetou a boca com uísque. No outro dia, ao acordar, morrendo de fome, ele abriu a geladeira e observou que a única coisa que tinha para comer era um macarrão com carne de três dias atrás. Nêgo se lembrou do rato e imaginou o macarrão com a carne do bicho. Botou pra fora até as tripas. Foi daí que nasceu nossa receita. Tome coragem, tome nota e pode tomar uma dose de uísque também (hehehe):

CACHAÇARRÃO À NÊGO RATO
(macarrão no uísque com iscas de carne)

Ingredientes:
1 litro de uísque vagabundo
1 litro de água
1 colher de sopa de sal
1 pacote de macarrão
1/2 cebola picada
2 tomates picados
300 gramas de isca de contra filé
azeite extra virgem
1 colher de chá de pimenta calabresa moida
sal a gosto

Preparo:
Misture em uma panela a água, o uísque e a colher de sal e ferva. Depois, adicione o macarrão e deixe ferver por 7 minutos. Enquanto a massa fica pronta, pegue uma frigideira e refogue a cebola, a carne, os tomates e a pimenta, até dourar as iscas de filé. Escorra o macarrão, misture o molho colocando as pitadas de sal e sirva.


Quem quiser substituir o filé por carne de rato, fique à vontade. Abraços!

*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

domingo, abril 12, 2009

A primeira semifinal: os "caras" e os "carinhas" do Santos

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Estava em São Vicente quando li no tablóide Expresso Popular uma matéria sobre o clássico de ontem dizendo que Fábio Costa e Kléber Pereira eram os “caras” do Santos, que poderiam determinar a vantagem do time contra o Palmeiras. Quase profético, o texto relembrava como os dois foram fundamentais para a classificação santista às semifinais. E, ontem, decidiram de novo.

O Palmeiras tem melhor elenco, com mais opções e um ataque rápido. Luxemburgo colocou Keirrison e Ortigoza para serem as “flechas” estilingadas por Diego Souza e Cleiton Xavier, que também se revezavam à frente nos perigosos contra-ataques alviverdes. Proposta parecida com a do meio de semana: time atrás, esperando um vacilo da zaga adversária. Nada que lembre qualquer futebol super-ofensivo praticado por equipes comandadas pelo treinador outrora.

E deu certo. Um lindo passe de Diego Souza para Xavier, uma defesa que não conseguiu fazer a linha de impedimento e sai o gol de Keirrison. O Santos, que encurralava o Palmeiras no seu campo, teria que sair ainda mais e oferecer o contragolpe para o adversário. Poderia ser mortal.

Mas dez minutos depois de tomar o gol, aos 18, Kléber Pereira apareceria. Em uma cobrança de escanteio, o atacante vai se deslocando para trás, ficando sozinho na entrada da área, quando a bola chega nele. Chute preciso que muda a história da partida. Pereira fez o quinto gol na terceira partida seguida: todos os tentos decisivos. Como já escrevi outra vez , ele fica períodos sem marcar, perde muitas oportunidades em uma partida, mas ontem, quando teve sua chance fez. Vida de artilheiro é assim.

A balada continuou a mesma, o Santos acuando o Palmeiras, que trazia perigo nos contra-ataques se aproveitando do confuso sistema defensivo santista, que estreava André Astorga atrás. Foi ali que Fábio Costa, mais magro e atento depois da chegada de Manicni, começou a aparecer, com defesas importantes e saídas providenciais.

No início da segunda etapa, depois que os “caras” peixeiros já tinham dado o ar da sua graça, apareceram os “carinhas”. Neymar, sempre marcado por dois, três ou até quatro rivais, recebeu a bola de Roberto Brum, que errava muitos passes durante a partida até aquele momento. De costas para dois marcadores, girou, gingou, achou o espaço e bateu no canto direito de Marcos. Outro moleque, Paulo Henrique Ganso, fez uma bela jogada em cima de Fabinho Capixaba que incendiou a Vila Belmiro. Diga-se, aliás, que o meia marcou muito e correu o tempo todo em que esteve em campo.

Naturalmente, o Santos foi recuando e o Palmeiras se lançou ao ataque. Fábio Costa começou a aparecer mais, não só com defesas cruciais como também atuando praticamente como homem da sobra quando a equipe adiantava sua linha de marcação. Após o primeiro terço do segundo tempo, com um time inferior tecnicamente e com seus garotos no banco, sobrou para o Alvinegro o mesmo elemento que fez a diferença em favor do Palmeiras na quarta-feira: a entrega.



O contra-ataque santista só funcionou em um jogada em que o meia Robson encontrou Marcos fazendo uma grande intervenção, de resto, o Palmeiras pressionou, mas não chegou às redes. Um grande jogo, típico de decisão, e a expectativa de outros 90 minutos de nervos à flor da pele no próximo fim de semana.  

sexta-feira, abril 10, 2009

Mas será que dignifica, mesmo?

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Na preguiça desse feriado, reflito sobre o que um colega me disse ontem:

- Sabe de onde vem a palavra trabalho? De tripalium, instrumento romano de tortura. (ilustração à direita)

De fato, fui pesquisar na internet e encontrei uma definição etimológica:

Tripalium (ou trepalium) era, a princípio, um instrumento utilizado na lavoura. Em fins do século VI, passou a ser um instrumento romano de tortura. A palavra é composta por "tri" (três) e "palus" (pau) - o que poderia ser traduzido por "três paus". Dessa raiz teriam saído os termos das línguas latinas de hoje em dia, como trabalho (em português), travail (francês), trebajo (catalão) e trabajo (espanhol). Mesmo antes de ser associada aos elementos de tortura medieval, trabalhar significava a perda da liberdade. Quem trabalhava em Roma era o escravo; o patrício estava incumbido das atividades políticas. Somente no século XVI, com o Renascimento, cria-se uma economia mundializada, onde o trabalho passa ao seu papel de importância máxima. E aí começa outra mudança: de tarefa árdua para os não livres, passa a ser um enobrecimento, uma atividade humana importantíssima.

Pois é, a expressão "pau alado" tem sua razão, em vista do tripalium. Para os defensores do trabalho, eu pergunto: "Ser empalado com três paus dignifica o homem?".

- Ah, por último: negócio significa "negação do ócio". Ou seja, também não é boa coisa - arrematou, ontem, o mesmo colega.

E nada melhor do que terminar esse "dignificante" post, em plena Sexta-feira Santa, com os animadores versos de Chico Buarque de Hollanda: "Vai trabalhar, vagabundo!/ Vai trabalhar, criatura!/ Deus permite a todo mundo/ Uma loucura/ Passa o domingo em familia/ Segunda-feira beleza/ Embarca com alegria/ Na correnteza".

Não sei quanto a vocês, mas vou agora regar esse ócio sagrado com vinho, pois afinal, sem a cachaça, ninguém resiste até o Domingo da Paixão...

quinta-feira, abril 09, 2009

Raridadis: Mussunzis e Raphael Rabellis!

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Cacildis! Futucando a internetis, encontrei um elepêzis de 1986 do nosso ídalo, guru e mestris Antonio Carlos Mussum. E quem é que toca violãozis de 6 e de 7 cordis? Ninguém menos que o finadis Raphael Rabello. E o repertório é caprichadis: "Because forever" (João Nogueira/ Mussum), "Filosofia de quintal" (João do Cavaco/ Zé Maurício), "Ei! Moleque" (Arlindo Cruz/ Chiquinho), "Debaixo do meu chapéu" (Nei Lopes), "O torcedor" (Dicró/ Roberto Dicró), "Verdade expressa" (Almir Guineto/ Adalto Magalha), "Madureira, Vaz Lobo e irajá" (Jorge Aragão/ Mussum/ Neoci), "Tola insensatez" (Marcos Paiva/ Franco), "Grande Gerê" (Noca da Portela/ Toninho Nascimento), "Amor sem segredo" (Adilson Bispo/ Zé Roberto/ Marquinho P.Q.D.), "Sem você tudo bem" (Dedé da Portela/ Dida) e "Festa do lava pés" (Bandeira Brasil/ Beto Sem Braço/ Serginho Meriti). Confira a capis e a contracapis do disco da Continentalzis:


A Lusa, o suposto suborno e a irresponsabilidade

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O presidente da Portuguesa, Manoel da Lupa, repetiu a denúncia que tinha feito anteriormente em relação ao zagueiro Jean, que cometeu o pênalti que redundou no gol de Kléber Pereira na última rodada da primeira fase do Paulistão. O arroubo do cartola luso já lhe valeu duas ameaças de processo: uma da parte do Santos e outra do Sindicato dos Atletas Profissionais.

Em coletiva que terminou há pouco no Canindé, o dirigente contou que duas pessoas residentes na cidade praiana o teriam procurado “indignadas” com o comportamento de um empresário de futebol (no boletim de ocorrência consta simplesmente como “Izildo”) que teria dito em público que o procurador do jogador estaria telefonando para seu celular a fim de receber o dinheiro combinado no acerto, cerca de 20 mil reais (ufa, quantas condicionais...).

“Estou recebendo a denúncia e repassando, não estou acusando ninguém”, se esquivou o cartola Da Lupa. "São fatos apresentados por pessoas que não conhecemos", completou, tentando evitar novas implicações jurídicas contra si.

Dizer que o fato tem que ser apurado é acaciano. Mas a denúncia se baseia em duas pessoas que ouviram de um empresário que teria dito que... Pronto, registra-se a ocorrência e cria-se o fato, ainda que não sejam citados dirigentes do Santos ou da Ponte na questão.

Subornos e denúncias sobre tal não são novidade no futebol, ainda mais no período recente. No ano passado, a idoneidade de Wagner Tardelli foi posta em dúvida pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero. Tudo se mostrou um circo. O problema de todo o imbróglio é que a carreira do jogador pode ser comprometida, enquanto os clubes e cartolas continuam tocando suas vidas, com todo o amadorismo que lhes é inerente.

Se for comprovado o caso, óbvio que deve haver punições. Se não for, elas devem ser igualmente rigorosas. Porque nesse caso, um novo caso Escola Base só vai prejudicar o lado mais fraco, que é o de Jean.

Dale-ô, dale-ô, dale-ô, Juventus!

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No setor de visitantes: Tuty Renzo, Chico, Marcão Palhares e Taroba

Como estava aguardando as fotos, registro só agora a prova do "crime", ou melhor, da "expedição" que muitos taquaritinguenses desterrados em São Paulo fizeram ao estádio da Rua Javari, bairro da Mooca, no último sábado. Mais do que o futebol, a ocasião serviu de encontro e união da "colônia", com figuras como João Palomino, da ESPN Brasil. O Juventus, que ainda está na zona de rebaixamento da Série A-2, venceu o Clube Atlético Taquaritinga (CAT), que permaneceu entre os oito classificados para a fase final, por 2 a 1. Assim que chegamos, com o jogo já em andamento, o Moleque Travesso abriu o placar, com Jordan (foto à direita). Aliás, para chegarmos até o setor de visitantes, tivemos que passar por trás desse gol, no meio da torcida juventina. Houve provocação, mas tudo no bom humor.

Só então pude contemplar o campo onde Pelé marcou o gol que considera como mais bonito, há exatamente 50 anos: tirando pequenas reformas, o visual é o mesmo daquela época, com o setor coberto sustentado por colunas, destinado à torcida da casa, e o alambrado praticamente no gramado. Sente-se o cheiro de grama e os jogadores passam a meio metro do torcedor - o que permite imaginar que, nos áureos tempos, devia ser realmente difícil derrotar o Juventus ali. Mas não passaram nem dez minutos e o CAT empatou, com Carlos Henrique. Em pé, no alambrado, provocamos os juventinos aos berros cruéis de "Ão-ão-ão/ Terceira divisão!".

Na segunda etapa, fui até a cabine de imprensa, cumprimentar os radialistas de Taquaritinga, e foi lá que encontrei o Palomino, que levava seu filho João Vítor pela primeira vez a um estádio. "Um empatezinho aqui já tava bom demais", me soprou o jornalista conterrâneo. Não deu: minutos depois, Dewide fez o gol da vitória para o Juventus. O barulho que a pequena torcida organizada do nosso adversário fazia atrás daquela meta, a mesma onde Pelé fez o gol antológico em 1959, me levou a crer que atrapalhou tanto o goleiro do Juventus, no gol que sofreu no primeiro tempo, quanto o do CAT, no final do jogo. Gritavam, sem parar: "Dale-ô, dale-ô, dale-ô, Juventus!".

Conformados com o resultado e surpresos com a hospitalidade dos juventinos, fomos (lógico) aos bares folclóricos de uma esquina atrás do estádio. Lá, encontramos diretores do clube, ex-jogadores, fotos, flâmulas e trófeus. Um dos ex-atletas que cumprimentei foi Buzzoni (à esquerda), ex-Juventus, Portuguesa e Palmeiras. Apesar da derrota do CAT e da qualidade sofrível dos jogos da Série A-2, conhecemos um local mítico e aconchegante para todos que gostam de futebol. Recomendamos. E voltaremos.



A fronteira invisível no coração dos homens

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Revisando a tese de doutorado de meu amigo Max Gutiez, aprendi que na semana passada, dia 1º de abril, completaram-se 70 anos do fim da Guerra Civil Espanhola. É um dos conflitos mais emblemáticos daqueles anos entre as duas Grandes Guerras. Opunham-se republicanos, em grande parte anarquistas, e falangistas, fascistas, liderados por Francisco Franco. Gente de todo o mundo vai à Espanha lutar contra o avanço fascista e sonhar com um mundo socialista, inspirados na vitoriosa Revolução Russa – em 1934, quando começa a guerra, ela ainda não havia sido traída por Stálin e seus burocratas. Do outro lado, a Alemanha nazista aproveita para testar seus armamentos sobre o povo espanhol, antes de levar a ferro o seu expansionismo.

A guerra se inicia com um dos episódios mais brutais de que ouvi falar. Em Gijón, na região de Astúrias, um importante porto de exportação do minério espanhol, sindicalistas anarquistas organizados se levantam contra a opressão e por melhores condições de vida e trabalho. Tem início a revolução. Avançam e ganham forças. O general Franco é então designado para negociar com os revoltosos. Vai a Astúrias, se reúne com cada líder e cada grupo revolucionário, diligente e amistosamente anota-lhes o nome e o endereço. Na semana seguinte, o Exército espanhol passa em arrastão pela cidade matando um por um todos os líderes, dentro de suas casas e com suas famílias. Foram centenas de mortos em um dia. O telegrama que Franco envia a Madrid diz: "resolvido o problema asturiano". Tamanha atrocidade e infâmia não poderia ser suportada pelo aguerrido povo espanhol, que se levanta, e a guerra se deflagra.

Mais que o heroísmo e sua complementaridade de horror, a guerra civil instaura o pânico e uma total desrazão. Morre-se mais por fuzilamentos do que em confrontos com os inimigos. Uma denúncia era o suficiente para que alguém fosse morto, muitas vezes por companheiros do próprio lado que defendia. E, se hoje parece fácil olhar retrospectivamente e assumir o lado dos republicanos, para quem vivia ali era quase impossível ter clareza do que de fato significava ser anarquista ou fascista, sobretudo o cidadão comum, sem formação política.

Ninguém descreveu esse estado de coisas tão bem quanto Antoine de Saint-Exupéry (foto à esquerda) – ele mesmo, o autor do Pequeno Príncipe, era também piloto e repórter de guerra. O Max o cita em sua tese (ainda inacabada), dizendo que a Espanha é neste momento um lugar onde as “mães (...) não sabem, quando dão à luz, que imagem da verdade irá inflamar, mais tarde, os seus filhos, nem quais os partisans que os irão fuzilar, segundo sua justiça, quando eles tiverem vinte anos”.

Um dos parágrafos mais fortes é este, com citações de Saint-Exupéry:

“O que o espanta é saber que a aparência de uma cidade como as outras mascara um drama que ‘para descobrir (...) será necessário procurá-lo’. ‘Porque’, diz Saint-Exupéry, ‘na maioria das vezes ele se apresenta não no mundo visível, mas na consciência dos homens’. Essa visão aérea da Espanha (é o piloto adentrando o país pela região da Catalunha) mostra aquilo que depois será constatado em terra. Ao entrar em Barcelona, formula a pergunta inevitável: ‘Mas onde está o terror em Barcelona? Além de uns vinte prédios queimados, onde está a cidade em cinzas? À parte algumas centenas de mortos (...) onde estão essas hecatombes?... Onde, essa fronteira sangrenta por sobre a qual se dispara?’. A resposta nos dá o próprio autor: ‘Não encontrei facilmente essa fronteira. É que nas guerras civis ela é invisível e passa por dentro do coração do homem’.”

Às vezes penso que hoje o que vivemos é algo próximo à guerra civil. Não é, como pode parecer, uma alusão ao Capitão Nascimento: a guerra dele tem front e interesses claros. Penso em nossa vida comum, nas cidades, na vida que ainda se pretende política, porque pública. Se mata e se morre sem saber muito bem por quê, se assume causas e se condena por questões circunstanciais – ou por questões de fundo que se perdem em meio à espessa cortina de fumaça das falsas notícias e opiniões infundadas. Qualquer semelhança com o nosso futebol não é coincidência. Mas nem só de futebol se vive, e se mata, no nosso mundinho.

Como outras guerras, a moral da história dessa Guerra Civil, que termina com a vitória fascista, em 1939, às vésperas da invasão nazi da Polônia, talvez seja que, haja o que houver, é a democracia radical – que imprescinde do conflito aberto, do reconhecimento da diferença e sua verbalização clara e respeitosa – que permite a existência de algo que se possa chamar de civilidade. Alguns de nós estamos aprendendo, mas não falta quem fuzile os que se levantam pelo direito de dar voz ao outro e polemizar com ele.

Sobre o Sport, a vitória mais importante da temporada

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Como um poema de João Cabral de Melo Neto precisava ser construído e trabalhado para se formar, a vitória do Palmeiras diante do Sport foi erguida a partir da marcação determinada. Na primeira partida em que a defesa alviverde se comportou realmente bem na temporada – bobeou em dois lances – veio a vitória mais importante da temporada até agora.

Como um auto de Ariano Suassuna, a Providência funcionou a favor do time paulista, que marcou nos momentos certos, quando o Sport crescia no jogo. Desacreditado por muitos, o Palmeiras segue vivo e com esperanças na Libertadores.

Bela vitória
O adversário vinha com força. Eram 25 partidas sem perder. Em seu estádio, a Ilha do Retiro, foram 20 sem derrota. Duas vitórias brilhantes no torneio continental. Uma parede sólida a ser transposta que ainda tinha, como obstáculos, o calor e a pressão da torcida e o fato de não ter somado pontos na Libertadores da América. Desde 2003 não havia vitórias para o Palmeiras. Vanderlei Luxemburgo fazia tempo que não superava Nelsinho Baptista – que continua com mais vitórias.

Durante a semana, o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo esteve com os jogadores no centro de treinamento para dizer que o mundo não acabaria na quarta. Alguns jornais deram a entender que isso valia apenas para o caso de uma derrota. Sei não. Antes do apito inicial, o mundo acabava hoje mesmo. Mas o sentido da frase era mais amplo. Mesmo com a vitória, nem o mundo, nem a temporada, nem a cobrança da torcida e dos críticos acaba. Faltam três vitórias em três jogos – ou quase isso – para que estes 2 a 0 na Ilha do Retiro sejam de fato relevantes.

Só precisa repetir
Um começo nervoso, mas tudo se acertou. Danilo, Maurício e Edmilson não bateram cabeça. Marcos pegou muito. Pierre foi muito bem. Mesmo Fabinho Capixaba, cuja lateral foi exploradíssima por Ciro e Dutra, não comprometeu. A única boa partida da zaga. Apesar da retranca assumida sem constrangimento no segundo tempo, o Sport não conseguiu manter, em nenhum momento, uma situação de pressão plena depois do primeiro gol.

A vitória é muito mais relevante para o Palmeiras do que a derrota para o Sport. É claro que por se tratar da fase de classificação, para um time que vinha invicto e deve ser tetracampeão pernambucano, o revés está longe de representar risco efetivo para o time. Isso aparentemente reduziu a determinação do rubro-negro de Recife. A celeuma envolvendo a troca de arbitragem ficou claramente diminuída.

Diego Souza foi monstruoso no segundo tempo. Antes do gol, ele teve um chute defendido brilhantemente pelo goleiro Magrão. Com arrancadas, era a única esperança dos visitantes de segurar a bola no ataque. E de construir jogadas que levassem perigo. Bem que ele avisou, no fim de semana ao fazer o gol da vitória no campeonato Paulista, que o Jogo era quarta.

A comemoração do segundo gol é impressionante. Assim como a celebração do grupo ao final da partida, as cenas dão a dimensão de como o grupo estava vendo a partida. Teria que ser topeira ou sangue de barata para não entrar como Keirrison, com o rosto vermelho de pura tensão, parecido com um hipertenso em crise de pressão alta.

O resumo do jogo é um grande "ufa!" ao mesmo tempo em que um vislumbre de uma zaga confiável em um time determinado. Precisa repetir a dose na próxima quarta-feira, em São Paulo, para confirmar a boa impressão.

quarta-feira, abril 08, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 37

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PEQUENO PERFIL DE UM CIDADÃO COMUM
(Belchior/ Toquinho)

Toquinho

Era um cidadão comum
Como esses que se vê na rua
Falava de negócios, ria
Via show de mulher nua
Vivia o dia e não o sol
A noite e não a lua

Acordava sempre cedo
Era um passarinho urbano
Embarcava no metrô
O nosso metropolitano
Era um homem de bons modos
"Com licença", "Foi engano"

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte
Pensando em vencer na vida

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde
A sensação da missão cumprida

Acreditava em Deus
E em outras coisas invisíveis
Dizia sempre "sim"
Aos seus senhores infalíveis
Pois é, tendo dinheiro
Não há coisas impossíveis

Mas o anjo do Senhor
Do qual nos fala o livro santo
Desceu do céu pra uma cerveja
Junto dele no seu canto
E a morte o carregou
Feito um pacote no seu manto

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte
Pensando em vencer na vida

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde
A sensação da missão cumprida

(Do LP "Pequeno perfil de um cidadão comum", Philips, 1978)

Prova de que o PIG vem caindo

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Para quem duvida da queda do PIG, segue uma prova cabal, tirada do excelente blog Cloaca News. Sem comentários.


Atropelo

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Essa é a palavra que define o primeiro tempo do Barcelona pra cima do Bayern de Munique, pela Liga dos Campeões da Europa. 4 a 0 no placar (dois de Messi, um de Eto’o e um de Henry), mais algumas chances desperdiçadas e o controle total do jogo. Aos 13 minutos, já estava 2 a 0, um de Messi com passe de Eto’o e um de Eto’o com passe de Messi. Aos 15, Henry já tinha perdido duas outras chances de ampliar.

O Barça começa a marcação na saída de bola do adversário e não deixa os alemães organizarem seu jogo. Quando recupera a bola, toca com tranqüilidade e objetividade, sem abdicar de alguns dribles em ter vergonha de recomeçar a jogada lá na zaga. Os três do ataque são um show à parte, com movimentação, dribles e passes precisos. Sobre o Bayern, na boa, não deu pra ver jogar.

Não vi a segunda etapa, mas o placar continuou o mesmo, e segundo acompanhei na Internet, o domínio do time espanhol continuou. Agora, os espanhóis podem perder por até três gols de diferença na Alemanha.

Outros resultados

Na semi-final inglesa, o Chelsea ganhou do Liverpool por 3 a 1, de virada, em plena terra dos Beatles. Agora, a equipe azul pode perder de até 2 a 0 em casa, no jogo de volta, em Londres.

Na rodada de ontem, o Porto arrancou um empate em 2 a 2 com o Manchester na Inglaterra, dificultando a vida da equipe de Cristiano Ronaldo. Péssima hora na temporada para os ingleses, que vinham detonando até aqui, entrarem em baixa. No jogo menos badalado, o Arsenal (sim, outro inglês) conseguiu um bom empate com o Villareal na Espanha, por 1 a 1.

'A sua única droga é a cerveja'

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A frase que dá título ao post é de Joana Machado (foto), rainha da escola de samba Renascer de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e ex-namorada do manguaça Adriano. "A sua única droga é a cerveja, mas quem não gosta de tempos em tempos?", questionou Joana, que disse ter acabado com o namoro devido aos excessivos ciúmes do jogador. Este é outro assunto velho que recuperamos aqui: roído pelo pé na bunda que levou da namorada, o centroavante simplesmente desapareceu após o jogo do Brasil contra o Peru, há uma semana. Como não viajou para a Itália, para se reapresentar à Internazionale de Milão, deu o que falar no mundo inteiro: os jornais levantaram a hipótese de rapto e até de assassinato. Mas o atacante está vivo, curtindo a fossa na Vila Cruzeiro, comunidade carioca onde nasceu. "O Adriano está completamente perdido, mas não tenho forças para lidar com ele", desabafou Joana. Segundo Gilmar Rinaldi, empresário do bebum, a volta para a Itália deverá ocorrer semana que vem. Lá, a Internazionale pretende resolver o contrato com o conturbado jogador de uma vez por todas. E há quem não descarte um novo retorno de Adriano aos gramados brasileiros, depois de ter jogado pelo São Paulo em 2008 (onde, pra variar, também aprontou). Aí, fica a dúvida: o cara é um bom atacante, mas, se já bebia todas antes dessa desilusão amorosa, imagina agora! Porém, justiça seja feita: observando a foto acima, confesso que também me afundaria na cachaça...

Caetano Veloso, leitor do Futepoca?

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Ando tão por fora do que se passa em termos de atualidades musicais, e as últimas coisas que ouvi do Caetano (escalado pelo Frédi na ponta direita da sua seleção) eram tão bregas, que perdi o interesse e nem estava sabendo da história de seu último disco, agora em lançamento. Chama-se Zii e Zie e parte de uma ideia que me pareceu genial: ir mostrando as canções ao público à medida que elas vão se fazendo. Segundo a revista Bravo! deste mês (que comprei porque saiu uma notinha sobre a mostra de cinema Marguerite Duras: escrever imagens, da qual fiz a curadoria e à qual retornarei em breve neste espaço), o Caetano teria dividido essa ideia com o Hermano Vianna, que por sua vez lhe sugeriu fazer um blog, oferecendo também o apoio técnico.

O músico topou e isso virou o blog Obra em Progresso, que tem textos interessantes. Um destaque é uma polêmica aberta com o Fidel Castro, que entrou no processo de composição da música "Base de Guantánamo". O projeto era culminar no disco, que agora está saindo.

E veja só, empolgado com o novo espaço aberto, Caetano passou a dedicar um tempo importante de sua vida a ele, e diversificou os temas, adentrando, claro, na política, mas também, inesperadamente, no futebol. Diz a revista que Caetano teria, por exemplo, elogiado "a humildade dos jogadores do time pelo qual torce, o Bahia, por eles terem 'se recusado' a golear o time do Poções numa partida válida pelo Campeonato Baiano".

Até aí, estamos em terreno comum. Mas a pulga começou a dar piruetas atrás de minha orelha quanto Caetano conta que futuro intenciona pra sua base internáutica: "O blog foi criado para acabar quando o disco saísse. E assim será. Pode virar outra coisa ou simplesmente sumir. Continuar sendo o boteco virtual onde a gente conversa e discute é que não vai."

Opa! "Boteco virtual onde a gente conversa e discute"??? Este é o Futepoca! Será que Caetano, como Vanderlei Luxemburgo e Soninha, é nosso leitor?

Caetano, mesmo que feche o seu boteco, você já conhece o endereço, o nosso tá sempre às ordens.

O não-fato que virou factóide

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A campanha para as eleições presidenciais de 2010, na imprensinha brasileira, já começou. Pelo menos na (nefasta) Folha de S.Paulo, que, após o infeliz episódio da "ditabranda", comete novo ridículo ao ressuscitar um fato de 40 anos que simplesmente não aconteceu. No último domingo, 5 de abril, publicou a inacreditável "matéria" intitulada "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Neto". Estapafúrdio. Nem um golpe baixo seria de tão baixo nível. Por isso, sem querer engrossar a marola que a imprensinha tenta fazer sobre o risível factóide, reforço aqui, como trabalho realmente jornalístico, dois trechos da carta do jornalista e professor universitário Antonio Roberto Espinosa que a Folha, pra variar, recusou-se a publicar:

1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;

2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma.

Antonio Roberto Espinosa

Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de "Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade" e editor da "Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe".


É isso, fim de papo. E endosso a campanha: NÃO LEIO A FOLHA!

Tipos de cerveja 32 - As Dortmunder/ Helles

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Esses dois estilos alemães estão bastante relacionados e próximos, sendo que o primeiro é originário da região de Dortmund e o último, da Baviera. Ambos são ligeiramente mais fortes do que uma Lager tradicional, variando o teor alcoólico entre 5% e 5,6%. Têm boa presença de malte e os melhores exemplos destacam um certo sabor de biscoito, devido ao malte utilizado. "São cervejas leves e de fácil ingestão, apesar de algumas Dortmunder da Dinamarca e Holanda serem mais encorpadas e alcoólicas. O caráter amargo é muito similar ao das Pilsner alemãs, aromático e seco", observa Bruno Aquino, do site parceiro português Cervejas do Mundo. Bons exemplos desses tipos de cerveja são a Great Lakes Dortmunder Gold (foto), a Burgerbrau Wolnzacher Hell Naturtrüb e a Aqula Helles.

terça-feira, abril 07, 2009

Movimento Jornalístico-Sapatista Mundial

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A coisa já tá virando uma tendência (ou movimento) mundial entre os jornalistas: depois do iraquiano Muntazer al-Zaidi, que atirou seus dois pés de sapato no ex-presidente estadunidense George Bush, sucedido pelo repórter ucraniano Igor Dimitriev, do canal ATV, que jogou uma bota contra Oleg Soskin, diretor do Instituto de Transformação da Sociedade da Otan, outro pisante foi disparado hoje por um profissional de comunicação, na Índia. Jarnail Singh, do diário Dainik Jagran, lançou um de seus tênis contra o ministro indiano do Interior, P. Chidambaram (foto), durante uma coletiva de imprensa. Singh ficou furioso com a resposta sobre o relatório do Escritório Central de Investigação (CBI) que pede à Justiça a retirada das acusações contra Jagdish Tytler, membro do Partido do Congresso, de situação. "Queria protestar. Minha intenção não era ferir os sentimentos de ninguém. Por que deveria pedir perdão?", disse o jornalista, que faz parte da comunidade sique, ao canal local NDTV, depois do incidente. "Meu método pode ter sido incorreto, mas minhas razões não são", reforçou. Pois é, o "Movimento Sapatista" está ganhando força, ainda que, até o momento, só tenha atuado na editoria de política. Será que vão diversificar? Estou pra ver, por exemplo, o primeiro jornalista esportivo que terá a coragem de atirar chuteiras em algum cartola, técnico ou atleta merecedor de tal manifestação...

Monteiro Lobato explica o crédito e a crise (do subprime?)

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O trecho foi retirado do livro América, de Monteiro Lobato, publicado em 1931. O livro (que comprei por 10 pilas num sebo) é uma série de diálogos com um alterego chamado Mr. Slang, um inglês da Tijuca. Começa o britânico imaginário:

– (...) A dificuldade da situação está em que esta nova estrutura da industria se basea num estimulo permanente do desejo de mais, mais, mais coisas. Enquanto o povo responder ao estimulo que a propaganda incessante e habilissima organizou, a industria crescerá, as empresas distribuirão dividendos, suas ações se conservarão em alta na Bolsa. O consumo intensissimo constitue o alicerce da "prosperity". No dia, porém, em que o eretismo do consumo fraquar, teremos uma crise caastrofica, de proporções jamais imaginadas.
– Poderá fraquear? perguntei especulativamente, porque não via nenhum sintoma disso.
– Acho que vai fraquear, que é fatal a crise. O impeto do "mais" deu no excessivo. O mal estar por excesso de coisas, que você sente, todos acabarão sentindo. Tudo cansa, até ter. O que estamos assistindo na America de após-guerra é uma verdadeira bacanal de consumo. Pura orgia. A "salesmanship" elevada á categoria de ciência é sereia que tem conseguido manter em estado de frenesi a ansia de adquirir coisas, uteis ou inuteis, boas ou más, desejadas realmente ou compradas por arrastamento. vejo, entretanto, um ponto perigoso no sistema. O povo já está comprando a crédito, já está sacando sobre o futuro. O operario que adquire uma Frigidaire para pagar em vinte meses, está usando, como se dolar fosse, a probabilidade de manter-se no goso daquele salario durante vinte meses. Venha uma perturbação economica qualquer, tenha esse operario o seu ganho diminuido ou suprimido – e desabará sobre a America um cataclisma economico de proporções unicas, capaz de refletir-se desastrosamente no mundo inteiro.
(América, 1955, Editora Brasiliense, sexta edição. A acentuação estranha e não afeita nem à nova nem à velha regra ortográfica é reprodução do original)

De 1927 a 1931, o escritor de uma só sobrancelha foi adido comercial do consulado brasileiro em Nova York, nos Estados Unidos e, dizem, se entusiasmou com a possibilidade de dinheiro fácil na bolsa, investiu tudo e quebrou. Depois de voltar ao Brasil, apostaria em empreendimentos de extração de petróleo e ferro, e quebraria a cara.

A obra contém ainda reflexões que atribuem à colonização europeia uma certa inadequação ao clima e à vegetação dos trópicos e a "saudade" da Europa como motivo do distanciamento do americanismo. Expõe o quanto negros e índios eram cordialmente vistos como inferiores, e até – não sei se era ironia ou se eu entendi mal, apesar da "femininice" e da "matercracia" – a ideia de que na América não se pode tratar mal nem aos cachorros nem às americanas.

Mas nem por isso a análise sobre as origens da crise no consumismo e na expansão do "mass production" em contradição com a liberdade de escolha individual, pra citar outro trecho, deixa de ser interessante. E não se pode dizer nem que o teor do texto é excessivamente elogioso nem excessivamente crítico aos Estados Unidos – ele oscila o tempo todo.

Mais EUA
Antes de embarcar para a capital dos Estados Unidos, Lobato havia publicado outro livro que esbarrava no país da América do Norte e que também tem algum traço relacionado ao cenário atual. O Choque das Raças ou O Presidente Negro traz as aventuras de um cientista maluco que cria o "porviroscópio", uma máquina do tempo que o leva a 2228. Eleições presidenciais colocam três candidatos. Pelo partido Masculino, um branco. Pelo partido Feminino, uma bela candidata também de pele alva. E, para completar, um concorrente negro, que vence. No final, para conter a derrota, os brancos estabeleceriam um processo de eugenia de esterilização dos negros, disfarçado de alisamento de cabelo. Que Obama não alise os cabelos.

segunda-feira, abril 06, 2009

Sangue falso irrita repressores e vira inquérito

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Dá vontade de rir, mas o caso é muito mais triste (e revoltante) do que o ridículo da polícia estadual na cidade de São Paulo. No dia 24 de agosto de 2008, participei, com minha filha de seis anos e minha ex-esposa, da manifestação em memória das vítimas do extinto DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), órgão que torturou e matou a mando da ditadura militar brasileira. Naquele domingo, dezenas de pessoas marcharam pacificamente até o antigo prédio do serviço de tortura, onde hoje funciona o 36º Distrito Policial, na Rua Tutóia nº 1.000, para ler manifestos, levantar cartazes e pedir justiça para as vítimas da repressão. Como parte do protesto, algumas pessoas deitaram-se no estacionamento e suas silhuetas foram marcadas com tinta no chão, para lembrar os que ali tombaram. Já no final, alguém derramou meia lata de tinta vermelha (foto), como representação do sangue real que lavou as dependências daquele edifício nas décadas de 1960 e 1970.

Mas teve gente que não gostou. "Ato contínuo, um policial (delegado ou investigador, não ficou claro) saiu aos berros da delegacia e mandou que limpassem o chão. Vaiado, o homem voltou para o prédio, mas ameaçava gritando que alguém ficaria detido pelo derramamento da tinta", relatei em um post aqui no Futepoca, naquele mesmo dia. "Depois, (o policial) saiu com uma máquina digital e fez fotos dos manifestantes, que se dirigiram para um espaço a um quarteirão dali. Mas, óbvio, não deu nem cinco minutos e baixou polícia no local. Por sorte, todos conseguiram ir embora bem rápido, sem confusões", completei, na ocasião. Pois vejam só: não bastasse a truculência no momento da manifestação, o próprio 36º DP instaurou inquérito no dia seguinte, 25 de agosto (Dia do Soldado...), enquadrando o protesto pacífico.

O inquérito policial 609/08, contra a referida passeata em memória de presos políticos mortos nas dependências do DOI-Codi, acusa os manifestantes de terem "danificado espaço público e infringido o artigo 65 da lei 9.605/1998, segundo o qual constitui crime sujeito a pena de até um ano de detenção 'pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano'". Diz Celso Lungaretti, do blogue Náufrago da Utopia: "Paulo Fávero, estudante de Artes Plásticas da USP, foi intimado a depor. 'Os manifestantes pediam para que aquele lugar não continuasse sendo o 36º DP, mas sim um espaço da memória e da resistência', explicou Fávero (...) 'Os advogados tiveram acesso ao inquérito antes do meu depoimento e constava lá que eu era suspeito de mandante do ato e que sou representante da Liga Bolchevique Internacionalista (LBI), o que é uma mentira. Eu não sou membro da LBI, e não sei qual seria a relevância se eu fosse da LBI'". Belo questionamento.

Diz Lungaretti que, no inquérito, também são citados o deputado federal Ivan Valente, do PSol (que concorria à Prefeitura na época), o jornalista Ivan Seixas (torturado pelo governo militar e filho do metalúrgico Joaquim Seixas, morto na tortura) e - pasmem! - o blogueiro Darlan dos Reis, residente no Ceará, que não compareceu ao ato, mas apenas divulgou-o em seu blogue (!!!). Bom, diante de uma iniciativa dessas, de uma polícia estadual que devia nos servir, e não nos perseguir, só posso reforçar que o governo tucano de José Serra está se consolidando, voluntariamente, como um dos mais repressores e violentos em termos de segurança pública (os moradores sitiados de Paraisópolis que o digam). E pensar que Serra também foi perseguido e exilado pela ditadura militar. Quem te viu, quem te vê...

domingo, abril 05, 2009

Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos se classificam

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Terminou neste domingo, 5 de abril, a primeira fase do campeonato Paulista. Os quatro primeiros são os grandes clubes do estado: Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos se classificam. Isso acontece primeira vez desde que o formato do campeonato é o atual turno único. Considerando outros formatos, desde 2000 os quatro primeiros não coincidem com os grandes.

Palmeiras, Corinthians e São Paulo quase perderam suas partidas. O Verdão virou, o Timão e o Tricolor empataram em 2 a 2.

Mas a emoção ficou toda pela quarta vaga na fase final. O Peixe precisou de Kleber Pereira para marcar por três vezes para garantir a vitória de 3 a 2 sobre a Ponte Preta, sendo os dois da vitória no finzinho do segundo tempo. Com o placar, o time da Baixada ficou com um gol de vantagem de saldo, o terceiro critério de desempate.

A Lusa venceu o Santo André por 2 a 1 no Canindé, mas não bastou. Criou uma chance de gol no finzinho, não marcou. Desde 1998 a Lusa não se classifica para a fase final e até já esteve na segunda divisão. Não foi desta vez.

Com isso, os jogos são:
Palmeiras x Santos
São Paulo x Corinthians

Rebaixados
No lado de baixo da tabela, a região central do estado perdeu seus representantes. Guaratinguetá, Marília, Guarani e Noroeste caíram. Menos viagens pela Castelo Branco, Dutra e Anhanguera. O time do Vale do Paraíba foi o primeiro colocado na edição de 2008 do campeonato. O Marília cai na segunda competição seguida, já que ficou em décimo sétimo na Série B do ano passado. O Guarani, depois de subir para a série B, cai agora no estadual. O Noroeste manteve a fama de ioiô e caiu, depois de quatro temporadas.

Campeão do interior
Se alguém souber como se organizam os candidatos a campeão do interior, aceito ajuda.

Liderança conquistada com susto

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O Palmeiras manteve a liderança da primeira fase do campeonato paulista ao vencer o Botafogo de Ribeirão Preto, de virada. Depois de passar para o segundo tempo atrás no marcador, foi necessário jogar durante quinze minutos para virar a partida.

Os visitantes saíram na frente em uma falha do goleiro Bruno. O lateral Betão percebeu o arqueiro alviverde adiantado e mandou por cobertura. O golaço parecia ser a continuação da queda de produtividade do time que não vencia há três rodadas.

No segundo tempo, Ortigoza entrou no lugar do improdutivo Lenny. Aos 13, o paraguaio aproveita uma enfiada de bola e faz um belo gol. Dois minutos depois, aos 15, a virada com Diego Souza, em bela jogada.

Não se pode dizer que a partida tenha sido fácil com só um percauço, nem uma péssima apresentação. O time foi bem, principalmente no segundo tempo. Mas um apagão desses na quarta-feira e mesmo na fase final é muito menos reversível. A liderança significa que, se não perder mais no campeonato, o bicampeonato fica garantido. Mas é só clássico pela frente para todo mundo.

sábado, abril 04, 2009

Para Walt Disney, samba vinha da cachaça

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Para Walt Disney – ou pelo menos para seu roteirista – o samba flui a partir da cachaça. Isso fica evidente em dois dos episódios de Zé Carioca, o personagem brasileiro criado nos anos 40 por um dos maiores representantes da indústria cultural estadunidense. Em ambos, o pássado é ladeado por Pato Donald. E ambos são do período da política de boa vizinhança com a América Latina.

Muita gente já escreveu sobre a influência de Disney na evolução do americanismo a partir da década de 30 na América Latina. A mais antiestados unidos delas é Para ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart. Tudo bem que uma parte da análise diz respeito aos padrões de família não convencional, em que não existem pais, mas apenas tios e sobrinhos... Mas faltou atribuir à cachaça a centralidade que Disney atribuiu. Ou que pelo menos eu vi.

Da cachaça pinta o samba
No primeiro, parte de "Alô, amigos", de 1942, lá pelos cinco minutos e, Zé Carioca leva o amigo pato para o Cachaça, um bar para tomar uminha. A danada está mais para rum, porque é vermelha, mas deixa o botafoguense Pato Donald acabado, bêbado de soluçar ("assim não é samba", avisa o Carioca ao sacar uma caixa de fósforo para completar o ritmo brasileiro).

Então, surge um pincel que acompanhou o episódio desde o início. Ele é mergulhado na garrafa de mé, e sai a desenhar os instrumentos musicais que produzem o samba. O chocalho, o pandeiro, a cuica... Olhe só:



Ficou alguma dúvida? Alguém já pensou o Donald dançando nessa intimidade toda com a Margarida?

Mas melhora.

Caipirinha também dá samba
O segundo desenho, de 1948, consegue parecer ainda mais sob efeitos de entorpecentes pesados. Em "A culpa é do o samba", a mesma dupla está acabada (de ressaca?) e recebe de um garçom-galo o "estímulo" do samba para acordar do estado de zumbi.

Depois de literalmente balançar o quadril em partituras musicais, o galo prepara uma caipirinha gigante que, mais do que servida aos protagonistas, tem neles parte de seus ingredientes. Devidamente preparado o copo da bebida verde, todos três terminam mergulhados numa viagem alucinógena com a participação da organista estadunidense Ethel Smith, que tocava com Carmem Miranda. Existe algum instrumento mais afeito ao samba-no-pé do que o órgão? Só vendo.



A história em detalhes é mais bem contada por aqui.

sexta-feira, abril 03, 2009

A piña colada e a manguaça intrínseca

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Essa é para mostras que generalizações e preconceitos (ou pré-conceitos) não são necessariamente do mal e podem render ótimas histórias. E também para reafirmar que a manguaça está no sangue, não importa a concentração alcoólica no corpo.

Aqui em Londres eu trabalho como garçonete em um restaurante que também tem um bar. Ou seja, se o cliente quiser só tomar uma, e não comer, não tem problema. Estava eu trabalhando numa tarde, horário em que não há barman, quando entram um homem e duas mulheres perguntando se podiam só beber. Claro, como não?

As pessoas estavam felizes e já chegaram conversando. O cara, que depois descobri ser italiano, me disse que as duas mulheres estavam loucas por uma piña colada, mas estavam tomando antibióticos, e ele estava tentando convencê-las a não beber.

Eu disse que tudo bem, imagina, o máximo que ia acontecer era cortar o efeito do remédio, mas elas não iam passar mal. Conversa pra vender, verdade, mas argumento de manguaça. Bom, eu estava preparando o drinque o e cara me perguntou o que eu tinha de não-alcoólico, já que ele não bebia. Eu apontei para os copos e disse que tínhamos piña colada sem álcool. Só que ele entendeu que eu achava aquele drink tão fraco que era praticamente sem álcool.

Aí ele olhou bem pra mim - eu, branquela de cabelos vermelhos, a pessoa que no ranking das adivinhações aqui em Londres é polonesa disparado - e disse:

- Não é possível, falando desse jeito de álcool você deve ser brasileira.

Quase caí pra trás. NUNCA alguém tinha adivinhado a minha nacionalidade. Mesmo brasileiros que vão ao restaurante e me ouvem falando inglês não conseguem perceber o sotaque e saber que eu sou brasileira. Até ele riu quando eu disse que eu era brasileira mesmo.

Vendo a minha surpresa - foram alguns minutos com os olhos arregalados - ele explicou que tem um grande amigo, brasileiro, que fala de álcool exatamente do mesmo jeito que eu falei. As duas mulheres também não acreditaram, porque jamais diriam que eu sou brasileira.

Claro que isso me levou a divagações 'antropológicas'. Será que os brasileiros são mesmo liberais desse tanto com álcool? A ponto de eu ser reconhecida como manguaça mesmo estando na Inglaterra, reconhecidamente uma terra de bêbados? Ou o fato do cara conhecer dois brasileiros manguaças não passou de coincidência? Preciso de ajuda dos meu companheiros manguaças para reponder a esses questionamentos tão profundos.

quinta-feira, abril 02, 2009

Um filme para a Fiel Torcida

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Captar e descrever em imagens o amor da Fiel Torcida pelo Corinthians. O formato é só de entrevistas com torcedores, dos mais variados tipos, classes sociais, raças, gêneros e idades. O cara que voltou de Paris para ver a partida contra o Grêmio que definiu o rebaixamento. A menina que rezou para Nossa Senhora pedindo pelo Corinthians antes do jogo contra o Ceará que decretou o retorno. O membro da Gaviões que passou a noite do sábado ántes do jogo fatídico em 2007 bebendo para não ter que dormir. Muitas caras dessa torcida que, dizem, é a única a inverter a relação e ter um time de futebol.

Esse é Fiel, documentário dirigido pela corintiana Andréa Pasquini, com roteiro dos também alvinegros Sérgio Groisman e Marcelo Rubens Paiva, a que o Futepoca teve a honra de assistir na sessão exclusiva para a imprensa realizada nesta quarta-feira, em São Paulo.



O filme é todo feito de depoimentos de torcedores, sem narração. Os entrevistados foram escolhidos entre mais de 3 mil histórias enviadas ao site oficial do filme. Segundo os realizadores, não houve nenhum acesso aos perfis sócio-econômicos dos torcedores e a diversidade alcançada não foi um objetivo.

O pano de fundo é a saga corintiana do rebaixamento em 2007 até a volta por cima e o retorno para a Série A. Fica a pergunta: por que diabos fazer um filme tendo como pano de fundo o momento mais triste da história do clube? A diretora explica com uma constante encontrada em todos os depoimentos colhidos. “Os entrevistados chegavam antes do momento de seu depoimento e acabavam ficando o dia todo, conversando. E sempre aparecia a questão das tragédias que presenciou. Eu pensei ‘a gente é meio maluquinho mesmo’ (risos). Parece que o sofrimento faz parte da paixão do corintiano”, diz Andréa.

Luiz Paulo Rosemberg, diretor de marketing do Timão, conta que a decisão de fazer o filme foi tomada por ele e pelo presidente Andrés Sanches logo após consumado o rebaixamento. “Fizemos duas promessas: fazer um filme homenageando a torcida e estar na Libertadores em 2010. Fico muito feliz de ter cumprido uma delas”, afirma.

Ele conta também a única diretriz que foi dada para os realizadores: “não ouçam a diretoria”. De fato, nenhum mandatário ou conselheiro aparece, apenas torcedores, alguns jogadores – Dentinho, Lulinha, Felipe (os sobrevivente de 2007), Chicão, William e André Santos (os novos), e o treinador Mano Menezes.

Mas a estrela é mesmo ela, a torcida, com sua devoção ao time. Há momentos que arrepiam, entristecem, emocionam. Entre as história, destaque para a torcedora que, durante as filmagens, descobre estar com câncer.

O filme tem ainda uma música inédita dos corintianos Rita Lee e Carlos Rennó, chamada "Sou Fiel", na voz da cantora Negra Li (que também torce pelo Timão). Bela homenagem do Corinthians a seu torcedor, que deve fazer de tudo para ir aos cinemas a partir do dia 10, quando o filme estréia - eu pretendo ver de novo e comprar o DVD (pré-venda no site www.filmefiel.com.br), que trará depoimentos que ficaram de fora do corte final do filme (a primeira versão de trabalho tinha mais de oito horas, segundo a diretora).

Os planos do clube para a bilheteria são ambiciosos: esperam ser o filme de futebol mais visto do país. Sobre isso, Rosemberg – em tom de brincadeira, santistas – provocou: “Teve um filme sobre um ex-jogador, que usava a mesma camisa que o Douglas, que levou 200 mil pessoas aos cinemas. Deixo para a Fiel responder se levaremos 300 mil, 500 mil...”.

A Revista do Manguaça Moderno

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Num site indicado por um amigo, descobri a sensacional e inacreditável Modern Drunkard Magazine, algo como Revista do Manguaça Moderno (veja, nas laterais, algumas das melhores capas, como a cara de espanto do bêbado acima, à esquerda, com a manchete "Martini Madness"). Criada em Denver, nos Estados Unidos, a revista tem como lema "Standing up for your right to get falling down drunk since 1996" (ou "Do seu lado pelo direito de cair bêbado desde 1996"). Fuçando referências brasileiras, encontrei um post bem humorado de nossa camarada Soninha, em que descreve, muito preocupada, o dia em que a mãe dela e uma comadre fofoqueira apareceram de surpresa e, em cima da mesa, estava jogada uma edição da Modern Drunkard Magazine. "A tal comadre viu, deu uma folheada e logo a jogou na bolsa. 'Depois devolvo', disse-me. Estou com azia desde então. Sei que vou ouvir de minha mãe, avó e tias, sem contar essa querida comadre, certamente, sobre as minhas simpatias para com o álcool", afligia-se Soninha, atual subprefeita da Lapa, em São Paulo. Para fazer os leitores entenderem um pouco do que a comadre fofoqueira encontraria na tal revista, Soninha conta que a edição trazia serviços úteis como "A Etiqueta do Vômito", que orientava didaticamente: "Nunca saia correndo do salão, vomitando. Em vez disso, informe a seus amigos: 'desculpem-me, mas preciso vomitar', e saia casualmente em direção ao banheiro para aliviar-se". Outra dica fundamental: "Um dos maiores erros do vomitador é curvar-se. Você pressionará seu diafragma tornando o ato de expulsão muito mais difícil. Vai garantir que suas narinas fiquem entupidas de algo indesejável. Fique de pé, ereto e orgulhoso. Lembre-se de que o alvo de seu vômito é de vital importância". Na série "Quem é o maior bêbado de todos os tempos?", em quadrinhos, um locutor de rádio dos anos 1940 narrava lutas de boxe entre Ernest Hemingway e Jackie Gleason e outra com Charles Bukowski contra William Faulkner. Na seção "86 regras para embebedar-se", há dicas como "nunca, jamais, revele ao barman que ele fez seu drinque forte demais, e, se ele fez fraco demais, peça um duplo em seguida. Ele vai entender o recado". Ou ainda: "Qualquer pessoa num palco ou atrás de um balcão de bar parece 50% mais bonita". E mais essa: "Para cada drinque há 5% de chance de você entrar numa briga. Tem também 3% de chance de você apanhar nessa briga". Pra completar, um glossário com gírias de pinguço ianque, do tipo "Britney Spears", que significa cerveja leve. É usada em frases como "um cara que fica mamando uma Britney Spears a noite toda não pode ser levado a sério" - aliás, pensando nisso, creio que as Skol, Brahma, Bohemia e Original da vida já estão merecendo, há muito tempo, uma gíria neste sentido ("Sandy"?). Buenas, por essas e outras, penso que falta uma publicação desse tipo em língua portuguesa. Algo que a gente pudesse ler no bar, com o mesmo prazer do primeiro gole de cerveja gelado. Deixo a dica de leitura. E pra rimar, acho que vou fazer uma assinatura. Slângiva!

Dunga 3 a 0, Maradona 1 a 6

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No dia da mentira, o time do massacrado técnico Dunga venceu a seleção do Peru por 3 a 0 em Porto Alegre. Enquanto isso, em La Paz, a Argentina apanhou de 6 a 1 da vice-lanterna representação da Bolívia. Nem foi a redenção do primeiro nem a execração do segundo. Ainda.

Brasil e Peru
Com dois gols de Luís Fabiano, incluindo um de pênalti e outro em posição de impedimento, e outro de Felipe Melo, o Brasil manteve o padrão nas eliminatórias. Para facilitar a convocação de atletas e conciliar a prévia da Copa, são realizadas duas partidas na mesma semana e, sempre, o escrete canarinho vai bem em uma e mal na outra – ou vice-versa. Desde os tempos de Carlos Alberto Parreira era assim.


Daniel Alves foi bem.

Quando a primeira das duas partidas é ruim e a segunda melhora, cabe dizer: "O Dunga deve ter falado umas boas verdades pra turma". Ou: "Ouviram as críticas e resolveram largar de fazer corpo mole". Quando é o inverso é mais complicado.

Os próximos jogos são contra Uruguai e Paraguai. Se mantiver o padrão, uma vitória e um empate para manter a segunda colocação seriam o melhor cenário.

Em campo
Kaká voltou, procurou jogo, correu os 90 minutos. Embora não tenha sido sua melhor forma, mandou avisar que Ronaldinho Gaúcho não precisa mais ser convocado. Daniel Alves foi apontado como melhor em campo por alguns comentaristas, claramente agrada Dunga, mas não tem vaga garantida. Maicon, o parceiro de Adriano nas baladas, tem mais vigor físico, embora tenha apresentações piores com a amarelinha.

Robinho até procurou a bola, mas não esteve bem. Alexandre Pato entrou a pedidos da torcida, mas aprontou quase nada. Elano, pela regularidade, parece ter conquistado a posição na meia.

Cabe destacar o gol do camisa 5, foi um lance de raça, com divididas e mais divididas até chegar à cara do goleiro. E então, quando eu esperava um chutão, uma bomba para coroar uma arrancada que teve um pouco de técnica e muito de trombada, veio o inusitado. Um toque sutil para tirar o arqueiro da jogada.

A seleção do Peru jogou muito mal, é fato. Conseguiu uma bola na trave em um lance que Julio Cesar, o quase imbatível contra o Equador estava adiantado.

Piaba
Enquanto parte da torcida brasileira fazia cara feia a cada passe certo da equipe de Dunga, os argentinos tinham um pouco mais de motivos para se preocupar. A goleada histórica de 6 a 1 traz a lembrança do placar de 5 a 0 alcançado nas eliminatórias da Copa de 1994 contra a Colômbia, que condenou os hermanos a disputar a repescagem contra a Austrália e abriu caminho para a volta de Diego Maradona no mundial dos Estados Unidos.

Mas não é essa digreção que importa. Importa que o time verde massacrou o time do agora técnico Dieguito. A cada gol, era como uma punhalada no coração, descreveu o treinador. Equivocou-se e pagou, o que lhe rendeu, nas contas do Olé, 40% da responsabilidade pela derrota – 20% para altura, 30% para os jogadores e 10% para a Bolívia. Isso porque os jogadores fizeram as "partidas de suas vidas", segundo a reportagem.

O que é divertido é que, na partida contra a Venezuela, a mídia argentina elogiou tanto o time que considerou a melhor atuação de Messi com a camisa da seleção. No jogo seguinte...

É inevitável preferir Dunga ao Maradona.

Precursor do fair play batizou gandulas

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Muitos termos que ainda usamos no meio futebolístico têm origem inglesa, como o próprio esporte. Beque, por exemplo, vem de back, aquele que "volta". Chute, ainda mais óbvio e direto, é shoot (atirar). Mas existem outros termos sem explicação aparente. Um deles, por exemplo, é gandula. Pesquisando, descobri que a palavra deriva do jogador argentino Bernardo Gandulla (foto à direita), contratado pelo Vasco da Gama em 1939. Existem duas versões sobre o assunto: a de que, quando ainda jogava pelo Boca Juniors, corria voluntariamente atrás da bola quando ela saía de campo, para recomeçar a disputa o mais rápido possível. E a de que, impedido de jogar pelo Vasco, mostrava-se prestativo como apanhador de bolas durante os jogos, não só quando a reposição era para o seu time, mas também quando favorecia o adversário - o que configura um curioso caso "ancestral" de fair play no futebol mundial.

Também há duas versões para o fato de não ter jogado pelo Vasco. A primeira, pura e simples, leva a crer que o argentino não agradou nos treinos e não se adaptou ao futebol brasileiro, sendo apartado do elenco. A segunda é mais verossímil, pois Gandulla era considerado um grande meia-esquerda em seu país. Revelado pelo Ferro Carril Oeste em 1934, integrou a famosa linha de ataque chamada de "La Pandilla", ao lado de Además, Maril, Bornia, Sarlanga e Emeal. Porém, ao ser trazido pelo Vasco em 1939, junto com o ponta-esquerda Emeal, teve problema com a legislação da época sobre transferências internacionais. Como não era dono de seu próprio passe e a negociação foi confusa, ficou impedido de jogar. Nesse afastamento, para sentir-se útil, passou a repor voluntariamente as bolas que saíam de campo.

Mesmo com essa frustrada passagem pelo futebol brasileiro, Bernardo José Gandulla foi destaque na Argentina, pois era exímio armador e goleador. Em 1940, transferiu-se para o Boca Juniors, onde marcou 18 gols em sua primeira temporada e sagrou-se campeão argentino em 1940 (conquistaria o título novamente em 1943). Chegou a disputar uma partida pela seleção de seu país e, em toda a carreira, fez 123 gols em 249 jogos. Além do Ferro Carril Oeste, Vasco e Boca Juniors, Gandulla defendeu o rival River Plate, o Auxerre, da Suiça, e o Manchester City, da Inglaterra. Mas também batia um bolão fora de campo: a foto acima reproduz a capa da revista "Cine Argentino" de março de 1941, onde ele "divide" uma bola com a jovem atriz Eva Duarte - ninguém menos que a futura primeira-dama da Argentina, rebatizada como Evita Perón.

Depois de pendurar as chuteiras, treinou as categorias de base do Boca e revelou jogadores como Rattin, Ponce e Monzo, ganhando o apelido de "Maestro". Mais tarde, treinou a equipe profissional em 1957, 1958, 1967, 1971 e 1972. Nascido em 1º de março de 1916, Gandulla faleceu em 7 de julho de 1999, aos 83 anos, em Buenos Aires. Seus restos mortais estão sepultados no Panteon do Boca Juniors, no cemitério de Chacarita. Mas foi imortalizado com a criação do "Trofeo Gandulla", que é dado todos os anos ao melhor jogador argentino. Maradona, por exemplo, o recebeu em 1981.

Lei quer proibir venda de bebida a embriagados

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Eu vô chamá meu adevogado!

Como alertou Mouzar Benedito, em artigo para a revista Fórum, o fundamentalismo está realmente tomando conta da manguacice no Brasil. Depois da Lei Seca para motoristas, querem aprovar agora um projeto que torna crime vender, fornecer, entregar ou servir bebida "a quem se acha em estado de embriaguez", entre outros casos específicos, como quem "sofre das faculdades mentais" e quem estiver "judicialmente proibido de frequentar lugares onde se consome bebida". A pena pode variar de seis meses a dois anos de prisão, além de multa. Alerta geral: a lei "Anti-saideira" já está na Câmara dos Deputados e pode ser votada ainda este mês. É mais um atentado contra o Estado de Direito Etílico defendido pelo nosso Manguaça Cidadão!

Acho que seria o caso de perguntar: quem serão os "fiscalizadores de embriaguês" autorizados a proibir o prosseguimento da bebedeira e mandar os bêbados para casa? Qual será o limite para proclamar que alguém está encachaçado? A deputada federal Sandra Rosado (PSB), relatora do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, afirma que "a embriaguez é algo evidente" e que, por isso, trata-se de "uma lei fácil de cumprir, porque a pessoa embriagada ou com problemas mentais já faz parte da comunidade, da vizinhança". Como assim, cara pálida? A deputada Rita Camata (na foto acima, após um tombo), do PMDB, autora do projeto que tramita desde 1995, acredita que o governo "já tem uma estrutura de fiscalização" que pode ser usada nos casos previstos em sua proposta.

Na cara larga, sem maiores explicações, ela empurra o abacaxi e afirma que "os detalhes da fiscalização ficarão a cargo do Executivo e serão definidos depois da aprovação do projeto no Congresso Nacional". Ah, então tá! Não contente, Rita Camata queria proibir, também, a venda de bebidas alcoólicas para menores de 21 anos. Sua justificativa era que "o amadurecimento, geralmente, só se completa nessa idade" (só se for o dos filhinhos dela!). Graças ao Deus Mussum, o artigo foi suprimido ao passar pelas comissões, pois os relatores decidiram que a questão da maioridade - de 18 anos - já estava contemplada no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Diante de tanta opressão, já tem gente gritando: o superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Enio Rodrigues, não crê na aplicabilidade do projeto. "A aplicação deste projeto é complicada. Vai ter um bafômetro em cada lugar para medir a embriaguez? Tem que pensar na praticidade também na hora de fazer um projeto", observa Rodrigues, com lucidez. Porém, cabe aqui a observação de que não existem mocinhos nem bandidos nesse rolo. O projeto trmitou 14 anos, a passo de tartaruga, única e exclusivamente pela influência do lobby da indústria de bebidas.

Questionado, Rodrigues abusou do cinismo: "As empresas trabalham no sentido de conscientizar os parlamentares de que existem posições contraditórias sobre o tema". Mais tucanês que isso, impossível!

quarta-feira, abril 01, 2009

Corinthians ganha bem do Ituano e torce contra o São Paulo

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O Corinthians venceu bem o Ituano na noite desta terça-feira por 3 a 0. Mais uma vez, dei uma de Marcão e não vi a partida. Mas os comentários colhidos e minha apurada análise dos melhores momentos dizem que o time foi bem, criou mais jogadas e conseguiu controlar o jogo. “Ah, mas o Ituano é uma baba!”. Deve ser, mas o Guarani também é e deu no que deu.

Os gols do jogo foram de Jorge Henrique (de cabeça), Ronaldo (após uma cobrança rápida de falta) e Christian (uma bomba numa falta de meia distância). Todos aconteceram no primeiro tempo. Na etapa complementar, o Timão cozinhou o galo, mas teve ainda dois gols anulados em impedimentos, no mínimo, difíceis: um de Jorge Henrique (em que o bandeira parece ter acertado) e outro de Ronaldo (e nesse o auxiliar errou mesmo). Se tivesse valido, o gol do gordo centroavante seria o sexto em seis jogos pelo Corinthians, média bastante positiva.

O time entrou modificado, com os três atacantes que muita gente defende: Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo. No meio, Douglas, machucado, deu lugar a Wellington Saci – Boquita, sem contusão, foi para o banco. Há quem diga por aí que a ausência de Douglas fez bem ao time, que praticou um futebol mais solidário no meio. Saci é limitado, mas corre bastante e não prende muito a bola. Além dele, Elias e Jorge Henrique preenchem o setor e ajudam a dar fluência ao jogo. O baixinho atacante parece ter feito sua melhor partida pelo Timão, se mexendo e participando bastante. Se for isso mesmo, pode ser uma boa. Mas nada impede que o camisa 10 cumpra a função de Saci - nada fora ele mesmo, talvez.

Agora, o Corinthians pega o Mirassol, sem Ronaldo (que vai descansar), Alessandro, Morais e Túlio (que forçaram o terceiro amarelo). Douglas ainda é dúvida. A classificação já está garantida, mas o segundo lugar é um obejtivo. Para isso, é preciso vencer o Mirassol e torcer para dois improváveis tropeçoes do São Paulo. Ou seja, é melhor Mano Menezes se preparar para ganhar os jogos da semi-final.

Todas as honras à Fiel Torcida – participei do lançamento para imprensa do filme Fiel, documentário sobre a torcida corintiana durante a saga do time na Série B. Escrevo em breve sobre o filme. Adianto que é emocionante e merece ser visto.

CBF reassume Série B. Vasco e Corinthians são pivôs da crise

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A Futebol Brasil Associados (FBA) não vai mais organizar a segunda divisão do futebol brasileiro. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a decisão aos presidentes de clubes da Série B em reunião na terça-feira, 31 de março. A entidade presidida pelo ex-presidente do Santa Cruz José Neves Filho fazia a gestão comercial da competição desde o final de 2002 e tinha contrato até 2010. A decisão não teria sido comunicada oficialmente pela CBF.

Segundo o UOL Esporte, o "mentor" da mudança seria o Corinthians. Pelo menos foi o que os presidentes de clubes da segundona disseram. Uma pendência na cota de patrocínio teria criado inimizade entre o cartola e o alvinegro, amplificado por disputas com outros paulistas.

O bom relacionamento de Neves com Roberto Dinamite teria gerado favorecimento excessivo ao clube do Rio de Janeiro, na visão dos outros times. Como envolvia dinheiro a negociar com a Globo, nova detentora dos direitos de transmissão, e com patrocinadores, as pressões devem ter sido grandes.

O agravante, segundo o blogue de Erich Beting foi a relação entre a FBA e a empresa que negociava os patrocínios diretamente, a Sport Promotion. O contrato entre as partes havia se encerrado em dezembro passado, mas diz-se que a mesma corporação será encarregada pela CBF de negociar as cotas de patrocínio. Vale lembrar que a Spor Promotion já negocia os direitos de marca da confederação desde 2007.

Segundo Neves, no ano em que o Vasco disputará a competição, já havia patrocinadores com contrato assinado. Ele considerou a medida de "ditatorial" e disse que vai brigar para retomar o controle da competição.

Em 2007, Neves entrou numa disputa judicial com o Blogue do Santinha.

A Lei de Murphy no futebol brasileiro

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Como já adiantei nos comentários de alguns posts, estou relendo a trilogia da "Lei de Murphy", publicada pela Editora Record no final do século passado, com tradução e "transubstanciação" de Millôr Fernandes - e ilustrações impagáveis do mestre cachaceiro Jaguar. No meio de tantas pérolas, como "Toda ambiguidade é invariável" (Lei Roberta Cloese), "Confia em todo mundo, mas corta o baralho" (Lei Castor de Andrade), "Toda ordem que pode ser mal interpretada é mal interpretada" (Axioma do Exército) ou "Há dois tipos de pessoas: as que dividem as pessoas em dois tipos e as que não" (Distinção do Sociólogo), encontrei "leis" do futebol brasileiro:

LEI DA CBF
Quando chega a sua vez, mudaram as regras.

LEI TELÊ SANTANA
Nada é mais inevitável quanto um erro que você prevê.

SEGUNDA LEI TELÊ SANTANA
Jogadas perfeitas na teoria não dão certo na prática.
Jogadas perfeitas no treino são as que enterram o time.

LEI ZAGALLO DA RESPONSABILIDADE
Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam.

LEI DO VIAJANTE E DO JOGADOR DE SELEÇÃO
Não se consegue fazer nada numa viagem.

SEGUNDA LEI PELÉ
Basta ser popular pra ficar impopular.


Pra mim, a melhor é a explicação filosófica com base no Botafogo-RJ, que hoje é só um amarelão, mas que, na época, era um perdedor predestinado:

LEI BOTAFOGUENSE
Um bom resultado só acontece uma vez.

TEOREMA BOTAFOGUENSE
1 – Você não pode ganhar;
2 – Você não pode empatar;
3 – Você não pode nem largar o jogo.

PRESUNÇÃO BOTAFOGUENSE
Toda filosofia que procura dar alguma significação à vida é baseada na negação de uma parte do Teorema Botafoguense:
1 – O capitalismo é baseado na presunção de que você pode ganhar;
2 – O socialismo é baseado na presunção de que você pode empatar;
3 – O misticismo é baseado na presunção de que você pode largar o jogo.

Com Diego Souza, ainda sem futebol

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Mesmo com a volta do meia Diego Souza, o Palmeiras amargou um empate em Itápolis com o Oeste em 1 a 1. O resultado frustrou as expectativas da torcida e do treinador Vanderlei Luxemburgo que queriam ver garantida a liderança da primeira fase do campeonato paulista, posição que garante a vantagem do empate na fase final.

Novamente o time saiu atrás no marcador, com gol de Ademar, e precisou do zagueiro Maurício ramos para não dar vexame. A retomada do esquema com três zagueiros voltou a não resolver a defesa. Sandro Silva foi bem melhor do que Fabinho Capixaba na lateral-direita.



Quando o gol do Oeste saiu, aos 7 do segundo tempo, a torcida alviverde pediu a entrada de Lenny. Tudo bem que o jogador é o vice-artilheiro, mas metade de seus gols saíram em um só jogo (e a outra metade antes da quarta rodada). Ao colocá-lo no lugar de Marcão, o time voltou ao 4-4-2. O reserva teria chance de virar o jogo, mas assim como Keirrison, não garantiram a vitória.

Diego Souza, cuja ausência foi lamentada na última partida, esteve mais apagado. Entrou jogando no ataque, mas nem quando voltou à meia melhorou muito. Cleiton Xavier foi melhor, fez o passe do gol.

A liderança no campeonato paulista vem servindo para o Palmeiras de vacina anticrise. Antes que alguém pronuncie a palavra, já lembra da tabela e muda o foto. Mas o time caiu muito de produção, há quem o considere devagar quase parando. Em parte, isso pode ser atribuído ao trabalho dos adversários que estudam e marcam melhor algumas peças-chave do esquema palestrinho. Mas de outro lado há uma irregularidade grande nas atuações.

Se a posição for garantida amanhã por um tropeço do São Paulo – o único que ainda pode ultrapassar a pontuação do time –, será uma "conquista" bem significativa da condição atual da equipe. Um cenário que torna mais adversa a já grave condição do Verdão na Libertadores para a partida da próxima terça-feira contra o Sport.