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Eu nunca tinha visto a transmissão de um jogo se preocupar tanto com o banco de reservas. Não os dois, claro. O do Itumbiara não foi mostrado uma vez sequer. Mas toda bola pra fora era motivo para mostrar o banco corintiano e o centroavante Ronaldo. No intervalo, antes de mostrar os melhores momentos dos dois times em campo, Kléber Machado narrou uma seleção dos “lances” do camisa 9: Ronaldo brinca com Escudero, Ronaldo conversa com Mano Menezes (“e a conversa tá boa!”, comemora o narrador), Ronaldo comemora o gol de Chicão, Ronaldo demora pra sair do banco no gol de André Santos.
Enquanto isso, no lado menos importante das quatro linhas do gamado, o time do Corinthians dominava o fraco Itumbiara, com André Santos, Douglas e Dentinho em boas apresentações. Chicão ajudou a melhorar a defesa, mas mesmo assim Denilson deu trabalho e Túlio quase fez em bola que Fabinho tirou com Felipe já batido.
Mesmo superior, o Corinthians afunilou demais o jogo. Até que, no final do primeiro tempo, Jorge Henrique foi (um pouco) puxado por um zagueiro goiano e o juiz apitou um penalti discutível. Chicão cobrou com a categoria de sempre e ampliou sua vantagem na artilharia alvinegra esse ano.
O time voltou com Morais no lugar de Dentinho. Eu teria tirado Jorge Henrique, mas a mudança de posicionamento fez o ex-botafoguense melhorar no jogo. Morais também mostrou serviço e é possível vislumbrar algo daquele futebol de toques de bola rápidos que se esperava desse time nessa temporada. No Itumbiara, Túlio saiu para a entrada do rápido e chorão Landu. Seu Manoel, meu pai, disse que ficou mais tranquilo com o que chamou de “forcinha” do técnico adversário.
Logo no início da segunda etapa, Boquita – que não é Elias, mas cumpriu o papel de substituí-lo – tentou um chute de fora da área. A bola espirrou num zagueiro e sobrou para André Santos colocar de direita no canto esquerdo do goleiro Maxi.
Isso foi aos 4 min. Daí para frente, ninguém mais deu muita atenção para a partida (que não teve grandes emoções mesmo). Só queriam ver Ronaldo, o fenômeno, o gordo, o joelho, o R9, o maior artilheiro em Copas, o travequeiro, o traidor do Flamengo, o louco a mais no bando. E ele entrou, após 13 meses parado pela segunda contusão no joelho e 15 anos depois de haver jogado por um clube de seu país natal pela última vez.
Entrou pesadão, jogando quase parado. Dava pra ver nos movimentos que ele não estava no mesmo ritmo dos outros jogadores e que vai levar um tempinho até chegar perto. Mesmo assim, teria feito o seu gol logo na estréia, não fosse a esfomeada (mau sinal...) de Douglas em contra-ataque aos 31 min.
O centroavante tentou alguns dribles, se movimentou (pouco) e quis mostrar serviço ao ajudar a zaga aliviando uma bola de cabeça. Participou de mais duas boas jogada de ataque e meia: em uma, recebeu na direita, chamou a marcação e deu para Otacílio Neto na meia-lua, que deveria ter tocado para Douglas na esquerda, mas esfomeou também (...). Em outra, participou de uma rápida troca de passes com André Santos e Douglas, que o meia desperdiçou. Na meia chance, driblou um zagueiro, correu atá linha de fundo e tocou para Douglas empurrar para a rede. Mas o juiz viu falta do centroavante e paralisou o lance.
Na saída, Ronaldo foi cercado de repórteres e tomou uma microfonada no olho. Os outros jogadores tiveram que dar entrevistas para falar de Ronaldo. Douglas foi questionado sobre por que não tocou para Ronaldo. André Santos comemorou a volta de Ronaldo. A televisão mostrou lances de Ronaldo.
E o Corinthians eliminou o jogo de volta contra o Itumbiara e pega o Misto de Mato Grosso do Sul (que não é o Mixto, de Mato Grosso, bem entendido) na segunda fase da Copa do Brasil. Além de ganhar um pouco mais de tranquilidade para o clássico contra o pressionado (logo, mordido) Palmeiras, no domingo. Ah, sim: e Ronaldo estreou.