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Foi magra, com oscilações e cansaço. Mas foi uma vitória no Mangueirão. Por 2 a 1, o Palmeiras venceu o Paysandu em Belém (PA) pela Copa do Brasil. Garantiu vantagem, mas não eliminou o Papão da competição. Faltou disposição para ampliar e o time da casa fez frente ao alviverde, chegando a empatar e a tentar pressionar os visitantes.
Trata-se da terceira vitória seguida, depois dos resultados sobre o lanterna Sertãozinho e o líder Santos pelo Paulista. Isso é bom, mas não assegura que o time esteja embalado. Recuperado é o termo de bom tamanho.
Ewerthon e Lincoln foram os autores dos gols. Como principais contratações do time na temporada, eles foram a campo desde o início e decidiram. Além de nomes com mais consoantes do que o necessário, mostraram que estão no nível dos outros jogadores do elenco.
Talvez possam até jogar mais bola, mas não convenceram ainda de que são melhores. Em outras palavras, não salvam a pátria, mas são opções, em muitos casos, melhores do que as existentes. Lincoln dá mais consistência ao meio campo do que Ivo e Deyvid Sacconi, que são mais ofensivos. Ewerthon pode funcionar melhor do que os períodos magros de Robert. Lenny e Marquinhos tem menos presença na área. Mais opções nas mãos do técnico.
Mas o time ainda tem muitos momentos em que os passes falham e a bola parece quente, sem que apareça alguém com tranquilidade para dominar ou fazer um passe com qualidade. Bora treinar.
Os jogadores, no segundo gol, repetiram o Armeration, uma versão particularmente engraçada do lateral-esquerdo colombiano Armero de dançar um trecho do "Segura o Tchan", ou algo do gênero. Por um lado, cansa um pouco a polêmica das dancinhas. Por outro, como foi o renegado Armero a referência, a possibilidade de comemorar dançando ganha ares de exorcismo em vez de ser visto só como deboche. Quem sabe assim arrefece a polêmica? Engula-se os xingamentos aos jogadores rivais e deixa o pessoal dançar.
Lembra aquele toquezinho infeliz em escanteio no último minuto que eu detestei na partida do Corinthians contra o Independiente Medellin semana passada? Pois é, aconteceu de novo nessa quarta, no 1 a 0 contra o Cerro Porteño, no Paraguai. E dessa vez deu pra ver o técnico alvinegro gesticulando para os jogadores como quem diz “acabou o jogo, segura aí”.
Dessa vez irritou menos, porque pelo menos o time levou uma vitória após enrolação. E, durante os 90 minutos, a proposta de jogo, ainda que meio modorrenta, foi melhor executada. Elias, Jucilei e Danilo estiveram em boa jornada, garantindo mais fluência nos passes no meio de campo. O que não quer dizer necessariamente mais chegadas ao ataque.
A opção continuou sendo manter a posse de bola e cozinhar o jogo. Mas como errava menos passes no meio, a equipe conseguiu criar uma ou outra chance de gol e praticamente anular o Cerro, que teve, se bem me lembro, duas chances reais.
O Corinthians não teve muito mais que isso, na verdade. Umas três ou quatro, digamos. Uma delas em escanteio batido por Dentinho para Danilo desviar de calcanhar e Ronaldo empurrar para as redes - encerrando um curto (mas bem comentado...) jejum de 5 jogos sem marcar. Legal do gol foi ver o marcador do Gordo olhando a bola e se assustando ao vê-lo já dois passos na sua frente, livre pra marcar.
O jogo foi bonito? Não, nem de longe. Foi empolgante? Tampouco. Mas em algum momento deu realmente preocupação de perder? Não também. Mano Menezes resumiu a atuação com um “não fomos brilhantes, mas fomos práticos”. De fato, talvez até demais.
O time vai precisar de mais ousadia mais pra frente. Poucos times terão a incapacidade ofensiva do Cerro, que não conseguiu se aproveitar o recuo do Timão no segundo tempo. Insisto: ficar jogando só no seu campo é um risco que não considero valer a pena.
Mas o treinador mosqueteiro tem outro argumento difícil de rebater. “Quatro pontos em seis fora de casa. Temos de valorizar”, disse após o jogo. Some mais três da obrigação caseira e temos a liderança isolada do grupo, com sete pontos. Precisa mais? Sim, precisa. E confio que vai ter. Mas enquanto não tem espetáculo, contento-me com o frio pragmatismo dos números.
A nove meses de deixar a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva pode ter de enfrentar uma nova campanha. Quem o lançou candidato foi Mohamed Edwan, porta-voz da autoridade palestina. Segundo a BBC, o funcionário afirmou, nesta quarta-feira, 17, que quer ver Lula secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), sucedendo o sul-coreano Ban Ki-moon.
Foto: Ricardo Stuckert/Pr
O post poderia estar na editoria “Som na Caixa, Manguaça”, afinal o assunto é o programa “Samba na Gaboa”, da TV Brasil, apresentado pelo sambista Diogo Nogueira.
O programa que conta com um cenário baseado em um boteco, tem em suas gravações a presença quase que constante da indispensável cervejinha, que acompanha as conversas em busca pela memória e histórias da música brasileira. Já o episódio de terça-feira, 16, o tema foi a relação entre o samba e o botequim. Com os convidados Cristina Buarque e Alfredo Del Penho, o roteiro incluiu clássicos como Eu Bebo Sim (Luiz Antônio e João do Violão) e histórias de ébrios clássicos como Nelson Cavaquinho.
Um grupo de manguaças, digo, artistas decidiu homenagear a bendita cerveja de cada dia com uma série de esculturas, quadros e arte digital inspirados na bebida. Segundo a BBC, a mostra, intitulada "Cerveja e Arte", foi aberta recentemente em Madri e segue até 11 de abril. A curadoria afirma que fez um único - e dificílimo - pedido aos artistas: escolher uma marca de cerveja e dedicar-lhe uma obra "inspirada em muitos casos em sua apreciação do sabor" (diria o camarada Anselmo DeMassad: "-Tudo desculpa pra beber"). A maior parte das cervejas homenageadas é de marcas espanholas, eleitas por artistas locais, mas também há estrangeiras imortalizadas por artistas de oito países, de Cuba a Bangladesh. Alguns optaram por usar a bebida como inspiração para obras abstratas. Pedro Grifol, por exemplo, fez uma reprodução da Última Ceia, evocando a (sugestiva) marca de cerveja Judas (acima). A exposição será itinerante e renovada nos próximos meses, quando as peças expostas forem vendidas e substituídas. Para a futura coleção já há uma promessa de uma cerveja brasileira. Um artista plástico argentino promete retratar sua paixão pela Brahma. Alguém aí se habilita a homenagear a Kaiser ou a Nova Schin? O problema é ter que "saborear" antes...
Do twitter do senador Aloizio Mercadante:
Meu amigo Ricardo Kotscho veio me visitar depois da cirurgia. Perguntou: “- Você já tirou o apêndice?”. Eu respondi: “- Já”.
“- Você já tirou a vesícula?”, “- Já”. “- Você agora tirou um pedaço da próstata?”, “- Sim”.
“- Que alívio, ainda bem, você está nos deixando aos poucos...”, brincou Kotscho.
Uma amiga volta do almoço dizendo que foi a uma padaria onde havia uma placa advertindo: "Você está sendo monitorado por 12 câmeras". Assustador, mas não deixaram de acrescentar abaixo: "Sorria!". Na hora, me lembrei da letra de "Um sorriso nos lábios", do Gonzaguinha: "Ou então acha graça/ É tão pouca a desgraça/ Mas no fim do mês/ Lembra de pagar a prestação/ Desse sorriso nos lábios" (no final da gravação original ele imita um guarda e ordena: "Põe um sorriso aí, cidadão! Põe esse sorriso aí!"). Mas, em seguida, recordei outra letra, "Menina, amanhã de manhã", do Tom Zé:
Menina, amanhã de manhã
quando a gente acordar
quero te dizer que a felicidade vai
desabar sobre os homens, vai
desabar sobre os homens, vai
desabar sobre os homens
É isso: essa ordem para sorrir, essa felicidade desabando sem piedade sobre nós. Exagero? Pois vejam o que o site Mundo do Marketing observou sobre a "mania feliz" que também está empesteando as propagandas:
"Vem ser feliz", "A escolha feliz", "Lugar de gente feliz", "Você feliz", "A TV mais feliz". Quanta felicidade, valha-me Deus! Que inferno! Quem aguenta isso? Preciso beber. Nada mais apropriado que um vinho Santa Felicidade...
Ah, e só pra você não esquecer: SORRIA!
Ele já cantou música do Cat Stevens, do Bob Dylan e até rap no Senado. Já se empolgou no meio de torcida de futebol e tentou pegar pênalti cobrado por Zidane. Brincou com sósia do próprio filho. E melhor: deu cartão vermelho e vestiu cueca da mesma cor. Não contente, o senador Eduardo Suplicy (PT) aceitou agora fazer novo papel de palhaço no (dispensável) programa CQC - Custe o Que Custar, da TV Bandeirantes, capitaneado pelo (insuportável e desengraçadinho) Marcelo Tas.
Num quadro que pretende insinuar que políticos não trabalham e que por isso devem pegar no pesado de verdade (como se o Tas e sua equipe tivessem carpido roça a vida toda), levaram o senador a um barzinho chiquezinho da aristocrática Vila Madalena para ele bancar o garçom - e ser maltratado como os garçons geralmente costumam ser nesse dispendioso reduto.
Mas, no saldo geral do constrangimento, alguns momentos "futepoquenses", como a loira manguaçada elogiando Suplicy (6:50), que leva bronca em seguida por ficar assistindo um jogo do Santos. Buenas, vejam o "conjunto da obra" com seus próprios olhos:
Ps.: Boçalidade suprema à parte, o nefasto Paulo Francis não deixava de ter alguma razão quando chamava Eduardo Suplicy de "mogadon" - medicamento contra a insônia que deixa a pessoa meio abobalhada.
Ontem, no estádio Brinco de Ouro da Princesa, o Guarani foi derrotado pelo Votoraty por 1x0, pela 17ª rodada do Campeonato Paulista da Série A2. O resultado elimina, matematicamente, o Bugre da competição. E pior: deixa o time perto, mas bem perto mesmo, da zona de rebaixamento para a A3.
O Guarani hoje é o 16º colocado. Supera o Rio Preto, o melhor entre os times da zona do rebaixamento, apenas no saldo de gols. Não pode ficar mais entre os oito times que irão para as semifinais do campeonato, que determinarão os quatro que jogarão a elite do ano que vem.
A situação seria apenas "triste", por marcar o mau momento de um time tradicional; mas passa a ser bizarra se pensarmos que a partir de maio o Guarani será um dos 20 times do Campeonato Brasileiro da primeira divisão.
Poderemos ter situações bizarras a partir daí. Botando a imaginação pra voar: imaginem se o Bugre é efetivamente rebaixado para a terceira divisão paulista mas, antes do início do Nacional, consegue montar um time mágico que o coloca entre os melhores do Brasileirão - teríamos um time em 2011 jogando a Libertadores da América e o Campeonato Paulista da Série A3!
Não tive como assistir a Corinthians 2 x 1 Santo André, sonegado pelos detentores dos direitos de transmissão. As impressões que tenho vêm de ouvir parte do jogo pelo rádio, ver os melhores momentos e de diversas análises que vi por aí.
Parece que o time começou pressionando, marcando a saída de bola e abafando, como fazia nos melhores momentos do ano passado. Aliás, marcar a saída de bola pra mim é o que pega. Fica mais fácil chegar no gol do adversário.
A formação com três atacantes (Dentinho, Ronaldo e Jorge Henrique) serve bem pra isso. Mano resolveu proteger mais com três volantes (Elias, Ralph e Jucilei), repetindo mais ou menos o que foi feito na Colômbia no meio da semana. Curioso aí que a postura do time muda mesmo sem mudar muito os jogadores. Adianta a marcação, pressiona os caras e mesmo com três volantes o time passa a jogar mais ofensivamente.
Pena que a pressão só durou até os 20 minutos, mais ou menos, quando já estava 2 a 0. Depois disso, o time recuou e tentou sair nos contra-ataques. Ronaldo perdeu uns gols, mas deu passes preciosos, inclusive um para JH que desperdiçou na cara do gol. E passes para os dois tentos alvinegros.
O desempenho do Gordo, que participou muito mais do jogo, foi uma das coisas positivas da noite, além da vitória e da manutenção na zona de classificação. As boas novas continuam com o gol marcado por Dentinho, que fez um por jogo nas últimas cinco partidas. Foi também o gol de número 10 mil na história do Corinthians. Legal que a honra tenha ficado para o garoto, que está jogando muito.
Também valeu o golaço de Roberto Carlos, um foguete na forquilha, primeiro do lateral com a camisa do Timão. RC vem jogando cada vez melhor, e ontem parece que foi bem. Que continue na ascendente.
Na quarta-feira, o alvinegro viaja pega o Cerro Porteño-PAR, às 21h50, em Assunção, pela última rodada do primeiro turno da Taça Libertadores. Dentinho, que saiu machucado, já está liberado, bem como Tcheco, Alessandro e Danilo. Vamos ver que surpresas Mano Menezes reserva para a Fiel Torcida.
Aconteceu na tal corrida de Fórmula Indy em São Paulo: em vez de darem a tradicinal champanhe para o vencedor Will Power, deram um litro de... leite! (acima, ao centro) Pois é, e ainda vieram com o papinho de que "a ideia da patrocinadora era fazer uma referência às 500 Milhas de Indianápolis, na qual o vencedor tradicionalmente bebe uma garrafa de leite como parte da comemoração após a corrida". Sei. Mas reproduzir ideia de mau gosto também não justifica nada. O melhor, nessa prova paulistana, foi a torcida xingando o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Do jeito que choveu, lembraram-se do que ele (não) faz. Leite já é dose, mas Kassab ninguém engole!
Para quem se surpreendeu com a Miriam Leitão defendendo as cotas raciais em universidades, uma senhora resposta de Ciro Gomes, na edição de hoje da Folha de S.Paulo, sobre o posicionamento do governo Lula em relação à Cuba e Irã. De fazer o senador Eduardo Suplicy corar de vergonha...
Folha - A política externa do Brasil está no rumo correto? Pergunto-lhe em função das últimas polêmicas sobre o relacionamento do governo brasileiro com Cuba e Irã.
Ciro Gomes - Estrategicamente o governo brasileiro está muito correto. Somos contra a intervenção em assuntos domésticos, seja de quem for, somos pela solução pacífica dos conflitos, e advogamos uma ordem mundial multipolar. Tudo o que o Lula faz guarda coerência com esses princípios. Nós consideramos que o embargo norte-americano a Cuba --e não é o governo Lula, eu estou falando --é a causa de todos os abusos que hoje ainda temos que assistir em Cuba. O embargo, essa coisa anacrônica, prepotente, e injusta dos americanos, que inacreditavelmente continua com o governo Obama, justifica a atitude defensiva de Cuba. O país está acossado por um inimigo externo iminente, a maior potência do planeta. Eu acho odiento o crime político. Mas, o embargo dá ao governo de Cuba a faculdade de dizer que aquilo não é crime de opinião, mas sabotagem, espionagem, serviço ao inimigo externo. Essa é a questão que tem que ser posta em perspectiva. De qualquer forma, não é o Brasil que vai resolver isso. O Brasil deu asilo ao [Alfredo] Stroessner, no que acho que fez muito bem. Isso tira da moral dessa gente, da direita truculenta, esse papo. Quando foi que a direita brasileira teve qualquer apego aos direitos humanos? Que dia? Em que circunstância nacional ou internacional? Esse papo furado é só para quem não tem memória. E o Irã: deixa os americanos fazerem uma aventura militar no Irã para você ver o que vai acontecer com o planeta. O Irã não é o Iraque. O Brasil não é a favor que o Irã desenvolva artefato nuclear. O Brasil tem uma posição contra armamento nuclear no mundo. Ele não é ingênuo. Queremos que o mundo se desarme.
Vale a pena ler outros trechos da entrevista. Além de dizer que sua candidatura ao governo de São Paulo seria "artificial" e de que o PT "é um desastre" no Estado (o que mereceu resposta), Ciro Gomes fala, na cara da Folha: "O Serra erra menos porque é protegido pela grande mídia."
Outro dia eu comentei que o futebol do São Paulo tá feio. Pois conseguiu piorar. A vitória na bacia das almas, aos 47 do segundo tempo, mais por mérito da precisão de Hernanes do que pelo oportunismo de Andre Luís (foto), que apareceu para cabecear, não salva a pele do time. O Tricolor jogou bola apenas nos 11 minutos iniciais da partida e nos dez finais, no segundo tempo. Entre um período e outro, desistiu do jogo. E ninguém explica o motivo. Pra mim, o 2 a 1 foi injusto.
Bruno Quaresma, no Lance!, começa seu texto com uma observação que justifica o meu desânimo (e o de todos os sãopaulinos): "Um time na zona de rebaixamento, com o pior ataque da competição e com salários atrasados. Este era o Rio Branco, adversário do São Paulo ontem no Morumbi". Perfeito. Não é menosprezar o time de Americana, é apenas radiografar a situação: um time quase rebaixado, com pendências financeiras, jogando fora, contra o 3º colocado da competição. Contra o São Paulo Futebol Clube.
Contra um time que fez 11 contratações, segurou Hernanes e Miranda, reforçou a zaga, o meio, as laterais e o ataque. E não consegue convencer, nem quando ganha. O que acontece? O que aconteceu com esse time? Muitos culpam Ricardo Gomes, mas o São Paulo do Brasileirão do ano passado não "apagava" desse jeito. Foi até bem, com chance de ser campeão na reta final. Já esse time que tá aí, eu não aposto um tostão nem que vá chegar ao mata-mata. E se chegar, perde. Libertadores da América, então, nem se fale...
Tá feio demais. Muito, muito feio.
“Ah, não falei? Esse time é só firula”. Provavelmente o torcedor do Santos ou aquele que elogia o futebol dos garotos da Vila vai escutar ou já escutou isso a essa altura do campeonato. Claro, boa parte dos que falam isso diriam a mesma coisa se o Alvinegro perdesse daqui a dez rodadas, estavam só na torcida pela óbvia contagem regressiva. Normal, até porque, se o futebol peixeiro encanta, também causa uma certa raiva em muita gente por motivos freudianos. Tanto que tem até corintiano comemorando a vitória do Palmeiras, quem diria... Mas o resultado do clássico, que para muitos apaga a série invicta (ou talvez fosse um desejo que se apagasse) e, mais que isso, obscurece as exibições dos meninos da Vila, vai ensejar uma série de meias-verdades ou teses questionáveis que vão pulular nas mesas de boteco ou mesas redondas da TV (o que é quase a mesma coisa). A algumas:
– A molecada “sentiu” o jogo – isso é um lugar comum curioso. Qualquer time, em determinados momentos de uma partida, pode “sentir” quando toma um gol ou o resultado é adverso. Os veteranos do Corinthians, por exemplo, perderam as estribeiras com os santistas. Já Ricardinho e Rogério Ceni, nas semifinais do Brasileiro de 2002, também acreditavam na instabilidade daqueles meninos. A fórmula era simples: marcar um gol logo de cara para fazê-los perder a linha na segunda partida. Fizeram o tal gol rápido e perderam mesmo assim. Ou seja, não é porque são "meninos" que vão tremer. No clássico do fim de semana, o Santos, depois de sofrer o baque da virada, passou a jogar mais que o Palmeiras, que recuou e sofreu pressão. Tanto que tomou o empate e só fez o gol quando tinha um a mais, contando com uma falha da defesa peixeira. Perder é do jogo, o futebol cansa de mostrar isso.
– Quando está ganhando, o Santos menospreza o rival – essa foi a reclamação do sensato e controlado Diego Souza, depois do jogo. Curioso é que, mesmo perdendo, Ganso deu chapéu e matou bola no peito, e Neymar pedalou e deu uma assistência para Zé Eduardo quase marcar o gol de empate. Se isso for “menosprezo”, talvez o Alvinegro menospreze o rival até quando está perdendo. Segundo, claro, o critério do sensato e controlado Diego Souza, que encontra respaldo em muita gente que acha agressão verbal pior que física.
– O Santos vai “perder o encanto” e o Palmeiras vai “desencantar” - partidas difíceis virão para o time da Vila e nem sempre vai ser possível dar show, como alertou Dorival Junior após a goleada contra o Naviraiense, embora o time, mesmo quando não encante, empolgue, como disse Mauro Beting. Isso porque sempre joga ofensivamente e produz jogadas bonitas mesmo quando a jornada não é perfeita. Já o Palmeiras faz da sua força algo que vem desde a época de Muricy Ramalho: bola alçada na área, como em dois gols que saíram contra o Peixe. Um pouco de raça, apostando no erro do adversário, mas é mais do mesmo. No ano passado, venceu o Santos na Vila e se achou campeão brasileiro. Deu no que deu. Precisa mais para se classificar no G-4.
– Neymar precisa ser mais “equilibrado” - todo craque já foi expulso de campo uma ou tantas vezes (com exceção de José Macia, o Pepe) e pernas de pau então, mais ainda, ainda que alguns sejam protegidos por árbitros sabe-se lá por que. Há ainda os que têm uma lista considerável de expulsões, nada "interpretativas", e outros que têm uma ou duas em momentos cruciais e são salvos por resultados. É só lembrar de Leonardo na Copa de 94 ou Ronaldinho Gaúcho na Copa de 2002. Ou ainda Garrincha, na Copa de 62. Neymar fez uma falta sem bola, como Pierre fez em Marquinhos com menos de um minuto de partida. Como tantas que o menino sofreu e, nem por isso, os seus marcadores tomaram o vermelho. Por isso a indignação do atacante ao ser expulso. Neymar tem a cabeça no lugar tanto quanto qualquer outro jogador brasileiro ou até mais que a média.
Mesmo com a derrota, continuo me guardando pra quando o carnaval chegar. E é bom saber que ele pode vir em qualquer partida e não só em uma final. Pra quem gosta de bola bem jogada.
O Palmeiras venceu o Santos na Vila Belmiro por 4 a 3. O gol da vitória saiu aos 42 minutos do segundo tempo, dos pés de Robert, autor de três na partida.
O time da casa abriu 2 a 0 no placar com Pará e Neymar, antes dos 30 do primeiro tempo. Parecia que seria fácil para o Peixe manter a série invicta de 12 partidas. Até então, os visitantes mal atacavam e ameaçavam lembrar outra feita. Aí, aos 41 e 42 da etapa inicial, veio o empate relâmpago, duas vezes com Robert. Bastaram duas bobeadas da defesa santista para o atacante palmeirense mostrar que estava inspirado.
Os visitantes voltaram melhor e surpreenderam aos 11, com a virada. Mergulhando de cabeça – de peixinho – Diego Souza fez o terceiro gol verde.
Foi a hora de o Santos pressionar e mostrar que tinha time para garantir, em casa, um resultado melhor. Mas foi aos 35, em uma jogada digna do que o alvinegro da Baixada vem exibindo na temporada: uma troca de passes entre Robinho e Paulo Henrique Ganso encontrou Madson, há sete minutos em campo, livre para empatar. Na hora de comemorar, manteve o padrão bem humorado que vem marcando o time e lembrou o corintiano Viola ao imitar um porco. Só o imprevisível o calaria.
Uma pista de que alguma coisa aconteceria veio na expulsão de Neymar em carrinho sobre Pierre. Mas só depois é que tudo se resolveria.
Robert, em dia de Obina, acertou um chute à lá Cleiton Xavier três minutos antes de acabar o tempo regulamentar. De fora da área e com a bola no ângulo. No ângulo!
Que coisa!
O 4 a 3 na Vila foi um jogão. O Santos foi menos do que em partidas anteriores. O Palmeiras aproveitou bobedas da defesa e uma tarde inspirada de Robert. Entrou meio perdido, protagonizou um jogo bom, um clássico. Não como o time que eu gostaria, mas como um time grande que eu pedia. Com sofrimento, como o que foi preciso para passar pelo lanterna Sertãozinho – só que com muito mais motivo –, venceu.
Antes do jogo, lembrei que, na década de 1960, o Palmeiras foi o time que impediu, por duas vezes, em 1963 e 1966, o tricampeonato paulista do Peixe.
Era uma forma diferente de "parar" o Santos, uma coisa de temporadas. E, se o time 2010 do Santos desperta comparações com aquele de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, o Palmeiras de Antônio Carlos Zago fica a anos-luz da Academia. Bilhões de anos-luz.
Mas o Palmeiras deste domingo parou o Santos. E mantém esperanças de se classificar para a semifinal.
O Supremo Tribunal Federal vive dias agitados – e dessa vez com notícias positivas. Para começar, manteve o (ex?) governador do Distrito Federal José Roberto Arruda na prisão, para espanto meu e de outros colegas deste fórum que esperavam uma rápida passagem do cara dos panetones pelo cárcere.
Além disso, o STF elegeu, no último dia 10, o ministro César Peluso para a presidência da Casa – Carlos Ayres Britto foi escolhido para vice. Peluso toma posse no dia 23 de abril, em substituição a Gilmar Dantas - quer dizer, Mendes -, cuja atuação à frente da Suprema Corte foi marcada por opiniões emitidas antes de pareceres e julgamentos de processos, além da prestreza com que sempre atendeu pedidos de soltura de certos banqueiros. Daniel Dantas, aliás, recebeu outra má notícia da Justiça essa semana, com a decisão do Superior Tribunal de Justiça de negar o pedido de afastamento do juiz Fausto De Sanctis do processo que envolve o banqueiro.
Mas o que mais me agradou foi uma atitude do ministro Ricardo Lewandowski, encarregado de julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 186, movida pelo partido Democratas contra a reserva de cotas raciais em universidades. O ministro decidiu convocar uma audiência pública para debater o assunto, permitindo às partes interessadas expressarem seus pontos de vista. Foram recebidos 252 requerimentos de inscrição, segundo o site do STF, mas o ministro selecionou 38 representantes para diminuir o tempo da coisa.
As audiências aconteceram entre os dias 3 e 5 de março e certamente ajudaram a explicitar posições e dar clareza aos argumentos de todos os lados, produzindo algumas pérolas. Se a ação movida pelo DEM não servir para mais nada – como de fato acho que não serve: ou é derrotada e irrelevante ou vitoriosa e danosa para o país –, vale por ter jogado o tema de forma tão pesada na discussão pública.
Uma das citadas preciosidades certamente foi o depoimento do senador Demóstenes Torres (DEM-GO, na foto ao lado), relatado em reportagem de Laura Capriglione e Lucas Ferraz, da Folha de S. Paulo. O excelentíssimo parlamentar soltou duas frases que já rodaram bastante, mas valem a lembrança (extraídas da matéria da Folha):
Disse Demóstenes sobre o tráfico negreiro: “Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (…) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana.”
Sobre a miscigenação: “Nós temos uma história tão bonita de miscigenação… [Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual.”
Ou seja, se os negros foram escravizados, a culpa é deles. Bravo! A reportagem nos deu ainda o prazer de ver um duplo absurdo no mesmo jornal: o sociólogo, ex-comunista, conviva do Instituto Milenium e recente especialista em relações raciais (sic) Demétrio Magnoli publicou na página 3 do jornal dos Frias artigo defendendo o nobre senador e atacando os repórteres, por ele chamados de “delinquentes”. Ou seja, além de defender o indefensável, o artigo aparentemente terceirizou da Folha a função de passar um pito nos repórteres "abusados" e no editor que deixou passar o texto, como avalia o Leandro Fortes.
A fala dos dois é oportuna para deixar claras as posições. Nada contra quem não gosta das cotas. O problema é quando o argumento vai na linha do Ali Kamel, manda-chuva da Globo, que diz, resumidamente, que não existe racismo no Brasil. Que somos todos iguais e que os que advogam políticas afirmativas querem “implantar” a discriminação. Ora, isso não é argumento, é negar a realidade.
Mas o que eu realmente queria destacar é a fala do historiador Luiz Felipe de Alencastro, professor da Sorbonne e autor do livro O Trato dos Viventes, obra de referências sobre a escravidão. O parecer de Alencastro traz pontos importantes dessa história para sublinhar um ponto central: a escravidão e a violência contra o negro não vitimaram apenas os negros, mas toda a sociedade brasileira, que se acostumou a um tratamento de chibata contra os desfavorecidos, distorcendo o nosso conceito de democracia. Disse ele:
(...) os ensinamentos do passado ajudam a situar o atual julgamento sobre cotas universitárias na perspectiva da construção da nação e do sistema político de nosso país. Nascidas no século XIX, a partir da impunidade garantida aos proprietários de indivíduos ilegalmente escravizados, da violência e das torturas infligidas aos escravos e da infracidadania reservada ao libertos, as arbitrariedades engendradas pelo escravismo submergiram o país inteiro. Por isso, agindo em sentido inverso, a redução das discriminações que ainda pesam sobre os afrobrasileiros -, hoje majoritários no seio da população -, consolidará nossa democracia.
A argumentação completa é excelente e leva a questão para um outro patamar. Vale muito a leitura completa.
Outro sucedâneo da discussão é muito mais surpreendente em sua origem. A economista Miriam Leitão, crítica contumaz do governo Lula e da esquerda em geral, escreveu um belo artigo em defesa das cotas. Disse ela:
A temporada da coleção de argumentos velhos que reaparecem para evitar que o Brasil faça o que sugeriu Joaquim Nabuco, morto há 100 anos, em frase memorável: “Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra. Diante de qualquer proposta para reduzir as desigualdades raciais, principal obra da escravidão, aparece alguém para declamar: “Todos são iguais perante a lei.” E são. Mas o tratamento diferenciado aos discriminados existe exatamente para igualar oportunidades e garantir o princípio constitucional.
Logo após, porrada no Demóstenes. Roubo de Miriam o encerramento do texto, que traduz algumas de minhas preocupações nesse debate. Bora pensar nisso:
“O que me incomoda é a incapacidade reiterada que vejo em tantos brasileiros de se dar conta do crime hediondo, do genocídio que foi a escravidão brasileira. Não creio que as ações afirmativas sejam o acerto com esse passado. Não há acerto possível com um passado tão abjeto e repulsivo, mas feliz é a Nação que reconhece a marca dos erros em sua história e trabalha para construir um futuro novo”.
Ó, se até eles estão dizendo, não sou quem vai disconcordar: o Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), que está recrutando homens para uma pesquisa sobre "efeitos benéficos do vinho", observa que "podem se inscrever homens que bebem vinho tinto regularmente, como parte de seu estilo de vida". Pronto, descobri que sempre fui um homem "de estilo"!
Em tempo: os interessados em participar da pesquisa devem ter idade entre 50 e 75 anos, bebe vinho regularmente ou serem abstêmios. É oferecido um check-up cardiológico aos participantes, como parte do estudo. Informações e inscrições: (11) 3069-5510.
Ser um manguaça, no Brasil, está ficando cada vez mais complicado. Ter uma infinidade de estabelecimentos que oferecem bebida e um bom papo não significa, necessariamente, que você pode frequentar todos. Antigamente, o bebum podia selecionar seu reduto por questões ideológicas: sempre evitava bares com "aquela velharada tucana dos infernos" ou "aqueles estudantes petistas insuportáveis". A escolha podia ser futebolística: "como tem corintiano chato naquele buteco", "mas que barzinho bambi, não vou lá de jeito nenhum!" etc etc. Tinha aqueles que não bebiam em lugares que só vendiam Kaiser ou Nova Schin. Que não tinham nenhuma comida "segura". E outros que não suportavam bar com karaokê, ou muito iluminados, ou onde não vai mulher, ou muito lotado, enfim, havia critérios plausíveis e para todos os gostos. Hoje não há opção, há cerco. Exclusão.
Numa cidade do tamanho de São Paulo, buteco longe é problema. É caro chegar lá, o trânsito emperra e, se depender de transporte público, meia-noite é o limite. Por isso, os manguaças começaram a se afeiçoar por bares no caminho do trabalho ou de casa (e vice-versa). E nem sempre são bons ou agradáveis - apenas é menos complicado ir até eles. Essa é uma das exclusões. As outras começaram há alguns anos, com uma ofensiva conservadora que lembra regimes fascistas. Em 2008, o desgovernador de São Paulo, José Erra, digo, Serra (PSDB), proibiu o cigarro no bar. Não vamos discutir o mérito da questão, apenas concluir que, se tinha quatro bares no caminho do trabalho ou da casa para o pinguço, agora ele se obriga a ir só naquele em que é possível fumar sentado, na calçada (no meu caso, só conheço dois: o Gaspar e o da esquina da Benedito Calixto, ambos no bairro Pinheiros).
Não importa se o cachaça fuma ou não; com certeza, conhece muitos amigos (e principalmente amigas...) que fumam. E ficar levantando toda hora pra acender cigarro e interromper a conversa é, para citar o filósofo Emerson Leão, desagradável. Somando com as tradicionais idas ao banheiro, não há tempo para falar nada. E agora a seleção de bares vai ficar ainda mais trabalhosa. Além de ficar perto e de liberar a fumaça na calçada, vai ter que ser do tipo que não cobra porcentagem para o garçom ou que funcione no esquema self service (você vai até a geladeira e pega sua cerveja, como no saudoso Bar do Vavá). Porque a Comissão de Assuntos Sociais do Senado acaba de dar parecer favorável ao projeto de Marcelo Crivella (PRB) instituindo gorjeta de 20% para o garçom, após as 23h, em bares, restaurantes e similares. Ou seja: se você gastar R$ 50, por exemplo, vai ter que desembolsar mais R$ 10. O preço de duas saideiras.
Já saquei, o sistema quer nos obrigar a beber e fumar só em casa. De preferência, assistindo novela ou Big Brother. E, no país da piada pronta, a comissão que deu o tal parecer é de "Assuntos Sociais". Mas tá ficando cada vez mais difícil para nós, manguaças, se socializar...
Rooney, o destaque da partida. Esse vai dar trabalho na Copa . Ao fundo, o desolado goleiro Abiatti
Jogo fora de casa, Libertadores, 2.600 metros de altitude, empate em 1 a 1. Aos 46 minutos do segundo tempo, com 3 de acréscimo já anunciados pelo árbitro, o visitante tem um escanteio pra cobrar. Bola na área pra ver se arranca um golzinho mágico, certo? Errado, pelo menos na estratégia do Corinthians de Mano Menezes. Jorge Henrique cobrou curto para Souza, que enrolou com a bola e jogou nas pernas do zagueiro para ganhar outro escanteio. E tome mais enrolação.
Esse é o símbolo do empate desta quarta-feira entre Corinthians e Independiente de Medellín, em Bogotá. Pela primeira vez nesse ano, a postura do time de Mano Menezes conseguiu furar o bloqueio de meu otimismo e me irritar profundamente.
O time foi para a partida fora de casa com uma estratégia declarada: não deixar o adversário jogar. Até aí, não sou entusiasta, mas respeito a cautela. Mas não sabia que também estava no pacote desistir de tentar ganhar o jogo.
A escalação já deixava clara a intenção. Com Alessandro machucado, Mano colocou Marcelo Mattos na lateral, coisa que nunca antes havia ocorrido. Aproveitou e sacou Tcheco do time e montou o meio de campo com Ralph, Elias, Jucilei e Danilo. Praticamente só volante. E o único meia ajudava a marcação, bem como o incansável Jorge Henrique.
Assim, o Corinthians passou boa parte do jogo tocando bola de lado, sem arriscar nada, e sem ser muito ameaçado pelos donos da casa. Cozinhou o jogo em fogo lento até que, numa jogada fortuita, uma bola desviada enganou Chicão e caiu no pé de César Valoyes, que abriu o placar para o Independiente, aos 30 do segundo tempo.
E essa é minha crítica a todas as retrancas do mundo: você se mata para evitar que as jogadas sejam construídas e pode ter 100% de sucesso nisso, mas tem coisas que não dá pra controlar. O atacante estava impedido? Foi por acaso que a bola enganou Chicão? Felipe quase defendeu? Pois é, essas coisas acontecem, especialmente quando você recua e faz o adversário jogar no seu campo.
Enfim, atrás no placar, Mano desfez sua barreira humana, colocando Morais no lugar de Mattos (Jucilei foi para a lateral) e Dentinho no lugar de Danilo (cansado). Para completar, sacou o inoperante Ronaldo e colocou Souza, que pelo menos corre. Percebam que eu não faço questão que Ronaldo corra. Ele pode muito bem jogar parado e fazer a diferença, mas o problema é que ontem não acertou nem passe de três metros. Faz parte, mas é bom o Gordo acordar.
O time acelerou, passou a jogar no campo do Independiente e chegou ao empate com um golaço de Dentinho, de fora da área, aos 40 minutos. Aí, o Timão foi pra cima pra virar, certo? Errado. Fiel a sua proposta de (não) jogo, segurou o empate até o fim, culminando com a palhaçada de JH e Souza nos minutos finais.
O time é líder de seu grupo na Libertadores, com 4 pontos. Tem uma vitória em casa e um empate fora, bons resultados. Mas é bom achar logo um jeito de jogar antes que o caldo entorne.
A hístória se repete?
No ano passado, no dia 12 de março, eu escrevia sobre vitória do Timão contra o São Caetano no Paulista. O clima era diferente, com a recente estréia de Ronaldo, que vinha fazendo gols e empolgando. O time ainda vacilava, sem encontrar uma formação ideal, mas parecia que as coisas estavam mais perto de se acertarem.
Por outro lado, após o empate contra o Santo André, na semana seguinte, o Maurício escrevia sobre a tendência do time de se contentar com pouco. O trecho a seguir mostra o clima do nobre autor então e também um pouco do meu hoje: “Entendo que o Mano Menezes tenha que ter cuidado e avançar passo a passo, na medida das pernas. Mas se não começar a puxar a responsabilidade da moçada de ganhar e bem os jogos, de mostrar que futebol se faz partindo pra cima e querendo o gol, vamos continuar patinando em jogos terríveis como este.”
Paradoxalmente, a mesma sensação é a que alimenta meu otimismo. Pois esse mesmo time que patinava numa excessiva preocupação defensiva, foi campeão paulista algumas semanas depois com belíssimas atuações nas finais, consolidando um jeito de jogar que foi o melhor e mais eficiente do país no primeiro semestre do ano passado. Espero que a coisa vá por esse caminho.
Lendo no Valor Econômico sobre uma possível chapa com Aloizio Mercadante (PT) para governador paulista e Paulo Skaf (PSB) como vice, um amigo jornalista comentou sobre o que, para ele, é a Primeira Lei da Política:
- Nenhum amigo é tão amigo que não possa virar seu inimigo; e nenhum inimigo é tão inimigo que não possa virar seu amigo.
Quem é o Naviraiense, perguntará o leitor ao saber da goleada de 10 a 0 que o Santos aplicou sobre o adversário na Vila Belmiro. É a mesma equipe que há poucos dias aguentou o time sensação do momento e perdeu apenas por 1 a 0, forçando uma partida de volta e comemorando como se fosse um título a ida para Santos.
Mas o destino às vezes é cruel, veja o exemplo da política. Se Geraldo Alckmin se sentiu vitorioso ao forçar um segundo turno contra Lula em 2006, provavelmente desejaria uma derrota logo de cara para não ter que passar pela humilhação de ter menos votos na segunda volta do que na primeira. Os jogadores do Naviraiense devem ter sentido o mesmo, refletindo que talvez tivesse sido melhor perder por dois a zero em Campo Grande para aliviar o sofrimento que viria depois.
Mas, como diriam os alemães, “Es muss sein!”, tem que ser assim! Os atletas conheceriam a praia, mas também se defrontariam com um time ávido, obsessivo por gols. Não só por gols, por espetáculo, por arte, por graça.
Há muitos times que conseguem goleadas contra adversários fracos ou desmotivados. Às vezes, nessas partidas legítimos pernas-de-pau se consagram marcando inúmeros tentos e até atletas que nunca marcaram fazem o seu. Difícil mesmo é manter um estilo de jogar, é encantar e, acima de tudo, respeitar o oponente como se ele fosse de fato um igual. Só grandes de verdade fazem isso. E o Santos fez.
E se Jorge Mautner já dizia que “quem segura o porta-estandarte tem arte, tem arte” o nosso artista-mor era Neymar. Desarmou, passou, deu assistência, tabelou, fez gols. Gol não, o sétimo do Peixe não era só um gol. Era uma improbabilidade física, um devaneio, uma epifania. Se existe algum grau acima de gênio, o garoto alcançou naquele momento, embora ele tenha feito parecer tão fácil desenhar o lance, tal qual um peladeiro de fim de semana na praia do Itararé.
Alguém que tenha conseguido chegar até aqui na leitura do texto deve estar pensando “mas que exagero!”. Santistas mesmo podem ponderar “melhor não ficar enchendo a bola dessa molecada, olha o salto alto...”. Aí devo invocar Manuel Bandeira, que dizia - ou gritava - em Poética: estou farto do lirismo comedido. Futebol quando é arte é feito para se admirar, para gozar, para sentir prazer. E se meu time faz isso, porque vou colher adversativas como “mas, porém, todavia...”. É preciso ser menos adversativo e mais assertivo com esse grupo que comemora cada feito com tanta alegria e desprendimento que um torcedor menos atento não conseguiria identificar no meio deles quem foi o autor do gol.
Se vierem títulos, ótimo, se não, vou mesmo assim ficarei feliz. Em 1995, desci a serra depois de sair do Pacaembu e fui comemorar na Praça Independência, em Santos, não um vice campeonato, mas o futebol que meu time jogou - e muito bem - durante aquele Brasileiro, com uma partida inesquecível. E é muito bom saber que viria um futebol ainda melhor do que aquele, como vi em 2002/03 e agora.
@pvcespn Em Bogotá, Corinthians fez primeiro tempo seguro. Mas Ronaldo... Não está Bozzano, não...
Alexandre Lozetti, do Lance!, entrevistou na última sexta-feira o folclórico presidente do São Paulo F.C., Juvenal Juvêncio ("Não me acho folclórico. Às vezes falo coisas fora do diapasão" - defendeu-se, folcloricamente, o dirigente). Numa sala com ar condicionado congelante e odor de cachimbo apagado, segundo o repórter, Juvenal, o "intelectual", contou uma historinha interessante (se é verdade não se sabe) sobre o colega Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras:
- Em 2009, me perguntaram por que não ganhamos o campeonato. "Porque fomos incompetentes!". No dia seguinte o Belluzzo me telefonou: "Juvenal, você falou que o time é incompetente?". "Falei". Ele deu parabéns.
Quando o garçom alviverde avisou que Lenny tinha feito 1 a 0 sobre o lanterna Sertãozinho na Arena Barueri, na noite de segunda-feira, 8, não hesitei:
– Ufa!
Era só o lanterna, é verdade. Mas duas derrotas seguidas não ajudam. De repente, parecia que perder para o último ia se tornar cina, depois da derrota para o Rio Claro. O Sertãozinho empatou e, de pênalti inexistente, virou para 2 a 1.
Cleiton Xavier por duas vezes desvirou e garantiu a vitória para a representação de Palestra Itália. Com gol aos 49 do segundo tempo. Tem técnico que ensinou que não é todo dia que o Xavier acerta. Mas quando o faz, salva.
O estádio Palestra Itália não pôde receber a partida no sábado porque o sofrível gramado estava alagado, mais ou menos como a rua Turiassu fica quando chove mais ou menos meia hora (é batata, não demora). A Federação Paulista de Futebol (FPF) concordou que o polo aquático não se joga na grama e transferiu a partida para segunda. Como o estádio do Palmeiras se prepara para receber a show do Guns N' Roses (hein?) desde domingo, o certame teve de ir à Arena Barueri, ex-sede do Grêmio Prudentino.
Mas parece que o técnico Antônio Carlos Zago gostou. É que a torcida anda impacientada e os jogadores, nervosos de atuar em casa sem conseguir resolver logo a fatura. Tanto assim, que o elenco seguiu via Castelo Branco, pagando todos os R$ 80 de pedágios pelo caminho, para Itu. Treinar para o clássico de domingo.
Depois de encarar e vencer sofridamente o lanterna, enfrentar o líder do campeonato, invicto há 11 jogos, é uma tarefa pesadíssima. Mas depois da partida entre Santos e Portuguesa, em que as duas equipes atuaram como time grande e protagonizaram um jogo e tanto, fiquei pensando.
O torcedor mais pessimista está pensando que, se para passar pelo Sertãozinho foi tão difícil, enfrentar o melhor ataque da competição exigiria uma retranca à lá Oswaldo de Oliveira – ou Carlos Alberto Parreira. E para perder de pouco.
Eu acho o contrário.
O Palmeiras tem uma chance de mostrar para cada palestrino que é e sempre será um time grande. Que merece respeito, antes de tudo, de sua própria torcida. E só jogando bola, enfrentando o líder como time grande e produzindo, junto do Peixe, um verdadeiro clássico – mesmo se for para perder – é que o time conssegue isso.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo fez uma pesquisa com 1.563 pessoas de 60 anos ou mais e concluiu que, na capital paulista, 9,1% deles ingerem bebidas alcoólicas em excesso. Até aí, o índice nem é tão alarmante, mesmo porque muitos idosos ficam na mão de familiares inescrupulosos que os impedem de beber. Mas o índice dobra na análise do poder aquisitivo: 18,3% dos idosos da classe E, a mais miserável, são alcoólatras. A proporção vai baixando à medida que a grana vai subindo.
Na classe D são 13,6% os velhinhos chegados na cachaça braba; na classe C, 8,8% e na classe B, 3,1%. Mas volta a subir entre os ricos, que, naturalmente, tem mais dinheiro para comprar um goró: 7% dos idosos da classe A enxugam além da conta. Outro dado curioso é que, em relação ao estado civil, o levantamento revelou que o maior índice de alcoolismo está entre os casados, com 13% de velhinhos alcoólatras. Já entre os solteiros, o índice cai pela metade: 6,6%. Ou seja, falta de grana e casamento são os principais tormentos que levam a velharada a cair de cabeça na manguaça. E estamos falando essencialmente do público masculino, pois o índice de alcoolismo entre os homens idosos atinge 20%, enquanto, entre as mulheres, não passa de 3,1%. Como não sou mais casado, só a pindaíba me motivará no futuro...